ANGOLA, TERRA DA GASOSA – Crónica 3326–24.08.2022 – Republicada a 16.12.2022
CORRIA O ANO DE 2002 . XIV – NA TERRA DE MATRINDINDES - “Angola, quanto tempo falta para amanhã?” - Escritos antigos. Em Julho de 2002 (quatro meses após a morte de Savimbi - 22 de Fevereiro de 2002
N´Nhaka: - Do Umbundo, lameiro, plantação junto aos rios, horta…
Por T´Chingange – (Otchingandji) – No Al.Gharb do M´Puto
Já no Alto Liro do Lobito - De um qualquer lado, bancas de bolos de batata-doce e mandioca desprendiam odores fortes mas, do lado esquerdo, estava uma escura e abandonada ruína que em tempos tinha sido bloco de apartamentos. Talvez! Neste redor de muitas coisas e dúvidas senti uma náusea, uma multidão de gente barafustando ou incitando, rodeava um negro de aspecto encorpado, que tombado, rolava no chão ensanguentado.
Não sei o que teria originado aquele bate e chuta de alguns ou de todos mas, correu-me um calafrio pela tardoz coluna e, os senhores dois polícias que ali estavam, a escassos trinta metros se tanto, nada pareciam ver; ali havia coisa de roubo mal sucedido porém, o nosso guia “Bien” (Beto), também de acostumado, continuou sem nada dizer; conclui que a justiça popular estava a seguir as normas ao jeito do antigo “Tira Biquíni da Luua”, lugar aonde aconteceu queimarem supostos ladrões com pneus envoltos na cintura. Até dói, relembrar gente a morrer literalmente regados, nas chamas de gasolina.
Daquela parte e do envolvente não gostei e, quando olhei para trás as barrocas estavam apinhadas de cubatas eclecticamente construídas com os mais diversos materiais – plásticos, chapas de zinco, madeiras e remendos com latas de tinta, latas de azeite galo do M´Puto ou leite Nido, tipo patrocínio da Nestlé. Seguiram-se as lagoas de imundas margens, os barracões armazéns de todo o género de mercearia e bebidas, controlados pelos Libaneses e Sírios; todo o grande armazém dizia-se ser de uma destas castas, gente de resiliência permanente.
A dona Andresa esperava-nos de refeição posta; sabendo das carências nos caminhos ultimou um repasto de muitas iguarias e as frias e gulosas cervejas; A restinga, o barco no ar, o porto, o clube náutico, as casuarinas e os bares da pontinha estavam de melhor agrado do que tudo o visto anteriormente; dou nota positiva a este istmo a que chamam ilha mas o resto sempre ficará amachucado na lembrança sem a ongweva peculiar de um qualquer que queira ver progresso.
Noite entrada e já para lá da Catumbela a polícia fez alto ao nosso carro, ou melhor o zingarelho do Bien e, eu nem saí pois sabia que teria de forçosamente de haver uma conversa longa de convencimento e respectiva gasosa. Bem! Os motivos eram por demais evidentes. Da parte de trás o carro era fantasma, só tinha o escuro da noite e fuligem de má combustão, luzes, nem uma.
Luz de stop nunca tinha sido necessária mas, agora o polícia não saía das más conclusões e só a promessa de arranjo e o cuidado a ter com a outra patrulha mais à frente, fez deslizar o desejo em vontade e, o agrado ficou registado com uns quantos kwanzas. Entretanto, a meia hora perdida passou-nos à frente e deu-nos luz; a aventura estava a decorrer.
CA - Depois do canavial da cana-de-açúcar da Catumbela vimos a antiga fábrica de whisky “Sbel” enferrujada por abandono, ferros retorcidos a suportar chapas feitas catavento, rugidos agudos e penetrantes dando vida aos zingarelhos, vento do oceano guinchando desmazelo. Eu que fiz minha festa de casamento com aquele whisky na estalagem Leão de Luanda, fiquei abanando o cérebro penumbrado de muita tristeza. Seguiu-se no trajecto uma ponte que já o tinha sido em Rio Cavaco; contornámo-la antes de entrar em Benguela.
Aquele contratempo de não haver ponte forçou-nos a um pequeno desvio pela mulola seca mas, num repentemente, aí estava a cidade das acácias, Benguela aiué… Aqui os crioulos mazombos em rebeldia de afazeres e dizeres e ao rubro, reforçavam seus valores de mwangolés e, com algum aprumo, não permitiram aos cubanos levarem suas acácias para a sua ilha do desespero. Pois nesta cidade mestiça, fiquei bem ao lado da linda catedral em forma de bivaque de magala, na casa do Amores… Aqui o caldeamento do mundo negro num predisposto protesto com os t´chinderes brancos, os Silvas e os Ferreiras mais Pereiras, nunca atingiu a negritude plena – ficou mestiça com ongweva, estímulos e sentimentos… Escrevi então: Aqui me encontro – isto continua a ser Benguela!
O Soba T´Chingange
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