MEDITAÇÃO DO NOVO ANO DE 2023
*PLANO ÚNICO* - UM DIA DEPOIS DA MORTE DE BENTO XVI AOS 95 ANOS DE IDADE...
Crónica 3339 de 01.01.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) em Lagoa do M´Puto
De acordo com uma lenda, quando Jesus ascendeu ao Céu, alguns anjos se mostraram curiosos para saber algo mais a respeito da experiência Dele na Terra e foram interrogá-Lo a respeito: “O Senhor fundou um grande movimento! Quantos seguidores deixou?”
Jesus teria respondido: “Geralmente Eu atraía grandes multidões, mas deixei apenas 11 discípulos, alguns poucos amigos e dedicados seguidores.”- Bem, continuaram os anjos: “sendo tão poucos, certamente devem ter sido seres humanos excepcionais, dotados de excelente carácter, pessoas influentes em suas comunidades e de sucesso profissional.”
CA - A resposta teria sido: “Realmente, eram fora do comum: alguns pescadores, um colector de impostos, pessoas simples. Os anjos continuaram: “Nesse caso, formavam um grupo extremamente leal e confiável!” Jesus: “Eles tinham uma vontade imensa de ser leais, mas, no momento mais crítico, um Me traiu, outro Me negou, e quase todos os outros fugiram.”
“E o Senhor ainda espera que esse grupo continue Seu trabalho? Tem algum plano alternativo?” - Jesus teria respondido: “Não, não tenho plano alternativo. Esse é o grupo com que posso contar.”- À parte da lenda, o facto é que os discípulos aos quais o Mestre incumbiu a tarefa de pregar o evangelho e estabelecer Sua igreja eram repletos de limitações. Mas não foram limitados na esperança de que Ele cumpriria a promessa de enviar o Espírito Santo que os capacitaria com poder para testemunhar.
Esperaram conforme a ordem (Lc24:49), “unânimes em oração”, em profundas e sentidas confissões, conscientes de sua incapacidade, até que, no Pentecostes, foram cheios do Espírito. O livro de Actos está cheio de factos reveladores da ousadia com que pregavam, do poder com que realizavam milagres e da pureza de vida que os caracterizava. Somente no poder do Espírito foram capazes de cumprir seu papel missionário, apesar da oposição. Para alguns, nem a vida era tão preciosa que não pudesse ser deposta no altar do sacrifício. A transformação foi radical. A igreja débil se tornou invencível!
Bom dia, feliz ANO. Com aquele grupo, Jesus iniciou o trabalho. Com o grupo do qual fazemos parte, Ele planeja concluí-lo. Não há plano B. A promessa contínua a mesma: “receberão poder”. A busca desse poder é uma experiência diária e individual. O Espírito Santo não será derramado sobre papéis, cofres, computadores, câmaras, edifícios, mas sobre pessoas como você, eu, ou o Papa Francisco
O Soba T'Chingange
Porque depois de amanhã! Depois de Amanhã?! Pois será outro dia…
DPOIS DE AMANÃ, SERÁ OUTRO ANO - 30.12.2022
Crónica 3338 em Amieiro de Arazede do M´Puto
Por T´Chingange
Como à cinco anos atrás, de novo aqui voltei. Levantei-me tarde, eram horas de tomar banho, vi-me ao espelho sem óculos e fiquei espantado com minhas sobrancelhas! Nem Álvaro Cunhal as tinha assim tão desaklinhavadas. Procurei uma tesoura para as cortar, busca e rebusca e só encontrei um corta unhas. Bom! Estava em casa de Mfumomanhanga e, era até normal desencontrar o pretendido. Mas um corta unhas serve pró efeito! Aproximei o rosto ao espelho e mais parecia ver uma cratera com riscos e, lá estava bem junto ao olho esquerdo um senhor cabelo preto e grosso com um quilómetro de extensão, salvo as proporções da mirada. E cortei o dito-cujo ouvindo-se um estalido e, depois ouvi-me mesmo dizer em vos alta: Já está!
Numa busca mais apurada e, já tinha pelos e cabelos dinossáuricos em tudo quanto era buraco, orelhas com pretos encaracolados e, brancos e grossos das sobrancelhas que foram cortados num pisca-pisca, as pestanas a tremer de medo e a menina dos olhos a engrossar-se de receios. Mas convém dizer aqui que Mfumomanhanga Xkalibur é meu filho – vulgo Marco! Vim a casa dele passar o Natal e acabei por ficar até o fim de ano porque é neste dia último que fará seus 50 anos de idade. Bem! Quando começou a fazer parte da Kizomba dos mais-velhos foi-lhe dado esse nome que vem de m´fumo que quer dizer chefe e Manhanga que era a velha forma de se chamar a Maianga, sítio de nascentes com água boa para se beber lá na Luua. O grande problema gora é que ainda continua chefe de nada… enfim!...
Tomando banho com água bem quentinha, saída da serpentina, meio-dia mesmo, os pensamentos vieram assim procurar-me para dizer que minha vida me fazia escorregar só assim gordote, careca e tisnado nos contrafortes, mataco balofo e chocho, minha vida afinal não era mesmo como antigamente. Háca! Já não ia sempre nas farras nem kizombava meus merengues naquela banga swinguista kaluanda, mesmo nada, só mesmo deixar o tempo passar, comer e beber. Aiué menino Tonito naqueles tempos te conhecia logologo mas agora xiii, nem mesmo, só pensando, digo navegar os olhos naquele tempo de Lifune e cassoneira, botar fuba na água pra chamar peixinho dos cacussu, mesmo de fazer biala de zuza. Tu tás mesmo velho, patrão, diria agora o Chiquinho Pernambuco.
Pópilas! Nem sempre homem, nem sempre jovem, já mais velho, nos intervalos, aprendi a aprender, a ser grande. Hoje mesmo, vou-me ensinando a ser gente tomando aqui e acolá, por onde calha, o saber dos mais sábios para ficar esperto, dos amigos mais simples aos meus insuspeitos inimigos também. Já sem cabelo, rapo o que resta ainda mais curto até ficar zero que nem a monaliza e mão-na-liza. Li-me no espelho e fiz-me gaifonas vendo as rugas enquadradas num diferente tempo de pó de variadas espessuras, nem sempre alegres, nem sempre tristes, por vezes vaidosas. Vesti lãs frescas, despi-me de calor e desabotoei o único botão.
Calcei pantufas quentes, ultima oferta de natal, pisei descalço os ladrilhos de verde esperança e azul-turquesa. Fui ao computador ocupar o tempo, escrever a mokanda, li poemas do Zeca e do Edu, reli baladas e muitas tretas de fazer caretas; ouvi cantigas, muitos gostos, li desaforos, coisas choradas, lamuriadas, cânticos gospel humedecidos, vídeos foleiros, alguns brejeiros e fui à China comer baratas. Verdade, mesmo! Ouvi as balelas vulgares do rolha presidente e a saída do Nuno da TAP, da desgovernamentação do Costa com Marcelo e Companhia e, da tomada do Lula como presidente no Brasil…
Mas a confiança ficou periclitante com as demais noticias da Ucrânia, a morte do Pelé e também da Linda de Susa, uma cantora bem conhecida em Paris, a segunda cidade portuguesa, A confiança aui neste porém, tinha fugido mesmo no antigamente com os pássaros pírulas a continuar gritar assim como nos braços do imbondeiro gordo. Enaná ué-ué! Melhor ficar assim mesmo e falar com meus kambas nas falas de Bom Natal 22 e um 2023 com muita bangula. Ver amanhã da janela, o fogo dos artifícios e na TV o fogos do Funchal acima dos 18 graus centígrados.
Darei meus dez dedos de parabéns a meu filho Mfumomanhanga Xkalibur, vulgo Marco, não lembrarei o que queria e deixava de querer – cada qual é que vai saber, que ele não esquecesse de bombar seus cinquenta anos com enxurradas de luz. Pra passar o tempo, comi bolinhas de suspiros, sonhos de abobora, gelado de sape-sape e tamarindo, mangaba só de pensamento! Sol malé! Ceu tapado de frio. Pensando no Chico Honório, meu cunhado que muito mal, está no hospital. Caté botei missangas de vida pra ele com magalas, malas e gente com galões mais brasões; comboio fumaça, vapor que apita, trópicos e equador.
Parti para outro e, mais outro e outro lugar, sem me encontrar. Teci-me na linha dum destino só meu. Criei a teoria do esquecimento, burilei-me nela e voei entre nuvens turbinadas de sucção, aspiração, compulsão e impulsão, vida de cão. No calor do tempo queimo cansaços, fracassos vazios, decepções e até solidões, também! Criei projectos, levantei paredes, agora nem quero saber, só mesmo comer! Depois de manha será outro dia e novo ano. Mais nada! Mungweno…
O Soba T´Chingange
NUMA ZUELA BURUNDANGA NA TEORIA DA INVEJA
- Mau-olhado – Xicululu – Crónica 3336 – 20.11.2022 – Republicação a 28.12.2022 em Arazede do M´Puto
Por T´Chingange (Otchingandji)
TEORIA DA INVEJA … A inveja segundo o dicionário é um substantivo feminino com origem latina. Ela vem da palavra “invidere“, que significa “não ver”. Assim, de entre seus significados vemos o sentimento de cobiça à vista da felicidade, da superioridade de outrem; sensação ou vontade indomável de possuir o que pertence a outra pessoa, o objecto, os bens, as posses que são alvos de inveja. A inveja é um fenómeno humano universal e intemporal. Faz parte da estrutura do psiquismo humano e actua sobre a cultura humana e a organização social. Ela é um dos maiores tabus da humanidade. Proibida pela Bíblia, como pecado (na tradição católica, a inveja é um dos sete pecados capitais).
Pessoalmente nunca soube lidar com a experiência emocional da inveja; nem da minha, nem da dos outros, negada por quase todos e exteriorizada com toques de ressentimento e rejeição. Consultando alguma literatura, verifica-se que a inveja é pouco estudada e, acerca dela, pouco se tem escrito. Na generalidade refere-se que não há dignidade neste sentimento. A raiva e o ódio extremos podem ser explicados por uma razão nobre qualquer, mas a inveja sempre representa um sentimento obscuro, sem justificativa legal, mesquinho e isolado, fútil, escondido como convém aos bandidos, ladrões e assassinos. Nos dias de hoje, a inveja surge refinada nos padrões de comportamento na gente de alto coturno, dirigentes de nações. E, surgem iminências pardas detrás de ideologias que pregam a igualdade, motivados crimes, políticas e revoluções. Pois bem, diferentes, somos todos e, haverá que aprender a lidar com estas diferenças. Será que isto é possível?
Entre os vários conceitos de Inveja pode também ser definida como o sentimento de frustração e rancor gerado perante uma vontade não realizada. Aquele que deseja as virtudes do outro é incapaz de alcançá-la, seja pela incompetência e limitação física, seja pela intelectual. Álem do mais, a inveja pode ser considerada um sintoma em certos transtornos de personalidade. É possível encontrar esse sentimento em pessoas que possuem o “transtorno de personalidade passivo” e, também em quem tem o “transtorno de personalidade narcisista”.
Como se aprende a lidar com as diferenças? Como se convive melhor com a injustiça primordial da existência humana? O que fazer quando eu sinto inveja? Como lidar com a inveja alheia? Será que eu provoquei inveja alheia? Quem me inveja pode fazer-me mal, o famoso "olho gordo"? Estas são as questões que me motivam a pensar neste tema. Por isso posso propor não nos calarmos sobre temas vergonhosos, percorrendo este árido caminho antes de supostamente se começar a conceber um terrível plano de vingança tendo como objectivo arruinar seus inimigos.
Não obstante, atire a primeira pedra, quem nunca a sentiu! Se nunca desejou mal a alguém por algum atributo que nele você admirava. Se jamais evitou situações que o confrontariam com aqueles que exibem qualidades que você não tem, ou nunca tomou partidos apenas para não favorecer aqueles que possuíam aspectos que você cobiçava etc. "Praticamente, tudo o que traz felicidade estimula a inveja" dizia Aristóteles. E talvez você também nunca tenha pensado que sem a inveja, e a consequente capacidade de sempre estarmos nos comparando e nos vigiando mutuamente, talvez não tivéssemos o desenvolvimento dos sistemas sociais a que todos pertencemos.
Porque ela, a inveja, jaz soberana, como eminência cinzenta, por detrás das políticas sociais e económicas e de quase todos os movimentos revolucionários da história da humanidade. Vive-se este lema da inveja com grande intensidade todos os santos dias e, ao mais alto nível, em todas as latitudes lançando por terra essa tão apregoada "igualdade, fraternidade e liberdade"…
Ainda a título de curiosidade nós habitualmente não invejamos os reis e rainhas e suas fortunas acumuladas sem trabalho braçal, mas podemos invejar nosso vizinho de porta, porque ele comprou um carro novo. A história de Caim e Abel parece ser a metáfora certa para ilustrar este sentimento. A inveja é em verdade o maior tabu humano não falado, todos a sentem, mas poucos admitem, o que torna o seu estudo difícil e indirecto. Curiosamente, entretanto, quando honrosamente revestida desta carcaça ideológica da igualdade, ela se torna o baluarte da justiça humana. Pude ler no brilhante livro de De La Mora (1987) a "Inveja igualitária", o argumento pela saudável necessidade da diferença e pelo absurdo de se imaginar que a igualdade possa ser conquistada pela coerção ou demagogia.
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
Mau Olhado – Xicululu – Crónica 3335 – 12.11.2022 - Republicada a 27.12.2022
- NUM ZUELA BURUNDANGA ASSIM SÓ NOS BAZA INSPIRAÇÃO AMI! Mokanda antiga do meu Kamba ZEKA MAMOEIRO da MAIANGA DA LUUA
PorT´Chingange (Otchingandji)
Kamba Kiami Ami Tonito! Tuas fala doeu nos meu Muxima: "ter virado intelectual das mulolas do katekero" que virou poeta no integralmente, quersedizer pirou no katotolo"!!! Kamba Kiami Ami! Te digo só no verdadeiro, estão nos quieto dos esteira das minha kubata! Ué! Mazé bwé descansam, nos recuperação dos gigler dos inspiração...!!!
Tambula conta! Lello faço essas mistura..., o quê? Ah!!! O Iogurte metido nos cabaça, com os painço e os massambala, tudotudo no n´guzo do pilão, assim de massemba, como nos chão riscado dos Marítimo de Loanda! N´ga! Sakidilá! Lagartinha Mopane, dos teu envio caixinha cartão dos Mu Ukulu!
Sim os teu milongo dos Lagartinha, os teus torresmo medicinal, que soeu dos meu medo, recusou bwé Matumbu!!! Te digo que foi os papel receita (acima) do Doutor dos Maria Pia, dos especialidade dos motricidade dos dieta com os cereal que pra soeu recomendou, por caso dos intestinos precisar romper os câmara d'ar, assim, num precisar sequer, os prego fininhos, que bota nos ar os quixotes de carnaval!
Intão, como é...! Xé! Como nesse mesmomesmo dia dos alegria de bwé estouro de cheirinho de bombinhas...,no corso patrício da uuabuama Marginal...
KATÉ MINGU – ZECA, na minha kubata
Explicação do Kamba T´Chingange: Faz tempo, mandei uma caixa de mopane (catato) para o Zeca que comprei no Zimbabwé. Era para ele matar saudades pantagruélicas da nossa terra de áfrica mas, sucede que ele ficou com muita cagufa de comer aquelas lagartinhas.
