Sexta-feira, 25 de Agosto de 2023
VIAGENS . 62

NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3472 – 25.08.2023

- Escritos boligrafados da minha mochila - Foi no ano de 1999

Por vazio1.JPGT´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

jindungo4.jpg Os conhecimentos milenares dos Khoisans, estão sendo estudados ao pormenor em algumas universidades da África do Sul por forma a conhecerem melhor sua tradição de estórias verbais com lendas e, dando a estes benefícios na forma sustentável sem os viciar. O Xhoba cacto inibidor do apetite vai através de convénio governamental contribuir para lhes criar hábitos de sedentarismo.

Labotórios, por todo o mundo, estão aprofundando formas de por via de cremes e milongos, colmatar a crise crescente de obesidade entre os cidadãos e, também para de certa forma, anular subtâncias provocadoras de adiposidades. Desconheço se os exploradores Tugas de outros tempos, davam importância a alguns factores relecionados com este povo bosquímano; se o fizeram ficaram relegados para segundas núpcias de estudo.

swakop5.jpg É provavel que estejam guardados em cadernos coloniais po via das explorações de Serpa Pinto (entre outros), pois que este recebeu a missão de estudar no Alto Chire a construção de uma linha de caminho de ferro que assegurasse a ligação do lago Niassa (Moçambique) com o mar. Nesse então, a coluna expedicionária era apoiado por uma forte coluna militar, com a finalidade de mais tarde se ligar no Baixo Catanga a uma outra coluna portuguesa ida do Bié, sob o comando de Paiva Couceiro.

Portugal deu início a várias acções de ocupação: entre 1887 e 1890; Artur de Paiva ocupou o Bié e Paiva Couceiro foi enviado para o Barotze com numerosos sobas prestando vassalagem a Portugal. Tendo isto em vista, os ingleses começaram a aliciar os chefes indígenas das regiões visadas, incluindo aqueles que já tinham prestado vassalagem a Portugal como os Macololos e os Machonas e até o célebre régulo de Gaza, Gungunhana.

cacto xoba1.jpg O envio de tropas e de funcionários para as colónias de Angola e Moçambique, para todos os lugares onde se fazia sentir a sua falta era, porém, virtualmente impossível para Portugal. Por outro lado, o acordado na Conferência de Berlim dizia respeito fundamentalmente aos territórios junto á costa, já que o “hinterland” africano era muito mal conhecido. Daí as numerosas expedições organizadas de reconhecimento por parte de Portugal, Bélgica, França e Inglaterra no intuito de a estes, lhes  ser reconhecida a soberania.

Os resultados da Conferência de Berlim, despertaram Portugal para a realidade. Se bem que o esforço estratégico tivesse sido orientado para África após a perda do Brasil, pouco se tinha feito por via da instabilidade na vida político-social da Metrópole, M´Puto e das extensas vulnerabilidades existentes. Aqui, no Karoo, na Ovobolândia, no Okavango e Kalahári de África, apaziguo rijezas adversas, relembrando a singularidade com sonhos do mundo.

berlim1.jpgNão existe ninguém que encontrando um espinho em seu pé não o retire após as primeiras dores; um amigo próximo disse-me que os pés dos bóeres têm olhos. Só entendi essa fala quando observei in situ um farmeiro de kimberley a andar de sandálias de pano colorido no meio do capim repleto de aranhas, centopeias, cobras e um sem fim de outros bichos rastejantes sem contar com os muitos picos espalhados a esmo pela terra barrenta.

Percorrendo o mato do Karoo africano, milhares de acácias com espinheiras do tamanho dum lápis, posso ver ao longe, morros suaves de um e outro lado dos rios Orange e Vaal. Nestas condições de apaziguar rijezas adversas do mundo, relembro a singularidade ainda não totalmente definida, fazendo-me num seixo redondo do Vaal. Seixo embrutecido que rebola no tempo só quando levado pela enxurrada desta mulola aonde me situo. Aqui há diamantes, dizem!

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:35
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Quinta-feira, 27 de Julho de 2023
VIAGENS . 38

NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA

- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“  - Crónica 3448 – 27.07.2023

- Boligrafando estórias tão fantásticas, que até o nome se alonga de gozo: Ondundozonanandana… Foi no ano de 1999

Por nauk2.jpg  T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto

nauk03.jpg Foi nesse sítio de Mata-Mata, lugar ideal para se sepultar o passado que encontramos o milagroso cacto escondido entre tufos espinhosos, verde, gomoso e muito ornado de picos; agressivo no aspecto, engana no entanto a fome ao povo Bosquímano há séculos. A fronteira da coragem transpira incertezas naquele povo a quem Nelson Mandela cedeu 400 milhões de metros quadrados para mitigarem a fome explorando este milagroso cacto.

O xhoba para além de surgir naturalmente na natureza, também é cultivado por esta etnia Bushmen, por algumas tribos nómadas que vivem sem fronteiras entre Angola, Namíbia, Botswana, Zâmbia, África do Sul e Zimbabwé. Este cacto torna-se agora conhecido, fruto de pesquisas nos laboratórios ocidentais e ao longo dos últimos tempos no intuito de controlarem o problema social da obesidade, consequentes problemas de colesterol com os triglicéridos.

nauk01.jpg Lípidos que sendo importantes para o armazenamento de energia no organismo sob a forma de tecido adiposo, podem originar problemas cardíacos ou doenças coronárias em geral quando em quantidade elevada. Se bem se recordam da figura do bosquímano, ele é seco de carnes e, de estrutura perfeitamente musculada. Pois o xhoba que, também conhecido por hoodia, é um cacto da família suculenta que cresce naturalmente na África do Sul, a norte, desde a Costa Atlântica até ao Limpopo.

Tem a particularidade de eliminar a fome reduzindo duas mil calorias por naco e por dia; viscoso e azedo, quando ingerido, engana o cérebro até à linha zero, num gozo de deuses ladeados de chacais, caracais ou hienas. Entretanto vi-me obrigado a apaziguar inquietudes por evidente encantamento deste Kalahári. As noites frias daquela terra de Bushmanland crepitavam em fogueiras, alçadas labaredas do meio de tanta negrura. E, eles gente do Kalahári, embrulhados toscamente numa pele, numa tanga.

nauk1.jpg O que despertou o interesse das grandes farmacêuticas no sentido de sintetizar o princípio activo da planta foi uma tal de “molécula P57”; a mesma que ajuda a suportar a fome e a sede durante suas longas caçadas, sem efeitos secundários. O fumo da fogueira dissipa-se num vazio de milhões de estrelas enquanto no retiro das precárias cubatas-choças, pelo que também se diz o frenesim do amor ou relações de corpos se desprende naturalmente pelo efeito afrodisíaco do mesmo xhoba (assim dizem).

Existem cerca de 20 variedades desta planta mas é na variedade Hoodia Gordinii que é encontrado um supressor de apetite totalmente natural; assim se pode ler algures em uma publicação farmacêutica. No ano de 1997, a licença da descoberta foi vendida a uma empresa britânica, Phytofarm, que por sua vez vendeu os direitos de desenvolvimento e marketing à gigante Pfizer Corporation. Os interesses comerciais entram aqui com sua natural e exagerada relevância que nos levam ao género humano que somos hoje, estereotipo bem diferenciado dos Koysan, da etnia Bushmen, Bosquimanos ou da tribo nómada dos "San"…

busq5.jpg De uma forma mais activa, a P57 tem um comportamento similar ao que a glucose tem ao nível das células nervosas, no cérebro, levando o corpo a pensar, que está cheio, mesmo quando não o está, cortando assim o apetite, como explica o Dr. Richard Dixey, da Phytofarm: “Existe uma parte do cérebro chamada hipotálamo. Dentro do hipotálamo, situado no centro do cérebro, existem células nervosas que detectam a presença de um açúcar chamado glucose".

Quando comemos, os níveis de açúcar no sangue aumentam por causa da comida e estas células começam a lançar para o corpo a informação de que estamos cheios. Pois o que o xhoba parece conter é uma molécula que é cerca de 10 mil vezes mais activa que a glucose. A maturidade dos Bosquímanos mede-se pela idade, no encanto de estalar conversa em contos e, por isso, são a mais velha biblioteca oral do mundo. Os mais velhos, kotas, engalanados em contos de místicas com lendas de *mussendos ou missossos, descrevem por estalos sua coragem despida de preconceitos porque os desconhecem.

spring1.jpg Bibliografia: * Mussendo – estória longa de cariz popular; Missosso – conto curto, de origem popular

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:38
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Quarta-feira, 26 de Abril de 2023
PARACUCA . LXIII

A NUDEZ DA VIDA – MULOLAS DO TEMPO - 34

RECORDANDO: Em Komatipoort  e  Sudwala Caves…

Odisseia “HAJA PACIÊNCIA” – Recordando o 11 de Novembro de 2018 – Do 55º ao 57º dias de Domingo, Segunda e Terça-feira de 2018…  Crónica 3376 - 26.04.2023

Porzimbabwé4.jpgT'Chingange – (Otchingandji) na Pajuçara de Maceió

zimbabwé5.png Já se passaram quase cinco anos depois da Odisseia com “o melhor condutor da áfrica” e, recordando os 57 dias a atravessar os oito países austrais daquele continente, revejo hoje aquela que seria a ultima crónica de Paracuca e, que agora, tardiamente sai para cumprir o que em mim estava engravidado de promessa! Os países atravessados na condição de penduras - (eu, T´Chingange e minha mulher Ibib) foram África do Sul, Namíbia, Botswana, Zimbabwé, Zâmbia, Tanzânia, Malawi e Moçambique… Posto isto, irei simplesmente repor o que recentemente se publicou com o título de Moamba; e, porque tudo acontece por um acaso, que só faltava ultimar, um clique. Clik que surgiu na gestão de um silêncio muito perto de um farol.

Eufemismo, é a maneira de não falar claro e simples para ver se as pessoas não entendem. Expressão que suaviza também o sentido reduzindo sua carga negativa como o dizer-se que alguém está já vivendo no reino da glória em vez de dizer que aquela tal pessoa morreu. Por isso digo a esse alguém que complica: Diga logo quem morreu! Deixe-se de trololós! O palavrão de inconfidência, é a falta de lealdade para com alguém indo mais além do eufemismo por ser ou parecer uma mentira camuflada. Tudo são sofismas na forma de falácia e, associei aqui uma coisa com a outra complicando-me no lado racional para culminar as falas.

Zimbabwé1.jpg Pensando nas quenturas da vida, como o foi esta odisseia de 2018, sentado sobre meu silêncio num corrido banco de ripas, volvidos uns bons quinze minutos e, olhando o pisca-pisca do farol da Ponta dos Corais, desperto a um chamamento de um já homem simplório nos procedimentos e sem feição dum aparente mal, dirige-me a palavra sem um mais nem um porquê: O senhor está bem? Sim! Respondi que estou! E, de novo perguntou: O senhor está com Deus?

E de novo respondi que sim, até no intuito de evitar delongas em desconformidades. Ao invés de me fazer uma nova pergunta, estendeu-me a mão e, dei-lhe a minha em cumprimento. Assim e do nada, o silêncio voltou em pensamento calado, qual seria o mal deste já senhor. Deduzi que o casal próximo seriam ou seus pais ou seus avós pois que insistiam ser já horas de tomar os remédios e para tal teriam de voltar para casa. Pacientemente insistiam perante a teimosa vontade de ver a maré secar e poder ii até o farol bem no meio dos recifes, já noite feita…

paracuca10.jpg E, perante tanta teimosia e azedume num vamos que vamos, um rapaz feito homem ou o inverso disto – quero ir ao farol! Por ali ficaram nesta periclitante diversão Saí para regressar pensando cá para mim que aquele mal seria uma anomalia do género do cromossomo 21 que causa um progressivo atrofiamento intelectual ou outra qualquer anomalia no desenvolvimento citogenético, o que conhecemos por síndroma de Dawn ou então uma já adiantada esquizofrenia.

E, porque já sofri uns bons sessenta dias andando com alguém com esta suposta doença invisível, atravessando áfrica, cenas de “Paracuca”, posso apreciar a calma necessária, que eu não tive, para suportar um destino de amizade que acabou em Johannesburg, graças a Deus. Pois assim é, assim foi! A escassos quilómetros de Nelspruit de Mpumalanga havia em tempos, gente refugiada nas grutas que tinham um kazumbi tão forte que até guardavam a morte no sovaco. O último senão foi com a recusa peremptória de irmos até às grutas de Sudwala Caves. A negativa foi peremptoriamente muxoxada em edecéteras – ali não havia bichos! Ponto final.

paracuca15.jpg Mas e porque já lá tinha ido posso lembrar. Bem! Quando lá entrei, uns anos antes desta peripécia havia realmente um forte cheiro a catinga. Catinga que já cheirava a cadáver mas aquilo eram estromatólitos colados ao tecto, um pouco diferente das estalactites ou estalagmites. Mas o certo é que havia sim, uma imagem em um grande salão com o nome de Nossa Senhora da Muxima. Para uns já era de Lourdes e para outros de Nossa Senhora de Fátima. Bem! Descrevo isto porque fui lá. Ele, o “melhor condutor de áfrica” não me quis como cicerone… Foi o ponto final…

zambeze1.jpg Esta crónica seria a ultima da série “Paracuca” mas, desta feita vai ficar assim em moamba que é o nome de uma comida típica angolana mas, e aqui no Brasil é termo conhecido como algo feito à margem da lei, coisa duvidosa própria de um candongueiro. Bom! Para dar término ao tema esquizofrenia direi que as causas exactas da esquizofrenia não são conhecidas, mas uma combinação de factores, como genética, ambiente, estrutura e químicas cerebrais alteradas, que podem influenciar neste mal. Ela, a esquizofrenia é caracterizada por pensamentos ou experiências que parecem não ter contacto com a realidade, fala ou comportamento desorganizado e participação reduzida nas actividades cotidianas. O tratamento costuma ser necessário por toda a vida e geralmente envolve uma combinação de medicamentos, psicoterapia e serviços de cuidados especializados. (Esta, seria em verdade a última PARACUCA. LXIII, das MULOLAS DO TEMPO 34  sai desta forma... Cinco anos depois do ocaso…)

FIM DA ODISSEIA

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:42
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Segunda-feira, 24 de Abril de 2023
MOAMBA . LIV

A NUDEZ DA VIDA – MULOLAS DO TEMPO 34

- O MUNDO ESTÁ ENGRAVIDADO DE PROMESSAS...

Crónica 3374 - 24.04.2023 na Pajuçara de Maceió

Por IMG_20170720_115617.jpg T'Chingange – (Otchingandji) 

kariba3.jpg Eufemismo, é a maneira de falar pouco clara para confundir a realidade de um facto, adulterando a realidade - ideia de não falar claro e simples para ver se as pessoas não entendem. Talqualmente, uma expressão que suaviza também o sentido reduzindo sua carga negativa como o dizer-se que alguém está já vivendo no reino da glória em vez de dizer que aquela tal pessoa morreu. Por isso digo para alguém que complica: Diga logo quem morreu! Deixe-se de trololós …

A inconfidência, por outras nuances é a falta de lealdade para com alguém indo mais além do eufemismo por ser ou parecer uma mentira camuflada. Pode bem ser uma forma de expressão para com alguém mas que normalmente é o estado ou o representante de uma soberania. Tudo são sofismas na forma de falácia e, associei aqui uma coisa com a outra complicando-me o lado racional e porque uma grande parte dos líderes mundiais actuais, usam esta forma para baralhar-nos…

Francês1.jpg Pensando nas quenturas da vida com ou sem atrito escorregado, sentado sobre meu silêncio num corrido banco de ripas, volvidos uns bons quinze minutos e, olhando o pisca-pisca do farol da Ponta dos Corais bem no meio do recife, desperto a um chamamento de um já homem simplório nos procedimentos e sem feição dum aparente mal, dirige-me a palavra sem um mais nem um porquê: O senhor está bem? Sim! Respondi que estou! E, de novo perguntou: O senhor está com Deus?

E de novo respondi que sim, até no intuito de evitar delongas em desconformidades. Ao invés de me fazer uma nova pergunta, estendeu-me a mão e, dei-lhe a minha em cumprimento integral, com os cinco dedos. Assim e do nada o silêncio voltou em pensamento calado, qual seria o mal deste já senhor. Deduzi que o casal próximo seriam ou seus pais ou seus avós pois que insistiam ser já horas de tomar os remédios e para tal teriam de voltar para casa. Pacientemente insistiam perante a teimosa vontade de ver a maré secar e poder ii até o farol bem no meio dos recifes , já noite feita…

busq3.jpg E, perante tanta teimosia e azedume num vamos que vamos, um rapaz feito homem ou o inverso disto – quero ir ao farol! Por ali ficaram nesta periclitante diversão Saí para regressar pensando cá para mim que aquele mal seria uma anomalia do género do cromossomo 21 que causa um progressivo atrofiamento intelectual ou outra qualquer anomalia no desenvolvimento citogenético, o que conhecemos por síndroma de Dawn ou então uma já adiantada esquizofrenia.

E, porque já sofri uns bons sessenta dias andando com alguém com esta suposta doença invisível, atravessando áfrica, cenas de “Paracuca”, posso apreciar a calma necessária, que eu não tive, para suportar um destino de amizade que acabou em Johannesburg, graças a Deus. Pois assim é, assim foi! A escassos quilómetros de Nelspruit de Mpumalanga havia em tempos, gente refugiada nas grutas que tinham um kazumbi tão forte que até guardavam a morte no sovaco. O último senão foi com a recusa peremptória de irmos até às grutas de Sudwala Caves. A negativa foi peremptoriamente muxoxada em edecéteras – ali não havia bichos! Ponto final.

busq5.jpg Mas e porque já lá tinha ido posso lembrar. Bem! Quando lá entrei, uns anos antes desta peripécia havia realmente um forte cheiro a catinga. Catinga que já cheirava a cadáver mas aquilo eram estromatólitos colados ao tecto, um pouco diferente das estalactites ou estalagmites. Mas o certo é que havia sim, uma imagem em um grande salão com o nome de Nossa Senhora da Muxima. Para uns já era de Lourdes e para outros de Nossa Senhora de Fátima. Bem! Descrevo isto porque fui lá. Ele, o “melhor condutor de áfrica” não me quis como cicerone… Foi o ponto final…

Esta crónica seria a ultima da série “Paracuca” mas, desta feita vai ficar assim em moamba que é o nome de uma comida típica angolana mas, e aqui no Brasil é termo conhecido como algo feito à margem da lei, coisa duvidosa própria de um candongueiro. Bom! Para dar término ao tema esquizofrenia direi que as causas exactas da esquizofrenia não são conhecidas, mas uma combinação de factores, como genética, ambiente, estrutura e químicas cerebrais alteradas, que podem influenciar neste mal. Ela, a esquizofrenia é caracterizada por pensamentos ou experiências que parecem não ter contacto com a realidade, fala ou comportamento desorganizado e participação reduzida nas actividades cotidianas. O tratamento costuma ser necessário por toda a vida e geralmente envolve uma combinação de medicamentos, psicoterapia e serviços de cuidados especializados. (Esta, seria em verdade a última PARACUCA . LXIII, das MULOLAS DO TEMPO 34 . Cinco anos depois do caso…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:17
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Quinta-feira, 8 de Dezembro de 2022
PARACUCA . LXII

MULOLAS DO TEMPO33

RECORDANDO: Em Komatipoort  e  Sudwala Caves…

Odisseia “HAJA PACIÊNCIA” – Recordando o 10 de Novembro de 2018 – no 54º - um Sábado… 

Crónica 3318 – 18.06.2022Republicação a 08.12.2022, na Lagoa do M´Puto

Por pedras00.jpgT´Chingange (Ochingandji)

papoila0.jpg Acomodados em um dos chalés do Komati River Chalets, na cidade de Kotmatipoort pudemos disfrutar da tranquilidade entre o variado arvoredo e a toalha de água dispersa pelos vários canais do Crocodile River bem na fronteira do Kruger National Park; situado muito perto da estação movimentada de comboios, podíamos ver de vez em quando, os quilómetros de extensão destes, cheios de minério ou carvão, passando pelo talude marginal e a ponte de ferro que bordeiam o condomínio desta agradável estância de turismo…

Havia bancos estrategicamente situados para apreciar as espraiadas e quietas águas do Crocodile, até de ver os peixes em sua moderada agitação e o crocodilo a jiboiar, bem na berma da ilha em frente e na direcção dos sons dos trens, agulhas de mudança e apitos, solavancos feitos de guinchos prolongadamente agudos, finas e compridas pancadas, os choques e as sonoridades da estação, barulhos diferenciados a agitar guarda freios, vigilantes das máquinas martelando o ferro, toques de ver e ouvir falhas, rachaduras ou frouxidões. Saudades de quem já trabalhou em uma estação, que cheirou e desenhou máquinas Garrett entre outras a vapor ou a diesel …   

alhambra3.jpgA jusante fica uma levada, rápidos envoltos em pedregais logo a seguir a uma ponte de mulola com guias na forma de pilares na lateral e, espraiando-se a seguir num rio de calado baixo pelo assoreamento; sucede então que os mais audazes animais tentam ultrapassar sua fronteira de reserva e por isso, ouve-se no ar barulho de pás de um helicóptero. O que é, o que não é e, dizem-nos estar a espantar uma manada de elefantes que tentavam passar seus limites de fronteira. Isto acontece por via de pastos mais agradáveis, grama verde e tentadora…   

Passando o dia entre leitura, escrita e passeio pelo jardim de matiz tropical, há também tempo para pescar com isca ou amostra ao longo das margens limpas de mato fechado. Há sim, um aviso a recordar não dar comida a macacos, não bulir com cágados ou tartarugas, nem dar comida a animais de pequeno porte que possam surgir. Sobressai o aviso de ficar atento a eventuais investidas de crocodilos. Nos sítios estratégicos há menção dos muitos pássaros que por ali possam ser avistados; saliento o Kingfisher bird – um pássaro ágil a pescar ao jeito de mergulho picado.

komati1.jpg Visitar o Kruger Park é sempre um momento alto na viagem para qualquer um de nós. Desta feita sugeri ao companheiro de odisseia, “O melhor condutor de África- Vissapa”, o dono da vontade, a visitarmos o Parque; tinha já sugerido irmos até às grutas de Sudwala Caves, lugar bem perto de Nelspruit, uma cidade situada na via N4 e a caminho do nosso destino final em Johannesburg, graças a Deus. A negativa foi peremptoriamente muxoxada de entretantos com considerandos e edecéteras – ali não havia bichos! Ponto final.

Lá atrás, ainda em Moçambique, também tinha sugerido irmos até Grascop uma bela e pequena cidade nas montanhas do lado Este do Kruger, lugar de muitas e bonitas quedas de água e das três mamas de África mais "God’s Window", cidade já minha conhecida. Mas, isso não estava no seu programa e, daí, nada a fazer – Tive de vestir a aldraba como se o fora um colete à prova de balas, enfiar a sugestão num saco, atá-lo para não feder e, deixar prevalecer na vontade do Big Chefe, o sabe-tudo para além de o ser: “O melhor condutor de África”…

komati6.jpg Pois assim é, assim foi! A escassos quilómetros de Nelspruit de Mpumalanga havia em tempos, gente refugiada nas grutas que tinham um kazumbi tão forte que até guardavam a morte no sovaco. Bem! Quando lá entrei, havia realmente um forte cheiro a catinga. Catinga que já cheirava a cadáver mas aquilo eram estromatólitos colados ao tecto, um pouco diferente das estalactites ou estalagmites. Mas o certo é que havia sim, uma imagem em um grande salão com o nome de Nossa Senhora da Muxima. Para uns já era de Lourdes e para outros de Nossa Senhora de Fátima. Bem! Descrevo isto porque fui lá mas desta feita, nadica de nada! O pedaço estava longe de ser meu…

komati4.jpg Os estromatólitos colados ao tecto por serem fósseis tão antigos, pensa-se que sejam testemunha dos primeiros organismos a realizar a fotossíntese oxigênica, responsáveis pelo gás oxigénio que surgiu no planeta há cerca de 3,5 bilhões de anos. Porém, a definição exacta, ainda é discutida podendo, por exemplo, excluir estruturas como oncólitos e trombólitos da lista dos estromatólitos. Compõem-se também de carbonatos calcita e dolomita. São formados a partir de uma sucessão de estágios, partindo de esteira microbiana, estromatólito estratiforme, para finalmente se consolidarem em uma rocha. Mas, o povo sempre acredita no que bem quer.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:00
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Quarta-feira, 30 de Novembro de 2022
PARACUCA . LXI

MULOLAS DO TEMPO32

RECORDANDO: Em Komatipoort … Acho que Deus nunca foi a África!

Odisseia “HAJA PACIÊNCIA” – Recordando o 09 de Novembro de 2018 – no 53º dia, uma Sexta-feira…  

Crónica 3309 – 31.05.2022 – Republicada a 30.11.2022 em Lagoa do M´Puto

Por  tuiui3.jpgT´Chingange – No AlGharb do M´Puto

Malambas2.jpg Acho que Deus nunca foi a África! Tenho de deixar aqui minha revolta pelo facto de ficarmos bem convictos de sermos roubados por gente sujeita à sobrevivência mas, usando já as técnicas de ladroagem com abuso de resiliência. Atravessar Moçambique foi das piores experiências, pois fomos roubados ou enganados e, até por policiais; digo isto convicto de que a maioria de quem me lê, vai achar que estou a ser excessivo.

Também estou ciente de que o mundo ocidental vai continuar a dar ajuda sem fiscalizar o término destas ajudas e, que por norma, caem na mão de gente que se apodera indevidamente das dádivas (gangues de rapinagem). Antes de chegarmos à África do Sul, passagem por Maputo e já com o jeep estropiado por nos terem metido gasóleo com água, deparamos com obras na via principal de acesso a Ressano Garcia; as indicações na estrada eram por demasiado caóticas e perdidos, houve uns candengues que nos deram indicação por um lado que o não era.

Um Mais-Velho, mais à frente, acenou-nos para pararmos e, como já íamos quase parados pelo mau piso do desvio, parámos mesmo. O Kota disse que não seguíssemos esse rumo porque os candengues estavam a levar-nos para um sítio de tocaia ou de emboscada para nos roubarem: disse que nos atirariam pedras e roubariam tudo ao seu alcance. Ficamos atónitos e até desconfiados mas acreditamos na palavra deste senhor Mais-Velho.

komati2.jpg Cumprindo suas indicações, foi o melhor que fizemos mas, tudo por obra e graça dum Espirito Santo de quem até, já falávamos asneiras – as orelhas deste espirito deveriam estar a arder; por fim e, como já foi dito, podemos chegar ao paraíso aonde o carro deu misteriosamente ou por milagre o soluço final. Já dentro do Komati River Chalets de Mpumalanga, tendo a recepção bem ali ao lado de nós – Ufff!

Um Paraíso quanto à organização, beleza natural e qualidade em relação a tudo o que visitamos no resto de África. E, bem ao lado do Cruger National Park, foi uma bênção para quem necessitava de relaxar da odisseia, da prosápia alheia, da conversa mole com caganças balofas e coisas desaforadas -Turista sofre! Komatipoort é uma cidade situada na confluência dos rios Crocodilo e Incomati, na província de Mpumalanga na África do Sul.

dia141.jpg A cidade situa-se a 8 km da entrada Crocodile Bridge Gate do Parque Nacional Kruger, a apenas 5 km da fronteira com Moçambique e 65 km da fronteira com o Essuatíni (antiga Suazilândia). É uma pequena cidade, sossegada, com ruas arborizadas, uma das cidades mais quentes da África do Sul e, onde a temperatura do ar atinge por vezes os 50 °C com a temperatura de Inverno a rondar os 24 °C. Foi nesta cidade que em 1984 foi assinado o Acordo de N´komati*.

