MULOLAS DO TEMPO -17 - 12.02.2022 em Kizomba; 03.09.2022 em Kimbo Lagoa
RECORDANDO: Dia 20, no Sul do Malawi em Lilongwé 33º dia da Odisseia “HAJA PACIÊNCIA”. Nós, bazungus no PARK MVUU LODGE do MALAWI… manuscrito de 22 de Outubro de 2018 - Crónica 3241
Por T´Chingange – Na Pajuçara do nordeste brasileiro e Lagoa do AlGharb no M´Puto
Posso ainda recordar-me termos ficado em Mtawa Lodge no centro de Lilongwé que é, desde 1975, a Capital do Maláwi. Lilongwé foi fundada em 1906 às margens do rio com o mesmo nome; inicialmente como um assentamento para os comerciantes asiáticos, seu clima ameno atraiu rapidamente as empresas europeias, tornando-se um centro administrativo colonial britânico no início do século XX.
Devido à sua localização na rota norte-sul principal do país e na estrada rumo a Rodésia do Norte (actualmente Zâmbia), concluída em 1909, Lilongwé tornou-se a segunda maior cidade do Malwi e, foi a próspera comunidade asiática de negócios residente na cidade que a promoveu a esse estatuto. Foi oficialmente oficializada como capital pelo antigo presidente Hastings Kamuzu Banda, embora que, inicialmente somente concentrasse os poderes judiciário e executivo…
O presidente Bingu Wa Mutharika exigiu que todos os escritórios do governo se mudassem para Lilongwé após as eleições presidenciais e parlamentares de maio de 2004. De quando em vez, é bom falar um pouco dos lugares por onde passamos pois que após longos silêncios remoídos na sustentação das mentiras ou verdades sobre africanos, sua terra e sua origem, a gente acaba por agarrar nenhures; sem entender tudo na perfeição e, distanciados numa longínqua aridez de secura com investimentos de leveza. Ficando meios anestesiados, até falamos com osgas gordas que mais parecem crocodilos, revemos jeitos e trejeitos que mais ninguém consegue vislumbrar…
Posso agora recordar o susto que apanhei ao verificar ter dormido com um escorpião no camping do Park Mvuu Lodge. Ao desmontar a grande tenda azul, vi um escorpião preto ai com uns sete centímetros, sair bem por debaixo de minha esponja que me serviu de cama. Bem quentinho ali permaneceu nem sei quanto tempo sem pagar renda. Na saída para o “main gate” podemos apreciar manadas de búfalos, entre muitos outros e muitas capotas, rolas e perdizes. Nosso destino agora é pernoitar na Capital Lilongwé e seguir amanhã para a fronteira mais a norte de Tete de Moçambique, dia 22 de Outubro de 2018.
Terei de recordar aqui que nosso capitão do mato, el comandante Vissapa, o melhor condutor de África, enquanto permanecemos no Park Mvuu, decidiu sair a pescar nas margens do rio Shire River sabendo ser perigoso e, avisado do perigo que seria ultrapassar os limites de vigilância segurança. Não resultou avisar que ali havia mais hipopótamos que cassuneiras mas, de nada valeu. Um carro patrulha teve de o ir buscar, levando uma rabecada bem justificada por um dos seus patrícios africanos - um genuíno…
Vissapa - el comandante, ainda lhe disse que era angolano de gema, que edecéteras e tal e, até lhe mostrou o bilhete de identidade. Era um branco, sim senhor mas também genuinamente africano! Ele, o guarda com flechas nas divisas, torceu seu nariz achatado, deu uma baforada com rolos de índio no ar e disse que, tudo ali era para ser tal e qual conforme o regulamento. Filosoficamente disse que aqui em áfrica tudo é de todos, menos dos brancos. E, assim, engolindo desaforos ficávamos num nada, feitos genéricos. Menos mal que eu só era mesmo - melhor…sou Niassalês…
No M´Puto, na Venezuela, no Brasil, em Namíbia ou África do Sul e até no escambau aonde judas chorou desesperado com todos nós; mortais filhos da peste que nunca o deixam em descanso, pois, até em África aonde o ontem fica cada vez mais distante. Ué e, o que então era proibido, hoje já o não é, lugar de tundamunjila (thunda um n´jilla) corruptado até os fundilhos de toda a brancura. Lugares aonde agora predomina a gasosa com kumbú e fundamentalmente a postura governamental de BLACK EMPOWERMENT*; Isto quer dizer uma política de substituição do negro em detrimento do branco. Vou dizer mais o quê se foi o que vi, espoliado quanto baste pois só não o serei, ou serás se, se houver kitar yábule (ter muito dinheiro)…
Amanhã teremos de passar na fronteira de entre Malawi e Moçambique! A fronteira aqui em áfrica é sempre um grande problema, sempre criam dificuldades para vender facilidades; como eles negros de pai e mãe aprenderam tão bem estes procedimentos de brancos! Aos velhos será cruel deixá-los privados de respostas e será de bom senso até, não se lhes fazer perguntas de passados não amistosos porque dos muitos dias, das muitas injustiças pode sem se querer, saírem à luz da kúkia, gigantescas feridas. Que importância terá, saber-se agora se a mulher de Lot, em Sodoma, ao olhar para trás se transformou em sal-gema ou sal marinho ou, até saber se a embriaguez de Noé, foi de vinho branco ou de vinho tinto…
Nota*: Black Economic Empowerment é uma política do governo sul-africano que visa facilitar a participação mais ampla na economia dos negros, especialmente para corrigir as desigualdades criadas pelo apartheid. (Wikipedia inglês). Na prática é a substituição do preto pelo branco, generalizada em toda a áfrica austral! As vagas são para os de cor escura, primeira os nativos, depois os indianos e no fim os brancos; estes só conseguem assegurar trabalho em empresas familiares… Isto verificado, também me foi dito por um sujeito mulatão de nome comum de Ferreira lá na Cidade do Cabo, meio a dar para indiano, um meio monhê a viver de expedientes; com colares de missangas penduradas ao pescoço e um cofió colorido, um mwadié fantasiado de africano a repetir-me: - Só quem anda por gosto, não descansa! Isto, foi quando me queixei com azedume de haver muitos arrumadores de carros, brancos nos centros comerciais (uma forma de solicitar esmola sem ferir o orgulho).
(Continua…)
O Soba T´Chingange
PELO SIM PELO NÃO SOU "LENDA" - 21.08.2019
- Talvez as pessoas dos governos estejam a encher os bolsos, mas os políticos em África enchem sempre os bolsos! São os maiores…
Por
T´Chingange - Em Panoias do M´Puto
Minha empregada Mery de Kampala é esperta, diligente e ladina como as raposas. Tem o seu clã que não é só familiar, pois abrangem os sobrinhos dos sobrinhos e amigos que consideram do peito. Alguns têm tentado fortuna em países limítrofes dos dela mas, o que contam por vezes é assombroso; andam em minas de metais raros para nós usarmos aqui e ali mas mais na Europa e Américas, nos iPad, andróides, sansungues e outros micro-ondas falantes, aonde quem não tem pelo menos dois, está desactualizado ou desmilinguido. É mesmo, falei! -Talvez por isso muitas pessoas dos governos de lá estejam a encher os bolsos, dando contractos de exploração onde há escravidão não é?
Sim! É verdade! Disse isto porque torci o nariz meio descrente da veracidade ao que repetiu: -Os políticos em África enchem sempre os bolsos, disse ela… Em todo o lado? Perguntei. Ela continuou assim com suas falas rápidas como quem, até tem medo da sombra das palavras e num foi dizendo ao seu jeito num claramente de que o africano foi é e vai ser sempre assim, quando é rico, é-o à fartazana, à lagardere, faz questão de que se saiba; compra coisas à toa só para fazer isitayela! Isso é o quê? É banga, vaidade com estilo – quase um tique geral de quem manda ou tem poder.
Notei que ela a Mery estava mesmo nevosa e falou rápido coisas que nem entendi; coisas da língua dela: - Unembile, umphathi! Bona abavela kuhulumeni badla inkukhu futhi bathumele amathambo kubantu! Caramba, troca-me isso em miúdos. Pouco a pouco fui entendendo desta forma: - É assim mesmo patrão! Eles do governo comem a galinha e mandam os ossos para o povo! Nem fiquei embrutecido porque já sabia muito bem o que isso era e, neste entretanto notei que também tremia dos olhos, de raiva por nada podermos mudar. Deve ser do ADN deles!?
-Lá em teu kimbo, cada um vive das coisas extraídas das lavras, da t´xitaca, das hortas da mulola, da ñhaca, das galinhas e dos ovos e do porco que cria e mata!? Num fala assim patrão, meu coração está a bater com força. Fiquei só assim neste entretanto de conversa. O riso ainda me voa dentro do peito como um passarinho. Qualquer dia dão-lhe uma fisgada, patrão! Pópilas, não sou teu patrão! Ficamos assim mesmo com o futuro a prender-nos ao passado, pois, ganhando massa muscular…
Li em uma reportagem da «Time-revista» aonde revela que a função «vibrar» dos telemóveis é activada pelo uso de um mineral chamado wolframita, que é extraído na região do conflito que decorre no Congo; lá para as tuas terras. Um conflito que, é financiado pela exportação de metais usados em produtos tecnológicos de ponta; empresas multinacionais estão a proceder ao comércio de minerais, que estão a financiar a guerra na República Democrática do Congo e os “boco harans” para desestabilizar, ter os materiais a preço de uva mijona. Meus primos falam isso sim! Eles, os africanos bem ao seu jeito, vivem sempre pedindo mas, vão dizendo que os brancos sempre fingem que são o que não são!
É por isso que tem muita maka! Tem os senhores da guerra, os intermediários, os compradores internacionais e nós que os usamos! Verdade, disse ela com os olhos húmidos. As ONG´s asseguram que, quando chegam à posse das tecnológicas, estes minerais podem já ter trocado de mãos até sete vezes com todos a ganhar. É bem possível que o leitor, ao colocar seu telemóvel no modo de vibrar, está usando esse tal de wolframita, originário da zona de conflito, lá aonde financiam essas guerras sangrentas que as televisões nem falam.
