NUMA ZUELA BURUNDANGA NA TEORIA DA INVEJA
- Mau-olhado – Xicululu – Crónica 3336 – 20.11.2022 – Republicação a 28.12.2022 em Arazede do M´Puto
Por T´Chingange (Otchingandji)
TEORIA DA INVEJA … A inveja segundo o dicionário é um substantivo feminino com origem latina. Ela vem da palavra “invidere“, que significa “não ver”. Assim, de entre seus significados vemos o sentimento de cobiça à vista da felicidade, da superioridade de outrem; sensação ou vontade indomável de possuir o que pertence a outra pessoa, o objecto, os bens, as posses que são alvos de inveja. A inveja é um fenómeno humano universal e intemporal. Faz parte da estrutura do psiquismo humano e actua sobre a cultura humana e a organização social. Ela é um dos maiores tabus da humanidade. Proibida pela Bíblia, como pecado (na tradição católica, a inveja é um dos sete pecados capitais).
Pessoalmente nunca soube lidar com a experiência emocional da inveja; nem da minha, nem da dos outros, negada por quase todos e exteriorizada com toques de ressentimento e rejeição. Consultando alguma literatura, verifica-se que a inveja é pouco estudada e, acerca dela, pouco se tem escrito. Na generalidade refere-se que não há dignidade neste sentimento. A raiva e o ódio extremos podem ser explicados por uma razão nobre qualquer, mas a inveja sempre representa um sentimento obscuro, sem justificativa legal, mesquinho e isolado, fútil, escondido como convém aos bandidos, ladrões e assassinos. Nos dias de hoje, a inveja surge refinada nos padrões de comportamento na gente de alto coturno, dirigentes de nações. E, surgem iminências pardas detrás de ideologias que pregam a igualdade, motivados crimes, políticas e revoluções. Pois bem, diferentes, somos todos e, haverá que aprender a lidar com estas diferenças. Será que isto é possível?
Entre os vários conceitos de Inveja pode também ser definida como o sentimento de frustração e rancor gerado perante uma vontade não realizada. Aquele que deseja as virtudes do outro é incapaz de alcançá-la, seja pela incompetência e limitação física, seja pela intelectual. Álem do mais, a inveja pode ser considerada um sintoma em certos transtornos de personalidade. É possível encontrar esse sentimento em pessoas que possuem o “transtorno de personalidade passivo” e, também em quem tem o “transtorno de personalidade narcisista”.
Como se aprende a lidar com as diferenças? Como se convive melhor com a injustiça primordial da existência humana? O que fazer quando eu sinto inveja? Como lidar com a inveja alheia? Será que eu provoquei inveja alheia? Quem me inveja pode fazer-me mal, o famoso "olho gordo"? Estas são as questões que me motivam a pensar neste tema. Por isso posso propor não nos calarmos sobre temas vergonhosos, percorrendo este árido caminho antes de supostamente se começar a conceber um terrível plano de vingança tendo como objectivo arruinar seus inimigos.
Não obstante, atire a primeira pedra, quem nunca a sentiu! Se nunca desejou mal a alguém por algum atributo que nele você admirava. Se jamais evitou situações que o confrontariam com aqueles que exibem qualidades que você não tem, ou nunca tomou partidos apenas para não favorecer aqueles que possuíam aspectos que você cobiçava etc. "Praticamente, tudo o que traz felicidade estimula a inveja" dizia Aristóteles. E talvez você também nunca tenha pensado que sem a inveja, e a consequente capacidade de sempre estarmos nos comparando e nos vigiando mutuamente, talvez não tivéssemos o desenvolvimento dos sistemas sociais a que todos pertencemos.
Porque ela, a inveja, jaz soberana, como eminência cinzenta, por detrás das políticas sociais e económicas e de quase todos os movimentos revolucionários da história da humanidade. Vive-se este lema da inveja com grande intensidade todos os santos dias e, ao mais alto nível, em todas as latitudes lançando por terra essa tão apregoada "igualdade, fraternidade e liberdade"…
Ainda a título de curiosidade nós habitualmente não invejamos os reis e rainhas e suas fortunas acumuladas sem trabalho braçal, mas podemos invejar nosso vizinho de porta, porque ele comprou um carro novo. A história de Caim e Abel parece ser a metáfora certa para ilustrar este sentimento. A inveja é em verdade o maior tabu humano não falado, todos a sentem, mas poucos admitem, o que torna o seu estudo difícil e indirecto. Curiosamente, entretanto, quando honrosamente revestida desta carcaça ideológica da igualdade, ela se torna o baluarte da justiça humana. Pude ler no brilhante livro de De La Mora (1987) a "Inveja igualitária", o argumento pela saudável necessidade da diferença e pelo absurdo de se imaginar que a igualdade possa ser conquistada pela coerção ou demagogia.
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA