ANGOLA . MATRINDINDE - O RUDOLFO VALENTINO DO KALUMBIRI - 2ª de III partes
Por
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa)
- Então Matrindinde, vejo que hoje é dia de rebita, vens todo bem-posto. – Sabes como é Joca eu gosto muito de dançar, principalmente tango e valsa. Respondeu-me com um sorriso. As calças cinzentas de cotim assentavam-lhe que nem uma luva e os sapatos “Keds” brilhavam de brancos ao lusco-fusco besuntados com um produto que era vendido na sapataria do Sequeira. De tantas pintadelas a lona já virara couro e acho que num dos sapatos já havia um buraquito matreiro na sola pois ao apagar a beata que atirei para o chão deu um salto inesperado. Que se desenganem aqueles que pensam que nesses tempos a música da rebita era merengue. Havia muito pouca música africana que acabou só por surgir mais tarde com o duo “Ouro Negro” e o “África Ritmos”. Era frequente o baião do Luís Gonzaga” ou do “Sivuca” e muito Roberto Carlos dos primórdios e o Albertinho Fortuna punha o Matrindinde a dançar tango como ninguém. Parecia uma pena de capota a esvoaçar ao vento tal a leveza como conduzia a dama. Um primor na valsa e posso testemunhar que nas marchas e no baião era imbatível. Eu, pé de chumbo inveterado, ficava siderado com a sua arte.
Para mim ele era o Rudolfo Valentino em pessoa. Quando cheguei às dez da noite já lá estava ele encostado ao tosco balcão a beber uma gasosa. Um pouco mais ao lado numa mesinha estava a Filomena e a sua amiga Matilde a tagarelarem qualquer coisa num tampo de mesa deserto. Conhecia bem a Filomena lá de casa e agora com um vestido de chita grená estava ainda mais deliciosa, com os seios a espreitarem atrevidos e umas ancas roliças que eu volta e meia roçava de contrabando quando se debruçava no tanque da roupa. – Fica quieto menino Joca que eu vou contar na tua avó que estás me querer apalpar. – E estava pois o corpo daquela negrinha era um pedaço de mau caminho que me povoava as noites. A Matilde sua amiga chegara há uns meses atrás da Chibia e arranjara trabalho na casa do professor Pereira para cuidar das crianças.
Cara gaiata e rebolodinha com uns seios tipo bola de andebol era os encantos do Rudolfo que se imaginava a gingonçar aquelas ancas de perdição. – Já estás aqui Matrindinde? Tu não falhas um rapaz. – Fiz conversa com ele enquanto uma “Cuca” aterrava em frente aos meus olhos. – Sabes como é Joca, eu não perco uma noite de dança nem por nada. – Respondeu olhando de soslaio para a mesa onde estavam as duas raparigas na tagarelice. – Então e não vais dançar com a Matilde? – Perguntei com malandrice. – Nunca nos apresentámos Joca e ela olha para mim como se eu fosse um marimbondo. Retorquiu desgostoso com o seu insucesso na conquista. – Olha porque não vais lá e ofereces qualquer coisa para elas que me parece que o dinheiro por ali anda sumido. – Alvitrei. – Remexeu nos fundilhos e ouvi o tilintar das parcas moedas. – Acho que chega para oferecer uma sanduíche para ela, Joca. – Concordou com um olhar esperançado. – Pois leva duas e duas gasosas que eu pago essas.
Reis Vissapa
As escolhas do Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA