IDEIAS CUSPILHADAS . 30.12.2018
Na natureza dos dias de hoje, não é o mais inteligente que vence na vida mas sim aquele que melhor se adapta a ela…
Por
T´Chingange - Em Coimbra do M´Puto
Hoje, penúltimo dia do ano de dois mil e dezoito, não estou disposto a ler recados de rápidas mensagens electrónicas, coisas partilhadas mil cento e onze vezes, com muitas e auspiciosas generosidades timbradas e, de sombrias flexibilidades de cor carmim. Também dos versos de rimas desastradas de colar amor com dor, vulgarizando os mata-bichos da vida e, esquecendo os outros trezentos e sessenta e três dias de presença.
Sem pretender vulgarizar o verdadeiro sentido da amizade, aqui estou escrevendo missossos, muxoxos, mujimbos ou mocandas nos trezenos e sessenta e cinco dias dos anos comuns, para arredondar abraços XXL aos verdadeiros gestores do bem-querer. Nesta afirmação, existe uma inevitável armadilha, que chamamos de cultura subordinada a um outro potencial de fingimento, pois que o real entrelaça-se com o possível dando forma à fricção, uma nova forma de ficção.
Ficção repleta de justificadas deduções através das malhas linguísticas ou narrativas imaginárias; sonhos em que todos podem passar por entre os pingos da chuva. Pois! - Os poetas com seu romantismo, controlam os paradoxos em criativas imagens, monopolizam a futilidade em verdade consoante sua habilidade e, sem obedecer aos ditames da razão.
Queria falar coisas simples, entendíveis o quanto baste de chamar às rezes bois, aos porcos marranos e aos bodes cabrões mas, não é legitimo sermos indelicados com estes domésticos animais que nos dão sustento, dão carne, dão leite, dão peles, dão agasalhos e até servem de arados em terras moles. O mundo não deveria ser assim mas, uns comem outros e outros são comidos.
Encostado à cabeceira da cama e num terceiro andar, num repentino ruido de susto, vejo a gata Yacha saltar da comoda para o parapeito da janela escancarada. Deste jeito bem que podia navegar no espaço até se esparramar lá em baixo no passeio, confirmando que a lei do Isac Newton é bem perigosa, quando não se usa a tecnologia certa de navegar no espaço. Menos mal que a calha das persianas lhe retiveram o ímpeto, digo eu.
Assim, repenicando ternuras, posso aperceber-me de minhas avantajadas unhas a necessitar de serem cortadas, retirar-lhes o encortiçado e persistente fungo que insiste em perpetuar sua amizade com a minha pessoa. Enquanto isto a gata Yacha foge para os lados da cozinha de onde vem um cheiro de ensopado de borrego e arroz de sanchas conhecidas por míscaros, cogumelos da família dos pleurotos e tortulhos.
Já muito cheio de raminhos de urze, de folhas de loureiro e folhas de azevinho com bagas vermelhuscas, não será conveniente dizer que no correr do tempo os amigos foram-se rareando ao ponto de por vezes dizer que sim, tenho alguns conhecidos! É que muitos daqueles outros, no correr dos anos, demonstraram fingir que sempre foram almas caridosas trejeitando sorrisos e monices como se sempre fossem glorificados em virtudes religiosas.
Nada de troças! Muitos mastigarão respostas inarticuladas de um sorriso aflito mas, para não me mentir, em tempos, tive também vontade de enriquecer mas, fui ficando com o estritamente necessário sem nunca ficar merecedor de uma comenda. Por vezes os silêncios descem-me pela cara em forma de rugas recordando antigas pandegas, daquelas de fazer chinfrim, estomago vitimado em comezainas fora de portas e de horas desavindas.
Não será de admirar ficar assim com manchas na pele, sentir biliosas sensações de pingar desaforos às prestações, sentir o rebuliço provocado pelos espumantes e demais frisantes; levantar-me uma, duas e três vezes na noite para sempre recordar que os abusos por vezes fogem da memória. Sentado de fronte para uma magnifica tarde do 363º dia do ano, vivo o quanto a memória me atormenta, dia e noite, moendo e remoendo – fugindo dela, a memória!
Até há bem pouco tempo, dizia o quanto tinha de vocação para terrorista. Ouvi até em tempos e, em surdina alguém dizer referindo-se a mim: -Ele conhece muitas estórias, é um inconveniente. E, porque nunca me conformei por nunca me entenderem, fico aqui de novo pensando nesta insensata atitude da gata Yacha, saltar para o parapeito da janela, correndo o perigo de só parar lá em baixo, no passeio, esborrachada. Acho que a teoria do tal de Isak Newton também é válida para gatos…
O Soba T´Chingange
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