CONHECER MELHOR O BRASIL
– QUILOMBOS
2ª Parte - Crónica 3418 – 09.06.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por lT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Antes de me alargar sobre os Quilombos no Brasil, convém saber que a palavra "Quilombo" tem origem nos termos "kilombo" do Quimbundo ou "ochilombo" do Umbundo de Angola, presente também em outras línguas faladas ainda hoje por diversos povos Bantus que habitam a região da Guiné, Congo, Zaire, Angola e quase toda a África Austral. Eram conjuntos de libatas, cubatas ou embalas - lugar aonde os funantes (exploradores), descansavam após andarem dias pelo mato recolhendo mel, cera, marfim e outros produtos adquiridos no interior de África.
Os funantes, negociantes portugueses que, abandonando a costa marítima de Angola, iam comercializar mato afora, ajudados por seus auxiliares pombeiros ou moçambazes que falavam a língua dos indígenas, utilizavam os kilombos para descansarem. No Brasil, foi em Alagoas na Serra da Barriga que se congregaram em sociedade e governo (à revelia) que de certo modo, guardavam os antigos sistemas organizativos africanos que foi o já falado Quilombo dos Palmares.
Nos Quilombos, a vivência, seja em Angola ou Brasil não difere muito daquilo que hoje se chama de sanzala ou kimbo que, quando situadas na periferia de uma cidade tomam o nome de musseque (Angola) ou favela (Brasil). Em verdade, são efectivamente os “escravos modernos”, fornecendo mão-de-obra barata aos senhores da selva de cimento; é tão-somente uma outra forma de escravatura, mais livre, mas sendo os verdadeiros serviçais ou a “arraia-miúda” da urbe que reaproveitando desperdício dos ricos constroem seus bairros de lata, cartão e variados desperdícios de obras.
Embora a escravidão no Brasil tenha sido oficialmente abolida a 13 de maio de 1888, alguns desses agrupamentos chegaram aos nossos dias, por via do seu isolamento. Outros transformaram-se em localidades, como por exemplo Ivaporunduva, próximo ao rio Ribeira de Iguape, no estado de São Paulo. No Brasil, mais propriamente no estado nordestino de Alagoas, no correr do tempo, qualquer representação teatral de índole popular entre afro descendentes, maioritariamente negros, suas danças dramáticas, arraiais ou folguedos com autos de representação carnavalesca, chaganças, reisadas ou umbigadas, em tempos de festas, período dos Santos Populares (festas juninas) ou natal, atribuíram o nome de dança dos quilombos.
Na realidade actual, um Quilombo do interior brasileiro, é um conjunto de casas dispersas aleatoriamente, em um aglomerado próximo de casas feitas em taipa e cobertas a capim rodeadas de currais e galinheiros ou mesmo paliça para rebanhos de ovelhas, porcos ou cabras e também currais para alojar muares ou outro gado; animais que dão o sustento a cada casa, a conjugar com os produtos da lavra ou n´haka (termo angolano) em terras mais húmidas junto a alguma nascente ou borda de rio e também na azáfama de garimpo na busca de ouro (Poconé no Pantanal ou Amazonas). Curiosamente há entre estes, alguns grupos, gente cigana com as características da antiga Hungria ou Croácia e, outros estados europeus de onde emigraram; nota-se na forma de vestir, na consanguinidade fechada entre eles e na forma de comercializarem seus pecúlios...
No Brasil, os quilombos oitocentistas diferenciavam-se pelo tamanho e pelo tipo de relação que mantinham com a sociedade esclavagista. Um pouco por toda a parte, havia os pequenos quilombos próximos a fazendas e, de pequenas cidades; seus membros formavam grupos que viviam do saque de áreas vizinhas. Neste contexto, ainda hoje podemos verificar procedimentos análogos tanto nos meios rústicos, campos do interior, como urbanos, executados por gente das favelas ou cortiços dos arrabaldes.
Lugar aonde se acoitam gangues de meliantes bem organizados e armados, por vezes com potencial de fogo superior às polícias intervenientes. Surgem amiudadamente helicópteros e policiais actuando nesses sítios indicados que por norma ficam em encostas de morros, no leito de antigos riachos, terenos de má condição para se fazerem obras de boa execução segundo normas de segurança e, aonde tudo parece estar na ilegalidade; há gatos (geringonças) de ligações eléctricas fora do controlo, há tubos de água a abastecer grupos sociais sem contador e tubos de esgoto mal dimensionados, conduzidos para sargetas ou águas pluviais pertencentes à rede municipal. Na maior parte dos casos nem pagam IPTU (IMI) – imposto sobre imóveis…
O aqui descrito também se verifica no novo país de Angola, aonde prevalece o desenrasca com garranchos nas linhas eléctricas e gatos com gatinhos que por vezes produzem catástrofes derivados de curtos circuitos ou enchentes em tempos de chuvas intensas. Um deus dará, dirão mas, assim o é! E, surgem acampamentos de sem-terra, dos sem-tudo por lados que parecem pertencer à dita União, ou seja do Estado Federativo do Brasil, nas margens de rios ou de estradas nacionais; Quase em todos os casos, estes ajuntamentos estão refecidos com bandeiras vermelhas ou brancas e, parece que quase sempre há gente de colarinho branco a servir de tutores e, que por norma os usam como diversão política, tomando terras supostamente sem aproveitamento. Os órgãos de informação tratam este assunto com pinças delicadíssimas por via de poderem entrar num foro de cariz ideológico governamental e, colidindo com interesses mal assimilados pela grande maioria d moradores – jogos políticos…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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