Vai daí, escreveu-me esta carta mokanda da qual só eu mesmo consigo interpretar… Mayanga ai-iu-é, que tanto berridei por esse tempo de paixão que enricou meu coração no uuabuama, chão colonial, disse ele. Desde esse tempo de miúdos candengues, assim vivemos coleccionando fugas com fisgas, como quando descalço, chutávamos a bola, trumunos de trapos no chão das barrocas, da mulola do Rio Seco, de quando subíamos na mulembeira a retirar visgo…
Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T´Chingange
ANGOLA, TERRA DA GASOSA – Parte XVI - Crónica 3334 – 04.11.2022, em Messejana do M´puto – Republicada a 26.12.2022 em Arazede do M´Puto
CORRIA O ANO DE 2002 – EM TERRA DE MATRINDINDES
“Angola, quanto tempo falta para amanhã? Háka!” - Escritos antigos - Em Julho de 2002 (quatro meses após a morte de Jonas Savimbi - 22 de Fevereiro de 2002) - "O futuro anda empenhado ao diabo”...
PorT´Chingange
Aquele dia de domingo estava com uma temperatura amena, algo habitual em tempo de cacimbo. Eu e Chiquinho resolvemos dar uma volta a pé pulsando a vida real na admiração de pormenores, reparando as montras existentes com produtos variados ou publicidade às suas actividades. Em uma, curiosamente tinha a indicação manuscrita em cartão: “Vende-se gelo caseiro”; alusão a água filtrada, metida em sacos de plástico de uma qualquer geladeira chamada de frigorífico, de um lar normal. Cheguei a comprar deste gelo, do que cada um produz em sua casa para poder beber meus gins com água tónica, para espantar mosquitos em fim de tarde.
Viam-se muitas montras desactivadas, ocupadas com trastes ou tendo gatos a dormir curtindo a Kukia vespertina. Na rotunda e bem perto da Catedral de Benguela, resolvi trocar uns dólares junto às kinguilas cambistas; explicando para quem não sabe, estas pessoas, normalmente mulheres, agitam maços de notas retiradas de balaios como se o fossem laranjas ou tamarindos. Sempre se sinalizam assim quando surge um potencial turista ou forasteiro com necessidade de trocar dólares ou kwanzas - não há regra fixa para se chamar a atenção, é pela pinta!
Dispus cem dólares e, eis que a kinguila faz-me reparo de que as notas tinham a figura de Washington com a cabeça pequena e que, não podia mesmo trocar – Ué!? Como é então mamã, faço como? Não tenho ordens de aceitar, disse a senhora idosa. Nem fiz maka de confusão e do como assim, passei só a ver se tinha mais kúmbu verde com a esfinge do Tio George Washington em tamanho grande e afinal até tinha, troquei. Nada falei, caté porque sempre desconfiam das pessoas que muito perguntam, assim nos entretantos fiquei a saber que apareceram no mercado muitas notas falsas e, eram exactamente as do Tio Gringo no tamanho pequeno. Bem, quanto a Euros, nem sabiam bem o que era isso.
Talqualmente como em Luanda, aqui na terra das acácias, também havia as boutiques: “Rabo no ar, Tira bikinis ou de Paga e leva” assim do género Rock Santeiro, ou o Fardex dos tempos coloniais - mercados com novas calamidades. Na parte da manhã tive tempo de assistir parcialmente à missa admirando as vozes do coro naquele tom africano com dança à mistura. Nos ouvidos ficaram resíduos de tambores… Depois de um passeio rápido pela cidade, neste domingo, 30 de Junho, rumamos também a ver na rota a Sul, Baia Farta, Dombe Grande, Cubal e Cacula via Lubango.
Baía Farta, de grossas e dourada areia, uma extensa praia na forma de baía com chalés na contemplação, casas dos anteriores colonos e tão ao gosto dos generais do M. Progressivamente foram-nas ocupando a custo zero e na vertente dos acordos Tugas, vulgo da Penina ou Alvor património ofertado sem ressarcimento nem sentimento. As ideias turvas, por vezes vêem e vão no descumprimento da razão. Percorri aquele areal sem guarda-costas nem comitiva, como coisa minha e, sem ninguém a impedir pensar – continuo pensando só!
Sem pigmentar definições de integridade determino no presente a compreensão do precedente. Da Victória ou Morte mãos dadas com o MFA, das muitas mentiras entre muitas outras falsidades. Em verdade não estava ali e naquele agora para divagar em ideias e ideais perdidos, nos antigos sertanejos, pombeiros, carcamanos ou caramujos de África alterando mutações na medula da estória. Ficar assim com uma ou mais pátrias, acrioulado nos costumes, correntes separatistas; consciencializei o custo do todo suplantando o efémero. Aquele Domingo terminou mais tarde, no após Mundial de Futebol ganho pelo Brasil com dois a zero contra a Alemanha. Uma onda de barulho se fez ouvir por toda a Benguela. Foguetes e tiros em rajadas para o ar - também elas, euforias efémeras…
FIM
AGRADECIMENTOS:
À Dina que cumpria os cinquenta anos numa festa farta em Sumbe, distinta e distinguida por autoridades e o seu clã de família; Ao Sr. Pais da Cunha (já falecido) que nos deu guarida entre outros apoios; Ao General Wilson das FAA que nos mostrou os novos horizontes a Norte; Ao Jimba do Cassosso, marido de Dina com entusiasmo de amplificador Minolta (Já falecido); a alegria contagiante do Chiquinho; Ao Tio Francisco (já falecido), pai da Aldinha (…que vendia petróleo a caneco, sentado em seu Mercedes);a todos os meus novos sobrinhos em especial o Nando; à Sra Elvira e mãe Luisa que nos ofereceram casa e cama; Ao Eng.º Bien formado em Cuba, um verdadeiro irmão; à Miná que nos deu um dia de encantação em seu imbondeiro com d´jango ao redor perto das furnas do Sumbe; ao Eliseu que nos acompanhou com o aprumo de professor; Ao Zito, alto e musculoso que deu alegria ao grupo, o Lethor do Mandrak T´Chingange…
GLOSSÁRIO:
Bazou: saiu na socapa; Bimga: madeira muito leve, boa para fazer jangada; Bangasumo: vinho feito a martelo, com sumo de frutas; Kassoneira: tipo de palmeira de onde se extrai malavo ou marufo; kumbú: dinheiro; Cazucuteiro: gente de truque, embusteiro, trapaceiro; Camundongo: rato, natural de Luanda, caluanda, Muxiloanda; Ximbicar: acto de remar com um bordão ou pau longo; Corotos: trastes, coisas indefinidas, bikwatas; Gongo: árvore da marula em dialecto Amboim; Candengue: criança, pivete, gaiato; Dilengo: coelho; Gasosa: gorjeta, gosma, limosna, suborno, mata-bicho ou cala a boca; Gajajeira: árvore que dá gajajas, fruta pequena; Imbambas: corotos, bikwatas; IFAS/URAIS: carro militar russo, sucata velha de assustar criança; Jindungo: malagueta, piripiri, pimenta; Kota: Mais velho, idoso; Mabanga: Bivalve, berbigão de sangue, isco para matonas; Múcua: fruto do imbondeiro; Maboque: fruto das bissapas, do mato, com casca dura, massala; Matebeira: de onde se extrai o vinho de palma, marufo, malavo; Mujimbo: segredos, boatos ou calunia; Marula: baga de árvore parecida com o medronho; Mutamba: árvore de copa fechada da qual se retiram tiras para fazer cordas ao momento, Largo central da Luua; Machimbombo: autocarro, ónibus, por vezes pau de arara; Matacanha: Bicho de pé, bitacaia, pulga das pocilgas; Mulembeira: árvore de grande porte e frondosa que dá pequenos figos, de onde se retira o visgo para apanhar gungas, celestes, etc…,ande se corta o cabelo com gillete ou caco de vidro e se fazem rituais de cazumbi; Mulola: rio seco aonde só passa chuva quando chove; Mezungué: Tipo de caldeirada de peixe seco com óleo de palma, tipo calulu; M´Puto: Portugal; Quinamba: perna; Quitandeira: vendedora de rua que faz pregão à sinhola (Sra.); Sengue: lagarto grande, espécie de varano; Saca-saca: esparregado feito de folha de mandioqueira; Sape-sape: graviola, do tipo da anona; Tua: ave pernalta de meio porte; Upapa: arbusto chinguiço com pequenas bagas; Vata: povoado, amontoado de cubatas ou palhotas; Chinguiços: paus secos retorcidos, tufos de mato; Xingrilá: sítio mágico nunca alcançado, lugar longínquo e indefinido…
O Soba T´Chingange
O INÚTILISMO HUMANO – A CAMINHA DA RECESSÃO - A ditadura digital e os mecanismos de manipular o cérebro
Crónica 3332 – No AlGharb do M´Puto a 21.10.2022 na Lagoa do M'Puto; Republicação a 23-12.2022 em Arazede do M´Puto
Por T'Chingange
CA - Em meados do século XX o surgimento da mecanização resultou no desemprego de muita gente, tempos em que o ganha-pão no amanho das terras era quase o único meio de subsistência das famílias, Poucos eram os que tinham suas próprias terras, retirando o sustento trabalhando para um patrão latifundiário. Para o sustento da casa teria quando muito, um quintal de onde retirava suas couves, alfaces, um galinheiro ou até esporadicamente uns bácoros no fundo da courela quando fora ou, nos arredores de povoados para sustento próprio.
