MULOLAS DO TEMPO - As Maiangas da Luua …
Muxima e Ongweva são saudades
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O abastecimento de águas desde os primórdios da colonização portuguesa, foi sempre um problema das autoridades coloniais. Alguns historiadores escreveram que Paulo Dias de Novaes reconhecendo não ser a ilha do Cabo o lugar mais adequado, avançou para terra firme e fundou a vila de São Paulo de Luanda em 25 de Janeiro de 1576, tendo lançado a primeira pedra para a edificação. A escolha do novo local para a vila foi influenciada sobremaneira pela existência de um magnífico porto natural, situado numa baía protegida por uma ilha
Mas, foi uma fonte de água potável, que mais ponderou em sua decisão; era necessário abastecer as naus do reino e, as águas do poço da Maianga na então existente lagoa dos Elefantes eram suficientemente potáveis . Os poços deram origem anos mais tarde às duas Maiangas, a do Povo e a do Rey, que nasceram entre 1641 e 1648.
A “REVISTA UNIVERSAL LISBONENSE” n°. 25 de 30 de Dezembro de 1852, publica artigo interessante sobre a cidade de S. Paulo de Assumpção de Loanda onde os poços denominados MAIANGAS fazem parte da matéria publicada: “Nos subúrbios ou arrabaldes da cidade há muitos arrimos (hortas), e as duas Maiangas (poços públicos) que servem de recreio aos seus moradores têem a cidade dentro das barreiras cinco quartos de milha de comprimento, e três quartos de milha na sua maior largura.:::::4A cidade alta é reputada mais saudável que a baixa pela sua vantajosa posição, todavia ambas sofrem sensível falta d’agua por não haver em Loanda mais que dois poços denominados Maiangas, dos quaes um só é público, e que não chega para o consumo dos seus habitantes “...etc.
As Maiangas citadas são a Maianga do Povo e a Maianga do Rey que foram construídas em meados do século XVII a mando de Salvador Correia de Sá e Benevides. A água das cacimbas públicas e particulares (poços) é toda salobra. O poço Maianga do Rei serviu exclusivamente para abastecimento das estações públicas ou seja para uso dos religiosos e autoridades coloniais, conduzida em carros das obras públicas.
Este poço localizado perto da Rua da Samba nunca despertou a minha curiosidade para o conhecer de perto quando eu e a família nos deslocávamos a pé para a Samba onde um rochedo plantado na beira-mar e na extremidade da praia servia de trampolim para os nossos mergulhos.::::7Conheci o poço Maianga do Povo bastante, pois morei muitos anos perto dele, no Bairro da Maianga. Internamente uma escada dá acesso até se atingir a linha de água onde parte da população local se abastecia da água salobra transportando-a por latas ou em barris.
O Rio Seco, no período das chuvas quando colecta as águas vindas das barrocas dos Quarteis no seu trajecto rumo à Samba, às vezes bastante caudaloso, passa muito perto destas Maiangas. As águas no seu trajecto final, segundo historiadores, desaguavam numa lagoa que era a Lagoa dos Elefantes antes de se descarregar no mar (no lugar da Samba).
Os elefantes procuravam a lagoa para matarem a sede mas, pelo progresso, foram obrigados a procurar outros lugares como a Quiçama, pela invasão do seu território. O poço Maianga do Rey está reproduzido em um painel de azulejos nas paredes interiores da casamata, no estilo da azulejaria portuguesa do século XVIII, na Fortaleza de São Miguel.
Havia também a lagoa Cacimba do Kinaxixi transformada em ponto de abastecimento a luanda antiga do Maculussu e Ingombotas, na qual se abastecem os Padres Jesuítas afectos a Nossa Senhora do Carmo, um pouco acima da Mutamba. Os contos, missossos e mussendos de Óscar Ribas fazem menção desta lagoa, um lugar místico dos kaluandas e dos escravos traficados pela D. Isabel Maria Lane no século XVIII.
Nota: A parte 10 (maximbombo) foi um complemento introduzido pelo relator desta.
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