Todos andam a corromper uns aos outros, pedir favores em troca de favores e assim vivem, todos favorecidos. É isso digo eu - é a corruptocracia, talqualmente como no Brasil do Lula, Mary! O problema mesmo é que, neste favorecimento, uns vivem mais favorecidos que outros! Sabes, agora é isto, um de fazer-de-conta? Mas o wolframita não é o único mineral de utilização tecnológica com origem no centro do conflito e seu financiamento. Cassiterite, coltan, Nióbio e ouro que também são extraídos na região.
Uma lista de minerais usados para os mais diversos fins, desde as vulgares lâmpadas eléctricas até os portáteis computadores, MP3 e consolas de jogos. Não demora, se Bolsonaro não abrir os zolhos, estarão no Amazonas do Brasil! Depois virá a luta entre os HP, Dell, Nokia e Motorola mais esse tal de Sansung duma lista ainda mais comprida. Depois esta gente do trabalho duro, ganha uns tostões e foge para a Europa e também para o Sul formando cidades em volta de outras cidades. As chamadas “townships”.
Eu vi, ninguém me contou: A poucos quilómetros das belas paisagens que transformam a Cidade do Cabo em um cartão-postal da África do Sul, ficam localizadas as “townships” sul-africanas. Elas cresceram de maneira desproporcionada após o início do Apartheid, em 1948, quando receberam milhares de negros, mulatos e indianos expulsos de suas residências. Há diferentes tipos de townships; algumas misturam raças com muitos indianos Monhês, Sirios s até Libios e outras reúnem apenas tribos específicas. O mundo está uma ervilha Mery!
Esta gente em comum compartilham a miséria e a hostilidade aos sul-africanos brancos, funcionários despedidos bóhers e outros marginalizados no tempo pela acção afirmativa do ANC – dar primazia de trabalho aos negros. Mas temos disto ao redor do Rio de Janeiro, ao redor de Lisboa, Paris e aonde tu possas imaginar – Uma cidade grande com gente que ganha cumbú e emprega gente desfavorecida, tal como uma moderna escravatura aceite por todos! Olha vou ter de me encontrar com o John Wayne para ir desbundar ao festival de Paredes de Coura! O M´Puto está em crise mas só falam em festivais e, todos cheios… Isto vai dar prótorto… Dei um abraço a Mery e fui seguindo no pensamento…
O Soba T´Chigange
NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI - 8ª de Várias Partes
CAPE TOWN – HÀ ANO E MEIO ATRÁS – 04.08.2017 – Do baú do Karoo do Xoxolosa-Trem revi este penúltimo dia em Cidade do Cabo.
Por
T´Chingange – Em Lagoa do M´Puto - 08.01.2019
O tempo corre e num talvez seja amanhã, as escritas vão sendo acumuladas no mukifo até que num dia como o de hoje resolvemos passar a limpo. Naquele ontem, dia dois de Agosto de 2017, almoçamos com o Senhor Amadeu Seca e esposa Dona Helena em sua casa rosada situada no sopé da Table Mountain. Do baú do Karoo do Xoxolosa-Trem revi este penúltimo dia em Cidade do Cabo. Eu e Ibib fomos tomar o café da manhã num restaurante da esquina: ovos, fiambre, torradas, capuchino, salsichas, uns pedaços de alface, cenoura crua, pepino e tomate; tudo bem à maneira da África do Sul.
Lara, minha neta de 16 anos, chata como a potassa, com mais uns pozinhos de pimenta, quis ficar na cama do nº 5 da Road Iatom com suas periclitãncias, curtindo seu micro-ondas, um Ipad com filmes de animação, músicas com contrabaixo e sons apocalípticos, pinturas mais fotos; até já nem lhe peço nada porque o preço da arrelia é demasiadamente alto. Só trago isto para aqui para se notar o confronto de gerações, os setenta e três anos de velhice e os dezasseis rebeldes anos da juventude, do se saber tudo ou assim pensar com edecéteras esdrúxulos, cumcamano.
Setembro aqui, é o início da primavera, por isso as amendoeiras já apresentam amêndoas bem grandes ao invés do M´Puto que estão agora a ser tiradas da árvore a fim de serem britadas. Há portanto seis meses de diferença na floração das árvores. Os pessegueiros junto à piscina apresentam-se cheirosos com suas flores de cor rosa violeta; as ameixieiras pintalgadas de flor branca apresentam-se também com seu característico cheiro agradável.
Uns pássaros grandes de cor preta chamados de Íbis furam insistentemente o chão de onde extraem minhocas e parasitas infestantes deste bonito jardim da casa rosada. Eu e Ibib fomos ao Checkers comprar umas pequenas coisas para o lanche, cervejas Windhoek lager e vinho “pinotage” para oferecer ao Senhor Amadeu Seca; isto porque ontem, por ele, foi gabado de bom que, em verdade o é, gostei.