Komatipoort tem a dupla vantagem de estar perto de Essuatíni (em suázi: Swatini) e do Cruger; Essuatíni, anteriormente conhecido como Suazilândia, é um país pequeno mas bem interessante, pacífico e próspero, limitado a leste por Moçambique e em todas as outras direcções pela África do Sul. Suas capitais são M´babane (administrativa) e Lobamba (legislativa). O país e seu povo recebem seus nomes de Mswati II, um rei do século XIX em cujo reinado o território de Essuatíni foi expandido e unificado. Vale a pena cruzar este pequeno país encravado na África do Sul.

cruzeiro0.jpg Andados quase 10.000 quilómetros até aqui, quase fim da Odisseia, teríamos ainda de passar por uma última privação e desta feita nesta terra tão agradável em estar, mais um roubo feito por moçambicanos fora de portas, aqui em Komatipoort e na caixa multibanco. Um grupo organizado de rapazolas, bem vestidos, falando português fluentes, pretos com sotaque de Maputo, no subterfugio de uma diligência solicitando desculpas, não sei como, vêm o código PIN, trocam o cartão por outro igual e num repente vemo-nos sem o acesso ou interditados. De imediato telefonei para o banco a impedir o uso de meu cartão só para áfrica e emitido em Johannesburgo. Mesmo assim limparam-me 280 Euros! Foi o fim da picada e, ainda hoje me parece obra de muitos capetas a tapar-me os olhos, clonarem-me o cartão num repentinamente – Aconteceu e desaconteceu – bola práfrente…

Como curiosidade: *O Acordo de Nkomati foi assinado em 1984 entre o governo de Moçambique, liderado pelo então Marechal Samora Machel, Presidente da República Popular de Moçambique, e pelo Presidente da África do Sul, Pieter Botha. Este acordo tinha por intenção pôr termo à guerra civil em Moçambique. Para tal, os signatários do dito acordo concordaram em deixar de apoiar a RENAMO (responsabilidade da África do Sul); Deixar de apoiar o ANC (responsabilidade de Moçambique). Apesar disto, cada parte continuou a agir por conta própria, e os guerrilheiros da RENAMO prosseguiram com a guerra civil em Moçambique até que em 1992 foi assinado o Acordo Geral de Paz, em Roma, apoiado pela Comunidade de Santo Egídio.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:30
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Sábado, 3 de Setembro de 2022
PARACUCA . XLVI

MULOLAS DO TEMPO -17 - 12.02.2022 em Kizomba; 03.09.2022 em Kimbo Lagoa

RECORDANDO: Dia 20, no Sul do Malawi em Lilongwé 33º dia da Odisseia “HAJA PACIÊNCIA”. Nós, bazungus no PARK MVUU LODGE do MALAWI… manuscrito de 22 de Outubro de 2018 - Crónica 3241

Por tonito17.jpgT´Chingange Na Pajuçara do nordeste brasileiro e Lagoa do AlGharb no M´Puto

IMG_20170901_103102.jpg  Posso ainda recordar-me termos ficado em Mtawa Lodge no centro de Lilongwé que é, desde 1975, a Capital do Maláwi. Lilongwé foi fundada em 1906 às margens do rio com o mesmo nome; inicialmente como um assentamento para os comerciantes asiáticos, seu clima ameno atraiu rapidamente as empresas europeias, tornando-se um centro administrativo colonial britânico no início do século XX.

Devido à sua localização na rota norte-sul principal do país e na estrada rumo a Rodésia do Norte (actualmente Zâmbia), concluída em 1909, Lilongwé tornou-se a segunda maior cidade do Malwi e, foi a próspera comunidade asiática de negócios residente na cidade que a promoveu a esse estatuto. Foi oficialmente oficializada como capital pelo antigo presidente Hastings Kamuzu Banda, embora que, inicialmente somente concentrasse os poderes judiciário e executivo…

IMG_20181031_092629.jpg O presidente Bingu Wa Mutharika exigiu que todos os escritórios do governo se mudassem para Lilongwé após as eleições presidenciais e parlamentares de maio de 2004. De quando em vez, é bom falar um pouco dos lugares por onde passamos pois que após longos silêncios remoídos na sustentação das mentiras ou verdades sobre africanos, sua terra e sua origem, a gente acaba por agarrar nenhures; sem entender tudo na perfeição e, distanciados numa longínqua aridez de secura com investimentos de leveza. Ficando meios anestesiados, até falamos com osgas gordas que mais parecem crocodilos, revemos jeitos e trejeitos que mais ninguém consegue vislumbrar…

Posso agora recordar o susto que apanhei ao verificar ter dormido com um escorpião no camping do Park Mvuu Lodge. Ao desmontar a grande tenda azul, vi um escorpião preto ai com uns sete centímetros, sair bem por debaixo de minha esponja que me serviu de cama. Bem quentinho ali permaneceu nem sei quanto tempo sem pagar renda. Na saída para o “main gate” podemos apreciar manadas de búfalos, entre muitos outros e muitas capotas, rolas e perdizes. Nosso destino agora é pernoitar na Capital Lilongwé e seguir amanhã para a fronteira mais a norte de Tete de Moçambique, dia 22 de Outubro de 2018.

central-african-wilderness(2).jpg Terei de recordar aqui que nosso capitão do mato, el comandante Vissapa, o melhor condutor de África, enquanto permanecemos no Park Mvuu, decidiu sair a pescar nas margens do rio Shire River sabendo ser perigoso e, avisado do perigo que seria ultrapassar os limites de vigilância segurança. Não resultou avisar que ali havia mais hipopótamos que cassuneiras mas, de nada valeu. Um carro patrulha teve de o ir buscar, levando uma rabecada bem justificada por um dos seus patrícios africanos - um genuíno…

Vissapa - el comandante, ainda lhe disse que era angolano de gema, que edecéteras e tal e, até lhe mostrou o bilhete de identidade. Era um branco, sim senhor mas também genuinamente africano! Ele, o guarda com flechas nas divisas, torceu seu nariz achatado, deu uma baforada com rolos de índio no ar e disse que, tudo ali era para ser tal e qual conforme o regulamento. Filosoficamente disse que aqui em áfrica tudo é de todos, menos dos brancos. E, assim, engolindo desaforos ficávamos num nada, feitos genéricos. Menos mal que eu só era mesmo - melhor…sou Niassalês…

alfa1.jpg No M´Puto, na Venezuela, no Brasil, em Namíbia ou África do Sul e até no escambau aonde judas chorou desesperado com todos nós; mortais filhos da peste que nunca o deixam em descanso, pois, até em África aonde o ontem fica cada vez mais distante. Ué e, o que então era proibido, hoje já o não é, lugar de tundamunjila (thunda um n´jilla) corruptado até os fundilhos de toda a brancura. Lugares aonde agora predomina a gasosa com kumbú e fundamentalmente a postura governamental de BLACK EMPOWERMENT*; Isto quer dizer uma política de substituição do negro em detrimento do branco. Vou dizer mais o quê se foi o que vi, espoliado quanto baste pois só não o serei, ou serás se, se houver kitar yábule (ter muito dinheiro)…

Amanhã teremos de passar na fronteira de entre Malawi e Moçambique! A fronteira aqui em áfrica é sempre um grande problema, sempre criam dificuldades para vender facilidades; como eles negros de pai e mãe aprenderam tão bem estes procedimentos de brancos! Aos velhos será cruel deixá-los privados de respostas e será de bom senso até, não se lhes fazer perguntas de passados não amistosos porque dos muitos dias, das muitas injustiças pode sem se querer, saírem à luz da kúkia, gigantescas feridas. Que importância terá, saber-se agora se a mulher de Lot, em Sodoma, ao olhar para trás se transformou em sal-gema ou sal marinho ou, até saber se a embriaguez de Noé, foi de vinho branco ou de vinho tinto…

cape2.jpg Nota*: Black Economic Empowerment é uma política do governo sul-africano que visa facilitar a participação mais ampla na economia dos negros, especialmente para corrigir as desigualdades criadas pelo apartheid. (Wikipedia inglês). Na prática é a substituição do preto pelo branco, generalizada em toda a áfrica austral! As vagas são para os de cor escura, primeira os nativos, depois os indianos e no fim os brancos; estes só conseguem assegurar trabalho em empresas familiares… Isto verificado, também me foi dito por um sujeito mulatão de nome comum de Ferreira lá na Cidade do Cabo, meio a dar para indiano, um meio monhê a viver de expedientes; com colares de missangas penduradas ao pescoço e um cofió colorido, um mwadié fantasiado de africano a repetir-me: - Só quem anda por gosto, não descansa! Isto, foi quando me queixei com azedume de haver muitos arrumadores de carros, brancos nos centros comerciais (uma forma de solicitar esmola sem ferir o orgulho).

(Continua…)

O Soba T´Chingange 



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Quarta-feira, 13 de Julho de 2022
PARACUCA . XLIII

MULOLAS DO TEMPO . 1426.01.2022 em Pajuçara do Nordeste brasileio

RECORDANDO: 25º dia. Nós, bazungus no SITIMA-IN de Nkotakota às margens do lago NIASSA do MALAWI… 15 de Outubro de 2018

- Crónica 3232 Republicada a 13.07.2022

Por soba17.jpg T´Chingange – No AlGharb do M´Puto

Malawi táxi.jpg Nkotakota era originalmente, no século XIX, um grupo de aldeias que a partir de seu porto, serviram como interposto comercial de escravos suaíli-árabes. David Livingstone convenceu o chefe Jumbe a parar com o comércio de escravos debaixo de uma árvore chamada de Nkotakota; este nome prevaleceu no tempo tendo o presidente do Malawi Hastings Banda discursado em 1960; supostamente nessa árvore ironicamente conhecida como a Árvore Livingstone.

A 100 metros do Sitima-in, experimentei entrar na água do lago e, andando até os joelhos pude apreciar estar a uns 23 graus; Eram 5,20 horas da tarde e os pescadores estavam chegando com seus barcos; logo começaram a vender seu produto a quem queria ao jeito de lota, tilápia, chissipa, bagres e uns outros muito semelhante a carapaus, mas mais esguios. Na pousada, foi dia de se comer piza variada. Não caí na tentação de comer carne porque parece sempre a prepararem demasiado torriscada e rija como chifres.

malawi2.jpg Por via disso o comandante Vissapa partiu sua esquelética e anda agora com toos os cuidados, metendo amiudadamente uma cola rápida de segurar ferraduras e coisas assim. Amanhã iremos para Sul em direcção a Monkey Bay. Isto aqui é um lugar surrealista ao lado de uma linha desactivada, que sem estação se situa junto a um desmoronado porto com as pilastras e lages tombadas a fazer de prancha de saltos para os candengues. É mais um lugar de Kiandas Roxas…

O edifício tem nele incrustadas peças de navios podendo vislumbrar-se estas incrustações tanto na fachada como dentro da mesma. Tem cambotas, bielas e chaminés do tipo de vapor. Logo à entrada tem duas grandes rodas, daquelas de conduzir navios por onde esvoaçam mosquitos e osgas gordas, dinossáuricas. A dona tem olhos azuis, veste cetim com rosas azuis e verdes. Veio de Upington lá no Orange River, Cabo Setentrional da África do Sul a 120 Kms. das Quedas de Augrabies, lugar que já visitei; por isso, trocamos algumas palavras de consertar empatia…

dia146.jpg Nas nossas congeminações fizemos desta estalagem um antigo bordel aonde os marinheiros brancos usavam seus ministérios. Nesta casa de sonho de tempo tempestuoso havia hélices, motores, portas e janelas de carros e vagonetes à mistura com gigantes parafusos-sem-fim e êmbolos de casas de máquinas de vapores naufragados.  Vissapa referiu terem sido de navios usados ali na segunda guerra mundial - talvez!? Já li descrições de enfrentamentos de alemães na parte Norte do Niassa de Moçambique mas não sou assim tão atreito em acreditar num talvez! Muito menos aqui em África e, no lago Karibe… Quem sabe!?     

Da superfície das águas elevam-se nuvens em espiral de transportar kiandas do kalunga. Um mistério que vai alimentar muitas conversas, originar escritos de sonhos com danças de boas vindas ao Niassa! Pois aqui, em Sitima de Nkhotakota, uma casa feita de assombro e restos dum barco encalhado com o nome do capitão Steve, são as fantasias de Vissapa a recordar estas coisas escondidas em seus sonhos. Almoçamos na sala do capitão mas este, não apareceu naquela forma de olho tapado com perna de pau e um gancho a fazer de mão…

luua04.jpg Andamos de sítio em sítio sem vermos o tal de “Ilala Boat “ que dizem andar pelo lago levando no 1º andar os turistas bazungus carregados de máquinas, binóculos e edecéteras com canivetes de Mack Guiver com mais de dez aplicações e um colete com bolsos secretos para guardas shillings, dólares, randes ou kwachas; pois! E, no andar inferior os que vivem nas margens do Niassa e que tem de transportar galinhas, mandioca e peixe seco t´chissipa. Era suposto haver um barco ali mas só ficamos pelo talvez sem fazer o desejado passeio.

Um barco que sempre nos traz à memória "A Curva do Rio" de V.S. Naipaul e também do Peter Pan… A divisão das fronteiras tem coisas surpreendidas; daqui não se avista a costa do Moçambique - o lago parece ter mais de 80 quilómetros de largura. Falam de uma ilha de nome Likoma terra de kiandas sábias que curam mazelas fazendo trepanação com seus dedos, muitos dedos mas nós, só pensamos por agora ir à ilha de Bazaruto em frente a Inhassoro já na costa do Oceano Indico. Talvez?

(Continua…)

O Soba T´Chingange      



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:00
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Domingo, 10 de Julho de 2022
PARACUCAS. XL e XLI

Actualização no Kimbo Lagoa Crónicas 3228 e 3229  por acerto com a numeração do blogue, prevalecendo a ordem deste:  Crónica 3229 como se o fora uma só…

MULOLAS DO TEMPO . 11 – 16.01.2022 - RECORDANDO: Nós, bazungus no povoado de Matumbo – Perto da Tanzânia Border… 16º dia - Óh mundo de túji, ainda teremos de atravessar a Tanzânia para chegar a Dar es Salaam… Crónica 3228 - (Escrita manual feita a 07 de Outubro de 2018 – Um domingo…)

Por soba17.jpgT´Chingange (Ot´Chingandji)  no  AlGharb do M´Puto  a 10.07.2022

Botswana 150.jpg Vissapa mostra sua identidade de angolano a qualquer bafana pé-rapado. Não sei porque nunca fez questão de me mostrar essa cédula esverdeada! Nem vocês que me lêem, saberão decerto o porquê deste procedimento tão bizarro, considerando termos já feito tantas viagens por tantos outros lados e, em outros tempos - até para sul dos montes Atlas nos confins de Elrrachidia; terra berbere, do sudeste de Marrocos… O comportamento das pessoas, quase  me levam no dia-a-dia a lamber pensamentos confusos, aonde faltam traços e virgulas no parágrafo de entendimento, sem índice nem prefácio…

Ali, longe de tudo, em um qualquer lado de África, manter a personalidade, seriedade e serenidade seria bem melhor para suportar o vento que soprando de várias latitudes, trazem areia para nossos olhos. Na área de serviço de M´Pika, uma bomba savana-rust-chop de novo o “my friend” mostra seu cartão de angolano aos bafanas lavadores de carro – terreiro de terra avermelhada e uma mangueira que encharca a lama. Na área de serviço com aspecto de uma velha e decadente mercearia, há prateleiras com latas e pacotes de farinha, feijão, ovos, vários cereais e até frascos com mopane, as larvas chamadas de catato em Angola.

Botswana 171.jpg Lá terei de descrever ao pormenor este sítio comum, para poderem absorver a fotografia com cheiros ladeados por pneus carecas a cercar espaços de bancas improvisadas e também ladeadas de sacos de carvão, pilhas de lenha, sacos de maças, laranjas, bananas e várias quindas com sal das minas. A secção de Car-Wash era suportada com vários baldes e paus a suportar tapetes, pedaços de pano para limpeza, usados pelos dois profissionais. Uma meia hora de espera e ficou completa a lavagem de nosso  (salvo seja) Jeep “ford by ford”. Levaram 150 kwachas pelo serviço que dentro das condicionantes, ficou perfeito.

Desapareceram as dedadas nos vidros, os riscos das rilheiras do pó e os pelos alheios de chacais presos na mistura com pasto fino, manchas de besouros esparramados na vidraça e até moscas e formigas cadáver. Bem que a minha empregada do Uganda Mery me avisou: Patrão! Tu vais sofrer andar nessas lonjuras de mato, garganta seca, a golos de água quente choca. Vais ver como até os espinhos vão ter contigo. Tambulakonta!

Botswana 176.jpg Háka! Senti mesmo isso pois que logologo e pelas manhãs o comandante “my  friend” já estava nervoso, desvairado da silva. Só podiam ser os espíritos dos “photoles”, buracos e mais buracos, os ziguezagues aos camiões e dos cabritos atravessando no momento errado. Patrão, tu vais sofrer! Vinha-me sempre ao pensamento esta sapiência de Mary de Campala. Minha sonolência ficava atormentada fingindo também que tinha sangue de barata – só por vezes debelava minhas farturas de matumbice – um homem não é de pau.     

Mandei um whatsApp a Mary de Campala do Uganda a recordar das suas razões ao que veio uma resposta seca: Quem anda por gosto, não cansa - aiué. E, entretanto já estávamos a chegar ao povoado de matumbo, um sítio mesmo a condizer com o panorama. Meu filho Ricar de Johannesburg mandava entretanto uma mensagem dando a indicação do câmbio da moeda na Tanzânia: Um Euro valia neste dia 2.637 Shillings tanzanianos… Fazendo contas em meus papeis coloridos, ia apaziguando meus conflitos de viagem, mudando no possível o humor! Será bem melhor.

Botswana 269.jpg Tratando das finanças do “ford by ford” ia anotando 1€ = 834,51 Malawi Kwachas – 1 rand = 59,56 Malawi Kwachas. No leka-leka-shop M´zuzu vi um barbeiro em seu mukifo cortando o cabelo com uso de uns cabos que saiam directo de uns pequenos painéis de sol, para sua máquina de cortar cabeças, entenda-se por cabelos, carapinha e, fui deixando de ficar enkafifado com estas tecnologias de ponta e com sol...

Estando em África, em um qualquer momento, ao se olhar para dentro de si mesmo, se deparará com um quadro que são mesmomesmo tecnologias de ponta, uma verdadeira resiliência como se diz hoje. Aiué patrão…é o ideal. Talvez se sinta o coração quebrantar-se pela consciência da própria fraqueza e se entristeça profundamente apesar de se saber que a alegria é um componente do fruto espiritual. Um dia virá em que na presença de um ser superior, a “plenitude de alegria surgirá, tirando até águas das mulolas com um cesto de vime, assim se acredite nos milagres da vida. Amanhã será outro dia!  - (Continua…)

O Soba T´Chingange

Botswana 055.jpg PARACUCA . XLI

MULOLAS DO TEMPO . 1218.01.2022

RECORDANDO: Nós, bazungus depois de TUNDUMA Border Zâmbia / tanzânia… 17º e 18º no Utengule Cauntry Hotel - Óh mundo de túji, ainda teremos de atravessar a Tanzânia para chegar a Dar és Salaam… Crónica 3229 - (Escrita manual feita a 11 de Outubro de 2018 …)– No Nordeste do Brasil

tanzânia II 005.jpg Chegamos já era noite fechada a M´Billize-M´Beya no itinerário que nos levaria a Dar és Salaam; a estrada estava entupida de motorizadas e, foi um grande problema chegar a este agradável Utengule Cauntry Hotel inaugurado com a visita de Kofi Atta Annan, um diplomata ganês que era nesse então o sétimo secretário-geral da Organização das Nações Unidas; o mesmo que foi laureado com o Nobel da Paz em 2001. Exerceu funções entre Janeiro de 1997 e Dezembro de 2006. Numa das paredes da recepção podia ver-se o grande quadro com este personagem. Ficamos aqui por indicação de um alemão quando tratávamos dos trâmites da fronteira em Tunduma.

Nós, quatro pessoas, pagamos por dois dias e dois jantares a quantia de 661 US$, dólares americanos. Achamos caro o preço de 150 US$ por noite mas, a paisagem circundante desvaneceu esta superficial arrelia. A partir desta operação fui destituído das funções de secretário da economia pois que havia dúvidas permanentes quanto ao câmbio que praticava tendo como base o Rand Sul-africano. Em realidade já estava farto de fazer as contas do deve e haver do “ four by four”. No meio de espontâneos obséquios seria fácil ser tomado por intrujão e, isso repuxava-me más raivas…

tanzânia II 053.jpg Por via das incursões dos jihadistas do Boko Haram que aterrorizavam a região de Rovuma a norte de Moçambique e, por via dos avisos que nos chegavam dos familiares do M´Puto o comandante do “four by four” decidiu fazer uma inflexão para sul cruzando todo o Malawi. Pagamos o dobro do que era normal para tirarmos o visto na fronteira da Tanzânia para aqui ficarmos uns escaços dois dias. O planeamento aqui falhou e eu, que tinha tanta vontade de ir até ao Norte ver o Serengeti caí em mim desiludido, numa lazeira de sertão com a alma meio adoecida…

A Tanzânia é um país da África Oriental conhecido por suas vastas áreas selvagens, como as planícies do Parque Nacional de Serengeti, uma das mecas do safari e habitada pelos cinco animais de grande porte mais difíceis de serem caçados (elefante, leão, leopardo, búfalo e rinoceronte). Outro destaque é o Parque Nacional de Kilimanjaro, onde fica a montanha mais alta da África. Em alto-mar, estão as ilhas de Zanzibar, de influência árabe, e de Mafia, com um parque marinho que abriga tubarões-baleia e recifes de corais. O sonho de ver parte disto, desvaneceu-se para calibre de cão sem trela.

carvão4.jpg Passadas as cidades de M´beya, Tukuyu e Ipinda, chegamos a Songwe Border, fronteira com o Malawi. Deste modo, forçado à ponderação, a ideia de ir a Arucha lá no Serengeti, ficou posta de lado. Quem vai até aqui de avião, é depois e sempre acompanhado por guias dos respectivos parques e em carros de tracção. Há por muitos lados filas de turistas que aceitam pagar caro por mordomias exóticas. Entretanto fui fazendo actualizações do câmbio pelo meu microondas e anotei: Um euro valia 835 kwachas malawianos e um Rand correspondia a 60 Kwachas malawianos.

De M´Beya até à fronteira, ainda na Tanzânia pode-se ver grandes plantações de chá embelezando as encostas daquele espaço montanhoso, muito bananal, campos de batata, café robusta, florestas de mangais, e lavras de mandioca. Estas terras altas pelo que se via, eram boas para qualquer agricultura pois que por ali a chuva, a bençoava. As fronteiras em África são sempre problemáticas e demoradas no trato de expedientes, pagamento de visa e o respectivo seguro obrigatório do carro; aqui, também não foi diferente!

Acácia rubra1.jpg Tivemos de usar nosso cartão multibanco por seis vezes a fim de obter a quantia certa para pagar os 75 US$ e ficar com mais algum. Uma vez que só eu tinha dólares, não seria conveniente desfazer-me deles pois poderiam vir a faze falta mais à frente, tal como veio a acontecer. O pagamento aqui poderia ser pago em Kwachas malawianos e, para o efeito ficamos com um bom molho de notas em carteira. Nestas três a quatro horas que ali permanecemos, ocorreu algo que me levou a considerar ser o povo malawiano mais honesto que dos demais países.   

Tive de faze uso dos balneários para urinar e procurando, fui dar a um cubículo sem tecto nem porta, tijolos sem reboco nem pintura e um pano encardido a fazer de porta; tinha uma pia turca como única peça e, tive de pagar pelo uso. Sucede que não tendo os 200 kwachas (mais ou menos 25 cêntimos do Euro$), paguei com uma nota de 5 US$ e, sem esperar o troco fui para as instalações da aduane do lado de Malawi aonde permaneci sentado. Qual o meu espanto quando passado pouco tempo surge o moço bafana com os 5 US$ trocados em kwachas. Aceitei e dei-lhe 1000 kwachas de gasosa! Gostei de no meio de tanta carência e tanta trambiquice, haver uma atitude de honestidade… Sim! vale a pena visitar o Malawi, é terra de gente boa!

(Continua…)

O Soba T´Chingange       



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:34
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Quinta-feira, 9 de Abril de 2020
A CHUVA E O BOM TEMPO . CX

África e o COVID 19… Opinião do T´Ching... - 09.04.2020

Crónica 3015

Por

soba002.jpg T´Chingange - No Nordeste brasileiro em distanciamento social…

áfrica19.jpg África está a intrigar a comunidade médica por contrariar as previsões da OMS, com os seus baixíssimos números de casos de infecção e morte por coronavírus. Esperava-se que assim que surgissem os primeiros casos de coronavírus seria uma catástrofe sem igual; parece até ser humilhante para a midia ocidental, perceber que o coronavírus mata milhares de pessoas em países do primeiro mundo ao invés dos países africanos. Segundo especialistas, há factores que sopram a favor de África.

Os porquês:

a - É um continente maioritariamente composto por jovens.

b - A cloroquina que serve para o combate à malária, supostamente tenha imunizado os africanos, que aparentam imunização contra o coronavírus (vamos acreditar que sim embora sem provas!)

c - O clima quente de África faz com que o vírus seque rapidamente no ambiente natural, ao contrário da Europa, Ásia e partes das Américas que têm zonas frias.

d - Em algum momento da vida de um africano já sofreu infecções como malária, sarampo, febre-amarela, leishmaniose, dengue, paludismo, tifo, disenteria, bronquites, infecções renais e estomacais, enfisema, tuberculose, pneumonia. Eu próprio já tive paludismo várias vezes e como prevenção tomava como toda a gente: - Quinino, Camoquina e rezoquina …

e - Uns sem número de vírus, como o perigoso Ébola, já passaram por eles, sem esquecer as DST's e tantas outras que fazem parte do nosso dia-a-dia e, que de uma certa maneira no seu conjunto dificultarão a entrada em força do coronavírus.

cinzas8.jpg Os grandes países, como Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Itália, Suíça, sem esquecer os Estados Unidos que neste momento lideram em termos de infecções, nunca pensaram que alguma vez na sua existência iriam ser "castigados" dessa maneira, pensando até que só os outros estariam destinados a sofrer com este maldito vírus.

Vírus que atingiu em pleno coração as nações mais ricas e mais poderosas do planeta; é de admirar que em África seja diferente, embora lamentando profundamente que coisas dessas aconteçam no mundo... Algumas versões cientificas na imprensa internacional dizem que o vírus não foi criado artificialmente por ninguém, mas subsiste a duvida! Dizem ser uma versão do antigo SARS, que sofreu as devidas mutações impossíveis de replicar ou criar em laboratório – será!?

Que passou do mundo animal para o ser humano fruto da inapetência de alguns países nomeadamente a China em proibir o consumo de animais selvagens; pode ser até que seja uma oportunidade para se acabar de vez com a caça e o consumo de espécies exóticas. Mas, esse coronavírus, parece ser apenas o primeiro de muitas mais pandemias que segundo muitos, beira a aniquilação. Tal é a rapidez com que aparecem novas designações por via de mutações tais como: Pneumónica, SARS 1, MERS 2, H1N1 tudo num nome de INFLUENZA e, este COVID 19.

ama3.jpg Os números são assustadores, no momento em que o vírus está espalhado por mais de duzentos países do mundo - números confirmados pelas autoridades que segundo dizem rondam os 75% de margem de abrangência. Os países divergem nas estratégias a aplicar na luta contra a pandemia e, nem todos estão de acordo com as orientações dadas pela Organização Mundial de Saúde. Alguns criticam até a idoneidade do seu presidente! Há até quem reme contra a maré, como os exemplos de Trump e Bolsonaro, dizendo que o confinamento arrasa com as economias dos países e que ficar em casa é uma perda de tempo. É uma faca de dois gumes em verdade.

O presidente da Bielorrussa Lukashenko juntou-se aos já mencionados, tendo sido visto visto jogando hóquei no gelo e, num pavilhão a abarrotar pelas costuras. Numa vulgar linguagem afirmou que o vírus não é resistente ao frio e que a bebida vodka faz o favor de eliminar o malvado. Trump e Bolsonaro, aos poucos vão dando o braço a ceder, porque o número de mortos não para de aumentar em seus países, acabando por tomar medidas afectivas na contenção e prevenção. Esta tardia medida nos EUA originaram baterem o recorde de mortos em apenas um dia, 1186 falecidos em 24 horas (dia 6 de Março) – demasiado triste!

Como consequência, a economia mundial parou; a única que parece carburar é a chinesa, vá-se lá adivinhar do porquê!? Porque deduz-se ter aplicado o maior golpe da história mundial, levando os países ao colapso e apatia em sua reorganização com o beneplácito do presidente da OMS. A ordem mundial está virando o MUNDO do avesso. Os seus índices de desemprego chegam ao pico, milhões de pessoas foram dispensadas de seus empregos recorrendo aos serviços de segurança social, aonde os há! Os vários governos tentam proibir despedimentos multando as empresas que o façam, mas isso não trava o caos. O desemprego, só nos EUA ronda já mais de 10 milhões…

luderitz14.jpg As companhias de transporte aéreas e terrestres têm as suas frotas paradas, que sem gastarem combustíveis provocam a queda do preço do petróleo a preços negativos; agora são as companhias e países petrolíferos a pagarem para quem simplesmente pode armazenar os barris sem os comprar, as indústrias param de produzir. Umas foram obrigadas a produzir material médico por decretos presidenciais e outros fazem-no de livre vontade. As vendas e encomendas desceram na ordem dos 90% e, o comércio mundial actual, baseia-se apenas a materiais de consumo alimentar, electrónico ou de lazer e, todos recorrem à China para obter o material médico que precisam.

Os EUA recentemente enviaram 30 aviões à China para trazer de lá material hospitalar e, porque  pagaram a dobrar, a China cancelou encomendas de outros países. A Rússia ofereceu ajuda a América doando varias toneladas de material médico que o Trump agradeceu; outrora inimigos hoje amigos na salvação geral. Outros países como América do sul e África verão as suas dificuldades aumentadas… Num destes casos tão agudos na gravidade chega-se à conclusão que petróleo e diamantes não servem para comer.

alfa2.jpgA vacina demora a aparece, embora existam países que já anunciaram a cura mas ainda não provaram a sua eficácia, adoptando as medidas de confinamento e emergência, encerraram-se a sete chaves e fecharam as principais instituições da cada país assegurando apenas as que são imprescindíveis à sobrevivência geral, tais como hospitais, farmácias, supermercados, alguns transportes e alguns serviços para manterem minimamente a funcionar. Ficar em casa é a melhor medida para abrandar os contágios. Nem todos estão a cumprir com as regras, sem sequer respeitarem o esforço dos outros para atenuarem o sofrimento de todos.

O apelo agora é que todos nós façamos campanha nas nossas comunidades para que adoptem medidas que nos possam salvar. É com regozijo que se observa na maioria dos países africanos adoptarem as medidas de emergência e confinamento no combate ao vírus, fechando o país a estrangeiros, aeroportos e portos, controlando as entradas terrestres, adoptando algumas medidas de controlo social, sanitário, politico e económico.

ÁFRICA4.jpgInsistindo nas medidas de higiene geral e pessoal, controlando algumas pessoas nas entradas do país e forçando a quarentena da maioria pessoas não podemos deixar de saudar a o governos africanos, pelo menos estarem a tentar... Os africanos são um alvo porque pertencem a uma sociedade desorganizada, nem sempre unida e até desrespeitosa entre si. Como resultado, os ocidentais podem sim condenar por ainda não se ter feito o suficiente esforço para criar as instituições e condições necessárias no aspecto sanitário. Fique em casa, se o seu trabalho ou ocupação não seja imprescindível na manutenção da saúde ou sobrevivência geral. Sobreviver, é importante…

Kandandus

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:11
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Sexta-feira, 20 de Março de 2020
MUJIMBO . CXV

MEDITAÇÕES DO T'CHING... Crónica nº 3007

Dia do PAI - Um nisquinho de vida num amorfo, fósforo...19.03.2020

O nascimento, é um perfume finíssimo mas, o da morte é um talvez de cheiro, mistura da arruda com xá caxinde...

Por

soba0.jpeg T´Chingange – No Nordeste brasileiro (de quarentena)

favela1.jpg Aqui, no Brasil, na TV, só falam em usar o gel e lavar as mãos várias vezes ao dia. E, como é isso possível se a maior parte do bairro encavalitado no morro, comunidades de ruas em que só passam duas pessoas, que nem água tem! E, o gel que também é caro!

No “espaço da família” recente, na maternidade, reuniam-se alguns avôs, titios e titias, um ou outro priminho ou irmãozinho e alguns amigos. Laptops e celulares estão a postos, pois a instituição do bem-querer disponibiliza a transmissão em tempo real daquele momento glorioso: o do nascimento!

favelas9.jpg No instante em que o bebé chora pela primeira vez, viverá o ritual na passagem das mãos do médico para o colo da mãe, do pai e da enfermeira. Hoje dia do PAI, não pode ser assim; o chinavírus não permite isto!

Nestes dias, neste agora, nesta realidade, tudo tem de mudar até um vindouro dia destes, dominados num entretanto de incerteza. Até já ando com palitos nos bolsos para tocar nos botões do elevador porque o gel, ou não há, ou ficou super caro! Depois, queimo o suposto maldito na ponta vermelha! O amorfo, fosforo...

favela2.jpg Estamos numa protecção de transmissão imperfeita e, isto de usar amorfos para contornar o invisível capeta, o chifrudo, não é de uma tecnologia perfeita mas, em verdade, é de ponta!

Isto não estava nos cálculos de ninguém nem tão pouco nos de Costa com Mário Centeno e seu superavit do M Puto, nos de Trump, de Bolsonaro ou do João Lourenço. O Mundo é agora uma ervilha sem curas transgénicas. Quando todos perceberam esta nova realidade já tudo acontecia...e todos, pouco puderam adiantar - Uma grande frustração!

favelas8.jpg Favela - África do Sul

Deste modo, a vibração e a alegria tão intensa dum nascimento, ficam incontidas perante as novas realidades, tornando-nos incontornáveis nos esforços de preservar a vida por mais tempo; de só mais um nisquinho!

Ao nascermos, não tínhamos ideia dos erros e acertos, desafios e conquistas que experimentaríamos nesta vida. Ainda nem eramos gente, note-se! Contudo, ao trilharmos o caminho da maturidade, eles, os erros, apareceram... E, foram muitos!

favela3.jpg E, aí tivemos que fazer escolhas, tomar decisões cuja influência perdurou depois de atravessarmos o oceano da existência para chegarmos à praia do descanso. Muitos passam pela vida e deixam um rastro luminoso de influência positiva; outros nem tanto.

No entanto, há aqueles que tendo sido normalmente celebrados no nascimento, passada a natural comoção do seu desaparecimento, as lembranças de uma vida pontilhada de más escolhas, retornam ao lugar em que sempre estiveram - todos somos uma imagem…

favela4.jpg No mais certo, pessoas, não discursarão em nosso funeral, um qualquer, pois que é perigoso; porém o mais eloquente discurso será feito por nós mesmos, paradoxalmente, no silêncio de nosso sono...

O tema deste discurso será a lembrança que as pessoas alimentam na mente delas sobre o que revelamos em nosso modo de viver. Uns dirão para terem uma Feliz quinta-feira na presença de Deus outras estarão com o capeta chifrudo... NÓS, EM DADO MOMENTO, SOMOS FÓSFOROS...

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:03
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Sexta-feira, 13 de Setembro de 2019
MALAMBAS . CCXXX

UM CACTO CHAMADO XHOBA . X

NAS FRINCHAS DO TEMPO …– 13.09.2019

- Boligrafando estórias e Missossos uuabuama da Dipanda* – Do ano de 1999, talvez 1997. Nossas vidas têm muitos kitukus…

Por

soba0.jpeg T´Chingange - No Alentejo do M´Puto

KUITO.jpg :::::77

Ovamboland – Oshakati - Norte da Namíbia a fazer fronteira com Angola na povoação de Namacunde. Chegado à casa do Senhor Bicho, não muito longe do hotel e restaurante do Rocha e, após as habituais apresentações mostrou-me o quarto disponível; foi-me dizendo que ainda estava em obras e que teria de ficar em um colchão ainda embrulhado em plástico, recomendando-me não o tirar em virtude de poder vir a ser vendido como novo; bem ao jeitinho português. A porta deste quarto era toda ela, uma obra de arte perfeita; representava um búfalo em baixo-relevo – uma madeira de lindos veios que se salientavam pelo verniz usado, dando-lhe uma distinta nobreza.

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Este senhor Bicho, amigo do senhor Rocha era natural da Ponte do Charuto, um local situado entre a Cidade de Lagoa e Portimão; por este facto e sendo eu conhecedor destas paragens no M´Puto, tonou-se fácil prolongarmos as falas com a cordialidade de quem é amigo dum vizinho no lema conhecido de amigo do meu amigo, meu amigo é. Uma empatia sempre resvalando na flor da humanidade. Dormi mal, muito mal! Durante a noite a restolhada do plástico do colchão e a quentura não me proporcionou um absoluto descanso. Para além do mais nem um ventilador havia para colmatar esta tórrida e suarenta noite – áfrica em todo o seu esplendor com cheiros esvoaçados por mosquitos de longas patas e um longo aguilhão sugador de sangue.

kuito9.jpg:::::79

Valeu-me um duche de água fria pela manhã, reconfortado pelo canto das galinhas-de-angola – capotas e o arrulhar das pombas com o gemer das rolas. Também dos cheiros do matabicho que vinham do lado Norte do quintal, salsicha bóher com tiras de carne seca demolhada e passada na brasa. Havia ovos e umas verduras esquisitas tipo esparregado de folha de piteira, tabaibos. Assim foi mas, um empregado do Senhor Bicho comunicou-me em português ovambado com palavras de umbundo e estalos de língua no palato dele, largo e negróide, que podia ir até aquela varanda coberta a colmo. É lá mesmo patrão, no detrás do último quarto e, logo nas curva do corredor que dá nos pátio dos frôr. O patrão “Senhor Bispo” esperava a minha pessoa para tomar o matabicho com cascas de conversa do M´Puto.

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Numa mistura de linguajar com estalidos de permeio, apercebi-me que este mocancala tinha uma mistura de herero com khoisan. Até tinha um tique engraçado de rir só átoa por via de minhas brincadeiras patachuecas. Nestes trejeitos e fungações com muitos gestos, mostrava sua falha de dentes à posterioridade fontal. Seu amplo nariz e dentes alvos de brancura, esfregados com mateba languinhenta na mistura com carvão dos brais-assadas, davam-lhe um sortido rosto de puro kazungula, Bantu. Chegando lá encontrei o senhor Bicho dando ordens a uma gorda senhora que logo se adentrou na cozinha de onde se podia sentir o odor do café e, logo se sentou a meu lado cavaqueando sobre os muitos afazeres daquela hospedaria tipo lodge do mato.

kuito8.jpg :::::81

E, falamos da sua distante terra, a Ponte do Charuto do M´Puto, bem perto de Mexilhoeira Grande no Concelho de Lagoa. Mostrei admiração pela beleza das portas quase maciças da entrada para os quartos com baixos-relevos dos cinco grandes animais de África. A minha porta era uma cabeça de búfalo; em realidade era uma obra de mestre. Bicho, sem saber da minha vontade em ir ao Rundu, do outro lado do Calai foi-me inteirando que a pessoa com quem eu tinha em mente encontrar, João Miranda, já não estava na grande base de Grootfontein.

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Ele e família só por ali esteve o tempo suficiente para enquadrar legalidade em sua inclusão nas forças expedicionárias na guerra de Angola e naquela fase crucial de avançar até Luanda, tomá-la aos Russos, Cubanos e gentalha do MPLA e seus assessores, generais de aviário do MFA. As coisas não correram como o planeado sendo desmantelados de uma forma progressiva até se retirarem totalmente depois da Batalha do Kuito.

nujoma0.jpg::::: 83

Parece que os Americanos viraram suas atenções por via de negociações petrolíferas e, daí derivou auxiliarem o M´Puto na evacuação dos brancos e a entrega da Namíbia ao Samuel Daniel Shafiishuna, mais conhecido como Sam Nujoma. Com pequenas interjeições minhas, todo eu era ouvidos a escutar as palavras de Bicho da Ponte do Charuto do M´Puto. Bem! Eu também estava ávido de saber coisas escondidas nos meandros poderes da política. Num repente, diz Bicho, o Jonas Savimbi da UNITA, até aí amigo, passou a ser relegado por estes americanos; gente de túji mesmo, conclui.

kuito6.jpg :::::84

A Namíbia foi entregue ao revolucionário San, que como o amigo sabe (o amigo, era eu…) é o actual primeiro presidente da Namíbia e, desde 1990. Pois! Interferi eu: - Ele estava à frente da SWAPO; tinham uma actuação insípida mas eram os que estavam na linha da frente para a entrega deste que foi um protectorado Alemão. Isso mesmo! Remata Bicho acenando com a cabeça e dizendo: Tal-e-qual! As falas do “Senhor Bispo” despertaram-me curiosidade tão redobrada que resolvi recolher os detalhes possíveis sem até falhar os porras e caralhadas feitas vírgulas, num contesto assim tão relevante.

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Pois é, continua Bicho: - Com o mando dum General de Pretória, um dia chega um indivíduo sem nome, em Grootfontein, levando-lhe um visto de trabalho em nome de João Miranda; um Hércules C-130, levou a família inteira para Pretória. João Miranda que tinha todos os seus bens em Dírico, não queria por nada ir para o M´Puto. Deram-lhe um apartamento do tipo T4 totalmente equipado; o General viu nele o perfil certo para ser integrado no Batalhão Búfalo por ser um bom conhecedor do terreno e falar a língua local e, a dos bosquímanos.

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O Batalhão Búfalo estava nesse então, antes de 1974 e, até 1975 a ser organizada há algum tempo no intuito de intervir em Angola salvaguardando possíveis investidas terroristas e comunistas. Os Serviços de Informação Sul-africanos tinham boas ligações com o governo de Marcelo Caetano do M´Puto e, já em 1966, ano em que terminei meu serviço militar da incorporação de Angola, os sargentos e oficiais do exército português mas, e principalmente oriundos da Colónia, antes de sua desmobilização recebiam um convite para serem integrados em forças Sul-africanas – um embrião da formação do Batalhão Búfalo. Eles, os Sul-Africanos já previam o que iria acontecer em Angola e, assim o foi!

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Ovoboland seria um território tampão àquele avanço. Bicho, perante a minha incerteza foi-me reavivando a memória de que assim era. Recordo assim, de nos inícios do ano de 1975, estando eu na Caála, ter ido até o Safari Motel em Windhoek e ter falado com gente refugiada, alguns deles, agentes da PIDE e gente saída das Administrações e OPVDCA; convém relembrar que esta antiga província ultramarina portuguesa, a organização provincial de voluntários e defesa civil (OPVDC) - organização do tipo milícia constituía um corpo de voluntários de ambos os sexos encarregue de prestar auxílio às Forças Armadas e de garantir a defesa civil das populações e, que chegou a ter mais de 40.000 efectivos. A OPVDC era subordinada directamente ao governador-geral ou governador da província que tinham uma noção exacta das movimentações em curso e, no estremo sul do território particularmente, colaborava com a actuação militar sul-africana.

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Nota: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes, durante os longos anos da crise Angolana, e após o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional. Corresponde à diáspora de angolanos e afins espalhados por esse mundo.

GLOSSÁRIO:

Kituku - mistério; Uuabuama - maravilhoso; Matabicho – pequeno almoço, café da manhã; Ovamboland – Norte da Namibia, povo Ovambo – primos dos umbundos; Oshakati – Nome de terra ao Norte da Namíbia; Linguajar – forma de falar se regras de ortografia, fala popular dum matuto, fala de gente simples e inculta; Mocancala- gente do Sul de Angola que falam com estalidos guturais e guichos; Herero – povo da região do Cunene com tez quase branca; khoisan – Bosquímanos; Patachuecas – gíria de momento, raridades dum sítio; Fungações – enfase de cacaracá; Mateba – seiva de arbusto com características saponáceas com propriedades adstringentes; Languinhenta – babosa, que deita seiva grossa; Kazungula – Com várias falas, dialectos, próprio das terras que falam como na Zâmbia, Zimbabwé, Namíbia e Botswana mais português e dialectos de Angola, nome de terra na foz do rio Cubano; Bantu – Origem de todas as línguas ou dialectos de África; Lodge – Hotel de superfície, conjunto de casas para turistas; Rundu – Cidade do Norte da Namíbia, fronteira com Angola no rio Okavango tendo do outro lado a vila de Calai, lugar de difícil acesso; Grootfontein- Cidade da Namíbia que acolheu os refugiados de Angola, primeiro acampamento da diáspora maioritariamente brancos fugidos da guerra do Tundamunjila- Uns ficaram, outros seguiram destinos vários como o Brasil, o M´Puto, Austrália, Argentina e Estados Unidos Da América…;

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Batalha do Kuito - A Batalha de Kuito Cuanavale foi o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988. Tanto a UNITA como o MPLA, se declararam vitoriosos...; SWAPO – Movimento de libertação da Namíbia liderada por San Nujoma; Batalhão Búfalo - Designação oficial do 32º Batalhão de Elite da África do Sul, nome original em africâner 32-Bataljon; em Angola ocasionalmente chamados. O batalhão foi fundado para trabalhar na operação Savana, inicialmente com o nome de "Força Operacional Zulu", como iniciativa do tenente-coronel sul-africano Jan Breytenbach, que recrutou, sobretudo, soldados da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) que, derrotados no Sul de Angola por MPLA & Cuba, se refugiaram no Sudoeste Africano (hoje Namíbia)... Nela, foram integrados, elementos oriundos de Portugal, do Reino Unido, da então Rodésia, dos Estados Unidos, de Angoa, milícias de S. Tomé entre outros – o batalhão foi considerado como a Legião Estrangeira sul-africana…

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:13
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Quinta-feira, 22 de Agosto de 2019
MOAMBA . XXXII

PELO SIM PELO NÃO SOU "LENDA" - 21.08.2019

- Talvez as pessoas dos governos estejam a encher os bolsos, mas os políticos em África enchem sempre os bolsos! São os maiores…

Por

soba15.jpg T´Chingange - Em Panoias do M´Puto

lifune0.jpg Minha empregada Mery de Kampala é esperta, diligente e ladina como as raposas. Tem o seu clã que não é só familiar, pois abrangem os sobrinhos dos sobrinhos e amigos que consideram do peito. Alguns têm tentado fortuna em países limítrofes dos dela mas, o que contam por vezes é assombroso; andam em minas de metais raros para nós usarmos aqui e ali mas mais na Europa e Américas, nos iPad, andróides, sansungues e outros micro-ondas falantes, aonde quem não tem pelo menos dois, está desactualizado ou desmilinguido. É mesmo, falei! -Talvez por isso muitas pessoas dos governos de lá estejam a encher os bolsos, dando contractos de exploração onde há escravidão não é?

Sim! É verdade! Disse isto porque torci o nariz meio descrente da veracidade ao que repetiu: -Os políticos em África enchem sempre os bolsos, disse ela… Em todo o lado? Perguntei. Ela continuou assim com suas falas rápidas como quem, até tem medo da sombra das palavras e num foi dizendo ao seu jeito num claramente de que o africano foi é e vai ser sempre assim, quando é rico, é-o à fartazana, à lagardere, faz questão de que se saiba; compra coisas à toa só para fazer isitayela! Isso é o quê? É banga, vaidade com estilo – quase um tique geral de quem manda ou tem poder.

torres5.jpg Notei que ela a Mery estava mesmo nevosa e falou rápido coisas que nem entendi; coisas da língua dela: - Unembile, umphathi! Bona abavela kuhulumeni badla inkukhu futhi bathumele amathambo kubantu! Caramba, troca-me isso em miúdos. Pouco a pouco fui entendendo desta forma: - É assim mesmo patrão! Eles do governo comem a galinha e mandam os ossos para o povo! Nem fiquei embrutecido porque já sabia muito bem o que isso era e, neste entretanto notei que também tremia dos olhos, de raiva por nada podermos mudar. Deve ser do ADN deles!?

-Lá em teu kimbo, cada um vive das coisas extraídas das lavras, da t´xitaca, das hortas da mulola, da ñhaca, das galinhas e dos ovos e do porco que cria e mata!? Num fala assim patrão, meu coração está a bater com força. Fiquei só assim neste entretanto de conversa. O riso ainda me voa dentro do peito como um passarinho. Qualquer dia dão-lhe uma fisgada, patrão! Pópilas, não sou teu patrão! Ficamos assim mesmo com o futuro a prender-nos ao passado, pois, ganhando massa muscular…

Li em uma reportagem da «Time-revista» aonde revela que a função «vibrar» dos telemóveis é activada pelo uso de um mineral chamado wolframita, que é extraído na região do conflito que decorre no Congo; lá para as tuas terras. Um conflito que, é financiado pela exportação de metais usados em produtos tecnológicos de ponta; empresas multinacionais estão a proceder ao comércio de minerais, que estão a financiar a guerra na República Democrática do Congo e os “boco harans” para desestabilizar, ter os materiais a preço de uva mijona. Meus primos falam isso sim! Eles, os africanos bem ao seu jeito, vivem sempre pedindo mas, vão dizendo que os brancos sempre fingem que são o que não são!

chela4.jpg É por isso que tem muita maka! Tem os senhores da guerra, os intermediários, os compradores internacionais e nós que os usamos! Verdade, disse ela com os olhos húmidos. As ONG´s asseguram que, quando chegam à posse das tecnológicas, estes minerais podem já ter trocado de mãos até sete vezes com todos a ganhar. É bem possível que o leitor, ao colocar seu telemóvel no modo de vibrar, está usando esse tal de wolframita, originário da zona de conflito, lá aonde financiam essas guerras sangrentas que as televisões nem falam.

Todos andam a corromper uns aos outros, pedir favores em troca de favores e assim vivem, todos favorecidos. É isso digo eu - é a corruptocracia, talqualmente como no Brasil do Lula, Mary! O problema mesmo é que, neste favorecimento, uns vivem mais favorecidos que outros! Sabes, agora é isto, um de fazer-de-conta? Mas o wolframita não é o único mineral de utilização tecnológica com origem no centro do conflito e seu financiamento. Cassiterite, coltan, Nióbio e ouro que também são extraídos na região.

amazonas8.jpg Uma lista de minerais usados para os mais diversos fins, desde as vulgares lâmpadas eléctricas até os portáteis computadores, MP3 e consolas de jogos. Não demora, se Bolsonaro não abrir os zolhos, estarão no Amazonas do Brasil! Depois virá a luta entre os HP, Dell, Nokia e Motorola mais esse tal de Sansung duma lista ainda mais comprida. Depois esta gente do trabalho duro, ganha uns tostões e foge para a Europa e também para o Sul formando cidades em volta de outras cidades. As chamadas “townships”.

cabo01.jpg Eu vi, ninguém me contou: A poucos quilómetros das belas paisagens que transformam a Cidade do Cabo em um cartão-postal da África do Sul, ficam localizadas as “townships” sul-africanas. Elas cresceram de maneira desproporcionada após o início do Apartheid, em 1948, quando receberam milhares de negros, mulatos e indianos expulsos de suas residências. Há diferentes tipos de townships; algumas misturam raças com muitos indianos Monhês, Sirios s até Libios e outras reúnem apenas tribos específicas. O mundo está uma ervilha Mery!

arara1.jpg Esta gente em comum compartilham a miséria e a hostilidade aos sul-africanos brancos, funcionários despedidos bóhers e outros marginalizados no tempo pela acção afirmativa do ANC – dar primazia de trabalho aos negros. Mas temos disto ao redor do Rio de Janeiro, ao redor de Lisboa, Paris e aonde tu possas imaginar – Uma cidade grande com gente que ganha cumbú e emprega gente desfavorecida, tal como uma moderna escravatura aceite por todos! Olha vou ter de me encontrar com o John Wayne para ir desbundar ao festival de Paredes de Coura! O M´Puto está em crise mas só falam em festivais e, todos cheios… Isto vai dar prótorto… Dei um abraço a Mery e fui seguindo no pensamento…

O Soba T´Chigange

 


PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:58
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Segunda-feira, 17 de Junho de 2019
MALAMBAS . CCXXIII
UM CACTO CHAMADO XHOBA . III 16 DE JUNHO - 2019
– MALAMBA é a palavra
- Boligrafando estórias na cor antiga em Ondundozonanandana… Foi no ano de 1999
Por

soba002.jpg T´Chingange - No Algarve do M´Puto

piram3.jpg Se bem conhecem, a história da coca-cola foi objecto de um filme em que uma garrafa destas caiu em pleno deserto do Calahári e que daí, provocou para além da curiosidade as vicissitudes do mundo ocidental, o mundo dito civilizado. Recordo que neste então e, descrevendo sumariamente o filme, uma criança viu-se acossada por umas quantas hienas. O candengue sabedor dos costumes da tribo pegou em um pau colocando-o na cabeça; assim parecendo mais alto, as hienas não se atreveram a atacar o candengue Bushmen.

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Desconfio que pelo andar da carruagem este trem da Terra vai conspurcar pouco a pouco aquelas paragens semi desérticas repetindo por muitas vezes este episódio da coca-cola e, o povo mais antigo ao cimo da terra passará a usar gravata e sapatos de coiro em substituição da sua pele rugosa e resistente. Por via da tal “molécula P57” o mundo dito civilizado subsidiará as tribos nómadas que vivem sem fronteiras entre Angola, Namíbia, Botswana, Zâmbia, África do Sul e Zimbabwé.

nauk8.jpg Estes, não mais irão ter de correr atrás dos macacos para saber aonde beber; terão à mão um chinocas, uma venda, quiosque cuca-shop para lhes venderem água e cachaça… A Bushmanland não mais será a mesma! A cento e vinte quilómetros a sul do Orange, num local conhecido por Springbok, pernoitamos numa palhota do tipo em que vivem os Bosquímanos: com estrutura circular formada de paus vergados e enterrados na sua parte mais grossa, entrelaçavam-se entre si na parte mais alta sendo o restante amarrado com fios feitos de casca de arbustos locais.

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Chovia quando ali cheguei pela primeira vez indo de Orange River, coisa rara para quem passa esporadicamente como o era, neste meu caso; não há cheiro igual noutro qualquer lugar do mundo. Após as primeiras chuvas, o pó em África, tem um cheiro de terra espacial; quem o não cheirou, não consegue conciliar os sentidos inebriadores duma mistura de pólens invisíveis dos escassos tufos de vegetação. No outro dia já as encostas suaves dos morros ficam numas chapadas feitas jardim, um mar de rosas deslumbrando-nos.

nauk01.jpg Estas palhotas do Springbok tinham 1,80 metros na sua parte mais elevada, cobertas a palha presa aos paus com a mesma casca, tipo mateba, deixando uma abertura com uns sessenta centímetros de largura e noventa de altura. Após ter feito uma prévia inspecção ao local circundante enxotando lacraus, aranhas e carochas, derramei um fio de gasóleo na parte de fora. O gordo bóher dono do pedaço, nada me disse para além de afirmar que estávamos seguros mas, eu não me sentia assegurado, se não fizesse isto.

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O cansaço adormeceu-nos sem pensamentos nem cobras ou lagartos. Ali, mitos e lendas são insociáveis da paisagem quase lunar, rochas escaldadas formando morros aqui e, mais longe areia de onde sobressaem umas árvores milenares do tipo aloés do além. Nesta natureza que não é assim tão vazia, vivem espalhados por África e mais propriamente ao sul do Botswana mais de sessenta mil aborígenes, dados do fim do século XX. Resistindo a tudo e ao tempo, ali aonde o desespero é um inútil alívio de evasão, vivem os khoisan, que mais a sul chamam de KoyKoy´s

busq8.jpg O sol ali não é dócil, pus o meu chapéu do Karoo, montamos o Toyota e, bem cedo seguimos à descoberta do Fish River mais a norte; fomos três a descer ao fundo do Canyon que parecia perto, era logo ali e, o que pensamos fazer em uma hora na descida e subida, levamos bem perto de quatro horas, Ufa!!! Eu, Tilinha e Marco M´Fumo Manhanga…Que calor! Mas, por sorte sempre havia uma fria windhoek lager à espera no restcamp… Que delicia! Uma vez na vida, experimentem atravessar um deserto para ter o prazer de beber uma fria na chegada.

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Foi nesta atmosfera e azáfama de sobreviver subvertidos à marginalidade do mundo real, que tomamos contacto com o tal cacto de xhoba e, não podia deixar de descrever toda a envolvência desta real contradição: a fome dos khoisans vai-lhes ser mitigada por milhões de obesos que só o são na maior percentagem, porque comem em demasia. Os deuses nestas paragens escreverão sua sina por linhas tortas.

busq1.jpg Já no topo do Canyon do Fish River a adrenalina escorria-nos nas faces, os olhos tremiam como a neblina matinal e, as pernas abanavam sentidos incomuns à magnitude das vistas em banda larga com “óoos e áaais” de espanto. Era o Ai-Ais! Estou em crer que foram estes Ais de admiração que deram o nome ao acampamento desta canyon. Já dias antes, tinhamos subido a Brandberg a ver as acácias solitárias, entre pedras vermelhas sobrevivendo a um deserto impiedoso. Os dias terminavam com suspiros de plena satisfação em curtos goles de marula tree sobre um sorvete Dom Pedro ou umas pedras de gelo gratinado…

(Continua...)
O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:23
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Domingo, 16 de Junho de 2019
MALAMBAS .CCXXII

UM CACTO CHAMADO XHOBA . II13 DE JUNHO - 2019

– MALAMBA é a palavra

- Boligrafando estórias em cor antiga - do Mu Ukulu em lugares tão fantásticos que até o nome se alonga de gozo: Ondundozonanandana… Foi no ano de 1999

Por

soba002.jpg T´Chingange - No Algarve do M´Puto

IMG_20170901_115753.jpg Foi nesse sítio de Mata-Mata, lugar ideal para se sepultar o passado que encontramos o milagroso cacto escondido entre tufos espinhosos, verde, gomoso e muito ornado de picos; agressivo no aspecto, engana no entanto a fome ao povo Bosquímano há séculos. A fronteira da coragem transpira incertezas naquele povo a quem Nelson Mandela cedeu 400 milhões de metros quadrados para mitigarem a fome explorando este milagroso cacto.

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O xhoba para além de surgir naturalmente na natureza, também é cultivado por esta etnia Bushmen, por algumas tribos nómadas que vivem sem fronteiras entre Angola, Namíbia, Botswana, Zâmbia, África do Sul e Zimbabwé. Este cacto torna-se agora conhecido, fruto de pesquisas nos laboratórios ocidentais e ao longo dos últimos tempos no intuito de controlarem o problema social da obesidade, consequentes problemas de colesterol com os triglicéridos.

xique xique3.jpg Lípidos que sendo importantes para o armazenamento de energia no organismo sob a forma de tecido adiposo, podem originar problemas cardíacos ou doenças coronárias em geral quando em quantidade elevada. Se bem se recordam da figura do bosquímano, ele é seco de carnes e, de estrutura perfeitamente musculada. Pois o xhoba que, também conhecido por Hoodia, é um cacto da família suculenta que cresce naturalmente na África do Sul, a norte, desde a Costa Atlântica até ao Limpopo.

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Tem a particularidade de eliminar a fome reduzindo duas mil calorias por naco e por dia; viscoso e azedo, quando ingerido, engana o cérebro até à linha zero, num gozo de deuses ladeados de chacais, caracais ou hienas. Entretanto vi-me obrigado a apaziguar inquietudes por evidente encantamento deste Kalahári. As noites frias daquela terra de Bushmanland crepitavam em fogueiras, alçadas labaredas do meio de tanta negrura. E, eles gente do Kalahári, embrulhados toscamente numa pele, numa tanga.

spring1.jpg O que despertou o interesse das grandes farmacêuticas no sentido de sintetizar o princípio activo da planta foi uma tal de “molécula P57”; a mesma que ajuda a suportar a fome e a sede durante suas longas caçadas, sem efeitos secundários. O fumo da fogueira dissipa-se num vazio de milhões de estrelas enquanto no retiro das precárias cubatas-choças, pelo que também se diz o frenesim do amor ou relações de corpos se desprende naturalmente pelo efeito afrodisíaco do mesmo xhoba (assim dizem).

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Existem cerca de 20 variedades desta planta mas é na variedade Hoodia Gordinii que é encontrado um supressor de apetite totalmente natural; assim se pode ler algures em uma publicação farmacêutica. No ano de 1997, a licença da descoberta foi vendida a uma empresa britânica, Phytofarm, que por sua vez vendeu os direitos de desenvolvimento e marketing à gigante Pfizer Corporation. Os interesses comerciais entram aqui com sua natural e exagerada relevância que nos levam ao género humano que somos hoje, estereotipo bem diferenciado dos Koysan, da etnia Bushmen, Bosquimanos ou da tribo nómada dos "San"…

swakop5.jpg De uma forma mais activa, a P57 tem um comportamento similar ao que a glucose tem ao nível das células nervosas, no cérebro, levando o corpo a pensar, que está cheio, mesmo quando não o está, cortando assim o apetite, como explica o Dr. Richard Dixey, da Phytofarm: “Existe uma parte do cérebro chamada hipotálamo. Dentro do hipotálamo, situado no centro do cérebro, existem células nervosas que detectam a presença de um açúcar chamado glucose".

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Quando comemos, os níveis de açúcar no sangue aumentam por causa da comida e estas células começam a lançar para o corpo a informação de que estamos cheios. Pois o que o xhoba parece conter é uma molécula que é cerca de 10 mil vezes mais activa que a glucose. A maturidade dos Bosquimanos mede-se pela idade, no encanto de estalar conversa em contos e, por isso, são a mais velha biblioteca oral do mundo. Os mais velhos, kotas, engalanados em contos de místicas com lendas de mussendos ou missossos, descrevem por estalos sua coragem despida de preconceitos porque os desconhecem.

namib5.jpg De sabedoria debruada em muitas rugas, olham num permanente espanto as coisas que nós os ocidentais inteligentes banalizam e, uma casca de fruta que pode ser um grande património para eles, torna um fio com uma linha uma tecnologia espacial. Para nós alienígenas ocidentais do mundo terreno, iremos dizer do quanto é maravilhoso ter comprimidos que permitirão encher o bandulho de pasteis de creme e baba de camelo às duas da manhã, ou sorvete na forma de gelado sem riscos de se ficar com um peso na consciência. E, tem mais, as mulheres não deixarão seus maridos à solta se souberem que ingeriram uma vitamina super de xhoba…

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:43
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Terça-feira, 19 de Março de 2019
N´GUZU. XXXIII

CONHECER O BRASIL  – Recordar o que são os TROPEIROS

- Parte TRÊS … 19.03.2019

TROPEIRO, o herói, quase um bandeirante que enfrentava onças. SERTANEJO com lagartos e carcarás nas bordas dos caminhos ou lodaçais secos que nem tabletes de chocolate…

Por

soba15.jpg T´Chingange – No Nordeste do Brasil

Numa sã convivência, é meu hábito relembrar os velhos tempos dando a conhecer a alguns aquilo que foi ou ainda o é, a maneira de se viver, os hábitos e alguns costumes fora de portas habituais aos demais, brasileiros, portugueses, sul-africanos e, ou angolanos. Esta iniciativa é acarinhada por uns e considerada foleira para outros mas, não virá mal ao mundo considerar ou não, outros conceitos!

tropeiro13.jpg Tenho uma amiga, minha empregada ugandesa, que nasceu em Campala que sempre fica extasiada com meus contos de cordel, minhas estórias encantadas do Xingó, do Xingrilá ou coisas do sertão africano, terra da qual ela tem muita saudade…Há entre os meus amigos um engenheiro especialista de obras feitas e carris paralelos de trem ou comboio, que sempre surge dando uma de sabichão, falando palavras de Domingos e quase desconsiderando minhas formas de expor. Nem se lembra ele, que fui eu que lhe ensinei a calcular volumes de terras, entender e ler os perfiz e, até saber na perfeição qual a função das solipas.

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Falando de tropeiros, sua figura ensimesmada, soturna, seria pouco integrada ao amanho do campo e, menos ainda à balburdia das cidades. Um pequeno artigo de jornal, com este mesmo nome, intitulava de “transportes arcaicos” recuperando-o como elo de aproximação entre o mundo rural e urbano, um carteiro portador de notícias variadas e recados, Novos modismos de caminhantes com gosto pela natureza, patrulheiros ou pombeiros modernos a comparar com os actuais aventureiros ou escuteiros e à semelhança das criações de Robert Baden-Powell

tropeiro14.jpg  Ter em conta que Baden-Powell aproveitou e adaptou suas experiências na Índia, na África entre os Zulus e outras tribos do sul da África e as guerras dos bóeres; Estes colonos de origem holandesa e francesa, opuseram-se ao ao exército britânico, que pretendia apoderar-se das minas de diamante e ouro recentemente encontradas naquele território. Em 1896 dirigiu uma expedição contra os Matabele em Rodésia. Desconfio bem que este novo conceito de estar também passou pelas áreas dos Pampas e Cisplatina.

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Todos estes modismos serviram para educar e adestrar os rapazes, a serem espartanos, antigos bretões, ou peles-vermelhas; Também aqui encaixam perfeitamente os tropeiros do Brasil. Procedimentos que foram renovados por Hitler com sua juventude higienista ou mesmo a Mocidade Portuguesa do tempo de Salazar em Portugal. Estes procedimentos com valores ao culto foram-se deteriorando no tempo pelo surgimento dos jogos virtuais, computadores e robótica que, cada vez se agudiza em nossa sociedade, de forma tão globalizada pelos jogos de mata-mata…

tuiui2.jpg Não é de admirar o que hoje se vive um pouco por todo o mundo: jovem que surgem apetrechados para a guerra e matando, simplesmente matando sem um proposito, como um jogo! Mas e, quanto aos tropeiros, foi nos lombos das mulas que a maior parte da produção agrícola chegou aos portos, para exportação ou consumo interno; isto alastrou-se por todo o Brasil. Em meados do século XIX, as tropas de mulas, foram um avanço no transporte do açúcar; cada mula podia carregar com sacos entre os sessenta e oitenta quilos.

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Em Minas, sem saída para o mar nem caminhos fluviais, todo o comércio era feito por mulas, inclusive o de produtos de difícil transporte, como o vidro. Por via deste s itinerários muares, surgiram estalagens nos caminhos, rústicos barracões abertos dos lados e sustentados por pilares. Ao redor destas infraestruturas acolhedoras, criaram-se roças de milho, plantio de feijão e comércio de outros géneros alimentares, vendas de tecidos e coisas a granel; sapatarias e afins de vestir com coiros e outros produtos da terra.

tropeiro12.jpg Os núcleos de população iam surgindo com necessidades de escolas, barbearias, ferradores, drogarias e casas de pasto. A partir de meados do século XIX, as topas de mulas sofreram a concorrência das carroças que se faziam locomover em picadas, como a estrada de Santa Clara, pioneira com seus 170 quilómetros ligando  a colonia de Filadélfia, em Minas Gerais ao litoral, iniciativa de Teófilo Ottoni  e a União Indústria, ligando Petrópolis a Juiz de Fora.

tropeiro10.jpg As estradas foram surgindo macadamizadas com pedra britada, aglutinada e comprimida. Surgiram as pontes e aquedutos em rios ou pequenos córregos com manilhas manufacturadas em novos estaleiros, os percursores da Odebrecht com novas engenharias misturando interesses com sabedoria financeira, corruptelas e manobradores de interesses dando gasosa como suborno e formas sociais criadoras de inveja, poder e manobrismo nas adjudicações; mais valias e caixa dois e até caixa três adulterando nossas vidas e criando falcatruas bancarias – a crise e o escambau como se diz aqui entre os vendedores camelós; práticas bem dificel  de se mudarem num Brasil que fez da corrupção um esquema modelo de gestão.    

tropeiro11.jpg Claro que tiveram de criar estações de muda, gabinetes de recursos humanos, um jeitinho daqui e outo de acolá e a necessidade de prisões para nela meterem os ladrões de alto coturno, descamisados e outros inocentes injustiçados. Pois! Sugiram as pontes metálicas, a industria dos interesses, o juro, os altos salários, os salafrários e vendedores da sorte, do bicho e da sogra - Também as ferrovias, as ciclovias, o lazer e os motéis de beira de estrada com Boralá, o Cêksabe, o fodaki entre outras inventações muito peculiares.  Um putedo carnavalesco de durar muito mais mais do que  quatro entrudos…

FIM

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:18
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Quarta-feira, 13 de Março de 2019
SKUKUZA . I

Skukuza fica no Kruger National Park na África do Sul13.03.2019

Um santuário de animais em liberdade…

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soba15.jpg T´Chingange – No Nordeste brasileiro

Há exactamente quatro meses e três dias, estava em fim de passeio por oito países africanos a saber: - África do Sul, Namíbia, Botswana, Zimbabwé, Zâmbia, Tanzânia, Malawi e Moçambique. Por convite do melhor condutor de África, assim relaxado na confiança alheia, fui andando na esperança de chegarmos a Dar és Salaam mas, o medo dos Boko Haram fizeram com que na Tanzânia inflectíssemos para sul atravessando o bonito país com o nome de Malawi.

SKUKUSA1.jpg As mensagens do M´Puto chegavam até nosso guia-condutor alvoraçadas em forma de raptos e comportamentos próprios de grupos rebeldes que actuavam supostamente nas zonas do rio Rovuma; haveríamos que correr riscos atravessando o rio em jangada e nada era abonatório, o medo chegava em mensagens empoladas de raptos de mulheres na fronteira entre a Tanzânia e Moçambique.

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Do que vi e vivi, posso dizer que os chineses estão chegando em força àquelas paragens, lugares aonde judas perdeu as botas. Lugares de cú-de-judas mal definidos no GPS, nomes diferentes, de escassa orientação ou insuficientemente credibilidade. Lugares esquecidos pelos próprios colonizadores, agora diversificados num novo arco-íris de raças. Lugares em que a tensão racial se torna no dia-a-dia agravada por discursos empolgados de maus lideres, pretos racistas.

SKUKUSA3.jpg Lideres que curiosamente clamam uma coesão racial nada virtuosa nem tão perfeita como seria desejável. A relação entre negros e brancos, sempre foi uma relação violenta, historicamente muito impregnada de expropriações desumanizadas e, isto é sempre profundamente brutal. De lamentar que os negros, não obstante não se terem conseguido organizar no quanto baste ser suficiente para dar uma resposta política, ainda ficam feridos quando são chamados de “negros”.

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Precisam continuar caminhando no sentido de se aceitarem a eles próprios como pretos. Obviamente que há segmentos de negros organizados buscando equacionar o problema racial mas nem todos formulam seus propósitos numa perspectiva pacifista; muitas vezes insinuam-se como tal mas, de suas bocas saem monstruosas atrocidades. Muitas vezes empunham armas brancas, catanas ou outras, para gesticularem a paz.

SKUKUSA6.jpg A sociedade nem sempre responde da forma mais concertada, também não se vislumbra de todo, impedimento a outras formas de luta. E, nem sempre o é de legitima defesa ou em salvaguarda de um princípio nobre, ou suficientemente plausível a esse entendimento. Desconhecemos em pleno e, assim, o que as próximas gerações vão responder a tamanha adversidade e, ou exclusão.

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Eu, que sou branco, sinto-me muitas vezes excluído por pensar e dizer o que sinto. Nunca me ofendi por me chamarem branco mas, reconheço que nos dias de hoje ser preto e pobre, é foda! Mas, também o será ser branco e pobre mas, nem isto se fala nas palestras com gente dita erudita, sábia e o escambau. Se porventura uma guerra estalar eu sei de que lado, vou estar. Não me pintarei de preto como tantos parecem indiciar, insinuar; nem tampouco deixarei de chamar preto ao negro! Estou-me pouco lixando nas regras ou leis descabidas…

fotos ZÂMBIA 037.jpg Não andarei à busca de um termo supostamente menos chocante como é agora tão comum quando arranjam estratagemas de afrodescendentes entre outras hipocrisias. Eu não sou euroafricano, sou branco! Nem tanto – sou só um pouco tostado do sol Não posso estender o céu, torcê-lo, sorvê-lo ou adaptá-lo no meu pedaço de raciocínio porque aqui e além, o sangue espirra e alastra, até se derramar em chuva dum fim de mundo sobre as ruas, as casas os bairros. Bairros de brancos e pretos – de gente!

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Posso espreitar tudo isto por um binóculo, posso chorar ou reclamar mas, pouco adiantará; não sou ninguém para alterar o curso da vida ou da estória de alguém. De mãos limpas e pés polidos dou-me a tréguas em desejos de somente resistir aos desmandos que me podem contagiar na mente ou no físico! O que posso garantir é de que nosso cérebro é verdadeiramente brilhante.

SKUKUSA4.jpgLi e entendi tudinho o texto que se segue: - 35T3 P3QU3NO T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 WO5T4R C0W0 4 N0554 C4B3Ç4 CON53GU3 F4Z3R CO1545 1WPR35510N4NT35! R3P4R3 N1550! NO C0M3Ç0 35T4V4 M35W0 C0WPL1C4D0, M45 N35T4 L1NH4 SU4 W3NT3 V41 DEC1FR4ND0 0 COD1G0 QUA53 4UTOWAT1C4W3NT3. 53W N3C3551T4R P3N54R WU1T0, C3RT0? P0D3 F1C4R B3W 0RGULH050 N15T0! P4R4B3N5! E5T4  53W 4LZE1W3R!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:20
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Terça-feira, 8 de Janeiro de 2019
MALAMBAS . CCXIV

NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI - de Várias Partes

CAPE TOWN HÀ ANO E MEIO ATRÁS – 04.08.2017 – Do baú do Karoo do Xoxolosa-Trem revi este penúltimo dia em Cidade do Cabo.

Por

soba0.jpegT´Chingange – Em Lagoa do M´Puto - 08.01.2019

cabo01.jpg O tempo corre e num talvez seja amanhã, as escritas vão sendo acumuladas no mukifo até que num dia como o de hoje resolvemos passar a limpo. Naquele ontem, dia dois de Agosto de 2017, almoçamos com o Senhor Amadeu Seca e esposa Dona Helena em sua casa rosada situada no sopé da Table Mountain. Do baú do Karoo do Xoxolosa-Trem revi este penúltimo dia em Cidade do Cabo. Eu e Ibib fomos tomar o café da manhã num restaurante da esquina: ovos, fiambre, torradas, capuchino, salsichas, uns pedaços de alface, cenoura crua, pepino e tomate; tudo bem à maneira da África do Sul.

cabo02.jpg Lara, minha neta de 16 anos, chata como a potassa, com mais uns pozinhos de pimenta, quis ficar na cama do nº 5 da Road Iatom com suas periclitãncias, curtindo seu micro-ondas, um Ipad com filmes de animação, músicas com contrabaixo e sons apocalípticos, pinturas mais fotos; até já nem lhe peço nada porque o preço da arrelia é demasiadamente alto. Só trago isto para aqui para se notar o confronto de gerações, os setenta e três anos de velhice e os dezasseis rebeldes anos da juventude, do se saber tudo ou assim pensar com edecéteras esdrúxulos, cumcamano.  

Setembro aqui, é o início da primavera, por isso as amendoeiras já apresentam amêndoas bem grandes ao invés do M´Puto que estão agora a ser tiradas da árvore a fim de serem britadas. Há portanto seis meses de diferença na floração das árvores. Os pessegueiros junto à piscina apresentam-se cheirosos com suas flores de cor rosa violeta; as ameixieiras pintalgadas de flor branca apresentam-se também com seu característico cheiro agradável.

IMG_20170831_130245.jpg Uns pássaros grandes de cor preta chamados de Íbis furam insistentemente o chão de onde extraem minhocas e parasitas infestantes deste bonito jardim da casa rosada.  Eu e Ibib fomos ao Checkers comprar umas pequenas coisas para o lanche, cervejas Windhoek lager e vinho “pinotage” para oferecer ao Senhor Amadeu Seca; isto porque ontem, por ele, foi gabado de bom que, em verdade o é, gostei.

Falando de vinhos posso relembrar que a primeira vinificação aconteceu no ano de 1659 com a supervisão pelo então Governador do Cabo - Jan van Riebeek e daí até e os dias de hoje não mais pararam este cultivo com arte; soube que posteriormente, os portugueses tiveram também influência no trato de vinhedos. Actualmente, mais de 3.200 fazendeiros cultivam uvas em mais de 99.000 hectares distribuídos por diversas regiões do país.

IMG_20170829_143520.jpg A latitude da Africa do Sul está próxima da latitude do Uruguai; o clima é bastante diferente entre as várias regiões da África do Sul mas, é esta região do Western Cape e perto da bela cidade de Cape Town que se situam a maioria de fazendas produtoras de bom vinho.

Os vinhos de Stellemboosch são uma referência. Pude ir a provas com o casal da casa rosada, tal como o já tinhamos feito no distante ano de 1999 – a volta das “winelands”. A Africa do Sul possui um tipo específico de uva, só encontrada por aqui; é exactamente esse vinho Pinotage tão badalado pelo meu cicerone. É em verdade um cruzamento da variedade Cabernet Franc e Pinot Noir para além de incríveis Malbecs, Semillions e muitas outras como o Cabernet Sauvignon, do qual mais gosto.

IMG_20170901_103019.jpg Voltando às compras, podemos escolher 6 flores de próteas, cinco de uma espécie, mais um botão grande para complementar com elegância o ramalhete com glicinas azuis compradas por cinco euros e meio, noventa randes. Em Setembro, pode sentir-se aqui as quatro estações do ano pois que, pode ir de dia dos 14 aos 27 graus; nas noites sempre baixa muito! Por vezes, no dia o céu apresenta-se coberto de nuvens, um vento muito frio e logo a seguir o dia descobre-se num azul total.

Meio-dia! Ouvi daqui e, perfeitamente, o tiro de canhão - O mesmo que todos os dias se faz ouvir por toda a cidade até ao sopé da montanha; uma tradição que a cidade, com orgulho, mantém há mais de 200 anos, do tempo dos originais holandeses. Estavam assim a terminar os dias com a graça de um dos destinos turísticos mais ricos e encantadores do mundo – Cape Town.

IMG_20170726_105208.jpg Acabei o dia de hoje dando uma gasosa em randes ao bafana arrumador de carros da Road Iaton. O homem só tem uma perna, desloca-se com a ajuda de uma muleta e agradece-nos chamando-nos de papá ou mamã com um rasgado agradecimento. Há quase vinte anos atrás não vi aqui nada disto, nem arrumadores havia – Tudo mudou e sinceramente, dá até um certo receio andar pelas ruas do centro. Há muita gente a mendigar e, ou a viver de diligências fúteis. O homem da pena de pau, talvez seja um antigo militar, um soldado aposentado moçambicano que aqui encontrou este modo de vida.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:18
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Sexta-feira, 28 de Dezembro de 2018
PARACUCA . XXVIII

MULOLAS DO TEMPO . 3 - 19.12.2018

Nós, bazungus rumo à Tanzânia comendo RUSK - 26 de Setembro de 2018 - Quinta-feira 

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Botswana 054.jpg T´Chingange No M´Puto

O dia 26 chegou igual a todos os outros, quente de dia e frio na noite! Acordei ainda noite quando o frio ainda se fazia sentir com os kwé-kwés a lançarem gritos agudos lá no topo das árvores; No Shoba Safari Lodge de Kasane, ainda não eram cinco horas e, com a claridade a despontar entre o arvoredo, assim fiquei na tenda cor-de-tropa a pensar nos anteriores dias. Revi assim a saída de Johannesburg seis dias atrás rumo a norte, lugar de imbondeiros para mais além de Pretória, lugar chamado de Limpopo.

Nosso guia-comandante das anharas africanas entrou em litígio com o meu GPS e seguindo sua “insuspeita intuição” quase andamos mais de uns quantos quilómetros na direcção de Hammanskraal; O GPS continuava a cantar, voltar-voltar! Vezes sem conta dava indicações para virar à esquerda no sentido de Rustemburgo mas desisti de insistir com o melhor condutor de África; tivemos por fim de voltar e seguindo a intuição, voltamos para a via N4, depois a R565 até o Sundown Ranch Hotel situado a escassos quilómetros de Sun City.

Botswana 214.jpg Pude ver-me a percorrer o Sun City pela quarta vez se bem me lembro, aonde revi o tremor de terra na ponte, o palácio sumptuoso por onde andei, na praia artificial, a floresta e o grande aviário com aves raras. Um lugar de cinco estrelas mesmo ao lado de Pilansberg. Poderíamos ter ficado por aqui para ver todos os Big-five mas o sonho do bazungus, era mesmo ir a Dar-és-Salam e subir até o Seringueti, lá aonde a adrenalina se sublima no medo.

Dia 22 de Setembro pulamos bem cedo da cama afim de segui o rumo do Botswana pela N 4, passar a fronteira no Skilpadshek Border Post e virar na A1 rumo ao norte, Gabarone, a capital do País. Não foi fácil atravessar Gabarone pois que seu trânsito é infernal e desorganizado. Foram quilómetros de estrada com muitas potholes (buracos) até chegar ao fim de tarde a Sahara Stones  Lodge de Mahalapye, um  bom e novo lugar com as condições requeridas para pernoitar.

Botswana 219.jpg Dia 22, saída ao romper do dia, após tomarmos nosso café com salsicha boerewors, dois ovos fritos, bacon, batata frita e café com leite tomamos o caminho de Maun. Nosso destino era seguir na A3 e em Nata, bifurcar para Kasane aonde estou agora, meditando nas periclitãncias. Também nos milhares de buracos percorridos e nossas conversas nem sempre amistosas versando sobre Angola.

De facto, pelo observado aqui, eu sempre caía no estremo de dizer o quanto os angolanos deveriam estar gratos por terem os Tugas como colonos pois que aqui verifica-se que para além do mato pouco mais há. Sempre caía naquela satírica forma de dizer: - Os angolanos estão cheios de razão, os Tugas deveriam não só ter levado para o M´Puto as suas estátuas, Diogo Cão, Maia da Fonte, Norton de Matos entre outras mas e, também os prédios, escolas, pontes, hospitais, igrejas, barragens; ter deixado Angola exactamente como a encontrou Diogo Cam, 500 anos antes do achamento.

Botswana 239.jpg Deveria sim ser assim, a fim de dar aos angolanos a liberdade e opção de puderem construir o seu país a partir do nada a seu belo gosto e prazer sem se sentirem vexados e humilhados e, por terem que se sentir obrigados a usar ou viver naquilo que os colonos lá deixaram. Às vezes ficava bravo com as contrariedades ouvidas, primeiro esperneava e depois emudecia; mas nunca baixando guarda no meu pensar devido a tanta e desproporcionada prepotência e irreverência dos mwangolés, pretos e pseudopretos. Ninguém é de ferro.

Pela tarde e muitos cheios de pó, chegamos a Nata, bifurcação de pela esquerda via Namíbia e pela direita atravessando várias reservas até chegar a Kasane às margens do rio Shoba que em Angola tem o nome de Cuando. Pernoitamos aqui, em Nata, no Pelican Lodge de Nata aonde se recolheu informação com outros aventureiros de qual o melhor caminho a seguir depois de Victória Falls.

Botswana 275.jpg Era suposto encontrarmos muitos animais no dia 23, um domingo, ao atravessarmos as reservas de Tamfupa, Sibuyu, Kazuma e Nogatsaa mas, os quilómetros foram desvanecendo a avidez e os olhos já cansados de tanta secura entre um gole e outo gole de água de garrafa, foram escorrendo conversas de profecias ainda mal entendidas. E, veio à tona aquelas profecias sobre a Inglaterra e África do Sul; aquela que diz que a Inglaterra será atingida por 7 pragas quando a 3ª Guerra Mundial estiver próxima.

Botswana 277.jpg Será!? Que a Inglaterra será totalmente aniquilada, até mesmo a sua terra irá queimar como uma invasão liderada pela Rússia que vai invadir a Europa, através da Turquia e usar armas terríveis. Nas longas horas de jornada ao longo de terra árida, chinguiços ressequidos, caímos em devaneios de profecias. A África do Sul entrará em uma guerra civil em um ano de eleições, após a morte de um líder negro, que será exibido em um caixão de classe nos Edifícios da União. Líderes mundiais virão homenagear. Será!? Chegamos assim a Kasane, tarde do dia 23, cheios de gases, corpos curvados e cheios de ideias com turbulências no cerebelo. Antes que fosse noite, fomos comer ao Pizza Coffee do indiano…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:16
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PARACUCA . XXIX
MULOLAS DO TEMPO . 4 - 28.12.2018
Nós, bazungus rumo à Tanzânia comendo RUSK - 26 de Setembro de 2018 - Quinta-feira
Por

Botswana 055.jpgT´Chingange – No M´Puto

Só lá pelas 10 horas do dia 26 de Setembro de 2018, 7º dia da odisseia Tanzânia - Haja paciência, é que o calor se começou a sentir mais forte. Decidiu-se que iríamos ver as terras rasas do Shoba em barco e, porque houve falhas no planeamento, tivemos de alugar um extra por 1420 Pulas; assim, um barco que normalmente leva 25 pessoas ia servir aos quatro bazungus que éramos nós! Grosseiramente os Pulas pagos, correspondiam a 1917 Rands ou 112 €; valeu a pena porque vimos muita variedade de antílopes.

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Nas vistas largas das terras planas e verdes que bordeiam os canais do Rio Cuando, e no chamado Chobe National Park, vimos bem mais do que 200 elefantes e muitos antílopes como olongos, gungas, facocheros, búfalos, impalas, jacarés e vários hipopótamos entre outros e, também aves de grande porte como o peru africano, várias espécimes de patos e pássaros multicolores. Pudemos avistar no meio de uma vasta e plana ilha, no meio do nada verde, uma bandeira do Botswana em um gigantesco mastro.

Botswana 019.jpg Aquela ilha que tem o nome de Sidudu/ Kazakili Island esteve até há questão de poucos anos em disputa na definição de fronteiras pois que a Namíbia reclamava como sendo sua mas, o Tribunal Internacional deu posse definitiva ao Botswana. Aqui está a justificação de tão grande mastro naquela planura tão verde e tão cheia de animais. Podemos assim ver as margens do rio Cuando a confrontar com o parque Kasika da Namíbia e o canal Shoba no lado do Botswana.

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O Rio Cuando e o canal Shoba desaguam no rio Zambeze e, é ali em Kazungula que confinam quatro países: Botswana, Namíbia (ponta da faixa de Kaprivi), Zâmbia e Zimbabwé. Foi um dos momentos altos nesta odisseia das potholes; os bazungus, mais que muitos a pagar caro para ver a natureza. Há gente de todas as nacionalidades mas, maioritariamente da Comunidade Europeia. Troquei impressões com três espanhóis que amavelmente nos deram indicações sobre trajectos por conhecer. Claro que os sonhos duns não são realidades dos demais - o itinerário seria sempre o do Comandante Vissapa, rumo a Dar es Salaam.

Botswana 231.jpg Neste nosso curso de enfrentar os conhecimentos, todos os dias serão uma prova à adaptabilidade humana e pude rever-me assim em confronto com meus silêncios de viagem, subjugar-me a modificar meu carácter para subsistir à sabedoria de pendura feito quase um monangamba. Uns dias atrás um amigo meu fazia reparo àquilo que eu dizia; a de que nós sempre seremos um fruto de mudança. Bom! Com ou sem essa minha teoria de transitoriedade nós seremos sempre os mesmos, só os pensamentos mudam.

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Assim taciturno e com rumo ao largo Kariba, podia ver-me já, a balouçar no convés do Ferry que me levaria ao Sharara Safari e depois Lusaca. Não existe ninguém que encontrando um espinho em seu pé não o retire após as primeiras dores; se não o fizer é porque é masoquista ou anda a treinar para o Guinessbook, um clube de excêntricos. Começava aqui a ser esse excêntrico que corre atrás dos sonhos alheios na ânsia de também ficar com olharapos afros.

Botswana 247.jpg Um amigo próximo disse-me que os pés dos bóheres têm olhos. Só entendi essa fala quando observei in situ um farmeiro de kimberley a andar de sandálias de pano colorido no meio do capim repleto de aranhas, centopeias, cobras e um sem fim de outros bichos rastejantes sem contar com os muitos picos espalhados a esmo pela terra barrenta. Fazia todos os possíveis para ter um comportamento análogo àquele bóher.

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Em áfrica é sempre bom recolher o máximo de informações porque nem sempre o caminho da esquerda é melhor do que o da direita; a triagem terá de ser nossa com ou sem a intuição que julgamos ter. Acabamos por no fim da tarde comermos um rump steak com salada no Pizza Plus Coffe e Curry, um restaurante de um indiano. Pagamos 620 Pulas que correspondem a quase 50 € por quatro, um preço razoável mas nitidamente mais caro do que no M´Puto. Dentro do jango do Lodge Shoba pagaríamos a dobrar! Turistas bazungus sofrem! Diria minha empregada Mery de Campala…

Botswana 254.jpg Em áfrica sempre se tem de ponderar gastos para não irmos mais além do plausível mas, há lugares que nem raspas do plausível existe! Esta missão exploradora serve para revestir-me de uma armadura contra as megalomanias daqueles que julgam possuir todas as chaves de abrir todos os becos, todas as quelhas, todas as picadas sem declarar seu próprio fisco à sua alma. É fundamental ter dólares! Sem isto, a apologia de se ir ao acaso tolhe o instinto, cega a fé, mesmo que se repita muitas vezes o valha-me Deus. As caixas electronicas funcionam mas, tem um mas... lá mais para a frente o direi.

Botswana 295.jpg Assim, com a razão chocando nas evidências, prescreve-se o responso. Pois! A fé não se impõe nem se prescreve nem nenhum santo a vai levar em conta se, se achar sempre sendo o dono da verdade. Assim pensando neste mato longínquo de tudo entre a criação de Deus, terei de relembrar que o dogma da fé cega é que faz com que haja muitos incrédulos! Um dia de cada vez digo eu. Todos os dias terão encruzilhadas bifurcações e o amanhã sempre será uma graça. Amanhã será outo dia - Restam-nos 45…

(Continua…)
Escrita do fim de tarde do dia 26 de Setembro de 2018
O Soba T´Chingange


PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:43
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Terça-feira, 27 de Novembro de 2018
PARACUCA . XXVI

MULOLAS DO TEMPO27.11.2018

Johannesburg – A paracuca daqui é uma bolacha dura na forma de pão chamada de RUSK, torrada com açúcar e sem jinguba…

Por

soba15.jpg T´Chingange – Em Johannesburg

Em um fim de dia atípico e antes da grande viagem de 20 de Setembro para ver animais, creio ter sido numa sexta feira dia 14 - já lá vão mais de dois meses, fomos ver as Divas e os Rochers no casino Emperors Palace. Pela organização da igreja metodista, podemos ouvir artistas locais interpretando canções do Elvis Presley, Pink, Elton John, Michael Jackson, Tina Turner e Stevie Wonder, entre outros. Eram cerca de trezentas pessoas sentadas em mesas corridas ou balcões laterais – Nós estávamos em um balcão lateral.

araujo187.jpg Podia ver os comprimentos efusivos entre gente que chegava com vestimentas folgadas, até chapéus, calções à meia cana, gente de todas as cores mas maioritariamente brancos com aspecto de bóheres; gente grande e gorda que se anafavam entre outros já sentados, comendo e bebendo como se estivessem num piquenique. Eles e elas, gente cuzuda com calções avantajados e flanelas tapando as dobras dos pneus das carnes sobressalentes.

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De sapatilhas e roupas muito iguais às dos demais dias, pude apreciar a forma descontraída de sem cerimónia, com riscas e bolinhas a condizer com aquela forma de angariar dinheiro por via do espectáculo que iria decorrer para custear ou auxiliar uma qualquer entidade de apoio social, ou mesmo para o próprio sustento da igreja. Neste ambiente tipicamente sul-africano, também nós íamos bebendo nossas Windhoek lager e ou água com limão.

Botswana 167.jpg Tivemos batata frita, biltong e tostas rijas que nem paracuca que depois se dissolviam nas humidades. Um grande balde com gelo, servia para nele meter todas as bebidas por forma a mantê-la frescas durante o espectáculo. Foram mais de duas horas divertidas; uma boa forma de preencher o tempo que sobrava neste então; esperávamos o dia 20 para, a partir daí darmos a volta a uma áfrica ainda por conhecer.

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Saltando no tempo vejo-me debruçado sobre os funis feitos na terra pela formiga-leão, os nossos conhecidos fuca-fucas de Angola. Pois, assim debruçado no Choba Safari Lodge bem na margem do rio Choba, concertávamos ideias sobre o que fazer e ver nesta parte norte do Botswana. Os alojamentos dos principais módulos, estavam todos ocupados e restou-nos ir para as tendas.

tanzânia II 049.jpg Estas tendas até tinham chave electrónica para nelas entrar, uma coisa de cinema composta por duas camas, mesinhas de cabeceira, uma pequena mesa de centro, uma outra com espelho no topo e ainda outra para guardar malas e coisas menores. Também havia um ventilador e, foi-nos bastante útil porque o calor aqui e de noite, é para fazer de sauna. De noite o tempo arrefece a ponto de termos de nos tapar pelo frio. Na gaveta da comoda havia cinco preservativos. Sukwama! Exclamei - era isto mesmo que me fazia falta.

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Tinha um avançado por cima do sobrado a fazer de varanda com mesa e cadeiras para seis pessoas mas tinhamos de ter cuidado com os babuínos e outros macacos pois que afoitamente nos vinham roubar as coisas do seu agrado. Para fazermos nossos churrascos na churrasqueira brai, tinhamos de estar com um olho na carne e outro nestes caçadores. E, como gostavam de batatas fritas! Até os javalis vinham quase às nossas mãos para comer, embora houvesse avisos no sentido de nada dar aos animais.

tanzânia II 046.jpg E, ao nosso redor surgiam facocheros, macacos babuínos, saguins, bâmbis, capotas e perdizes. Os elefantes faziam-se ouvir por perto. Os kwés-kwés, uns pássaros pretos e grandes lançavam piares agudos ainda o dia não o hera. Também os homens e mulheres e gente que se dispunha a sair cedo, começavam a falar alto e, não tinhamos como não acordar lá pelas cinco e pouco!

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Assim que o sol nascia lá no horizonte o calor começava a ondular o cacimbo; podíamos apreciar isto nas luzernas entre a vegetação alta e empoeirada. Bem do outro lado das bissapas muito cheias de chinguiços podíamos ver a azáfama dos bafanas auxiliares dos carros apetrechados para a áfrica profunda. Desarmavam ferros, juntando-os de forma ordenada na parte inferior do machimbombo-safari.

Botswana 264.jpg Carros com camas, pratos e tudo o que compõe uma cozinha, frangos e carne para assar, maças da cidade do Cabo e feijões do Quénia, vários tipos de pão, café e arcas frigorificas para atulhar isto mais verduras e, do outro lado, ferros de armar suas tendas; grupos de gente que depois tomam assento lá no alto do machimbombo para ver a vida do mato passar. Ao peito dos coletes de zuarte amarelo suave de muitos bolsos, pendiam seus binóculos, suas camaras fotográficas e outos zingarelhos próprios de verdadeiros bazungus…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:16
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Segunda-feira, 12 de Novembro de 2018
A CHUVA E O BOM TEMPO – XCIX

TEMPO COM CINZAS - 12.11.2018

Vim à procura do futuro, imaginando a energia e a força de quem recomeça, e acabei por recuar no tempo….

Por

soba15.jpg T´Chingange – Em Johannesburg

INHASSORO 111.jpg Passados que são 53 dias recordo o ontem que foi nosso 52º e último na “Odisseia das Potholes – Haja paciência” por África, com 9700 quilómetros andados e abrangendo sete países passados por fonteiras terrestes a saber: África do Sul, Botswana, Zimbabwé, Zâmbia, Tanzânia, Malawi e Moçambique.

victória falls 027.jpg Sucede pois que, calhou também ser ontem o mesmo 11 de Novembro comemorado em Luanda com festividades oficiais e condecorações! Resmungando, embebendo fatias de pão torrado na xícara de café com leite ou bolacha Maria, as horas rendiam-se dia após dia como sentimentos mudos. Por vezes era o pequeno-almoço com bacon, ovos, batatas fritas e chouriço tipo bóher com pão torrado.

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Vagabundeava largas distâncias com grandes desesperos a ladrar-me por dentro olhando em frente o asfalto ora rachado ora esburacado e dos lados as bissapas agressivamente queimadas pelo sol; nada de antílopes a saltarem como imaginávamos existir, nem tampouco rolas, perdizes ou capotas. Será que comeram tudo? Era a pergunta a que ninguém encontrava resposta.

victória falls 032.jpg Eramos todos, para além do melhor condutor de África umas preguiças à boleia pela chamada pura África e, como quem cumpre uma formalidade inútil e aborrecida, relembro o onze de Novembro de Angola que só hoje tomei conhecimento ter sido um dia de fartas recordações! Nem me lembro de em tal falar pois que, a vontade de nada dizer subsistia-me. Foi um acto que simplesmente desaconteceu!

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E, não falei, nem falarei, porque ainda ando a remoer humilhação de um amor ultrajado que comigo, mais tantos pais, mães e tantos filhos viram através de suas lágrimas num nascimento de novos dias forçados, novos meses e anos. Agora lembram com pompa, escrúpulos de sangue. Enfim! Coisas passadas e, não esquecidas.

Tombo1.jpg Com o tempo a maioria aceitou a reviravolta que a política provocou em suas, nossas vidas. Muitos perceberam que não valia a pena viverem revoltados e até fizeram por esquecer; muitas vezes, recordam que a guerra não tem só um lado e que nós estávamos em lado nenhum – Simplesmente, não tinhamos lado… É aqui que começa o busílis de que já tantos falaram, falam e continuam…

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Ainda sinto um ligeiro tremor de raiva a arrepiar-me as carnes, o cérebro, quando me lembro daquele polícia de fronteira, impecavelmente preto, impecavelmente vestido, impecavelmente sóbrio e com divisas de chefe reluzentes, que ali naquela fronteira de Bozwé, entrada de Moçambique só aceitavam dólares; uma terra em que o dinheiro tem o nome de Meticais. Por seis horas e sentados num muro de pedra ao acaso, tivemos de esperar pelo visto que iria de Tete.

IMG_20170720_125720_BURST010.jpg Assim, de braços moles, de mãos frouxas, pescoço bambo quase abotoado ao estomago, crepitando febres, olhava um desconsolo como coisa nunca vista. Hoje, já em Johannesburg, ando a tomar chá rooibos misturado com borututu para defumar as raivas mal contidas. Sim! Para me curtir das cólicas. Ontem, até dei comigo a examinar quinquilharias de artesanato, assim minuciosamente como se nunca as tivesse visto. Agora, lá terei de inventar lendas para neles, me improvisar airosamente.

O Soba T´Chingange     



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:57
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Quinta-feira, 8 de Novembro de 2018
MOAMBA . XXIII

NA NUDEZ DA VIDA – Komatipoorte (África do Sul) - 08.11.2018

- Não há forças que destruam as lendas com fusos – Superstições antigas do Big Ben…

Por

soba15.jpgT´Chingange - Em Komatipoort - África do Sul

Bem cedo fui até ao Komati River, afluente do Crocodile river e, logo ao chegar, vi dois grandes jacarés a tomarem banhos de sol do outro lado, em uma ilha, bem ao lado aonde ontem Dy Vissapa pescava sentado em uma raiz de uma grande acácia, ali mesmo ao lado. Acabou por pescar um peixe tigre que mais tarde comi depois do brai-churrasco de carne de lamb e beef de boi.

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Em verdade, não foi um grande pitéu, tinha muitas espinhas, o gosto não era igual ao peixe do mar e até me pareceu ter um ligeiro sabor a lodo; não fosse o jindungo de Moçambique e o sabor seria parecido com o do catato também conhecido por mopane. Foi quando me lembrei que uns anos atrás, ido de Johannesburg levei um quilo desta lagarta comestível para meu grande amigo, o Zeca Mamoeiro da Maianga, um kamba desde os longínquos anos de candengue…

crocodile river2.JPG Consultando meu baú de lembranças amarelecidas no tempo, tive de capiangar a mukanda do kussunguila Vasco Antunes dirigida ao comum amigo Zeca poeta com o título de Janela Aberta. Ai.iu.é... É verdade! O Zeca ficou feito estátua, agarrado ao mamoeiro lá num jardim da Travessa João Seca da Maianga! Espreitava a garina m´boa filha da Tia Mariquinhas...

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Assim lendo a dita cuja, desconsegui continuar a cena do Komati River. Dizia assim: - Quero deixar-vos tranquilos meus kambas - Andei este Sábado pelo Marítimo da Ilha mas, ainda dei uma saltada ao Kussunguila. A noite tropical puxou por mim até clarear. Resolvi por lá ficar, a areia da praia no S. Jorge que é a melhor cama que um indígena como eu pode almejar. E tem sonho que vem nessa hora das cinco da manhã…

crocodile river3.jpg O marulhar das águas, as estrelas miríades no céu, a noite que passou, o dia que está a chegar, a vida toda que sei vai esperar por mim. Eu posso atrasar o relógio o tempo que eu quiser. Ué, digo eu: - esse kazumbi deve ser do mestre Sambo! Tentei isso num entretanto passado com meu Tissot, rodei o ponteiro para trás e, num repentemente fui parar entalado nas rodas dentadas do relógio no rio Tamisa, o Big Ben.

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Há coisas que parecem mentiras mas, aqui no Komati recordo que naquele então, no ano de sua inauguração a 31 de Maio de 1859, aflitinho da silva, tive de mergulhar de uma altura de 96 metros em voo de trotinete planadora. Estavam a instalar este zingarelho no Palácio de Westminster durante a gestão de Sir Benjamin Hall, ministro de Obras Públicas do Reino Unido….

crocodile river 4.jpg Nesse então, u T´Chingange, recebi aplausos de muita gente e na presença do Sir Benjamim Hall fui condecorado por um dos arquitectos que o concebeu. Tinha o nome de Charles Barry e, foi assim que vi quanto perigo corremos quando desaparafusamos a mente na marcha-à-ré! Mas assim lá no fuso zero ainda recordo ser aquilo feito ao estilo Neogótico. Passados anos deparo-me estando na Luua revendo meus kambas a apanhar mabanga prá pesca na praia do Bispo.

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E falavam, gritavam com pulos chapinhados naquela água morna da Chicala: - Vamos ainda, barona companheira dos pezinhos quentes… Na água, que o sol já nos torrou vermelho, tem lá marisco e cervejinha fresca para terminar este bendito Domingo. Se Domingo é santo, então é do sô Santo lá na Vila Alice ou na Maianga do Zeca e do Tonito.

vasco0.jpgzeca00.jpg - Vamos apanhar o Buggy do Vasco Antunes, cor de camarão. Vamos falar mujimbo às nossas mães, vamos contar outros mambos para elas não desconfiarem. Aquela da tia Mariquinha, tá lembrada? Tia Mariquinhas teve um nené mas os pessoa estava a ficar desconfiado, pois.

cronicas mano corvo2.jpg  O marido dela tinha perna de pau e os menino, nasceu com perna verdadeira. Pópilas! Ou aquela, daquele nosso amigo da Maianga, o Zeca. Sabe, esse mesmo O Zeca que não desceu do mamoeiro, está esperando que eles madurem - Kamba diame Muxima, Tza ´kidila - Kiene! Kuia bué!

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:16
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Quarta-feira, 7 de Novembro de 2018
XICULULU . XCVIII

ODISSEIA DAS POTHOLES - 07.11.2018

Afinal não é verdade o que apregoa o político Africano… "eles prometeram-nos o paraíso e dão-nos o inferno a dobrar", disse um jovem africano em Lisboa nos anos 78-80 num programa da RTP. 

Por

soba15.jpgT´Chingange – Em Komati River de Komatipoort

Há mais africanos hoje na Europa do que Europeus em África! Alguns até são brancos… Porquê? "HOJE até a Bíblia nos tiraram, e as terras continuam a não pertencer ao povo" - sintetizou Morgan T´Chavingirai, descrevendo a desgraçada e extrema penúria do povo zimbabwano, respondendo ao guia imortal ainda vivo, que diz ter ressuscitado mais vezes que o próprio Jesus Cristo.

Zimbabwé 001.jpg Zimbabwé que, no período citado por Bob Mugabe, era o celeiro de África, o povo era detentor de um dos mais elevados IDH do continente. Por exemplo, em Angola, quando por vezes, nas datas históricas, oiço e vejo pela TV indivíduos a mencionarem o que o 'colono nos fazia', sinceramente não sei se, choro de raiva ou se me mate de 'risada' …

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"Porque o que o colono fazia… blá-blá-blá", dizem eles - hoje faz-se o pior! O colono, se fez, quase que o desculpo: era ou foi colono, é branco, não é meu irmão de raça, etc.; agora quando o meu irmão Angolano, preto como eu, ex-companheiro da miséria e das ruas da amargura, faz o que denodadamente repudiávamos do colono – esta acção dói muitíssimo mais do que a acção anterior, dilacera e mutila impiedosamente a alma.

kuvale2.jpg Por isso, logo após as independências africanas, e depois do êxodo dos brancos a abandonarem (África), verificou-se um segundo êxodo: seguindo os outrora colonos, milhões de africanos abandonaram também a sua África, com angústia na alma e os olhos arrebitados de descrença; a maioria, arriscando literalmente as suas vidas (e, o filme continua até aos nossos dias).

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Porque se chegou à conclusão que afinal não é verdade o que apregoa o político africano; "eles prometeram-nos o paraíso e dão-nos o inferno a dobrar", disse um jovem africano em Lisboa nos anos 78-80 num programa da RTP. Há mais africanos hoje na Europa do que Europeus em África! Porquê? Estamos a 30 de Outubro de 2018, em Vilanculos de Moçambique podendo vivenciar o que atrás é referido, um retrocesso evidente na qualidade de vida para a grande maioria do povo…

tanzânia II 060.jpg ELEFANTES NO CHOBA - BOTSWANA

No África Tropical de Inhambane posso conferenciar com a osga amiga que se passeia no tecto para lá da fechada malha de rede anti mosquito. Meio recostado na cama, leio o livro de Eduardo Agualusa e, releio aquele episódio duma mulher ambiciosa e ambicionada: “Ela despiu o corpo como se fosse um vestido, guardando-o num armário e, agora passeia-se pelo mundo com a alma nua”. Ela era uma professora que ensinava ética…

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Pude ver neste porém a osga a virar-se e assolapar-se no reposteiro a ouvir comodamente minha descrição. Sabes papoila, foi este o nome que lhe dei, que me veio ao pensamento – Ando de terra em terra, por áfrica, revendo sombras do passado e sonhos alheios com formas de bichos com cornos retorcidos mas, há momentos fui até à praça da revolução ou da independência; pude até sentar-me no canhão de outras guerras, canhões que os Tugas deixaram apontando a baia e, tendo do outo lado a vila de Maxixe…

INHASSORO 096.jpg TÁXI-BICICLETA DO MALAWI

No topo da alameda de Inhambane e bem à beira da marginal fixei-me na figura de Samora Machel, uma estátua com o dobro de sua real altura, apontando ao ocidente bem ao jeito de Lenine, talvez com aquela cartilha vermelha de ditar leis que ainda rolam e enrolam como bactérias o cerebelo de muita gente. Entre tanta coisa observada pude recordar àquela osga o quanto aquela terra era forte e que tal como aquela mulher professora de ética, também se despiu ficando agora com a alma nua!

etosha1.jpg  Quanta gente também naquele ano de 1975, se despiu de vontade ficando também com a sua alma nua! Ela, a osga engasgou-se de tanto rir; por momentos até pensei que gozava comigo - já quase pronto a atirar um chinelo à sua figura, parei quando ela retorquiu: - Não quero falar desse tempo; durante muitos anos fui professora de estória num centro de recuperação de mutilados e, posso afiançar-te que um homem, ao longo do tempo, ao longo de sua vida, muda muitas vezes de corpo - brancos ou pretos! Frisou piscando-me seu olho vesgo.

INHASSORO 298.jpgHIPOPOTAMOS NO NVUU  LODGE - MALAWI

 Não viste tu, na praça da Revolução o próprio Samora, saudando o vento como um puro Lenine a saudar seu povo? Pópilas, esta osga fala – é inteligente! E continuou: não existe nada de semelhante entre uma larva e uma borboleta e, no entanto há sempre uma larva no passado de cada borboleta!  Pois é, por vezes parece ser bom abandonar o corpo inteiro e trocá-lo por outro. Tenho visto muito disto, sabes! Disse eu. Num repente estava a falar com um jacaré gordo empoleirado no reposteiro. Há coisas tão verdadeiras que até perecem mentiras.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:47
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Sábado, 27 de Outubro de 2018
A CHUVA E O BOM TEMPO . XCVIII

NAS FRINCHAS DOS BURACOS27.10.2018

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tonito19.jpg T´Chingange – Em VILANKULO de Moçambique

Esta odisseia de “potholes” tem sido permanente e, aqui em Moçambique foi mais evidente entre Tete e Chimoio e depois entre Chimoio que fica perto da reserva Gorongosa e Inhassoro e, por cerca de 420 quilómetros. Um autêntico desespero com falésias nas margens roídas de fazer virar carros com buracos sucessivos de não deixar alternativa; só mesmo passar devagar, devagarinho.

INHASSORO 149.jpg Nos escassos quilómetros com piso bom, lá estava a polícia para exercer sua autoridade. Fizeram-nos alto e mostraram a máquina parecida como um megafone a marcar 85 Km em luz vermelho. Pois! O senhor vinha a mais de sessenta, tem de pagar multa! Fiquei fulo depois de andar tantos quilómetros com o eminente perigo de ficar ali numa qualquer pothole! Saí fulo do carro e disse que era um desaforo armar tocaia na única recta com bom piso em 420 kms.

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Cá por mim não pago nada! Saí e, sentei-me no muro da Vodacom, um mukifo promovido a quiosque entre milhares pintados de vermelho e pertencente à empresa de celulares telemóveis! Um negócio que deve ser bem próspero, pois toda a gente tem um micro-ondas por onde se pode falar! Estando em um país tão pobre, tem-se a noção de que os galifões das multinacionais da comunicação ganham avondo!

INHASSORO 401.jpg Deveria sim, sermos indemnizados por tal estado das estradas pois que pagamos seiscentos randes de seguro para circular em segurança e a protecção não é nenhuma! Se cair num buraco, o estado de Moçambique paga!? É? Perguntas àtoa de sem resposta. Na passagem da fronteira esmifraram-nos na troca de dólares. É o sistema, disse o chefe fardado em polícia de fronteira com divisas de sargento cromadas e porte impreterivelmente prepotente! Chama-se Nico e foi inflexível em não aceitar randes nem meticais, a moeda nacional; nem dólares surrados ou sujos. Pópilas!

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Esperamos mais de cinco horas pelos vistos que na forma de selos seriam colados no nosso passaporte! Viriam de Tete… Não havia sala de estar e lá nos acomodamos em um muro debaixo de uma árvore frondosa. Entretanto consegui comprar 50 dólares americanos; era quanto nos faltava para completar o total para pagar o visto de quatro pessoas – era um bafana bem-falante corrector cambista, um grande filho-da-puta que sabendo me deu 50 dólares velhos, surrados - por 850 randes!

INHASSORO 397.jpg No acto de entregar o dinheiro ao funcionário Nico este disse não poder aceitar estas notas sujas! Estava para explodir mas, e agora!? Procurei o filho-da-puta cambista vestido de negro mas nem pó! Sistema mais kazukuta este de ganhar dinheiro aldrabando o turista com conhecimento das autoridades da mututa… Não encontrando o aldrabão tive de comprar dólares novos e limpos pela módica quantia de 1000 randes!

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Se vocês estão indignados, poderão calcular como me podia sentir mesmo tendo Vissapa o comandante desenrasca situações mais macabras ali ao lado! Vissapa só barafustava e disse até que iria descrever às notícias do mundo estes desaforados entretantos: - Senhor Nico,  fique ciente, sou jornalista e vou descrever estas arbitrariedades para o mundo!

INHASSORO 394.jpg Resposta da autoridade supra numerária de nome Nico: - Fale o que quiser! Pois, se ele não falar já aqui vai no meu jeito de contador de estórias e sem coturno nos areópagos internacionais como nosso comandante! Aquela multa da única recta no troço de Chimoio a Inhassoro passou a gasosa de 1000 meticais sem direito a recibo… Paguei a minha parte sob protesto e juro que irei apresentar reclamação ao Ministro das Obras Desfeitas desta terra tão bonita e tão mal gerida – melhor, irei pedir sua demissão.

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Vou ver se despacho minhas notas velhas e sujas aos jangadeiros que nos irão levar à ilha de Bazaruto mesmo em frente do Lodge Samara, pertença do senhor Paulo Baptista, um moçambicano branco que aqui estabeleceu seu bivaque de vida. A praia estende-se até bem longe e a vista do mar para terra é paradisíaca. Ué! Com palavrões dentro da cabeça, tento reconstruir minha disposição com estranhos nomes esvoaçando, mijando raiva de mim aos poucochinhos, buscando novidades sem figas nem juras por sangue de Cristo porque quem anda por gosto nunca cansa! Assim deveria ser mas, noé!

INHASSORO 385.jpg Mas, sempre há um mas – porque em outros tempos tive mesmo de espreitar minha vida pelo cano de meu canhangulo em Muquitixe; uma vida estriada numa Angola em que as verdades só cheiravam a mentiras; melhor - Ainda cheiram! Assim lixado, tento andar engalanado com bandeiras de capulanas só para fingir coisas mais coloridos. Entre grandes excitações, alegrias e nervosismo de dar volta às novidades da Nacional Geográfica, cheiro os ventos que do índico me trazem rolos de cheiro; cheiro de tabaco.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:12
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Terça-feira, 9 de Outubro de 2018
A CHUVA E O BOM TEMPO . XCV

A HISTÓRIA ANTES DA HISTÓRIA – 09.10.2018

- LUZIA . UMA HISTÓRIA COM 3 MILHÕES DE ANOS…

Por

soba15.jpg T´Chingange – Na Tanzânia (M´Bilizi)

- As leis da natureza dizem que independentemente do estatuto parental, todos nascem pelo mesmo local, nus e ateus… A ESPERANÇA é a fronteira que consegue manter a condição social e financeira de pobres, pensando ilusoriamente de que um dia, o euro milhões o fará rico e assim, comprar uma vivenda em Dar es Salaam…

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Antes da escrita, há outras histórias que explicam as origens do ser humano. É a história, antes da história. Desde o Cabo e, desde à um ano atrás (2017) numa viagem a 40 quilómetros à hora em comboio Xoxolosa e, sempre para Norte, de novo recomeço viagem ao sonho nesta data da graça e, a partir de 20 de Setembro de 2018 em um Nissan todo o terreno a partir de Johannesburg.

IMG_20170823_114812.jpg Na companhia de Reis Vissapa, o comandante da expedição Potholes, eu, Guida e Ibib, todos na fasquia dos setenta e mais uns anos, damos largas às nossas dipandas largando desaforos por essas estradas muito cheias de Potholes… E, desde Johannesburg acampamos em Sun City; depois seguimos pelo Botswana muito cheio de burros, cabras e sanzalas… Tivemos um momento alto no Choba vendo manadas de elefantes e muitos outros antílopes.

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Seguiu-se o Zimbabwé cruzando a fronteira para Cataratas Victória, outro momento alto apreciando o variado artesanato, as tormentosas águas do Zambeze e a ponte de Livingstone aonde também passa o comboio transafricano de Tanzânia ao Cabo; aliás, a linha deste comboio viu-se sempre ao longo das vias em que seguimos, vias com milhares de camiões transportando ferros, açúcar, farinhas e combustível.

bessangana4.jpg O primeiro desaire foi a não travessia do lago Kariba e, indo ao engano, andamos uns bons duzentos quilómetros para cada lado para saber que o dito-cujo ferry dos sonhos, não faria viagem durante todo o mês de Outubro mas, sempre há um mas, ficamos no lindo lago num lodje por dois dias pagando 3600 randes, um puco mais de 200 euros sem matabicho. Aqui Vissapa pescou um minúsculo peixe tigre.

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Nova tormenta ao passar a fronteira da Zâmbia - mais enfrentar a indisciplinada urbe de Lusaca e, aos tramos de 400 quilómetros, lá continuamos refilando com tantas Potholes na estrada até chegarmos a M´Pika aonde ficamos por duas noites. No dia 8 saímos bem cedo de M´Pika para alcançar a fronteia a uns 350 km. Demoramos mais de sete horas por via da estrada ser apertada, com bermas quase falésias e, Potholes aos milhares.

IMG_20170719_153425.jpg Mais dor de cabeça ao passar a fronteira da Zâmbia para a Tanzânia na povoação de Tunduma. A mesma confusão de dinheiro e os 3 ou 4 bafanas a ajudarem para se fazer à gasosa do T´Chindere, dos Muzungos que eramos nós. Um Euro aqui, equivale a 2.637 shillings ou um Rand igual a 155 shillings. A fim de fazer a conversão rápida temos que 10000 shillings correspondem grosseiramente a 3,80 euros (ou 4 €, com folga deficiente) …

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Neste agora e, estando no Coffe Lodge a uns 80 Kms dentro da Tanzânia, mais propriamente em M´Bilizi, recordarei aqui a antiga história de Luzia da Tanzânia, os indícios dos primeiros primos de nossa existência. Os arqueólogos, descodificando achados recentes, analgizaram com testes de carbono outras supostas verdades. É assim a história surge-nos por camadas connosco no topo.

zanzi11.jpg E, foi assim que olhando pinturas rupestres o dinamarquês Peter Lund, descobriu em meados do século XIX, 12 mil fósseis, um cemitério de 30 esqueletos humanos ao lado de mamíferos de grande porte do tipo gliptodonts, uns tatus com cerca de um metro de altura. A estes achados, foi designado o período da pré-história.

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Em 2002, com técnicas mais sofisticadas e fidedignas, confirmaram o evidente, gentes vindas de África Central e do Sul, acerca de 7 milhões de anos, atravessaram pelo sul do Mediterrâneo, a seguir a Ásia e através do estreito de Bering desceram desde o actual Alasca à América Central, chegando consequentemente ao Brasil que hoje se conhece e de onde o Dinamarquês referido fez alusão.

himba6.jpg Na década de 1997, encontraram um crânio feminino com cerca de 11.500 anos; referiram este achado com o nome de Luzia, uma mulher dos seus vinte anos, olhos grandes e nariz achatado do tipo negróide. O terem chamado de Luzia a estas ossadas, é uma evidente referência ao fóssil de mais de três milhões de anos encontrado na Tanzânia em 1974, de características muito próximas àquele  achado arqueológico da Lucy…

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Foi sem dúvida o início da caça ao tesouro a comparar com as novas modas de Indiana Jonas. Machados e artefactos indicam que eles, os pré-históricos manos e primos de Luzia, viviam na idade da Pedra Polida entre 12 mil e 4 mil anos antes de Cristo. Somos, em verdade, ainda, um enigma indecifrado e, andando por aqui baseado em palpites, cruzamos dezenas de informações para irmos ao encontro de novas ilusões. Ontem e hoje, nosso Indiana Jonas chama-se Reis Vissapa…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:31
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Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018
XICULULU . CXIV

– BOOKTIQUE DO LIVRO – IV19.09.2018

O Adão e a Eva eram africanos! Disse a minha empregada Mary de Kampala… Também disse: - Leão que ruge muito, não caça nada…

Xicululu: Mau-olhado

Por

soba0.jpeg T´Chingange Em Johannesburg

Ainda não eram seis horas e a minha empregada Mary de Kampala já andava pela casa saracoteando afazeres nos preparos do matabicho. Cheirava-me a mutton do rynfield, um grande mercado que tem várias qualidades de boerewors. Desfrisei meus parcos cabelos com os papudos dedos e, foi quando reparei, ter as unhas demasiado grandes; como crescem, aqui no altiplanalto de África!? Por agora afaguei minhas sobrancelhas que esbarravam contra a lente dos óculos; lá tive de as limpar da gordura com o pensamento no alicate para as cortar.

araujo179.jpg Estes pelos grossos e brancos cada vez se parecem mais com os de Álvaro Cunhal. E eu que sempre eu o via na televisão do M´Puto sempre reparava naqueles entrelaçados arames quilométricos que saíam dos olhos de abutre; e estas condiziam até com os pelos longos a sair das narinas como pinceis. Não é que agora também me sucede este pormenor e, quando noto isso corro para o banheiro apetrechado dum especial alicate que até arame ou linha de pesca corta.

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Levantei-me e frente ao espelho aparei-me destas estranhezas lavando também o alçado principal da minha t´xipala. O cheiro do café santa clara trazido do Brasil, espalhava seu aroma bom pela casa. Já afeitado e aromatizado com meu preferido perfume aramis seguia meu roteiro da manhã; sempre acontece tomar em primeiro lugar um café para lubrificar as mucosas e micoses do meu istmo da felicidade. 

pombinho3.jpg Enquanto isso, olho da varanda as xiricuatas que apanham fagulhas e raspas de comida na grama meio ressequida! Quando os jindungueiros pintam seus frutos de vermelho, são as primeiras consumidoras. De regresso ao quarto e antes de trincar o boerewors de mutton apanho do chão um amarrotado papel; entro no quarto meu e de Ibib, minha cara-metade e, já sentado na cama ainda por fazer, desdobro o papel das conta do rynfield supermarket.

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Pude ver num esboço, uma escrita misturada com contas de somar e subtrair. Por vezes também faço isto para ver quanto gastei em Euros mas este não sendo meu, agudizou-me a curiosidade pois que mencionava uma conta de números altos em randes e xilins; bom! Se não era um gatafunho meu, só poderia ser de Mary e, dai, ainda mais curioso fiquei. Dizia assim: “ O dinheiro que ganhei com meus patrões bazungus está a crescer como um caroço de manga caído no chão do mato do Uganda”

ROXO166.jpg Fiquei assim meio brutefeito com isto, pois que os bazungus só poderiam ser eu e a Ibib. Nem sabia bem o que era isso de bazungu mas, porque nem sempre sou tolo, achei que era relacionado com muzungu que quer dizer branco em língua xhosa; Não sei como é mas os negroas daqui todos se entendem e falam línguas com nomes raros de maxangana, isixhosa, isiZulu, seSotho usando cliques como fonemas da língua bantu,  características dos khoisans.

araujo181.jpg Aquela frase de “em breve a minha vida estará cheia de mangas” apoquentou o meu mukifo do cerebelo. E, porque razão Mary, escrevia isto? Talvez para preencher o tempo e não se esquecer de isto referir em suas conversas com seu boy friend de Kampala. Só pode! Mas havia mais referências. “ Meus patrões muzungus com a minha comida, já defecam como as cegonhas de Campala… Ué…como pode?! Defecam caganitas mal cheirosas como aquelas cegonhas do Uganda!? 

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Escondi o esboço amarrotado no livro do Mu Ukulu e, de calções e flanela dos bafanas do n´Zinpeto, fui tomar o meu breakfast com o tal café de Santa Clara mais o mutton de fazer caganitas de cabra ugandesa, o maizpap ( papa de milho), afadigando-me em nada dizer do que  li no papel – contas de Mary e edecéteras de mulungu. Bom dia patrão! Bom dia Mary, respondi na maior das quietudes. Foi quando reparei nas mangas de cores gulosas encavalitadas cuidadosamente numa grande fruteira de vidro!

massau4.jpg Foi neste então que bebendo de novo aquele café à mistura com leite do dia e aquele milhipap ou maizpap, perguntei: - Mary, lá no Uganda há muitos turistas como nós à busca de leões, fazendo safari? Assim como nós, que gostamos de ouvir os leões a rugirem? Haka patrão! No Uganda tem bué de bazungus assim como vocês carregados de bikuatas. Fica esperto T´chindere, afinal, bazungu era mesmo o que pensava ser: Branco a fazer visita ao mato – fazer safari!

pombinho2.jpg Mas, a gente de Kampala não vai em safaris patrão; só mesmo os bazungus que gostam mais dos animais do que as pessoas!   Gostam de leões, de crocodilos, springboks e até das cobras! N´Zambi me livre, só mesmo de pensar já estou de arrepiada. Eu não gosto, diz Mary e, continua com suas falas: tornei-me até muito amiga das cabras que dão leite de beber, porque só gostava mesmo do meu namorado que as guardava. Pois! Disse eu, aquele bafana para quem tu tanto falas ao telefone…

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Mas, os bazungus velhos assim como o patrão e, seu amigo Reis das Vissapas com seus carros de tracção às quatro rodas, vestidos com roupas muito cheias de bolsos que parecem soldados antigos expedicionários, e com o equipamento de combate pendurados, binóculos, máquinas de vídeo, celulares, bengalas e garrafas de água. Ué, como é então? Eu sou assim mesmo? Ela, nada disse, só mesmo oscilou os braços e fez um muxoxo a comprovar ser verdade com um sorriso de quem canta victória.

tonito16.jpg Patrão (só faltou dizer muzungu) nós no Uganda não temos kitar de xelin, dinheiro para bafunfar férias como os europeus; só mesmo fazendo companhia aos muzungus para limpar as cagadelas dos brais (assadas de churrasco). Agora entendi essa do cagar como as cegonhas ugandesas. Pois! Pelos vistos ela não conhece mais nada para além de Campala. Para terminar disse-lhe: - Um dia vais ter dinheiro para ver os leões! Haka! – Para quê patrão; Leão que ruge muito não apanha caça! Tudo ficou assim; eles são imprevisíveis, tambulakonta – disse-me assim mesmo e, baixinho…   

 (Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:33
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Terça-feira, 18 de Setembro de 2018
CAZUMBI . LIII

TEMPOS DE ESPERA - Johannesburg – (16.09.2018 dia do apagão) - 18.09.2018

- Nos intervalos da vida, durmo! - O esquecimento existe mas, nós não somos só silêncios…

Por

soba0.jpegT´Chingange

A chaleira fumega por cima do fogão eléctrico. O sol entra pela janela da kitchenette que liga à sala aonde estou sentado, melhor, afundado numa poltrona cuja tábua deve ter fundeado no acostamento de matacos de um quilómetro quadrado. Aqui há muita gente gorda e o melhor mesmo é nem repararmos porque, senão os contratempos surgem de soslaio vindos dum desconhecido lugar cheio de biltong, boerewors e coldrinks de cocacola…

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Os vapores do meu chá trazido do M´Puto serpenteiam até ao tecto de pinho em desenhos enrolados e fazendo uma cortina com raios digitalizados. Trata-se de uma velha cura legada pelo meu tio avó de nome Guerra e composto de barbas de milho, pés de cereja e ipé-roxo, também conhecido como pau de arco.

CAPOTA1.jpg Num espaço etéreo de virtual roxismo, o fumo enlaça visões de índios sioux, astecas ou apaches. O termo roxismo derivada de Roxo, o nome de uma senhora que pinta seus sonhos no computador metendo as pestanas verdes fazendo de óculos e, com madeixas de cabelo ruivos como se todos fossemos assim, uma forma espantada de arco-íris a condizer com a ideia de que efectivamente, somos uma ilusão.

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Hoje mesmo, vou-me ensinando a ser gente tomando aqui e acolá, por onde calha, o saber dos mais sábios para ficar esperto. Nem sempre homem, nem sempre jovem, já mais velho, nos intervalos, aprendo a aprender a ser grande graças a esta aguda perspectiva de também ver e ler as coisas da frente para trás e tal como o camaleão, ter um olho aqui e outro mais longe para poder fazer selfies de mim mesmo, bem ao jeito de Picasso.

ROXO134.jpg Esmiúço os tempos para saber a verdadeira razão dos paradoxos e dos fúteis caprichos duma vida cheia de gente, uma multidão que grita, que gasta o que não tem simulando normalidades e carregando um vazio dentro de si. Sim! Neste mato de capim tombado pelo vento tiro aqui e ali umas fotos sem pau de selfie tendo como companhia aqueles cheiros e sabores do boerewors, uma salsicha fresca tradicional da culinária da África do Sul.

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E, porque estou aqui, averiguo o saber na deriva dos vocábulos boere e wors, oriundos do africânder, significando respectivamente "agricultor" e "salsicha". Vi-me na foto do meu android e fiz-me gaifonas vendo as rugas enquadradas num diferente tempo, nem sempre alegre, nem sempre triste. Naquele chá pus umas três gotas de canábis para encurtar pesadelos e restituir-me a lucides, enfim, para equilibrar meu físico e mantê-lo ligado aos espirito.

boer carro5.jpg Aqui há plantas de canábis-liamba pelos jardins e o comércio de sementes é livre. Há pouco deitei água numa situada na varanda e, que aparenta ir morrer se o esquecimento não lhe der água. Neste compasso de espera a fim de rumar ao tal de Kariba, embarque em M´bibizi, um lago no meio dum altiplanalto, sonho que parto para outro e, mais outro e outro lugar, sem encontrar o meu poiso certo, juntando a praia, o rio, o deserto e tudo o resto; uma impossibilidade. Iremos juntos na companha de Vissapa para o calor do Limpopo, rever os baobás ou árvore garrafa que nas nossas angústias, tem o nome de imbondeiro…

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Ontem comi frango frito esfarelado com arroz integral e aquecido no forno e, para variar, gelado com amarula. Comi biltong de kudu, de boi ou vaca e olongo, e bebi suco de goiaba e massala de Moçambique. Percorro assim um caminho com gente chegando e partindo dizendo good morning mesmo sem muito mais dizer, sem muito mais saber; missangas de vida com malas atafulhadas de coisas: coisas que podem ser úteis tais como o canivete, a lanterna junto com as cuecas e, os cremes de amaciar as peles mais o pincel de amaciar as carunchosas unhas …

boer carro6.jpg Fui ao computador ocupar o tempo, li poemas, reli baladas e muitas tretas de fazer caretas; ouvi cantigas, li desaforos, coisas choradas, lamuriadas, cânticos gospel humedecidos, vídeos foleiros, alguns brejeiros e fui à China comer baratas, grilos e gafanhotos. E, eis que num dado momento o écran do maldito computer surge a perguntar-me se este senhor “sou eu”? Estou feito ao bife – de novo!

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Outra vez! Sempre sucede isso quando mudo de continente e telefone. Acho que ando demasiado vigiado; deve haver um anjo da guarda que me persegue mas, em qualquer momento falha sua visão e entro nos cadafalsos da penumbra. Estou assim a pensar como irei restituir-me. Lá terei de largar isto e fazer meu brai com o boerewors com carne de bovino e especiarias, sementes de coentro torradas, pimenta preta, noz-moscada e cravinho. Depois disto veio um vazio, estavam a estudar meu problema pois que mandaram o código de seis números para um telefone que nem era meu embora tivesse o mesmo nome. Creio que era um bafana muzungu destas lonjuras e eu, esperei dois dias soprando ventanias.

bra2.jpg Com este  elevado teor de gordura, estou feito ao mataco  de afundear sofás e lá tenho de o conservar com sal e vinagre na forma enrolada numa espiral contínua. Estou a falar da salsicha bóher que após ser temperada no invólucro comestível e já torriscada no brai, é servida com pap, uma papa de milho típica daqui - África do Sul. No calor do tempo queimo cansaços, fracassos vazios, decepções e até solidões, com Windhoek premium lager! Obrigado a mim, a ti e a tu também (o ti é um, o tu é um outro)…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:06
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MOAMBA – XXII

NAS FRINCHAS DO TEMPO – 18.09.2018

FAVELAS “Townships” na África do Sul ... Porque cada homem é um mundo, tem que ao tempo, dar-se tempo

Por

soba0.jpeg T´Chingange 2017 em Cape Town  - 2018 em Johannesburg

Este artigo já foi publicado em 14 de Setembro em Kizomba do FB deste ano de 2018 mas, por qualquer motivo que só os matrindindes podem saber, o assunto evaporou-se! Para que fique definitivamente no meu baú Niassalês, é agora publicado aqui no Kimbo de Lagoa Blogue com ligeiras alterações na redacção…  

fantasma0.jpg O aqui descrito remonta ao ano de 2017 quando desbravando áfrica, sucedeu dum inesperado desejo de rever musseques ou favelas aqui designadas de townshipes. Há alguma diferença entre as três designações mas, a pobreza, indigência e sobrevivência é seu denominador comum. A poucos quilómetros das belas paisagens que transformam a Cidade do Cabo em um cartão-postal da África do Sul, ficam localizadas as “townships” sul-africanas, como já referi. Elas cresceram de maneira desproporcionada após o início do Apartheid, em 1948, quando receberam milhares de negros, mulatos e indianos expulsos de suas residências.

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Nem mesmo o final do regime de segregação racial, em 1994, foi capaz de melhorar a situação para centenas de milhares de pessoas que vivem em townships actualmente na Cidade do Cabo. Há diferentes tipos de townships; algumas misturam raças e outras reúnem apenas tribos específicas. Em comum compartilham a miséria e a hostilidade aos sul-africanos brancos, funcionários despedidos bóhers e outros marginalizados no tempo pela acção afirmativa do ANC – dar primazia de trabalho aos negros.

favela6.jpg A Cidade do Cabo possui o maior símbolo do regime, a prisão de segurança máxima Robben Island. Lá Nelson Mandela e outras centenas de líderes políticos negros ficaram isolados da população por décadas em uma ilha. Hoje a prisão virou símbolo de liberdade e ponto turístico da cidade, enquanto as townships caíram no esquecimento e ainda convivem com o fantasma do Apartheid.

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Com a miséria, nem os olhos ou o cérebro das ovelhas escapam da panela; assim me foi dado observar. Pelo menos quatro vezes por semana, o sul-africano Lele M´Binda ajuda a superar o preconceito entre negros e brancos. Nascido na township de Langa, em Cape Flats, território da tribo Xhosa, Lelé, como é chamado, encontrou uma forma de ganhar dinheiro ao atrair turistas e estudantes brancos para conhecer a township onde foi criado.

favelas8.jpg O destino é recomendado apenas para quem quer enxergar um outro lado da cidade. E, interessados não faltam; Lelé está em contacto com as melhores escolas de inglês e agências de turismo de Cape Town, já que Langa é uma das poucas townships consideradas pacíficas e ele a conhece como ninguém. Ele, é um dos poucos em sua turma que conseguiram escapar da violência; faz questão de ressaltar isso logo no início da visita enquanto dirige sua carrinha (VAN ou comby). Na descida, fica impossível caminhar quando crianças nos cercam e imploram por dinheiro. Lelé diz para não darmos esmola, que isso só atrapalha; é uma realidade que nós de fala lusófona, bem conhecemos. Vamos em frente!

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A primeira parada é em uma tradicional casa de cultura Xhosa, onde se é recebido com uma animada música local. O lugar parece importante, pois já recebeu a visita de Bill Clinton; por isso, ali surge colgada na parede, uma enorme ilustração do VIP-americano. Aprendemos, entre outras coisas, que Xhosa é a segunda língua mais falada na África do Sul, apenas atrás do Zulu. O artesanato local é curioso e interessante - os preços chegam a ser picantes, mas é difícil sair de lá sem querer ajudar um pessoal pé-de-chinelo sem lhes dar uns jindungos.

favela a.sul1.jpg Entre becos obscuros, leva-nos a um minúsculo quarto, onde vivem cerca de três famílias. Durante o dia ninguém fica por lá, pois não há espaço para todos. À noite todos se espremem para dormir. “Cerca de trinta pessoas moram aqui” - Lelé traduz as palavras de uma senhora aparentemente triste e cansada, que estava gentilmente no local para nos receber. Com os sentimentos um pouco confusos, vamos em direcção ao próximo programa - degustação de uma cerveja artesanal local. Lelé deve ter incluído isso na visita “townshipica”, pois sabe que estudantes e turistas gostam de cerveja.

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Passamos por uma série de rituais que inclui descascar e comer uma semente, antes de experimentar a loira gelada, que na verdade é morena e quente! Um grande balde da bebida é compartilhado por todos e, o sabor é de uma cerveja fraca, quase sem álcool, nada comparado à Skol do Brasil, Sagres do M´Puto ou Cuca de Angola. Enfim, um mijo de burro ligeiramente graduado com álcool. É praticamente no meio da rua que acontece o momento mais desafiador do passeio. Em um fogão improvisado sobre latões de lixo, simpáticas cozinheiras começam a preparar o “Smiley”, prato típico da culinária de uma township. Aqui tudo parece improvisado mas nada é de estranhar para um cidadão do Mundo, o próprio Niassalês de nome T´Chingange

favela5.jpg O improviso consiste em comer tudo o que a cabeça de uma ovelha proporciona, desde cérebro, olhos e língua. Um pequeno pedaço da bochecha foi o suficiente e, para falar a verdade, até que ela possui um gosto satisfatório. Já de volta à VAN e um pouco traumatizados com a cena das ovelhas mortas, somos levados à última parada, o bar M´zoli’s, na vizinha township de Gugulethu. É neste território Zulu, onde também funciona uma churrascaria, que a cultura de uma township pode ser mostrada para os quatro cantos do mundo. Brancos, negros, mulatos e “pessoas de todas as tribos”, misturam-se em uma grande festa com música ao vivo tradicional com cerveja barata. Um forró Xhosa ou um baile arraial de mastro do M´puto!

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O território é livre e o clima de coexistência com paz prevalece, aparentemente! Nos dias que correm nota-se uma tensão por via de desmandos e ataques com mortes violentas em fazendas - farmes, propriedade de brancos maioritariamente bóheres. Nota-se muita apreensão à qual eu dou veracidade por já ter passado por uma merda de política a que chamaram de descolonização exemplar. Isto é África!

IMG_20170720_115617.jpg Aqui, Talvez seja um dos poucos lugares na Cidade do Cabo aonde brancos, negros e mulatos convivem em condições igualitárias. Tudo aparenta em ninguém ser melhor do que outro alguém e todos se compartilham em estórias. Depois de muito churrasco de carneiro, cerveja e outros aperitivos locais, saímos com a certeza, já ao anoitecer, de que o sol também brilha em uma township. Na anterior publicação que não sei como se escafedeu nos labirintos plutónicos do Facebook dois amigos próximos da Kizomba, referiram não gostar de circos e em verdade não irei dizer que gostei, porque para o ser em realidade, só faltaram domadores de chicote e mansos leões que rugem em karaoke Xhosa …  

Vou dizer mais o quê! Amanhã será outro dia...

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:32
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Segunda-feira, 17 de Setembro de 2018
XICULULU . CXIII

BOOKTIQUE DO LIVRO – III17.09.2018

No Muquitixe da Munenga vi as estrias duma kalax bem à frente dos olhos… Patrão, o seu azar mesmo… o seu azar, foi ser branco! 

Xicululu: Mau-olhado

Por

soba0.jpeg T´ChingangeEm Johannesburg

A minha empregada Mary de Kampala empanturrou-me com um prato feito com jinguba guisado em lume brando, com pimentos da guiné konacry, gengibre e mandioca fibrosa que no Nordeste Brasileiro se chama de macaxeira; também juntou inhame. É um prato tão cheio, tão forte que me fez peidar que nem um trombone de varas, um pouco diferente do som originário da feijoada tuga ou da cachupa de Cabo Verde que por vezes mais parece um clarinete desafinado.

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Ruídos periclitantes e, um tudo-nada diferentes dos de Kampala, que cheiram a penas de galinha-capota, depois de escaldadas em água quente. Os condimentos para aquela muamba de Kampala, encontram-se em toda a parte; aqui lugar de Benoni de Johannesburg, em Lisboa ou Londres pois que a globalidade está cheia de africanos, indianos monhês e chinocas.

valdir5.jpg Observo tudo isto para onde quer que vá, mesmo que não me mergulhe nos metropolitanos, mantendo os olhos em baixo, a fim de rever os gestos menos amistosos. Assim enrugado num branco muzungu, ando pelas picadas aéreas, e terrestres, caminhando meu esqueleto pelas streets do mundo porque minha vida e, desde 1975, é uma estória de partidas e chegadas. Agora é áfrica!

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Por onde quer que ande, minhas prateleiras ficam muito cheias de livros, lápis e canetas de riscar com cores várias; as cortinas são agora de um branco rendado vindo de Hong Kong que combinam com outras pretas e sobrepostas para contrastar e amenizar a intensa luminosidade. Aqui neste altiplanalto de áfrica, o céu fica todo azul, o sol escalda gretando a pele porque o vento sopra frio e seco.

telemoveis0.jpg Nos próximos dias o possível vai desafiar o inimaginável e de cócoras, lá terei de me embrenhar na tenda, estender o colchão de amaciar as costeletas tomando o cuidado devido para que os macacos abusadores da selva e outras bichezas que irão pulular nos arrabaldes do Choba ou um outro lugar como Maum no Delta do Okavango, no Botswana, lugar cujo dinheiro tem o nome de PULA. Vou colocar à frente da tenda de lona minha cadeira de cineasta com um buraco no espaldar direito.

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Naquele buraco meterei um copo longo cheio de água tónica e gim para afastar os mosquitos; eles não gostam de quinino pelo que lá terei de usar medicinas do tempo de kaparandanda usadas nos lugares em que os brancos morriam sem cura, febres palúdicas dos mosquitos de Novo Redondo, Dombe Grande ou Kaluquembe. Já comprei umas quantas espirais verdes feitas de bosta de boi para espantar os pernas-longas da tenda ou bungalow, rondável ou o que nos sirva de muquifo…  

valdir4.jpg Haverá sempre por aqui e ali, um cheiro a frango morno ou de um rump stake de quadrupede para me fazer esquecer o plácido e organizado frio mundo das europas aonde o agora sempre é deprimido com muitas palavras de código benevolente, noticias repetidas até à exaustão e mostrando vagas de emigrantes famintos. Gente sem passaporte, sem eira nem beira levados por corsários que só falam com estalinhos, indício de algo ruim para acontecer!

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No M´Puto, talvez não precisasse de ouvir essas patranhas, essas verdades e essas mentiras, pedaços de telenovelas tristes, toneladas de solenidade e rebentamentos de guerra que põem o coração a dar murros no peito. Ao som nem sempre cordial dos anúncios da televisão juntam-se os cheiros de refogados com arroz de tomate com jaquinzinhos, como calores de aquecedores a provocar fungos nos cantos da nossa paciência.  

alema11.jpg Não sei se você que me lê, já encontrou sua maneira de ser generoso o quanto baste; acho até que se o quiser, não lhe faltarão oportunidades para o demonstrar. Posto isto, espero que Deus se surpreenda comigo e até me mande um recado pelo Watsap ou o e-mail usando uma das senhas que miraculosamente resgatei do espaço de Plutão um antigo planeta que já não existe tal como o esquecimento que me contemplou no pedido da senha através do Facebook…  

papalagui11.jpg E, afinal, quando lhes convêm, eles os ilegais emigrantes dizem-nos que o Adão e a Eva eram africanos. Falam assim porque foi no Vale do Rift que surgiu o primeiro homem e a primeira mulher de nome Luzia. A minha empregada do Uganda, também o confirma: - Adaemus e Eva pertenciam-nos! Cumcamano, ando a perder massa muscular no meu cerebelo!

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:20
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Terça-feira, 11 de Setembro de 2018
MALAMBAS . CCXII

NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI - KIMBERLEY –  7ª de Várias Partes

- EM CAPE TOWN – HÀ UM ANO ATRÁS – 03.09.2017 – No Kirstenbosch – National Botanical Gardens de Cape Town…

Por

soba0.jpeg T´Chingange – Em Johannesburg - 11.09.2018

Este bairro de Imizamo Yethu em Hout Bay e outro mais que proliferam ao redor da Cidade do Cabo, são muito semelhantes às favelas do Brasil mas muito mais carecidas e feitas de uma grande variedade de materiais. São em chapas zincadas e outras achatadas a partir de tambores mais madeira e pranchas de fibras com variadas cores. É um mundo visto a duas distintas velocidades mais por via de refugiados que aqui chegam do resto de África.

cape10.jpg Na encosta Sul da Table Mountain fica um vale chamado de Constantia e, é daqui que sai o melhor “Pinotage”- vinho tinto; a melhor casta de uvas devido ao especial clima daqui por reunir as melhores condições. Há dezoito anos atrás visitei Stellenbush, fui a caves e nesse então inteirei-me haver ali um clima favorável a uma grande variedade de castas sobressaindo o cabernet sauvignon tão da minha preferência, mas e também o Shiraz – todos excelentes!

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Em toda a propaganda escutada a bordo do red-bus é dada enfase às populações supostamente autóctones (os primitivos KoyKoy) mas, pelo que sei, estes nunca tiveram qualquer preponderância no aspecto empresarial. A qualidade de vida que pode ser apreciada deve-se aos primeiros e sequentes pioneiros bóheres que desbravaram terras. Nota-se agora uma multiplicidade racial de gente laboriosa que a torna bem cosmopolita.

cape7.jpg Não devem agora os novos dirigentes da África do Sul propalarem discursos negativos subtraindo as mais-valias que o Mwata Mandela legou. Os discursos quanto às leis de terras têm sido bem negativos para o desejável desenvolvimento da África do Sul; não podem no calor das refregas políticas caírem no mesmo erro de outros países, tentando lavar e purificar a mentira com a demagogia que a ninguém favorecerá.

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Sei porque ouço e vivi, são arbitrariedades não desejáveis num qualquer lado. As práticas erradas estão originando fugas, desemprego, corruptas atitudes com favorecimentos pela cor da pele entre muitas mazelas escandalosas de roubos, matanças, incitamento o descontrolo duma sociedade de forma pervertida e invertida.

cape9.jpg Matança aqui e além para de forma encapotada fabricar o medo entre os brancos, como se a áfrica não lhes pertencesse também. É nítida a forma em como o património do homem branco é cobiçado e estimulado por dirigentes arruaceiros. Os discursos estão aí para todos escutarem, populistas negros a clamar com pretextos quando o que pretendem é simplesmente esmifrá-los; isto quer dizer: rasgar ou desfazer em pedaços, cravar, esforricar ou extorquir dinheiro por qualquer banalidade! Não me posso mentir! 

cape6.jpg Reestruturar e restruturar são duas formas possíveis em português, aonde e, em politica não deve originar o “esmiframento”. Esta é uma palavra inventada agora por mim para fazer sentir que esta estranheza pode de novo acontecer tal como já me sucedeu junto com mais de meio milhão por via do “descolonizamento”, outra palavra inventada para elucidar uma pseudo descolonização (falo de Angola). Desde sempre e, que me lembre de ser gente, observei que as leis foram inventadas pelos fortes para dominarem os fracos que são muitos mais.

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Sempre observei entre os políticos amizades incipientes desde o tempo em que os cuspidores de prata eram usuais e era admissível ou, sem reparo, cuspir-se em público. E, anda muita gente de alto coturno e responsabilidade a cuspir pró ar sem que ninguém de peso conteste. Falo do mundo todo! Vejo isto por todo o lado e em particular aqui em África.

cacto xoba3.jpg Hoje que penso muito e, rezo pouco, sinto os tempos subtraídos nas leis dos governos, e, logicamente, averiguo sem pudor, as diferenças. Para não me mentir, resgatando pedaços de lembranças, chupo a acidez da múkua (fruto do imbondeiro), abraço os meus amigos, muitos deles sem a t´xipala de candengues visível no cardápio das mokandas, das muitas malambas do facebook. Já kotas, de cabelos brancos ou grisalhos, o tempo esquindiva-se nas vontades de juventude perene. O que tiver de acontecer, vai acontecer!

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:49
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Domingo, 9 de Setembro de 2018
MALAMBAS . CCXI

NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI –  6ª de Várias Partes

- EM CAPE TOWN – HÀ UM ANO ATRÁS02.09.2017No Kirstenbosch – National Botanical Gardens de Cape Town…

Por

soba0.jpeg T´Chingange – Em Johannesburg

Estamos a 09.09.2018; passado que dá um ano e três dias, aqui estou de novo revendo este recente tempo, passando a limpo meus gatafunhos do baú do Karoo do Xoxolosa Trem. Fazendo um interregno por espera na obtenção do carro que nos levará mais a norte, irei rever a visita ao Jardim de Kirstenbosch na Cidade do Cabo. Dy, também conhecido por Reis Vissapa vai diligenciar encontrar o carro ideal e com tracção a todas as rodas a fim de rumarmos a norte via Botswana.

alfa0.jpg Aqui neste vastíssimo planalto de Johannesburg, as temperaturas são estremas; de dia e, nesta época do ano, podem ir dos zero aos vinte e cinco graus. Esta noite tive de colocar meias e gorro trazido do M´Puto pois que o frio não me deixava dormir. O computador da Ibib marcava um grau e deu para sentir. Lá fora os carros tinham gelo nos vidos. Tentaram sair no jeep mas este não pegou pelo intenso frio que fez na noite. Pelas sete e trinta da manhã, tiveram de ir à igreja no carro da Celeste, minha nora. Eu fiquei no bombom do quarto com os meus santos, empolgando-me na mioleira.

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Pois voltando ao Jardim e rodando nós a Table Mountain da Cidade do Cabo no autocarro vermelho do Cityrama, ali chegamos deixando de sentir aquele vento frio que sopra do Atlântico. E, porque aqui, não se faz sentir aquele vento, as plantas crescem envoltas num microclima como se estivessem em uma estufa. Vimos altíssimos pinheiros e até entre outras plantas autóctones, o tão nosso conhecido sobreiro de dar cortiça e também castanheiros.

koisan1.jpg Andar pelo Jardim foi como revisitar os desertos de toda a África vendo até algumas plantas já na fase de extinção em outras partes do globo. Tinha vindo aqui há dezoito anos e pude de novo rever com deslumbre este grande jardim e, com tanta variedade de espécimes. As etiquetas referiam o nome, sua procedência entre outras particularidades. Fiquei a saber que em outro tempo também aqui havia leões, sendo seu último exemplar, morto aqui no ano de 1884.

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Em uma brochura recordam que os primeiros europeus a chegar aqui ao Cabo, foram os portugueses capitaneados por Bartolomeu Dias. Há uma grande estátua dele logo à saída do porto do Waterfront, fica bem no centro de uma grande rotunda aonde vai desembocar uma das principais avenidas da Cidade; mais tarde chegaram os holandeses subvencionados pela Companhia das Índias Ocidentais que aqui se estabeleceram.

alfa2.jpg Estes holandeses são os mesmos Mafulos que se apoderaram de Loanda de N´Gola a 24 de Agosto do ano de 1641 já referidos em uma outra crónica de Mu Ukulu II. Esta mesma tropa composta de flibusteiros, arqueiros cobertos de metais e, portando arcabuzes de cuspir fogo, encontraram uns indígenas de pequena estatura a quem chamaram os “KoyKoy”; talvez os da mesma origem dos Khoisans ou bosquímanos. Os holandeses Mafulos afastaram os KoyKoy para longe de suas vivências estabelecendo-se nesta ponta rodeada de morros.

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Também aqui os Mafulos ou Holandeses foram enviados a propósito para conquistar terras de África. O M´Puto estava nesse então debaixo do mando dos Filipes de Espanha tendo Filipe I de Portugal e Algarves, sendo o segundo monarca de Espanha. D. Filipe II de Espanha expandiu seu domínio a Portugal, à Flórida e às Filipinas desleixando o que era de Portugal. Em verdade foi nesse então o primeiro líder mundial a estender os seus domínios sobre uma área directa "onde o sol jamais se punha", superando Gengis Cã.

alfa5.jpg Filipe I de Portugal até então, era o homem mais poderoso de todos os tempos. Os limites do seu império foram denominados em sua homenagem desde o extremo leste das Américas (Filipeia, hoje João Pessoa do Brasil) ao sudeste insular asiático: Filipinas; do Atlântico centro-ocidental ao Pacífico centro-ocidental passando por todas as longitudes do oceano Índico. Não foi com medo da malária, o porquê deste tão grande monarca nunca se preocupar com as antigas possessões do M´Puto mas, sim pela força do Papa que definiu a linha do Tratado de Tordesilhas.

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Bom! Voltando aos Mafulos, por aqui se estabeleceram vivendo da pesca mas e principalmente das muito boas madeiras que recolhiam nestas encostas. Os troncos eram arrastados até à beira mar e embarcados em naus no lugar protegido de Hout Bay. Com as guerras anglo bóhers e por via dos interesses nas explorações de ouro e diamantes, estes colonos foram sendo empurrados, sempre mais para norte. Foram assim forçados, que originou o desbravar de todo Karoo, uma parte do grande Calahári tendo como elemento aglutinador o rio Orange que nasce nas terras altas do Drakensberg.

alfa01.jpg Na encosta sul de Hout Bay, pode verificar-se o desarrumado caserio de gente que busca estas paragens para trabalhar. É aqui chamado de Imizamo Yethu, um conjunto de casas minúsculas e coloridas subindo a encosta do morro, num urbanismo em tudo idêntica às favelas do Rio de Janeiro; imagino pela pequenez, não terem o mínimo de condições de habitabilidade mas, que a necessidade obriga a ginasticar como um estágio de vida penoso.

alfa6.jpg São pessoas que sem qualquer formação, a tudo se sujeitam; gente vinda do Lesoto, Zâmbia ou o Malawi. O curioso é ser este um ponto de paragem turística com guia e, que por uma gasosa, explica aos turistas por forma a se inteirarem deste pormenor. Explicarem a vida tormentosa de quem sobrevive nela, como a visão duma evolutiva excentricidade e, a quem nem sonha poder viver em nove metros quadrados…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:25
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Segunda-feira, 6 de Agosto de 2018
MALAMBAS . CCIX

NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI - KIMBERLEY –  6ª de Várias Partes

XOXOLOSA TREM . JÁ EM CAPE TOWN – 02.09.2017 – No Kirstenbosch National Botanical Gardens

Por

soba15.jpgT´ChingangeNo Barlavento Algarvio

Estamos a 06 de Agosto de 2018. A um mês de voltar a terras de África para fazer uma aventura entre esta cidade de Cape Town até N´Gorogoro na Tanzânia. Continuo a passar a limpo meus gatafunhos do baú do Karoo e do Xoxolosa Trem, escritos de 06 de Setembro do ano de 2017. Nas Malambas CCII do Kimbo Lagoa, embora fazendo turismo de aventura sem saber bem como seria o dia seguinte, terminei por descrever em síntese o que sentia - minhas percepções das políticas no tempo, aqui no estremo sul. Fiquei deveras apreensivo!

IMG_20170830_155822.jpg A degradação de África coabita com a impreparação de gestores públicos maioritariamente negros e, que duma forma simplista querem adquirir as riquezas do branco – fazendas, fábricas, casas e empresas. Retiram brancos competentes para serem substituídos por administradores, directores sem nada perceberem do negócio, da gestão agrícola ou outros meios de vida; é a única forma de o dizer sem usar sofismas mentirosos e, quem me afrontar nisto que digo, estará seguramente a usar falácia mentindo-se a si mesmo.  

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Não podemos contemporizar com esta prática num criminoso silêncio. O Mundo não pode ficar alheio ao invés de sempre darem enfase às massas migrantes que assolam a Europa. Decerto que por detrás de tudo, a maior parte das Organizações como ONGS e outras estruturas oficiais enfeudadas em partidos, sempre chamados de progressistas, têm interesses sub-reptícios de engodar as gentes com inverdades, para daí tirarem os maiores dividendos; o pior cego é aquele que não quer ver.

IMG_20170720_125627.jpg O povo tem de saber que sempre haverá um raivoso Malema na África do Sul, um ambicioso ditador Idi Amin Dada, um Mobutu Sesse Seco ou um José Eduardo dos Santos e sua quadrilha com um laranja João Lourenço tentando-se fazer valer numa politica despótica, tendo milhares de outros laranjas que lhe tapam as crostas da maldade.

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Sempre haverá figuras metralha de justificar as maiores barbaridades tais como um tal de Bento Cangamba de Angola e, ou Manuel Vicente, gente nascida para enricar de qualquer jeito manobrando a justiça, países inteiros, governos da treta a fingir que são honestos, só para parecer ser. E dói, sentir nas sociedades ditas modernas ser-se segregado, dividido socialmente, não somente pela cor da pele ou forma de vestir mas, pelas nossas posições no tempo, atribuindo cotas para se estudar ou trabalhar. Isto não deveria existir. É uma agressiva aberração!

IMG_20170721_102540.jpg Eles fazem comícios entorpecendo os centros urbanos, queimam pneus em plena via pública, estimulam assalto à mão armada, incentivam a morte ao fazendeiro branco, deterioram géneros e cérebros para adulterarem a verdade – é um mundo cão! Uma gota de água lançada por uma garça para apagar um incêndio não é nada mas tal como a garça faço a minha parte.

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Dizia nesse então recente que por mais que tente compreender esta transitoriedade de África, fico apreensivo por ver as ondas de detestabilidade governamental agravando os empresários maioritariamente brancos; Parecem seguir as pisadas de Robert Mugab, aquela figura que se empolgava no incitamento rácico, coisa fácil de torpedear o cérebro de quem não tem o alcance de discernir; também, gente que nada tem a perder porque nada construíram, nada fizeram…

IMG_20170901_120004.jpg Numa ânsia negra e doentia de obter as mordomias dos brancos, tal e qual como sucedeu em Angola entre outros territórios, ex-colónias portuguesas mas, e não só, também belgas e francesas ou mesmo espanholas! Diga-se que e, em abono da verdade as colónias portuguesas foram dadas a custo zero originando um dos maiores erros recentes no trato sócio – económico e originando daí o assalto aos governos por bandos armados, autênticos ganguesteres…

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Mas, e agora, se os brancos saírem em massa da África do Sul, um reduto de prosperidade, como vai ficar o país? E, para onde irão se, reconhecidamente é aquele o seu quinhão de terra!? Correm o risco de seguirem as passadas erradas de Angola, Zimbabwé, Moçambique ou mesmo o Congo Zaire entre outros países africanos… Dá lástima sentir a hipocrisia que é escrita ou dita por gente que quer tirar dividendos fomentando a instabilidade. E, há gente que se entrega na purificação da alma esquecendo o quanto foram vilipendiados, roubados, menospesados...

IMG_20170901_113712.jpg Empolguei-me a falar de atrocidades e arbitrariedades deixando o belo jardim de Kirstenbosch para estas poucas linhas que faltam nesta crónica-mokanda. Eu e minha caravana familiar compondo quatro pessoas, apanhamos o autocarro vermelho do Cityrama na avenida M3 junto ao Cape Town High School bem no centro, lugar de Gardens. Começa assim nossa volta pelo itinerário da peninsular Gardens rut que nos levou directamente ao jardim Kirstenbosch.

cape8.jpg Rodamos pela base norte da Table Moutain passando no Rhodes Memorial, Universidade e,  vendo sempre na base da montanha do lado esquerdo a Newlands Forst; por fim apeamo-nos no bonito e organizado jardim. Soprados a vento frio podíamos daqui apreciar a majestosa Table Mountain no seu lado sul, sua pujante e vistosa mancha de verde floresta, empinada na encosta quase a pique até chegar ao platô; uma das maravilhas naturais do Cabo da África. Os portugueses na preocupação de chegar às especiarias da Índia, não se detiveram aqui mas, deste então entreposto, pode conhecer-se muita mestiçagem com nomes de Pereira, Silva e Macieira ou, até de Silveira…       

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:15
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Quarta-feira, 1 de Agosto de 2018
XICULULU . CXI

TEMPOS QUENTES – ÁFRICA DO SUL - 01.08.2018

Porque cada homem é um mundo, tem que ao tempo, dar-se tempo… Eu entro no FaceBook para me rir, brincar e aprender algo! Se fosse para chorar, entrava na minha conta bancaria!

soba15.jpgAs escolhas de T´Chingange

Pormatias j.jpgJosé Matias - Um homem de fé, que do seu modo quer mudar o mundo; mas o mundo roda noutros rolos... 

Público aqui o que tenho escrito sobre os povos da S.A. e suas origens para quem ainda tem dúvidas. Se o homem branco na África deve ser forçado a deixar a África do Sul, então deve o homem branco do Canadá, Austrália, Nova Zelândia, EUA, Uruguai, Argentina, acautelar-se com as piores visões de gente como esse tal de Malema que se quer fazer ouvir.

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A ser assim o Brasil e todos os outros países aonde o homem branco se instalou, terão de rever sua política de coexistência pacífica dentro dos padrões modernos e pensarem voltar para a Europa de onde saíram!? Claro que isto é um desproposito da maior aberração mas convêm dizer-se que o Mundo anda bem distraído no eu toca a isto. Angola foi uma das últimas aberrações em termos da enorme fraude a que chamaram de descolonização.

áfrica19.jpg Não obstante saber-se do tudo como aconteceu, ainda se reconhece a perturbação dum silêncio que faz por calar a verdade da mentira. Quando o homem branco aqui chegou, a África, em partes desta mesma terra do Sul do continente, não existia esta gente que agora apregoam ser os donos disto e daquilo, cometendo os mesmos desaires das descolonizações recentes.

matipa-tipa.jpg Tudo resvala para o mesmo erro de outros povos que, nem sabiam quem eram, e onde estavam, pois nem fronteiras existiam; quem as marcou, foram povos que fizeram desta terra a sua e, construíram todas as estruturas, que faz inveja a muitos países europeus.

araujo2.jpgIncitados pelos pseudo liberais esquerdistas, paulatinamente vão destruindo as fontes de trabalho, matando fazendeiros, promovendo aqui e ali insurreição gratuita, queimando pneus na estrada, impedindo o progresso e influenciado estes povos, cantando-lhes canções de entorpecer a vida de todos, patrões, funcionários e gente laboriosa que só pretende subir com seu próprio suor.

koisan5.jpg Querem forçosamente destruir e aprisionar este povo, mantendo ditaduras corruptas, em que só eles mesmos, os da nomenclatura se servem a belo prazer com enriquecendo ilícito. Também aqui o caso de Angola é gritante! Não me venham contar histórias de embalar, pois que por aqui ando há 52 anos; sei bem qual o pensamento destes em detrimento dos que desejam cohabitar com os brancos, que jamais saiam desta terra – África do Sul; muitos sabem o quanto será difícil sobreviver sem o potencial branco.

matias14.jpg Os influenciados, por estas castas manhosas ou diabólicas de cariz esquerdista e, sendo até alguns deles riquíssimos, até milionários, sabe-se que fizeram sua riqueza por intermédio do branco. Têm carros do último modelo, casas com torneiras de ouro, palácios financiados pelos brancos, suas roupas que não são mais peles de animais, relógios dos mais caro do mercado, calçado vistoso, o verdadeiramente apropriado para um digno senhor ou senhora.

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Há escolas para todos, em um número muito superior ao resto da África. Não me venham dizer que os brancos quando aqui chegaram, encontraram todas estas criatividades sociais! Que falar de terras de quilómetros e quilómetros, lavradas com 40 a 50 máquinas a par umas das outras, desbravando terras, plantando milho e tantos géneros essenciais ao povo; para dar comida a 40 milhões de pretos e 5 milhões de brancos.

matias15.jpg Seria possível cavar á enxada este quilómetros a perder de vista? Este é um mundo cada vez mais hipócrita, cheio de mentiras, onde o mal é falseado em um suposto bem. Estamos na realidade dos fins dos tempos, pois ninguém mais irá parar a trapalhada, onde se poderá prever fome, uma crise como nunca houve desde que aqui chegou o primeiro branco. Pensai, é tempo de olhar para o alto de onde nos vem o socorro! Deus que nos criou, e que nos deu regras para fazer a vida nas cores de cada qual sem O desprezar porque nos fez do pó desta terra.

José Matias 01.08.2018



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:56
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Terça-feira, 24 de Abril de 2018
MALAMBAS . CCII

NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI - KIMBERLEY –  4ª de V Partes

- XOXOLOSA TREM .  EM CAPE TOWN – 24.04.2018A Montanha Table Mountain manteve-se tapada com nuvens dos dias, depois destapou…

Por

soba15.jpg T´Chingange - No Nordeste brasileiro

Estamos a 24 de Abril de 2018; Continuando a passar a limpo meus gatafunhos do baú do Karoo do Xoxolosa Trem irei desde Maceió no Nordeste brasileiro até Cape Town uma das cidades mais lindas do Mundo mas, sempre a seguir ao Rio de Janeiro. De forma sucinta direi o quanto fiquei preocupado com o Senhor Seca que com seus 87 anos conduz um Toyota Corola de quase 2000 de cilindrada.

IMG_20170829_143846.jpg Nossa bagagem teve de ir no banco de trás porque simplesmente o Sr. Seca se esqueceu de onde ficava a tal patilha de abrir a coisa. Dias mais tarde achamos a tal patilha quando tivemos de meter gasolina, pois ela ali estava mesmo ao lado do sinal com um depósito; uma mala enorme! Lara, minha neta andava espantada com este desassossego. Derivado a isto, fui dizendo que o Sr. Seca não estava em condições nem de conduzir um cangulo.

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E lá fui eu agarrando o espelho lateral com a mão esquerda enquanto com a direita e do lado de dentro firmava uns improvisados fios de computador que seguravam este. Uma engenharia de ponta de arranhar o cerebelo dum qualquer piloto de fórmula-um. Já em casa no Iaton Road, falando com sua esposa Dona Eliane esta, disse tê-lo debaixo de olho a todo instante. Verifiquei que assim não era, porque ele, viaja pela cidade sozinho. Ele vai bem longe buscar o Século de Johannesburg em português pois que, é ele o distribuidor dali…

IMG_20170901_103102.jpg A casa fica bem enquadrada a meio da Iaton Road e, embora se note estar um pouco deteriorada, mantem seu estilo vitoriano em cor rosa. Dias 29 e 30 de Agosto de 2017, terça e quarta feiras, choveu pela manhã e a Montanha Table Mountain manteve-se tapada com nuvens todo o tempo. Isto pode ser visto a partir do quintal da casa da Dona Elaine e Amadeu Seca.

