MULOLAS DO TEMPO – Fábrica de Letras in Kizomba com historias da vida … Sr. Costa o Camionista - um entre muitos…
Mulola, só é rio quando chove
Por
LUIS GUIMARÃES - Namoradeiro que só visto - Eu sou como a Pantera: ao pisar ramo seco,e vou vendo vou rondado e quando chega a hora eu pergunto: -Quer namorar comigo? hahahahahah............Brincas?
A primeira vez que vi o senhor Costa foi quando nos levou, em Janeiro de 1962 de Luanda para Carmona. Aquilo foram quatro dias de viagem porque as estradas ainda não estavam todas asfaltadas e as estradas de terra batida estavam muitas delas com troncos derrubados na via e com buracos enormes onde cabia um camião. Tudo isto era feito pela UPA e eram obstáculos (abatises) que eram removidos pela paciência dos militares. Mais tarde o senhor Costa levou-nos de Carmona para Nova Lisboa numa viagem rápida, porque a guerra acelerou Angola a nível de infraestruturas. Mais tarde, levou-nos de Nova Lisboa para Luanda.
Dentro deste espaço temporal fiz a viagem mais demorada em Angola que foi de Luanda até a Portugália (quase catorze dias?) que era onde ficava a Empresa dos Diamantes “a Diamang”, uma empresa Inglesa. O senhor Costa era um Homem bom e também um Homem de muito trabalho e, nos princípios de sua vida tinha um camião da marca GMC de cor vermelha. Geralmente andava sempre com dois ajudantes negros mas, houve um que sempre o acompanhou de nome Ismael. Fiz muitas viagens com ele durante as minhas férias da escola, e foi assim que fiquei a conhecer aquelas aldeias da chamada Angola profunda a que meu Pai chamava “as Terras do cú do Judas”.
O delírio do senhor Costa era pregar partidas e, os seus ajudantes não escapavam porque se adormeciam em cima do oleado do camião ele travava o camião a fundo e era vê-los de cara sarapantada a deslizar e só paravam em frente ao pára-brisas a dizer: Shé Patrão...ná faz isso náo!! Tudo isto perante o ar de galhofa do senhor Costa, que era um Homem de ajudar respeitando toda a gente. Tinha uma vida de escravo a nível de trabalho porque saía de casa às segundas-feiras e só regressava á sexta; passou muitas noites a dormir no camião; sua vida era bastante dura! Acerca dos empregados, havia um que andou sempre com ele, era o Ismael, um "homem moço" muito bom! O senhor Costa que o considerava, até tratou do seu Boletim de Residência para não ter que o deixar nos postos de controlo militar, pois já lhe tinha sucedido isso uma vez. Nesse então nem dormiu pensando em seu empregado.
Ora, sucede que a ambição do senhor Costa era ter um camião Volvo, o que veio a adquirir por venda do velho ao Ismael por modo a se tornar um Homem independente; Ismael podia pagar o camião conforme pudesse dividindo os clientes com ele! Até aqui tudo bem só que havia um mas, precisava de tirar a carta de condução! Ele, Sr. Costa falou com a minha Mãe que resolveu a questão ao dar uma nota de mil escudos a alguém da escola de condução. Foi assim que o Ismael se safou sem saber ler nem escrever perante o ar de espanto do meu Pai quando soube de tal.
A vida do senhor Costa andou sempre bem dando-se ao luxo de ter duas casas em Luanda a juntar à dele a onde morava. Ora, como quem anda á chuva molha-se, a vida por vezes é muito amarga com as partidas que nos prega. Já com a Volvo, um dia pisou uma mina originando-lhe o corte das duas pernas. Um dia fui com meu Pai fazer-lhe uma visita; ele chorou quando me viu já Homem. Recordo ter-me dito que Angola iria ficar muito rica com gentes que como eu, sabiam o que era Angola do mato. Como em tudo na vida lá veio o 25 de Abril e o senhor Costa veio para Portugal (Algarve) onde não se conseguiu adaptar. A sociedade da metrópole era por demais mesquinha e pobre nos comportamentos. O desgosto foi tanto que um dia o filho veio dar com ele já morto. Suicidou-se!
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*Paracuca: - 500 gr de ginguba sem ser torrada, 250 gr de açúcar (ou mais), 2 chávenas de água - Preparação: Juntar todos os ingredientes numa vasilha e levar a lume brando. Vá mexendo, sempre, até a mistura ficar solta. Deite num tabuleiro (agitando para ficar solta) para arrefecer.
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