MULOLAS DO TEMPO – 32
RECORDANDO: Em Komatipoort … Acho que Deus nunca foi a África!
Odisseia “HAJA PACIÊNCIA” – Recordando o 09 de Novembro de 2018 – no 53º dia, uma Sexta-feira…
Crónica 3309 – 31.05.2022 – Republicada a 30.11.2022 em Lagoa do M´Puto
Por T´Chingange – No AlGharb do M´Puto
Acho que Deus nunca foi a África! Tenho de deixar aqui minha revolta pelo facto de ficarmos bem convictos de sermos roubados por gente sujeita à sobrevivência mas, usando já as técnicas de ladroagem com abuso de resiliência. Atravessar Moçambique foi das piores experiências, pois fomos roubados ou enganados e, até por policiais; digo isto convicto de que a maioria de quem me lê, vai achar que estou a ser excessivo.
Também estou ciente de que o mundo ocidental vai continuar a dar ajuda sem fiscalizar o término destas ajudas e, que por norma, caem na mão de gente que se apodera indevidamente das dádivas (gangues de rapinagem). Antes de chegarmos à África do Sul, passagem por Maputo e já com o jeep estropiado por nos terem metido gasóleo com água, deparamos com obras na via principal de acesso a Ressano Garcia; as indicações na estrada eram por demasiado caóticas e perdidos, houve uns candengues que nos deram indicação por um lado que o não era.
Um Mais-Velho, mais à frente, acenou-nos para pararmos e, como já íamos quase parados pelo mau piso do desvio, parámos mesmo. O Kota disse que não seguíssemos esse rumo porque os candengues estavam a levar-nos para um sítio de tocaia ou de emboscada para nos roubarem: disse que nos atirariam pedras e roubariam tudo ao seu alcance. Ficamos atónitos e até desconfiados mas acreditamos na palavra deste senhor Mais-Velho.
Cumprindo suas indicações, foi o melhor que fizemos mas, tudo por obra e graça dum Espirito Santo de quem até, já falávamos asneiras – as orelhas deste espirito deveriam estar a arder; por fim e, como já foi dito, podemos chegar ao paraíso aonde o carro deu misteriosamente ou por milagre o soluço final. Já dentro do Komati River Chalets de Mpumalanga, tendo a recepção bem ali ao lado de nós – Ufff!
Um Paraíso quanto à organização, beleza natural e qualidade em relação a tudo o que visitamos no resto de África. E, bem ao lado do Cruger National Park, foi uma bênção para quem necessitava de relaxar da odisseia, da prosápia alheia, da conversa mole com caganças balofas e coisas desaforadas -Turista sofre! Komatipoort é uma cidade situada na confluência dos rios Crocodilo e Incomati, na província de Mpumalanga na África do Sul.
A cidade situa-se a 8 km da entrada Crocodile Bridge Gate do Parque Nacional Kruger, a apenas 5 km da fronteira com Moçambique e 65 km da fronteira com o Essuatíni (antiga Suazilândia). É uma pequena cidade, sossegada, com ruas arborizadas, uma das cidades mais quentes da África do Sul e, onde a temperatura do ar atinge por vezes os 50 °C com a temperatura de Inverno a rondar os 24 °C. Foi nesta cidade que em 1984 foi assinado o Acordo de N´komati*.
Komatipoort tem a dupla vantagem de estar perto de Essuatíni (em suázi: Swatini) e do Cruger; Essuatíni, anteriormente conhecido como Suazilândia, é um país pequeno mas bem interessante, pacífico e próspero, limitado a leste por Moçambique e em todas as outras direcções pela África do Sul. Suas capitais são M´babane (administrativa) e Lobamba (legislativa). O país e seu povo recebem seus nomes de Mswati II, um rei do século XIX em cujo reinado o território de Essuatíni foi expandido e unificado. Vale a pena cruzar este pequeno país encravado na África do Sul.
Andados quase 10.000 quilómetros até aqui, quase fim da Odisseia, teríamos ainda de passar por uma última privação e desta feita nesta terra tão agradável em estar, mais um roubo feito por moçambicanos fora de portas, aqui em Komatipoort e na caixa multibanco. Um grupo organizado de rapazolas, bem vestidos, falando português fluentes, pretos com sotaque de Maputo, no subterfugio de uma diligência solicitando desculpas, não sei como, vêm o código PIN, trocam o cartão por outro igual e num repente vemo-nos sem o acesso ou interditados. De imediato telefonei para o banco a impedir o uso de meu cartão só para áfrica e emitido em Johannesburgo. Mesmo assim limparam-me 280 Euros! Foi o fim da picada e, ainda hoje me parece obra de muitos capetas a tapar-me os olhos, clonarem-me o cartão num repentinamente – Aconteceu e desaconteceu – bola práfrente…
Como curiosidade: *O Acordo de Nkomati foi assinado em 1984 entre o governo de Moçambique, liderado pelo então Marechal Samora Machel, Presidente da República Popular de Moçambique, e pelo Presidente da África do Sul, Pieter Botha. Este acordo tinha por intenção pôr termo à guerra civil em Moçambique. Para tal, os signatários do dito acordo concordaram em deixar de apoiar a RENAMO (responsabilidade da África do Sul); Deixar de apoiar o ANC (responsabilidade de Moçambique). Apesar disto, cada parte continuou a agir por conta própria, e os guerrilheiros da RENAMO prosseguiram com a guerra civil em Moçambique até que em 1992 foi assinado o Acordo Geral de Paz, em Roma, apoiado pela Comunidade de Santo Egídio.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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