MULOLAS DO TEMPO – 04.11.2017 - Nós e o mundo … Hoje, acordei bordado em lentejoulas marafadas do sul do M´Puto.
Niassalândia é o meu país.
Por
T´Chingange
Assim é! Acordei com uma zoada nos ouvidos; uma comichão suave com apitos de cascavel. Já é habitual colocar cotonetes com água oxigenada e um pouco de água morna mas ao agachar-me na procura dos cotonetes vi o milongo da Ana Arrais feito de muitas ervas do Nordeste brasileiro. Foi quando pensei que este milongo feito de sambacaetá, deveria fazer bem à minha dormência e comichão fungosa dos meus ouvidos.
Vai daí, pus em uma tampinha um pouco de água oxigenada misturada com este samba-caetá e, à medida que a água oxigenada crepitava gostosamente em meus ouvidos fui rodando os cotonetes no sentido dos ponteiros do relógio, não fosse o diabo tecê-las; pois! Numa coisa assim tão corriqueira pode suceder o imprevisto. Levantei-me e fui sentar-me à frente da televisão, liguei-a mas com o zumbido dos ouvidos e pensamentos a voar recordei coisas da minha mutamba.
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Bom! Pude ver-me pelo espelho da vidraça virada a sul - a minha t´xipala na forma de um ET com duas hastes saindo das orelhas. Entre esta visão cómica e cósmica, presenciada na primeiríssima pessoa nem dei muita atenção às inchadas notícias que davam avondo de pormenores extras, da incerta independência da Catalunha.
Nestes propósitos vi-me a apanhar antes do nascer do sol a tal planta de samba-caetá junto aos muros do fundo da Praia do Francês. Ana recomendou que teria de arrancar estas ervas antes da kúkia (sol) sair grande e redonda do lado nascente – lado do mar. Teria de ser daquelas que crescem bem ao la do das urtigas, sítios sombreados. E, assim foi! Dias depois fui ao mercado de abastecimento de Maceió, um mercado das calamidades ou um Tira-Biquíni da Luua para comprar um especial álcool de cereais que ela pediu.
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Junto com mais plantas, Ana fez aquele milongo com aquele álcool. Tenho de referir que lá em casa dela na rua Camarão, sempre a via botar um frasco deste milongo nas narinas e snifar longamente tal preparo de cor castanha. E, foi por vontade minha que ela me deu a cheirar nesse então, este milongo; penetrou bem pelas vias nasais, cérebro e cerebelo refrescando a áurea do meu ser. Senti-me fresco, audaz e curioso.
Disse-lhe que também queria aquele produto. Daí eu ter diligenciado tudo para obter tal cazumbi, produto que uso quando me lembro porque tenho as narinas entupidas e também para eliminar os biliões de fungos que pululam nas minhas ventas. Depois disto fui fazer duas torradas. Já tostadas, rego-as com azeite de oliva de Borba, graduação 0.4 e, esponjo nelas a cayenna pépper que um amigo me recomendou lá na África do Sul.
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Foi-me dito e repetido que é boa para regular a tensão arterial, porque dilata os vasos sanguíneos e outros edecéteras que por ora não interessa mencionar. Abrindo uma cápsula tomei seu gosto; uiui, uiqué, muito mais forte que o jindungo que normalmente tomava fazendo-me até transpirar o cocuruto do meu templo.
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Mas, não é tudo! As torradas são também barradas com óleo de coco para me livrar doutras mazelas que até o tempo me fez esquecer. Só lembro terem mencionado que meus ossos deixariam de ficar estaladiços como os da Catarina Eufémia. Mas, se pensam que isto é tudo esperem, mais um pouco! Um raizeiro de Maceió, aconselhou-me a tomar o tal de ipê-roxo para durar até aos 333 anos. Não o levei muito a sério mas, pelo sim pelo não, tomo esta bolunga à mistura com o borututu
Pois, da gente com mais de cinquenta anos, que tenha vindo de Angola, quem não se lembrará de ter sempre lá em casa uma garrafa de água do Bengo com raízes de borututu na geleira, frigorifico ou recolhendo da selha gota-a-gota a água que ali se deitava para purificação. Tudo isto era para preservar contra doenças de biliosa, do aparelho urinário e rins; assim dizia o raizeiro doutor Kimbanda de nome Sambo.
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São tantas as mistelas que tomo à mistura com barbas de milho e mezinhas da minha avô que que nunca saberei ao certo qual, a que melhor me faz. Isto deve ser uma propensão do meu ADN por parte do meu tio Guerra, um famoso curandeiro de cortar a dor ciática, que recebia gente de todo o Portugal no eirado da Senhora do parto de Barbeita, lá nas terras altas da Beira do M´Puto, um genuíno Turdetano.
O Soba T´Chingange
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