DO M´PUTO - DO LIVRO PROIBIDO . V
DE
JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA - O que não pude (ou não quis) escrever até hoje. «O melhor do jornalismo é aquilo que não se pode escrever».
(…) Sobre Sócrates No fim desse almoço em S. Bento, e em jeito de conclusão, digo a Sócrates que, como princípio, defendo a estabilidade do Governo e que o Sol não será um jornal bota-abaixista. Ora, à saída, Sócrates perguntará discretamente ao Mário Ramires, do qual é amigo: «O que o Saraiva disse é mesmo o que ele pensa?» Ramires confirma: «Ele sempre afirmou isso.» Tentativa para fechar o Sol.
:::::
Mas o Sol seria o primeiro jornal a dar um tiro no socratismo, ao publicar em Janeiro de 2009 as primeiras notícias sobre o caso Freeport. O país ficou em polvorosa. Nunca mais voltei a falar com Sócrates. Mas ele tentou fechar o Sol através de Armando Vara, quando este era administrador do BCP.
Vale a pena contar esta história, porque constitui uma página negra da liberdade de imprensa em Portugal. O BCP - Banco Comercial Português foi accionista fundador do Sol, por opção inicial de Paulo Teixeira Pinto, seu presidente, depois assumida por todo o Conselho de Administração. Ora, quando no BCP estalou a guerra entre Teixeira Pinto e o ex-presidente Jardim Gonçalves, ambos procuraram arregimentar apoios.
:::::
Teixeira Pinto pediu a João Rendeiro, líder do BPP - Banco Privado Português, que era accionista do BCP, apoio na luta contra o «adversário», solicitando-lhe ainda que desse uma palavra a Balsemão. Porquê Balsemão? Porque era amigo de Rendeiro e accionista do BPP. Ora Balsemão, convidado a apoiar Teixeira Pinto, aceitou a incumbência desde que o BCP saísse de accionista do Sol. E Teixeira Pinto cedeu, dando ordem de venda das acções do Sol que o banco detinha.
Esta informação foi -nos fornecida por Paulo Azevedo, administrador do BCP no Sol (não confundir com o filho de Belmiro de Azevedo), o homem a quem Teixeira Pinto deu ordem para vender as acções do nosso jornal, num telefonema que apanhou Azevedo em viagem na China...
:::::
Foi triste ver Balsemão, um defensor da liberdade de imprensa com quem sempre tive impecáveis relações de trabalho, envolvido numa tentativa de condicionar um jornal (ou mesmo fechá-lo) por razões mesquinhas. A verdade é que Balsemão nunca aceitou que as pessoas o «abandonassem».
Ao sair do Expresso eu fiquei na sua «lista negra». E ele fez tudo para aniquilar o Sol. Quanto a Paulo Teixeira Pinto, também foi triste vê-lo entregar-nos às feras (no fundo, atraiçoar-nos), cedendo a essas pressões. Mas a história não acaba aqui. Um ano depois daquele episódio, o BCP - já administrado por Carlos Santos Ferreira e Armando Vara, e sem Paulo Teixeira Pinto - tentou recuperar o controlo do Sol. E isso só não aconteceu porque se intrometeram accionistas angolanos.
:::::
Conto esta história noutro local. Mas qual era objectivo do BCP ao tentar isso? Que sentido tinha querer voltar a dominar o Sol depois de ter decidido deixá-lo? O objectivo era simples: fechar o jornal, porque Sócrates o via já como um inimigo a abater. E Carlos Santos Ferreira e sobretudo Vara eram, neste caso, simples factótuns de Sócrates. Mais tarde, o próprio Presidente da República, Cavaco Silva, disse -me em Belém que também era esta a informação de que dispunha.
Acrescente-se que, pelo meio, tinha havido outro episódio rocambolesco: uma oferta de compra da maioria das acções do Sol por parte do Grupo Lena, impondo como condição que a direcção do jornal (composta por mim, José António Lima, Mário Ramires e Vítor Rainho) saísse. Esta proposta foi veiculada por Afonso Camões, jornalista muito próximo de José Sócrates. E antes disto, em pleno caso Freeport, um emissário de Sócrates (Luís Bernardo) contactara Mário Ramires para lhe dizer que os problemas financeiros que tínhamos seriam resolvidos se nós não publicássemos mais notícias sobre o tema.
:::::
Fizemos uma reunião de emergência e não cedemos. Antes ainda de José Sócrates deixar o poder, quando se tornou patente o número de negócios duvidosos em que estava envolvido, chamei-lhe «o Vale e Azevedo da política». E vaticinei que, tal como o ex-presidente do Benfica, ele seria preso depois de deixar o cargo - Acertei em cheio!
Fim da Novela Sócrates
As Opções de T´Chingange – (Ochingandji)
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA