A ORDEM MUNDIAL VII – “Contradições do Império”
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3622 - 06.09.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
EXPANSÃO DA AMÉRICA - A Compra da Louisiana, concluída em 1803, foi negociada por Robert Livingston, durante a presidência de Thomas Jefferson, o território foi adquirido da França por US $ 15.000.000. Uma pequena parte deste território foi cedida ao Reino Unido em 1818 em troca da Bacia do Rio Vermelho.
Mais desta área foi cedida à Espanha em 1819 com a compra da Florida, mas depois foi readquirida pela anexação do Texas e a Cessação Mexicana. Para terminar haverá a tecer duas importantes considerações a levar em conta: Fé e política, não se impõe nem se prescrevem porque mesmo recomendadas, ter-se-á em conta que ninguém que esteja privado de as possuir representará a verdade. É isto a democracia!...
A 30 de Abril de 1803 mais de 1300 quilómetros quadrados, duas vezes maior do que a França, passa ao controle dos Estados Unidos. Napoleão Bonaparte vendeu por 15 milhões de dó lares esse vasto território da Louisiana. Este vasto território inclui os estados actuais de Louisiana, Arkansas, Oklahoma, Missouri, Kansas, Iowa, Nebrasca, Dakota do Sul, Wyoming e Minesota.
Os Estados Unidos com Thomas Jefferson, dobrou a extinção do país sem queimar uma só libra de pólvora. Um ano depois daquela compra a Napoleão, num Maio de 1804 no rio Wood, os Capitães William Clark e Lewis, com mais de trinta homens formando o “Corps of Discovery“ desbravam o Noroeste alcançando o grande Oceano Pacífico em Janeiro de 1806.
Desta expedição resultou a anexação dos estados de Oregon e Idaho por conversações com os índios em troca de bugigangas e promessas. Os estados de Washington e Montana foram-lhes cedidos por seus primos Canadianos, tudo acordado com a Grã-Bretanha pais colonizador; um começo grandioso…
A expansão gringa com o tal “sonho Americano” vem desde 1806 quando Aarom Burr à revelia de Thomas Jefferson queria conquistar o México. Burr, o homem que queria ser rei pois, “ele tinha um sonho” recrutou uma numerosa milícia em Ohio mas foi barrado em seus intentos pelas forças da União a mando de Jefferson que não desejava nesse então problemas com as guarnições Espanholas da Nova Espanha.
Aquela ambição de Aaron Burr, veio a ser concretizada em 1844 que, a pretexto de proteger o Texas de Pancho Villa, num aberto repúdio ao decreto do General Santa Ana do México, que abolia a escravidão em terras mexicanas, o invade. Assim, os EUA são um país com 50 estados que cobrem uma vasta faixa da América do Norte, com o Alasca ao noroeste e o Havaí no Oceano Pacífico, estendendo a presença do país.
As principais cidades da costa atlântica são Nova York, um centro financeiro e cultural global, e a capital, Washington, DC. Chicago, uma metrópole do centro-oeste, que é conhecida por sua importante arquitectura, enquanto Los Angeles, na costa oeste, é famosa pelas produções cinematográficas de Hollywood…
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Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
Bibliografia consultada: América - A história e as contradições do império por Voltaire Shillings e na Google
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* . ELEIÇOES - “OS 3 DIAS DAS BRUXAS”
- Crónica 3621 – 02.09.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
… Números que Mário Pinto de Andrade, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), contesta: “Acho que, às vezes, a comunidade internacional empola. Houve uma manipulação desses resultados. Eventualmente fala-se das pessoas que morreram pela UNITA, mas também morreu muita gente pelo lado do governo. A UNITA quando ocupou o Uíge matou muita gente do MPLA e quando ocupou o Huambo, fez o mesmo.”
Uns, declarados opositores, são pressionados, coagidos ou assediados, outros desaparecem misteriosamente e ainda outros são presos por se expressarem em desfavor do MPLA que se protagoniza como sendo eles, o país. Nas eleições parlamentares, a UNITA obteve uma votação de mais de 30%, portanto expressiva, mas que ficou aquém das suas expectativas.
Nas eleições presidenciais, os cerca de 42% obtidos por Jonas Savimbi impediram que José Eduardo dos Santos, presidente em exercício que reuniu 59% dos votos, obtivesse na primeira volta a maioria absoluta, do modo que, pela legislação então em vigor, teria sido necessária uma segunda volta.
Neste meio tempo, Luanda (e todo o país) estava pejada de um dispositivo policial desmesurado, como se tratasse de um estado de sítio - coisa a que os luandenses já não queriam acreditar – preocupados, justificavam tal, dadas as preocupações com o acto eleitoral dos dias 29 e 30 de Setembro; pensava-se que, o facto de ser feito assim, o era para que tudo corresse bem.
E correu. Correu muito bem, dada a afluência às urnas ter ultrapassado os 70% só no primeiro dia. O povo queria a paz e acreditava que a poderia conseguir pelo voto. Mas Angola, não era só Luanda e, Luanda não era só a Mutamba, não era só a marginal e a sua baía que paulatinamente ia sendo mudada no visual para gaudio dos adoradores de cenários pomposos, futilidades.
Em uma exortação sobre a Sexta-Feira Sangrenta, Muana Damba publicou a 24 de Janeiro no recente ano de 2013: História do Reino do Kongo - Você é um N'kongo, filho desta terra legada pelos nossos antepassados. Se podemos considerar esta Angola um país de Cabinda ao Cunene, é porque nela estão inseridas todas as etnias do país.
Todas as etnias, assim sejam os arianos, todos os cafusos, os mazombos como eu, besugos, matutos ou mamelucos do M´Puto, europeus e, também os filhos destes, incluindo os Bakongos sejam eles de Cabinda, do Soyo, do Uíge, M'Banza Kongo e outros que falam com estalinhos mas, se essa realidade deixar de ser considerada, Angola deixa de ser aquilo que é, portanto. todos teremos de reflectir...
Luanda, nem tão pouco era o kinaxixe que viria a ser defenestrado, derrubado por obtusas mentes, obscuras e corruptas ganâncias do sistema instalado no seio do governo. Pelo tubo ladrão corria muito petróleo, muito ódio às obras virtuosas que faziam lembrar o colonialismo… E “a guerra, que até aqui, matou e estropiou tantos, alimentou uma nomenclatura, gente que se tornou insultuosamente rica e prepotente” – Os mesmos que agora governam (Ainda…)
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Ilustrações de Costa Araujo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* . ELEIÇOES - “OS 3 DIAS DAS BRUXAS”
- Crónica 3620 – 31.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Recorde-se: De 29 e 30 de Setembro de 1992 diz Filomena Lopes líder do Bloco Democrático, partido da oposição angolana: “foram naturalmente três dias horríveis", data em que se interrompeu o processo de paz em Angola. Fui apanhada de surpresa, sobretudo numa altura em que se tentava encontrar soluções políticas para o problema.
Filomena diz: - “Matava-se tudo. Matavam-se todos os que tivessem alguma ligação com a oposição. ”Milhares de apoiantes e dirigentes da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) são assassinados em Luanda e em outras localidades do país. Também há vítimas da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). “É a primeira vez, na história da guerra civil angolana, que políticos morrem em combate”, escreve o jornalista Emídio Fernando no livro Jonas Savimbi, “No Lado errado da História”.
Savimbi chamou a situação de "crise mais profunda" da UNITA desde a sua criação. Estima-se que talvez 120 mil pessoas tenham sido mortas nos dezoito meses após a eleição de 1992, quase metade do número de baixas dos dezasseis anos anteriores de guerra. Ambos os lados do conflito continuaram a cometer violações generalizadas e sistemáticas das leis de guerra.
A UNITA, em particular, foi culpada de bombardeios indiscriminados de cidades sitiadas, o que resultou em um grande número de mortos civis. As forças do governo do MPLA usaram o poder aéreo de maneira indiscriminada, provoando muitas mortes de civis…
O tema ainda é tabu em Angola e até desconhecido por muito jovens. Daí a importância de uma boa estratégia de reconciliação, desde que não se branqueie a verdade, defende Orlando Castro: “Estes massacres são os mais visíveis, quer os de 27 de Maio de 1977, quer os de 1992; são os mais visíveis pelo número de vítimas, mas o MPLA tem muitas outras histórias porque ao longo da guerra – embora a UNITA obviamente também tenha cometido grandes erros – o MPLA, até pelo poder militar que tinha, massacrou muita gente inocente.
“Foi uma nova tentativa de decapitar a UNITA”. Orlando Castro conta: "Na história do MPLA, os massacres, ou as purgas, ou o que se lhe quiser chamar, são uma regra estratégica do regime, mesmo até para os próprios simpatizantes do MPLA”. Essa prática vem-se verificando até aos dias de hoje (2024) segundo muitas versões contadas aqui e ali, em livros ou crónicas nos jornais e redes sociais.
Contadas até por gente fugida ao sistema, que sempre acusam o MPLA na utilização de venenos para eliminar parceiros ou amigos considerados insuspeitos. Quem lê o “Fórum de Liberdade” nas redes sociais de Fernando Vumby exilado na Alemanha, um antigo elemento da DISA - a polícia política do governo de Agostinho Neto, fica com os cabelos em pé...
Até hoje – ano de 2024, permanece por esclarecer quem ordenou o massacre após s eleiçõea. O número de vítimas também nunca foi confirmado, mas estima-se que tenham morrido entre 10 mil e 50 mil pessoas. Outros gráficos, baseadas em números da Igreja Católica, estimam que foram mortos de 25.000 a 40.000 partidários da UNITA e da FNLA…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL VI - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3618 - 27.08.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Todos se lembram do Aiatolá Ruhollah Musavi Khomeini, falecido em Teerão a 3 de Junho de 1989; que foi essa autoridade religiosa xiita iraniana, líder espiritual e político da Revolução Iraniana de 1979 e, que depôs Mohammad Reza Pahlavi, na altura o Xá do Irã, Xá Reza Pahlavi até a sua morte.
Existe porém a diferença entre Xeque, aquele que estudou a Xaria em uma universidade islâmica, e o Aiatolá. Este último, Aiatolá significa "sinais de Alá" ou "sinais de Deus". Ou seja, o Aiatolá é o expoente do conhecimento dentro do Islã Xiita. Xeque ou sheik é um "ancião; chefe, soberano" é um fórmula honorífica em língua árabe, com o significado de "líder" ou "governador".
Normalmente, uma pessoa é conhecida por Xeique quando se especializou nos ensinamentos do Islão, podendo ter à sua responsabilidade os cuidados de uma mesquita, conduzir orações, realizar casamentos e outras funções. "Xeque", com este significado, é uma pessoa versada no Islã, um erudito.
Xeque é comumente utilizado para designar o chefe de uma tribo que herda esse título de seu pai, ou um estudioso islâmico, que alcança esse título depois de se formar na escola básica islâmica. Seu papel, do Xeque ou Xeique, nas antigas tribos de beduínos era a de um líder espiritual-político e, em certos casos, militar (equivalente a um capelão).
Dando um salto em frente, temos o “imperativo de revolução islâmica” que em Teerão, a capital e principal cidade da República Islâmica do Irão, de forma a permitir cooperação transfronteiriça entre Sunitas e Xiitas em nome de interesses antiocidentais mais amplos, nomeadamente o armamento pelo Irão do grupo Sunita, jihadistas Hamas contra Israel e, também segundo alguns relatos, dos Talibãs do Afganistão.
O Al-Qaeda também encontra aqui margem para actuar a partir do Irão. Sunitas e Xiitas estão geralmente de acordo em derrubar a ordem mundial vigente. Ao longo do século XXI em todo o Médio Oriente, os ideários são idênticos ao que é proposto pelos aiatolas políticos do Irão. No Irão as ideias dos políticos sempre se reconfiguram como fonte da revolução religiosa.
No discurso do aiotolá Ali Khamenei, sempre descrevem que «o futuro pertence ao islão». A enfâse destas posturas não deverão ser postas nas disputas ideológicas, mas na conquista ideológica e, sempre se colocam como sendo os campeões dos povos oprimidos mantendo o que afirmam ser uma luta épica contra a “América, o saqueador mundial”… E, contra o “sionismo e Israel”.
Nestas narrativas, sempre afirmam «A paz é só para aqueles que seguem o caminho da verdade». Maomé, o profeta, já assim o dizia no século VII. Todos seremos vitimas da guerra santa islâmica, assim é dito, abertamente mas, os ocidentais, para alguns observadores, tentam passar-nos a mensagem de como sendo só de cariz “metafórico”…
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Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - CAMPANHA CONFLITUOSA…
- Crónica 3616 – 23.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
No segundo dia de campanha eleitoral, soldados da UNITA atacam o Governo Provincial do Kuito. Com os governantes a reagir, o incidente salda-se por 20 militares e 10 civis mortos. Nesse mesmo dia e no Huambo, numa emboscada à caravana automóvel de Kundy Payama, director da campanha do MPLA, falece o Secretário Provincial da Juventude do MPLA e, cinco pessoas, ficaram feridas com gravidade.
Aqueles acontecimentos motivaram um comunicado dos Observadores Internacionais e membros da Missão das Nações Unidas UNAVEM II. Recorde-se que a UNAVEM I, fiscalizava a retirada das tropas cubanas expedicionárias. E, ambas Missões, condenaram as atitudes da UNITA e do MPLA.
A oito de Setembro de 1992, Eduardo dos Santos e Savimbi, acordam no principio de criação de um governo de Unidade Nacional, independentemente do resultado das eleições. Ambos se comprometem na extinção dos seus exércitos antes do escrutínio. Dez dias depois Margaret Anstee e Butos Ghali na qualidade de representantes em Angola, enviam um relatório ao Conselho de Segurança ONU.
O relatório denunciava que apenas 41% das forças amadas da UNITA tinham sido desmobilizadas e, apenas 19% das Forças Armadas Unificadas tinham sido constituídas. O mesmo documento menciona que foi mais rápida a formação pelo lado das forças governamentais sendo de 45% do lado do MPLA e 24% do lado da UNITA.
Aquele percentual correspondia à soma de cerca de 72 mil militares; um número àquem do total. Nesse então e no Huambo, mais de uma centena de homens fortemente armados da UNITA, mantêm-se posicionados ao redor da residência de Jonas Savimbi. A CCPM - Comissão Conjunta Político-militar, interfere. A UNITA confirma dizendo que são homens”da segurança pessoal de Savimbi”…
A CMVF – Comissão Mista de Verificação e Fiscalização do cessar fogo, apura que o contingente e respectivo material de guerra, havia entrado na cidade do Humbo sem o conhecimento da UNAVEM. À medida que decorria a campanha eleitoral, tropas da UNITA tomam posições de salvaguarda no Centro e Sul de Angola expulsando o MPLA de vários municípios.
Em Caxito, a poucos quilómetros a Norte de Luanda, soldados da UNITA, envolvem-se com a polícia. É notória a tendência da informação/fonte dita governamental e de jornalistas enfeudados na ideologia marxista, fazerem tendencialmente descrições negativas ao Partido do Galo Negro e, “passando de lado “ quando o caso envolve gente, militares e governantes afectos ao MPLA.
Essa dita midia colada aos ditames do MPLA dá conhecimento de que a UNITA ataca uma caravana do Fórum Democrático Angolano em Benguela; afirmam que em ambos os casos, Caxito e Benguela, causaram dezenas de feridos entre a população civil. População que continuava armada pelo MPLA formando milícias treinadas por seus militares coadjuvados por mercenários portugueses e descendentes mazombos de colonos. Também é notória a postura da UNAVEM que sempre diz ter “havido provocações da UNITA” e, sempre adicionando o adjectivo “exagerado” na descrição. Quanto ao MPLA, nadica de nada…
Ilustrações aletórias de Costa Araùjo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL V - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3614 - 19.08.2024
Depois de uma larga ausência (desde 17.03.2020), volto de novo ao range rede, da minha preguiça!
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Um calvário de angústia com repúdio à aceitação de coexistência, conducente a um futuro incerto. Tudo porque duas gerações de árabes foram educados na convicção de que o Estado de Israel é um usurpador ilegítimo do património muçulmano. Anwar Al-Sadat em 1979 teve uma visão de estadista com base em um interesse nacional egípcio: Olhar mais além desse confronto e, celebrar um acordo de paz com Israel.
Anwar, por este motivo, pagou com a vida dois anos mais tarde às mãos de radicais islamitas das forças armadas – O mesmo destino estava reservado a Yitzhak, um rabino e primeiro chefe do governo israelita a assinar um acordo de paz com a OLP – Organização de Libertação da Palestina. Foi assassinado por um estudante radical israelita, decorridos que estavam 14 anos após a morte de Sadat.
Hoje, os territórios palestinos e, particularmente na região de GAZA, os grupos Hezbollah e Amas, mantêm o poder politico e militar proclamando a JIHAD como dever religioso de pôr fim à “ocupação sionista” como sempre o disseram… A questão fundamental resume-se à possibilidade de coexistência de dois estados – Israel e Palestina. Dois conceitos de Ordem Mundial em um espaço exíguo, situado entre o rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.
Uma ordem regional que só floresceu aquando as principais partes tiveram narrativas convergentes, das questões que lhes respeitavam, definitivamente, uma convergência ilusória no Mádio Oriente. Quanto à Arábia Saudita, tem mostrado uma postura de disfarçada vulnerabilidade, recorrendo à opacidade, mantendo um distanciamento da chamada linha da frente dos conflitos.
E, contribuindo também para o processo de paz no Médio Oriente, deixando a outros, o trabalho das negociações. Mantêm assim amizade com os Estados Unidos e seus primos espalhados no Globo, especialmente os inseridos na Europa. Convém relembrar que Al-Qaeda é uma organização terrorista, fundamentalista islâmica internacional, que tem a sua atuação principalmente baseada em ataques terroristas…
Isso! Al-Qaeda que mataram milhares de pessoas pelo mundo. Uma forma de pressionar governos ocidentais a desocupar áreas ricas em petróleo, ouro, diamantes, cobre, turmalina em alguns países do oriente médio. Foi o responsável pelo pior ataque aos Estados Unidos da América em 11 de setembro de 2001 e que culminou com uma caçada sem precedentes ao terrorista chefe Osama bin Laden.
Organização fundamentalista Islâmica que foi fundada em meados de Agosto de 1988 por Osama Bin Laden, Abdullah Azzam, e vários outros combatentes da guerra soviética-afegã, constituída por células colaborativas e independentes infiltradas na Europa, Estados Unidos e Ásia, entre estudantes universitários simpatizantes doutrinados por esse regime terrorista e, visando disputar o poder geopolítico no Médio Oriente e, até constituir bases na Europa e América.
Todo este imbróglio de grupos e organizações surgem como tendo a figura do Aiatola como o maior, considerando as leis do Islão xiita - o mais alto dignitário na hierarquia religiosa. É um título dado apenas àqueles que têm merecimento, quer seja por aclamação ou nomeação de outro Aiatola ou indicação de um xeque. Para ser um aiatola, além de conhecimento e discernimento, ele deve ser descendente directo de Maomé. Tretas….
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Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3613 – 17.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
…«Claro - continua o general soviético - que eu compreendia o estado dos meus amigos que certamente viam em mim um homem que estava categoricamente contra a retirada de tropas. E, de súbito, fazia tudo ao contrário. Mais, até incentivava a fazer isso mais rapidamente.»
Após longa retórica, Valentin Varennikov apresenta o seu plano, que não passa de uma espécie de compromisso entre soviéticos e cubanos: «A defesa deve ser profundamente escalonada. Para que o adversário, concentrando realmente grandes forças na direcção escolhida e, desse modo, conseguindo uma superioridade três ou quatro vezes maior do que os angolanos, não rompa a unha defensiva e depois dela não haja nenhuma resistência.
Por isso é que o camarada Fidel nos diz que é preciso fazer recuar - tem-se em vista uma parte determinada das tropas - para a retaguarda até ao Caminho de Ferro de Benguela***. Consideramos que poderíamos deixar cinquenta por cento das tropas a defender as linhas que ocupam agora e a outra metade destas tropas poderíamos deslocar em pontos de apoio, nos caminhos até à linha do Caminho de Ferro de Benguela inclusive.
Além disso, na zona da frente e nos flancos deverão ser amplamente colocados obstáculos de engenharia. Por fim, ter uma reserva para manobras. E todas as forças situadas na retaguarda em posições preparadas devem ser prontas a manobrar.
Desse modo, fazendo recuar uma parte determinada de tropas para a retaguarda, até à linha onde se encontram as tropas cubanas, instalando-as em pontos de apoio e preparando-as para manobrar, teremos uma defesa activa profundamente escalonada, na linha final da qual intervirão as tropas cubanas.
Se o adversário quiser avançar, afundar-se-á nesta defesa e jamais conseguirá o seu objectivo». Os cubanos aceitaram este plano e, no fim da reunião, «o camarada Risket - escreve o general soviético - disse-me: "Eu sabia que tudo acabaria bem.
Os camaradas soviéticos sabem encontrar saída mesmo onde ela não existe".» Este plano estratégico permitiu estabilizar a situação na frente de combate, mas a guerra continuou. Para os conselheiros militares soviéticos que combatiam em Angola, o pior estava ainda para vir. «Semelhante coisa não aconteceu, nem no Afeganistão»,
O «estalinegrado angolano» - afirmam os soviéticos que já tinham passado pela guerra do Afeganistão sobre a batalha por Cuito-Cuanavale, que começou em Julho-Agosto de 1987. É agora tempo de se falar nas múltiplas tentativas de reconciliação, em uma altura em que elementos do governo de Luanda, já cansados, assumiam alguns erros de governação e, defendiam abertamente num governo de consenso nacional…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: *** Caminho de Ferro de Benguela, também chamada de Caminho de Ferro Catanga-Benguela, é uma linha ferroviária que atravessa Angola de oeste a leste,...
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3612 – 12.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Foram longas as discussões no seio da direcção militar e política sobre a decisão. Por um lado, elas não pretendiam ir contra a opinião de José Eduardo dos Santos e Fidel Castro, mas, por outro, tinham de dar ouvidos às considerações dos generais soviéticos ligados à guerra em Angola. Moscovo acaba por decidir enviar uma delegação militar, chefiada pelo general Varennikov, para estudar a situação no local. Após numerosos contactos com dirigentes angolanos e o comando cubano, bem como de uma inspecção da frente de contacto, …
…Varennikov apresentou o seu plano de defesa aos cubanos, mas vale a pena citar a forma como ele o fez para «não ir contra» a proposta de Fidel Castro. Na última reunião com o comando cubano a fim de se tomar a decisão final, Varennikov usou da palavra: «Após ter estudado multilateralmente a situação criada no sul do país e tendo em conta os possíveis ataques posteriores dos militaristas da África do Sul, bem como as possibilidades e capacidades das Forças Armadas de Angola, chegámos à conclusão de que o dirigente da República de Cuba, …
… Camarada Fidel Castro, previu profundamente os posteriores acontecimentos e agiu sabiamente quando recomendou à direcção de Angola fazer recuar as tropas para a linha do Caminho de Ferro de Benguela. Nós não só devemos apoiar essa proposta, mas também, nos prazos mais curtos possíveis, realizá-la.
Eu fiz uma pausa e olhei para as caras das pessoas que estavam sentadas na sala. Uns olhavam para mim como um homem mortalmente enfermo. Outros agitavam-se com os olhos abertos de espanto e trocavam olhares interrogativos com os vizinhos, olhando para trás.
Compreendi que o objectivo tinha sido atingido: depois de alta tensão, nós apoiámos o nosso amigo e camarada Fidel Castro, que, na etapa actual, é o símbolo da luta pela independência nacional. Apoiámos precisamente por isso, e não porque lhe aconselharam os seus representantes em Angola, sem acordar isso com o conselheiro militar soviético.
Claro que nós, nos nossos actos, devíamos fazer tudo para conservar o rosto político-militar de Fidel Castro, não pôr sob qualquer risco o sul de Angola e, ao mesmo tempo, não colocar à prova o destino da república e o prestígio da União Soviética.»
Recorde-se algo já dito a montante: «O adversário realizou movimentações de tropas de grande envergadura (tratou-se de uma imitação, era preciso aumentar o medo), o que provocou o aumento da tensão nos quartéis regulares e, nos pontos de comando das tropas governamentais de Angola, bem como nas guarnições das tropas cubanas.
É possível que a difusão de boatos (muxoxos), tenha sido obra do inimigo que certamente tinha adeptos seus na mais alta esfera do poder de Angola... ou a complexa situação no sul do país que aterrorizou realmente todos» - recorda Valentin Varennikov.
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL IV - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3610 - 08.07.2024
Depois de uma larga ausência (desde 17.03.2020), volto de novo ao range rede, da minha preguiça!
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
A União Europeia instituiria em 2002 uma moeda comum - o Euro, apresentando-se como uma estrutura politica formatando em 2004 uma europa unida, inteira e livre, disposta a dirimir divergências mediante mecanismos pacíficos, controlando sua moeda e suas fronteiras, e corporizando o conceito dominante de Ordem Mundial. Neste meio tempo, o mundo muçulmano continua a viver uma situação de inevitável conflito com o mundo exterior.
Mantendo o conceito de “jihad”, tentam espalhar a mensagem do Islão como busca espiritual para glorificar seus princípios religiosos legados pelo profeta Maomé. Como um dever indiscutível, vinculam seus fieis a expandir sua fé pela guerra. Fazem-se ouvir em gritos de união congregando minorias armadas do Líbano, da Síria, do Iraque, da Líbia, do Iémen, do Afeganistão e, do Paquistão. Hodiernamente vivenciamos esta realidade…
Por todo o mundo, grupos terroristas, tentam impor sua ideologia; pouco a pouco, assentam arraiais nas principais cidades da Europa alterando e adulterando regras de imperativos religiosos afastando cidadãos indígenas que, paulatinamente o vão sendo, arredados de sua normalidade no meio de uma apatia governamental. Paris, Lisboa, Madrid entre outras cidades europeias veem-se confrontadas com crimes em plenas praças e alamedas parecendo ser um parque de campismo anárquico com latrinas a céu aberto…
Enquanto ao longo do tempo a cristandade se torna em um conceito filosófico e histórico, no mundo árabe, invasor tolerado pela imigração descontrolada, originam um princípio operacional na estratégia de alterar a ordem regional e internacional, não distinguindo o “que é de César” ou “o que é de Deus”. Este debate de como é ou de como vai ser, está muito longe do seu fim; em verdade está começando!
O mundo muçulmano continuará a viver numa situação de inevitável conflito com o resto do mundo – dos não seguidores de Maomé; O resto do mundo Ocidental! As elites do mando, nunca irão conseguir compreender essas paixões revolucionárias; pode pressupor-se até que essas posturas extremistas o são, meramente metafóricas, ou ditas a título de poderem chegar a negociações.
Em verdade, estas e aqueloutras ideias dos fundamentalistas islâmicos, representam verdades que sempre se irão sobrepor às regras e normas da Ordem Global Internacional… Servirão de toque de chamada para radicais jihadistas, principalmente do Médio Oriente tais como: Al-Qaeda, Hamas, Hezbollah talibãs, Hizb ut-Talmir e, ainda os Boko Haran da Nigéria.
E, ainda as várias milícias extremistas da Síria Jabhat al-Nusra ou pelo Estado islâmico do Iraque - os seguidores dos radicais egípcios que assassinaram o presidente Anwar al-Sadat. Recorde-se que Anwar al-Sadat foi assassinado por via de este ter celebrado a paz com Israel. Para que conste, o jihadistas acham-se no dever de transformar o “dar al Harb” no mundo dos infiéis num conceito de ordem interminável de um “dar al-Islam”...
E, entre si, muçulmanos deflagram velhas tensões, coisas de séculos que despertam conflitos milenares entre xiitas e sunitas multiplicando-se em atrocidades e, aonde os sobreviventes se refugiam em enclaves étnicos e sectários. A actualidade faz querer saber que a existência de Israel e os seus feitos militares têm sido sentidos como uma humilhação para todo o mundo árabe; e claro, segue-se as ambições palestinianas de autodeterminação e prossecução pelos governos árabe vizinhos.
Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3608 – 04.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Entre os seus subordinados próximos o general Iko Carreira revelava "indiferença" para com os documentos (ordens, directivas, telegramas, etc.) assinados por Pedale, considerava-os estúpidos, desnecessários, que podiam não ser executados... Claro que a situação com o chefe do Estado-Maior da Força Aérea preocupava todos. Entre a direcção do aparelho de conselheiros corria a ideia de "promover" Iko Carreira para qualquer outro cargo.
O motivo, era afastá-lo do posto de chefe do Estado-Maior da Força Aérea. Conhecendo o seu carácter, podia-se esperar tudo dele, principalmente tendo em conta o agravamento da situação político-militar no país». Valentin Varennikov descreve: «O nosso grupo (incluindo a mim) tinha essa opinião - continua Varennikov. - Porém, não era simples fazer essa mudança.
Por um lado, ele gozava de grande prestígio entre o povo e, entre os políticos de todo o tipo era considerado uma figura de peso, era bem conhecido e influente entre a direcção de Portugal, o que era um importante factor para Angola, que continuava a manter as mais estreitas relações com todas as estruturas portuguesas.
O Ocidente olhava para Iko Carreira de forma leal, talvez por ele ser mulato, exteriormente mais parecido a um europeu do que a um africano»***. Segundo Valentin Varennikov, «no interior de Angola, o chefe do Estado-Maior era uma dor de cabeça para todos. Preocupava-o facto de ele, tendo nas mãos uma força tal, poder constituir um grande perigo se, num dos momentos tensos da agudização das relações com a posição, começasse a vacilar...
A fim de tomar medidas atempadamente para impedir ataques antigovernamentais e antipopulares da parte de Carreira, decidiram rodeá-lo dos oficiais mais fiéis ao presidente e ao ministro da Defesa e, depois, reforçar esse cerco». Existiam também sérias divergências entre o comando das tropas cubanas em Angola e os conselheiros soviéticos.
O general Varennikov recorda um episódio: «Quando da análise da situação do país, surgiram discussões, nomeadamente sobre questões de princípio. Por exemplo, eu não estava de acordo com o facto de as tropas cubanas não deverem, em circunstância alguma, participar em combates, salvo nos casos de ataques directos contra os cubanos.
Eles justificavam-se com ordens da sua direcção política. Como mais tarde me explicou o general Kurotchkin, os cubanos reagiam muito dolorosamente à morte dos seus concidadãos (como, a propósito, os americanos), por isso tinham instruções para não participar nos combates... Evidente que era necessário alterar o estatuto das tropas cubanas.
Tanto mais que os nossos conselheiros militares, que agiam a todos os níveis, desde o Ministério da Defesa e o Estado-Maior Geral até às brigadas, inclusive, eram obrigados a combater juntamente com os seus subordinados». «Tínhamos perguntas também a fazer quanto ao fornecimento de armamentos e tecnologia ao exército angolano e ao destacamento cubano de tropas em Angola: aqui, os comandantes cubanos, sem o conhecimento da sua direcção política, estabeleciam o que ficava para Angola e o que ficava para eles daquilo que era enviado da União Soviética»…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3607 – 02.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
O general Varennikov escreve: «A principal tarefa consistia em estudar o estado das coisas no local e elaborar, juntamente com os representantes cubanos e a direcção militar angolana, medidas para o posterior reforço da capacidade de combate das Forças Armadas da República Popular de Angola, para o aumento da eficácia das acções militares com vista à derrota das formações do grupelho contra-revolucionário da UNITA e rechaçar a agressão da República da África do Sul no sul do país.»
É importante assinalar os retratos que o general soviético faz dos dirigentes angolanos com quem contactou. O primeiro encontro realizou-se com o ministro da Defesa de Angola. «A meu ver, o encontro com o ministro da Defesa, general Pedale, foi demasiadamente oficial.
As minhas tentativas de tirar alguma afectação, frases gerais não receberam o apoio devido e a posição de Pedale provocou no general Kurotchkin (comandante da missão militar soviética entre 1982 e 1985) uma perplexidade legítima. Mas, depois, compreendemos que Pedale queria fazer figura de pessoa importante, por isso pavoneava-se um pouco. Tinha quarenta anos, era baixo e gordo.»
Valentin Varennikov encontrou-se também com o novo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos: «Já antes sabia muito sobre dos Santos. Quando jovem estudante destacava-se por capacidades invulgares, tinha um intelecto tenaz, vivo. Era bem desenvolvido fisicamente: jogou na equipa de futebol da primeira liga "Neftchi" (Azerbaijão).
Isto porque estudava na URSS. No nosso país ele casou com uma russa, que lhe deu uma filha (Isabel dos santos), e eles os três foram viver para Angola. As tempestades políticas levaram-no à liderança do MPLA - Partido do Trabalho e, ao mesmo tempo, Presidente.
Claro que ele não podia pertencer a si próprio. Ele tornou-se um dirigente popular.» - «Mas a sua vida pessoal - continua o general russo - desenvolveu-se de forma bastante dramática. Sob pressão das tradições nacionais, teve de deixar a esposa branca e a filha e formar uma nova família: a esposa do Presidente deveria ser negra***.
Dos Santos sujeitou-se aos costumes do seu povo, mas comportou-se de forma bastante nobre em relação à sua família anterior: deu-lhe uma vila, concedeu à antiga esposa uma pensão e um subsídio à filha. A filha foi autorizada a ir ter com o pai à residência em qualquer tempo livre.»
Não escaparam à atenção do general soviético as divergências existentes na direcção do Governo angolano, nomeadamente a questão da «despromoção» do general Iko Carreira de ministro da Defesa para chefe do Estado-Maior da Força Aérea de Angola: «Sendo um homem orgulhoso e extremamente ambicioso, claro que Iko Carreira ficou ofendido. Ele não expressava isso externamente, mas mantinha-se afastado e independente, como se a Força Aérea não fizesse parte das Forças Armadas de Angola.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: ***Pode daqui deduzir-se o quanto tinham de racistas os governantes de então, com efectivos do MPLA. Retirar o branco de toda ou qualquer gestão militar ou civil, era mais que evidente – tudo escandalosamente silenciado pelos mídias mundiais – fruto de uma descolonização enviesadamente esquerdoida…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL III - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3606 - 31.07.2024
Depois de uma larga ausência (desde 17.03.2020), volto de novo ao range rede, da minha preguiça!
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Surge assim por contribuição dos Estados Unidos – USA, o Plano Marschall em 1948; foi uma ajuda financeira dos Estados Unidos para reconstruir a Europa após o final da Segunda Guerra Mundial. Os principais objectivos desse plano eram garantir o apoio dos países da Europa Ocidental ao lado norte-americano e evitar o avanço da União Soviética sobre o Ocidente.
E, é criado o Tratado do Atlântico Norte que deu origem à OTAN (NATO), assinado em Washington, a 4 de Abril de 1949. E, os doze países que o assinaram originalmente, tornaram-se os membros fundadores da OTAN/NATO; foram eles: Bélgica, Canadá, Dinamarca. Estados Unidos, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal e Reino Unido.
Àqueles doze países juntaram-se-lhes mais 20, totalizando assim 32 e, dos quais o último aconteceu no actual ano de 2024 - a Suécia. Chega-se assim aos dias de hoje assentes na reconhecida capacidade nuclear dos Estados Unidos após as duas grandes guerras devastadoras da Europa e não só. Começou aqui, o verdadeiro sentido de identidade histórica mantendo de um lado o Ocidente e, do outro lado, a União Soviética.
Sobrepôs-se a tudo, o desejado equilíbrio do poder Ocidental, alicerçado na igualdade de seus membros. No entanto surge na balança de relacionamento civilizacional dos dias actuais um dragão! Dragão que muito rápidamente desponta em uma nova força de um poderio dissuasor militar muito compenetrada em seu sombrio e disfarçado poder económico - a China.
A China que não o é mais aquela fábrica de “imitação” de há uns escassos anos a esta parte. E, agora interrogamo-nos: - Será a China mais perigosa do que a Rússia? Seja qual for a resposta, pela certa, nos irá abalar e obrigar a reflectir-se sobre o mundo em que vivemos e os perigos que dai, surgirão. Essa parda civilidade a que designamos perigo amarelo, vai pela certa avermelhar-nos ou escarnecer-nos…
A França e a Grâ-Bretanha, constituindo pequenas forças nucleares, irrelevantes para o equilíbrio geral, ressurgem pelo estímulo da queda do muro de Berlim no ano de 1989. As nações da Europa do Leste, esmagadas que estiveram durante quarenta anos ou mais, ressurgem assim para uma real independência, reassumindo as suas personalidades, paredes meias com o monstro vermelho sempre ameaçador, a União Soviética.
O colapso da URSS mudou a tónica da diplomacia por via da transformação no contexto político social deixando de existir no seio da Europa uma ameaça militar séria. Esta situação iria durar escassos anos entre a dissolução da US, União Sovietica e a invasão da Crimeia em 2014. Boris Nicoláievitch foi o primeiro presidente da Rússia após a dissolução da União Soviética.
Boris Iéltsin foi também o primeiro líder de uma Rússia independente desde o Czar Nicolau II. Em seus anos como líder da oposição no Soviete Supremo são lembrados com glória, mas seu governo, lembrado com frustração por conta das grandes expectativas; ficou marcado na história por reformas políticas e económicas fracassadas e, pelo caos social.
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Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3605 – 30.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)**– O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
O alferes Nikolai Pestretsov, o ex-prisioneiro, continua sua descrição:«- Mas davam a entender que se eu fizesse as declarações necessárias, não sofreria nenhuma pena.» Mais tarde veio a revelar-se que as tropas sul-africanas estavam bem informadas sobre as tropas que defendiam Ondeia e sobre os militares soviéticos que aí se encontravam.
Assim era porque o comandante angolano de uma das brigadas desertara na véspera e, transmitira todas as informações ao adversário. A detenção do alferes Pestretsov provocou tão grande incómodo na direcção soviética que foram dadas ordens .para o libertar a qualquer custo: «A Embaixada em Luanda empreendeu os passos mais decididos para libertar Pestretsov e resgatar os corpos dos cidadãos soviéticos.»
Por exemplo, Vadim Loguinov, antigo Embaixador da URSS em Angola, membro da União dos Veteranos de Angola, contou-nos que, logo após ter sido recebida a notícia de que Pestretsov foi feito prisioneiro, «pedi pessoalmente, várias vezes e de forma insistente, ao dirigente da SWAPO, Sam Nujoma, para realizar uma operação e aprisionar na Namíbia um qualquer oficial sul-africano importante, para, depois, o trocar pelo alferes soviético.
Os nossos conselheiros soviéticos que trabalham em Angola para a Direcção de Reconhecimento Central (GRU, espionagem militar) e o KGB testemunham que semelhantes operações foram planeadas e realizadas pelo comando da SWAPO com a participação activa deles. Porém, não conseguiram fazer prisioneiro nenhuma figura digna para a troca.»
O alferes e os cadáveres dos militares soviéticos mortos foram trocados por dois pilotos americanos e os cadáveres de soldados sul-africanos em 20 de Novembro de 1982. Entretanto, a situação militar em Angola continuava a deteriorar-se, nomeadamente porque as autoridades militares angolanas não conseguiam organizar forças armadas regulares.
Vassili Lavreniuk, capitão soviético que prestou assistência militar em Angola entre 1983 e 1986, descreveu assim o estado das FAPLA: «O exército de Angola apresentava um quadro bastante triste. Na sua esmagadora maioria, os soldados eram analfabetos, prestavam serviço para receber um salário e a ração alimentar. As companhias e os batalhões só podiam contar com todos os soldados quando pagavam os salários ou distribuíam produtos.»
E, continua sua narrativa: -«A propósito, pode parecer uma anedota o caso em que, no dia seguinte à distribuição das rações alimentares nas tropas governamentais, era impossível encontrar os soldados e comandantes. Quando se perguntava para onde tinham ido, recebia-se a resposta: "Hoje Savimbi paga salários e dá produtos alimentares".» O capitão Lavreniuk chama também a atenção para o facto de os especialistas soviéticos não estarem preparados para a guerra em Angola.»
Com enfase diz: -«O que mais espantava era que os nossos homens não estavam prontos para aquela guerra, conheciam mal a situação nesse país africano. Mas seria possível outra coisa se na cúpula, em Moscovo, não compreendiam o que se passava em Angola? Nós tínhamos de enfrentar um forte adversário. Basta apenas dizer que o número de soldados da UNITA era superior a 55 mil. Eles tinham à disposição 155 tanques, lança-granadas, artilharia, mísseis "Stinger".» A situação militar agravava-se rapidamente e a direcção soviética decidiu enviar uma importante delegação militar a esse país, dirigida por Valentin Varennikov.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3604 – 29.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Valentin Varennikov recorda como ambas as partes utilizavam os dados de espionagem recolhidos pelos pigmeus: «Os nossos agentes, além das observações pessoais, utilizavam também os serviços pagos dos pigmeus. Eles vivem principalmente nas florestas do Congo, Zaire, Zâmbia, Rodésia, Namíbia, situadas em redor de Angola. Eu vi-os em África apenas uma vez, mas ouvi dizer muita coisa sobre as suas capacidades.
O principal é que os pigmeus têm, tal como algumas espécies de animais selvagens, um faro, audição e visão raros. Algumas horas antes de uma catástrofe natural (inundações, tempestades, sismo, etc.), o seu organismo já "sabe" da aproximação da desgraça. Por isso, os pigmeus tomam medidas e ocupam os seus refúgios protegidos.»
No início dos anos 80 do séc. XX, Luanda perdeu o controlo de amplos territórios do sul e do este do país, onde a UNITA, com o apoio das tropas da República da África do Sul, dera início a mais uma forte ofensiva militar. A 27 de Agosto de 1981, as tropas sul-africanas iniciaram a operação «Protea» na região da cidade de Ondjiva, onde se encontravam 14 soviéticos: «nove militares e... cinco mulheres, esposas dos especialistas, que eles tinham chamado da URSS…
Esses especialistas, não esperavam que a província angolana de Cunene se transformasse tão depressa num verdadeiro inferno devido aos ataques dos sul-africanos.» Dos catorze soviéticos, nove conseguiram sair do cerco vivos, dois oficiais conselheiros e duas mulheres foram mortos nos combates e o alferes Nikolai Pestretsov foi feito prisioneiro por soldados do 32° batalhão especial «Buffalo» das tropas sul-africanas.
O tenente Leonid Krasnov, tradutor militar da 11ª brigada de infantaria das FAPLA, um dos que conseguiram escapar ao cerco, recordou: «No dia 25 de Agosto fomos cercados pelos sul-africanos. Ondjiva foi atacada por via aérea e panfletos foram lançados, cujo texto dizia que quem apresentasse o panfleto juntamente com prisioneiros ou oficiais das FAPLA, comunistas e soviéticos assassinados por ele, teria o direito de sair do cerco.
Um cenário quase ideal para Hollywood! E apenas um dia para pensar! O dia 26 de Agosto foi incrivelmente calmo. Até os animais se acalmaram. Na véspera, os serviços de comunicação da 11ª brigada receberam um texto cifrado do conselheiro do comandante da 5ª região militar com o seguinte conteúdo: "Aguentar até ao fim. Não se entreguem vivos..."»
Isto era feito para que nem a UNITA, nem a África do Sul provassem à comunidade internacional que os conselheiros e especialistas militares soviéticos combatiam do lado dos cubanos e das FAPLA. «A guerra aumentava gradualmente em Angola, ao país chegavam já não dezenas, mas centenas e milhares de conselheiros soviéticos.
Oficialmente, considerava-se que eles não participavam nas acções militares. Por isso, os feridos e mortos, normalmente, eram considerados como 'Vítimas da malária, desinteria, picadelas da mosca tsé-tsé"» - escreve Serguei Kolomnin. Porém, desta vez, as tropas especiais sul-africanas conseguiram aprisionar o alferes Nikolai Pestretsov, que passou mais de um ano em várias prisões da África do Sul. «Fiquei espantado por eles saberem praticamente tudo sobre mim (patente, cargo, etc.). Assustavam-me com a possibilidade de apanhar 100 anos de prisão por ter assassinado um soldado sul-africano.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA DE ANGOLA
- Crónica 3603 – 27.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Numa declaração oficial, os Estados Unidos revelam a presença de tropas cubanas em Angola desde 1975, com o envio inicial de cerca de 15 mil homens. Três meses depois, durante uma visita breve a Caracas, Henry Kissinger disse em particular ao presidente Carlos Andrés Pérez: “Parece que nossos serviços de informação estão muito deteriorados porque só soubemos que os cubanos iam para Angola quando já lá estavam”.
Contudo, nessa ocasião corrigiu que a cifra enviada por Cuba era de 12 mil homens. Naquele momento em Angola havia muitos soldados, especialistas militares e técnicos civis cubanos, muito mais do que Henry Kissinger supunha. O primeiro contingente era composto de 4.000 homens que aumentaram rápidamente para 18.000.
Em 1976 já eram 36.000 e em 1988 já totalizavam 55.000 quando da Batalha de Cuíto Cuanavale, o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988. O local da batalha foi na região do Cuíto Cuanavale, província de Cuando-Cubango, onde se confrontaram os exércitos de Angola (FAPLA) e Cuba (FAR) contra a UNITA e o exército sul-africano.
Os cubanos saíram em 1991, enquanto a Guerra Civil Angolana teve continuidade até o ano de 2002. As baixas cubanas em Angola totalizaram cerca de 10.000 mortos, feridos ou desaparecidos. Mas, vamos agora escalpelizar novas falas tendo José Milhazes como perito em assuntos de URSS que sobre a Batalha de Cuito-Cuanavale – o «Estalinegrado angolano» adiantou: Àqueles que desejarem saber detalhadamente o que se passou na Batalha de Cuito-Cuanavale na versão da antiga URSS, sugere-se a leitura seguinte:
Sim! É de um livro, que tendo copyright, que pelo seu conteúdo polémico para o MPLA certamente não poderá ser vendido em Angola e, por isso, solicitamos a benevolência do autor e da editora pela transcrição que faremos de partes do texto para dar assim, conhecimento aos angolanos e não só, da realidade desta batalha. Desde já os nossos agradecimentos! As partes do texto em "bold" são da nossa autoria para chamar a atenção das partes mais polémicas.
A substituição de Agostinho Neto por José Eduardo dos Santos à frente do MPLA e da República Popular de Angola foi recebida em Moscovo, mas a sucessão foi acompanhada por uma nova espiral de confrontos armados entre as FAPLA e a UNITA. O general soviético Valentin Varennikov liga esses dois factos: «Na realidade, o sinal para o reinicio das suas acções agressivas (EUA) foi a morte de Neto.
Considerava-se que a sua morte faria cair a bandeira do MPLA - Partido do Trabalho e que todos os que tinham lutado sob essa bandeira e os que o apoiavam poderiam alterar a sua política, bastando para tal apenas pressionar.» - «Porém - continua o general soviético -, os dirigentes do MPLA- Partido do Trabalho elegeram um companheiro de Neto da luta pela independência do país, Eduardo dos Santos (a propósito, ele terminou a universidade na URSS: frequentou o Instituto Estatal de Petróleo de Baku).
Ele tornou-se também presidente do país e comandante supremo. Isto acabou por fazer perder a paciência ao Ocidente. Além de provocações frequentes, organizadas pela UNITA, FNLA e África do Sul, começou a preparação de acções de grande envergadura, de que estávamos ao corrente "em primeira mão":": os nossos oficiais espiões, agindo nos destacamentos da SWAPO no território da Namíbia e no Sul de Angola, tinham contactos directos com os militares da UNITA (Savimbi) e adeptos da África do Sul contratados por pouco dinheiro, mas capazes (também por dinheiro) de fornecer dados exclusivamente precisos sobre as tropas da África do Sul.»
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Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto, RTP-Notícias e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3602 - 25.07.2024
Depois de uma larga ausência (desde 17.03.2020), volto de novo ao range rede, da minha preguiça! Já kota, balouço-me na estória da história sem esse tal de Pitu, mas com ciriguela na goela…
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
C.A. A política é a arte do possível ou a ciência do relativo. Creio que foi Bismark que afirmou algo assim, à sensivelmente 135 anos atrás, por alturas da partilha do Mundo, tempo desenhado num tal “Mapa cor-de-rosa” em África. É pois a única base sólida para ser executada por uma grande potência com um nítido sofisma de egoísmo. Curioso ver isto ser trilhado por figuras de destaque em países diferentemente iguais – uma grande contradição hodierna sublimada num romantismo bacoco e frouxo.
Gratidão e confiança não trarão um só homem para o nosso lado; só o temor o fará, se usado cuidadosa e habilmente. Acho que é assim que Putim pensa e assim procede, situando-se num poleiro demoníaco de sobreviver como sendo o mais forte, o mais terrível. Com Putim sempre ameaçador, blefando como um bom jogador de poker, as amarras da legitimidade, simplesmente, desaparecem.
Em 2014 toma de assalto a Crimeia Ucraniana anexando-a castigando assim a tal “frivolidade” dos políticos de alto coturno da NATO e não só; estrategicamente sub-reptício o quanto baste. E, todo o mundo ficou parado, paradinho, curiosamente, estupfeito no fingimento. E, o certo é o de que, mais tarde ou mais cedo, a história castigará essa frivolidade.
Lembrar aqui a guerra da Crimeia que se desenrolou entre 1853 e 1856 e, aonde o Reino Unido, a França o Reino da Sardenha (Itália), o Império Austríaco e Turquia, tiveram baixas de 224 mil mortos, tendo do lado Russo cerca de 350 mil. Esta guerra que sucedeu tendo Nicolau i e Alexandre II, no comando soviético, foi somente há 164 anos! O mundo Ocidental tendo a Europa no pelotão fontal, não pode, simplesmente entrar de férias, quando uma grande ameaça se consolida num desvairado conceito de legitimidade.
Feitas as contas o planeamento militar dos povos Ocidentais tendo a NATO como gestora, não pode simplesmente ficar nessa tal de frivolidade repartindo-se no conceito de que: “seja o que Deus quiser”. A primeira Guerra Mundial, de há cem anos, além de arruinar a Ordem internacional, originou a morte de 25 milhões de pessoas, um número inconcebível de vidas trucidadas em trincheiras.
Entretanto a já União Soviética manobrava um novo conceito revolucionário submergindo todos os que procuravam ajustar-se em novos conceitos jurídicos e, refugiando-se em soluções de conflito criando a Liga das Nações. E, sempre com muita conversa entre os povos Ocidentais, os Soviéticos, indiferentes às tecnicidades, filosofias e humanidades, iam impondo e espalhando suas romanizadas revoluções numa de que “O povo é que mais ordena”.
Assim, com egos de supremacia, a URSS, ia borrifando as mentes entre a ausência e quase complacência ou até compadrio das suas novas posturas, uma ausência confrangedora do Ocidente, sem significativas e atempadas respostas às transgressões. Assim mesmo, subvertendo ou seduzindo acordos de cacaracá; sem ideias de repressão, reduzindo conceitos e exaurindo a economia do resto do mundo.
Para suprir a tragédia, a Europa e, após a Segunda Guerra Mundial, a fim de superarem a condição de progresso, formulam a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço no ano de 1952. O líder alemão Adenauer, em 1955, assina adesão de seu país à Aliança Atlântica; isto faz recuperar a confiança das recentes vítimas da Alemanha do então Adolf Hitler. O Mundo lentamente despontava da chamada Guerra Fria num equilíbrio de conduta e armamento entre os primos da USA, além atlântico e a União Soviética nas franjas geografias da então chamada “Cortina de Ferro”.
Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RETIRADA CUBANA DE ANGOLA
De Gbadolite a Bicesse - 1988/1991 - Crónica 3601 – 24.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Os países observadores, EUA e URSS, comprometeram-se igualmente a pôr termo ao abastecimento de material bélico às facções envolvidas no conflito. Todas as forças beligerantes seriam integradas nas Forças Armadas Angolanas, cabendo ao Estado Português, através das suas próprias forças armadas, ministrar a formação necessária.
Este Acordo permitira um armistício temporário na Guerra Civil de Angola entre MPLA e a UNITA. No entanto, os efeitos de Bicesse nunca se sentiram e a paz foi ténue e incompleta, para além de efémera, pois os conflitos logo em 1992 rebentaram numa espiral de violência ainda maior, não mais cessando. Seriam necessários mais dez anos para se pôr termo à guerra…
O ”CESSAR-FOGO” - “A guerra, que matou e estropiou tantos, alimentou um punhado de pessoas da LUUA, que se tornaram insultuosamente ricas e prepotentes” – A independência seia para isto!? Era a pergunta que corria feita muxoxo… Após 15 anos de permanência em Angola, o último soldado cubano retorna à ilha no mês de Maio de 1991.
Convem aqui. fazer-se um curto desvio para descrever seu regresso e, de forma sucinta dar detalhes do que então se passou: Na madrugada de 14 de julho de 1989, o general Arnaldo Tomás Ochoa Sánchez o herói chefe das forças expedicionárias em Angola, a terceira figura militar mais poderosa da ilha de Cuba, depois do Comandante em Chefe Fidel Castro e do General Raúl Castro é fuzilado pelo crime de traição.
O que se esperava ser uma verificação de antecedentes de rotina antes do anúncio, o governo acusou Ochoa de corrupção, na venda de diamantes e marfim de Angola e a apropriação indevida de armas na Nicarágua. Há quem afirme que seu comportamento no campo de Batalha em Cuito-Cuanavale foi-o em permanente oposição às ordens de Fidel e, que tudo o demais foi um pretexto…
Voltamos assim aos anos de oiro da diplomacia portuguesa comemorando em Março de 1990 a independência da Namíbia. Durão Barroso tem o primeiro encontro a sós com o presidente Dos Santos. Começa a desenhar-se o papel mediado de Portugal (M´Puto) na placa giratória que conduziu a Bicesse.
O Prof. Cavaco Silva vai a S. Tomé encontrar-se com Eduardo Dos Santos e desloca-se a Paris para dialogar com Jonas Savimbi. Durão Barroso inicia viagens a Luanda e Washington; dois elementos do seu gabinete, António Monteiro e José Queirós de Ataíde, desdobram-se em contactos e esforços.
Em 24 e 25 de Abril de 1990, dá-se o primeiro encontro das partes sob mediação portuguesa em Évora. De 16 a 18 de Junho de 1990 dá-se a segunda ronda negocial, no Forte de S. Julião da Barra, Oeiras. Discute-se a formação do futuro exército único de Angola e fiscalização do cessar-fogo. Durão Barroso afirma na altura: “Os méritos ou desaires das negociações cabem exclusivamente aos angolanos”.
A 23 de Julho de 1990, Jeffrey Davidow, subsecretário do gabinete de Cohen, encontra-se com Dos Santos. Logo a seguir, o governo angolano desencadeia uma ofensiva diplomática encabeçada por Venâncio de Moura e, pela primeira vez, em mais de quinze anos, fala da UNITA empregando a expressão “nossos irmãos”, em vez de “fantoches”.
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Adenda: Por um leitor do Facebook - Carlos Alberto Martins Tavares
Os Cubanos além de cobrar mais de US$ 10.000,00 por soldado ao governo de Angola, roubaram tudo o que encontraram pela frente. Roubaram toda a estrutura de máquinas da Usina de Açúcar da Catumbela!!! Levaram todos os autocarros da EVA e de outras empresas de viação de Angola, Levaram todos os carros dos Portugueses que estava nos portos para embarcar para Lisboa. Levaram todos os aparelhos de procedimentos médicos dos Hospitais de Luanda!!! Roubaram as pedras de mármore das campas dos cemitérios. Além de ladrões sequer deram qualquer colaboração efetiva ao desenvolvimento de Angola!!! Uma maravilha!!!
C.A,
Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto, RTP-Notícias e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RETIRADA CUBANA DE ANGOLA
De Gbadolite a Bicesse - 1988/1991 - Crónica 3600 – 23.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
A UNITA contra-ataca desencadeando focos de luta por quase toda a Angola, obrigando as FAPLA governamentais a dispersarem e a abandonarem Mavinga. Poucos dias depois, pela primeira vez na história da guerra civil, aviões da FAPA, Força Aérea popular de Angola, bombardeiam a Jamba.
Em retaliação a UNITA corta água e luz a Luanda, através de sabotagem nos postes de alta tensão de Cambambe e conduta central de água de Kifangondo. Em Dezembro de 1990, no 3º Congresso do MPLA em Luanda, Eduardo dos Santos anuncia: “Teremos multipartidarismo no primeiro trimestre de 1991”.
Três meses antes, após o encontro de Gbadolite, no Congresso Extraordinário da UNITA, Jonas Savimbi falara de negociações directas com o MPLA, governo de unidade nacional, revisão constitucional e eleições. Pode supor-se que ambos os beligerantes compreendem que a vitória militar de um deles é impossível, em um território com a extensão de Angola.
Iria assim, começar a placa giratória que conduziu à assinatura dos acordos de Bicesse. Entra-se assim no capítulo de “TENTATIVAS DE RECONCILIAÇÃO”. Nos anos de 1990 a diplomacia portuguesa entra em acção pela mão de Durão Barroso enquanto Secretário de estado dos Assuntos Externos e Cooperação de Portugal, tendo como Presidente da Republica, Cavaco e Silva.
O propósito de levar a paz e reconciliação a Angola começa a ter luz diplomática no final dum túnel que parecia não ter fim . Neste meio tempo, anos de 1990/1991, fala-se em esperança mas, na passagem do tempo falecem dois vultos da luta pela libertação: Mário Pinto de Andrade, em Londres e António Jacinto em Lisboa
Bicesse foi o nome por que ficou conhecido o Acordo de Paz firmado a 31 de Maio de 1991, no Estoril (Portugal), entre o presidente da República Popular de Angola, José Eduardo dos Santos, e o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Jonas Malheiros Savimbi.
O Acordo de Paz, que tem a mediação portuguesa liderada por Durão Barroso tem a cooperação de Observadores por parte dos Estados Unidos da América (EUA) e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Neste acordo - fim à guerra civil angolana, o seu texto estabelecia que o cessar-fogo devia ser inteiramente controlado pelo Governo angolano e pela UNITA.
Para tal, deveria ser formada uma Comissão Conjunta Político-Militar (CCPM) constituída por representantes do Governo angolano e da UNITA, tendo como observadores externos delegados de Portugal, dos EUA e da URSS. Neste acordo, ficou ainda agendada a realização de eleições, entre 1 de Setembro e 1 de Outubro de 1992, depois das quais, cessariam os poderes da CCPM…
Ilustrações de Costa Araújo
Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto, RTP-Notícias e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - BATALHA DE CUITO - CUANAVALE
RETIRADA CUBANA - Crónica 3599 – 21.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
A Batalha de Cuíto Cuanavale foi assim, o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988. O local da batalha foi na região do Cuíto Cuanavale, província de Cuando-Cubango, onde se confrontaram os exércitos de Angola (FAPLA) e Cuba (FAR) contra a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e o exército sul-africano.
Foi a batalha mais prolongada que teve lugar no continente africano desde a Segunda Guerra Mundial. É considerada também a segunda maior batalha de terreno do século XX, superada apenas pela batalha de Kursk. Ambos os lados do conflito reivindicaram vitória, e até hoje as narrativas e memórias sobre a batalha são objecto de debate.
Não obstante, o evento tornou-se o ponto de viragem decisivo na guerra que se arrastava há longos anos, incentivando um acordo entre Sul Africanos e Cubanos para a retirada de tropas e a assinatura dos Acordos de Nova Iorque, que deram origem à implementação da resolução 435/78 do Conselho de Segurança da ONU.
É a resolução 435/78 que conduz à independência da Namíbia e ao fim do regime de segregação racial, que vigorava na África do Sul. Em 23 de Março de 1988, trava-se a batalha decisiva. O Alto Comando das tropas sul-africanas decidiu passar à ofensiva. As forças conjuntas SADF/UNITA, após intenso fogo de barragem, lançaram-se numa derradeira ofensiva contra as posições angolano-cubanas.
Aquele ataque, foi rechaçado ao fim de 8 horas de combates, com as forças revolucionárias a desencadearam uma contra-ofensiva, obrigando-os a recuarem… Em Dezembro de 1988 o MPLA e a UNITA, assinam o Acordo Tripartido na cidade de Nova Iorque, acordando com a retirada das forças estrangeiras do conflito angolano. Na mesa das negociações, o regime da África do Sul vê-se obrigada a aceitar os acordos aqui supra citados (Afirmações generalizadas, afirmam que é quem perde que cede...)
Desfecho Final: -O impasse militar de Cuíto-Cuanavale foi reclamado por ambos lados como uma vitória. O lado angolano afirmou que, em situação inferior, impediram a invasão do território angolano, pelas forças da África do Sul. Porém na África do Sul, os partidários da guerra proclamavam como triunfo o facto de o exército deles menos equipado mas melhor treinado, ter impedido o avanço do comunismo.
Em Janeiro de 1989 os cubanos iniciam a sua retirada de Angola, pelo que o representante Episcopal, Cardeal D. Alexandre do Nascimento difunde a mensagem de “Reconciliação e Paz”. A 22 de Junho de 1989, Eduardo dos Santos e Savimbi encontram-se em Gbadolite, no Zaire, sobe mediação de Mobutu. No plano negocial apresentado por Luanda, o “caso especial Dr. Savimbi” é o ponto 5 da agenda que exige a retirada temporária do líder da UNITA da cena politica angolana.
Inicialmente, Jonas Savimbi concorda em afastar-se. Chega a estabelecer-se um cessar-fogo, mas a euforia nas frentes de batalha de um e outro lado, foi breve. As armas voltam a crepitar, quando Savimbi dá o dito por não dito anunciando que não se retirará de Angola. O MPLA utilizando 20.000 homens e 400 tanques lança a “Operação Último Assalto” para recuperar Mavinga. O objectivo não é conseguido pelos governamentais pois que não conseguem o pretendido - atingir a Jamba.
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Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e RTP - Notícias e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
Depois de uma larga ausência (desde 17.03.2020), volto de novo ao range rede, da minha preguiça! Já kota, balouço-me na estória da história sem esse tal de Pitu, mas com ciriguela na goela…
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
A Rússia desencadeou no Mundo, mais guerras do que qualquer outra potência contemporânea mas, impedindo também o domínio da Europa por uma única potência, opondo-se fortemente a Carlos VII da Suécia, a Napoleão Bonaparte de França e a Adolf Hitler da Alemanha, quando o já tinham sido elementos do equilíbrio continental. De Pedro, o Grande a Vladimir Putim, o aventureiro, as circunstâncias mudaram, mas o ritmo manteve-se com alguma coerência.
O absolutismo, a vastidão, as ambições de expansão mundial e as inseguranças, tudo na Rússia se ergue implicitamente como desafio ao conceito europeu de ordem internacional. Kiev, capital e centro geográfico do Estado de Ucrânia, continua a quase ser considerado unanimemente pelos russos como parte integrante e inalienável de seu património.
Numa encruzilhada de civilizações e rotas comerciais, a Rússia sempre se viu tentada a se expandir por medos contraditórios e, tendo convivido neste Império com os intrusos Vikings a norte, com o Império Árabe a sul, em expansão, e as Tribos Turcas a leste, metida neste permanente imbróglio enquanto a Europa Ocidental acolhia em sua sociedade, as novas perspectivas tecnológicas e intelectuais.
Forçosamente a Rússia que é mantida neste pendor oriental é também submetida por dois séculos e meio, à soberania Mongol entre os anos de 1237 a 1480. Enquanto isso, Portugal que já o era país bem definido, colocado no extremo Ocidental à entrada do Mediterrâneo, dá início à globalidade do Mundo - Os descobrimentos. E. em busca do conhecimento lança-se aos oceanos sem saber o que estaria mais álem.,
Numa epopeia de carregar a cruz de Deus em busca de glória, torna-se conhecedor dos ventos, das correntes e das marés proporcionando riqueza e nobreza às gentes ao redor do Mundo. Neste meio tempo, em que o Ocidente segue a via do renascimento, revolução científica e do iluminismo a Rússia formata-se na geopolítica de sua dura escola das estepes…
O saque, a escravidão dos povos, muitas tribos nómadas em um terreno vasto, aberto e sem fronteiras, as incursões em sua normalidade de vida, leva a Rússia a sempre se manter em um poder absoluto sobre seus vizinhos. As invasões, guerra civis e fomes, ceifaram literalmente um terço da população russa.
O expansionismo foi sempre uma constante de Moscovo; sua filosofia pode comparar-se a um rolo que tem de esmagar tudo o que lhe barre o caminho. E, surge um místico russo Grigori Rasputin em São Petersburgo, a Janeiro de 1869 que autoproclamado homem santo e filósofo aproxima-se da família do Czar Nicolau II, tornando-se uma figura politicamente influente no final do período imperial.
Aquele rolo ditatorial avançou primeiro para a Ásia Central, depois para Cáucaso e os Balcãs, a seguir vem a Europa Oriental, Escandinávia, mar Báltico e o Oceano Pacifico até às fronteiras da China e do Japão. A Rússia, em média expandiu-se 100.000 Km quadrados anualmente e, entre os anos de 1552 a 1917. A Europa, não pode por isso, ficar indiferente à Historia nem tao pouco pendente de outros – Os americanos da USA…
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Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger
ADENDA : Por Josué Pedrosa
Política, aprendi ser "a arte de gerir consensos". Embora seja ligeiramente diferente, o sentido é o mesmo. Mas, não sabia que foi Bismarck, quem o disse. Quanto à relação Europa-EUA, mais tarde ou mais cedo os europeus vão aprender uma dura lição, eles não são confiáveis. Bill Clinton prometeu aos ucranianos que, se entregassem á Rússia as armas nucleares instaladas na Ucrânia, para serem destruídas, que os EUA defenderiam a Ucrânia contra qq agressão. A Rússia também o fez e a França e o RU, fizeram o mesmo, tendo a China mais tarde, também assinado esse documento/acordo/compromisso.
Desde que Putin chegou ao poder, logo no 1° encontro com A. Merkel, deixou claro que o desmembramento da URSS, tinha sido a maior tragédia do século XX, sua (dele) douta opinião, sendo certo que ninguém ligou "boia" ao que ele disse - europeus ou americanos.
Pouco depois foi posto em marcha o projecto de retomar a Crimeia e as quatro províncias ucranianas onde estava uma grande comunidade de origem russa, apesar de o seu número ser sensivelmente igual ao dos ucranianos. Ainda assim, quando do referendo sobre a independência da Ucrânia da URSS, a maioria - o que incluía a comunidade de origem russa - manifestou-se maioritariamente pela independência, o mesmo acontecendo com a Crimeia, aqui maioritariamente de população russa.
Ocupada a Crimeia e como o Ocidente fingiu que nada se passou, Putin mandou avançar com a estratégia para recuperar as províncias ucranianas, começando então o conflito. Ocupação dos parlamentos regionais e exigências de autonomia e referendos para a independência/integração na Rússia.
Os ucranianos sem forças armadas capazes, viram-se representados por inconformados nacionalistas - os Azov, que com a colaboração do exército ucraniano, iam resistindo como podiam. O derrube do avião da Malaysia Airlines, por um míssil russo já identificado por vários meios, incluindo a bateria que o disparou e quem a comandava, são provas irrefutáveis da actuação do exército russo naquela época. Uma vez mais o Ocidente fingiu que não viu, até que chegámos a Fevereiro de 2022 e á invasão da Ucrânia pela Rússia.
Os países que assinaram o documento de compromisso com a defesa da Ucrânia, não só não foram defender a Ucrânia, como, embora tendo vindo a fornecer algum equipamento militar, escondem e não dão o melhor e proibindo o melhor que dão de ser utilizado além das fronteiras ucranianas. É como dizer a uma das equipas: não podem atirar a bola para lá da linha do meio campo.
Entretanto, a Rússia investe tudo o que pode (o que não é pouco) em novo equipamento e substituição do que vai sendo destruído e, perante o olhar indiferente dos "aliados europeus" a Ucrânia vai-se defendendo como pode, perdendo homens cada menos substituíveis e território.
E assim vamos vivendo, preocupados com as medalhas que se vão ou não ganhar nos jogos olímpicos e com as incidências burlescas do Trump e da Kamala.
(Continua, com Viagens …)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - OPERAÇÃO PROTEA - 1ª E 2ª BATALHA DE MAVINGA
- Crónica 3596 – 16.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Depois da descrição sucinta dos Congressos Ordinários e Extraordinários da UNITA, voltamos a rever aleatoriamente no tempo, outros eventos de destaque: No ano de 1980 a UNITA fixa-se na JAMBA do Cuando-Cubango. Em Novembro, os antagonistas, UNITA, MPLA, Cubanos e África do Sul envolvem-se na 1ª batalha de Mavinga que resultou em mais de 800 mortes.
O apoio sul-africano à UNITA viria a tornar-se mais efectivo com a invasão da província do Cunene a 23 de Agosto de 1981 na «Operação Protea», e a subsequente ocupação de uma faixa tampão na fronteira sul de Angola numa profundidade de 200 quilómetros, com o duplo objectivo de neutralizar as operações de guerrilha da Organização do Povo do Sudoeste Africano (South West Africa People’s Organization, SWAPO).
O território da Namíbia, então ocupado por protectorado pelo África do Sul, teria de, por outro lado, estabelecer um ponto de partida para novas operações no interior de Angola. O propósito imediato era a consolidação do domínio da UNITA nas províncias do Cunene e do Cuando-Cubango, na perspectiva da criação de um “bantustão” no sudeste angolano..
É nesta altura que o presidente José Eduardo dos Santos pede ao Secretário-Geral da ONU, Pérez de Cuéllar, a convocação do Conselho de Segurança da Nações Unidas – ONU, para discutir a agressão Sul-Africana. Mas a resolução da condenação foi vetada pelos Estados Unidos, de acordo com a estratégia delineada por Washington e pela África do Sul para aniquilar as FAPLA e o MPLA (o comunismo…).
A situação em todo o sul de Angola agrava-se com o aumento das hostilidades. A UNITA reforça-se militarmente em armamento e conselheiros militares e, com o apoio das administrações Reagan (EUA), Thatcher (Grâ-Bretanha) e a ajuda do seu aliado Sul-Africano que desencadeia operações militares contra as bases da SWAPO, do Congresso Nacional Africano (African National Congress, ANC).
Também contra posições das FAPLA, para além de acções de sabotagem às linhas dos Caminhos de Ferro da Benguela (CFB), com destruição de infra-estruturas políticas e económicas e minagem de linhas de abastecimento, entre as populações, aldeias, vilas e cidades do Sul de Angola.
O ano da “Operação Protea” leva ao controlo militar da UNITA com a ajuda Sul-Africana, na Província do Cunene. Estavam ali sediados 8.000 guerrilheiros da UNITA. Porem, até à chegada das forças angolanos, Mavinga recebe um reforço de 4.000 tropas da SADF (South African Defence Force), vindo a confrontar uma força de 18.000 soldados angolanos.
Na visão das FAPLA, Mavinga seria o primeiro passo no caminho para a Jamba - Cueio e, assim, penetrar na Área de Kaprivi. Ao tentar travar o seu avanço, os governamentais são surpreendidos por nova frente dando-se a 2ª Batalha de Mavinga, que provoca mais de 1.200 mortos. A UNITA sai vitoriosa e ocupa a cidade. O ataque a Mavinga foi uma derrota total para as forças angolanas, com baixas estimadas em 4.000 mortos. A manobra de contra-ataque das SADF, nomeada “Operação Modular” foi um êxito, forçando as tropas das FAPLA e das FAR a retroceder 200 quilómetros de volta a Cuito-Cuanavale numa perseguição constante através da Operação Hooper.
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Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e RTP - Notícias
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - XIII CONGRESSOS DA UNITA
- Crónica 3595 – 13.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Este Congresso Ordinário teve lugar em Viana, Luanda de 13 à 15 de Novembro de 2019 com cinco candidatos: José Pedro Kachiungo, Raúl Manuel Danda, Adalberto Costa Júnior, Abílio Kamalata Numa e Alcides Sakala, tendo sido eleito Adalberto Costa Júnior à Presidente da UNITA.
Através da agencia Lusa a 07 de Outubro de 2021 fica a saber-se que o Tribunal Constitucional (TC) angolano anulou o XIII Congresso da UNITA, em que foi eleito Adalberto da Costa Júnior, invocando a violação constitucional, devendo o partido manter a anterior liderança de Isaías Samakuva.
O acórdão do TC, que foi publicado muam quinta-feira, dia 07 de Outubro na sua página oficial, dá razão a um grupo de militantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que requereu a nulidade do congresso invocando várias irregularidades. Entre as alegadas irregularidades consta a dupla nacionalidade de Adalberto da Costa Júnior à data de apresentação da sua candidatura às eleições do XIII Congresso.
O acórdão é assinado por sete juízes conselheiros que não foi unânime, tendo votado vencida a juíza Josefa Neto. A juíza destaca na sua declaração de voto que o apuramento da candidatura de Adalberto da Costa Júnior, por parte do comité permanente da UNITA, "além de não materializar qualquer violação ao princípio da legalidade, encontra acolhimento pleno à luz do princípio da autonomia, corolário da liberdade de organização e funcionamento das formações políticas".
A juíza considerou ainda que a decisão sobre esta matéria configura "não apenas violação ao referido princípio de autonomia, mas também ao princípio de intervenção mínima do Tribunal Constitucional, igualmente necessário para salvaguardar a autonomia dos partidos políticos".
Mesmo antes da confirmação do TC sobre a anulação do XIII Congresso da UNITA, Adalberto Costa Júnior afirmou-se "absolutamente tranquilo", lamentando "interferências nos órgãos judiciais” questionando o "estranho silêncio" das autoridades, com a inerente morosidade. “Nós, estamos a aguardar que haja a publicação do eventual acórdão para depois podermos pronunciar-nos", afirmou Adalberto Costa Júnior, quando questionado pela agência de notícias Lusa.
O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola considerou estar-se perante uma "circunstância muito séria em relação à credibilidade das instituições", bem como em relação à "função para a qual estas instituições existem". A UNITA, anuncia assim que o seu XIII Congresso, em que será escolhido um novo líder para o partido, será realizado até 04 de dezembro de 2021.
Adalberto Costa Júnior que foi eleito o terceiro presidente do partido, em 15 de Novembro de 2019, conquistou mais de 50% dos votos num universo de 960 eleitores e vencendo quatro candidatos: Alcides Sakala, Raul Danda (falecido este ano), Kamalata Numa e José Pedro Catchiungo. A marcação de um novo congresso que surge na sequência da anulação daquele XIII Congresso, de novo, é eleito Adalberto da Costa Júnior, entre 09 e 11 de Dezembro de 2021…
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Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto, Isaías Dembo e, RTP - Notícias
(Continua…)
O Soba T'Chingange
KWANGIADES - NO M´PUTO
MOKANDA DO ZECA – Crónica 3534 - 04.01.2024
- As falas muito antigas N´dele – Sem chapéu de chuva, vais ficar molhado - TONITO (era o meu nome de candengue da Luua)
Por:T´Chingange . Em Arazede do M´Puto
Carta de José Santos - Impregnado de paludismo duma especial estirpe kaluanda, Zeca colecciona n´zimbos das areias dum chamado de Rio Seco da Maianga. Tornou-se ali professor katedrático e agora lecciona no M´Puto quando não fica com o catolotolo - Anda desaparecido… MAIS UM FANTÁSTICO MISSOSSO TEU....! JURO, JURO QUE DELIREI NAQUELE MAMBO " - Já estava farto de usar ceroulas até o pescoço a fim de aguentar o frio do M´Puto,..." SIM KIMA KAMBA MUXIMA, DO FRIO DO M' PUTU DE TER DE ANDAR DE CEROULAS, MEIAS DE LÃ ATÉ AO JOELHO, CAMISOLA INTEROIR LÃ DE MERINO, LUVAS, CASCHECOL... AI-IU-É…
TUDO, TUDO PARA TIRAR A HUMIDADE DO SALALÉ SECO QUE BERRA POR QUENTURAS E AS TUJE DAS FRIEIRAS DA CUSPIDEIRA FRIA DAS "CALOTES DE CHORO CAIDAS COMO TREPADEIRAS DO ALASCA PARA A KALUNGA" QUE ESTE INVERNO AS KALEMAS ALTAS TROUXERAM PARA A IBÉRICA, PARA A EUROPA...
POR CULPA DO HOMEM KIAVULU VULUKIA VULUVULU CACHIMBO QUE ENVENENA A ANHARA DO NOSSO SENHOR NO ALÉM. OH! SIM, SIM, TU GOSTAS BWÉ DO NU QUENTE DA NATUREZA..., DE MACEIÓ DO BRASIL, PAJUÇARA, PALMARES... QUE DIZES SER DE RENOVAÇÃO DE PELE COM ÓLEO DE COCO DO SOL REDENTOR...
OS BICHOS, AS PLANTAS MEDICINAIS..., TUDO, TUDO, NATUREZA TE CONHECEM E TE CHAMAM O KUUABA N'GANA VATA T`CHINGANGE! SEI QUE DELIRAS, TOPANDO A TEXTURINHA DA BELEZURA NUA NATURAL BATUCANDO DE SALTOS ALTOS NO CALÇADÃO NO CORSO DO CARNAVAL! UÉ!
TU PRÓPRIO FIGURANTE DOISIMILDEZOITO VESTIDO DE "CAPATAZ" DE BARRIGA DE JINGUBA DE FORA E DE CHICOTE NA MÃO NO CORSO DE PRAIA DA GUAXUMA.... RECORDANDO OS TEMPOS DOS CORONÉIS E DA SINHÁ...
AMAM'IÉÉÉ´! TUA SORTE MERMÃO DO RIO SECO DA MAIANGA, TU SERES PÁSSARO DE VOO DE MUITOS MUNDOS COMO O KWETZAL.... AGORA, TAMBULA CONTA! UÉ! COMO É? FEIJOADA Á TRANSMONTANA, TRIPAS À MODA DO PORTO, ENSOPADO DE CABRA VELHA, BODE MESMO... A BORDO DO ESTIBORDO...!
SIM, SIM, MAS BREVE TERÁS E LOGO AO DESCERES, PISARES A TERRA E SENTIRÁS O CHEIRINHO DO CHURRASCO PITA VIRGEM. MESMO TABAIBO DO MATO NA GRELHA, NO ESPETO PAKASSA TENRA E A PICANHA NA GRELHA A ESTALAR.... OS TEUS CAMINHOS SÃO DE DEAMBULAR FELIZ NA KUKIA DA VIDA QUIÉ SUMAUMA.
QUE A TUA VIDA DOCE CONSOME, É O TEU PREPARO, É O TEU ELIXIR QUE ESMAGAS NO TEU PILÃO E, BWÉ CONSOMES..., TAL COMO OS TORRESMOS DA BELA MOPANE.... NESTE TEMPO DE ESTUPOR, TERRA DE “FIADO CIVILIZADO” DE SEM RESPEITO, CURRICULO SUSPEITO … OH! N´GANA N´ZAMBI! KAPIANGO, PÉS DE PATRANHA, EDIFICAM-SE NOS POLEIROS DE NOSSOS CELEIROS…. E, NÓS SÓ XIMBICANDO N´DONGUS NAS MULOLAS DO RIO SECO NA SAUDADE…
KANDANDU - ZECA2018020722H00
Das escolhas de Soba T´Chingange
A CHUVA E O BOM TEMPO - NO M´PUTO
ENTRE O NATAL E O NOVO ANO – Crónica 3533 - 30.12.2023
- No intervalo de viagens nem sempre é necessária a culpa para se ficar culpado…. Um chapéu de chuva, sempre dá geito…
Por: T´Chingange . Em Arazede do M´Puto
Os sintomas do mal, revelam-se em características inquietantes pelas instabilidades politica e laboral na mistura do flagelo das guerras e da caristia da vida envolta em desemprego prolongado. O mal fermenta-se na psicose gerada pela instabilidade apontada adicionada a outros males como a precaridade quase instituída; isto para não entrar no capítulo da educação, formação, investigação, assistência na doença e lóbis incestuosos nas várias frentes da governação.
Avós, pais e filhos têm de se organizar nestes inteiros condicionamentos de vida. Ninguém está certo da vitória no que concerne à nossa liberdade em nossa existência. Estamos sempre pendentes das medidas dos poderosos que por nossa mão (entenda-se o povo), alcançaram o poder; refiro-me aos políticos. No final, a culpa não é de ninguém e morre sempre solteira…
Não poderemos libertar-nos dos sintomas conhecidos e de outros por conhecer, se não atacarmos a moléstia pela raiz sabendo que mesmo estas continuam a crescer de uma forma imprevisível! Nem sempre os diagnósticos estabelecidos pelos especialistas dão a necessária confiança à convicção de que um homem independente é honesto.
O clã familiar, cada vez mais tem de se organizar como e, para harmonizar sua existência humana tendo de partilhar sua reforma com um filho, com um neto, a um mais próximo a fim de se superar nas sucessivas crises. E uma crise não é singularmente diferente das precedentes porque dependem de circunstâncias novas. Isso! Condicionadas pelo fulgurante progresso da corrupção, da cunha e, aonde o homem, mulher, a família se vê neste tipo de economia dita liberal.
A lei da gasosa, sim! Obrigado/a no retirar migalhas ao salário sem sempre conseguir garantir as vitais necessidades. Dos ganhos, sessenta por cento, vão direitinhos para pagar a máquina estatal que subsidia partidos, fundações, observatórios e tantos outros afins de e a bem da nação… Balelas! Uma guerra de impostos taxas e sobretaxas; incestuosas atribuições…
O desemprego aumenta e a confiança no patronato diminui; diminui a confiança nos bancos, da participação pública nestes e depois… depois os bancos irão ser obrigados a sessar seus pagamentos, a diminuir os juros. E, dirão porque o público retira os depósitos, a economia fica bloqueada e edecéteras complicadíssimos de entender…
Eles, os bancos convencionam-se em garantir seus fundos de prevenção dando-nos 0,01 por cento nos depósitos ao ano, cobrando-se de todas as tarefas inimagináveis. O que não nos dão, vai direitinho para o seu fundo de garantia, para pagar a trafulhices de venderem peidos de velha como se fossem ovos moles. Agora, dão-nos 3,5 por cento para tapar fendas da inflação que anda lá muito mais acima.
As crises decerto darão dinheiro a alguém! Algum país, algum grupo ou contas de paraísos fiscais ficarão a abarrotar! Até no M´Puto há superávite - o termo genérico que se dá a uma conta de balanço de entidades com finalidades econômicas ou da administração pública que, em geral, corresponde à conta "lucro do exercício" dos balanços .... E, andamos todos a chiar – que a vida está cara!?. As crises são preparadas de tempos, a tempos para nos esfriarem os bolsos. Os donos do Mundo, os donos disto tudo sempre estarão amparados pelos políticos eleitos. A inteligência é a capacidade de nos adaptarmos a tudo isto aceitando o roubo, a taxa, o imposto e alcavalas como coisa clara e instituída. Esforcem-se para não ter um Novo Ano periclitante! Fui…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO ”ETOSHA PAN”
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3464 – 13.08.2023
- Boligrafando estórias em Okaukuejo do Etosha
–Ondundozonanandana - Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Assim foi: Pai António T´Chingange (condutor), mãe Ibib, dois filhos “angolanos” e Isabel a mãe de Lara, a caçula que ontem fez 22 anos (estamos em 2023 - o tempo ruge…). De Sul para Norte depois do Orange River, descansando no “Ai-Ais” e subindo o Canyon do “Fiche River” procurou-se pinturas rupestres, pegadas de dinossauro e vestígios de meteoritos.
No meio de triliões de anos petrificados, “rosnávamos em muxoxos” ininteligíveis admirações brilhando argumentos tirados à pressão duma nuvem feita visão. Há noite, entre zunidos e guinchos vindos da negra escuridão em assalto nocturno, olhávamos as fagulhas saltando da fogueira explodindo térmitas; improvisando jantar, assamos carne de “Orix” e “Biltong” que gulosamente deglutimos com rega de cerveja “Ansen”, “Whindooek Laager” e chá “Rooibos”.
No majestoso deserto do “Karoo”, um fragmento do Calahári. Já tinhamos passado por isto, mas num pois, e foi assim, e assado sempre recordávamos Upington, Augrabies e Moon Roc no Orange River: E aquilo! E, foi! Aconteceu! Assim repetíamos uma e outra vez o já muito descrito. E, dito e feito - fomos a caminho de Etoscha de Ondundozonanandana e Oshakati passando pelos buracos de Otjikoto lake bem ao lado da Estrada Nacional B.1 e, perto de Tsumeb – Por aqui andávamos…
A vida em África desperta com o nascer do sol e, é nas primeiras horas matinais que deveremos buscar os vários antílopes e os “big five” tais como o gnu, girafa, elefante, rinoceronte, zebra, kudu (olongue), impala, macacos, hiena e até mabecos. Com sorte, assistiremos ao banho de terra dos elefantes que junto aos buracos (bebedouros) quase fazem um teatro de coreografia divina, cores de pó em múltiplas facetas e contrastes com o sol do poente com os cheiros fortes que deles tresandam.
Já dentro do Etoscha, no Buraco Okaukuejo - só gente do staff pode sair da área do arame farpado depois do cair da noite. Não havia chalés disponíveis para aquela noite e o recurso foi montar as duas tendas que levávamos na mala do “four bay four”, no espaço disponível entre a cercadura da reserva e os balneários do campismo e caravanismo. O buraco de observação de animais ficava relativamente perto.
Pouco tempo depois deram indicação de que uma manada de elefantes sequiosos estava a chegar; todos os restantes animais e até dois rinocerontes deram espaço ao verdadeiro rei do Etoscha; cansado que estava da viagem não demorei muito a adormecer feito um cepo e fiquei muito indignado de não me terem acordado quando apareceram os leões a beber lá pelas dez horas da noite. O “Okaukuejo Camp“ em forma de quadrado deve ter uns 800 metros de lado, um agrupamento de chalés para turistas, uma zona de residências com telhados em capim para funcionários, e bem ao centro uma torre de onde se divisa o horizonte, ora mata, ora chana aberta em forma de clareiras.
Das várias vezes que por ali passei vi sempre os místicos leões, quase sempre em grupos de três ou quatro em lugares de vegetação rasteira. Em África, o sol põe-se depressa e de forma abrupta pelo que, convêm não se arriscar andar muito afastado do acampamento nas horas de quase fecho de portão escolhido para pernoitar, Okaukuejo, Halali ou Namotoni. Tenho ainda na retina, a planura de Okaukuejo, bem perto do acampamento base “main camp”, a agilidade de uma cheeta na perseguição de uma springbok…
Gazela que de rabo a abanar e orelhas atentas a qualquer ruído pastava; bem atrás, sorrateira, uma cheeta, pata ante pata, avançava com todos os cuidados de visão e barulho normalmente contra o vento; num dado momento e já muito perto da presa lança-se em correria; em simultâneo a gazela pula e pula em saltos coordenados ziguezagueando a linear corrida do felino. Desta fez a correria deu em nada pois o antílope soube sobreviver. Ali, a quebra de vigilância significa uma morte rápida.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO ”ETOSHA PAN”
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3462 – 11.08.2023
- Boligrafando estórias em Okaukuejo do Etosha - Em Ondundozonanandana - Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Da tenda para o buraco de observação e, um céu carregado de estrelas que nos tremelicavam olhares, de entusiasmo, nem nos apercebemos. Era a tranquilidade da natureza envolta em muitas coisas a serem descobertas. Nos dias que se seguiram, percorremos as picadas assinaladas e, de forma a ver o maior número de animais, que íamos registando num prospecto.
O leão era sempre o mais procurado e, quando alguém os descobria assinalavam-nos aos demais colocando também um pionés (percevejo) no quadro-mapa (placard) da base Okaukuejo. Esta base era em verdade um buraco com água rodeado de disfarçadas bancadas aonde o visitante turista observava em segurança os animais da savana que ali iam beber.
É em verdade um conjunto de chalés e locais de campismo aonde os visitantes podem andar em segurança pois que está rodeado de duas fiadas de arame farpado e rede com corrente continua para os Big Five (Os quatro grandes animais) e qualquer um outro, que possa atacar o animal homem; É como se o fosse um galinheiro grande no meio de um deserto savana só que, neste caso eram os observadores (nós) que se mantinham encerrados entre as seis da tarde e as seis da manhã.
A adrenalina escorregava-nos a partir dos olhos, atentos a qualquer movimento ou montículo estranho no meio do capim. E, demos as voltas de Namotoni e Alali parando em um e outro para descansarmos, relaxando à sombra fresca das acácias, tomarmos um café ou comer-se qualquer coisa rápida porque, não havia tempo a perder.
Esta reserva do “ETOSHA PAN” foi há muitos anos atrás um lago abastecido pelas águas do rio Cunene que aqui as vazavam, trazidas do planalto central da Angola - à semelhança das águas do rio Cubango (Okavango) que desaguam no Delta do Botswana, um lago interior que também iremos visitar por terra e por ar. Por um acidente cósmico, o rio Cunene foi desviado do seu curso para o Oceano Atlântico.
Este antigo lago do Etoscha é agora uma das grandes reservas aonde se podem ver um grande número de espécimes, suplantando a meu ver, a Reserva do “kruguer Park” na África do Sul. Este é o melhor destino para quem quiser ver animais em quantidade e em curto espaço de tempo. É claro que temos o Quénia, N’Goro-Goro, Delta do Okavango, e muitas outras mais pequenas reservas mas, como o Etoscha não há igual.
Tínhamos ainda um longo percurso a percorrer em terras da Namíbia e, o nosso próximo destino era a casa do Mais Velho Miranda Khoisan e da Dona Elisabette (falecida recentemente – em 2023) na margem direita do Okavango no lugar do Shitemo. Sucede que a caminho do Rundu a maioria da tribo T´Chingas que era agora composta de Ricar Manhanga, Isabel Manhanga, Ibib - sobeta, Marco M´fumo Manhanga, todos decidiram variar o azimute ao rumo. Por vontade aplaudida do Soba, todos quiseram ir até às Quedas do Ruacaná em terras de gente Himba…
Com medo de estragarmos as recordações dum mar de areia fina já passado, movemos todos finas camadas de nostalgia ainda recente, adormecidas na memória fresca, de forma aleatória. Da muita coisa dum cada olhar de duna ondeando a nossa própria sombra como rugas conformadas com o tempo que não pára nunca. Ouvimos também, às vezes, estalidos numa estranha argola, as estrelas do nosso templo (nossa testa) e, a areia escorregando na ampulheta das nossas vidas…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3459 – 07.08.2023
- Boligrafando estórias em Swakopmund - Em direcção a Ondundozonanandana mais a Norte… Foi no ano de 1999
PorT´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Sei que tudo em minha vida resulta de guardar sempre comigo a esperança monandengue, de espiá-la com olhinhos de a ver balouçada no arco de minha sobrancelha. Hoje mesmo, primeira metade de Agosto de 2023, envolto nas visões da Jornada da Juventude Cristã, tive de as cortar, as sobrancelhas – sobressaiam para além e por cima dos óculos cor de tartaruga, cor de pobre, a lembrar o Lenine ou Álvaro Cunhal.
Gente de sabedoria que torceu as ideias dos outros sem antever que cada qual tem o seu próprio faro, sua forma de lançar caganitas como as cabras, kiákiákiá (minha forma de rir com soluços…). Ouvi o Papa nesses sete dias anteriores e até que gostei das alvissaras junto ao Tejo e Trancão com a ponte Vasco da Gama surgindo na majestade do acontecimento.
Nesta frescura Atlântica via rio, recordo a outra, uma corrente fria chamada de Benguela, que sempre esteve presente em minhas viagens pela áfrica subsariana. Nesse então, a corrente fria, já se fazia sentir há quase quinhentos e cinquenta anos atrás quando por aqui passaram os navegadores portugueses a caminho da Índia das especiarias (isto já foi dito). Ibib já dormia há quatro horas; eram horas de aproveitar ver arredores.
Iremos lanchar no Spur de Swakopmund, ver também o quanto já cresceu esta terra dum nada e como dizem os muitos cartazes, a visita não ficará completa sem uma visita ao famoso Café Anton com seu “coffe and cake” e seus clássicos e deliciosos como Schwartzwalder Kirsahtorte , Florentier e Apfelstrudel, a condizer com estes nomes nada usuais nas nossas dietas feitas com salsaparrilha e beldroegas
Com a gimboa na cabeça em pensamento da moamba de chuço ou capota do rust camp iremos a seguir e nas calmas ver nas calmas Walvis Bay, ver a waterfront e regressar pela tarde depois de vermos os voos em asa delta feito em pano de pára-quedas mais os elegantes flamingos nas lagoas que se situam entre Welvis Bay e o aeroporto da cidade.
Podemos assim ver de novo a área da lagoa, com um elevado número de flamingos que ali se juntam alimentando-se de crustáceos que ali se desenvolvem em natural maternidade. Às vários espécimes residentes que ali se abrigam, junta-se um elevado número de aves migrantes do intra-africano e Palearctic, uma das eco regiões constituídas na superfície terrestre a juntar às oito conhecidas da Europa.
Também da Ásia do Norte no sopé dos Himalaia, Norte da África e partes do norte e centro do Península Arábica que estes frequentam em suas respectivas águas tranquilas. De novo, posso aqui fazer-me todas as perguntas sem obter todas as respostas pela simples razão de que, nada pode acontecer sem que o tivesse querido Deus, correndo o risco de escutar outras opiniões que não estas e, na qual nenhuma autoridade tenho para lhes chamar de blasfémias.
Convem de novo recordar que o Kalahari, apesar de ser popularmente conhecido como um deserto, tem uma variedade de ambientes, alguns localizados em áreas verdejantes e tecnicamente não desérticas. Um deles, conhecido como o Succulent Karoo, é o lar de mais de 5 mil espécies de plantas, quase metade delas endémicas; aproximadamente 10% das suculentas de todo o mundo; elas, são encontradas aqui, no Karoo. Li algures que a razão por trás dessa alta produtividade e endemismo pode ser a natureza relativamente estável das chuvas.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
VIAGENS . 51
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3461 – 09.08.2023
- Boligrafando estórias em Swakopmund e Cape Cross - Em direcção a Ondundozonanandana mais a Norte… Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
E, foi aqui neste fim de mundo paradisíaco de Swakopmund, mais exactamente no Café Anton da cidade de Swakopmund, que vim encontrar-me com o amigo ET – Eduardo Torres que para aqui veio trabalhar depois da saída de Angola no ano de 1975; ele, um Angolano de terceira geração que muito desenhou na obra do Cristo Rei do Lubango. Era importante que o encontro fosse aqui neste café, tantas vezes ponto de partida para expedições desbravadoras desta terra do nada em língua Ovambo.
O espaço do Café é muito agradável e bem decorado, acolhedor e com uma equipa de excelência. Nosso encontro era mesmo para tomarmos o café com acompanhamento de bolinhos e biscoitos que são ali uma iguaria diferente. É um ponto quase obrigatório para quem visita Swakopmund, para quem tem a intenção de chegar a algum lugar pois que, desde tempos idos, aqui se juntam as comitivas de desbravamento dum continente mal conhecido.
O poeta ET foi prestável em suas indicações e tirei até apontamentos para o que desse, e viesse, locais, nomes, telefones e pontos de interesse. Acho sim Eduardo Torres, um santo de pau carunchoso, com salalé, muito bondoso, amigo do amigo e poeta que exprime toda a sua majestade; calmo no falar, no comer, no caminhar, parecendo até ser tudo premeditadamente calculado para não dizer o que pensa, mas não diz – simplesmente quis esquecer partes de seu passado; também de sua casa que ficou para um general governamental…
Com ele atravesso em pensamento estes desertos que se estendem muito para lá do horizonte e, aonde parece nada acontecer. Afinal, escreve, escreve figas onduladamente poéticas como todos os poetas, rimando “bonitos nadas” – um nadista retintamente genuíno. Ele, é o top do Nadismo… Lendo-o sempre fica a sensação de que nem o pai morre, nem a gente almoça.
Mas ET, é de uma leitura supimpa em que quase sempre o amor rima com tambor. Ele e eu, do nosso jeito, amamos aquela excentricidade de Swakop. Ambos gostamos do café e, vai daí um chau-chau que se faz tarde - Mas ainda houve tempo para se ficar a saber, depois de tantos anos que ele nunca se deu conta de que os negros eram pretos; de que seus progenitores já o eram também e, nem se deu conta que estes sempre têm demasiada família, demasiados filhos, tios, tias, irmãs e avós. E, que se ele fosse preto, não sairia de sua casa, de sua terra, de sua pátria! Nem o Cristo Rei do Lubango a quem tanto se dedicou, lhe valeu (isto, sou eu a dizer)
Por bondade intrínseca nunca referiu que estes, os pretos faltavam ao trabalho todas as segundas feiras porque sempre havia o óbito duma avó, dum primo ou tio; uma família que nunca acabava. Esta é uma mokanda especial referente à terra do NADA cuja capital fica em Swakopmund, lugar aonde o coração do EDU, se prendeu nas ondulações das miragens do Naukluft.
Lembrei-me então de contar a ET a estória daquele velho senhor em Luanda: Um senhor fardado com um pijama às riscas, sentado num sofá de orelhas olhando para o infinito, babando-se pelo canto esquerdo descaído, insensível ao cérebro abanado por uma trombose. Com a lentidão das coisas graves e titubeadas com muxoxos – Hum, pois, não sabe; a kalashnikov, os turras, a febre do poder… E, eram bolas de trapos, meias surripiadas do pai a cheirar a sulfato de peúga! Mas, o que é que tem a ver o cú com as calças? Estão a ver o filme!?
E, tu ET, indiferente ao caruncho, que escreves poemas como quem cospe flocos de aveia a um periquito que já deu às de vila diogo, que deu o fora da gaiola. Uma coisa desconcertante sobre tuas vividas vivências. Gosto de ti assim bonitinho que nem um Santo Eduardo, assim saltitante no Naukluft por via de refrescar as glândulas lacrimais, pérolas de maldizer que são o fruto da muita encardida amizade, feitas para reactivar as antigas feituras de escarnio e maldizer à tua tão engenhoso maneira de suprires ou suprimires o tempo das verdades…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3460 – 08.08.2023
- Boligrafando estórias em Swakopmund e Cape Cross - Em direcção a Ondundozonanandana mais a Norte… Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Viver assim num perfeito NADISMO titubeando versos amarelados ou mesmo cobertos de pó, envolto assim num mukifo de aposentos forrados com ele e, como se o fossem azulejos enquadrados na estória duma estação de caminho-de-ferro do M´Puto desactivada – Um NADA numa estação aonde já não passam comboios, faz muitos anos. Nestas viagens pensa-se e fala-se em coisas longínquas como que para preencher o espaço-tempo.
Naquela estrada de terra batida com sal, dura, do nada, verificamos haver muitas gaivotas voando; elas subiam e desciam bruscamente até esta estrada dura de sal escurecido. Achamos que havia qualquer coisa de diferente em essas manobras de voo e, observando mais atentamente podemos ver a elas, as gaivotas, deixarem cair qualquer coisa de seus bicos e, em seguida em voo picado descerem também acompanhando o pedaço de coisa.
Em realidade havia manchas no piso com umas cascas destroçadas. Vai daí paramos para ver o que era aquilo e eis que deparamos com dezenas de manchas húmidas que afinal, eram caracóis do mar com uma ou outra ostra. Aí estava nossa incógnita, um mistério. Eram gaivotas lançando bem do alto aqueles pequenos animais para assim se desfazerem no choque em contacto com o piso da estrada C34, quase na milha 72 do Dorob National park. Mistério bem interessante.
Assinalamos o rumo de sua procedência e metemos por uma picada de piso seguro até chegar ao mar. Deparamos logo com muitas algas lançadas ao mar com a maré e, tendo nelas esses caracóis com mais de cinco centímetros. Iam e vinham com a ondulação. Aquilo era um pitéu grátis e, assim foi: apanhamos o quanto podemos desses burriés gigantes para mais tarde cozinharmos no Dolfim Park.
Andávamos a medo pois que vimos bastantes marcas de bichos que o deveriam ser de chacais mas, a imaginação galgava para outras bestas como a hiena e o leopardo. Até confrontamos as pegadas com um livro que levávamos mas, nada o foi em definitiva certeza. Claro que ficamos vigilantes perante aquela vastidão e aonde as miragens era permanentes, cansando literalmente os olhos pois que até víamos nas dunas em terra, lagos de água bem azulinha; coisa nunca vista – muitas miragens…
E, afinal aonde nos encontrávamos. Bem! Estávamos já além da milha 72, perto de Cape Cross. Chegos ali, espanto - podemos ver milhares de focas, umas com crias outras cuidando delas lançando uivos guturais em tons variados. Guinchando suas forças. Uns chacais que espreitavam o descuido das mães focas para atacarem suas crias – algumas de nascimento recente. Vimos este acontecimento na mais tranquila função e, a mãe, correndo desajeitadamente para a tentar salvar, não o conseguiu…
O mais destacável, depois das miragens, depois dos medos, era o cheiro forte que já se sentia a um quilómetro deste promontório. Promontório muito farto de pedras roliças, grandes – penedos! Penedos em que, os corpos destes animais se confundiam com elas, as rochas escurecidas. O cheio era um misto de peixe apodrecido com gordura de sebo exalado de seus corpos.
É essa gordura que as protege do frio e lhe dão melhor agilidade para deslizar na água, fugir a tubarões e baleias que por aqui, as visitam com regularidade. Passados tantos anos, ainda posso sentir aquele cheiro. Mais à frente e já na via D 2301, podemos ver os esqueletos de barcos e peixes de grande porte – Talvez baleias. Entre o macabro e o belo, a Costa dos Esqueletos é o nome também conhecido como "As Portas do Inferno", repleta de ossos de baleias e até gente pirata que deram à costa…
– Lugar assombroso…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3458 – 06.08.2023
- Boligrafando estórias entre Welvis Bay e Swakopmund - Em direcção a Ondundozonanandana mais a Norte… Foi no ano de 1999
Por:T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
O vento sopra forte do lado de Dorop National Park trazendo areias por quilómetros e eu, galgava-os com receio de haver ali um furo de pneu, o carro teimava em desviar-se para a esquerda mas, em realidade era a força do vento quente que me forçava a preocupação – As nossas palavras são como sombras que nunca podem explicar por inteiro a luz de medos ou ansiedades que sempre transportamos connosco.
Nunca isentos de culpas e formulando nossos destinos, assim o deixávamos derramado, nosso ADN, na mistura do vento, do pó e quenturas com adrenalina; culpados de muitos nenhures ou pequenas coisas, assim formando grandes castelos. E, íamos sim, soprado vida na terra do nada na direcção de Walvis Bay, o principal balneário da Namíbia e um dos mais bem preservados exemplos da arquitectura colonial alemã no mundo.
Walvis Bay, foi fundada em 1892 como sendo o principal porto do Sudoeste Africano Alemão; um dos poucos lugares da África onde uma minoria considerável da população fala alemão e tem raízes germânicas. Fica no trajecto da Rodovia B2 e da Rede Ferroviária Transnamibiana, que vai Windhoek e a Walvis Bay. Tem seu próprio aeroporto e prédios notáveis, bonitos, um espanto no meio duma vastidão de areia.
Neste descobrir de novas coisas ficamos num aprazível mas modesto conjunto de bungalows situado junto ao mar e margem dum rio de areia, mulola de nome Swakop, o que deu origem a este nome à cidade tipicamente alemã aonde morou o ET, um amigo extraterrestre de nome Eduardo Torres. E, assim atirando palavras desprendidas, recordamos terras com vazios aonde a verdade e a mentira passam pela mesma boca como rastos de picada que viram lendas.
Aqui e ali no meio da secura do Karoo íamos pendurando como tufos de teias nas espinheiras do tempo nossos medos e angústias e coisas do mundo sem saber se tudo era o que parecia ser. Diz-se de que, quem quer falar de assuntos sigilosos vai para o deserto mas, nós, não arriscávamos limpar o lacre dos actos e pensamentos porque já tinhamos o coração endurecido na vulgaridade vivida.
Um pouco antes de chegar a Welvis Bay deparamos com lagoas repletas de flamingos – o Bird Sanctuary na estrada M36. O Naukluft e Sossusvlei com suas dunas mágicas foram ficando distantes, mais a Sul. Uma volta rápida a Welvis Bay, umas compras indispensáveis para curtirmos sobrevivência na noite que se aproximava e já a caminho de Swakopmund, assentamos arraial no Dolfim Park – um conjunto de chalés, bem confortáveis.
Da varanda deste chalé podíamos admirar a imensidão do Oceano Atlântico vindo saudar-nos com bátegas chapadas nas rochas – um recife que se estendia ao longo da costa, um cheio intenso a mar – um lugar bem aprazível aonde ficamos duas noites.
Esta frescura do Atlântico é devido à corrente fria de Benguela que já se fazia sentir há quase quinhentos e cinquenta anos atrás quando por aqui passaram os navegadores portugueses a caminho da Índia das especiarias. Por ordem do rei D. João II, Diogo Cão passou por aqui deixando padrões como o de Cape Cross, construído lá pelo ano de 1482 e, que fica a uns escassos 130 quilómetros mais a norte de onde agora nos encontramos…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3456 – 04.08.2023
- Boligrafando estórias em Sossusvlei - Em direcção a Ondundozonanandana a Norte… Foi no ano de 1999
PorT´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
As noites neste deserto de Naukluft – Sossusvlei, aliás, como em todos outros, ficam frescas assim que o sol desaparece no horizonte. Aqueles montes enormes de areia deixam em nós a sensação estranha do quanto somos pequenos. Tivemos de preencher uns papéis para recebermos autorização de entrar no parque dos diamantes. Não nos era permitido afastar-nos do trilho com outras recomendações a cumprir. Iriamos sair ainda de noite para chegarmos ao nascer do dia á Duna da Milha nº 45.
Recordar que NAMIBIA, em dialecto Ovambo significa terra do nada. Foi aqui que vi as melhores paisagens nas minhas viagens por África. Pois assim, saindo de Luderitz atravessei com o clã T´Chingange todo o Naukluft Park para chegar às grandes dunas do Sossusvlei, aonde me encontro. Bolas! Outra vez! Nesta viagem deve haver um anjo da guarda que me persegue mas, em qualquer momento falha sua visão e entro nos cadafalsos da penumbra do telefone e outros edecéteras.
Estou assim a pensar como irei restituir-me em outro António mudando o Lopes para Costa ou vice-versa – Pópilas... Lá terei de largar isto e fazer meu brai com o boerewors com carne de bovino e especiarias, sementes de coentro torradas, pimenta preta, noz-moscada e cravinho. Depois disto veio um vazio, estavam a estudar meu problema pois que mandaram o código de seis números para um telefone que nem era meu embora tivesse o mesmo nome. Creio que era um bafana muzungu destas lonjuras e eu, esperei dois dias soprando ventanias.
Acampamos em duas tendas e, em um espaço próprio no início da zona interdita; activamos uma fogueira comunitária e deliciamos o ouvido com os sons da noite. Saímos ainda noite em comboio de carros, jeeps 4*4 e, turismos como o nosso, um Toyota 1600. A claridade do lusco-fusco ia surgindo e, apanhamos o nascer do sol a meio da subida nessa duna da milha quarenta e cinco.
Em fila indiana gente de muitas latitudes, falando línguas diferentes estavam ali, tal como nós para saborear a natureza em toda a sua plenitude. O sol com o seu disco grande e amarelo ia subindo no horizonte do lado esquerdo; uns mundos de sombras movíveis rodeavam-nos como coisa galáctica; o amarelo e alaranjado das dunas contrastava com o preto carregado das sombras.
As figuras sinuosas das dunas a mudarem muito lentamente, a todo o instante por efeito do vento - algo nunca antes visto e em um palco de grande espaço, aonde também parecia nos movermos como numa ilusão sem infinito. Naquele dia casei com Sossusvlei; a fina cortina de areia desprendida pelo vento mais parecia uma seda ondulante de noiva roçando o meu rosto, os meus olhos, a minha boca.
Beijei a areia feita um véu, como se fora um deus menor e os sinos das cigarras disseminadas em esqueletos de árvores perpetuaram para sempre ao meu ouvido aquele som. Ali era um bom sítio para entregar a alma ao criador. Foi sem dúvida a mais bonita catedral que já visitei. Se por ventura viver 333 anos, quero lá voltar na segunda metade do meu percurso. Ali, o feitiço tem mais encanto, coisas que não se apagam da retina.
É esta, uma das imagens que afagamos nos dias de indulgência, nos dias de amarguras involuntárias, nos dias impregnados de incontidas revoltas. Valeu a pena subir aquele morro de areia ondulante – figuras sobre milhões de grãos de areia ora amarela ora amarelada ou avermelhada; levou talvez uma hora a chegar ao topo, dois pés para a frente deslizando um e meio para trás.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3454 – 02.08.2023
- Boligrafando estórias em Brukkaros e Hardap Game Park. – Em direcção a Ondundozonanandana mais a Norte… Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Já que ficava em caminho fizemos um desvio para ver um vulcão extinto que o mapa indicava com o nome de Brukkaros. Devido à ausência de água potável e ao difícil acesso rodoviário, houve um certo receio em ir àquela montanha que se avistava de longe naquelas infindáveis rectas mas, aventurámo-nos; a viagem à Montanha do Vulcão Brukkaros também é difícil por ser demasiado pedregoso. Qualquer avaria, forçar-nos-ia a regressarmos a pé pois que ali não havia telefones e, os celulares ainda nem existiam; bola para a frente e, vamos ver no que dá.
A montanha é um grande vulcão extinto, um cone vulcânico com um diâmetro de cerca de 4 km2 tendo sido formado por uma explosão quando o magma ascendente encontrou as águas subterrâneas e as superaqueceu. É formado por uma pequena brecha castanha, acentuadamente avermelhada com leito indistinto e, composta por rochas fragmentadas que foram ejectadas daquela chaminé vulcânica de há cerca de 80 milhões de anos.
Eu, Ricar, Marco e Tilinha, tivemos de alcançar o topo do anel na forma de montanha, uns quinhentos metros verdadeiramente escalados até bufar todas as asneiras conhecidas mas, com dificuldade lá chegámos. A cavidade é drenada por um riacho que corre para o sul através da montanha circular até um vale estreito – quando chove. À sua cabeceira encontra-se uma cascata seca sobre a qual o ribeiro desce cerca de 45 metros.
Isto só imaginado pois só o é coisa real após a chuva, acredito que sim, sendo o leito do rio imediatamente abaixo da cascata a principal fonte de água (água que não vimos) mas, notou-se um brilho de humidade sim! E, porque avistamos macacos deduzimos que ali, haverá água; só que não descemos. Já chegava a loucura de subir até quase ao céu para vermos penedias pintadas a ferrugem e umas soltas árvores a que chamam de Quiver´s que crescem ao longo da base da cratera na forma circular tipo funil invetido.
Já refastelados nas instalações da barragem Dam Hardap Game fico atento á chaleira que fumega por cima do fogão eléctrico. O sol entra pela janela da kitchenette que liga à sala aonde estou sentado, melhor, afundado numa poltrona cuja tábua deve ter fundeado no acostamento de matacos de um quilómetro quadrado. Aqui há muita gente gorda e o melhor mesmo é nem repararmos porque, senão os contratempos surgem de soslaio vindos dum desconhecido lugar cheio de biltong, boerewors e coldrinks de coca-cola…
Os vapores do meu chá trazido do M´Puto serpenteiam até ao tecto de pinho em desenhos enrolados e fazendo uma cortina com raios digitalizados. Trata-se de uma velha cura legada pelo meu tio avó de nome Guerra, um composto de barbas de milho, pés de cereja, ipê-roxo, também conhecido como pau de arco e rooibos indígena. Curiosamente, a osga gorda instalada no canto do tecto lambuza-se de contentamento pois que é suposto os mosquitos aparecerem para se banharem no vapor quente, que ali se concentra.
Num espaço etéreo de virtual roxismo, o fumo enlaça visões de índios sioux, astecas ou apaches. O termo roxismo derivada de Roxo, o nome de uma senhora que pinta seus sonhos no computador metendo as pestanas em escandaloso verde e fazendo de óculos com adjacências estapafúrdicas, com madeixas de cabelo ruivos como se todos fossemos assim, vindos duma galáxia distante muito cheia de bolinhas translucidas e, numa forma espantada de arco-íris a condizer exataqualmente com a ideia de que efectivamente, somos uma ilusão.
Hoje mesmo, vou-me ensinando a ser gente tomando aqui e acolá, por onde calha, o saber dos mais sábios para ficar esperto. Nem sempre homem, nem sempre jovem, já mais velho, nos intervalos, aprendo a aprender a ser grande graças a esta aguda perspectiva de também ver e ler as coisas da frente para trás e tal como o camaleão, ter um olho aqui e outro mais longe para poder fazer selfies de mim mesmo (isto é só imaginação futura porque, a selfie surgiu anos depois…), bem ao jeito de Picasso. Lá fora as árvores têm formas de cactos pré-estóricos, aloe dichotoma (as tais Quiver´s)…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3453 – 01.08.2023
- Boligrafando estórias em Krabbehoft Guesthouse and Catering. Estávamos ainda em LUDERITZ … Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Necessitando de renovar minha paz por mais uns dias em país que não o meu, insurgia-me contra essa maçada de pagar expedientes ou emolumentos numa terra com padrões de meus ancestrais situados um pouco mais a Sul e no lugar de Elizabeth Bay. Foi quando vimos as duas hienas esgueirar-se na esquina salitrosa dum prédio roído pela maresia.
Chafurdavam em um conjunto de bidons fazendo de contentores com restos de comida, sobras do pasto de gentes, pasteis roídos de fartura com natas de engordar há mistura com salitrosos guardanapos empapados de óleo e espinhas de pescada. Neste encanto de desespero entre o mar e o deserto, rendilhamos nossos sonhos com muitas pedras roliças, daquelas que já andaram e desandaram milhares de vezes a recordar que somos uns nada comandados por mistérios…
Mesmo que rumine uma harmonia que me favoreça a dormir embalado pela mão de Deus, esta paz fica-me cara porque, aqui na terra, os homens pagam-se bem pelos expedientes. Regressando à teoria do pessimismo, terei de concordar que é certo o que se diz de que o que tiver que acontecer, acontece, e neste caso aproveitarei rever um oceano de quilómetros de acácias - longe do mar, desertos e bichos na firme vontade de não ser extorquido como um qualquer turista para ver pedras e ou atravessar uma curta ponte construída pelos colonos e ter de pagar pedágio, portagem ou sacanagem de coisas descolonizadas (roubadas).
Assim de como quem vai ao mercado das calamidades, feira da ladra para compra nossas coisas desviadas no furto, capiango da necessidade. Um escambau - Em áfrica, tudo é possível, tudo é da TIA - That Is África. Coabitando com este gozo de incertezas, preencho a inspiração sem doçura, um veludo negro cuspilhando-me num desconsolo na alma.
Mas, como “há males que vêem por bem” acoitei minha curiosidade em ver cavalos selvagens por esta grande área aonde as areias foram tomando conta das casas – cavalos que relincham em alemão porque foram eles que os deixaram por aqui; porque o eram em tempos, cavalgaduras deles, até que um dia em que os diamantes de sonho deixaram de aparecer a brilhar, Também a Guerra Grande que chegou até aqui destroçou vidas com brilhos cintilantes como as estrelas do céu que aqui, de noite, são aos triliões.
Sem me assustar com a calma tremeluzente que carrego, trotarei como aqueles cavalos a sobreviver alvoroços e daqui, segui, seguimos para Windhoek feito um naco grande de sabão p´ra macaco com almofadinhas de chita branca, carteira com dólares verdes numa forma de amaciar minha rigidez branca. Em terras de gente que, só parecem querer meu kumbú, irei rever meu Rundu, meus amigos fujões do outro lado chamado de Calai de Angola no Okavango.
Ver um rio de maravilha que desagua numa lagoa grande chamada de Delta. Outra corrida - Outra viagem! A vida é assim mesmo, como um carrossel. Recordar a estória do final do ano de 1975 de, quando um General de Pretória num dia intercalado das guerras independentistas, chega um indivíduo sem nome a Grootfontein; Este senhor levando um visto de trabalho em nome de João Miranda saído às pressas de Angola.
Do General que viu em João Miranda, o Tuga do Dírico, com o perfil certo para ser integrado no Batalhão Búfalo por falar a língua dos estalidos, bosquímanos, os Khoisans. Da companhia Búfalo que estava a ser organizada para intervir em Angola contrariando as investidas comunistas. Foi lá no Hotel Safari que me instalei em diferentes fases da independência de Angola. Lugar por onde irei passar de novo, rever o amigo Pimenta se ainda for vivo, enfim, lugar aonde pela primeira vez comi ostras no gelo e gelado dom pedro com Marula…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3452 – 31.07.2023
- Boligrafando estórias em Krabbehoft Guesthouse and Catering. Estávamos ainda em LUDERITZ … Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Ot´chingandji) – Em Amieiro do M´Puto
(…) Isto (eu mesmo, o kota…), só pode fazer confusão a quem anda sempre teso, com seus colarinhos engomados, cheio de obséquios e unhas estimadas, sem nunca sentir os medos indefinidos que arrepiam as carnes como pés de galinha e arrepios de levantar medos no cocuruto do toutiço. Desfigurado pelo tempo, cheio de cãs, estonteado pelos muitos calores, posso ver minha barba crescer em troços grossos e brancos de um milímetro de comprimento que, só uma gillette de três lâminas as pode debastar.
Passeio pelo mundo, o meu isolamento procurando entreter-me cada vez mais só desencantado com amigos e inimigos – um mundo de loucura e, metido entre meus botões de casca de ostra a fazer estilo de mandela em dia de balalaika zulu… Por vezes as companhias são obtusas e confusas, cheias de nove e onze horas como se fossem os donos de todos os relógios; já me aconteceu destas tormentas mas, agora interessa é continuar a falar de Luderitz, lugar de hienas peludas dum cinzento acastanhado.
Chegamos ali ao fim duma tarde, um frio com vento de arrepiar para cima de nós, deslocando a areia de um para o outro lado da estrada, ora preta de alcatrão ora indefinidamente tapada de areia esquindivada do Kalahári. Aqui, nem pensar em ficar em camping a contar as estrelas e ver aonde está esse Cruzeiro do Sul. A areia era-nos cuspida pelo Nosso Senhor como gente desabençoada, rolos de capim amarfanhado fugindo no medo e no sentido do vento e, nós aqui feitos loucos, uns extra terrestes zoando espantos; assim tinha sido até aqui, assim o foi na estrada que nos trouxe até aqui - Pópilas…
Recolhemo-nos no Krabbehoft Guesthouse Catering e apartments embrulhados em nossos kispos tiritando das quinambas e nas orelhas, batendo o dente como metralhadoras do filme do dia D. Vou vos contar - tudo ao molhe e fé em Deus! Havia gente jovem de muitos lados e, na confusão do meu Inglês raspikui do Friday, misturava-se com o “je suis” e falas com tremas na vontade de “seja o que Deus quiser”- Saravá! Dizia eu, para desatarraxar as encrencas das porcas sextravancadas…
Afinal não éramos os únicos malucos a andar soprados ao vento frio da aventura. Ao chegar ali, os hóspedes têm a sensação de ter caído repentinamente nas páginas de um romance de Hemingway, talvez Papillon. Bem! Uma mistura de tudo… Um espírito e, um ambiente ultra "bush", uma caserna bechuanaland com gente estendida pelos corredores dormindo em sacos cama. Óh gente doida! Lá fora as hienas castanhas farejavam os bidons de lixo, os restos de pizza, do tutano dos ossos, assim mesmo como se fossem cães dos arrabaldes duma qualquer outra cidade.
Aqui em Luderitz, as horas acordam cedo desfazendo-se em minutos gélidos pelos sopros do mar, gozando mais regradamente os bens da inteligência e da vida; remexo a chávena com meu especial milongo de adstringir triglicéridos, uma cachaça, aguardente medronho do M´Puto trazida em contrabando para aquecer, pois claro. Ao redor predominava o cheiro de café ondulado em falas da Croácia, do Xingrilá, das Maldivas e até estalidos de mucancala, mucuisse ou mucubal khoisans falando em Morse – acho que era só para fingir ou trinando sons do Alá…
Assim feito muambeiro, tomei com um agrado, aquele agora da vida na forma de café arábico. Desolando-me numa sinceridade gemida de tudo o que é ilusão, indeferia-me nos contornos que se transportam sempre às costas, um pessimismo que sempre se enrola no soalho do cerebelo. Assim taciturnado, com o kispo enfiado pelas orelhas, todos os cinco (T´Chingas, Marco Manhanga, Ricar, Tilinha e Mãe Bibi), fomos ver o padrão de Luderitz numa ponta pedregosa colocado pelos Tugas em tempos de lá para trás do mu-ukulu, do muito antigamente.
Naqueles tempos de quando ainda se alimentavam sonhos de grandeza com Diogo Can que só chegou ao N´zaire River e, mais tarde o Bartolomeu Dias que passou o Cabo Bojador, e o Vasco das Barbas chamado Gama, que dominou as Índias. Sei o quanto é difícil ler o indecifrável mas soe dizer-se que a teoria do pessimismo quando implodida num deserto, é bem consoladora para os que sofrem e eu, com meus sessenta e quatro anos nesse então (tempo de há catorze anos), já não tinha fornalha para alimentar lentas combustões. Isso - Na forma de chatice! É do frio cortante…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3451 – 30.07.2023
- Boligrafando estórias em Ondundozonanandana. Estávamos ainda em Luderitz, terra soprando a areia no caminho… Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Na minha vontade, parecia só querer ser uma lenda a comparar com o feito de Amyr Klink que sozinho e num barco a remos atravessou o Oceano Atlântico percorrendo sete mil quilómetros. Foi o primeiro feito a ser amplamente divulgado na imprensa internacional que ocorreu entre 10 de Junho e 19 de Setembro de 1984, entre Luderitz, na Namíbia (África) e Salvador, na Bahia (Brasil) – trinta e nove anos lá atrás.
Foi um feito invulgar a mostrar o quanto a tenacidade pode vencer um sonho. Abro uma brecha na minha viagem para falar sucintamente de Amyr Klink, o navegador que desde Luderitz da Namíbia, provocou seu grande desafio - a travessia solitária do Oceano Atlântico a remo. Pois, com 29 anos na idade, ele zarpou dali, cidade vizinha à Costa dos Esqueletos - com ossos humanos e de animais espalhados pela praia.
“Favorecido pela corrente fria de Benguela afasta-se da orla e deflecte para dentro do Atlântico; no lugar onde começam os ventos alísios que sopram fortes e regulares até o Nordeste do Brasil”, descreve ele em seu livro. Algo idêntico ao procedimento na navegação Tuga entre Cabo Verde, Guiné Bissau, Angola e o Brasil em tempos idos, muito antes do achamento do tição com forma de Nossa Senhora que da fé imaginada se converteu em Nossa Senhora (Preta) da Aparecida…
Amyr, virou um navegador respeitado, e sua paixão pela Namíbia jamais cessou. “É segura e económica”, analisou ele, que ali voltou várias vezes. Tal como ele, ambos verificamos em diferenciadas vertentes o interior, deserto do Karoo e Kalahári, preservado de bichos terrestres já tão vistos em safaris, enquanto no litoral, cidades como Lüderitz, Walvis Bay e Swakopmond o é, morada de focas, pinguins, flamingos, pelicanos e tubarões que fazem parte do círculo ou cadeia alimentar.
Ambos, matamos saudades dos acasos e singulares amizades que fizemos e, dos óptimos pitéus que usufruímos com frutos do mar ofertados pela natureza. Juro que eu, em plena consciência nunca faria isto, meter-me ao mar sem balizas firmes assentes em algo de referência, como os padrões semeados ao longo da costa pelos Tugas, vendo só o horizonte curvo a confundir-se com o céu do Nosso Senhor! Menos mal que nesse tempo de lá para trás, não se cogitava que o Universo não tinha bordos, era uma fumaça com cacimbo sem fim.
Agora tenho a certeza que vou terminar meus dias sem saber aonde fica esse tal de cu-de-judas do fim do Mundo. O mundo continuou a girar como sempre e, não mudou por este feito mas seus “Cem Dias entre Céu e Mar” ficaram nos anais da coragem marítima. Comparar-me assim minuciosamente com tamanhas aventuras é consolar-me com alheios fumos, fumos de charutos como se fossem pensamentos num tom cor-de-rosa que se perfilam em matemática quântica porque os índios Sioux e, todos os outros das antigas estórias de bordel, já foram extintos, não há muito tempo…
Desfalecido nos ombros, um pouco mais tolo e muito mais míope, agora, já com a audição a não ouvir os cantares de galo no silêncio da noite, coxeio-me em vozeados ambientes de cochichos frouxos. Coitado de mim! Bom - prá frente. Em Keetmanshop, procuramos em arcas carne de caça para fazer um brai-churrasco lá acabamos por encontrar uma carne escura; era de órix, esse belo animal que se podem ver fazendo pose nas dunas de areia vermelha lá no horizonte.
A senhora bóher do armazém-venda, pouco mais que um cuca-chope, queria impingir-nos outra carne porque aquela era de caça mas, mal sabia ela que era isto que procurávamos. Em seu conceito, não era normal os turistas comerem bichos-do-mato. Como podem verificar, missionando o toutiço, perdi inteiramente as minhas belas cores europeias, a cara sarapintada de funchos, crateras com rugas extravagantes…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3449 – 28.07.2023
- Boligrafando estórias tão fantásticas, que até o nome se alonga de gozo: Ondundozonanandana… Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
De sabedoria debruada em muitas rugas, olham num permanente espanto as coisas que nós os ocidentais inteligentes banalizam e, uma casca de fruta que pode ser um grande património para eles, torna um fio com uma linha uma tecnologia espacial. Para nós alienígenas ocidentais do mundo terreno, iremos dizer do quanto é maravilhoso ter comprimidos que permitirão encher o bandulho de pasteis de creme, de nata e baba de camelo às duas da manhã ou o sorvete na forma de gelado sem riscos de se ficar com um peso na consciência.
E, tem mais, as mulheres não deixarão seus maridos à solta se souberem que ingeriram uma vitamina super de xhoba. Se bem conhecem, a história da coca-cola foi objecto de um filme em que uma garrafa destas caiu em pleno deserto do Calahári e que daí, provocou para além da curiosidade as vicissitudes do mundo ocidental, o mundo dito civilizado. Recordo que neste então e, descrevendo sumariamente o filme, uma criança viu-se acossada por umas quantas hienas. O candengue (puto), sabedor dos costumes da tribo pegou em um pau colocando-o na cabeça; assim parecendo mais alto, as hienas não se atreveram a atacar o candengue Bushmen.
Estas estórias de tão simples, tornam-se fascinantes para quem todos os dias manobra com aparelhos inteligentes, coisas tecnologicamente chamadas de ponta. O mundo avança tão rápidamente que todos os dias nos atropelamos em ignorância. Tempo virá em que nossos médicos, nossos choferes, nossos farmacêuticos e bibliotecários, serão robôs; que os políticos virarão um bando de gângsteres usando a mentira e novas tecnologias algorítmicas; que a morte será premeditada e o ciclo da escravidão retornará envolta em lubrificadas e premeditados desfalques à nação…
Desconfio que pelo andar da carruagem este trem da Terra vai conspurcar pouco a pouco aquelas paragens semi desérticas repetindo por muitas vezes este episódio da coca-cola e, o povo mais antigo ao cimo da terra passará a usar gravata e sapatos de coiro em substituição da sua pele rugosa e resistente. Por via da tal “molécula P57” o mundo dito civilizado subsidiará as tribos nómadas que vivem sem fronteiras entre Angola, Namíbia, Botswana, Zâmbia, África do Sul e Zimbabwé.