Falando de vinhos posso relembrar que a primeira vinificação aconteceu no ano de 1659 com a supervisão pelo então Governador do Cabo - Jan van Riebeek e daí até e os dias de hoje não mais pararam este cultivo com arte; soube que posteriormente, os portugueses tiveram também influência no trato de vinhedos. Actualmente, mais de 3.200 fazendeiros cultivam uvas em mais de 99.000 hectares distribuídos por diversas regiões do país.
A latitude da Africa do Sul está próxima da latitude do Uruguai; o clima é bastante diferente entre as várias regiões da África do Sul mas, é esta região do Western Cape e perto da bela cidade de Cape Town que se situam a maioria de fazendas produtoras de bom vinho.
Os vinhos de Stellemboosch são uma referência. Pude ir a provas com o casal da casa rosada, tal como o já tinhamos feito no distante ano de 1999 – a volta das “winelands”. A Africa do Sul possui um tipo específico de uva, só encontrada por aqui; é exactamente esse vinho Pinotage tão badalado pelo meu cicerone. É em verdade um cruzamento da variedade Cabernet Franc e Pinot Noir para além de incríveis Malbecs, Semillions e muitas outras como o Cabernet Sauvignon, do qual mais gosto.
Voltando às compras, podemos escolher 6 flores de próteas, cinco de uma espécie, mais um botão grande para complementar com elegância o ramalhete com glicinas azuis compradas por cinco euros e meio, noventa randes. Em Setembro, pode sentir-se aqui as quatro estações do ano pois que, pode ir de dia dos 14 aos 27 graus; nas noites sempre baixa muito! Por vezes, no dia o céu apresenta-se coberto de nuvens, um vento muito frio e logo a seguir o dia descobre-se num azul total.
Meio-dia! Ouvi daqui e, perfeitamente, o tiro de canhão - O mesmo que todos os dias se faz ouvir por toda a cidade até ao sopé da montanha; uma tradição que a cidade, com orgulho, mantém há mais de 200 anos, do tempo dos originais holandeses. Estavam assim a terminar os dias com a graça de um dos destinos turísticos mais ricos e encantadores do mundo – Cape Town.
Acabei o dia de hoje dando uma gasosa em randes ao bafana arrumador de carros da Road Iaton. O homem só tem uma perna, desloca-se com a ajuda de uma muleta e agradece-nos chamando-nos de papá ou mamã com um rasgado agradecimento. Há quase vinte anos atrás não vi aqui nada disto, nem arrumadores havia – Tudo mudou e sinceramente, dá até um certo receio andar pelas ruas do centro. Há muita gente a mendigar e, ou a viver de diligências fúteis. O homem da pena de pau, talvez seja um antigo militar, um soldado aposentado moçambicano que aqui encontrou este modo de vida.
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – 18.09.2018
FAVELAS “Townships” na África do Sul ... Porque cada homem é um mundo, tem que ao tempo, dar-se tempo…
Por
T´Chingange – 2017 em Cape Town - 2018 em Johannesburg
Este artigo já foi publicado em 14 de Setembro em Kizomba do FB deste ano de 2018 mas, por qualquer motivo que só os matrindindes podem saber, o assunto evaporou-se! Para que fique definitivamente no meu baú Niassalês, é agora publicado aqui no Kimbo de Lagoa Blogue com ligeiras alterações na redacção…
O aqui descrito remonta ao ano de 2017 quando desbravando áfrica, sucedeu dum inesperado desejo de rever musseques ou favelas aqui designadas de townshipes. Há alguma diferença entre as três designações mas, a pobreza, indigência e sobrevivência é seu denominador comum. A poucos quilómetros das belas paisagens que transformam a Cidade do Cabo em um cartão-postal da África do Sul, ficam localizadas as “townships” sul-africanas, como já referi. Elas cresceram de maneira desproporcionada após o início do Apartheid, em 1948, quando receberam milhares de negros, mulatos e indianos expulsos de suas residências.
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Nem mesmo o final do regime de segregação racial, em 1994, foi capaz de melhorar a situação para centenas de milhares de pessoas que vivem em townships actualmente na Cidade do Cabo. Há diferentes tipos de townships; algumas misturam raças e outras reúnem apenas tribos específicas. Em comum compartilham a miséria e a hostilidade aos sul-africanos brancos, funcionários despedidos bóhers e outros marginalizados no tempo pela acção afirmativa do ANC – dar primazia de trabalho aos negros.
A Cidade do Cabo possui o maior símbolo do regime, a prisão de segurança máxima Robben Island. Lá Nelson Mandela e outras centenas de líderes políticos negros ficaram isolados da população por décadas em uma ilha. Hoje a prisão virou símbolo de liberdade e ponto turístico da cidade, enquanto as townships caíram no esquecimento e ainda convivem com o fantasma do Apartheid.
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Com a miséria, nem os olhos ou o cérebro das ovelhas escapam da panela; assim me foi dado observar. Pelo menos quatro vezes por semana, o sul-africano Lele M´Binda ajuda a superar o preconceito entre negros e brancos. Nascido na township de Langa, em Cape Flats, território da tribo Xhosa, Lelé, como é chamado, encontrou uma forma de ganhar dinheiro ao atrair turistas e estudantes brancos para conhecer a township onde foi criado.