No tempo as máquinas foram substituindo o trabalho braçal nas lavouras, no plantio, na ceifa, recolha de cereais e toda a espécie de produtos, até mesmo tubérculos enterrados como as batatas, rizomas e frutas das árvores, retiro de azeitonas das oliveiras fazendo surgir por todo o lado as alfaias diversas e centros de fabrico destas mesmas. Paulatinamente o homem inserido num grupo social foi-se reciclando e mudando até com frequência sua actividade. A força física foi progressivamente sendo irradiada no correr dos dias.
CA - Agora que estamos no século XXI, são as máquinas de inteligência artificial que mudam as regras do trabalhos substituindo a rusticidade das antigas em elaborados zingarelhos de sensores, câmaras e pequenos circuitos eléctricos que fazem actuar num dado momento o movimento certo para apertar, soldar, furar ou estirar, máquinas que semeiam, que recolhem, seleccionam, calibram, lavam e encestam tudo numa rapidez estonteante, multiplicando por cem ou mais, a simples tarefa humana de usar uma chave, aperto de uma porca ou torneando até chegar ao produto final em cadeia de montagem…
A capacidade intelectual e tecnológica, em suma a inteligência humana foi sendo substituída pelo computador. O uso do conhecimento através de Universidades e escolas técnicas aperfeiçoando computadores introduziram a robótica, os circuitos integrados, os chipes, os códigos de acesso e num rápido todas as áreas profissionais desde o costureiro ao condutor, dos advogados, gestores, banqueiros foram sendo e continuam a ser substituídos por máquinas que usam milhares de fios e chipes substituindo os neurónios humanos, sem erros para uma dada função.
CA - Elas, as novas máquinas fazem cálculos de probabilidade em fracções de segundo e, usando a teoria dos erros entre outras produzem vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas sem questionar o patrão com as horas extras, subsídios, férias ou regalias sociais com creches para seus descendentes e muitos outros edecéteras. Acabam-se os sindicatos, as mordomias, os jeitos e resmungos mais chantagem e corrupção. Então, qual é o patrão que não opta por esta mordomia de fazer fortuna de papo para o ar, dando quatro dias de laboração aos seus empregados mais fieis…
Eliminando os erros humanos deitando por terra a falibilidade da dita “intuição humana” entre outros interesses e emoções com compadrios, a máquina comandará não só o cidadão como as instituições, governos e reinados banalizando a acção do homem por isenção de morbidez, ambição, mau uso dos dinheiros públicos, actuando na economia com seus milhões de neurónios artificiais triando os artificialismos tão usados pelo homem; mantendo registos progressivos e permanentes, evitando desfalques, incompatibilidades, o manuseio das leis com proveito próprio, juntando acórdãos com despachos e aplicando no certo o labirinto infindável de variantes, probabilidades e emoções. Extirpando os erros do homem e usando com mestria o tal de ALGORITMO separando o trigo do joio, o falso do verdadeiro, o manobrador do manobrado, dos que acreditam em Deus e dos que acham ser balela…
CA - Para além da democracia que temos, das suas incongruências, suas falhas e palpites, as máquinas irão sim, substituir os governos e principalmente no campo económico aonde a mentira é eivada de cativações, grosseiros cálculos, falsa teoria dos erros intuitivos e outos de lesa pátria, lesa família, também bluffs grosseiros de sabujos com escondidos interesses, coisas costumeiras, costumes das praxes e soturna tradição. Uma máquina assim, feito dum grande cérebro conseguirá fazer melhor e mais rápido os cálculos da economia global sem a criatividade falível do rigor que por vezes, muitas vezes o é paranóico ou trabalhado, torpe ou que nos cria reptícia dependência.
Que nos cria gastura, dívidas com taxas e sobretaxas misturando coisas do foro familiar como o aborto, quando nascer ou viver, identidade do género; fragilidades democráticas com escrutínios duvidosos, condicionando nossas capacidades, banalizando actos com corta fitas, selfies, subornando os agentes da concertação social e, o escambau…
CA - E, surgem acordos em um fim de semana, falácias com aditamentos de fingimento, transferindo seu querer, seu parecer num facto de regime, a loucura de boicotar até a automatização em áreas de saúde. O regime não pode em caso algum ser representado por um partido; de crise em crise sempre e desta forma, nos levarão indubitavelmente para fracassos em cima de fracassos, activando a recessão por falta de estratégia a um cada vez de menos longo prazo, cativados. Mas, quem sou eu, um pé-de-chinelo para o dizer – FUI!
Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO, NA PRAIA
– Crónica 3322 de 15.06.2022 – Republicada a 12.12.2022 - Quando tudo nos ultrapassa no tempo, apalpamos as medidas da natureza …
Por T´Chingange (Otchingandji) – No AlGharb do M´puto
O barulho no escuro da noite continuou mais intenso e, já levantado segui para a sala. Pude constatar que o ventilador maior estava soprando sua perene ventilação sem qualquer preâmbulo de coisa ruim; digo isto porque trabalha infindavelmente por meio de um relógio travado com um garrancho feito com rolha de cortiça para enganar o tempo. Sendo assim este dito cujo, trabalha sempre!
Os trinta e nove graus fizeram com que ficasse todo o santo-dia de ontem com as janelas tapadas; o escuro era tanto que tive de usar um pequeno candeeiro para poder ver as teclas do computador. Como devem saber a luz, transporta o calor e vai daí corri os ferrolhos artesanais vedando a luz e ar quente. Foi por isso que liguei os dois estropiados ventiladores que só lançam vento numa direcção – seus botões de rodar pifaram e servem assim mesmo dando vento aos cantos que rodopiam nas esquinas e nossos corpos…
A televisão das antigas com um TDT HD – DTB700PT adaptador, também deu o berro. Aparece o sinal verde mas a TV, nicles de bitocles – Ou alteraram as frequências ou fizeram um cambalacho governamental para nos extorquir mais uns cobres. Esta terra do M´Puto tem mais espertos que grilos no verão! Lá pendurada no tecto a TV, diz que não há sinal! Não dá nada, porra nenhuma – rodei a antena para o lugar de Santiago do Cacem e, nadica de nada! Está na hora de mudar por uma nova com ligação à internet por Bluetooth, uma moderna forma de ficarmos controlados pelos anjos, arcanjos e o capeta chifrudo – estamos feitos ao bife!
Isto é importante saber porque no mundo de hoje o Bluetooth representa uma ameaça mais significativa, pois é um sinal sem fio frequente e constante emitido por todos os nossos dispositivos móveis pessoais. No futuro, que já o é, teremos de aprender como modificar a estrutura de nossa existência e forçar nossas vidas e nossa psicose em moldes novos, alguns ainda mal conhecidos.
Teremos assim de compreender como e porquê perante uma nova primeira vez, um novo potencial surge amolgando-nos no futuro. Todos os dispositivos sem fio têm pequenas imperfeições de fabrico no hardware que são exclusivas de cada dispositivo creio que a propósito – É a nova ordem das coisas!
Aquelas impressões digitais são um subproduto acidental do processo de produção. Estas imperfeições no hardware Bluetooth resultam em distorções únicas, que podem ser usadas como uma impressão digital para rastrear um dispositivo específico. Daqui eu dizer sempre que é muito perigoso pensar, falar, comentar e até muxoxar asneirentas verdades. Para o Bluetooth, isso permitiria que um invasor contorne técnicas anti-monitoriazação, como alterar constantemente o endereço que um dispositivo móvel usa para se ligar a redes da Internet.
Os investigadores, engenheiros das sombras e almas, projectaram um novo método que não depende do preâmbulo, mas analisa todo o sinal Bluetooth. Eles desenvolveram um algoritmo que estima dois valores diferentes encontrados em sinais Bluetooth. Estes valores variam de acordo com os defeitos no hardware Bluetooth, dando aos investigadores a impressão digital exclusiva do dispositivo – nosso ADN
No silêncio da manhã, pardais chilreando, sigo até à padaria do Tonico a comprar o pão bom para se fazer as açordas de poejo ou coentros. Nas ruas daqui aonde estou, nascem poejos nas frinchas, nasce salsa e coentros que só não são usados porque os cães ali fazem javardices mijadas. Passo no antigo posto da GNR do tempo em que usavam cavalos; a porta larga por onde passava a tropa está encimada com um escudo de nobre lembrança e em cima duma cimalha há um leão segurando uma bola mundo – uma esfera armilar à semelhança do Leão de Ceilão. E, o futuro traz-nos senilidade, artérias endurecidas, pele enrugada por frouxas, calvície e uma apetência ao isolamento por não entendimento ou não aceitação. Amanhã será outro dia…
O Soba T´Chingange
KIANDA COM ONGWEVA - XX de várias partes…
– Crónica 3306 de 21.05.2022 – Republicação a 27.11.2022 em Lagoa do M´Puto
– MUXIMA NAS FRINCHAS DO TEMPO - Falar do futuro, até para as kiandas é tabu…
Ongweva é saudade
Por T´Chingange (Ochingandji) – Em Arazede do M´Puto
Falar do futuro, até para as kiandas é tabu - metem-no em sapatos quedes envolto em meias já debotadas e assim abandonados ali ficam na poeira do tempo como se estivessem arrumados num canto da arrecadação. Aos comuns viventes não se pode transmitir o amanhã, só o agora, lei básica da vida; caso contrário aparecem uns lacraus vindos do álem, misteriosamente oxorizados (coisas de Oxor). O Universo tem regras que por mais que queiramos, não estão ao nosso alcance engravidá-las. É aqui que surgem os mambos longínquos com soldados Mafulos, por via das falas da Kianda Januário Pieter também este, tio tetravô de Roxo, nascido às margens do lago Niassa, um meu antiquíssimo patrício…
E, os mambos de Januário, o Pieter, nem sabermos como, quando e aonde ia, ou vai buscar tantas falas sem medo de gastar seu reservatório das magias como se houvesse lá na cuca-armazém, uma fábrica de empacotar chwingames; fala do tempo, das revoltas da embocadura do rio Kwanza, das guerras dos Tugas e Mafulos de Loanda, n´gwetas e dos desentendimentos com a rainha N´Zinga, mais outros personagens do distante Kongo do Zombo, das terras de Kassange e da Matamba…
Parece que neste entretanto vazamos para outro lado que não era o tal de Museu do Prado. Estávamos no centro da antiga Madrid da época da Casa de Habsburgo em la Plaza Mayor, ladeados por pórticos. Nas proximidades ficavam o barroco Palácio Real mais o Arsenal Real, que exibe armas históricas mas, nem sei como do nada transladamos para aqui! Quem se mete com kiandas fica kiandado ou oxorizado.
O velho Januário Niassalês o tio das manas, descreve as festas axiluandas de então com kimbandas e t´chinganges pisoteando a terra, levantando poeira de encorajar kotas, jagas, sobas e m´fumos que iam chegando em alvoroço dos Dembos e de lá mais além do Kassange. Como se ali estivéramos senti que iam passando cabaças com malavo de cassoneira e, a cada grito dado pelos dançarinos guerreiros, o povo em uníssono gritava kwata mwana-pwó, kwata mwana-pwó. Arrepiei-me com medo como num repentemente estivesse rodeado de jacarés do kwanza, amarelados de muxima, pode!?
Era a preparação duma guerra contra os Tugas n´gwetas entrincheirados em Massangano por ordem dos Mafulos Holandeses. Morgan Tsvangirai o pai de Roxo ficou avençado pelos Mwana-Pwós com o posto de tenente de segunda linha; mandava os escravos m´bikas do kimbo fazer tarefas de manutenção e limpeza ao forte, zelar pelos n´dongos de pesca e translado de coisas para a Kissama e das patrulhas de soberania aos mares parados com lagoas até o Morro dos Imbondeiros e dos Elefantes da Maianga e Samba. Também tinham a caça e a pesca ao seu cuidado.
Assim transladado naqueles tempos vi M´fumos; iam chegando aos poucos como emissários da rainha N´Zinga M´Bandi da Matamba e do rei do Kongo Garcia II que, embora sendo cristianizado pelos Portugueses, com eles andava desentendido após a chegada dos Mafulos. Teriam estes prometido a eles poderes maiores com auxílio de armas do tipo de canhangulos ou pederneiras. Eram preparativos duma união para fazerem o grande e final assalto a Massangano. Só podia ser!
Naquela fortaleza os Tugas resistiam aos holandeses tapando-lhes as vias de comunicação ao mercado de escravos lá do interior fazendo emboscadas ou tocaias usando azagaias venenosas, um método aprendido com os índios do brasil, uma cana comprida que depois de soprada, dela saia um dardo mortífero. Por isso aquele mato metia demasiado medo aos Mafulos. É aqui que entra o Senhor Maurício de Nassau que desde o Recife Brasileiro mantia o negócio das peças m´bikas para os seus engenhos de assucar.
Neste arraial com a vida acontecendo muito de repente Redufina Kabasa mãe negra da Kianda Roxo estremava-se ensinando a sua filha maneiras de comportamento e era vê-la brincar com candengues brancos e pardos no átrio da missão! Bem cedo se destacou nas habilidades de colorir os jogos de desenho, os riscos da cabra cega; qualquer argila era motivo para dali sair pintura ou escultura bem à moda dos trabalhadores de talha do pequeno altar da igreja da muxima!
Ilustrações de Assunção Roxo
Glossário: Kianda: Calunga, fantasma; Muxima: saudade, lugar de romagem; quedes: sapatos de pano; da macambira; Mafulos: Holandeses; Mambos: Atitudes, procedimentos; Cuca: cabeça; Chuingame: pastilha elástica; N´gweta: branco; axiluanda: nascido na ilha de Luanda; Kimbanda: Médico tribal, curandeiro; T´Chingange: feiticeiro, secretário e cobrador do rei ou Mwata; malavo: vinho de palmeira; M´fumo: chefe da aldeia; Cassoneira: tipo de palmeira ; Kwata: agarra, Mwana-pwó: pombeiro branco, sertanejo, colonos; antigos taberneiros brancos; M´bika: escravo; N´dongo: canoa; Kissama: reserva animal, lugar com animais selvagens; Canhangulo: arma artesanal, de carregar pelo cano; Kiandado: enfeitiçado; Oxorizado: virado do avesso, vaporizado…
(Continua com “fricção”…)
Por: Soba T´Chingange (Ochingandji)
*PRIORIDADE MÁXIMA*
- Crónica 3302 em 16.05.2022 – Republicada a 22.11.2022 em Lagoa do M´Puto
Por T'Chingange em Arazede de Coimbra do M'Puto
Introdução: - Cada um de nós deveria ter uma BAZUCA sem a ilusão e, COMPADRIO carunchosamente facilitado pela fricção corrupta...
Mergulhados em um mundo mediático, publicista e consumista, corremos todos os dias o risco de priorizar o que é secundário. Governo e vendedores de fantasias enchem-nos a paciência sem dó. Muitas coisas são importantes, mas é fundamental estar-se constantemente vigilante na avaliação do topo da lista. Somos sempre estimulados a desejar aquilo que não é realmente necessário, a criar falsas necessidades.
Não podemos viver autocentrados quando o alerta nos torce a mente enganando nossas urgências e necessidades. Assim, o que é mais importante na vida assume uma posição secundária e passamos a trabalhar, lutar e investir nosso tempo e energias a correr atrás daquilo que é supérfluo ou ilusório...
Sabemos que precisamos priorizar o que é autenticamente importante. O problema é que dar prioridade àquilo que é mais importante, nem sempre brotará espontaneamente de nós. Normalmente, o que em nós pulsa, é o desejo de auto realização correndo o risco de virarmos marionetas.
Queremos afirmação e pensamos que sejam o fruto de nossas conquistas: “Minha beleza, minha inteligência, minha casa, meu celular, meus diplomas, minha profissão…” E, quanta decepção se encontra quando priorizamos o que não nos é assim tão necessário…
Nossa única prioridade real na vida deve ser o de "viver com dignidade e liberdade". No fim de tudo, o que importa é se você colocou a sociedade, seu próximo ou vizinho e família em primeiro lugar...
Com fé, a prioridade surge; e, até encontrará forças e sabedoria para enfrentar qualquer tipo de circunstância! Ao dar o primeiro, o melhor e o mais importante é esse lugar de seu lado positivo no pensar; e, verá assim que tudo o mais se encaixará, naturalmente...
Sua realização e afirmação não estão no que dizem as vozes deste mundo cheio de propagandas vazias, mas no que diz a palavra da sua humilde e honrosa postura. Sempre é tempo para tomar um novo início com o rumo certificado em mente de progresso.
Comece agora a buscar o reino de seu templo, seu pensar como PRIORIDADE MÁXIMA. Faça disso seu maior interesse e veja cumprir-se em sua vida a promessa com o verbo certo, em um qualquer novo dia: “Essas coisas lhes serão acrescentadas” sem a necessidade de se esquecer...
O Soba T'Chingange
ANGOLA, TERRA DA GASOSA . VIII
CANTINHO DO INFERNO – TERRA DE MATRINDINDES
“Angola, quanto tempo falta para amanhã?” Escritos antigos - Em Julho de 2002 (quatro meses após a morte de Savimbi - 22 de Fevereiro de 2002)
– Crónica 3299 de 12.05.2022 – Republicação a 19.11.2022 na Lagoa do M´Puto
N´Nhaka: - Do Umbundo, lameiro, plantação junto aos rios, horta…
Por T´Chingange – Em Arazede de Coimbra do M´Puto
Passando o dia nas quedas da Binga e já quase noite, retornamos ao Sumbe, a casa do Sr. Pais da Cunha, pai de Balbina, nosso anfitrião e sogro do Jimba; pela noite teríamos os jogos do Mundial de Futebol 2002. Situada na rua da Resistência, sector impar; o kota Pernambuco estava nos fundos do quintal queixando-se de dores e tremuras - tudo indicava que fosse paludismo, tomara! Dormia ali no relento da sacada no anexo.
Pernambuco, sempre foi um dedicado serviçal mas, agora a idade tornou-o corcunda mais propriamente depois de ser submetido a uma intervenção no hospital de Luanda por pseudo médicos cubanos. A vida por ali andava testada no fastio de sem cerimónias de consciência, andava muito próximo da morte como se assim o fosse coisa normal. Este comportamento social estava muito mudado para pior e em relação aos anos que por ali vivi e até o 13 de Agosto de 1975, quando da minha saída na ponte “Lualix”.
Disse cá para mim nessa altura, que se calhar não voltaria a ver o kota Pernambuco e, em verdade, morreu pouco tempo depois envolto creio numa apatia de deixa andar para ver como fica, quando se sentia já o cheiro do além ainda em vida. Quando me lembro ainda fico triste. Jimba, marido de Balbina veio a morrer tempos depois e, após ter andado a ser tratado nos hospitais do M´Puto mas seu destino aligeirou-se entre fragilidades, fraquezas de coração e das bichezas cancerígenas…
Aquele velho de nome Pernambuco que tanto se dedicou lá na cozinha do Cantinho do Inferno, anos e anos a fio fazendo comezainas de gente fina como lagosta suada entre outras maravilhas pantagruélicas, ali estava que nem um enjeitado, definhando-se nas carnes dia após dia sem uma atenção mais esmerada pelos circundantes; aquela falta de atenção pelos demais fez-me ver a cruel postura da vida naquela angola acabada de sair da guerra dos misseis monacaxitos.
Apercebi-me que a morte chegava mais rápido ali do que em outro qualquer lado, coisa de pensamento ainda envolto naqueles tempos em que a Novo Redondo se chamava “o cemitério dos brancos” e sem aquela atenção dos demais, a morte já vulgarizada de comum como se assim fosse uns continuados descuidos de humanidade que num repentemente levou Pernambuco… Lá naquele quintal, vou continuar a vê-lo na insignificância dos fundos, para sempre. Mas e agora, o casula Xingu e a Fati também estavam com indicio de febre; foram ao hospital e deram-lhe medicação para a febre tifóide. Tive dúvidas de ser isso e, creio terem-lhe dado este medicamento pelas águas insalubres do rio Cambongo.
A febre tifóide é uma doença infecciosa, transmissível e desencadeada pela bactéria Salmonella Typhi. Isso deixou-me na altura preocupado pelo que beber água só mesmo engarrafada. A doença, que apresenta gravidade variável, está relacionada directamente com as condições de saneamento básico em uma região e com os hábitos de higiene de cada indivíduo. Assim sendo, sua incidência é maior em áreas associadas a baixos níveis socioeconómicos, ocorrendo num maior número de casos nas regiões quentes e sem o devido tratamento.
Numa destas noites Chiquinho saiu a ver novidades pelas ruas mal iluminadas do Sumbe e ao chegar teve a expressão: o holocausto está escuro! Nas noites que ali permanecemos, o galo do vizinho Cadinho cantou a todas as horas ímpares, começou à uma e terminou lá pelas cinco da manhã. Com o calor a apertar de noite tive de me levantar e banhar-me com o caneco de esmalte e, espreitando lá para o quintal do Cadinho pude localizar o galo cantor no meio de uns carros desarranjados com os motores descarnados, vielas soltas com os pistões a servir de varas aos galináceos, restos de geleiras, fogões e corotos vários todos caiados de neve saída dos galináceos, perus e patos…
Pude também ver já com o dia a despontar, no meio daquele conjunto de estralhos e zingarelhos o esqueleto de uma máquina de costura Oliva entre outras imbambas misturados com as baterias, cambotas, restos de macaco e chatarra de pneus, motores de arranque com muito fio enrolado em cima de uma mesa escura de óleo queimado, esqueletos de motorizadas e bicicletas e até um said-car. Também havia um fogão desmantelado, uma geleira que fazia de prateleira a latas besuntadas de óleos a granel. Enfim, todas as imbambas a um qualquer momento davam jeito e tanto que, em um dos dias o Bien, Humberto Cunha, foi lã buscar uma mola helicoidal para adaptar no seu carro hibrido, o mesmo talqualmente, que nos levou ao Lobito.
(Continua…)
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
Desfolhando aleatoriamente o álbum de família e amigos, torna-se evidente que a morte não arredou pé do seu compromisso com a humanidade e, eis que exactamente num dia, dão-me a notícia de que algures numa rua de Johannesburg um amigo próximo vitimou-se de morte em acidente, de carro, varado por um tubo solto, mal acondicionado dentro de seu carro; não sei mais pormenores porque não é nesta periclitante situação de infortúnio que se perguntam detalhes "de como foi".
Tinha que ser! Fugiu da África do Sul com medo de morrer nas mãos dos novos senhores no após a independência e, logologo numa visita ocasional à família morre em um acidente quase descabido. Não foi noticiado nos meios de comunicação mas, nem toda a gente do mundo pode abanar a tranquilidade dum país decretando dois dias de luto nacional ou ter referência especial nas manchetes do dia nos écrans da TV. As obras de Deus sempre são assinadas com o cunho da adversidade.
Lembrar agora que no Portugal prófundo que se pensava ter dado morte ao carrasco primeiro-ministro, o povo maior, vacinado e emancipado após ter vilipendiado o "engenheiro" um líder tão contestado, ao invés do veto sagrado dão-lhe o voto sondado. Por vezes as coisas não são loisas, nem todos os Sócrates os são genuinamente. Aquele amigo defuntado na África do Sul, originário da Madeira, decerto não tinha pensado estacionar ali seus ossos. Ele que pelo seguro era um tri-cidadão, resguardado na vida com três passaportes, não previu a morte desta forma.
A espada de Dâmocles (o que foi rei por um dia) no dizer de Saramago – o Nobel, suspensa por um fio, cairá um dia nas nossas cabeças. Só peço que não me surpreenda ela, a espada, como um velho mísero, nem tão pouco me apanhe num qualquer asilo como indigente. Quantas pessoas, estóicas, dignas, corajosas, optam pelo suicídio estando assim a dar uma lição de civilidade. Porque é que os políticos (alguns de topo) não seguem esse estoicismo dando-nos uma bofetada sem mãos, morrendo politicamente, entenda-se!
E, ainda falam em uma geração àrrasca - Geração àrrasca foi a minha. Foi uma geração que viveu numa terra que teve de abandonar porque afinal já tinha dono. Uns eram turras e outros filhos do Puto, besugos. Também era proibido ser diferente ou pensar que todos eram iguais com acesso à saúde, ao ensino e à segurança social. Meu amigo de nome Moreira não se precaveu com um quarto passaporte para o paraíso acabando por ficar lá na África…
A ADIÁFA DOS MOIRÕES E SALAZAR - I
ENTRE 1914 E 1945 E O AGORA 2021
Crónica 3203 de 10.10. 2021 - Em Cantanede do M´Puto
Por: T´Chingange
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Naqueles idos tempos, enquanto o estado confiscava bens à igreja, fidalgos ou aristocratas feitos políticos, sacrificavam imbecilmente os jovens mandando-os para morrer como tordos nas trincheiras da guerra. Do corpo expedicionário enviado para Flandres de França poucos regressaram e os que voltaram vinham de pulmões afectados pelas gazes ali utilizados. Nesse então, a 1ª República Portuguesa era composta por deputados que faziam absurdos e floreados discursos no parlamento sem sequência na realidade do dia-a-dia. Hoje, estamos quase iguais…
:::::2
Eram uns pavões que vendiam petulância nos cafés do Chiado; era ver qual deles tinha mais protagonismo na pópia faroleira do Rossio ou no Café da Arcádia. Neste aspecto, Portugal viveu sempre em crise, (e continua a enfermar desses resquícios) envolto em devaneios de gente acomodada à política de faz-de-conta, devaneios de gente que sempre se sentem insubstituíveis.
:::::3
Naquele então, senhores latifundiários, donos de muitos hectares, muito gado, muitos chaparros pavoneavam política em Lisboa enquanto seus ganhões ou moirões lhe garantiam os bolsos cheios. Lá na província, na lezíria, ou seara alentejana, no cortical, olival, nas chapadas de trigo, nas lameiras, enquanto nas courelas havia a míngua – nesse então, ainda não se falava na palavra resiliência…
:::::4
Enquanto isso decorria, a Angola distante aonde eu me encontrava, estava quase ao abandono. Estamos em 2021 com dez milhões de Portugueses e o estado ainda vive à míngua sugado por corruptos e corruptores. As conquistas do povo foram direitinhas para a nova casta de políticos que dividem o bolo por quotas, tanto para ti, tanto para mim e, estamos de novo naquela merda desses idos anos; o povo fugindo para o resto da Europa, lugares para onde ninguém pensava ir depois dum 25 de Abril de 1975.
:::::5
Será a sina do Portuga, andar pelo mundo subsistindo à tal de resiliência enquanto eleitos, maioritariamente incompetentes singram com grandes salários nas administrações? Gente que assim repartidas pelo Arco-íris político nos torcem e retorcem com impostos com mais taxas em cima de outras já taxadas. Toda a banda larga será inútil se esta gente de mente continuar na festa desta dita democracia.
:::::6
Não é normal meter-me nestas citações mas que ando revoltado lá isso ando! Revendo o panorama do após guerra por incapacidade de gestão, Angola após o Abril de 1975 ficou abandonada à sua sorte até que algures no início da Estrada de Catete em Luanda, deram o grito do “tundamunjila” festejando a independência com rajadas de kalashnikov.
:::::7
A República Portuguesa tinha sido tomada por panhares com militares empoleirados em sua carcaça agitando cravos na ponta das armas. Surgiram uns oficiais barbudos cheios de hormonas de aviário fazendo alarde duma valentia inexistente, em floreados discursos. Elaboraram regras dum criado MFA, Movimento das Forças armadas que logo desrespeitaram.
:::::8
Eles eram os donos da guerra, da opinião, e o povo levantava os punhos em aprovação de suas decisões democráticas – assisti a isto como destacado na Câmara Municipal de Torres Novas; o povo é quem mais ordena e, todos se olhavam entre si ao levantar o braço em reuniões magnas. E, havia por semana uma ou duas destas reuniões; entretanto o Sindicato dos Trabalhadores das Autarquias, por nada nos queriam lá. Passei por isto na fase de Vasco Gonçalves, vendo-o só esbracejar depois de lhe tirar o som da TV.
:::::9
O medo era farejado pela astúcia duns quantos autopromovidos a pavões. Guedelhudos que fingiam ser os Che Guevara duma Sierra Maestra, vendendo seu imaginário a custo zero. Desde esse tempo, Portugal viveu sempre em crise, (e continua a enfermar desses resquícios) envolto em devaneios de gente acomodada à política de faz-de-conta, com gente que teima em se sentir insubstituível.
:::::10
Em Angola, os ditos Movimentos, digladiavam-se pelo poder morrendo como tordos numa guerra a céu aberto. Recém-chegado a Portugal, com um bilhete de vinda sem regresso, ano de 1975, deram a mim e aos meus, 500 escudos por adulto. Com uma senha de viagem fornecida pelo IARN, Instituto de Apoio a Retornados levei meus dois filhos até o Alentejo. Na Funcheira tinha o meu concunhado Cailogo a receber-me e, lá fomos para a Panoias. Meus filhos ficariam aqui até que em terras do norte orientasse a vida em casa de outros familiares brancos de cor e nome...
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FEROMONAS DA VIDA
- Num cala-te a boca, acabei de emudecer o que em mim já estava arrependido…
Crónica 3202 – 08.10.2021
Por T´Chingange – em Cantanhede do M´Puto
:::::1
Estando eu no meu “Pátio Andaluz” da Lagoa do M´Puto, naquele dia de meados de Julho de 2021, escrevi com tal força de afeição que até o luar murchou a noite. Depois de dispor cinco manjericos em pequenos vasos para ofertar às cinco meninas do gabinete em que me fazem as declarações de IRS do M´Puto, tomei uns goles de pensamento passando as mãos ao de leve pelas folhas e, assim embuído nesse cheirinho, cocei o aviso em minhas fontes dizendo cá para mim: Esta vida está muito cheia de ocultos caminhos.
:::::2
E, de calor amolecido no esfriado puxadinho pátio andaluz, enraizei vontades sem fazer perguntas à natureza tão prestimosa. Em relação ao resto do que vai pelo Mundo e pelas nações falantes da língua de Camões, assim e no meio duma doença chata chamada de COVID-19, juro não ser portador de um ânimo de mentir nem de me caber calado. Por falta desse tal raso de paciência olhei para o ar vendo os rastos dos aviões tendo na primeira visão as amêndoas; vi então que algumas destas já estavam a abrir a casca, indicio de já poderem ser amanhadas, juntá-las aos figos secos e fazer os queijos à moda de morgadinhos.
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Com algumas alegrias do ar em meu pensamento, com vida tão séria, desconsegui remexer na velhice dos meus afectos por via de pequenos prazeres, vendo tanta gente a vender sombras no escuro, acomodados no estímulo governamental. Descomplicando, amanhã levarei estes cinco vazos às minhas amigas para concertar em mim os pernoitados desprocedimentos que em aflitos sonhos escorregam num esquecimento ficando assim sem substância narrável.
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Desde aquele amanhã, entretanto já se passaram três meses e, por isso nem falei na fuga de um tal de colarinho branco, banqueiro e afins de nome Rendeiro que nem se sabe para onde se escafedeu por via de desfalcar o fisco, e não só. Claro que hoje, dia 10 de Outubro já se desconfia que esteja no bombom de Belize.
:::::5
Escrevia então: agora, minha vontade de chegar a lugar nenhum por via dessa doença covidesca, inchou-se-me no lugar mais estranho chamado de escroto levando-me assim a vir até Coimbra e, a fim de ter opinião mais abalizada por um médico dermatologista. Mesmo sem ter feito e utilizado punhais de sete aços malhados e trouxados numa lâmina, só como se o fora um ferreiro de Toledo, que assim cercado por água do rio Tejo me alembro que só entrei no que imaginei, ilusãozinha que para mim tudo fica resolvido. É só uma carne mole, que sem tumores se expandiu formando uma hérnia inguinal segundo a ecografia; é o que penso…
:::::6
Numa de que o que tiver que ser assim o será e, da varanda da casa do Amieiro, encalho meus olhares para poente vendo as ovelhas empinar-se no pátio duma casa de alçado e cor nobre, um solar muito cheio de ervas, pois que o abandono tomou conta no tempo. Sendo assim tudo se recompõe num processo hodierno de deixar andar para ficar de bem com a nação, com o tempo, o governo, as pessoas e até com Nosso Senhor, que alguns dizem ter sido um ET e, que veio ao Mundo para nos endireitar nos modos e acções, uma teoria fora do alcance do “ Principio de Pieter”.
:::::7
Num cala-te a boca, acabei de emudecer o que em mim já estava arrependido no momento exacto em que Fátima, pelo telefone me disse assim: Senhor António seu IRS já está entregue e aceite; passe por cá assim que puder! Naquele então disse que passaria por lá quando fosse a caminho de ir até à recepção das análises. Tudo agendado por telefone e, lá fui ver se meu escroto. Para não morrer antes de acontecer fiquei aliviado só no suficiente para ouvir o médico de família que do pouco que disse, nada disse!
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Como vêem estou no desamparo de minha vergonha e, de novo irei mostrar meu rabo ao Professor Doutor Ricardo Vieira na firme convicção de que para se morrer basta estar vivo. Juro! Nesta singularidade, muito fico repetindo, remoendo em minha mente as palavras que nem digo, porque sou cristão, maior, emancipado e vacinado. Digo isto por modo de me acostumar sem receber certezas de como vai ser então, naquela força de afeição tal de que até o luar por vezes põe a noite inchada…Fui!
O Soba T´Chingange
VERSÃO NOVA - *O TER-SE VANTAGEM EM TUDO*
Crónica 3200 - 01.10.2021
Por: T'Chingange, no Ribatejo do M'Puto
:::1
Existe por aí uma filosofia não declarada de que “o mundo é dos espertos”. Esta frase sugere que passar os outros para trás é um grande negócio. Em Potugal (M'Puto), no Brasil, Angola e outros países dos PALOP's, as leis que regem o comportamento de gente no mando governamental, bancos e outras instituições públicas ou afins, no activo ou saídos delas, são desrespeitadas de tal forma que, somos obrigados a pensar estar a desonestidade no ADN de muitos. Claro que estou a rever o assunto do ex-banqueiro Rendeiro que “deu-à-sola” fugindo ao fisco e à justiça “abalroando” regras que se pensavam serem firmes para todos.
:::2
Nos procedimentos de políticos e, gente supostamente de colarinho branco, esses verbos de mentir, furtar e roubar, são procedimentos comezinhos. Assim, esse mandamento de "não se enganem uns aos outros", é de pura ficção. Afinal, um camelo pode mesmo fugir pelo cu de uma agulha! Fugir com o rabo à seringa como Vitalino, evitando responsabilidades ou ficar com o rabo entre as pernas como Pinho, sem bazarem na forma invisível, tipo Sarmento… Enfim! Uma coisa de mandar o cumbú para paraísos fiscais a que, neste caso, deram o nome de “Pandora Papers”- Pandora, uma tal de caixinha de surpresas e também o nome de minha cadela quando eu era candengue…
:::3
O “JEITINHO ” brasileiro, português ou angolano, torna-se assim, progressivamente num expediente criativo para forjar regras próprias com taxas, taxinhas e outros edecéteras que sempre se carregam em nosso lombo... Em geral, quem consegue levar alguma vantagem, se sente o máximo. Lamentável, noé!?
:::4
Flexibilizando ou quebrando normas que deveriam aplicar-se a todos, essa coisa negativa de truncar a visão certa, geralmente coloca em perigo relações pessoais, sublevando no poder a equidade do dever adaptando a regra a um caso específico, por forma a deixá-la mais justa...
Precisamos parar de furar fila, pedir um atestado médico indevido, baixar músicas pirateadas, dar por fora uns dinheiros para se fazer um jeito, etc. Esta lista é quase infindável. Bem! Os velhos padrões de comportamento, tudo o indica, devem ter ficado lá no passado…
:::5
A melhor coisa a fazer é viver pela fé, com lucros ou percas. Não adianta tentar colocar uma pedra em cima do pecado; se o que nos move é tirar proveito das situações e das pessoas, isso não passará despercebido. Cedo ou tarde, sempre haverá um observador mais atento... Agora é o Rendeiro, o Canas e o Pinho mas tudo indica que amanhã aparecerão outros mecatrefes. Alguns até nos espantarão ficando com a boca aberta que nem chaminé de navio feito vapor transatlântico como o meu Niassa…
:::6
Você já percebeu que a vida depende de decisões, noé?! Bem; embora por vezes, sejamos prejudicados por sermos demasiado complacentes com a astúcia alheia ou, não denunciarmos as fraudes por forma a nos ilibarmos desse conhecimento. Desta feita, e bem, umas centenas de bons jornalistas de vários países resolveram colocar o dedo na ferida…
Desde que amanhece até quando anoitece, é uma decisão atrás da outra em cada novo dia. Algumas são comuns, e você pode se dar ao luxo de até errar, por exemplo na cor da roupa, no uso da gravata ou que meio de transporte usar, uma coisa menor. Mas, nos grandes desfalques, nessas arapucas digitais sem tocaias, se falhar, as consequências podem ser terríveis. E, é bom que assim o seja, noé! Justiça - faz falta, noé!?
O Soba T'Chingange
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