CONHECER MELHOR O BRASIL
– CANDOMBLÉ
4ª Parte - Crónica 3414 – 05.06.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Ainda sobre candomblés e, para terminar, sempre relacionando estes fenómenos sociais às tradições de raiz bantu, recordar-se agora que na cidade de Rio de Janeiro, a presença deste povo de N´Gola foi preponderante na primeira metade do século XIX, aonde a expressão candomblé teve mais evidência.
Nas últimas décadas desse século, um número expressivo de escravos baianos chegam ali pelo tráfico interno esclavagista. Isto, não significa que “casas de fortuna, zungus, cangerês e casas de feiticeiros”, como eram chamados, não reunissem adeptos para cerimonias religiosas afro-brasileiras próximas aos candomblés da Bahia.
Repare-se na novidade de apresentar estas culturas na progressão de afro-africanas para afro-brasileiras, mais-valias de origem da costa africana e mais propriamente dos reinos de N´Gola de Matamba, Muxima e Benguela. Entre muitos feiticeiros da cidade do Rio de Janeiro no século XIX destacou-se na década de 1870 um famoso curandeiro e adivinho com o nome de Juca Rosa.
Este, em suas cerimónias, estavam presentes práticas de diferentes origens, iorubás, católicos e bantus. Recorde-se que em Angola em meados do século XX sobressaiu o nome de Sambo, um ervanário, raizeiro e curandeiro do planalto central de Angola. Eu, que saí de Angola no ano de 1975, ainda tomo chás que ele indicou para tomar a fim de atrapalhar o avanço de vária malazengas; habitualmente tomo os chás de “caxinde e de brututo” para estabilizar meu esqueleto. E, a ele devo a prática de comer a terra antes que ela me coma - a argila verde…
Mas, e quanto a Juca, a casa dele, era frequentada por muitas pessoas, em geral negros pobres mas, também representantes da elite e até nobreza. Em redor de seus ritos e cânticos, havia animais a serem sacrificados, havia velas e um altar disposto para teatrar a imagem de Nossa Senhora e do Senhor do Bonfim.
Havia muitos tambores chamados de macumbas, fumos com cheiros de ervas com arruda e outras de tranquilizar espíritos mais o preparo de banhos e feitura de amuletos, uma verdadeira parafernália de poderes defumados e perfumados. Em outras partes do Brasil oitocentista, o chamado candomblé seria conhecido por outras designações como: Batuque no rio Grande do Sul, e xangô em Recife e Alagoas.
Para além desses locais de cultos organizados, a vida religiosa dos descendentes de africanos, escravos ou libertos do período Imperial, era fortemente marcada pela crença do sobrenatural e no poder de determinados objectos para protecção, sorte e felicidade. Por isso, a força de tantas festas religiosas, do culto aos santos, das promessas, das bênçãos e responsos, betinhos e patuás e bolsas de mandinga.
Mandinga, era a designação de um grupo étnico de origem guineense, praticantes do Islão, com o hábito de carregar junto ao peito pendurado em um cordão, pequeno pedaço de couro com inscrições de trechos do Alcorão, que negros de outras etnias denominavam patuá (pópia). Do outro lado do Atlântico, em Angola, podem ser verificadas as mesmas práticas só que, mudando nos nomes tais como kazukuteiros e gente dada ao trambique, raizeiros ou curandeiros que fazem milagres…
FIM
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