O destino é recomendado apenas para quem quer enxergar um outro lado da cidade. E, interessados não faltam; Lelé está em contacto com as melhores escolas de inglês e agências de turismo de Cape Town, já que Langa é uma das poucas townships consideradas pacíficas e ele a conhece como ninguém. Ele, é um dos poucos em sua turma que conseguiram escapar da violência; faz questão de ressaltar isso logo no início da visita enquanto dirige sua carrinha (VAN ou comby). Na descida, fica impossível caminhar quando crianças nos cercam e imploram por dinheiro. Lelé diz para não darmos esmola, que isso só atrapalha; é uma realidade que nós de fala lusófona, bem conhecemos. Vamos em frente!
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A primeira parada é em uma tradicional casa de cultura Xhosa, onde se é recebido com uma animada música local. O lugar parece importante, pois já recebeu a visita de Bill Clinton; por isso, ali surge colgada na parede, uma enorme ilustração do VIP-americano. Aprendemos, entre outras coisas, que Xhosa é a segunda língua mais falada na África do Sul, apenas atrás do Zulu. O artesanato local é curioso e interessante - os preços chegam a ser picantes, mas é difícil sair de lá sem querer ajudar um pessoal pé-de-chinelo sem lhes dar uns jindungos.
Entre becos obscuros, leva-nos a um minúsculo quarto, onde vivem cerca de três famílias. Durante o dia ninguém fica por lá, pois não há espaço para todos. À noite todos se espremem para dormir. “Cerca de trinta pessoas moram aqui” - Lelé traduz as palavras de uma senhora aparentemente triste e cansada, que estava gentilmente no local para nos receber. Com os sentimentos um pouco confusos, vamos em direcção ao próximo programa - degustação de uma cerveja artesanal local. Lelé deve ter incluído isso na visita “townshipica”, pois sabe que estudantes e turistas gostam de cerveja.
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Passamos por uma série de rituais que inclui descascar e comer uma semente, antes de experimentar a loira gelada, que na verdade é morena e quente! Um grande balde da bebida é compartilhado por todos e, o sabor é de uma cerveja fraca, quase sem álcool, nada comparado à Skol do Brasil, Sagres do M´Puto ou Cuca de Angola. Enfim, um mijo de burro ligeiramente graduado com álcool. É praticamente no meio da rua que acontece o momento mais desafiador do passeio. Em um fogão improvisado sobre latões de lixo, simpáticas cozinheiras começam a preparar o “Smiley”, prato típico da culinária de uma township. Aqui tudo parece improvisado mas nada é de estranhar para um cidadão do Mundo, o próprio Niassalês de nome T´Chingange
O improviso consiste em comer tudo o que a cabeça de uma ovelha proporciona, desde cérebro, olhos e língua. Um pequeno pedaço da bochecha foi o suficiente e, para falar a verdade, até que ela possui um gosto satisfatório. Já de volta à VAN e um pouco traumatizados com a cena das ovelhas mortas, somos levados à última parada, o bar M´zoli’s, na vizinha township de Gugulethu. É neste território Zulu, onde também funciona uma churrascaria, que a cultura de uma township pode ser mostrada para os quatro cantos do mundo. Brancos, negros, mulatos e “pessoas de todas as tribos”, misturam-se em uma grande festa com música ao vivo tradicional com cerveja barata. Um forró Xhosa ou um baile arraial de mastro do M´puto!
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O território é livre e o clima de coexistência com paz prevalece, aparentemente! Nos dias que correm nota-se uma tensão por via de desmandos e ataques com mortes violentas em fazendas - farmes, propriedade de brancos maioritariamente bóheres. Nota-se muita apreensão à qual eu dou veracidade por já ter passado por uma merda de política a que chamaram de descolonização exemplar. Isto é África!
Aqui, Talvez seja um dos poucos lugares na Cidade do Cabo aonde brancos, negros e mulatos convivem em condições igualitárias. Tudo aparenta em ninguém ser melhor do que outro alguém e todos se compartilham em estórias. Depois de muito churrasco de carneiro, cerveja e outros aperitivos locais, saímos com a certeza, já ao anoitecer, de que o sol também brilha em uma township. Na anterior publicação que não sei como se escafedeu nos labirintos plutónicos do Facebook dois amigos próximos da Kizomba, referiram não gostar de circos e em verdade não irei dizer que gostei, porque para o ser em realidade, só faltaram domadores de chicote e mansos leões que rugem em karaoke Xhosa …
Vou dizer mais o quê! Amanhã será outro dia...
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI - KIMBERLEY – 7ª de Várias Partes
- EM CAPE TOWN – HÀ UM ANO ATRÁS – 03.09.2017 – No Kirstenbosch – National Botanical Gardens de Cape Town…
Por
T´Chingange – Em Johannesburg - 11.09.2018
Este bairro de Imizamo Yethu em Hout Bay e outro mais que proliferam ao redor da Cidade do Cabo, são muito semelhantes às favelas do Brasil mas muito mais carecidas e feitas de uma grande variedade de materiais. São em chapas zincadas e outras achatadas a partir de tambores mais madeira e pranchas de fibras com variadas cores. É um mundo visto a duas distintas velocidades mais por via de refugiados que aqui chegam do resto de África.
Na encosta Sul da Table Mountain fica um vale chamado de Constantia e, é daqui que sai o melhor “Pinotage”- vinho tinto; a melhor casta de uvas devido ao especial clima daqui por reunir as melhores condições. Há dezoito anos atrás visitei Stellenbush, fui a caves e nesse então inteirei-me haver ali um clima favorável a uma grande variedade de castas sobressaindo o cabernet sauvignon tão da minha preferência, mas e também o Shiraz – todos excelentes!
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Em toda a propaganda escutada a bordo do red-bus é dada enfase às populações supostamente autóctones (os primitivos KoyKoy) mas, pelo que sei, estes nunca tiveram qualquer preponderância no aspecto empresarial. A qualidade de vida que pode ser apreciada deve-se aos primeiros e sequentes pioneiros bóheres que desbravaram terras. Nota-se agora uma multiplicidade racial de gente laboriosa que a torna bem cosmopolita.
Não devem agora os novos dirigentes da África do Sul propalarem discursos negativos subtraindo as mais-valias que o Mwata Mandela legou. Os discursos quanto às leis de terras têm sido bem negativos para o desejável desenvolvimento da África do Sul; não podem no calor das refregas políticas caírem no mesmo erro de outros países, tentando lavar e purificar a mentira com a demagogia que a ninguém favorecerá.
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Sei porque ouço e vivi, são arbitrariedades não desejáveis num qualquer lado. As práticas erradas estão originando fugas, desemprego, corruptas atitudes com favorecimentos pela cor da pele entre muitas mazelas escandalosas de roubos, matanças, incitamento o descontrolo duma sociedade de forma pervertida e invertida.
Matança aqui e além para de forma encapotada fabricar o medo entre os brancos, como se a áfrica não lhes pertencesse também. É nítida a forma em como o património do homem branco é cobiçado e estimulado por dirigentes arruaceiros. Os discursos estão aí para todos escutarem, populistas negros a clamar com pretextos quando o que pretendem é simplesmente esmifrá-los; isto quer dizer: rasgar ou desfazer em pedaços, cravar, esforricar ou extorquir dinheiro por qualquer banalidade! Não me posso mentir!
Reestruturar e restruturar são duas formas possíveis em português, aonde e, em politica não deve originar o “esmiframento”. Esta é uma palavra inventada agora por mim para fazer sentir que esta estranheza pode de novo acontecer tal como já me sucedeu junto com mais de meio milhão por via do “descolonizamento”, outra palavra inventada para elucidar uma pseudo descolonização (falo de Angola). Desde sempre e, que me lembre de ser gente, observei que as leis foram inventadas pelos fortes para dominarem os fracos que são muitos mais.
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Sempre observei entre os políticos amizades incipientes desde o tempo em que os cuspidores de prata eram usuais e era admissível ou, sem reparo, cuspir-se em público. E, anda muita gente de alto coturno e responsabilidade a cuspir pró ar sem que ninguém de peso conteste. Falo do mundo todo! Vejo isto por todo o lado e em particular aqui em África.
Hoje que penso muito e, rezo pouco, sinto os tempos subtraídos nas leis dos governos, e, logicamente, averiguo sem pudor, as diferenças. Para não me mentir, resgatando pedaços de lembranças, chupo a acidez da múkua (fruto do imbondeiro), abraço os meus amigos, muitos deles sem a t´xipala de candengues visível no cardápio das mokandas, das muitas malambas do facebook. Já kotas, de cabelos brancos ou grisalhos, o tempo esquindiva-se nas vontades de juventude perene. O que tiver de acontecer, vai acontecer!
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI – 6ª de Várias Partes
- EM CAPE TOWN – HÀ UM ANO ATRÁS – 02.09.2017 – No Kirstenbosch – National Botanical Gardens de Cape Town…
Por
T´Chingange – Em Johannesburg
Estamos a 09.09.2018; passado que dá um ano e três dias, aqui estou de novo revendo este recente tempo, passando a limpo meus gatafunhos do baú do Karoo do Xoxolosa Trem. Fazendo um interregno por espera na obtenção do carro que nos levará mais a norte, irei rever a visita ao Jardim de Kirstenbosch na Cidade do Cabo. Dy, também conhecido por Reis Vissapa vai diligenciar encontrar o carro ideal e com tracção a todas as rodas a fim de rumarmos a norte via Botswana.
Aqui neste vastíssimo planalto de Johannesburg, as temperaturas são estremas; de dia e, nesta época do ano, podem ir dos zero aos vinte e cinco graus. Esta noite tive de colocar meias e gorro trazido do M´Puto pois que o frio não me deixava dormir. O computador da Ibib marcava um grau e deu para sentir. Lá fora os carros tinham gelo nos vidos. Tentaram sair no jeep mas este não pegou pelo intenso frio que fez na noite. Pelas sete e trinta da manhã, tiveram de ir à igreja no carro da Celeste, minha nora. Eu fiquei no bombom do quarto com os meus santos, empolgando-me na mioleira.
