Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2022
N´NHAKA . XXVII

ANGOLA, TERRA DA GASOSA -.XII -" Alto Liro. Lobito à vista" - Crónica 3325 - 03.08.2022 – Republicada a 15.12.2022

CORRIA O ANO DE 2002 - CANTINHO DO INFERNO – TERRA DE MATRINDINDES

 “Angola, quanto tempo falta para amanhã?” - Escritos antigos - Em Julho de 2002 (quatro meses após a morte de Savimbi - 22 de Fevereiro de 2002

N´Nhaka: - Do Umbundo, lameiro, plantação junto aos rios, horta…

Por dia220.jpgT´Chingange – (Otchingandji) – No Al.Gharb do M´Puto

soba24.jpg Rumo a Sul, na geografia natural, segue-se o rio Evale, fronteira do Quanza Sul e não muito longe o rio Colango aonde paramos e provamos cocoto, fruto da matebeira; cá para mim aquilo de tão rijo só dá mesmo para enfeitar centros de mesa ou chapéus de dama exótica e, brasonada. Foi aqui, no Colango que vimos indicação de minas em tabuletas vermelhas de caveiras brancas.

Havia pedras pintadas de branco a dar indicação do lado ruim além berma em ambos os lados da ponte. Aqui compramos aos acantonados da UNITA umas quantas perdizes por 50 kwanzas cada e, mais uma tua; estes faziam por ali desesperos de nada recheados de moleza rota e mal paga. Mais à frente - muitos buracos... Os táxis e candongueiros das "piruas" passavam por nós desafiando a gravidade, como batiscafos. Alguns ultrapassaram as indefinidas bermas e desmantelaram-se nos capins e cajueiros.

benguela2.jpg Os condutores das “piruas” andam que nem louco; estes chapas kazukuteiros trabalham no futuro condicional, juro, vai correr tudo bem “tio”- falam só assim com os mais velhos; vimos vários nos capins ainda cheirando de desastre fresco. Foi a partir do rio Balombo ou, melhor, lá atrás na Kanjala, aonde começou a dança, aonde parámos para provarmos as frias Nocal, Eka ou Cuca à sombra de uma grande mulembeira; mesmo ao lado do hotel aonde o Jimba (Peixoto, já falecido) passou a sua lua-de-mel e, do outro lado do rio lá estava o bananal do Setas.

Demoramos seis horas contornando buracos nos 180 quilómetros, sendo os últimos oitenta os piores. A cassete enquanto desprendia música na perplexidade de tanto solavanco e, no recordar de palavras memorizadas de sal sujo, com as matubas (testículos) pisadas o “havemos de voltar “ incubava-se de vontade.

DIA76.jpg Entretanto as canções dos Irmãos verdade “Deixa eu entrar no teu coração “ ou o “Ka Bu Fronton“ do Jota Neto e mesmo “Os amigos da Onça” do D.J. Rafa e Isidora, perturbavam-me, juro mesmo!... Talvez pelo fumo do petróleo que entrava pela chapa do zingarelho –lastro do fundo sem fundo, misto de carrinha com ximbeco colado com chwingame nos muitos buracos do escape e periferias.

Carro chinguiço do engenheiro de Matanças, o Bien, francês de faz-de-conta. E, também com adjacências estranhas e estrambólicas que talvez, de certeza, perturbava nossos sete sentidos virados num oito de indefinida duração. Se não morrer por aí lá chegarei – aiué. Passado o cruzamento da estrada que liga ao planalto central através do Bocoio via Bailundo segue-se o desvio para a barragem do Biópio no rio Catumbela a montante dali, o Alto Liro do Lobito já estava próximo.

acácia rubra2.jpeg Era um era num era neste caminho de destino às acácias rubras e buganvílias de Benguela. Se Deus quiser, vamos chegar; pelo menos uma vez, olhe pelas nossas carcaças Tio do Ceu, viu! Sem saber se viu ou ouviu, lá fomos, sem ter chegado à nascente do Nilo ou Zambeze, tal como Livingstone e, ressalvada a lonjura no tempo e no espaço, também parte do meu coração foi ficando por ali em dedicação com fidelidade canina a África, terra de largos gestos! Saí de Angola mas ela nunca saiu de mim... Bien?... Prego no fundo que já cheira a maresia.

DIA199.jpg “Benguela, terra das acácias rubras". O lixo era por demais naquela descida para o sapal do Lobito, era-o de um lado e outro nas encostas do morro que nos levava lá abaixo. A estrada no final não se distinguia do resto e a gente era mais que muita no meio de uma suja poeira e fumo desmaiado de tendas mal-amanhadas; ali bem perto e do lado esquerdo corriam umas águas vindas do Alto Liro, dos esgotos claro! Ou, nem tanto, pois que talvez estivessem filtradas pela terra ou então, uma rotura nas águas domésticas porque estava a ser recolhida em baldes e já se via um Jeep luzidio da lavagem! Tudo indicava ser de um Libanês – aqui tem gente daí pra caramba. Até Sírios, tem…

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:19
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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