ANGOLA . NAS CICATRIZES DO TEMPO - VII
Chamavam “o canal da mancha” à nossa secção porque era a zona mais escura. Não sei se em Angola se pode falar de racismo como tal, mas existe colorismo…
Por: ELIAS ISAAC - DIRECTOR DA ONG OSISA - O grupo racial negro, maioritário em Angola, está diferenciado etnicamente. Em Portugal, os grupos raciais minoritários negros, traçam estratégias porque se dizem discriminados.”
(…) Explícito é o episódio contado pela fotógrafa Indira Mateta, 30 anos: trabalhava numa empresa que funcionava num edifício de seis andares em Luanda, e no andar dela eram quase todos do tom de pele dela, mais escuro - nos outros andares os trabalhadores “tinham pele mais clara”. Chamavam “o canal da mancha” à nossa secção porque era a zona mais escura. Então é uma coisa explícita: as pessoas falam a rir como se fosse engraçado. A partir do momento em que as pessoas acham que ser mais escuro é ser manchado, não há muito a dizer.”
Há quem, como Luís Fernando, administrador no grupo de MediaNova, já tenha sentido racismo directo na pele à porta de um restaurante/bar, o Chill Out, onde o porteiro o barrou, deixando entrar o amigo branco. “Obviamente que nunca mais lá pus os pés”, conta no seu escritório. Mas desvaloriza o episódio: acha que não há racismo em Angola. Pode haver algum elemento racista, em que o angolano se sinta superior, ou podem existir alguns portugueses “extremamente racistas”. Mas “não se deve tomar a árvore pela floresta”. Teme, no entanto, que surja uma tensão racial mais do ponto de vista económico “no sentido de algumas pessoas se sentirem excluídas dos lugares que se elitizaram”.
O estigma é: Quanto mais claro, maior o grau de instrução. Na zona Sul da Luua há vários edifícios novos, entre eles o centro comercial Atrium Nova Vida, onde há lojas de restauração e de roupa, algumas de marcas internacionais. Encontramo-nos com o sociólogo Paulo de Carvalho no centro comercial onde o chefe de segurança é um português branco. Como sociólogo, usa as expressões “grupo maioritário” para se referir aos negros e “grupo minoritário” para falar de brancos.
“Em Angola não existe racismo institucional. Primeiro porque a legislação não permite o racismo, segundo porque os grupos raciais não estão discriminados. Há racismo institucional quando os grupos raciais traçam estratégias de actuação com base nesse factor. Ora em Angola isso não ocorre. O grupo racial negro está diferenciado etnicamente. Nos grupos minoritários raciais, como os brancos, não ocorre porque não há necessidade, isso ao contrário do que acontece em Portugal, em que os grupos raciais minoritários “traçam estratégias porque são discriminados.” Ainda hoje, quanto mais claro é o angolano, maior o grau de instrução, resultado da colonização que criou uma tendência que ainda se sentirá durante mais algum tempo, analisa.
(Continua…)
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