CONHECER MELHOR O BRASIL
– TROPEIROS
2ª Parte - Crónica 3427 – 18.06.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por:T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
O Brasil não existia como país antes da chegada do Rei D. João VI. Em 1808, as terras de Vera Cruz, eram um conjunto de províncias com pouca ligação entre si. Não havia a ideia de unidade. Em verdade, a invasão de Portugal pelos generais de Napoleão, resultou na fuga apressada da corte portuguesa para o Brasil.
Na hora crucial do embarque, muitos nobres da corte, tiveram de embarcar só com a roupa do corpo. D. João VI que é tomado como um rei bobo, feio e gordo bonacheirão, baixo e desajeitado, foi ele, no entanto, o verdadeiro estadista que originou o Brasil de hoje. Foi para a sua época tão inovador que, as interpretações depreciativas chegaram ao ponto de o apontarem como o covarde “Dom João charuto”- uma ingratidão histórica…
Desde meados do século XVII, havia o entendimento pelos países da frente ascendente da Europa, de que as colónias não deviam ser geridas pelas metrópoles e, a fim de alterar isto, D. João e o diplomata D. Rodrigo de Souza Coutinho, tiveram a astúcia de aproveitar o infortúnio para reformar o decadente Portugal em um Império; o país Brasil, foi elevado ao estatuto de Reino Unido com Portugal, os Algarves e terras d´aquém e, além-mar tendo D. João VI como Imperador.
Chegados aqui, teremos de ir agora ao inicialmente proposto, falar dos tropeiros que nesse então tinham tanta importância para estas terras tão carecidas de meios de comunicação neste tão grande território, o Brasil. Foi curiosamente, na área de gastronomia que os tropeiros ficaram referenciados nos dias que correm; os pratos por eles criados por uma necessidade ou resiliência como se reverencia hoje, têm o nome de “feijão tropeiro”, “carreteiro de charque” ou “ feijão carreteiro”…
Confecção derivada dos produtos que levavam no dorso das mulas xucras como já o foi dito – carne de charque, carne de sol e mandioca ou macaxeira como é aqui conhecida em Alagoas do Nordeste. Nestas filas de burros xucros e mulas, entre os companheiros da tropa da fila longa de pirilau corria de quando em tempo, uns frascos, garrafas com um líquido ardente e cheiroso: a cachaça! Esta bendita quentura de líquido estava sempre presente, ora para esquentar, ora para entorpecer a dor de dente ou para espantar a gripe e, ainda para desinfestar parasitas da pele e goela ou curar arranhões, um nítido protesto para ser bebida de forma regular.
A cachaça de cana misturada com fumo (tabaco) era usada como emplastro contra picadas de mosquito, dos variados insectos ou cobras. O dono das tropas para fazer qualquer transporte, por norma ajustavam o frete; o condutor destas tropas não tinha de ser necessariamente o dono do pedaço. Algumas fazendas tinham sua orgânica de tropeiros que para além de condutor da tropa eram angariadores conhecidos por alguns como “homens pobre-livres” mas o mais justo, era serem vistos como “aqueles que vivem do negociar”. Ou aina como “negociantes de tropa”.
Estes condutores de tropa, faziam ponte das fazendas de café levando o produto até os agentes comerciantes intermediários que faziam a cotação pois tinham a vila ou cidade para negociar; os tropeiros estavam deste modo subordinados ao fazendeiro, no entanto havia sim, entre eles alguns proprietários de terras e escravos com algum poder de manobra; por vezes também conduziam sua própria tropa e eram ricos de verdade.
Alguns sociólogos de cordel reconheciam que os tropeiros, não ascendiam com facilidade nas sociedades ocupando cargos públicos. Cargos que lhes valesse de prestígio, dada a profusão de sua extrema mobilidade em suas actividades. Embora houvesse ricos nesta actividade, não há muitos relatos, notando-se até, certa tendência para ocultar sua actividade e, que segundo relatos de então ou posteriores biografias, o eram homens que originaram famílias que “enobreceram”.
(Continua…)
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