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Pois voltando ao Jardim e rodando nós a Table Mountain da Cidade do Cabo no autocarro vermelho do Cityrama, ali chegamos deixando de sentir aquele vento frio que sopra do Atlântico. E, porque aqui, não se faz sentir aquele vento, as plantas crescem envoltas num microclima como se estivessem em uma estufa. Vimos altíssimos pinheiros e até entre outras plantas autóctones, o tão nosso conhecido sobreiro de dar cortiça e também castanheiros.
Andar pelo Jardim foi como revisitar os desertos de toda a África vendo até algumas plantas já na fase de extinção em outras partes do globo. Tinha vindo aqui há dezoito anos e pude de novo rever com deslumbre este grande jardim e, com tanta variedade de espécimes. As etiquetas referiam o nome, sua procedência entre outras particularidades. Fiquei a saber que em outro tempo também aqui havia leões, sendo seu último exemplar, morto aqui no ano de 1884.
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Em uma brochura recordam que os primeiros europeus a chegar aqui ao Cabo, foram os portugueses capitaneados por Bartolomeu Dias. Há uma grande estátua dele logo à saída do porto do Waterfront, fica bem no centro de uma grande rotunda aonde vai desembocar uma das principais avenidas da Cidade; mais tarde chegaram os holandeses subvencionados pela Companhia das Índias Ocidentais que aqui se estabeleceram.
Estes holandeses são os mesmos Mafulos que se apoderaram de Loanda de N´Gola a 24 de Agosto do ano de 1641 já referidos em uma outra crónica de Mu Ukulu II. Esta mesma tropa composta de flibusteiros, arqueiros cobertos de metais e, portando arcabuzes de cuspir fogo, encontraram uns indígenas de pequena estatura a quem chamaram os “KoyKoy”; talvez os da mesma origem dos Khoisans ou bosquímanos. Os holandeses Mafulos afastaram os KoyKoy para longe de suas vivências estabelecendo-se nesta ponta rodeada de morros.
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Também aqui os Mafulos ou Holandeses foram enviados a propósito para conquistar terras de África. O M´Puto estava nesse então debaixo do mando dos Filipes de Espanha tendo Filipe I de Portugal e Algarves, sendo o segundo monarca de Espanha. D. Filipe II de Espanha expandiu seu domínio a Portugal, à Flórida e às Filipinas desleixando o que era de Portugal. Em verdade foi nesse então o primeiro líder mundial a estender os seus domínios sobre uma área directa "onde o sol jamais se punha", superando Gengis Cã.
Filipe I de Portugal até então, era o homem mais poderoso de todos os tempos. Os limites do seu império foram denominados em sua homenagem desde o extremo leste das Américas (Filipeia, hoje João Pessoa do Brasil) ao sudeste insular asiático: Filipinas; do Atlântico centro-ocidental ao Pacífico centro-ocidental passando por todas as longitudes do oceano Índico. Não foi com medo da malária, o porquê deste tão grande monarca nunca se preocupar com as antigas possessões do M´Puto mas, sim pela força do Papa que definiu a linha do Tratado de Tordesilhas.
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Bom! Voltando aos Mafulos, por aqui se estabeleceram vivendo da pesca mas e principalmente das muito boas madeiras que recolhiam nestas encostas. Os troncos eram arrastados até à beira mar e embarcados em naus no lugar protegido de Hout Bay. Com as guerras anglo bóhers e por via dos interesses nas explorações de ouro e diamantes, estes colonos foram sendo empurrados, sempre mais para norte. Foram assim forçados, que originou o desbravar de todo Karoo, uma parte do grande Calahári tendo como elemento aglutinador o rio Orange que nasce nas terras altas do Drakensberg.
Na encosta sul de Hout Bay, pode verificar-se o desarrumado caserio de gente que busca estas paragens para trabalhar. É aqui chamado de Imizamo Yethu, um conjunto de casas minúsculas e coloridas subindo a encosta do morro, num urbanismo em tudo idêntica às favelas do Rio de Janeiro; imagino pela pequenez, não terem o mínimo de condições de habitabilidade mas, que a necessidade obriga a ginasticar como um estágio de vida penoso.
São pessoas que sem qualquer formação, a tudo se sujeitam; gente vinda do Lesoto, Zâmbia ou o Malawi. O curioso é ser este um ponto de paragem turística com guia e, que por uma gasosa, explica aos turistas por forma a se inteirarem deste pormenor. Explicarem a vida tormentosa de quem sobrevive nela, como a visão duma evolutiva excentricidade e, a quem nem sonha poder viver em nove metros quadrados…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO KALAHÁRI - KIMBERLEY – 6ª de Várias Partes
XOXOLOSA TREM . JÁ EM CAPE TOWN – 02.09.2017 – No Kirstenbosch National Botanical Gardens
Por
T´Chingange – No Barlavento Algarvio
Estamos a 06 de Agosto de 2018. A um mês de voltar a terras de África para fazer uma aventura entre esta cidade de Cape Town até N´Gorogoro na Tanzânia. Continuo a passar a limpo meus gatafunhos do baú do Karoo e do Xoxolosa Trem, escritos de 06 de Setembro do ano de 2017. Nas Malambas CCII do Kimbo Lagoa, embora fazendo turismo de aventura sem saber bem como seria o dia seguinte, terminei por descrever em síntese o que sentia - minhas percepções das políticas no tempo, aqui no estremo sul. Fiquei deveras apreensivo!