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Aqui e no quintal da casa do ex-presidente da Academia do Bacalhau de Cape Town posso ver junto ao passadiço da garagem um pessegueiro com lindas flores rosa e uma ameixeira com flores brancas; são os indicadores da primavera no estremo de áfrica. Há um terraço com dois socalcos, tendo o inferior uma piscina que por via do inverno, embora cheia de água, está sem indicação de uso, por assim dizer, desactivada. Entre esta e a rua há um caramanchão de nobre estilo e de onde despontam flores na forma de cachos; são bonitas glicínias.

IMG_20170830_155338.jpg Bem na frente ampla, vidrado do alçado, um anexo que dá para a piscina, fica a sala do barbecue - brai ou churrasqueira. Recordo, termos aqui comido em 1997 uma garoupa no forno em companhia da filha do Sr. Seca e a nossa vizinha do M´Puto - Algarve, a Tilinha com Marco e Ricardo, meus flhos. Estivemos aqui uma segunda vez, eu e Bibi (Ibib) no ano de 1999 mas eles, Dona Elaine e Sr. Amadeu Seca nem se recordam.

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Nesse então, muita gente vinda de Angola ou Moçambique e também de Portugal tinham aqui um pouso lusitano, mas agora pelo factor da crise, da escassez de dólares entre outras dificuldades, a coisa está mais preta! Estamos a 31 de Agosto. Fomos buscar os bilhetes de avião de regresso a Johannesburg e, de novo fiquei preocupado porque logo ao sair da rua Iaton Road, o Sr. Seca, meteu-se por uma travessa que não tinha saída. Uf!

cabo1.jpg Fomos até um beco a dar com um colégio de missionários, lugar que ele deveria conhecer bem, pois que vivia ali à uns bons cinquenta anos. Preocupante!… Estamos a 31 e a quatro dias para andarmos pelas rotas do Cityrama, a rede de ónibus City Tur  que nestes próximos dias 1 e 2 de Setembro - assim haja boas condições, nos levará a vários destinos, começando sempre pela Table Mountain.

cacto xoba1.jpg Ontem passamos o dia na Waterfront, lugar bem aprazível aonde o tempo passa rápido ouvindo-se música, vendo gaivotas e focas a espreguiçar-se ali por perto ou comprando lembranças no grande shopping. Tiramos fotos nos vários canais com suas marinas, dois níveis de água manobráveis por comportas e plantas exóticas a contornar hotéis, casinos e figuras do jet-set; gente de todo o Mundo. Por hoje e, depois de passar a ponte móvel, fico aqui sentado a olhar o relógio vitoriano… Também fico atento ao canhão que todos os dias dá uma salva de um só tiro a dar ao meio dia… E, depois almoçar por aí…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:19
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Segunda-feira, 23 de Abril de 2018
MULUNGU . LXI

TEMPOS CUSPILHADAS – 24.04.2018

Palavrório no Wi.Fi – 2ª Parte - conflito de gerações e as Take News

Mulungu: Pode ser árvore de grande porte com flores grandes e vermelhas e homem branco em língua Xhossa

Por

soba0.jpeg T´Chingange - No Nordeste brasileiro

Por aqui ando esticando os ossos, construindo a cada passo uma estória ao meu modo; um mussendo, um missosso entre ave Marias encavalitadas de prefácios que se baralham e que logologo se esquecem; ainda não eram sete horas da manhã quando iniciei a marcha do dia por duas horas na linda marginal de Maceió. Reparei que pela muita chuva caída nas duas últimas noites, a praia estava muito cheia de sargaços e, andando pude reparar em senhoras que enquanto caminhavam, iam rezando o terço.

araujo10.jpg Ao invés disso, eu fazia rodar dois pequenos cocos verdes, um em cada mão e, lá teria de me entreter no tempo esperando estar a praia mais propícia a nela poder fazer minha hidroginástica. Andando pude rever o termo de palavrório no Facebook e, o que deste resultou falar dos conflitos de Take News no Mundo com as consequências ou sequelas óbvias no nosso curso de vida.

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Não tivesse sido Assunção Roxo a lembrar este termo de PALAVRÓRIO no Facebook e, passaria despercebido sem o sequente desenvolvimento nos muitos e desconexos discursos ou sem nexo, conversa de deitar fora. Pois é a ela que agradeço ao me ter lembrado esse termo e, rebuscar daí os conflitos e alterações que fazem por coisa pouca, mudar o Mundo.

amigo1.jpg Por isso, ter referido a eleição de Trump nos USA, as implicações no Brexit em Inglaterra e as interferências nas eleições de tantos países como a de Aécio Neves no Brasil. Não dei resposta às desculpas que tece no Facebook por eventualmente ter referido este termo com aspas em qualquer lado e, para exprimir seu desagrado a algo escrito por mim. Nesta normalidade nem posso relevar suas desculpas porque não as há. Tenho sim de agradecer!

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E, é tão curioso ler as palavras de socorro tão enlevadas de solidaria amizade vindas de um outro continente na pessoa de Matias, soldando assim na perfeição a fraternidade que deve coexistir entre nós. Um triângulo perfeito tendo nos cantos a América, a Europa e a África. O Mundo é mesmo uma ervilha! Esta “Não estória” culmina desta forma tão bela que me apraz registar que para álem da crença temos a fé e fraternidade… Aqui não cabem desculpas mas sim agradecimentos! Obrigado a ambos!

bruno27.jpg Um tema a desenvolver, a crença. Uma ideia ou convicção que alguém aceita como verdadeira, como “passar por debaixo de escada - dá azar”. Creio assim que o mais importante é um argumento, não se tornar nem numa luta, nem em um debate ou desacordo entre as pessoas mas, uma busca constante pela verdade.

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As leis são feitas, tanto quanto se saiba, para melhorar a vida das pessoas. Sendo assim, que sentido poderá ter uma lei que piore a nossa existência. Nosso lema é aceitar o princípio pelo qual uma lei só fica de pé se fizer nexo. Nada disto é desgarrado da fraternidade que temos o dever de curtir, de praticar.

REPU5.jpg No entanto e, como diz Matias (e, foi um cego que lhe disse): não temos outro Evangelho a anunciar que não seja a cruz de Cristo e qualquer desvio que façamos deste Evangelho perde-se o poder ou virtude que só Ele nos pode dar. Ando buscando! O desencanto do Cristianismo é porque não está baseado em sabedoria humana e por esta razão, o homem, aquele que não crê na obra Redentora do Cristo, não pode aceitar porque lhe parece loucura. 

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:43
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Sexta-feira, 20 de Abril de 2018
MOKANDA DO SOBA . CXLI

ANGOLA DA LUUA XLI - TEMPOS PARA ESQUECER – 20.04.2018

- O Ataque a Luanda só seria desferido na alvorada do dia seguinte, 10 de Novembro, dia em que as FAP sairiam de Luanda…

Por

soba15.jpg T´Chingange

A situação de descontrole por toda a Angola a partir da ponte aérea de LuuaLix, desencadeou uma sequência de acontecimentos que não corresponderam a um processo de descolonização, mas sobretudo, na apropriação gradual de prerrogativas do estado por parte dos movimentos independentistas, destacando-se o MPLA. Em nome da defesa das comunidades, usaram e abusaram de violência. A partir de Agosto, os acontecimentos ditaram na prática o fim do Governo de Transição e do Acordo de Alvor.

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Até ao dia 9 de Setembro, o MPLA reconstituiu o governo, colocando os seus representantes em cargos anteriormente ocupados por elementos designados pela UNITA e pela FNLA. Uma informação da CIA registou que responsáveis do MPLA tinham colocado «grande empenho em criar a impressão de que a sua organização seria o único grupo de libertação capaz de coordenar um governo angolano independente». Os Americanos estavam à coca! Deles sairia o último suspiro…

guerri6.jpg Assim, cada vez que a tropa portuguesa abandona determinada cidade ou posição, a população branca igualmente abandona essa cidade ou posição. A população negra, não afectada ao movimento que controla a zona em questão, acompanha as tropas portuguesas no momento da retirada. Em Outubro, a invasão em grande escala da África do Sul alterou profundamente os contornos do conflito. Uma unidade da UNITA comandada por um major sulafricano e assessorada por consultores sul-africanos conteve o avanço do MPLA sobre o Huambo a partir de Benguela.

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A pedido da UNITA seguiuse a entrada em Angola da coluna Zulu da SADF, a 14 de Outubro, que expulsou as forças do MPLA estacionadas ao longo da faixa costeira até Novo Redondo (Sumbe), a norte do território. As Forças Especiais cubanas travaram o avanço das tropas sulafricanas fazendo explodir a ponte do rio Queve. Entretanto, o exército da FNLA, que marchava em direcção a Luanda, vindo do Norte, foi destroçado por mísseis cubanos.

gurra10.jpg Agostinho Neto, presidente do MPLA, proclamou a independência da República Popular de Angola, em Luanda, enquanto, no Huambo, Savimbi anunciava a criação da República Democrática de Angola. A iniciativa militar passou, então, a pertencer ao MPLA, levando à retirada da SADF de Angola, entre Janeiro e Março de 1976, e à fuga da UNITA das cidades do interior do país, no início de Fevereiro.”

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Recorde-se que no meio de tantos desencontros ainda havia esperança e soldados que não abandonavam gente que se queria manter no território. Assim, o ex-tenente Fernando Paulo e alguns dos seus homens já na condição de refractários, protegem um grupo de refugiados no Chitado aonde criaram uma zona de segurança. Era a frente para a fuga ao invés da fuga práfrente, algo não estudado a fim de se efectuar o abandono, tácticas nunca vista nos anais da lusofonia.

guerra23.jpg O MPLA era o movimento da burguesia luandina; aparentemente mais evoluído e com mais quadros abalizados, supostamente teriam mais capacidade para governar; seus sombrios e divididos intelectuais alinharam à partida mais na linha da esquerda só que, seu comportamento no terreno era adulterado por radicalização pela força revolucionária do MFA – os mesmos que deveriam garantir-nos segurança.

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Aqueles generais de aviário de fraca experiência eram manobrados por Rosa Coutinho, verdadeiro dono daquilo, cedendo tudo ao MPLA e dificultando os demais. Rápidamente o MPLA inventou a maka e o Poder Popular zombando até dos revolucionários tugas que tudo lhe davam. Eles inventaram o monstro Imortal, o Valodia e o Monacaxito…Tudo parecia ser um jogo de guerra aonde a morte era só de brincadeira…

guerri4.jpg Luanda tornava-se uma imensa lixeira fétida com o calor e humidade acelerando a decomposição de detritos, gente e animais mortos. Uma cena apocalíptica que agora tentam repintar com cores de arco-íris. Entretanto os Cubanos iam chegando pela calada com conhecimento e consentimento dos governantes do M´Puto. Calcula-se que só nos últimos dias de Setembro tenham entrado aproximadamente 3500 cubanos. No dia cinco de Novembro de 1975, quatro grupos de comandos ao serviço do ELNA colocaram-se no Morro da Cal.

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A infantaria surgiu a seguir descendo para os baixios da lagoa. O comando estava ao cuidado de um general zairense em substituição de Gilberto Santos e Castro do qual lhe foi retirado o comando dias antes e, enviado para N´Dalatando (Cidade de Salazar). Gilberto Santos e Castro era um antigo oficial do exercito português e irmão de um ex-Governador de Angola. Flagelados pelos misseis cubanos, as baixas do ELNA foram tão significativas que optaram por se retirar dali.

guerra22.jpg Na madrugada do dia 9 de Novembro, dois dias antes do dia aprazado para a proclamação-entrega do território, chegou uma guarnição de 20 africâneres vindos do Ambriz. Com eles traziam os obuses de tiro de longo alcance e 1200 granadas. O Ataque a Luanda só seria desferido na alvorada do dia seguinte, 10 de Novembro, dia em que as FAP sairiam de Luanda. Cento e quarenta sul-africanos em silêncio, posicionaram-se ao lado das peças, bem antes da hora de fogo que estava prevista ser pelas cinco horas ao alvorecer do dia.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:44
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Terça-feira, 17 de Abril de 2018
A CHUVA E O BOM TEMPO . LXXX

NAS FRINCHAS DO TEMPO – 17.04.2018

- Nem sempre é necessária a culpa para se ficar culpado… Quanto mais me esforço mais me viro ao espírito…

Por

soba15.jpg T´Chingange . No Nordeste Brasileiro

De ontem para hoje meditei na resposta a dar ao meu amigo “pastor da palavra de Deus” em terras de África do Sul. Aqui no paraíso da Pajuçara do Brasil, lugar que escolhi para viver e, na Praia de Sete Coqueiros, já fui assediado para fazer parte da Igreja Maná, da Igreja Adventista do Sétimo dia, da Igreja Quadrangular e da Igreja da Nossa Senhora da Lagoa do Pau; um sem fim de gente a oferecer sua verdade. Indiferente a todas, continuei tendo Messias no pensamento cozendo-me ideias nos meus neurónios.

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Com o mar Iemanjá a arrumar meu colesterol, firmando-se a mim num jeito espírita de lixar verrugas e outras maleitas, explanarei minha missiva a José Matias em resposta ao seu texto bem formulado e formatado e, também para me induzir à sua verdade. Assim transcrevo com itens de “J”… o dito por Matias e com “M” o dito por Monteiro (T´Chingange)…

matias j.jpg ::::J…1  

Acreditas no Messias? Mas há sempre um mas, visto Ele não resolver os problemas deste mundo que nos rodeia. Ele, o Cristo chamado Messias, não veio para nos resolver os problemas; Ele sim veio para nos mostrar o Caminho que devemos seguir afim de nós podermos herdar os novos céus e nova terra que Deus tem preparado para aqueles que o amam. No entanto todos aqui estamos sujeitos a ter problemas tanto os que confiam em Deus para a salvação, como os que impiamente conduzem outros para a condenação.

::::::J….2

O Diabo é o primeiro a acreditar em Deus, e na sua presença até estremece, e só faz o que por Deus lhe é permitido fazer, visto na cruz ter sido derrotado, foi limitado no seu poder, para agora todos os que querem alcançar a misericórdia de Deus o façam sem entraves. Mas... há sempre um mas!... O homem antes quer agrada-lo do que ouvir e atentar à voz de Deus. Logo culpam Deus das desgraças a que estão sujeitos enquanto vivem, se esquecendo que de boas vontades está o mundo cheio, os mesmos. Seu destino quer se sintam mais bonzinhos que os que criam desgraças, o caminho será o mesmo... Inferno.

:::::J…3

Visto não existir mérito algum em nós, que nos justifique diante daquele que nos criou. Somente Cristo o Messias tão anunciado é a justiça para todo aquele que crê na obra consumada na cruz. Será que falo chinês? Será que é assim tão difícil de entendimento? Alguém mais capaz de entendimento do politicamente correto, que me explique outro caminho mais esplêndido que possamos alcançar depois que a morte chegue, tenha ele a coragem.

DIA76.jpg:::::J…4

Mais uma vez, aqui estou anunciando aos meus amigos que um só Caminho existe, para sermos aceites por Deus, esse se chama o Cristo Glorificado, que ao céu voltou de onde tinha vindo, pois Ele mesmo se fez carne e habitou entre nós, Ele mesmo é o Deus todo-poderoso. Religião alguma pode nos esclarecer, mas Ele mesmo o pode fazer, quando no nosso aposento dobramos os joelhos e clamamos por socorro...

:::::J…5

Aí sim! Ele logo nos atende, e ficaremos sem dúvida sobre a sua presença, passamos finalmente a entender que antes nunca O haviam conhecido, e logo encontramos em nós, a luz que nos dissipa as trevas que nos envolve neste mundo tenebroso. Nunca mais vamos culpar a Deus pelas desgraças, pois nós mesmos somos os culpados delas.

:::::J…6

Ao amigo Monteiro e aos meus amigos desta página, assim o desejo… Que esta leitura ao correr da pena ilumine os olhos do entendimento, acerca deste Deus maravilhoso, que tive o grande prazer de conhecer á cerca de 43 anos, e hoje, o sirvo com muito prazer, razão porque O apresente sem rodeios e sem melaços, ou lisonjas, na expectativa que Ele mesmo conceda arrependimento para conhecerem a Verdade; sem isso nada feito, vamos continuar cegos!

soba0.jpeg:::::M…1

Li... Gostei mas... Vou dar-te uma resposta mais pensada. Talvez amanhã... Anexarei este teu texto muito bem elaborado ao meu, sem a pretensão de ir para o céu... O titulo será : A chuva e o bom tempo! ... Fica por aí - Com um ramo de manjerico e outro de arruda por se acaso...

:::::M…2

Cada religião pretende estar na posse exclusiva da verdade - Preconizar a fé cega sobre um ponto de crença, é confessar impotência em demonstrar que se tem razão. Não cabe à fé ir a eles, mas a eles (nós) irem ao encontro da fé e, se a procuram com sinceridade, a encontrarão. A fé não se prescreve e o que ainda é mais justo dizer: a fé não se impõe! Não! Ela, não se recomenda: - Adquire-se!

:::::M…3

E, não há ninguém que esteja privado de possui-la, mesmo entre os mais refractários! A resistência dum incrédulo vai mais pela maneira como se lhe apresentam as coisas - os factos.

À fé é necessária uma base e, essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer; e, para crer, não basta ver, é necessário sobretudo, compreender!

araujo 101.jpg:::::M…4

A fé cega não é mais deste século XXI; é precisamente o dogma da fé cega que faz hoje o maior número de incrédulos, porque quer se impor e, até exigir a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: O raciocínio e o livre-arbítrio. Ao não se prescrever deixa- nos no espírito algo vago de onde nasce a dúvida.

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 A fé raciocinada, a que se apoia sobre os factos e a lógica, não deixa para trás nenhuma obscuridade. Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão, agora e sempre, em todas as épocas da humanidade. Quanto mais me esforço mais me viro ao espírito… Receio assim, me levares para o espiritismo!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:52
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Segunda-feira, 26 de Março de 2018
MALAMBAS . CCI

NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI - KIMBELEY –  3ª de V Partes

- EM VIAGEM NO XOXOLOSA TREM – 26.03.2018 – Nas frinchas do tempo e atravessando o Karoo, olho o deserto pela janela do mukifo…

Por

soba15.jpg T´Chingange - No Nordeste brasileiro

Estamos a 26 de Março de 2018. Passando a limpo meus gatafunhos do baú do Karoo do Xoxolosa Trem; eram 14 horas e 30 minutos quando o Xoxolosa parou na cidade de Touwsrivier; uma cidade situada a 1382 metros de altitude. A partir daqui começamos a ver os pastos verdes, as terras encharcadas pela água das chuvas e fiadas de parreiras, extensas vinhas, boas terras para o cultivo de vinhedos que no mundo são conhecidos como o vinho do Cabo, uma marca de qualidade.

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Os cardos do pasto mostravam suas características flores de cor laranja do Orange; estas, surgem logo a seguir às primeiras chuvas, indícios de primavera. Os charcos sucedem-se até chegarmos a um lugar apeadeiro de nome Matroosberg  aonde me surpreendo com uma vasta zona de painéis solares, um mar de brilho.

ximbica2.jpg Atravessamos uns quatro tuneis com uns bons 30 quilómetros na soma de sua extensão; As montanhas começam aqui a ser afiladas e como serrotes descaem suas chapadas para vales férteis e bem regados, autênticos paraísos com lameiros de hortas e pomares. É a cordilheira que separa o Karoo, o grande Kalahari das áreas verdes do cabo.

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Vê-se o gelo nos carrapitos das alturas com fios rebrilhando tortuosas quedas que descem nas encostas a água do degelo. Dum e doutro lado dos trilhos podem ver-se olivais alinhados, latadas com pessegueiros, pereiras e outras árvores de fruto. Chegados a Wellington podemos observar milhares de casotas do tipo mukifo sem janelas.

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De pequnos tubos saem fumos que se espalham pelo bairo musseque, favela sem ruas  de aspecto lúgubre. O cheiro entra nauseabundo, podrido de fermentação doentia a ferir nossas narinas. Cape Tawn está próxima. Recordo que a primeira vez que aqui vim, antes do ano 2000 havia sim, um pequeno e ordenado bairro de cubatas; agora é um sem fim de indefinidas chapas fazendo casas de uns 9 a 15 metros quadrados, madeira, cartões, chapas onduladas de fibra e cimento e restos de obras.

mandela1.jpg Notei que aqui, em Wellington, tem início o metro de superfície que leva e trás esta gente; pelo que notei só esperam que um qualquer louco dirigente do ANC proceda como em Angola. Sim! Fazer como Agostinho Neto e seu amigo e compadre Rosa Coutinho, fingir uma guerra de medo e empurrar os brancos para a Ilha - Para a Austrália.

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As ultimas noticias vindas de África, dizem que um tal de Cyril Ramaphosa, presidente do ANC disse ir retirar as fazendas aos brancos sem lhes dar nenhuma indeminização. Isto é áfrico - This is áfrica! Tudo é possível! Depois acontece que os bancos fogem e, eles os negros, daqui e refugiados de todos os outros países, vão atrás deles, os brancos. Custa dizer isto mas é a realidade e o Mundo anda a tentar passar de lado sem fazer reparo a estes estadistas de mei-tijela, de tuji, mesmo!

IMG_20170830_155840.jpg África do Sul não está longe desta tentação. Eles acham que aquela terra é só deles! Vai haver muita gente a torcer o nariz, chamar-me de muitas coisas mas é esta a realidade e a mim não me posso mentir. O manager Silas passou a avisar que iremos chegar pelas 18.30 horas  à Cidade do cabo e, na plataforma número 24.

IMG_20170831_130245.jpg O Senhor Amadeu Seca, ex-Presidente da Academia do Bacalhau ali nos esperava com seus 85 anos de idade; pude vê-lo no seu jeito, quico de azul desbotado com a letra A espinicada sobra a alva pala. Seus 85 anos já lhe pesam nos procedimentos, sua surdez está em grau avançado bem como o esquecimento, reflexos e outras coisas; Achei mesm que não estava em condições de conduzir, nem  um cangulo, quanto mais um carrão quase rabo de peixe e sem macaco.

IMG_20170829_143846.jpg Tivemos de ir desde a Estação Central de Trens para a Iaton Road com as malas, sacos e sacolas de acessórios afiados no banco detrás do carro. O Senhor Seca não foi capaz de se lembrar aonde estava a tal patilha de abrir a porta bagageira. Vê daqui e dali e nada de encontrar a dita cuja patilha de abrir a coisa lá detrás. Juro que fiquei preocupado com tanto desalinhamento dos neurónios. Seria alzeimer!? Também tive de ir a segurar o espelho lateral desuerdo destroçado recentemente em uma manobra de maus cálculos... Chegamos a Cape Town... Ufa - Que perigo!... 

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:51
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Quinta-feira, 15 de Março de 2018
MALAMBAS . CC

NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI - KIMBELEY –  2ª de IV Partes

- EM VIAGEM NO XOXOLOSA TREM - 28.08.2018Nas frinchas do tempo e atravessando o Karoo, olho o deserto pela janela do mukifo…

Por

soba15.jpg T´Chingange - No Nordeste brasileiro

Estamos a 15 de Março de 2018. Passando a limpo meus gatafunhos do baú do Karoo, revejo o Karoo National Park da janela e, do lado direito do trem. Viajar neste trem é um restolhar de vivências diferenciadas de outras. Beanfort West deve ser a cidade aonde os farmeiros destas vastas zonas do grande deserto Calahári se abastecem. Poço ver de quando em vez, avestruzes livres correndo, como que fazendo competição com o trem.

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Os semblantes de gente negra daqui têm perfil de hereros, quase brancos há mistura com os khoisans, bushmens magrinhos, baixos e secos de carnes encortiçadas pelo agressivo ar quente do Karoo quando dia e frio de queimar pestanas de noite. Ontem à noite, ao despedir-me dos auxiliares do Rust camp Alfa One de Warrengton, o Mandla chofer sul-africano e do pedreiro Fabiano moçambicano; como agradecimento dei a cada um, uma gasosa de 150 rands (10 Euros).

xoxolosa1.jpg O agradecimento deles foi bem rasgado e o dinheiro foi posto na mão estendida com os dois braços esticados; o esquerdo suportando com a mão, a parte inferior do direito no antebraço. Quem nunca saiu da europa não entende este propósito; isto significa na cultura dos povos bantus respeito e gratidão por quem lhes dá atenção ou admiram. Só por isto, senti-me abençoado…

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Fiquei contente por regirem assim pois que sempre passamos dez dias em proximidade, suportando o frio da noite, a água gelada nos tubos pela manhã, o pôr a trabalhar o gerador entre outras sensações de ouvir os chacais a rir, salvar patos-reais vindo do capim nas bordas dum rio afluente do Orange River. Africanos pretos tendo um patrão também africano, um branco nascido no mato de nome Lourenço, lá nos arredores de Benguela de Angola. Um entre muitos que saíram de sua terra na altura do TUNDAMUNJILA. Até agora nenhum dos mwangolés os convidou a regressar… Gente de túji mesmo!

IMG_20170823_114812.jpg Momentaneamente e por curto espaço de tempo, T´Chingange descendente dos Celtas Lusitanos e Turdetanos, Niassalês por opção, candengue camundongo, Maianguista de bairro na Luua, brasileiro por escolha e Tuga por condição, foi o patrão interino de Mandla e Fabiano.  Via telefone recebi um recado SMS da empresa estatal dos Xoxolosa Trem a dizer que nosso manager da carruagem 9 era o Senhor Silas N´Goiana; o mesmo que nos indicou o mukifo com a letra F.

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Na europa estes procedimentos são abreviados com talões previamente furados antes de entrar na carruagem que depois serão observados pelo revisor. Pois volto atrás para descrever que ontem e faltando quinze minutos para as dez horas da noite, estando vários grupos de pessoas na sala para embarque a senhora do guichet saiu dele para avisar grupo por grupo que o comboio estava nesse momento em Warrengton que fica a uns sessenta quilómetros, região de onde saímos – isso, do  Rust Camp Alfa One.

IMG_20170823_140827.jpg A funcionária fardada a rigor e com chapeu de oficila dos Caminhos de Ferro acrescentou que o Bleu Trem iria demorar uma hora até esta estação de Kimberley; assim aconteceu! Mas estivemos aqui parados uns cerca de 25 minutos pelo que só saiu às 11.20 horas PM ou seja, duas horas mais tarde do que estava assinalado, This is áfrica! Copiaram!

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Aqui tudo é possível e, ninguém reclama; isto confunde qualquer um, até mesmo um cristão da Mauritânia ou testemunha de jeová da Ilhas Maurícias! É mesmo a passividade de quem vive um dia a seguir ao outro, num seja o que Deus quiser. Naquela sala de embarque, eu, Ibib e Ritinha eramos os únicos brancos na cor; Nos dentes eramos todos, aleluia!  Haja Deus, ámen!

IMG_20170823_134528.jpg Isto era-me estranho e, até comentei porque, que se saiba Kimberley nos primórdios e com a descoberta do maior diamante do mundo esta cidade só tinha brancos; claro,  gente vinda de todo o mundo – aventureiros americanos, ingleses, escoceses e até brasileiros. Gente habituada a fuçar a terra com o fito de ficar ricos; a maior parte trocava sua fortuna por uma noite prendada com mulheres que tinham antes do coração duas volumosas mamas a protege-lo…

IMG_20170823_123725.jpg Tal como o Xoxolosa Bleu Trem, tenho de andar lento na descrição da viagem porque se falhar alguns pormenores, ninguém irá achar graça ou interessante. Lá atrás na cidade de Kimberley percorri a cidade de então construída em fins do século XIX ao redor do grande buraco Big Holl. Bem ao jeito do faroeste americano vi saloons, bancos, sapatarias e oficinas com carros e ferradores co mais uma catrefada de coisas que o tempo eliminou. No restaurante pude comer tortilha com Tiboon (bife de boi tendo um boi de grandes cornos a olhar-me insistentemente. O conhecer do mundo, suas coisas e bizarrias dão-me um prazer infindo…

(continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:58
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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