TEMPO COM CINSAS – 10.12.2016
-Quando os heróis ficam bronze - Faço recursos à imaginação, combatendo o tédio das horas que sempre sobram…
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Eram cinco horas e cinco minutos da madrugada, já dia aberto, quando me destinei a caminhar na direcção da feirinha, uns bons 40 minutos andando normalmente e, a partir do Bairro Antares. Levei a mochila para no caso de trazer algo de que gostasse e passei pelo canto da Mena, um boteco situado em uma rua de pouco movimento e que dá num grande largo com um campo de futebol pelado. A esta hora a farra já estava nos finalmentes mas ainda havia umas m´boas cusudas fazendo olhos de pôr de sol aos seus pardos companheiros que entrelaçavam palavras com a cachaça pitu ou cerveja skol.
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As caixas de música tocavam baixo dando som ao grande chapéu de lona quadrado e com suas quatro prumadas em tubo galvanizado ocupando de lado a lado de toda a rua. Qualquer motivo é bom para fazer forró, gingar o pandeiro e fazer gatafunhas à preguiça da luz ténue da noite com umas quantas fluorescentes coloridas dando compostura ao cenário.
Pode ter sido uma festa de aniversário como a de uma qualquer colectividade festejando um evento de sexta-feira que muito provavelmente já vinha de quinta-feira de Nossa Senhora da Conceição com ponte durável até domingo à noite. Interroguei-me se aqueles aparatos teriam a permissão da autarquia e polícia, mas tive de desculpar a minha curiosidade porque em verdade, até tinha um mukifo monobloco de WC assim como os das obras destinado às damas.
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Do outro lado uma caixa feita de tábuas, uma tranca aramada a fazer de trinco, tábuas enquadradas ao calhas espetadas para o ar formando umas ameias inestéticas e pintadas ou caiadas no jeito tosco de quem tem pressa de acabar. Descrevo ao pormenor para se darem conta que as vontades foram muitas para fazer funcionar o quebra-quebra do xanxado, musiquinha sertaneja de fazer saltitar o gogó da Mena e, no farfalho da vontade do lusco-fusco da meiguice.
Mais além os urubus saltitavam disputando sacos de lixo ali amontoados. Já não se distinguia bem qual o monte a ser levado pelo carro da prefeitura dos demais por ali espalhados, coloridos e entalados no capim parecido com as folhas de caxinde e, destacando-se uns tufos de mamona ou rícino regados com águas escuras que ali desaguavam saídos de descuidados tubos lá mais junto ao lancil, no meio do capim ensarilhado de restos fedorentos. Cumcamano!
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Chegado à feirinha de rua, pude ver em uma banca com peixe, umas grandes cavalas pelo que, mandei preparar uma delas e já com o saco bem atado na mochila parei mais á frente para comprar doze bananas pacova de grande porte que me custaram três reais e também dois quilos de feijão de corda mais maxixe, jiló e quiabos.
De regresso ao lar da Margarida cativo-me depois do banho no meu cantinho do céu rodeado de samambaias; troco ideias com meus obstinados e silenciosos abismos na perspectiva de dali extrair ausentes sentimentos. Ouço a canção evangélica do Eliseu do dia de seu descanso dando graças a Deus e, entre grossas curiosidades sufoquei o meu espírito num mistério, despojo de intuídas ideias preconcebidas no dito de que “só vemos o que queremos ver”.
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No intuito de mostrar o que ninguém viu antes, comecei a averiguar obsessivamente os segredos de muita gente inteligente que não rouba por vício ou por necessidade mas pelo mau hábito de querer ser rico, dono da vaidade deles e senhores das alheias. E este Brasil esta muito cheio de gente governamental que sempre quer levar a melhor, ficar no beneficio sem quere perder as regalias que a eles próprios atribuíram.
Cosendo disfarces, ensaio previsíveis alegorias sobre os vícios e infortúnios do passado construindo castelos do meu envenenado orgulho, erigindo uma muralha à volta de estabelecidos conceitos tidos como certos. E, fico na dúvida entre o ser agnóstico ou driblar-me em golpes de liberdade de católico não praticante, uma coisa que nada é. Humilhando-me deliberadamente, faço recursos à imaginação, combatendo o tédio das horas que sempre sobram. Cumcamano!
O Soba T´Chingange
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