MULOLAS DO TEMPO - 23
RECORDANDO: Nós, bazungus em VILANCULOS no Samara Lodge – Do 39º dia (sexta feira dia 26 de Outubro) ao 42º dia (segunda feira dia 29 de Outubro de 2018) - Odisseia “HÁJA PACIÊNCIA”
Crónica 3253 – 09.03.2022 No PortVille de Maceió do Brasil – Republicação a 23.09.2022 em AlGharb do M´Puto
Por T´Chingange
De 26 para 27 de Outubro de 2018 já pernoitamos aqui no Samara Lodge, propriedade do senhor Paulo, um português / moçambicano, casado com uma senhora indiana. Estamos no dia 27, um sábado e, logo ao matabicho resolvi comer um suculento bife com ovo a cavalo para tirar a barriga de misérias. As instalações são de primeira, agradáveis espaços de jardim com piscina e recantos de sereias, lugares de curtir o sol desde o nascente ao poente, situadas bem junto à praia e do lado Norte de Vilanculos. Depois de apreciar prospectos a indicar variados lugares de interesse a visitar por entre cartões de propaganda, massagens ao domicilio, transportes e cicerones avulso, escolas de mergulho e pesca ao corrico, entre variados edecéteras muito normais nas estâncias turísticas da europa, decidimos por ir à ilha. Depois do café da manhã bem nutrido, resolvi caminhar só, pela praia e até ao centro da povoação de Vilanculos a sul do Lodge Samara.
Esta tem as características iguais a muitas outras que nasceram na gestão portuguesa enquanto colonia ou Província Ultramarina; visitei o mercado bem apetrechado de víveres, bancas com peixes e bivalves; tratando-se de ser hoje um sábado o mercado apresentava-se com algum movimento. Regressei ao Savana em um táxi-moto, um modo de locomoção habitual e até muito usado pela população local. Pude observar aonde se situavam os bancos com as respectivas caixas multibanco, também aqui muito usadas pela população e, aonde sempre teremos de ir buscar o cumbú
Daqueles prospecto lidos, retive a minha atenção ao safari marítimo às ilhas de Bazaruto; inscrevemo-nos para ali passar o dia seguinte, um domingo, pelo que este resto de dia foi ocupado mergulhado nas águas baixas e mornas. Da água podíamos admirar a beleza daquela costa muito coberta de vegetação, palmeiras e coqueiros contornando lodges e casas de veraneio ou residências no meio daquela exuberante verdura em espaços dunares de areia branca. Esbracejando a água tépida, já ansiava o passeio a fazer no dia seguinte. E, o dia seguinte chegou depois de um sono retemperado nas ondulações suaves do mar de Samara. Após o matabicho fomos solicitados para entrarmos a bordo da chata veleiro com dois marujos e um capitão.
Não estavam vestidos a rigor de marinheiros mas foram amáveis e diligentes em seu comportamento. Só depois de pagarmos as respectivas passagens com cartão multibanco, essas pequenas máquinas usadas em todo o lado ao empresário de sucesso que chegou montado em uma moto de quatro rodas; pagamento tendo como base o dólar – cinquenta “paus verdes” por cada tripulante – tudo incluído. Ida e regresso à ilha da fantasia com corais em algumas partes dos recifes, gozar da praia, almoçar garoupa grelhada, frutos do mar e lagosta transpirada com camarões gulosos saltilhados entre verdura e dispostos em travessas em uma mesa grande, dobrável e, tendo um grande sombreiro apoiado em quatro varas, a servir de protecção ao sol impiedoso do meio-dia.
Foi um bom espaço de tempo com troca de pilherias e saberes dos aspectos locais; em suma foi interessante e até pela primeiríssima vez ressalvo aqui em elogio esta predisposição entre os bazungus e eles, os tripulantes miamas. Fomos sempre usando a vela soprada pelo vento do canal; demoramos bem uma hora a chegar e, neste trajecto podemos apreciar os contornos das ilhas de Magaruque e de Benguerra. Foi nesta última que ficamos. Da costa do Samara dava ideia de ser uma só ilha mas em realidade são três, sendo Bazaruto a maior, mais a norte. Esta tem óptimas infraestruturas turísticas na qual se destaca pela qualidade o Pestana Bazaruto Lodge com aeroporto, lugar de escolha de turistas saídos da África do Sul mas e, também de outras latitudes – os bazungus ricos já aqui mencionados que fumam grossos charutos cohiba e Romeu e Julieta da ilha Caribenha vão para ali..
Entretanto, ainda nem sabia bem o que era isso de bazungus mas, porque nem sempre sou tolo, achei que era relacionado com muzungu que quer dizer branco em língua xhosa; Não sei como é mas os negros daqui todos se entendem e falam línguas com nomes raros de maxangana, isixhosa, Isizulu, Sesotho usando cliques como fonemas da língua bantu, características dos khoisans. Foi a minha empregada Mary de Campala do Uganda que me explicou estas formas comuns de falar muito enraizadas e, creio que, saídas dos povos bantu; relembro a ela ter feito um rascunho assim: “ O dinheiro que ganhei com meus patrões bazungus está a crescer como um caroço de manga caído no chão do mato do Uganda”
Aquela frase de “em breve a minha vida estará cheia de mangas” apoquentou o meu mukifo do cerebelo. Porque razão Mary, escreveria isto? Talvez para preencher o tempo e não se esquecer de isto referir em suas conversas com seu boy friend de Kampala. Só pode! Eu também rascunho muito! Mas havia mais referências. “Meus patrões muzungus com a minha comida, já defecam como as cegonhas de Campala"… Ué…como pode?! Defecam caganitas mal cheirosas como aquelas cegonhas do Uganda!?
E, recordo aqui naquele então que bebendo de novo aquele café à mistura com leite do dia e aquele milhipap ou maizpap, perguntei: - Mary, lá no Uganda há muitos turistas como nós à busca de leões, fazendo safari? Haka patrão! No Uganda tem bwé de bazungus assim como vocês carregados de bikuatas, lentes, muitas imbambas. Fica esperto T´chindere, afinal, bazungu era mesmo o que pensava ser: Branco a fazer visita ao mato – fazer safari! Ando a tentar…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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