A degradação de África coabita com a impreparação de gestores públicos maioritariamente negros e, que duma forma simplista querem adquirir as riquezas do branco – fazendas, fábricas, casas e empresas. Retiram brancos competentes para serem substituídos por administradores, directores sem nada perceberem do negócio, da gestão agrícola ou outros meios de vida; é a única forma de o dizer sem usar sofismas mentirosos e, quem me afrontar nisto que digo, estará seguramente a usar falácia mentindo-se a si mesmo.
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Não podemos contemporizar com esta prática num criminoso silêncio. O Mundo não pode ficar alheio ao invés de sempre darem enfase às massas migrantes que assolam a Europa. Decerto que por detrás de tudo, a maior parte das Organizações como ONGS e outras estruturas oficiais enfeudadas em partidos, sempre chamados de progressistas, têm interesses sub-reptícios de engodar as gentes com inverdades, para daí tirarem os maiores dividendos; o pior cego é aquele que não quer ver.
O povo tem de saber que sempre haverá um raivoso Malema na África do Sul, um ambicioso ditador Idi Amin Dada, um Mobutu Sesse Seco ou um José Eduardo dos Santos e sua quadrilha com um laranja João Lourenço tentando-se fazer valer numa politica despótica, tendo milhares de outros laranjas que lhe tapam as crostas da maldade.
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Sempre haverá figuras metralha de justificar as maiores barbaridades tais como um tal de Bento Cangamba de Angola e, ou Manuel Vicente, gente nascida para enricar de qualquer jeito manobrando a justiça, países inteiros, governos da treta a fingir que são honestos, só para parecer ser. E dói, sentir nas sociedades ditas modernas ser-se segregado, dividido socialmente, não somente pela cor da pele ou forma de vestir mas, pelas nossas posições no tempo, atribuindo cotas para se estudar ou trabalhar. Isto não deveria existir. É uma agressiva aberração!
Eles fazem comícios entorpecendo os centros urbanos, queimam pneus em plena via pública, estimulam assalto à mão armada, incentivam a morte ao fazendeiro branco, deterioram géneros e cérebros para adulterarem a verdade – é um mundo cão! Uma gota de água lançada por uma garça para apagar um incêndio não é nada mas tal como a garça faço a minha parte.
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Dizia nesse então recente que por mais que tente compreender esta transitoriedade de África, fico apreensivo por ver as ondas de detestabilidade governamental agravando os empresários maioritariamente brancos; Parecem seguir as pisadas de Robert Mugab, aquela figura que se empolgava no incitamento rácico, coisa fácil de torpedear o cérebro de quem não tem o alcance de discernir; também, gente que nada tem a perder porque nada construíram, nada fizeram…
Numa ânsia negra e doentia de obter as mordomias dos brancos, tal e qual como sucedeu em Angola entre outros territórios, ex-colónias portuguesas mas, e não só, também belgas e francesas ou mesmo espanholas! Diga-se que e, em abono da verdade as colónias portuguesas foram dadas a custo zero originando um dos maiores erros recentes no trato sócio – económico e originando daí o assalto aos governos por bandos armados, autênticos ganguesteres…
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Mas, e agora, se os brancos saírem em massa da África do Sul, um reduto de prosperidade, como vai ficar o país? E, para onde irão se, reconhecidamente é aquele o seu quinhão de terra!? Correm o risco de seguirem as passadas erradas de Angola, Zimbabwé, Moçambique ou mesmo o Congo Zaire entre outros países africanos… Dá lástima sentir a hipocrisia que é escrita ou dita por gente que quer tirar dividendos fomentando a instabilidade. E, há gente que se entrega na purificação da alma esquecendo o quanto foram vilipendiados, roubados, menospesados...
Empolguei-me a falar de atrocidades e arbitrariedades deixando o belo jardim de Kirstenbosch para estas poucas linhas que faltam nesta crónica-mokanda. Eu e minha caravana familiar compondo quatro pessoas, apanhamos o autocarro vermelho do Cityrama na avenida M3 junto ao Cape Town High School bem no centro, lugar de Gardens. Começa assim nossa volta pelo itinerário da peninsular Gardens rut que nos levou directamente ao jardim Kirstenbosch.
Rodamos pela base norte da Table Moutain passando no Rhodes Memorial, Universidade e, vendo sempre na base da montanha do lado esquerdo a Newlands Forst; por fim apeamo-nos no bonito e organizado jardim. Soprados a vento frio podíamos daqui apreciar a majestosa Table Mountain no seu lado sul, sua pujante e vistosa mancha de verde floresta, empinada na encosta quase a pique até chegar ao platô; uma das maravilhas naturais do Cabo da África. Os portugueses na preocupação de chegar às especiarias da Índia, não se detiveram aqui mas, deste então entreposto, pode conhecer-se muita mestiçagem com nomes de Pereira, Silva e Macieira ou, até de Silveira…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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