LUANDA - BAILE DE FINALISTAS NA LUUA . Vens comigo comer um baleizão? …
Mussendo: Conto curto de raiz popular, missiva em forma de mokanda (carta) do Kimbundo de Angola (N´gola).
Por
T´Chingange
No baile de finalistas do meu curso de Montador Electricista da Escola Industrial de Luanda, com fato emprestado cheirando a naftalina e penteado de risco ao meio, brilhantinado, com os meus dezassete anos de idade, uma moça torcendo o nariz e franzindo a testa com um sorriso de amor, disse-me: - Cheiras esquisito? É do fato ou quê? Eu, lavado com lavanda de sabonete LUX, pingando banga molhada e brilhantina roubada às minhas irmãs Laurinda e Adília, como podia estar cheirando esquisito? – Não Telminha, o cheiro exótico que tenho comigo é dum perfume que roubei às minhas manas; dizia no papel que era importado da Calábria, que dava brilho cheiroso de eucalipto de Tenerife e que durava por mais de quinze dias. Vistes!
O conjunto dos Cunhas tendo o Manuel Flórido como vocalista acelera-me a passada com um “summertime” de um calor plasmado de fino cheiro nas camufladas nuvens do cacimbo luandino. Na alegria de rasgar a escuridão, jogo serpentinas na Telminha para quem eu, só tinha olhos de cachorro rafeiro da Vila Alice. Mais tarde, depois dumas cucas dançando com ela “reloj no marques las horas” moringuei-lhe no ouvido uma conversa de água mole preparando o terreno, melhor a areia da Corimba, numa ternura de bagre; eu, não queria mesmo dormir minhas palavras, assim, do útero de minha inteligência disse-lhe: Vou levar meu gira-discos e musica cantada por Adamo. Ela, Telminha, arrebitou osolhos doces para mim e disse que sim senhor; depois apresento-te a minha mãe! Baixinho disse-lhe que tinha o “Je t'aime mon amour” carregando na última palavra e sumindo as demais.
O sorriso de sua admiração calada, felicitou-me com um arfar de peitos, devorando-me o sangue. Só no outro dia de manhã, já domingo, é que soube que aquilo do perfume cheiroso de eucalipto era mesmo óleo de envernizar móveis. Seja como for, isso já não importava. De consciência tranquila, inchados de alegria, eu e Telminha, burrinhamos a água morna; salpiquei-lhe palavras muito cheias de feitiço, estendendo-lhe as duas mãos. O resto, pertence ao pó da estória vadia, silenciosa a remexer problemas que nem sei ainda neste momento, como vai ficar nos finalmentes. Com o tempo, Telminha descobriu que eu tinha um choro difícil, um riso fácil e, era mentiroso compulsivo; sempre guardava nos meus dedos o branco relevo de seus vestidos bordados. Nós mentíamo-nos acreditando que tudo era verdade, nós queríamos acreditar! - Vens comigo comer um baleizão? Porreiro! Dominós ó bispo! No meu sangue vermelho de gotinhas entrelaçadas recordo as juras mentirosas “Juro, sangue de Cristo!” E, assim perdurou até os dias de hoje.
O Soba T´Chingange
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