Estes, não mais irão ter de correr atrás dos macacos para saber aonde beber; de reconhecer as plantas que no meio do deserto lhe fornecerão água em suas raízes, terão à mão um chinocas, uma venda, quiosque cuca-shop para lhes venderem água e cachaça… A Bushmanland não mais será a mesma! A cento e vinte quilómetros a sul do Orange, num local conhecido por Springbok, pernoitamos numa palhota do tipo em que vivem os Bosquímanos.
Com estrutura circular formada de paus vergados e enterrados na sua parte mais grossa, entrelaçam-se entre si na parte mais alta sendo o restante amarrado com fios feitos de casca de arbustos locais. Chovia quando ali chegamos pela primeira vez indo de Orange River mais a sul; coisa rara para quem passa esporadicamente como o era, neste meu caso; não há cheiro igual noutro qualquer lugar do mundo.
Após as primeiras chuvas, o pó em África, tem um cheiro de terra espacial; quem o não cheirou, não consegue conciliar os sentidos inebriadores duma mistura de pólens invisíveis dos escassos tufos de vegetação. No outro dia já as encostas suaves dos morros ficam numas chapadas feitas jardim, um mar de rosas deslumbrando-nos. Ver o deserto em tão curto prazo de tempo virar um jardim florido é qualquer coisa de misterioso, milagre que nos leva até um ser superior a quem chamamos de Deus…
Estas palhotas do Springbok tinham 1,80 metros na sua parte mais elevada, cobertas a palha presa aos paus com a mesma casca, tipo mateba, deixando uma abertura com uns sessenta centímetros de largura e noventa de altura. Após ter feito uma prévia inspecção ao local circundante enxotando lacraus, aranhas e carochas, derramei um fio de gasóleo na parte de fora. O gordo bóher dono do pedaço, nada me disse para além de afirmar que estávamos seguros mas, eu não me sentia tão firme, se não fizesse isto.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3448 – 27.07.2023
- Boligrafando estórias tão fantásticas, que até o nome se alonga de gozo: Ondundozonanandana… Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Foi nesse sítio de Mata-Mata, lugar ideal para se sepultar o passado que encontramos o milagroso cacto escondido entre tufos espinhosos, verde, gomoso e muito ornado de picos; agressivo no aspecto, engana no entanto a fome ao povo Bosquímano há séculos. A fronteira da coragem transpira incertezas naquele povo a quem Nelson Mandela cedeu 400 milhões de metros quadrados para mitigarem a fome explorando este milagroso cacto.
O xhoba para além de surgir naturalmente na natureza, também é cultivado por esta etnia Bushmen, por algumas tribos nómadas que vivem sem fronteiras entre Angola, Namíbia, Botswana, Zâmbia, África do Sul e Zimbabwé. Este cacto torna-se agora conhecido, fruto de pesquisas nos laboratórios ocidentais e ao longo dos últimos tempos no intuito de controlarem o problema social da obesidade, consequentes problemas de colesterol com os triglicéridos.
Lípidos que sendo importantes para o armazenamento de energia no organismo sob a forma de tecido adiposo, podem originar problemas cardíacos ou doenças coronárias em geral quando em quantidade elevada. Se bem se recordam da figura do bosquímano, ele é seco de carnes e, de estrutura perfeitamente musculada. Pois o xhoba que, também conhecido por hoodia, é um cacto da família suculenta que cresce naturalmente na África do Sul, a norte, desde a Costa Atlântica até ao Limpopo.
Tem a particularidade de eliminar a fome reduzindo duas mil calorias por naco e por dia; viscoso e azedo, quando ingerido, engana o cérebro até à linha zero, num gozo de deuses ladeados de chacais, caracais ou hienas. Entretanto vi-me obrigado a apaziguar inquietudes por evidente encantamento deste Kalahári. As noites frias daquela terra de Bushmanland crepitavam em fogueiras, alçadas labaredas do meio de tanta negrura. E, eles gente do Kalahári, embrulhados toscamente numa pele, numa tanga.
O que despertou o interesse das grandes farmacêuticas no sentido de sintetizar o princípio activo da planta foi uma tal de “molécula P57”; a mesma que ajuda a suportar a fome e a sede durante suas longas caçadas, sem efeitos secundários. O fumo da fogueira dissipa-se num vazio de milhões de estrelas enquanto no retiro das precárias cubatas-choças, pelo que também se diz o frenesim do amor ou relações de corpos se desprende naturalmente pelo efeito afrodisíaco do mesmo xhoba (assim dizem).
Existem cerca de 20 variedades desta planta mas é na variedade Hoodia Gordinii que é encontrado um supressor de apetite totalmente natural; assim se pode ler algures em uma publicação farmacêutica. No ano de 1997, a licença da descoberta foi vendida a uma empresa britânica, Phytofarm, que por sua vez vendeu os direitos de desenvolvimento e marketing à gigante Pfizer Corporation. Os interesses comerciais entram aqui com sua natural e exagerada relevância que nos levam ao género humano que somos hoje, estereotipo bem diferenciado dos Koysan, da etnia Bushmen, Bosquimanos ou da tribo nómada dos "San"…
De uma forma mais activa, a P57 tem um comportamento similar ao que a glucose tem ao nível das células nervosas, no cérebro, levando o corpo a pensar, que está cheio, mesmo quando não o está, cortando assim o apetite, como explica o Dr. Richard Dixey, da Phytofarm: “Existe uma parte do cérebro chamada hipotálamo. Dentro do hipotálamo, situado no centro do cérebro, existem células nervosas que detectam a presença de um açúcar chamado glucose".
Quando comemos, os níveis de açúcar no sangue aumentam por causa da comida e estas células começam a lançar para o corpo a informação de que estamos cheios. Pois o que o xhoba parece conter é uma molécula que é cerca de 10 mil vezes mais activa que a glucose. A maturidade dos Bosquímanos mede-se pela idade, no encanto de estalar conversa em contos e, por isso, são a mais velha biblioteca oral do mundo. Os mais velhos, kotas, engalanados em contos de místicas com lendas de *mussendos ou missossos, descrevem por estalos sua coragem despida de preconceitos porque os desconhecem.
Bibliografia: * Mussendo – estória longa de cariz popular; Missosso – conto curto, de origem popular
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3447 – 26.07.2023
- Verdade ficcionada
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
(…) - Chegados à casa do Senhor Bicho, não muito longe dali e, após as habituais apresentações mostrou-me o quarto disponível; foi-me dizendo que ainda estava em obras e que teria de ficar em um colchão ainda embrulhado em plástico, recomendando-me não o tirar em virtude de poderem vir a ser vendidos como novos. Assim foi mas, durante a noite a restolhada do plástico e a quentura não me proporcionou um absoluto descanso. Bem cedo, um empregado do Senhor Bicho comunicou-me que podia ir até a varanda situada por detrás do último quarto logo após o corredor que dava ao pátio interior para tomar o mata-bicho.
Chegando lá encontrei o senhor Bicho dando ordens a uma gorda senhora que logo se adentrou na cozinha de onde se podia sentir o odor do café e, logo se sentou a meu lado cavaqueando sobre os muitos afazeres daquela hospedaria. E, falamos da sua distante terra, a Ponte do Charuto do M´Puto, bem perto de Mexilhoeira Grande no Concelho de Lagoa.
Mostrei admiração pela beleza das portas quase maciças da entrada para os quartos com baixos-relevos dos cinco grandes animais de África. A minha porta era uma cabeça de búfalo; em realidade era uma obra de mestre. Bicho, sem saber da minha vontade em ir ao Rundu, do outro lado do Calai foi-me inteirando que a pessoa com quem eu tinha em mente encontrar.
João Miranda, já não estava na grande base de Grootfontein. Isso despertou-me curiosidade pelo que recolhi os detalhes possíveis; da triagem dos muxoxos falados e escutados na casa restaurante de Rocha já me tinham alertado de que assim era. Pois é, continua Bicho: - a mando dum General de Pretória um dia chega um indivíduo sem nome, em Grootfontein em um Hércules C-130., levando-lhe um visto de trabalho em nome de João Miranda…
Levou a família inteira para Pretória. E, porque tinha todos os seus bens em Dírico, não queria por nada ir para Portugal; além do mais sua senhora Elizabete só conhecia mesmo as terras do fim-do-mundo de Dírico, pois ali teria nascido. Deram-lhe um apartamento do tipo T4 totalmente equipado; o General viu nele o perfil certo para ser integrado no batalhão Búfalo por ser um bom conhecedor do terreno e falar a língua local e, dos bosquímanos.
A companhia Búfalo estava a ser organizada à já algum tempo no intuito de intervir em Angola salvaguardando possíveis investidas terroristas e comunistas. Ovoboland seria um território tampão àquele avanço. Bicho perante a minha incerteza, com a cabeça muito cheia de “nadas” para o futuro aconselhou-me ir até Windhoek antes de tomar qualquer decisão; dizia-se que estavam ali os recrutadores de possíveis militares a integrar naquele batalhão
Tudo dependeria da aptidão e vontade de vir a ser um soldado da fortuna, vulgo mercenário. Indicando-me o Safari Motel para me instalar. Ali, iria recolher elementos junto a muitos refugiados, alguns deles, agentes da PIDE que tinham uma noção exacta das movimentações em curso. Um dia depois, segui em boleia com o tal Rocha de Oshakati, que me fez o especial favor de me levar ao Safari Motel do Pimenta…
Esta estória tem continuação em um outro contexto pois que num repente, o que era para ser já o não foi; tudo por um macaco que teve a ousadia de me roubar a mala que continha apontamentos de minhas odisseias da Ovoboland. Posso explicar: estando eu e família em um parque nos arredores de Windhoek, Daan Viljoen Game Reserve, acreditem ou não, o raio do macaco cão, babuíno, grande e possante, levou meu caderno de apontamentos pensando serem bolachas. Escafedeu-se na mata levando para lá dos arames, importantes apontamentos de minhas andanças. Só por isso e, para não friccionar minhas moléculas cerebrais, darei um salto literário boligrafando outras alvissares das mesmas paragens do cacto xhoba. É a vida!
Glossário: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes, durante os longos anos da crise Angolana, e após o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional. Corresponde à diáspora de angolanos e afins espalhados por esse mundo.
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA
- " DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3446 – 25.07.2023
- Verdade ficcionada
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Oshakati, ficava na direcção contrária à faixa de Kaprivi, uma faixa de linha recta saída do Divundo junto ao rio Cubango (Okavango) até o rio Zambeze com cerca de 405 km de comprimento e 30 km de largura. Tem a forma de frigideira e fica situada no nordeste da Namíbia formando as duas regiões namibianas denominadas de Kavango e Kaprivi.
Tinha indicações que havia um tal senhor Rocha que fugido do Sul de Angola ali se estabeleceu com um restaurante e uma fiada de casas térreas que eram alugadas a baixo custo a refugiados; foi para ali que me dirigi e aonde me refastelei com uma caldeirada de cabrito. Enquanto a família comia, uns quantos olheiros miravam e ouviam atentamente o que se passava entre nós; gente deslocada de Angola que vivia de expedientes e bufaria…
Rocha era ainda um rapaz novo; sentou-se em nossa mesa e conversamos um longo tempo, fruto da minha insistência na recolha de informações. Rocha falou abertamente do sonho em se fazer rico, construir um hotel em condições e negociar com diamantes quando lhe fosse possível. A empatia foi tal que não se coibiu de falar o que quer que fosse…
Aconselhou-me a ficar num dos quartos de Bicho da Ponte do Charuto (Estômbar do M´Puto) logo no fundo da rua, pois que ele estava com os alojamentos repletos de gente saída de Angola. Em África parece tudo ser perto pois que tudo se sabe; carências de notícias levam à união e a fraternidade dando a isto, uma característica única no mundo; Em nenhum lado do grande globo se encontra esta postura e este facto é a razão do porque, ninguém se esquece desses locais aonde a vida tem socalcos diferenciados assim como se estivéssemos num permanente mundo de Indiana Jones, coisa de cinema com senas a correr numa mina do tipo de kimberly …
Daqueles aromas, do som do mato, do chorar da hiena, do uivar do mabeco e até o cacarejar das capotas com o “tou-fraca, tou-fraca…” mais o por do sol atrás duns chinguiços, cassuneiras ressequidas e mato estéril. Rocha estava a par da odisseia de João Miranda do Mukwé e acabei por ouvir um pouco mais da sua fuga das terras do fim-do-mundo, zonas do Calai, Dírico e do Rundu: …
Quando Miranda chegou ao Mucusso e passou a fronteira para o Sudoeste Africano, as autoridades sul-africanas actuaram com rapidez. O comando Sul-africano do Rundu, enviou prontamente tropas para receber a família no Calai. A família Miranda estava salva. O comandante da polícia local, o inspector Erasmos, instalou os Miranda numa “guest house” do Governo, nesse tempo Namíbia, ainda estava debaixo da alçada Sul-africana.
Nessa mesma tarde apareceu o general Loots, reformado, combatente da II Guerra Mundial, acompanhado por um oficial português, madeirense, o tenente Silva. João Miranda foi entrevistado e no final informaram-no de que receberia no fim do mês um ordenado, relativo ao primeiro dia em que fugira de Angola. Para a Intelligence Sul-africana era de grande valor ter um homem que dominasse a fala por estalidos dos khoisan (bosquímanos), que fosse conhecedor da área e tivesse tido um agraciado valor militar – era o caso.
A família foi depois transferida para Grootfontein, já no interior norte da colónia, para maior protecção. - Julgo que é ali que eles estão agora! Afirmou Rocha. Com esta informação a minha odisseia teria outro rumo; Teria toda a noite para pensar como prosseguir no dia a seguir; agora iria à procura do senhor Bicho para me instalar. O Okavango seria nosso destino, Mukwé, não muito longe do Rundo cidade, eram os rumores mais aproximados de seu bivaque (“acampamento”) - Não seria assim tão difícil encontrar um comerciante branco junto ao rio Cubango…
(Continua…)
Glossário: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes, durante os longos anos da crise Angolana, e após o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional. Corresponde à diáspora de angolanos e afins espalhados por esse mundo.
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA - Boligrafando estórias em cor antiga em terras de KHOISAN… Nos anos de 1999 e 2018…
Crónica 3445 – 24.07.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Na descoberta de África, chegar aonde os outros não chegam e, a partir de Cape Town, rumei às longínquas terras do fim do mundo, terra do nada que na língua Ovambo tem o nome de Namíbia. O destino do Rundu na Owamboland estava a 2500 quilómetros mais a norte, fazendo fronteira com Angola pelo rio Cubango ou Okavango. O mesmo que vai desaguar não no mar, mas numa vasta área chamada de Delta do Okavango.
Cedendo a rogos do meu ego, não fiz mais do que executar um plano há muito preparado com Mapas do Cuco edições e mapas Guia Michelin, uma publicação turística destinada também a classificar restaurantes e hotéis; decidi-me a atravessar os grandes desertos do Karoo e Kalahári, na rota de fuga do povo Bóher, sempre para norte. No ano de 1999, fim do século XX, regimentava minha vida acumulando sentimentos de muitas dúvidas; hoje, estas mesmas duvidas aumentaram exponencialmente.
Já nesse tempo não se estava bem aonde se estava tal como o Variações, um cantor barbeiro e cabeleireiro que também sabia cortar palavras. Nesse tempo ser gay era uma afronta feia de maricas, hoje, até os que não são dizem ser, para ter acesso social!? E, têm-no na TV, no governo, no mundo da canção e o escambau e... Mas, o assunto é outro sem esse tal de orgulho LGBTIKW+.
Os sentimentos acumulados com angústias de permeio a fazer de talvegues ao jeito de formar rios e lagoas, foram aumentando e, agora até serão mares. Isso! Só que meus assobios tinham de ser dispersos no deserto, daquele aonde o vento faz mover montículos de capim seco, unhas do diabo que se encaixam algures brotando verdura com uns escassos pingos de chuva. Por este motivo cheirava a terra depois da chuva e, a partir da Cidade do Cabo fiz-me ao caminho.
Levei a cabo a travessia desde Cape Town até à Cidade de Maputo, antiga Lourenço Marques. Passando por Windhoek, Walvis Bay, Victória Falls, Lago Kariba no Zambeze, Tete, Beira, Chimoio, Macia-Bilene e por fim Maputo. Voltei a repetir parte desta volta no ano recente de 2018, a qual ainda ando a digerir e escrever (tenho os apontamentos espalhados por aí...) mas, o desencanto levou-me a ver tudo mudado, para pior. Talvez, se a tivesse feito do meu modo, teria sido bem melhor; andar à boleia de quem diz conhecer tudo, dá nisto, contrariedades. Ferrei-me!
Percorrendo mais de treze mil quilómetros, perdido de amores por aquelas escaldantes terras, o sol esfregava a brisa assobiando cânticos quentes nos nossos rostos, também nos sonhos agrestes de sedução trazendo-nos a areia fina. Lambuzando-nos pelas narinas, flagelava-nos de braveza por vezes humedecida pelo mar até Knysna na Costa do Ouro, lugar aonde desviei para norte para ver as grutas de Kango Caves e, redescobrir assim primitivas vidas.
Seguiram-se outras terras até que parei em Upington, nas quedas de Augrabies em pleno rio Orange, o rio da integridade Bóher, rio dos sonhos e fugas aos Ingleses. Ali, no meio da neblina matinal por entre fráguas gigantes como as Moon Rock, no Augrabies Falls National Park. Nestas águas quentes revi o passado, pecúlio de quem nada espera, esperando...
Finalmente passando dias de sensação esfarelando o tempo em velocidades porque o tempo "ruge", cheguei a Twee Rivieren e Mata-Mata mais a norte, sitio seco, penedos queimados pelo sol dispersos na areia e uns tufos por aqui e ali, fronteira com o Botswana e Namíbia, um fim-de-mundo com khoisans (bosquímanos). Sitio ideal de aventura para se enterrar o passado. Foi aqui que encontrei esse milagroso cacto Xhoba...
(Continua Okavango e Calahári...)
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