MULOLAS DO TEMPO – 26
RECORDANDO: Nós, bazungus no SAVORA LODGE - Odisseia “HÁJA PACIÊNCIA” - 45º e 46º dias, parte 2 - (02 e 03, segunda-feira em Novembro de 2018…) - Crónica 3264 – 24.03.2022 em PortVille de Maceió – Republicação a 06.10.2022 em AlGhab do M´Puto
Por
T´Chingange – No PortVille de Maceió do Brasil e Lagoa do M´Puto
CA - Ainda no SAVORA LODGE – Conversando com dois praticantes de mergulho, sul-africanos, de quem anotei os nomes de Arthur Muhamed e Charlie Wanderley e, porque tiveram a amabilidade de nos oferecer um peixe grande parecido com a cavala da costa de Portugal, contaram-nos algo bizarro que aqui deixo escrito para salvaguarda de outros futuros bazungus (turistas), amantes das pescarias. O que descreveram mais agudizou em mim a opinião de que não é ali, Moçambique, o melhor lugar para se ter a assertiva tranquilidade.
Posso explicar pelo que disseram: Duas noites antes decidiram divertir-se em uma discoteca em uma localidade que agora se me escapa o nome, talvez Inharrime; um copo e outro copo e logologo apareceram ali a meio da noite a polícia local. Coincidiu naquele momento estarem já de saída quando e abordados por dois matulões fardados lhes foi dada ordem de prisão. Levaram-nos para uma delegacia policial que mais parecia uma venda de mato improvisada para ser cenário de um filme de gângsteres. Se calhar até era.
Ali ficaram amarrados por uma hora em cima de um enxergão sebento. Quiseram saber do porquê estarem presos daquele jeito ao que na forma desinteressada lhes foi comunicada terem audição para o seguinte dia, na presença do inspector e um advogado por via de eles serem estrangeiros. Meia hora depois foi-lhes dito que tinham sido denunciados como portando droga e já o tinham confirmado: havia dois pacotes de tal produto, assim e assado, tudo mentira de faz-de-conta mas, eles em verdade ficaram a tremer de medo.
Bem que disseram que não de forma repetida; chegado o momento certo do plano o polícia foi-lhes dizendo que para saírem daquele imbróglio poderiam proceder até airosamente sem seguir com o tal inquérito, coisa regulamentada com decreto, quesitos regulamentares e edecéteras embrutecedores. Que lhes fosse dada umas soluções que a aceitariam duas vezes sem pestanejar, afirmaram os encarcerados “bifes”. Como podemos resolver isto para sairmos daqui rápido? Um riso de escarnio e maldizer foi a resposta seguida de um muxoxo e uma cuspidela para fora da janela, janela também muito sebenta de cores horripilantes (parecia sangue, disseram eles).
O polícia foi, o policia veio e voltou, até que falou: o chefe diz que se cada um de vocês pagar cinco mil meticais, não fazerem denuncia e edecétera e tal, tudo ficava como entre amigos; a outra solução era ir a tribunal e ficarem sujeitos a tantas outras nefastas situações. Eles, Arthur e Charlie quase em uníssono disseram que sim, que pagavam mas, não tinham ali dinheiro, só cartões. A resposta foi a de que não há problemas, vocês deixam um papel assinado com uma ocorrência normal, levamos-vos até uma caixa multibanco e após termos o dinheiro, poderão ir tranquilos e, no vosso carro. O curioso é que até lhes foi dito que se porventura fossem parados num qualquer controlo, mais à frente, mostrassem esse papel que assim, teriam logologo via livre.
Prometi-lhes que não contaria esta triste odisseia, o medo era visível neles e, só nos contaram porque também eramos bazungus como eles. Não foi uma razão assim tão ponderosa no acreditar porque a cada trajecto nosso, tinhamos cenas a contar – terra em que ver um polícia é quase ver um bandido fardado ao jeito dos macacos volantes que acossavam o cangaceiro Lampião, lá no Brasil de há 82 anos atrás – pois foi em 1939 que cortaram a cabeça a esse rei que se tornou uma figura mítica entre o povo…
O lugar de Zavora seria mais bonito se não houvesse estas verídicas passagens a contar. Em África as amizades tornaram-se imprevisíveis e acreditar num talvez, pode causar bastantes dissabores. Tal como em Angola houve tantas e tantas passagens de sócios que formaram empresas, tudo na lei e depois aconteceu num qualquer amanhã apresentarem-lhe um oficioso papel a lhe retirar a sociedade, a residência, a seriedade por via de uma qualquer inventação. Tudo reconhecido pelo tribunal da comarca, do Juiz e demais cadeias de gente desclassificada e, carimbo de homologado!
Há casos que ainda nem foram retirados do baú porque sempre vem ao de cima atitudes, procedimentos nojentas de cambalachos, subornos e coisas inconsequentes de gente do Governo, gente do topo, uma real merda fedorenta! Connosco da odisseia “Haja Paciência” voltou a acontecer na estrada, sermos parados entre Zavora e Inharrime e, lá tivemos de pagar suborno de metade da multa por excesso de velocidade! Ainda havia coisas por acontecer – serão contadas no decorrer destes quase desabafos e, só para quem neles quiser acreditar.
(Continua…)
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA