Domingo, 13 de Outubro de 2024
BOOKTIQUE DO LIVRO . XLIII

A ORDEM MUNDIAL  X - Henry Kissinger *

FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS

- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3634 – 11.10.2024

Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

booktique26.jpgÍndia - Nação emergente formatada em um não alinhamento, livre de muitas pressões antagónicas que com o fim da Guerra Fria, se superou criando empresas de vanguarda mundial em variados sectores industriais, aumentando também o seu poderio militar, nomeadamente da sua marinha e do seu arsenal nuclear.

No tocante à China, é governada na actualidade pela quinta geração de lideres pós-revolucionários. Foi Deng Xiaoping que compreendeu que a China não conseguiria preservar o seu papel histórico se não estabelecesse vínculos internacionais – não reivindicar lideranças, mas alargar a influência chinesa mediante a modernização da sociedade e da economia.

booktique37.jpg Em 1982, nem um único membro do Politburo possuía uma licenciatura universitária. Hoje, quase todos são licenciados com um número significativo de mestrados; no entanto a promoção dos direitos humanos é vista como um projecto para minar a estortura politica interna da China.

A  China não dispõe de qualquer capacidade militar que lhe permita declarar guerra aos Estados Unidos. Teve no entanto o grande feito de construir uns quantos engenhos nucleares; isto permitiu-lhe ter uma posição dissuasora  na Península da Coreia – com seus vizinhos, Japão e Coreia do Sul.

Nos Estados Unidos da América, recorde- se que a Louisiana com 2.150.000 Km², foi comprada à França por quinze milhões de dólares no ano de 1803. Por uma bagatela de 7,2 milhões pagos pelos EUA em 1867 ao Czar russo Alexandre, adquiriram o Alasca.

booktique36.jpg O Texas, o Novo México e a Califórnia foram tomados pelos Estados Unidos ao México que perdeu 40% do seu território para este passando a ter ligação entre o Oceano Atlântico e o Pacífico. Por um pretexto bobo, tomaram Cuba a Espanha  consolidando a União num perverso desvio do caminho do bom senso passando dos treze estados originais para os cinquenta estados actuais

Na Cuba espanhola, em 1808, o velho navio de guerra USS Maine explode no porto de Havana em circunstâncias inexplicáveis; sabe-se que suas caldeiras explodiram  e, isso foi um falso pretexto para uma intervenção militar , declarando guerra a Espanha.

Ao fim de apenas três meses os Estados Unidos, já haviam expulsado o Império espanhol caribenho da América,, ocupando a ilha de Cuba e anexando Porto Rico, Havai, Guan e as Filipinas: Sempre reivindicando actuar “em nome da humanidade”. Em todas as acções sempre se sobrepuseram os interesses americanos 

cuba libre3.jpeg Theodoro Roosevelt  que sucedeu a Mekinley, desempenhou  para os USA um papel de relevância quanto a potência mundial, preservando o equilíbrio de forças em todas as outras regiões estratégicas  elevando-se a um poder de policiamento internacional seguindo a política de Monroe e  um guarda-chuva de segurança para o hemisfério ocidental…

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Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger, consulta em Wikipédia e ligeirezas do Soba …   

(Continua, com intercaladas Viagens …)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:43
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Segunda-feira, 12 de Agosto de 2024
VIAGENS .197

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3612 – 12.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

luua33.jpg Foram longas as discussões no seio da direcção militar e política sobre a decisão. Por um lado, elas não pretendiam ir contra a opinião de José Eduardo dos Santos e Fidel Castro, mas, por outro, tinham de dar ouvidos às considerações dos generais soviéticos ligados à guerra em Angola. Moscovo acaba por decidir enviar uma delegação militar, chefiada pelo general Varennikov, para estudar a situação no local. Após numerosos contactos com dirigentes angolanos e o comando cubano, bem como de uma inspecção da frente de contacto,

cuba15.jpg Varennikov apresentou o seu plano de defesa aos cubanos, mas vale a pena citar a forma como ele o fez para «não ir contra» a proposta de Fidel Castro. Na última reunião com o comando cubano a fim de se tomar a decisão final, Varennikov usou da palavra: «Após ter estudado multilateralmente a situação criada no sul do país e tendo em conta os possíveis ataques posteriores dos militaristas da África do Sul, bem como as possibilidades e capacidades das Forças Armadas de Angola, chegámos à conclusão de que o dirigente da República de Cuba, …

… Camarada Fidel Castro, previu profundamente os posteriores acontecimentos e agiu sabiamente quando recomendou à direcção de Angola fazer recuar as tropas para a linha do Caminho de Ferro de Benguela. Nós não só devemos apoiar essa proposta, mas também, nos prazos mais curtos possíveis, realizá-la.

Eu fiz uma pausa e olhei para as caras das pessoas que estavam sentadas na sala. Uns olhavam para mim como um homem mortalmente enfermo. Outros agitavam-se com os olhos abertos de espanto e trocavam olhares interrogativos com os vizinhos, olhando para trás.

CUBA14.jpg Compreendi que o objectivo tinha sido atingido: depois de alta tensão, nós apoiámos o nosso amigo e camarada Fidel Castro, que, na etapa actual, é o símbolo da luta pela independência nacional. Apoiámos precisamente por isso, e não porque lhe aconselharam os seus representantes em Angola, sem acordar isso com o conselheiro militar soviético.

Claro que nós, nos nossos actos, devíamos fazer tudo para conservar o rosto político-militar de Fidel Castro, não pôr sob qualquer risco o sul de Angola e, ao mesmo tempo, não colocar à prova o destino da república e o prestígio da União Soviética.»

Recorde-se algo já dito a montante:  «O adversário realizou movimentações de tropas de grande envergadura (tratou-se de uma imitação, era preciso aumentar o medo), o que provocou o aumento da tensão nos quartéis regulares e, nos pontos de comando das tropas governamentais de Angola, bem como nas guarnições das tropas cubanas.

kuito7.jpg É possível que a difusão de boatos (muxoxos), tenha sido obra do inimigo que certamente tinha adeptos seus na mais alta esfera do poder de Angola... ou a complexa situação no sul do país que aterrorizou realmente todos» - recorda Valentin Varennikov.

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

 (Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:12
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Sábado, 10 de Agosto de 2024
VIAGENS .196

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3611 – 10.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

luua51.jpg Nesta situação, José Eduardo dos Santos pede ajuda aos comandantes das tropas cubanas em Angola (general Polo e Risquete, secretário do CC do Partido Comunista Cubano), mas estes, depois de avaliarem a situação, consideraram indesejável a participação dos militares cubanos nos combates.

Propuseram, então, que as tropas cubanas reforçassem posições na linha onde estavam instalados (ou seja, na linha do Caminho de Ferro de Benguela) e que as tropas governamentais, a fim de conservarem as suas forças, recuassem até essa linha e não deixassem o adversário atravessá-la. Este plano foi enviado a Fidel Castro, que o apoiou.

Valentin Varennikov revela a carta que Fidel Castro enviou a José Eduardo dos Santos a este propósito: «Caro irmão! São necessárias Forças Armadas para conservar a jovem república. Se perecerem as Forças Armadas, perecerá também a república.

luua52.jpg Por isso, por muito doloroso que seja, nós, na situação actual, só temos uma saída: retirar as tuas tropas para a linha do Caminho de Ferro de Benguela e, nessa posição, juntamente com os nossos combatentes, realizar o grande combate com o adversário.

Estou convencido de que ele será derrotado e as tropas de Angola, depois, poderão expulsar os sul-africanos do seu país. Só o recuo das tropas para a linha citada pode salvá-las da derrota e, desse modo, salvar a república.» O Presidente angolano enviou imediatamente essa carta para Moscovo, pedindo conselho, mas apoiando as recomendações de Fidel Castro.

luua50.jpg Isso levou a uma convocação urgente de uma reunião do Bureau Político do Comité Central do PCUS, onde Boris Ponomariov, secretário do CC, interveio para apoiar a posição de Fidel Castro. lúri Andropov, Secretário-Geral do PCUS, declarou: «damos o nosso acordo prévio, mas os militares precisam de ponderar tudo mais uma vez e informar-nos.»

Valentin Varennikov afirma ter discordado da decisão de Fidel Castro e apresenta os seus argumentos: «Primeiro, as tropas de Angola estavam prontas e em condições de defender o seu Estado; segundo, o recuo dessas tropas provocaria um prejuízo moral irreparável entre os soldados e os oficiais considerariam isso uma traição;

luua9.jpgBiker ...  Terceiro, sentindo o sangue, depois do recuo das tropas governamentais, os lobos sul-africanos continuariam a avançar, até Luanda inclusive; quarto, recuar até à linha das guarnições significaria um recuo de 300 a 500 quilómetros. Por outras palavras, era preciso entregar sem combate ao adversário um terço do país...»

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

 (Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:34
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Terça-feira, 6 de Agosto de 2024
VIAGENS .195

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3609 – 06.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

iguana4.jpgAs divergências entre cubanos e soviéticos agudizaram-se quando, em 1984, as tropas sul-africanas lançaram fortes ataques contra a SWAPO não só na Namíbia, mas também no Sul de Angola… «O adversário realizou movimentações de tropas de grande envergadura (como mais tarde se veio a saber, tratou-se de uma irritação, era preciso aumentar o medo).

Esta situação provocou o aumento da tensão nos quartéis e nos pontos de comando das tropas governamentais de Angola, bem como nas guarnições das tropas cubanas. É possível que a difusão de boatos tenha sido obra do inimigo que certamente tinha adeptos seus na mais alta esfera do poder de Angola... ou a complexa situação no sul do país aterrorizou realmente todos» - recorda Valentin Varennikov.

iko6.jpg Chegados aqui, convém recordar quem era Iko Carreira: Henrique Alberto Quádrios Teles Carreira, que  era mais conhecido pela alcunha Iko Carreira. Foi um militar, político, diplomata, escritor e ideólogo anticolonial. Desertou das tropas portuguesas na "Fuga dos 100", em 1961, juntamente com Pedro Pires (posteriormente Presidente de Cabo Verde) e Joaquim Chissano (posteriormente Presidente de Moçambique).

Era considerado o terceiro em comando no partido e no Estado angolano durante a década de 1970, atrás somente de Agostinho Neto e Lúcio Lara. Na chefia do ministério liderou o processo de formação da Polícia Nacional e de outros órgãos militares. A partir de 1974 foi um dos responsáveis por reorganizar as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA). Em 1974 e 1975, foi designado a participar das negociações que culminaram nos Acordos de Alvor.

Após a declaração da independência angolana, assumiu o cargo de Ministro da Defesa da República Popular de Angola a 12 de Novembro de 1975. Actuou em estreita cooperação com a Força Expedicionária Cubana e, assessores militares soviéticos. Em 27 de maio de 1977 ocorreu o golpe de Estado falhado nitista em Luanda. O Ministro Carreira, passou a ser identificado como o principal representante da "elite branco-mulata"(***), despertando um ódio particular nos líderes da rebelião, que se posicionaram como "porta-vozes dos interesses dos negros pobres".

iko5.jpg Como Ministro da Defesa desempenhou um papel importante na repressão ao movimento do Fraccionismo. Liderou o tribunal militar que sentenciou à morte os participantes da rebelião. Foi um dos principais organizadores das repressões em massa de 1977 a 1979. Em 1980, foi afastado do cargo de Ministro da Defesa alegadamente para receber treino militar para graduar-se, uma vez que era somente coronel.

Foi enviado para a União Soviética, onde estudou na Academia Militar K. e. Voroshilov do Estado Maior das Forças Armadas Soviéticas, tornando-se, em 1982, o primeiro oficial militar africano a receber um diploma de formação como general. Em 1983 foi nomeado comandante da Força Aérea Popular de Angola, cargo em  que permaneceu até 1986.

lua55.jpg Nos últimos 13 anos de sua vida ele viveu com o lado esquerdo paralisado. Foi tratado em França e nos Estados Unidos; depois, mudou-se para Espanha. O governo angolano nomeou-o adido militar em Espanha. Escreveu dois romances com um dedo, em um computador especial, além de memórias políticas e de outras obras: "O Pensamento Estratégico de Agostinho Neto", Publicações Dom Quixote e. "Memorias", publicadas em Angola por N´zila.

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

Nota 3: ***Pode daqui deduzir-se, de novo. quanto tinham de racistas os efectivos do MPLA. Retirar o branco de toda ou qualquer gestão militar ou civil, foi-o mais que evidente e, tudo sordidamente silenciado pelos mídias mundiais e, por Portugal, fruto de uma descolonização enviesadamente esquerdoida…  

(Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:03
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Domingo, 4 de Agosto de 2024
VIAGENS .194

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3608 – 04.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

luua25.jpg Entre os seus subordinados próximos o general Iko Carreira revelava "indiferença" para com os documentos (ordens, directivas, telegramas, etc.) assinados por Pedale, considerava-os estúpidos, desnecessários, que podiam não ser executados... Claro que a situação com o chefe do Estado-Maior da Força Aérea preocupava todos. Entre a direcção do aparelho de conselheiros corria a ideia de "promover" Iko Carreira para qualquer outro cargo.

O motivo, era afastá-lo do posto de chefe do Estado-Maior da Força Aérea. Conhecendo o seu carácter, podia-se esperar tudo dele, principalmente tendo em conta o agravamento da situação político-militar no país». Valentin Varennikov descreve: «O nosso grupo (incluindo a mim) tinha essa opinião - continua Varennikov. - Porém, não era simples fazer essa mudança.

iko1.jpg Por um lado, ele gozava de grande prestígio entre o povo e, entre os políticos de todo o tipo era considerado uma figura de peso, era bem conhecido e influente entre a direcção de Portugal, o que era um importante factor para Angola, que continuava a manter as mais estreitas relações com todas as estruturas portuguesas.

O Ocidente olhava para Iko Carreira de forma leal, talvez por ele ser mulato, exteriormente mais parecido a um europeu do que a um africano»***. Segundo Valentin Varennikov, «no interior de Angola, o chefe do Estado-Maior era uma dor de cabeça para todos. Preocupava-o facto de ele, tendo nas mãos uma força tal, poder constituir um grande perigo se, num dos momentos tensos da agudização das relações com a posição, começasse a vacilar...

A fim de tomar medidas atempadamente para impedir ataques antigovernamentais e antipopulares da parte de Carreira, decidiram rodeá-lo dos oficiais mais fiéis ao presidente e ao ministro da Defesa e, depois, reforçar esse cerco».  Existiam também sérias divergências entre o comando das tropas cubanas em Angola e os conselheiros soviéticos.

iko2.jpg O general Varennikov recorda um episódio: «Quando da análise da situação do país, surgiram discussões, nomeadamente sobre questões de princípio. Por exemplo, eu não estava de acordo com o facto de as tropas cubanas não deverem, em circunstância alguma, participar em combates, salvo nos casos de ataques directos contra os cubanos.

Eles justificavam-se com ordens da sua direcção política. Como mais tarde me explicou o general Kurotchkin, os cubanos reagiam muito dolorosamente à morte dos seus concidadãos (como, a propósito, os americanos), por isso tinham instruções para não participar nos combates... Evidente que era necessário alterar o estatuto das tropas cubanas.

Tanto mais que os nossos conselheiros militares, que agiam a todos os níveis, desde o Ministério da Defesa e o Estado-Maior Geral até às brigadas, inclusive, eram obrigados a combater juntamente com os seus subordinados». «Tínhamos perguntas também a fazer quanto ao fornecimento de armamentos e tecnologia ao exército angolano e ao destacamento cubano de tropas em Angola: aqui, os comandantes cubanos, sem o conhecimento da sua direcção política, estabeleciam o que ficava para Angola e o que ficava para eles daquilo que era enviado da União Soviética»…

guerri6.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

(Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:19
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Sexta-feira, 2 de Agosto de 2024
VIAGENS .193

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3607 – 02.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

cuito2.jpg O general Varennikov escreve: «A principal tarefa consistia em estudar o estado das coisas no local e elaborar, juntamente com os representantes cubanos e a direcção militar angolana, medidas para o posterior reforço da capacidade de combate das Forças Armadas da República Popular de Angola, para o aumento da eficácia das acções militares com vista à derrota das formações do grupelho contra-revolucionário da UNITA e rechaçar a agressão da República da África do Sul no sul do país

É importante assinalar os retratos que o general soviético faz dos dirigentes angolanos com quem contactou. O primeiro encontro realizou-se com o ministro da Defesa de Angola. «A meu ver, o encontro com o ministro da Defesa, general Pedale, foi demasiadamente oficial.

As minhas tentativas de tirar alguma afectação, frases gerais não receberam o apoio devido e a posição de Pedale provocou no general Kurotchkin (comandante da missão militar soviética entre 1982 e 1985) uma perplexidade legítima. Mas, depois, compreendemos que Pedale queria fazer figura de pessoa importante, por isso pavoneava-se um pouco. Tinha quarenta anos, era baixo e gordo.»

van05.png Valentin Varennikov encontrou-se também com o novo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos: «Já antes sabia muito sobre dos Santos. Quando jovem estudante destacava-se por capacidades invulgares, tinha um intelecto tenaz, vivo. Era bem desenvolvido fisicamente: jogou na equipa de futebol da primeira liga "Neftchi" (Azerbaijão).

Isto porque estudava na URSS. No nosso país ele casou com uma russa, que lhe deu uma filha (Isabel dos santos), e eles os três foram viver para Angola. As tempestades políticas levaram-no à liderança do MPLA - Partido do Trabalho e, ao mesmo tempo, Presidente.

Claro que ele não podia pertencer a si próprio. Ele tornou-se um dirigente popular.» - «Mas a sua vida pessoal - continua o general russo - desenvolveu-se de forma bastante dramática. Sob pressão das tradições nacionais, teve de deixar a esposa branca e a filha e formar uma nova família: a esposa do Presidente deveria ser negra***.

iko1.jpg Dos Santos sujeitou-se aos costumes do seu povo, mas comportou-se de forma bastante nobre em relação à sua família anterior: deu-lhe uma vila, concedeu à antiga esposa uma pensão e um subsídio à filha. A filha foi autorizada a ir ter com o pai à residência em qualquer tempo livre.»

Não escaparam à atenção do general soviético as divergências existentes na direcção do Governo angolano, nomeadamente a questão da «despromoção» do general Iko Carreira de ministro da Defesa para chefe do Estado-Maior da Força Aérea de Angola: «Sendo um homem orgulhoso e extremamente ambicioso, claro que Iko Carreira ficou ofendido. Ele não expressava isso externamente, mas mantinha-se afastado e independente, como se a Força Aérea não fizesse parte das Forças Armadas de Angola.

iko3.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

Nota 3: ***Pode daqui deduzir-se o quanto tinham de racistas os governantes de então, com efectivos do MPLA. Retirar o branco de toda ou qualquer gestão militar ou civil, era mais que evidente – tudo escandalosamente silenciado pelos mídias mundiais – fruto de uma descolonização enviesadamente esquerdoida…  

(Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:00
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Terça-feira, 30 de Julho de 2024
VIAGENS .192

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3605 – 30.07.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)**– O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

CUBA13.jpg O alferes Nikolai Pestretsov, o ex-prisioneiro, continua sua descrição:«- Mas davam a entender que se eu fizesse as declarações necessárias, não sofreria nenhuma pena.» Mais tarde veio a revelar-se que as tropas sul-africanas estavam bem informadas sobre as tropas que defendiam Ondeia e sobre os militares soviéticos que aí se encontravam.

Assim era porque o comandante angolano de uma das brigadas desertara na véspera e, transmitira todas as informações ao adversário. A detenção do alferes Pestretsov provocou tão grande incómodo na direcção soviética que foram dadas ordens .para o libertar a qualquer custo: «A Embaixada em Luanda empreendeu os passos mais decididos para libertar Pestretsov e resgatar os corpos dos cidadãos soviéticos.»

Por exemplo, Vadim Loguinov, antigo Embaixador da URSS em Angola, membro da União dos Veteranos de Angola, contou-nos que, logo após ter sido recebida a notícia de que Pestretsov foi feito prisioneiro, «pedi pessoalmente, várias vezes e de forma insistente, ao dirigente da SWAPO, Sam Nujoma, para realizar uma operação e aprisionar na Namíbia um qualquer oficial sul-africano importante, para, depois, o trocar pelo alferes soviético.

luua01.jpg Os nossos conselheiros soviéticos que trabalham em Angola para a Direcção de Reconhecimento Central (GRU, espionagem militar) e o KGB testemunham que semelhantes operações foram planeadas e realizadas pelo comando da SWAPO com a participação activa deles. Porém, não conseguiram fazer prisioneiro nenhuma figura digna para a troca.»

O alferes e os cadáveres dos militares soviéticos mortos foram trocados por dois pilotos americanos e os cadáveres de soldados sul-africanos em 20 de Novembro de 1982. Entretanto, a situação militar em Angola continuava a deteriorar-se, nomeadamente porque as autoridades militares angolanas não conseguiam organizar forças armadas regulares.

roxo10.jpgVassili Lavreniuk, capitão soviético que prestou assistência militar em Angola entre 1983 e 1986, descreveu assim o estado das FAPLA: «O exército de Angola apresentava um quadro bastante triste. Na sua esmagadora maioria, os soldados eram analfabetos, prestavam serviço para receber um salário e a ração alimentar. As companhias e os batalhões só podiam contar com todos os soldados quando pagavam os salários ou distribuíam produtos.»

E, continua sua narrativa: -«A propósito, pode parecer uma anedota o caso em que, no dia seguinte à distribuição das rações alimentares nas tropas governamentais, era impossível encontrar os soldados e comandantes. Quando se perguntava para onde tinham ido, recebia-se a resposta: "Hoje Savimbi paga salários e dá produtos alimentares".» O capitão Lavreniuk chama também a atenção para o facto de os especialistas soviéticos não estarem preparados para a guerra em Angola.»

Com enfase diz: -«O que mais espantava era que os nossos homens não estavam prontos para aquela guerra, conheciam mal a situação nesse país africano. Mas seria possível outra coisa se na cúpula, em Moscovo, não compreendiam o que se passava em Angola? Nós tínhamos de enfrentar um forte adversário. Basta apenas dizer que o número de soldados da UNITA era superior a 55 mil. Eles tinham à disposição 155 tanques, lança-granadas, artilharia, mísseis "Stinger".» A situação militar agravava-se rapidamente e a direcção soviética decidiu enviar uma importante delegação militar a esse país, dirigida por Valentin Varennikov.

zem4.jpgNota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

(Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:28
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Segunda-feira, 29 de Julho de 2024
VIAGENS .191

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3604 – 29.07.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

CUBA14.jpg Valentin Varennikov recorda como ambas as partes utilizavam os dados de espionagem recolhidos pelos pigmeus: «Os nossos agentes, além das observações pessoais, utilizavam também os serviços pagos dos pigmeus. Eles vivem principalmente nas florestas do Congo, Zaire, Zâmbia, Rodésia, Namíbia, situadas em redor de Angola. Eu vi-os em África apenas uma vez, mas ouvi dizer muita coisa sobre as suas capacidades.

O principal é que os pigmeus têm, tal como algumas espécies de animais selvagens, um faro, audição e visão raros. Algumas horas antes de uma catástrofe natural (inundações, tempestades, sismo, etc.), o seu organismo já "sabe" da aproximação da desgraça. Por isso, os pigmeus tomam medidas e ocupam os seus refúgios protegidos.»

No início dos anos 80 do séc. XX, Luanda perdeu o controlo de amplos territórios do sul e do este do país, onde a UNITA, com o apoio das tropas da República da África do Sul, dera início a mais uma forte ofensiva militar. A 27 de Agosto de 1981, as tropas sul-africanas iniciaram a operação «Protea» na região da cidade de Ondjiva, onde se encontravam 14 soviéticos: «nove militares e... cinco mulheres, esposas dos especialistas, que eles tinham chamado da URSS…

cuba15.jpg Esses especialistas, não esperavam que a província angolana de Cunene se transformasse tão depressa num verdadeiro inferno devido aos ataques dos sul-africanos.» Dos catorze soviéticos, nove conseguiram sair do cerco vivos, dois oficiais conselheiros e duas mulheres foram mortos nos combates e o alferes Nikolai Pestretsov foi feito prisioneiro por soldados do 32° batalhão especial «Buffalo» das tropas sul-africanas.

O tenente Leonid Krasnov, tradutor militar da 11ª brigada de infantaria das FAPLA, um dos que conseguiram escapar ao cerco, recordou: «No dia 25 de Agosto fomos cercados pelos sul-africanos. Ondjiva foi atacada por via aérea e panfletos foram lançados, cujo texto dizia que quem apresentasse o panfleto juntamente com prisioneiros ou oficiais das FAPLA, comunistas e soviéticos assassinados por ele, teria o direito de sair do cerco.

Um cenário quase ideal para Hollywood! E apenas um dia para pensar! O dia 26 de Agosto foi incrivelmente calmo. Até os animais se acalmaram. Na véspera, os serviços de comunicação da 11ª brigada receberam um texto cifrado do conselheiro do comandante da 5ª região militar com o seguinte conteúdo: "Aguentar até ao fim. Não se entreguem vivos..."»

valentina3.jpg Isto era feito para que nem a UNITA, nem a África do Sul provassem à comunidade internacional que os conselheiros e especialistas militares soviéticos combatiam do lado dos cubanos e das FAPLA. «A guerra aumentava gradualmente em Angola, ao país chegavam já não dezenas, mas centenas e milhares de conselheiros soviéticos.

Oficialmente, considerava-se que eles não participavam nas acções militares. Por isso, os feridos e mortos, normalmente, eram considerados como 'Vítimas da malária, desinteria, picadelas da mosca tsé-tsé"» - escreve Serguei Kolomnin. Porém, desta vez, as tropas especiais sul-africanas conseguiram aprisionar o alferes Nikolai Pestretsov, que passou mais de um ano em várias prisões da África do Sul. «Fiquei espantado por eles saberem praticamente tudo sobre mim (patente, cargo, etc.). Assustavam-me com a possibilidade de apanhar 100 anos de prisão por ter assassinado um soldado sul-africano.

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

(Continua…)

O Soba T'Chingange



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Sábado, 27 de Julho de 2024
VIAGENS .190

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA DE ANGOLA

- Crónica 3603 – 27.07.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

cuito9.jpg Numa declaração oficial, os Estados Unidos revelam a presença de tropas cubanas em Angola desde 1975, com o envio inicial de cerca de 15 mil homens. Três meses depois, durante uma visita breve a Caracas, Henry Kissinger disse em particular ao presidente Carlos Andrés Pérez: “Parece que nossos serviços de informação estão muito deteriorados porque só soubemos que os cubanos iam para Angola quando já lá estavam”.

Contudo, nessa ocasião corrigiu que a cifra enviada por Cuba era de 12 mil homens. Naquele momento em Angola havia muitos soldados, especialistas militares e técnicos civis cubanos, muito mais do que Henry Kissinger supunha. O primeiro contingente era composto de 4.000 homens que aumentaram rápidamente para 18.000.

Em 1976 já eram 36.000 e em 1988 já totalizavam 55.000 quando da Batalha de Cuíto Cuanavale, o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988. O local da batalha foi na região do Cuíto Cuanavale, província de Cuando-Cubango, onde se confrontaram os exércitos de Angola (FAPLA) e Cuba (FAR) contra a UNITA e o exército sul-africano.

cuito7.jpg Os cubanos saíram em 1991, enquanto a Guerra Civil Angolana teve continuidade até o ano de 2002. As baixas cubanas em Angola totalizaram cerca de 10.000 mortos, feridos ou desaparecidos. Mas, vamos agora escalpelizar novas falas tendo José Milhazes como perito em assuntos de URSS que sobre a Batalha de Cuito-Cuanavale – o  «Estalinegrado angolano» adiantou: Àqueles que desejarem saber detalhadamente o que se passou na Batalha de Cuito-Cuanavale na versão da antiga URSS, sugere-se a leitura seguinte:

Sim! É de um livro, que  tendo copyright, que pelo seu conteúdo polémico para o MPLA certamente não poderá ser vendido em Angola e, por isso, solicitamos a benevolência do autor e da editora pela transcrição que faremos de partes do texto para dar assim, conhecimento aos angolanos e não só, da realidade desta batalha. Desde já os nossos agradecimentos! As partes do texto em "bold" são da nossa autoria para chamar a atenção das partes mais polémicas.

cubango4.jpg A substituição de Agostinho Neto por José Eduardo dos Santos à frente do MPLA e da República Popular de Angola foi recebida em Moscovo, mas a sucessão foi acompanhada por uma nova espiral de confrontos armados entre as FAPLA e a UNITA. O general soviético Valentin Varennikov liga esses dois factos: «Na realidade, o sinal para o reinicio das suas acções agressivas (EUA) foi a morte de Neto.

Considerava-se que a sua morte faria cair a bandeira do MPLA - Partido do Trabalho e que todos os que tinham lutado sob essa bandeira e os que o apoiavam poderiam alterar a sua política, bastando para tal apenas pressionar.» - «Porém - continua o general soviético -, os dirigentes do MPLA- Partido do Trabalho elegeram um companheiro de Neto da luta pela independência do país, Eduardo dos Santos (a propósito, ele terminou a universidade na URSS: frequentou o Instituto Estatal de Petróleo de Baku).

Ele tornou-se também presidente do país e comandante supremo. Isto acabou por fazer perder a paciência ao Ocidente. Além de provocações frequentes, organizadas pela UNITA, FNLA e África do Sul, começou a preparação de acções de grande envergadura, de que estávamos ao corrente "em primeira mão":": os nossos oficiais espiões, agindo nos destacamentos da SWAPO no território da Namíbia e no Sul de Angola, tinham contactos directos com os militares da UNITA (Savimbi) e adeptos da África do Sul contratados por pouco dinheiro, mas capazes (também por dinheiro) de fornecer dados exclusivamente precisos sobre as tropas da África do Sul.»

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Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto, RTP-Notícias e Wikipédia…

(Continua…)

O Soba T'Chingange



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Terça-feira, 7 de Maio de 2024
VIAGENS . 164

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA*“ - Crónica 3575 – 07.05.2024

 “FRACCIONISTAS DO MPLA DA LUUA – O 27 DE MAIO DE 1977” - Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

nito1.jpg Nito Alves  foi ministro do Interior de Angola desde a independência em 11 de Novembro de 1975, até à data em que o presidente Agostinho Neto aboliu o cargo em Outubro de 1976. Fazia parte da linha dura do Movimento Popular de Libertação de Angola e tornou-se conhecido internacionalmente devido ao golpe de estado falhado, conhecido por Fraccionismo, de que foi mentor em 1977 .

Nito Alves opunha-se a Agostinho Neto nos temas da política externa de não-alinhamento, socialismo evolutivo e multirracialismo. O que mais parece chocar na repressão que se seguiu à alegada tentativa de golpe de Estado contra o primeiro presidente angolano após a independência, Agostinho Neto . é que as vítimas não foram inimigos do governo – mas sim membros do MPLA.

maio002.jpg MPLA, partido no poder e, assim, sendo da própria família política e da direcção do país. O desconhecimento sobre o que aconteceu às vítimas da repressão do regime do Presidente Agostinho Neto, nos dias que se seguiram ao que terá sido uma tentativa de golpe, corrói. O cálculo dos mortos varia. A Amnistia Internacional fala em 40 mil, o jornal angolano Folha 8, em 60 mil…

A chamada Fundação 27 de Maio calcula em 80 mil. Fontes da DISA (Direcção de Informação e Segurança de Angola) referem-se a 15 mil mortos. Se nos ficarmos pela média, pelos 30 mil, são dez vezes o número de mortos do Chile dos anos 1970 de Augusto Pinochet, na própria família política o MPLA. Sem julgamento.

maio05.jpg Saidy Mingas, fiel a Agostinho Neto, na madrugada de 27 de Maio de 1977 (sexta-feira), entra no quartel da Nona Brigada para tentar controlar as tropas de Nito Alves;  Foi a sua última missão. O então Ministro da Administração Interna sob a presidência de Agostinho Neto é preso pelos soldados fraccionistas e levado com Eugénio Costa e outros militares contrários à revolta para o musseque Sambizanga, onde são posteriormente queimados vivos.

Sita Valles é talvez a mais conhecida das vítimas da purga do MPLA – ela, o marido José Van Dunem, comissário político do Estado-maior e Nito Alves, ex-ministro do Interior. Mas, de uma forma ou de outra, a repressão que se seguiu ao 27 de Maio de 1977 deixou marcas na vida de grande parte dos angolanos, relata o jornalista independente William Tonet. “Directa ou indirectamente, a maior parte dos angolanos daquele tempo está envolvida no 27 de Maio.

maio9.jpg Ela, Zita Valles, deu ao horror seu rosto. Sita Vales foi fuzilada às 5 da manhã de 1 de Agosto de 1977. Um tiro em cada perna, um tiro em cada braço, o corpo caiu na vala previamente aberta antes de ser dado o tiro de misericórdia. O corpo, ou o que dele restava: Sita Valles havia sido torturada e violada múltiplas vezes pelos homens da DISA.

Rebelde até ao último minuto, recusou a venda e obrigou os homens do pelotão de fuzilamento a enfrentarem o seu olhar. A portuguesa, nascida em Cabinda, tinha então 26 anos e trocara uma vida confortável em Portugal e um curso de medicina para regressar a Angola, país que considerava ser o seu e para defender a ortodoxia soviética em supostos tempos de democracia.

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Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto…

(Continua…)

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:02
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Sábado, 4 de Maio de 2024
VIAGENS . 163

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA*“ - Crónica 3574 – 04.05.2024

 “FRACCIONISTAS DO MPLA DA LUUA O 27 DE MAIO DE 1977” - Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

maio002.jpg Hermínio Escórcio, chefe do protocolo da presidência, descreve mais tarde como sucederam as manobras dessa revolução: “ Na manhã do dia 27 estava em casa quando me apercebi que a Rádio Nacional de Angola - RNA, havia sido tomada. Fui para o meu gabinete no Palácio e de lá telefonei para o Futungo de Belas (Presidência da República).

De caminho pude avistar o Onambwé e o Delfim de Castro que, dentro de um tanque, se dirigiam para as instalações da RNA, onde já estava no ar o programa radiofónico “kudibanguela”. Depois da retomada da RNA fui o primeiro dirigente a lá entrar”.  Continuando: “saí da rádio e fui até à Avenida Lisboa para ver se havia rastos de sublevação. Liguei a Neto, disse-lhe que estava tudo calmo e, ele prontamente afirmou: “Então posso ir até aí!”

maio6.jpg Disse-lhe que por uma questão de segurança, talvez fosse melhor ficar pelo Futungo. Dito isto, acrescentou que ia chamar a imprensa para fazer o ponto da situação.  Mal sabia ele que o Saidy Mingas, o Eurico e o Garcia Neto já tinham sido mortos. Também desconhecia que alguns comandantes haviam caído em emboscadas montadas pelos Fraccionistas à 9ª brigada.

Neto, quando soube de tudo isto, ficou completamente transtornado”. Neto vai à televisão e proclama o salvo-conduto para o banho de sangue: “Não haverá contemplações… Certamente não vamos perder tempo com julgamentos”. Os fuzilamentos sumários passaram logo a ser norma. Convêm dizer aqui que os cubanos após retomarem a Rádio Nacional, abrem fogo sobre todos os amontoados de população que eventualmente estavam ao lado dos revoltosos e, acto contínuo retomam o controlo das cadeias.

maio7.jpg Mila Coelho, mulher de Rui Coelho fuzilado a 2 de Junho de 77 e, que na altura era chefe do gabinete do Primeiro-Ministro Lopo do Nascimento, conta assim: “Esperava Rui, vindo de Argélia e a 1 de Junho com a tragédia do 27 a decorrer, notei nele muita intranquilidade. No dia seguinte, dois de Junho, vieram buscar-nos a casa”.

“Dois soldados armados de metralhadora, exigiram que fôssemos com eles. Levaram-nos para o Ministério da Administração Interna aonde permanecemos toda a tarde, sentados em um banco corrido. Nessas horas falamos pouco; estávamos horrivelmente destroçados.

maio8.jpg Era já noite quando nos foram buscar; meteram-nos num cubículo escuro. Pela madrugada levaram-nos para a Cadeia de S. PauloA separação de homens para um lado, mulheres para o outro afastou-nos definitivamente um do outro para nunca mais nos virmos”…

Em causa estavam no fundo divergências ideológicas entre Agostinho Neto, adepto de uma via “terceiro mundista” para Angola, com características semelhantes à argelina, e Nito Alves, advogado da ortodoxia soviética. Em Angola não podia haver contra revolução popular e, por isso, Neto, o presidente poeta, foi irredutível: “Não haverá perdão para quem penssasse de forma diferente da linha oficial do MPLA”.

maio9.jpg Apesar da dimensão do massacre, o tema é tabu, explica José Milhazes: “É que alguns dos intervenientes ainda estão no poder. Quero recordar que o presidente José Eduardo dos Santos, naquela altura, era já um membro da direcção do MPLA e que participou directamente no conflito”, lembra o comentador e historiador português.

tukya13.jpg Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo

                            Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto…

(Continua…)

O Soba T´Chingange 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:54
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Quinta-feira, 18 de Abril de 2024
VIAGENS . 158

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA*“ - Crónica 3569 – 18.04.2024

 “A 2ª MARCHA – DO  CUELEI ATÉ KAPRIVI”Na Faixa de Kaprivi, com Savimbi…

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

cuelei6.jpg Não sei precisar o dia do ano de 1997 em que me encontrei de forma esporádica com Pedro Rosa Mendes, creio que isto aconteceu no mês de Agosto mas, foi útil ter uma visão diferente do que se estava a passar no terreno; no entanto pareceu-me tendencioso demais em seu livro “Baia dos Tigres” no julgamento de Miranda o militar ex-búfalo e, agora  comerciante do Okavango, de quem me tornei amigo.

Rosa Mendes, retractou Miranda como um brutamontes, um mercenário por ter pertencido à companhia militar Sul-Africana “Os Búfalos”. João Miranda do Mukwé - o mesmo que invadiu Angola no ano de 1975. Eu, seguiria para Vitória Falls no Zimbabwe, retrocederia mais tarde até Divundo e seguiria o rumo de Joanesburgo passando pelo Delta do Okavango

guerra18.jpgAssim foi com uma paragem de dois dias em Maun. Enquanto Rosa andou 10.000 km, eu percorri 13.000. Quanto a Rosa, vi-o como um verdadeiro repórter comunista do M´Puto pago por encomenda. Posto isto entro de novo na recordação da descrição da 2ª Marcha de Savimbi entre Cuelei e a Faixa de Kaprivi  no lugar de Divundu…

Nos dias que se seguiram após aquela fome junto à grande tenda mandada montar por Philip du Preez num lugar  bem próximo de MahangoBase Ómega 3, de instrutores Sul Africanos e recrutas de especialidades várias da UNITA, aquela delegação de guerrilheiros, nos dias que se seguiram, receberam centenas de quilos em armas…

guerra17.jpg Receberam munições, fardamento e mantimentos segundo o descrito nas memórias de Chivukuvuku no livro de José Agualusa** - Uma biografia para Angola… Para mim e, nestas andanças de “Xirikwata” em determinadas alturas, tal como Rosa Mendes, também o foram «Viagens sem bilhete, sem horário, sem transporte público, sem "vouchers" com pequeno almoço incluído», comento pão duro rusks e bolachas com marula por conta própria. No Divundu e Mukwé tive a protecção total de Miranda e D. Elisabete sem dispender um tostão que fosse, pelo que, sempre estarei grato a tanta hospitalidade - e, aconteceu por quatro vezes em anos distintos…

No Mahango da faixa de Kaprivi, os guerrilheiros da UNITA, para além de muitas e variadas armas de tiro tenso e curvo com munições, receberam fardamentos, mantimentos e variados medicamentos de primária necessidade. A questão seguinte que se punha naquele agora, era a de carregar todo aquele material para as bases da UNITA nas áreas do  Cuelei e Jamba. Havendo ali várias gerações de pastores nómadas Cuvales, Himbas e Koisans, os primeiros entre os demais, foi sugestão unanime, utilizarem burros para levarem todo aquele material bélico e demais caixas, caixinhas e caixotes de géneros diversificados e material sanitário.

ROXO195.jpg Cada burro poderia carregar entre trinta a cinquenta quilos, resistindo bem ao calor e à sede. Foi necessário arranjar redes, cordas, cintas e almofadas para ajustar os volumes  e sacos à anatomia dos animais, carga tão diversificada poderia  ferir ou causar transtornos para além do admissível os quadrupedes; ter em conta que eram uns 1200 quilómetros a percorrer, podendo levar uns cinquenta dias a percorrer tal distância, quase dois meses e, se tudo corresse dentro do planeado e sem ataques aéreos…

Entretanto, a norte, a coligação governamental MPLA-Cuba, praticava uma politica de terra queimada, a conhecida por “Ofensiva Ngouabi”, de Marien Ngouabi, presidente do Congo e que, em Setembro de 76, visitou oficialmente Angola.  Entre as aldeias mártires desta “Ofensiva Ngouabi”, contam-se Quissanquela, Capango, T´Chilonga, T´Chiuca e Mutiete. Nesta última, foi sumariamente executada toda a população masculina. O MPLA atribuiu á “UNITA” a responsabilidade pelo massacre quando, na verdade, a UNITA se encontrava desmantelada para Sudeste no Cubango…

ama3.jpg

Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes, durante os longos anos da crise Angolana, e após o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional. Corresponde à diáspora de angolanos e afins espalhados por esse mundo.

Nota2: Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e do livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku de José Agualusa e de “Baia dos Tigres” escrito por Rosa Mendes

 (Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:12
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Sábado, 23 de Março de 2024
VIAGENS . 150

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3561 – 21.03.2024

 “A LONGA MARCHA  DE SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

jamba01.jpg (…) Cada um de nós tem uma lenda! A minha foi preterida por ser o que ainda estava para ser, uma inventação lançada para fugir às realidades da Luua. Para encobrir eventos desonrosos, coisas sem heroicidade, um quarto de hora antes da meia-noite do dia 11 de Novembro de 1975, minha “nação”, meu barco, levantou âncoras ao largo da Luua – Niassa...

A bandeira do M´Puto era embrulhada num baú dum velho carcamano de colono aonde tiveram de caber todas as ilusões. Foi assim que me tornei Niassalês. A bandeira verde-vermelha, tornada num trapo vulgar, estava condenada a criar bolor. Minha nação Niassa fez-se ao alto mar vendo-se de longe os festejos celebrando de forma dantesca o nascimento dum país. Eram tiros e rajadas a fingir de fogo-de-artifício.

jamba1.jpg Agora que passam já 48 anos desse tempo, relembro a odisseia da “Grande Marcha de Savimbi”, um ano depois de eu já  ter saído de Angola, a terra que me viu crescer - A terra que nunca saiu de mim.  Estávamos a 23 de Agosto de 1976… O caminho a partir da mata, levou a coluna da UNITA através da estrada do aglomerado central de cubatas e, das demais espalhadas ao longo da estrada, para Norte.

Se tivessem atravessado mais para o extremo Norte, para além dos limites  do aglomerado de cubatas, teriam feito com que os cães uivassem e, isso teria atraído a atenção dos cubanos; qualquer movimento na aldeia, por parte dos homens da milícia local, armados apenas com arcos e flechas, não provocaria nos cães qualquer reacção invulgar.

jamba2.jpg Uma vez do outro lado da estrada, no sentido oeste, os grupos de homens da UNITA caminharam entre o aglomerado principal do kimbo e as trincheiras vazias para um ponto de encontro na mata, a cerca de um quilómetro para sudeste dos limites da aldeia. Completada a travessia, um grupo de vinte aldeões, o soba, os mais-velhos e suas mulheres, reúnem-se a Savimbi na mata.

A coluna e os aldeões caminharam durante  mais dois ou três quilómetros para o interior, de maneira a que Savimbi pudesse discutir com os sobas  e os mais-velhos, explicando-lhes os seus planos para o futuro e, de que forma os aldeões podiam ajudá-lo. «O presidente argumentou que a UNITA não teria quaisquer probabilidades de sucesso a não ser que o povo estivesse do lado do Movimento».

jamba3.jpg Fizeram perguntas embaraçosas e, não haveria maneira de essas perguntas poderem ser evitadas. Perguntavam por exemplo se a guerra acabaria em breve ou se seria longa. Era evidente que nenhuma vitória seria rápida; a situação era por demais incerta e periclitante e, só a destreza, a astúcia e a sorte, poderia mudar os acontecimentos. Savimbi, afirmou ao soba que um dia, o inimigo iria descobrir que esta aldeia estava a ajuda a UNITA e, consequentemente, ela seria atacada.

«Aquele povo, deveria sem demora, iniciar a armazenar alimentos na mata, para quando chegasse o dia em que tivessem de fugir», frisou Savimbi. Disse que não podia esconder que todos os amigos da UNITA pensassem que nós não eramos capazes de resistir, que estávamos liquidados. O Presidente disse que a UNITA  já não tinha quaisquer aliados efectivos. Teríamos de confiar nos nossos próprios esforços, no apoio da população, nas armas que estavam escondidas e, nas que viessem a ser capturadas… 

tonito19.jpg Nota: - Com “transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:43
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Domingo, 7 de Janeiro de 2024
VIAGENS . 125

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3536 – 07.01.2024

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”

Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila

– Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

roxo169.jpg Pude saber pela Wikipédia e outras vias, que o Coronel Raúl Diaz Arguelles que desembarcou em Luanda em Agosto de 1975, utilizando o pseudónimo de Domingos da Silva, era o encarregado de supervisionar e treinar as tropas do Movimento Popular de Libertação de Angola – MPLA. Distinguiu-se, em particular, na Batalha de Kifangondo, ocorrida a 10 de Novembro de 1975.

Apoiado por 88 soldados cubanos, pseudo “exército do MPLA”, esmaga as tropas da FNLA de Holden Roberto, que estavam em número muito superior contando com apoio de combatentes do Zaire, mercenários portugueses, tropas sul-africanas e brasileiras, além de agentes da CIA. Ele, foi o comandante da Operação Carlota, numa altura em que os grupos guerrilheiros deixaram de combater as tropas portuguesas já no seu estágio final.

cazumbi2.jpeg No desenvolver da contenda militar, este Coronel Arguelles, a 11 de Dezembro, consegue com uma pequena coluna, emboscar por detrás a aldeia de Galengo, tomando-a durante a batalha designada de Ebo. Porém, os estilhaços de uma mina antitanque, que explodiu, cortaram a artéria femoral do coronel Arguelles, tendo  sucumbio aos ferimentos.

Saltando os acontecimentos, teremos de recordar Arnaldo Tomás Ochoa Sánchez que foi um general-de-divisão das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba.  Considerado Herói da República de Cuba acbou por ser condenado em julgamento militar público junto aos outros altos oficiais Antonio "Tony" de la Guardia Font, Jorge Martínez Valdés e Amado Padrón Trujillo, à pena capital.

demo1.jpg Assim, por alta traição à pátria produto de acusações de atividades de narcotráfico, foi fuzilado a 13 de julho de 1989. Teatralmente, acusou-se a ele e a mais treze implicados de se contactar com narcotraficantes internacionais; traficar ilicitamente cocaína, diamantes e marfim; também por utilizar o espaço aéreo, o solo e as águas cubanas para actividades de narcotráfico; e envergonhar à Revolução com actos qualificados como de alta traição…

Segundo “O Observador”, Juan Reinaldo Sánchez, ex-guarda-costas de Fidel Castro, revela num livro, o alegado envolvimento do líder histórico cubano Fidel de Castro, no tráfico de droga, tendo dito à Lusa que Havana queria controlar os recursos naturais em Angola. Assim relatou: “Fidel Castro queria mais de Angola. Dizia que ia levar de Angola apenas os mortos, mas em realidade, não foi assim.

kifangondo3.jpeg Juan Reinaldo Sánchez afirma: - Eu vi no gabinete de Fidel Castro uma caixa de tabaco repleta de diamantes - a caixa estava cheia”… “Fidel, através do seu ajudante José Naranjo e do secretário Chomy, mandou vender esses diamantes e depositar o dinheiro nas suas contas bancárias fora de Cuba”; foi o que disse à “Lusa” o homem que tinha sido guarda-costas do Presidente cubano durante 17 anos. “Eu tenho informações e, além do mais vi. Fidel tinha outra ideias com Angola. Essa ideia sobre o internacionalismo proletário; essa ideia de ajudar os irmãos africanos; essa ideia de ajuda entre os povos é pura propaganda. É um mito”…

Juan Reinaldo Sánchez, ex-guarda-costas de Fidel sublinhou, referindo-se ao envolvimento de Cuba com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). As memórias do elemento do círculo de segurança mais próximo da cúpula do regime cubano é autor do livro “A Face Oculta de Fidel Castro” que foi lançado em Portugal. Um livro que inclui não apenas questões internas de Cuba, mas também o envolvimento de Havana na guerra em Angola, sobretudo a “Operação Carlota” em 1975 e a batalha do Cuíto Cuanavale, no final dos anos 1980.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:23
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Sábado, 25 de Novembro de 2023
VIAGENS . 109

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3520 – 25.11.2023

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”

Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

guerra01.jpg Nestas finchas do tempo, relembrado o 25 de Novembro*, no M´Puto, meus sentimentos, pensamentos e actos, têm uma única finalidade: falar a verdade à minha comunidade para que a história não se esmoreça; minha atitude determinará o juízo de bom ou de mau que há sobre os factos. Quero assim ser livre, criador e sensível o quanto baste sem pactuar com a imbecilidade que como dança infernal leva as massas sociais ao embrutecimento; algo que sistematicamente corrompe o bom senso dos homens.

No M´puto, Costa Gomes, o presidente rolha, titubeando indecisões, acabou por retirar o Brigadeiro, esse tal de José Valente, comandante da 2ª Região Aérea e que vivia em relações tensas como a CCPA (Conselho Coordenador do Programa do MFA para Angola e que, incluía o CCPA e o Estado maior de Angola). Entretanto os vapores Vietnam Heróico, o Coral Island e o La Plata, chegariam antes do fim de Setembro de 1975 em Brazaville e Porto Amboim -- Angola, levando a bordo mais de 1000 toneladas de gasolina, 300 instrutores para os quatro CIR do MPLA e ainda dois aviões cubanos.

guerra41.jpg Leonel Cardoso continuava apreensivo pedindo apoio a Lisboa e mantendo as FAPLA em suspense com uma hipotética chegada de tropas especiais, Comandos e Pára-quedistas. Leonel Cardoso perante este cenário blefava e, era só o que lhe restava porque Lisboa andava afanada com os sindicalistas das “Manif” de civis e militares guedelhudos. Leonel Cardoso andava sem saber como fazer na entrega do poder a 11 de Novembro de 75.

Com muxoxos de boca pequena sabia-se que Leonel Cardoso se queixava de estar rodeado de traidores à pátria ou à causa; a confiança, ruía-lhe algum aprumo. Ética, era uma coisa quase nefasta e os heróis das NT em sua maioria só viam o MPLA. A estes, o MPLA, entregavam tudo de mão beijada sem fiáveis contrapartidas mas, sempre havia uns quantos que buliam sua própria consciência. Aquilo não lhes parecia lá muito bem… Eram muito poucos, quase nenhuns. Em Angola, estávamos entregues à fé e ao acaso, à bicharada.

guerri1.jpg Entretanto Samora Machel de Moçambique e Július Nyerere da Tanzânia, perfilam-se também ao lado do MPLA. Otelo em viagem a Havana garantia a Fidel de Castro não retaliar com suas frotas e tropas, entenda-se como as NT (Nossas Tropas) a “invasão de Angola” em apoio ao MPLA. No M´Puto, pouco a pouco, Carlucci o embaixador Americano, ia alegando algum favoritismo para o MPLA.

O Gringo Carlucci da USA, com a nobre ajuda de Vasco Gonçalves, o primeiro-ministro português, um ex-doente mental da casa dos malucos de Luanda - sector militar. Este afiançava a pés juntos perante o Gringo que, não senhor, o MPLA não é comunista! Era uma boa base aos ditames de Frank Carlucci; a este, interessava-lhe sobremaneira o controlo do petróleo de Cabinda. Não era por acaso que já Cabinda estava inteiramente nas mãos do MPLA.

carlu1.jpg Podem ver agora e com clareza de 48 anos já passados que os retornados tiveram um desfecho muito parecido com o sucedido no Irão, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e aonde quer que houvesse petróleo, a moeda americana suporte de sua supremacia. Costa Gomes, com esta decisão sentia-se agora mais confortável. Naquele então o segredo era manter tudo em banho-maria até o 11 de Novembro.

Muitos ou quase todos dos “libertadores” afectos ao MPLA, sonhavam com a casa, o carro, os privilégios e as posições dos colonos. Conquistaram-nas e tornaram-se piores do que aqueles gestores da Administração Ultramarina  do tempo colonial. Desculpar-se-ão com a guerra. Só que a guerra, que matou tantos e estropiou, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas…

mfa2.jpg Nota*: O 25 de Novembro de 75, foi o golpe que retituiu a democracia a Portugal, apòs a rebelderia do PREC e a descolonização, em que se destacram Jaime Neves dos Comandos e Ramalho Eanes que forçaram Costa Gomes a mudar de rumo bem como o PCP com Álvaro Cunhal, na liderança…” O antigo Regimento de Comandos, na Amadora, evoca todos os anos, de um modo especial, dois dos seus combatentes, o tenente José Coimbra e o furriel Joaquim Pires, mortos no 25 de Novembro de 1975, numa acção militar para submeter o quartel da Polícia Militar, na Calçada da Ajuda, em Lisboa.  

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:56
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Segunda-feira, 13 de Novembro de 2023
VIAGENS . 105

NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3516 – 13.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

an4.jpegNão obstante termos passado pelo purgatório, continuamos a relembrar com saudade a MUTAMBA, que vem de “mu”, que significa árvore em Kimbundu. Que Tamba é o Tambarino – e que ali, havia um tambarineiro gigante a dar dignidade ao l argo. Que antes se chamava "N'Dange ia Rosa"", que quer dizer "rua larga e arenosa" em Kimbundu.

Que havia uma "Maianga" porque esse é o nome para poço de água, cacimbas mandadas construir pelos Tugas para prover a água à cidade (LUUA). Como poderemos apagar tudo isto de nossas memórias! Até aqui, todos os militares com patentes acima de sargentos e oficiais do MFA, da JSN (Junta de salvação Nacional - junta governativa), que festejaram este acontecimento, amealharam riqueza até então, fruto de várias comissões.

tesouras.jpg Até ali soube-lhes bem as comissões que lhes proporcionavam riqueza, boas casas e bem surtidas na linha de Cascais, Estoril ou Algarve do M´Puto. Com contas bancárias bem desafogadas, noé!? Com estes militares de aviário, de novo se revê o início de nosso mundo. Um retorno à estória sempre confusa da bíblia em que a Lilith, a diaba feita anjo, irmã de Eva, a tentou a comer a maça! E, não é que comeu, castigando-nos deste jeito! Mas que estória de tuji…


Já no dia 27 de Julho de 1974, três meses e dois dias depois do Vinticinco, quando Spínola anunciou o direito à independência pela lei 7/74, o Almirante Vermelho Rosa Coutinho, afirmou: “ …O homem, (referia-se a Spínola) sempre vai pelo caminho que a gente quer”. A gente a que se refere, são só eles, os militares da abrilada. Para explicar preto no branco ou vice-versa, o processo de descolonização em Angola, terá de se fazer um preâmbulo sobre o espaço-tempo…

luis50.jpg Um espaço sem entrar em minúcias, ou um pouco à frente ou um pouco atrás porque neste periclitante processo nada andou seguindo as teorias conhecidas, sem um relógio de cuco porque, o cuco foi estrangulado no tempo exacto em que a recta começou a ser curva e, quando se vislumbrou o alcance dos objectivos, já era tarde. Não leia de atravessado porque o todo só é entendível se percorrer as linhas cruciais do raciocínio lógico e, sempre presente.

Era tarde para quem estava no meio da fogueira chamada de descolonização, e até para os que tinham bons auspícios (nós, os inocentes) sobre o ainda não acontecido. Uns e outros, por inocência, por malvadez, por incúria, por pedantismo ou vaidade foram apanhados por aquelas muitas rodas, o roce de correntes que nos tornaram ásperos e por razões diferentes, porque uns sofreram na pele, outros retiraram dividendos e petulância e outros, simplesmente, morreram…

povo1.jpg Despolitizados, muito cheios de coisa nenhuma nos meandros das pequenas coisas e politicas, nós retornados, em termos politicos, éramos mesmo uns calhaus na Luua. Passeávamos despreocupados nossa ignorância pela Mutamba, pelos bairros, pelas farras, pelos cafés jogando às moedas, na praia ou em pikniques ao fim de semana. A escola não nos deu os conhecimentos da mente e, ali andávamos, simplesmente gozando no bem-bom do dia-a-dia ausentando-nos de tudo o resto – das muitas e reais injustiças sociais. Como tantos outros, também eu fui apanhado como inocente, cultivando-me na cultura do cinema, nas idas ao baleizão comer cachorro quente e, tudo, porque a vida nos era legada em uma terra que pensávamos ser de todos nós…

E, Aconteceu! Terei deste modo, de dar estes poucos laivos de recordação para que assim possam espairecer vossos cerebelos, já muito torturados: Foi na Praia de Sangano um pouco a norte de Cabo Ledo que desembarcaram os primeiros homens comandados pelo General Raul Diaz Arqueles. Ali descarregaram os primeiros complexos móveis de defesa antiaérea “Strela”. Os instrutores deste equipamento sofisticado, estavam a ser coordenados pelo Coronel Trofimenko que a partir da Republica do Congo Brazaville enviavam numa primeira fase, pequenos aviões para aterrizar na pequena pista de aviação da Kissama em Cabo Ledo.
(Continua…)
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:33
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Sábado, 11 de Novembro de 2023
VIAGENS . 104

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3515 – 11.11.2023

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”

Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

luua01.jpg Rosa Coutinho, já como Alto-Comissário escreve uma carta timbrada do antigo Gabinete do Governo Geral de Angola a Agostinho Neto, presidente do MPLA nos seguintes termos: “Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do processo…”

Processo a saber: “Aterrorizar por todos os meios os brancos, matando, pilhando, e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos.” A Carta é datada de 22 de Dezembro de 1974, terminando com saudações revolucionárias, a vitória é certa, seguindo-se a assinatura, Alves Rosa Coutinho, Vice-Almirante.

luua03.jpg A revista The Economist, considerou a fuga dos portugueses brancos, como sendo “ o maior êxodo da história de África”. Nem no Congo onde entre Janeiro e Julho de 1960 a população branca caiu de 110.000 para apenas 18.000 pessoas, e se viu tamanho movimento populacional como aquele que foi observado na África Portuguesa. O governo de esquerda portuguesa, criminosamente adiou até ao último momento qualquer ajuda ou apoio substancial aos refugiados.

Se compararmos estes episódios com os refugiados actuais de que chegam de todo o lado à Europa, em lanchas vulcanizadas, nós os “retornados” fomos socialmente, pior recebidos; foi a comunidade Internacional e principalmente os Estados Unidos da América que tiveram de interceder no marasmo de cacafonia nos ecos de dirigentes do MFA.

luua02.jpg As NT - Nossas Tropas, já não eram nossas. Em verdade, praticamente, os brancos eram maioritariamente os quadros com a necessária preparação para governar e gerir a vida económica em Angola. Salvo raras excepções não havia entre estes, empatia com esse tal de Marxismo e Leninismo constituindo por isso um forte travão aos interesses soviéticos.

Teríamos assim de ser expulsos ou mortos tal como o foi afirmado por esses “patrícios” de tuji e militares do famigerado CR – Concelho da Revolução… Ficamos assim abandonados à mecê dos guerrilheiros armados dos “movimentos de libertação” que intoxicados em drogas e ideologias enviesadas, com o cérebro envenenado pela propaganda marxista, estavam dispostos a massacrar todos os brancos em África.

luua04.jpg Cidades inteiras, outrora prósperas e bem cuidadas, como Carmona (Uíge) e Malange foram abandonadas devido à fuga de quase toda a população. Malange acabou por se transformar em um imenso cemitério a céu aberto com milhares de pessoas mortas, em sua maioria africanos, que ainda estavam insepultas quando se abandonou a cidade.

Alguns brancos tentaram resistir em Luanda, mas a esmagadora maioria rapidamente se apercebeu que a limpeza étnica de que estavam a ser vítimas era para ir até ao fim e que, a única opção viável que o regime de Abril lhe havia dado, era a de fugirem deixando para trás toda uma vida de trabalho. Sob todos os pontos de vista do direito internacional, o que se passou na África Portuguesa em consequência do VINTICINCO de Abril de 1974, constitui um crime contra a humanidade e, como tal o deve ser considerado.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:59
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Sexta-feira, 10 de Novembro de 2023
VIAGENS . 103

NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3514 – 10.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

pombinho5.jpg Rosa Coutinho, o marinheiro, foi o oficial de aviário mais verdadeiro na história recente dos Tugas do M´Puto pois que teve o seu início de famoso, numa gaiola amarrada com lianas do N´Zaire. Terá sido Holden Roberto da FNLA, como patrulheiro da fronteira do Congo que o fez passear em uma jaula como se o fora, um macaco. Esta figura, o contemporâneo “maior traidor militar português”, deveria estar em maior destaque. Pois, assim sendo, deveria estar nesse mausoléu dos mwangolés, chamado de “Sputnik” da capital Angolana – Luanda, pois que, foi ele quem forjou toda a táctica de “libertação”.
Ele, Rosa Coutinho, estará salvo seja para Angola, como Simon Bolivar o está para a América - a chave basilar nas guerras de independência da América Espanhola - (…Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela), pois, foi este o monstro “Vice-Almirante e Alto-comissário” que para todos nós brancos da Luua e todos os demais espalhados pelos matos do sertão e cidades, proporcionou ao MPLA ficar na governação deste território, sem qualquer mérito.

florido3.png Agostinho Neto, o primeiro presidente, só o foi em verdade, uma testa de ferro daquela figura detestável com nome de Rosa… No entanto teve a ousadia de dizer à coisa dada que “a independência, arranca-se” – Mas qual foi seu mérito!? Rosa Coutinho - o traidor, aliado às artimanhas do “glorioso PREC” - Processo de Revolução em Curso, do MFA – Movimento das Forças Armadas do M´Puto, que tudo lhe deram. Tuco combinado unha com carne com o glorioso MPLA, fez o que quis: pintou e bordou a preceito e, conforme as directivas comunistas.
Nós, os brancos (ditos colonos), ficamos como pulgas entre unhas de dois polegares, sem armas, sem qualquer ajuda, num abandono quase quase total; pronto para o serem: mortos! Quanto à ajuda pela União Soviética através de Cuba - Pois, (...) vocês sabem o que Rosa Coutinho e os estafermos do MFA queriam que se soubesse. A grande maioria da população de Portugal estava em conformidade com esta postura, desinformado até ao tutano pelos órgãos de informação.

fuga6.jpg Pelos mesmos órgãos de informação controlados pelos guedelhudos militares pseudo revolucionários. Dizia-se: Os brancos eram definitivamente uns exploradores, uns fascistas e racistas da pior espécie. No M`Puto, até nossos familiares, nos aceitaram com desdém, manuseando crachás com a Catarina Eufémia ao peito. Entretanto as forças cubanas iam chegando a Cabo Ledo numa praia deserta com o nome de Sangano.
Foi por aqui que entraram os primeiros militares cubanos que deram formação às primeiras tropas organizadas do MPLA. E, foi Carlos Fabião, Flávio Bravo e Agostinho Neto que acordam os pormenores da participação Cubana na Operação Carlota, a que ficou conhecida como a Batalha de Luanda. Pode-se agora, 48 anos depois do ano de 75 recordar: Foi na Praia de Sangano que desembarcaram esses primeiros homens comandados pelo General Raul Diaz Arqueles.

flit2.jpg Ali descarregaram os primeiros complexos móveis de defesa antiaérea “Strela”. Os instrutores deste equipamento sofisticado, estavam a ser coordenados pelo Coronel Trofimenko que a partir da Republica do Congo Brazaville enviavam numa primeira fase, pequenos aviões para aterrizar na pequena pista de aviação da Kissama em Cabo Ledo.
Pois foi aqui que saíram nessa Operação Carlota no terceiro trimestre desse ano; oficiais que por ali passaram tais como: Abelardo Colomé Ibarra, Lopes Cubas, Freitas Ramirez, Leopoldo Cintras Frias ou Romário Sotomayor. Foram estes e os jovens da Academia Militar de “Ceiba del Água” que mais tarde deram os pormenores já descritos em várias fontes que iremos recordar. Cabo Ledo teve uma forte intervenção na sinalização daquela que ficou conhecida por a “Batalha de Luanda”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:15
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Quinta-feira, 9 de Novembro de 2023
VIAGENS . 102

NAS FRINCHAS DO TEMPO

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3513 – 09.11.2023

 “Tropas cubanas para Angola, já!”

Às margens do Cubango- “Missão Xirikwata” - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

araujo160.jpg Da visita a Cuba, Otelo recebeu alguns presentes, entre os quais três armas: uma Kalashnikov, uma pistola oferecida por Raul Castro e ainda uma pistola-metralhadora. Mas a recordação mais importante que teve com Fidel, foi sem dúvida a conversa secreta com Fidel. Otelo foi sem dúvida, o primeiro português a saber que militares cubanos iriam combater em Angola pois que, foi ele a fazer o pedido

Mas, o que nem ele, Otelo do COPCOM, nem Fidel Castro previram, foram os efectivos que o contigente militar acabaria por ter e, mais do que isso, que a guerra iria prolongar-se por tanto tempo, acabando por dali sairem sem uma vitória militar, deichando no entanto à revelia, o comando de Angola a cargo do MPLA… Chegados aqui terei de recordar o que João Ferreira, um leitor assíduo do Kimbo lembra o que todos sabem  assim ter sido, mas pouco falado  – o saque feito por Cuba.

cuba01.png O grande sucesso do apoio cubano aos marxistas áquela data, foi o que os cubanos no seu regresso a Cuba, roubaram! De quantas pedras de mármore, lapides que à data existiam nos cemitérios Angolanos. Também o que uma corja de pseudo comunistas portugueses roubaram, a saber: o café que se encontrava nos armazens de Luanda para exportação. Café chegado a  Portugal e, que àquela data foi apreendido ao entrar na barra do Tejo.

Um navio carregado de café roubado em Angola e, daí certos contrabandistas passarem a ser industriais de torrefacões de café, algures nesses tempos, senhores analfabetos, bufos da Guarda Fiscal e dos Carabineiros. Concluindo, Cuba devido á sua dimensão territorial com pequenos produtores de café quiseram também como resgate de guerra, o mármore das campas, jazigos, máquinas modernas de clinicas medicas entre muitas outras, diversificadas.

guerra17.jpg À margem de todo o aspecto legal, os de cá – Do M´Puto & Cuba, que sem nada produziem quiseram e assim o conseguiram por obra e graça de manobras e manigâncias governamentais, do ouro dos cafeeiros, das máquinas com técnologia de ponta - do suor dos chamados colonos… Poderes para massacrar, espezinhado consciências e desvios por leis trabalhadas em adultério e incesto ao anterior Ministério do Ultramar danificando as mentes dos povos africanos: negros, mestiços, albinos brancos e.quem por lá vivia naquelas terra - a sua terra.

A história, sempre transpirará a verdade dos factos. Não se pode enganar toda a gente durante todo o tempo! É tempo de reavivar o 25 de Novembro, ressarcir as verdades aos portugueses e a angolanos porque, naquele então da Luua, a poeira fétida esvoaçava nos bairros da Luua enquanto a diplomacia corria em segredo entre esquerdoidos. E, por lá ficavam casas habitáveis e com recheio, carros, camiões entre a tralha dos jardins, cinemas, lojas, armazéns, restaurantes; edifícios intactos como se uma epidemia tivesse ceifado nossas vidas.

fuga9.jpg Num era, não era,  assim como sair-se a caçar brancos, negros umbundos, fubeiros, taxistas, vendeiros das lojas, camionistas e um ou outro alvo mais planeado, atingindo este ou aquele personagem de quem não se gostava, de quem se teria raiva, de quem era necessário abater porque visava qualquer acto em curso; enfim, estorvos!

De repente os brancos e assimilados, gente de sapato com coiro engraxado, matutos, mazombos, mulatos ou alguns negros esclarecidos, estorvavam. Viaturas prontas a andar foram deixadas aos milhares por aqui e ali ao acaso, famílias inteiras aventurando-se em uma odisseia de centenas ou milhares de quilómetros, correndo riscos, andando à sorte fintando por vezes, cadáveres amontoados nas bermas das estradas ou picadas. Com cheiro de virar tripas afastava-se o labor da memória - fazendas abandonadas, gado perdido e gente andando para sul, para leste, para um rumo desconhecido…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:05
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Quarta-feira, 8 de Novembro de 2023
VIAGENS . 101

NAS FRINCHAS DO TEMPO 

 "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3512 – 06.11.2023

 “Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”  Às margens do Cubango

- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

cuba01.jpg N´Zambi a tu bane n´guzu mu kukaiela”, Deus dá-nos força para seguir… Cidade de MALANGE- Cem mortos, é assim que o Furriel de Transmissões Agostinho Pinto, colocado em Malange encabeça a descrição de seus dias ali passados:  “No dia 28 de Maio de 75, estando em escuta via rádio com  os   meus   homens,   o malanjino Abílio Araújo mais o Luís Nabais Moreno, acontece  pelas 16h30 horas ouvirem-se as primeiras morteiradas. Pode ver-se por cima dos telhados, Malanje começar a arder…

Aconteceu no trajeto curto para o quartel naquele dia, sermos revistados por guerrilheiros do MPLA, armados de kalashnikov, crianças – algo insólito! Naquele   cenário   de   guerra desregada e louca,  tudo poderia acontecer.  Senti-me o militar mais inútel, tão diminuído e  baralhado nesta confusa ficção. Tudo acabou por se resolver com uns maços de tabaco e alguns angolares. Em nossos postos, só conseguimos sair da escuta por volta das dezanove horas.

Malambas3.jpg Porque o  recolher   obrigatório   estava instalado, já não  fui para   o   meu quarto alugado da cidade, aonde vivia; ali já não havia, condições de segurança. Do batalhão (BART 6323), desloquei-me à CCS. Pela primeira e única vez passámos fome; na   messe   de   sargentos   só   havia bolachas e chá, pois o comércio estava   fechado,   a   farinha   tinha esgotado, não havia pão e os trabalhadores do comércio e serviços, dada a situação de guerra civil, poucos  arriscavam sair de casa.

Era mais que evidente  não estarem reunidas as mínimas condições de segurança para o povo e por precaução evidente, o recolher obrigatório era para respeitar. No dia seguinte já se contabilizavam para cima de 100 mortos e desalojados sem fim. Estávamos na messe dos sargentos em pleno recolher obrigatório e, de repente, vejo um jovem africano, que não   teria   mais   de   15/16   anos,   a correr, desrespeitando o recolher obrigatório para ir para a sua casa, no bairro da Catepa, quando ouço uma   voz   da   FNLA   a   perguntar: "quem   vem   lá?". 

máscaras3.jpg Suponho que era a voz do mercenário “Passarão”, assim era conhecido o terror rambo da FNLA, que andava à civil   e,   de   metralhadora   kalashnikov, de boina e cabelo comprido. O miúdo respondeu "é camarada", o que foi a resposta errada, no sítio errado, à hora errada… O termo camarada era sentença   de   morte,   cheirava   a   MPLA. Ouve-se uma rajada e o rapaz caiu de imediato, assassinado a sangue frio.

E, nós, militares, impotentes! Podem calcular a revolta que todos sentimos, mas não havia ordem para actuarmos descontentando-nos no vexame de cobardes; o mínimo   que   fizemos   por   aquele adolescente foi chamar a ambulância para levantar o corpo  que jazia inerte. Essa imagem, que tenho gravada na minha memória, vai acompanhar-me até ao resto dos meus dias.

guerra11.jpg A partir dessa noite, a nossa primeira tarefa do dia – minha, do Abílio,   Araújo   e   do   Luís   Nabais Moreno   –   era ir todos   os   dias   às sete   da   manhã   à   morgue   ver quantos brancos e conhecidos tinham morrido na noite anterior. Um   ritual   macabro,   eu   sei,   mas era mesmo assim. A cidade estava totalmente desventrada dos bombardeamentos.   A   12   de   junho   de   1975,   parti   na   coluna   militar para Luanda, tendo regressado a Lisboa no dia 24 Junho de 1975” (fim de citação).

Entretanto, seu chefe supremo, o Coronel de aviário, Otelo Saraiva de Carvalho, chefe do COPCOM e influenciador do PREC, estava em Cuba preparando o discurso  do grande dia de Cuba a 26 de Julho, data do assalto ao Quartel de Moncada, com o tradicional comício presidido por Fidel Castro. Otelo, falou, para 600 mil pessoas, segundo números oficiais, numa fala  de 20 minutos. Mais tarde fez questão de assinalar: ”Destaquei a importância da liberdade de escolha do povo e da sua capacidade de intervenção política”. O discurso foi transcrito, na íntegra, no Gramma, jornal oficial do PC cubano, ao lado de Fidel, que durou uma hora e vinte minutos.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:00
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Sábado, 4 de Novembro de 2023
VIAGENS . 100

NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3511 – 04.11.2023

-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - “Tropas cubanas para Angola, já!”

- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

an2.jpeg No Mukwé - N´Zambi a tu bane n´guzu mu kukaiela”, Deus dá-nos força para seguir…– Sou eu falando: Na Luua, da boca de toda a gente era dito que se não fossem tomadas medidas de prevenção em curto prazo, todos estariam a viver uma situação de generalizada violência incontrolável. As autoridades do M´Puto não quiseram ver nem tomar medidas protectoras para com as populações maioritariamente de etnia branca que se encontravam nos matos ou periferia das cidades; esta é a verdade! Miranda Oliveira e Teles da Chibia, só escutavam  seu mais-velho, kota amigo.

Harmonizar a existência do sofrimento com a realidade é talvez, o mais antigo dilema da mente humana. Quando quero chorar, faço churrasco a popósito e, no entretatanto de atiçar as brasas com restos de  palmeira e rosmaninho ou alecrim meio seco,  meio húmido, abano o fumo.  Fumo que  penetra em mim após o sopro, nas nuvens pretas. O choro, mesmo sem o querer, vem limpando-me os olhos das mazelas; por fim, com fumo branco, brasas incandescentes, viro papa genérico e, emérito. Em busca de respostas, mergulhamos em especulações que resultam normalmente em dúvida e descrença. Com o pensamento voltado na busca de satisfação de alguma coisa pequena, alargamos sua importância de forma desmedida. E, assim ficamos matutando…

cuba 0.jpg Calma! Tudo irá passar... Por alturas de 25 de Novembro de 1975, vi escrito numa parede de Torres Novas do M´Puto, assinado com um A circunscrito de anarquistas: “Otelo Saraiva de Carvalho, que lindo nome tens tu, tira o V do carvalho e mete o resto no Cú” – talqualmente! Esteve ali bastante tempo antes que alguém se caiasse de coragem… Neste então, morava eu na rua da Várzea do cemitério bem perto da Rua do Arraial,  a uns quatro quilómetros do Riachos, a terra natal de Otelo Saraiva…

O revolucionário Otelo do COPCON, acabou por dizer mais tarde, que foi o PCP seu “inspirador” em sua ida a Cuba. Para o efeito foi enviado previamente Octávio Pato, fazendo de pombo correio, diligências numa  missão a que eu desigaria mais tarde de tundamunjila - “Tunda Mu N´jila” (Vai embora branco) . Na altura, entre Otelo e o PCP existiam graudas amizades e, não custa acreditar que os comunistas portugueses indicassem Otelo a Fidel numa perfeita escolha na feitura  duma boa picada lá na Angola…

step6.jpg E de facto, nas várias conversas com Otelo, de camarada revolucionário para para camaradas jornalistas, os “conselhos”, entre muitas falas não faltavam, como recorda: “ O Fidel interessava-se muito pela revolução portuguesa. Aconselhou-me a aceitar os conselhos do PCP e a fazer um entendimento com Álvaro Cunhal, que ele conhecia e de quem tinha uma excelente opinião.--

Era, aliás, o único dirigente político português que ele, Fidel de Castro, conhecia. Fidel foi sempre muito cordial comigo (diz ele, Otelo) e, mesmo no final da visita, quando eu já estava a embarcar no avião de regresso a Lisboa, subiu à cabina para me dar mais um abraço e dizer-me: “Cuida-te camarada!”.

:

dia20.jpg Arrepia-me agora e sempre, contar estórias feitas missossos revolucionários porque me é muito, muito de dificultoso ficar só assim, conciliar no que é a puta da vida de cada qual como vim a saber, quando fui a Varadero de Cuba comer lagosta transpirada de medo. Isso! Num alpendre rodeado de citronela para espantar os mosquitos, E, eu que me dispus a fazer um molho daquele capim para fazer chá caxinde  no hotel – ué, camarada isso não se bebe!

Porque foi na candonga e num  comoé, não convém a gente levantar escândalo de começo porque só aos poucos é que o escuro fica claro! Ando a tentar continuar a estória do Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho que foi um coronel de artilharia português, destacando-se por ter sido um dos principais estrategas do 25 de Abril de 1974. Otelo, que antes de anteontem era só de ex-COPCOM mas, que  ficou por demais indefinido, defuntando-se só mesmo para receber uma condecoração de herói a titulo póstomo.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:53
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Terça-feira, 31 de Outubro de 2023
VIAGENS . 99

NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)

"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3510 – 31.10.2023

-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - “Tropas cubanas para Angola, já!” - Nossas vidas têm muitos kitukus…

- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto

sacag11.jpg Cubanos em Angola para resolver os conflitos entre o MPLA, a UNITA e a FNLA!? Uma treta! As forças cubanas iam fundamentalmente para ajudar o MPLA. Luís Marinho da Revista VISÂO adiantou na conversa secreta entre Otelo e Fidel - Diz Otelo: “Foi uma conversa muito secreta, na qual Fidel começou por me contar que tinha recebido uma visita de Agostinho Neto, presidente do MPLA, que se mostrara muito apreensivo com o que estava a acontecer em Angola. Havia muitas forças em confronto: a FNLA, apoiada pelo Zaire e os americanos e a UNITA, apoiada pela África do Sul…”

E, continua: “…Quanto ao MPLA, Agostinho Neto temia que ficasse isolado, uma vez que também estava muito dividido interiormente. O MFA, via Rosa Coutinho, tinha evitado que o MPLA se afundasse. Tinha sido uma directiva do MFA. Agostinho Neto considerava que, se não houvesse apoio militar significativo, o MPLA seria esmagado. Segundo Fidel, Agostinho Neto já tinha contactado Costa Gomes, a quem pedira que as forças militares portuguesas ficassem em Angola, depois da independência, para arbitrar o conflito.”

john4.jpg E, continua: “… A resposta de Costa Gomes tinha sido muito evasiva e, Agostinho Neto não acreditava que o presidente português aceitasse o pedido. Desta forma, pediu apoio militar aos cubanos. Fidel Castro pediu a minha opinião (É Otelo que o diz), sobre isso, confessando que estava hesitante; garantiu-me que se as forças militares portuguesas ficassem em Angola depois de 11 de Novembro, não enviaria tropas cubanas para apoiar o MPLA. Caso contrário, estava disposto a envolver-se no conflito.”

E, continua: “…Eu disse-lhe abertamente que não acreditava que as tropas portuguesas podessem ficar em Angola depois da independência, tendo em conta a situação interna em Portugal, mas ofereci-me para levar uma mensagem ao Presidente Costa Gomes, a quem pediria que desse rapidamente uma resposta ao dirigente cubano.”

guevara0.jpg E Otelo, continua: “… No entanto, aconselhei Fidel a preparar as suas tropas para seguirem para Angola. Quando cheguei a Lisboa, no dia 31 de Julho, fui directamente para uma reunião do Conselho da Revolução, que só terminou por volta das seis da manhã do dia seguinte, 1 de Agosto. Apesar disso, falei com Costa Gomes no seu gabinete do Palácio de Belém, e expus-lhe a situação.”

E, continua: “… Só me disse que o assunto ficava com ele. Acho que Costa Gomes nunca respondeu a Fidel (mentira, digo eu…). De certa forma, esta conversa marcou o destino de Angola”. De facto os primeiros contigentes cubanos chegaram a Angola nos primeiros dias de Outubro. Foram transportados de barco e desembarcaram em Porto Amboim. Sabe-se que assim não o foi pois, entraram muito antes! Lá mais para a frente, vamos ficar a saber

sara1.jpg Oficialmente, Cuba só respondeu ao pedido do MPLA em 5 de Novembro (Acho que foi bem antes com o envio de concelheiros e observadores…) . Foi então desencadeada uma operação de transporte de tropas, por via aérea, denominada operação Carlota, que, até à data da independência, 11 de Novembro, colocou em Luanda cerca de três mil soldados cubanos, afinal os principais responsáveis pela reviravolta registada na situação militar, favorável ao MPLA.

CUBA14.jpg Por todo o lado, em Angola, de Cabinda ao Cubango, dia para dia, viam-se menos caras conhecidas da rua, no bairro, no trabalho; médicos, engenheiros, padeiros, contínuos, bancários.  Davam o fora - bazavam de um momento para o outro  sem nada dizer, talvez escondendo sua cobardia; não queriam ficar para assistir aos dez e onze de Novembro porque tudo era uma incógnita… Para trás iam ficando cidades fantasmas aonde só o vento uivava com alguns cães deixados ao abandono. Malange foi assim em um certo tempo, a cidade mártir, os relatos radiofónicos das emissoras, Oficial, Católica e Rádios Clube, eram de arrepiar…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:51
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Domingo, 16 de Outubro de 2022
N´NHAKA . XVI

ANGOLA, TERRA DA GASOSA . II

CANTINHO DO INFERNO – TERRA DE MATRINDINDES

Lembranças actuais de escritos antigos - “Havemos de voltar”Foi em Julho de 2002

– Crónica 3273 de 05.04.2022 – Republicada a 16.10.2022 no AlGharb do M´Puto

N´Nhaka: - Do Umbundo, lameiro, plantação junto aos rios, horta…

Por soba02.jpg  T´Chingange

caricocos.jpg Voo TP, destino Luanda – Uma lufada de ar quente ao sair do Douglas no Aeroporto Internacional de Luanda, “Quatro de Fevereiro” em Belas. Momentos antes na acomodação da aterragem, já lusco-fusco, circunsobrevoavamos a Luua e, ali estava ela cheia de pontinhos de luz dando indicação do crescimento emancipado para mais além do que se poderia imaginar em 11 de Novembro de 1975 e, lá estava a ponta da ilha Mazenga e sua bonita baia de luz reflectida em nuances multicolores, os barcos, edifícios e, também uma nova coisa chamada de plataforma petrolífera, mesmomesmo na embocadura.

Do Morra da Cruz e em círculo, passando por Viana até quase ao Cacuaco, tudo é Luanda, não se distinguindo aonde acaba o musseque e começa a cidade; o centro perdeu-se numa imensidão de cubatas e, aí temos a grande metrópole com quase cinco milhões de habitantes (2002), a transbordar nas barrocas e linhas de água, que já o foram. A catinga sente-se no ar à mistura com estagnados descuidos de águas negras a céu aberto e, sem impedimento de se o notar; o costume habitua-se no urbanismo da normalidade…

Noutro dia e, à luz clara da manhã fresca deu para pisar o pó e as escorrências, sentir os cheiros fortes de mabanga e peixe frito em óleo de dendém, odores de lixo desentulhado com muita gente circulando, fazendo não sei o quê, talvez queimando o tempo e, cruzando arrepiadamente sobrevivências por todo sitio, ruas definhadas, esburacadas, ondulando o passeio, que o não é mais; asfalto malé, aiué…

mirangolos.jpg Na encosta do Prenda cortava-se a carapinha num telheiro meio chapa, meio palha e pedaços de taipa quase que meio por fazer e, mais ao lado neste pseudo cabeleireiro, lá estava a tabuleta “Salão de senhoras Dona Xepa” e no letreiro podia até ler-se: desfrisam-se cabeças. Se havia cor no imóvel, tinha fugido, faz tempo!... Vou tentar cronicar o que vi e, fazer retrato do que me apercebi com as inerentes dificuldades dum branco de segunda, quase preto por defeito e ousadia, que não esquece o calor daquela terra de quando ainda candengue pisou todo aquele espaço.   

Espaço que também me viu crescer amulatado de jeitos, crioulo mazombo de imperfeição. Mas, diga-se, o calor continua também naquelas gentes, com vontade de agradar; a amizade faz-se rápido, flui mais repentinamente num abraço de empatia como doença de querer. Desta feita assim ganhei mais um amigo de nome Humberto, rebaptizado de “Bien”. Foi ele o meu cicerone durante vinticinco dias e, é a ele a quem esta crónica é dedicada por agradecimento…

Foi ele, engenheiro Bien, formado em Cubano, natural do Sumbe, que me levou desde a foz do rio Dande, bem perto do Caxito, até ao dito Cantinho do Inferno. Aqui voltarei na descrição chegado seu próprio momento e, para não me perder no fio da meada dizendo do resto aonde me levou que, assim será na ordem cardial e para Sul com o Porto Amboim, Sumbe, antigo Novo Redondo, Canjála, Lobito, Benguela e Baia Farta.

moka31.jpg Bien, ex-comandante, formado em Cuba, técnico de Construção Civil. Como tantos outros neste momento (2002) está no desemprego mas, sempre há um mas, desenrasca a vida peneirando diligências aqui e ali furando o esquema; comprou uma roulotte e, lá para os lados do Sambizanga tem uma catorzinha a vender peixe frito, banana assada, pasteis e cachorros quentes de pastas coloridas oriundas dos tomates e outras especiarias, mais cerveja cuca quando a há e, também quando calha, se acomoda com ela nas ternuras do farfalho…

Bien, o ex-comandante, engenheiro de desenrasca, diz que são necessidades fisioterapeutas. Só que lá no Sumbe e Benguela também tem mulher e filhos, pois! Mancomunou a vida aqui e ali soldando avarias pelas técnicas aprendidas em Havana e, ali nas facilidades acostumadas de suas terras, comunga tudo com as saias desprendidas e a isto, disse-me não ser de ferro. Em verdade, há trechos em que nossa vida amolece a gente, tanto, que até num referver de bom desejo, no meio da razão sempre vem um benefício…

Passados que são mais de vinte anos, recordo de novo nesta data para que conste na Torre de N´Zombo do Kimbo, a biblioteca base desta existência…

(Continua…)

O Soba T´Chingange (Otchingandji)               



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:38
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Segunda-feira, 6 de Setembro de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXXXII

ANGOLA DA LIBERTAÇÃO - XIX

- A INDEPENDÊNCIA DIVIDIDA… Primeira e segunda batalha de MAVINGA1980/1981

- Crónica 3189 – 05.09.2021 - “A guerra, que matou e estropiou tantos, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas e prepotentes” – A independência era para isto!? - Nós e os mwangolés…

dy15.jpg

Por soba k.jpg T´Chingange, no AlGharb do M´Puto

Ainda fazendo um relato de um sobrevivente do 27 de Maio de 77 citando o livro “Angola, o 27 de Maio - Memórias de um Sobrevivente: “ No campo de concentração de Calunda o comandante (MPLA) ficava todo vaidoso, gingava, com duas pistolas à cintura. Seguia-se uma exibição da sua destreza e pontaria – primeiro contra os pássaros que passavam no ar e depois contra o prisioneiro amarrado e espancado. Atirava nos pés, nos braços, na barriga, conforme a sua disposição, até que sucumbisse. Outras vezes mandava queimar os presos com pneus ou gasolina. Os que não morreram na altura sucumbiram aos poucos com dores horríveis, aos gritos, que deixavam a todos estarrecidos. E éramos obrigados a assistir a tudo isto e depois obrigados a enterrar os mortos, assim como carregar os que haviam resistido à sessão, que ficavam a sofrer no nosso meio até que sucumbissem. Era uma grande tortura, um grande martírio”...

maio3.jpg Saltando para o ano de 1980 – A UNITA fixa-se na JAMBA do Cuando-Cubango. Em Novembro, os antagonistas envolvem-se na 1ª batalha de Mavinga que resultou em mais de 800 mortes. O apoio sul-africano à UNITA viria a tornar-se mais efectivo com a invasão da província do Cunene, em 23 de Agosto de 1981 «Operação Protea», e a subsequente ocupação de uma faixa tampão na fronteira sul de Angola numa profundidade de 200 quilómetros, com o duplo objectivo de neutralizar as operações de guerrilha da Organização do Povo do Sudoeste Africano (South West Africa People’s Organization, SWAPO). O território da Namíbia, então ocupado por protectorado pelo África do Sul, teria de, por outro lado, estabelecer um ponto de partida para novas operações no interior de Angola.

A consolidação do domínio da UNITA nas províncias do Cunene e do Cuando-Cubango, na perspectiva da criação de um «bantustão» no sudeste angolano, era o propósito imediato. É nesta altura que o presidente José Eduardo dos Santos pede ao Secretário-Geral da ONU, Pérez de Cuéllar, a convocação do Conselho de Segurança da Nações Unidas para discutir a agressão sul-africana. Mas a resolução da condenação foi vetada pelos Estados Unidos, de acordo com a estratégia delineada por Washington e pela África do Sul para aniquilar as FAPLA e o MPLA ( O comunismo…).

fuga10.jpg A situação em todo o sul de Angola agrava-se com o aumento das hostilidades. A UNITA reforça-se militarmente em armamento e conselheiros militares e, com o apoio das administrações Reagan (EUA) e Thatcher (Grâ-Bretanha) e a ajuda do seu aliado sul-africano, desencadeia operações militares contra as bases da SWAPO, do Congresso Nacional Africano (African National Congress, ANC) e contra posições das FAPLA, para além de acções de sabotagem às linhas dos Caminhos de Ferro da Benguela (CFB), com destruição de infra-estruturas políticas e económicas e minagem de linhas de abastecimento, entre as populações de aldeias, vilas e cidades do sul de Angola.

O ano de 1981 – Ano da “Operação Protea” leva ao controlo militar da UNITA com a ajuda sul-africana, da Província do Cunene. Estavam ali sediados 8.000 guerrilheiros da UNITA, porem até a chegada das forças angolanos, Mavinga recebeu um reforço de 4.000 tropas da SADF (South African Defence Force), vindo a confrontar uma força de 18.000 soldados angolanos. Mavinga foi o primeiro passo no caminho para a Jamba-Cueio e para penetrar na Faixa de Caprivi. Ao tentar travar o seu avanço, os governamentais são surpreendidos por nova frente – 2ª Batalha de Mavinga, que provoca mais de 1.200 mortos. A UNITA sai vitoriosa e ocupa a cidade.

mavinga3.jpg O ataque a Mavinga foi uma derrota total para as forças angolanas, com baixas estimadas em 4.000 mortos. A manobra de contra-ataque das SADF, nomeada “Operação Modular” foi um êxito, forçando as tropas das FAPLA e das FAR a retroceder 200 quilómetros de volta a Cuito- Cuanavale numa perseguição constante através da Operação Hooper. Em 1984, assina-se o 1º acordo Luanda/ Pretória para a retirada das tropas cubanas e constituir-se uma comissão especial, militar/mista, de verificação das operações de recuo. No entanto, por várias vezes, os sul-africanos regressam a Angola em apoio da UNITA, utilizando o “Batalhão Búbalo”, composto essencialmente pelas topas da “Revolta do Leste”, de Daniel Chipenda além de voluntários de várias nacionalidades, entre os quais muitos portugueses.

Foram necessários mais quatro anos com repetidas pressões internacionais, para se chegar à primeira reunião tripartida de Londres, na qual pertenciam Angola/Estados Unidos da América, Cuba e África do Sul. Seguem-se novos encontros, em Brazaville, Nova Iorque e, finalmente, a assinatura de Washington. Estes, garantidos pelos norte-americanos e soviéticos, tornaram possível a independência da Namíbia e a retirada de 55.000 cubanos estacionados em Angola, no prazo de 27 meses. Pretória anuncia a retirada total dos sul-africanos de Angola, mas em contrapartida, os Estados Unidos da América, levantam o embargo de nome “Emenda Clark” passando a apoiar a UNITA – Estava-se em Julho de 1985…

mavinga2.jpg Com o início da estação seca, em Julho de 1987, e após um período de acumulação de material e grandes concentrações de infantaria, as forças armadas angolanas, as FAPLA, desencadearam uma ofensiva contra os centros vitais da UNITA em Mavinga e Jamba, conhecida como «Operação Saludando Octubre», a partir das vilas de Luena e do Cuito, contando com o apoio de artilharia pesada, de caças e bombardeiros soviéticos MIG-23 e SU-22, tanques T-62 e helicópteros de ataque ao solo MI-24/25. As forças governamentais, foram com tudo, contando com apoio de unidades motorizadas cubanas A «Operação Saludando Octubre», que envolveu a 16.ª, 21.ª, 47.ª, e 59.ª, Brigadas das FAPLA, tinha como objectivo a captura dos «SANTUÁRIOS DA UNITA» no sudeste de Angola.

A ofensiva das FAPLA colocou a UNITA numa posição insustentável; as bolsas de resistência criadas pela UNITA sob pressão contínua dos governamentais, tinham séries dificuldades em articular-se na perfeição. Perante a eventual derrocada das forças de Jonas Savimbi e a pedido deste, os sul-africanos, a partir das suas bases instaladas em território angolano e na Namíbia, desencadeiam as operações «Moduler8» e «Hooper», com o objectivo de parar a ofensiva angolana, lançando as suas melhores tropas e material militar de última geração, nomeadamente caças Mirage F1 AZ e aviões de ataque Impala, Lançadores Múltiplos de Foguetes (Multiple Rocket Launcher, MRL) e obuses G59…

fiume01.jpg Começa assim a maior batalha em África no pós 2ªguerra mundial. A Força Aérea Sul Africana (South African Air Force, SAAF) detendo o domínio do espaço aéreo no sul de Angola - o ponto fraco das FAPLA era precisamente a defesa antiaérea. O resultado foi a batalha de Cuito-Cuanavale, nome de uma vila situada na província de Cuando Cubango, numa zona de operações cruzada por vários rios, de terreno acidentado e lamacento, com cerca de 93.000 quilómetros quadrados. Esta campanha militar viria a determinar o futuro da África Austral. Após longos e sangrentos combates, o Estado-Maior das FAPLA e a Direcção Militar Soviética, a pretexto de melhorar o emprego das suas forças, decidiram que as quatro brigadas em operações se dividiam em duas colunas no caminho até Mavinga para, depois da travessia do rio Lomba, se reunirem. No entanto, este movimento viria a ser fatal para a ofensiva…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:52
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Sábado, 1 de Maio de 2021
MISSOSSO . XLII

ESTÓRIAS EQUECIDAS – 01.05.2021

Crónica 3144 - CHE GUEVARA NO CONGO BRAZZA - "A estória de um fracasso". Eu Furriel MIKE, estava ali tão perto de Dolisie, no lugar de Miconge  Velho a comer javali com os TE´s a comer macaco… Dolisie, também conhecida como Loubomo, é uma cidade da República do Congo, capital da região de Niari QUE FICA PERTO DA FRONTEIRA Norte de Cabinda…

guevara0.jpg

Por soba15.jpg T´Chingange no AlGharb do M´Puto

O General cubano Victor Dreke que acabou parceiro de Che Guevara na frustrada guerrilha do Congo, ainda em vida recordou: O guerrilheiro Ché, continuou a ter fãs na agora República Democrática do Congo Brazzaville. Dreke passou pelos quartéis da região; no mesmo dia da chegada, foi levado a uma casa onde estavam José María Tamayo, o "Papi", e o novo chefe da missão “Ramón” que era Che Guevara. Dreke, até ali, servia no Exército Central, na cidade de Santa Clara.

guevara5.jpg E, foi em Santa Clara de Cuba que recebeu uma proposta que o levaria a África. Aceitou participar sem saber do que se tratava. O pedido veio directamente de Fidel Castro: comandar uma missão especial recrutando 100 jovens soldados que seguiriam para um destino ainda desconhecido. O veterano Greke frisa que a adesão à guerrilha era voluntária. Quem aceitava deveria dizer à família que iria para um treino na União Soviética. Durante algumas semanas, os cem homens prepararam-se numa zona de mata sem acesso a energia eléctrica recebendo visitas frequentes de Fidel.

guevara1.jpg Naquele primeiro encontro, ele, o Ché "usava um corte de cabelo muito conservador, um grande bigode negro e um fato de tecido escuro, com uma gola dura de banqueiro e uma gravata de cores fortes", assim descreveu o escritor colombiano Gabriel García Márquez na revista Algarabía, num raro relato sobre o disfarce de Ché na ocasião”.

Sentado em um tronco feito banco, Dreke tentava entender o que se passava, enquanto "Ramón" remexia papéis na companhia de Osmany Cienfuegos, irmão de Camilo – terceiro maior nome da Revolução Cubana. O irmão de Camilo insistiu que o novo comandante não era um estranho. "Você conhece-o, “coño", exclamou! - "Companheiro, eu nunca o vi", respondeu Dreke. Foi então que Guevara se apresentou e chamou o subordinado pelo sobrenome…

guevara2.jpg Sem perceber, o futuro General passara por um teste imposto por Fidel aos homens que melhor conheciam Guevara. Era importante que nem eles conseguissem reconhecê-lo no disfarce. Com o ex-ministro prestes a entrar na clandestinidade, o regime temia que ele fosse capturado, executado e a sua morte atribuída ao Governo.

guevara3.jpg A 1 de abril de 1965, o trio formado por Ramón, Dreke e Tamayo iniciou o périplo rumo ao Congo em voos comerciais. Com passaportes falsos, passaram por Moscovo, capitais da Europa Oriental, Argel, Cairo e Nairóbi, até chegar a Dar-es-Salam, então capital da Tanzânia. De lá, seguiram para o Lago Tanganica, rota de travessia para o Congo. Com onze combatentes que se juntaram ao grupo ainda na Tanzânia, desembarcando no sudeste do Congo, a 24 de abril de 1965. O chefe, Guevara seria o "Doutor TATU", médico e tradutor.

Não foi uma escolha gratuita. Era ao contrário, confortável para Che. "Ele não ficou famoso ali como guerrilheiro, mas como médico. Como fazem os nossos na ilha e outros países, saía pela manhã visitando os lugares e distribuía os poucos medicamentos que tínhamos", relata Dreke. Nas primeiras reuniões, ele traduzia o que eu dizia. Sem entender o idioma, eu pensava: não falei tudo isso", conta Dreke, aos risos - "Ché falava francês e um pouco de outros dialectos.

guevara4.jpg Depois de sete meses, após constatar a pouca unidade dos soldados africanos e a perda de apoio internacional, Ché decidiu, contrariado, encerrar a primeira missão internacional do regime cubano. Mandou uma carta a Fidel Castro dizendo que Victor Dreke "era um dos pilares em que confiava". É assim que Che Guevara, inicia o seu relato sobre o movimento guerrilheiro que ajudou a organizar na República Democrática do Congo, em 1965, dois anos antes de ser morto na selva boliviana.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:12
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Segunda-feira, 3 de Fevereiro de 2020
MUJIMBO . CXII

Matumbices do T'Ching... 02.02.2020

KIBOM é um sorvete! - BALEIZÃO era e é ainda um gelado... KAICÓ é gelo com açúcar!

Por

soba15.jpg T´Chingange – No Nordeste brasileiro

CUBA LIBRE.jpg Karl Marx gostava de Kaicó! Com sua balalaika de vestir, referia-se ao “novo homem” que deveria emergir do triunfo da ideologia comunista. Isso aconteceria depois do triunfo histórico dos oprimidos sobre os opressores. Mas, que tem o Kaicó a ver com comunistas? É que eles também gostam do Olá e do KIBOM!

A criação do novo homem, para Marx, era vista puramente em termos materialistas. O “novo homem e a nova sociedade” seriam possíveis apenas pela derrota do capitalismo. Os meios de produção como fábricas e terras, por exemplo, não deveriam ser propriedade de uma pessoa, mas de toda a sociedade. Pois é! Alguns aproveitaram-se…

cuba libre3.jpeg No marxismo, para se chegar ao “novo homem”, é imperativo que se transformem primeiro as condições externas dos oprimidos. A história, contudo, não está do lado da visão marxista do homem - Danou-se!?

Em cada lugar em que sua revolução foi vitoriosa, quer na Rússia, na China ou em Cuba, o que se verificou não foi o surgimento do “novo homem", mas o surgimento do “novo opressor que curiosamente também gostam do KIBOM... Acho que Maduro da Venezuela, também gosta! Qual o problema do marxismo? Ele é vítima de uma visão superficial do homem porque não leva em conta o pecado... E, o mundo começou com pecado, lembram-se!

fifa3.jpg A única coisa que Nosso Senhor disse para não fazer, comer a maça - eles fizeram! A culpa é do Adão, NOÉ?! Da Eva, também! Comeram o fruto proibido não passando no teste da confiança! É por isso que agora andamos assim, desconstruídos... A auto emancipação do marxismo falha porque espera, ao mesmo tempo, muito e muito pouco: muito do homem, que consistentemente transforma sua capacidade criativa em fins de poder e, isso revolta alguns! É porque alguns são mais iguais que outros, NOÉ!?

cuba libre2.jpeg Assim, antes de sermos brancos ou negros, ricos ou pobres, educados ou sem estudo, somos criaturas que gostamos de Kaicó, de Olá, de Baleizão ou de KIBOM sem termos de ir à loja do povo solicitar solicitudes! E, porque hoje é segunda-feira amanhã forçosamente será terça feira!? Com ou sem comunistas o tempo continuará, sabem! Elementar - Tomara que não chova, chuva molhada... Amanhã penso comer um KIBOM como se fora Baleizão... Mas, Cuba - nunca mais!... Só mesmo a Cuba libre

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:39
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Terça-feira, 13 de Agosto de 2019
FRATERNIDADES . CXXII

ANDO ENKAFIFADO – 06.08.2019

“A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para se dizer”. Cristóvão Colombo era um português de Cuba sim senhor!

Por

soba0.jpegT´Chingange – Na Cuba de Colombo, no Alentejo

Meus amigos, devagar que tenho pressa! Recordo-me de no acampamento aonde dormi com meu pai quando e como brigadeiro, trabalhava na construção da ponte sobre o Rio Lucala no grande país que então era a Província Ultramarina de Angola. De ter ouvido hienas a chorar e urros distantes de leões; relembro os bidons ao redor do acampamento contendo tochas de fogo pela noite para as afugentar no distante ano de 1954, teria eu meus nove anos.

cuba9.png Nisto de recordações acabo por chegar ao conceito de se escrever ao jeito de Graciliano Ramos! “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra (malamba) foi feita para se dizer”. Com esse condão de elaborar um trabalho colocando no papel tudo aquilo que consegui observar na terra e nas pessoas, tentarei mostrar a sociedade actual, gente simples mas muito cheia de curiosidades. Foi um pouco a partir do nada que trabalhei a curiosidade ao descrever assuntos banais. E, fiquei também ciente de que o que toca a imortalidade é a obra e não o ser humano que perdura.

Afinal Cristóvão Colombo deu a volta ao Mundo! Suas cartas, reparos e pergaminhos devem ter ficado em um qualquer sótão que o tempo amareleceu. Vejam aqui tal ironia em seus procedimentos de honestidade, o estudo dos ventos e nós nos cordames das velas, das madeiras dos mastros e dos muitos segredos para justificar tanto sacrifício; longe estava de imaginar que numa parte deste mundo tanta gente daqui saída que agora se recorda com um Ginga Malaia, tradição trazida do Planalto do Sul de Angola pelos Xi-Colonos do Reino de Maconge; um reino que só existe em sonhos de candengues e, que no tempo se tornaram gente adulta…

Assim andei no meio de uma festa festejando a alegria, curtindo a juventude que resta, lembrando as farras do fundo do quintal da Luua, na Associação de Estudantes do Lubango e, vendo os netos dos amigos rodopiando em graçolas e risos contagiantes fingindo beber tinto e, terminando o engulo com um Plim-Plau. Assim deixando o tempo abraçar os cabelos grisalhos e os sulcos dos anos, a conversa começa do nada com um senhor na Tabena do Monte Pedral. Mais tarde seguiram-se as quase conferências nas tabernas do Arrufo, das Febras e do Lucas.

cuba4.jpg Nos últimos anos surgiram novos livros de investigação com a tese de que Cristóvão Colombo era português - de Cuba, no Alentejo - e não genovês, como conta a versão "oficial" da história. Será mesmo assim? O Núcleo de Amigos de Cuba e a Câmara Municipal organizam uma tarde de conferências no centro cultural da vila. Aqui, o luso-americano Manuel da Silva Rosa residente nos USA, argumentou que o documento aceite como testamento de Colombo, de 22 de Fevereiro de 1498, é falso.

Ora, este documento, sublinha Rosa, é o único em que Colombo aparece descrevendo-se como um tecelão de Génova. "Todos os outros documentos que falam de Génova são de terceiros", diz Manuel Rosa. "Há 200 ou 300 anos que os historiadores se apoiam neste testamento como prova de que ele era um tecelão de Itália – Um Genovês." Rosa, não está nada convencido desta tese, e explica porquê: um dia antes de morrer, a 19 de Maio de 1506, na cidade espanhola de Valhadolid, Colombo mandou chamar o notário e várias testemunhas para fazer uma adenda a um testamento que tinha feito em 1502.

Pedido a um morto - A adenda de 1506 ainda existe, no Arquivo Geral das Índias, em Sevilha; o testamento de 1502 é que já desapareceu. Em seu lugar, surgiu uma cópia do suposto testamento de 1498, apresentada por um Baltasar Colombo, cidadão de Génova, que dizia ser familiar do explorador. Afinal, estava a decidir-se uma das maiores heranças do mundo, no processo judicial que se seguiu à morte de Colombo. No testamento de 1498, Cristóvão Colombo pede a alguém já falecido, o príncipe D. Juan, filho dos reis de Espanha, que faça cumprir o documento, uma vez que o posto de almirante fazia parte da herança e eram os reis quem controlavam esses cargos.

cuba11.jpeg D. Juan morre a 6 de Outubro de 1497 - quatro meses e meio antes do testamento de 1498 ter sido escrito. "Se Colombo não soubesse que D. Juan tinha morrido, ficava a dúvida. Mas temos uma prova escrita de que ele sabia." Essa prova surgiu cerca de um mês depois da morte do príncipe: os filhos de Colombo, D. Fernando e D. Diego, tinham sido pajens de D. Juan, e existe o relato de um deles a dizer que o pai os enviou, a 2 de Novembro de 1492, para servir de pajens à rainha D. Isabel.

Portanto, conclui este historiador amador, Colombo soube da morte do príncipe pelo menos um mês depois e não iria assinar um documento três meses mais tarde a pedir a um morto para cumprir o testamento. Então, se não era de Génova, era de onde? "Com tudo o que sei hoje, só pode ter sido um nobre português ou estrangeiro que veio para Portugal muito novinho aprender a língua portuguesa como materna", diz Manuel Rosa. "Ele nunca escreveu em italiano. Escrevia em castelhano com palavras portuguesas. E quando escrevia para Itália, escrevia em castelhano."

cuba12.jpg Muitos mistérios em torno de Cristóvão Colombo continuam em aberto. Onde está sepultado - na República Dominicana? - É um deles. O que foi fazer para Espanha? Foi de facto trabalhar para os reis católicos, Fernando e Isabel? Ou era um agente secreto ao serviço do rei português D. João II, para desviar as atenções espanholas da costa africana e da descoberta do caminho marítimo para a Índia? Cristoval Colon, como era conhecido Colombo em Espanha, era o nome que inventou para se proteger?

Informático de profissão, a paixão de Manuel Rosa é investigar a vida do navegador. O resultado desse trabalho encontra-se nas 638 páginas da versão portuguesa do livro O Mistério Colombo Revelado (Ésquilo), publicado em 2006. Manuel Rosa continua na peugada de Colombo, e promete trazer alguns factos novos, numa nova edição do seu livro, mais concisa e clara. Esta tese sempre foi muito atacada, principalmente pelo facto de quem a investigou não ser licenciado em História. Também como ele estou convencido a "99 por cento" de que Colombo é português. Meus compadres assim confirmam.

cuca6.jpg O nome de Ilha de Cuba é em si uma razão de peso. Assim sendo, vou fazer mais o quê? As conversas das tabernas, misturam-se na memória e sai o que sai. O anteontem misturado com o amanhã num se Deus quiser. Hoje andam por aí feitos loucos procurando bichos chamados de pokémons debaixo dos chaparros esquecendo-se daquele grande navegador. Na excitação de contar coisas e partilhar ninharias, disparamos novas como se nos estivera, e está, na massa do sangue, o de sermos todos primos; as risotas por piadas de há muito repetidas; as promessas de esperanças que por décadas estão por realizar. Os sonhos das pradarias como palhas retesando-se ao vento…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 05:34
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Terça-feira, 28 de Março de 2017
CAZUMBI . LIII

CINZAS NO TEMPO - Andamos com o credo na boca, por causas alheias e à revelia da nossa vontade …

Cazumbi é feitiço ou mau-olhado em Kimbundu

Por

t´chingange 0.jpgT´Chingange

Gosto de fazer turismo integral; isto quer dizer que me apraz fazer o que qualquer um, cidadão, faz em seu quotidiano, aonde quer que seja. Isso não foi possível fazer em Cuba há uns bons dezasseis anos atrás. Tinhamos um guia de nome Mercedes, uma funcionária que nos dava indicações e uma outra funcionária governamental que vigiava esta. Em verdade, ambas andavam controladas por outros e pelo medo delas mesmo!

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Ficamos instalados no Malecon, marginal da baia de Cuba, lugar aonde os namorados iam passear em velhos galáxias, chevrolletes rabos de peixe prometendo coisas sonhadas ao ritmo de um bolero ou um merengue mambo caribeño. Carros que arrancavam a gasolina e depois rodando um botão passavam a consumir querosene e mistelas de graxa com biodiesel ou óleo queimado de fritar batatas!

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O cheiro era intenso e nauseabundo! O tal de “ El mujito” com hortelã era só nos sonhos escritos de Hemingway, esquinas roçadas de preguiça, casas despintadas, calles apiertadas e, umas silhuetas de “Ché el comandante”. El olor a mierda por entre los muros sim color, tambiem se hacia sentir! La Cuba romântica de los sonhadores… E, la mujer rindo com alguns dientes amarillos convidando nosotros a gozar la vida del amor. Pópilas!

cuba 0.jpg Percorremos a Ilha em um autocarro conduzido por um antigo combatente em Angola; tinha feito seu serviço militar naquele paraíso, palavras que ele calcou dando a entender ser lá muito melhor que aquella isla aonde agora estávamos. A várias perguntas minhas, ele respondeu, nada! Somente que aquella era el paraíso en la tierra. Foi para mim muito confrangedor dar de regalo, oferta de coisas que sendo insignificantes para nós, para eles, Cubanos, tinham alto valor.

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Esse alto valor eram simples esferográficas bic, chinelos de dedão, roupas geans e outras insignificâncias como bonés de marca e futilidades ocidentais. Muitos dos turistas em grupo nem se apercebiam ou não o queriam ver que ali em Varadero havia um apertado controlo aos naturais de Cuba! Em verdade era um território controlado por fronteiras apertadas e aonde só entravam para além dos turistas os trabalhadores dos hotéis e outros equipamentos de captação de divisas.

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Ao turista davam uma fita colorida que era posta no pulso e, esse era sinonimo de pedir o que quer que fosse tanto de bebida como comida. Claro que isto só se verificava nesta península cheia de belas praias, passeios pelas rias em barco com visão submarina, festivais de golfinhos e outros entretenimentos para agradar os Ocidentais vindos da tapurbana europeia.

CUBA LIBRE.jpg Deu para perceber que o controlo aos empregados era apertado pelas mensagens indirectas que nos transmitiam; tudo faziam para agradar e, daí advir uma gasosa extra, uma limosna, um agrado em dinheiro, sapatos ou roupa. Elas e eles enfeitavam nossas camas como se fossemos os príncipes das arábias; faziam arranjos com as roupas chamando a atenção do agrado! Sempre correria umas suplementares moedas.

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Estando agora no Brasil posso garantir estar este país a alguns anos em avanço social! Vivendo como um qualquer residente uso habitualmente o ónibus, os táxis de lotação e ando muito a pé por onde quer que seja e na maior liberdade! Em Cuba tinhamos disfarçadamente uns quantos policias à perna, cobrindo nosso itinerário e revezando-se no trajecto de forma dissimulada. Tudo parecia ser um gueto!

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O Brasil social, já nesse então estava muito para além daquela terra de Cuba aonde funcionam os comités de bairro, de trabalhadores e outros que tudo controlam. Falando com um engenheiro que nos conduzia em um ovomobile (uma moto com arranjos feito ovo e, com dois assentos para alem do condutor) a perguntas minhas foi-nos dizendo o grau de carências que vivenciavam!

che0.jpg Este sim! Longe dos olhos fiscalizadores disse tudo o que já sabíamos ser de ruim! Ele engenheiro de máquinas tinha de usar aquele escape para ganhar um pouco mais do que os míseros dez dólares que recebia de vencimento base por mês. Nem quis acreditar mas vim a confirmar que assim o era! Eu disse dez dólares! Minha nossa!

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Pelo que sei agora o Raul, irmão de Fidel está alugando médicos ao exterior. Há muitos no Brasil residindo com regras apertadas; a família fica lá em Cuba, uma forma de garantir o retorno e também manter-se em silêncio; ele não está autorizado a falar de sua terra e, sabe-se que aquele estado Isla Caribeña leva-lhe  metade do seu vencimento senão mais. O preço daquela liberdade é bem alto! É certo que anda muita gentinha a dizer que ali sim é uma terra boa; gente que gosta de viver com agrados de servidão…Só pode! Tenho amigos que vêm aquilo como coisa de outra galáxia! E, é! Só que do lado do purgatório.

cuba01.jpg Aquele mecânico do Ovomobile foi nos dizendo que os comités de trabalhadores rurais têm de fazer permanentes relatórios dando indicação de quantos animais as famílias têm e, se porventura abaterem um boi ou carneiro sem autorização são chamados à pedra respondendo em juízo como se um crime se tratasse. Ninguém está autorizado a apanhar fruta do chão; tudo é do estado; tudo tem de ser autorizado.

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A melhor carne, o melhor marisco como lagosta e camarão é todo para a exportação! Eles ficam com as patas pró mocotó, os rins, fígado e por aí! Não admira o tal chofer que fez serviço militar em Angola ter dito que aquilo sim; era um paraíso! Ainda insinuou dúvidas do porquê de termos deixado aquela terra mas ele, nada era naquela nomenclatura comunista; o pensamento é ali uma coisa muito perigosa…

cuba3.jpg Entrei em uma loja do povo e só vi imundice entre sacos de farinha, arroz e algum feijão! As prateleiras das vendas assim parecidas como as do m´Puto lá dos anos de 1880 estavam apetrechadas com aquelas mesmas bancadas, medidas de quartilho e instrumentos de museu para ensacar farinha e grãos. Cheirava a mijo de ratos e bagulho de baratas! Estive com uma caderneta sebenta de uso em minhas mãos e, é ali que eles apontam tudo do cabaz básico a que todo o cidadão tem direito. Não deu para ficar com pena deles porque não sou galinha! Talvez mereçam viver nessa tacanha maneira de ver tudo ao jeito bucólico! Viva Cuba, pois claro!

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:01
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Sexta-feira, 18 de Julho de 2014
KISANJI . XVI

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA XI de 11 Partes

Noticias de

                         

Nell Teixeira - Funcionário da  Fundación Campbell e Gestão ambiental – Barranquilla, Colombia

 A expressão de dor e os olhos brilhantes de Tony diziam tudo. Mas ninguém conseguia entender os murmúrios do garoto. Tony continuava batendo no peito, fechando seus olhos com força por causa da dor intensa oriunda de seu esforço. Seus executores ficaram nervosos, sem saber o que fazer. Levantaram e abaixaram seus rifles seguidas vezes. Olharam para seu comandante, que deu de ombros. Finalmente Tony levou a mão à sua face e arrancou a mordaça que o garoto propaganda de Del Toro havia mandado pôr nele. A voz do guerreiro de 20 anos saiu num grito forte: "Atire BEM AQUI!", urrou Tony para seus boquiabertos carrascos. Sua voz foi um estrondo e sua cabeça se inclinou para trás como consequência do esforço. "Bem aqui no PEITO!", gritou Tony. "Como um HOMEM!" Tony rasgou sua blusa, bateu em seu peito e com uma forte expressão de dor gritou para seus embasbacados executores: "Bem AQUI!".

 Em seu último dia de vida, quando estava na prisão, Tony recebeu uma carta de sua mãe: "Meu querido filho, quantas vezes te havia falado para não te envolveres em essas coisas... Mas eu sabia que minhas súplicas eram em vão. Sempre lutaste por tua liberdade, Tony, mesmo quando ainda eras uma criança. Eu sabia que você jamais toleraria o comunismo. Castro e Che por fim pegaram-te. Meu filho, amo-te do fundo do meu coração. Minha vida agora está em pedaços e nunca mais será a mesma. A única coisa que resta agora, Tony... é morreres como um homem". "FUEGO!!!", gritou Che. As balas despedaçaram o corpo mutilado de Tony, logo após ele ter chegado ao poste, se ter erguido por si próprio e encarado resolutamente seus assassinos. Mas o pelotão de fuzilamento de Che estava acostumado a matar pessoas que estavam de pé. Por estar sem uma perna, Tony era um alvo mais difícil. Assim, boa parte da saraivada de balas não acertou o jovem. Ainda vivo, era a hora do golpe de misericórdia.

   Normalmente, um projéctil de calibre 45 é suficiente para esmagar um crânio. De acordo com testemunhas, três alojaram-se no crânio de Tony. Parece que a mão do carrasco estava tremendo muito! Mas finalmente conseguiram matá-lo. O homem que a revista Time aclama como sendo um dos "heróis e ícones do Século" adicionava mais uma vítima à sua colecção. Mais um inimigo despachado - amarrado e amordaçado, como de costume. Fidel e Che tinham por volta de 35 anos quando mataram Tony. De acordo com o Livro Negro do Comunismo, seu pelotão de fuzilamento matou outros 14.000 guerreiros da liberdade, todos devidamente amarrados e amordaçados. Muitos (talvez a maioria) de suas vítimas eram jovens por volta dos 20 anos. Alguns, eram ainda mais novos.

Kisanji: -  Instrumento musical - tábua de forma rectangular, onde se fixam umas palhetas de metal que accionadas transmitem sons (Angola).

FIM DO TEMA

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Segunda-feira, 7 de Julho de 2014
KISANJI . XV

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA X de 11 Partes

Noticias de

Nell Teixeira Funcionário da  Fundación Campbell e Gestão ambiental.

          La Niña sofreu horrivelmente nas masmorras de Fidel (você pode ler as descrições das torturas aqui). Após ser solta, refugiou-se em Miami (na década de 60 ainda se podia sair de Cuba). Você acha que tal história é louvada por Oprah Winfrey? Acha que Hollywood está interessada em narrá-la, tendo Susan Sarandon no papel principal? Pense bem: temos aqui um dos temas favoritos dos produtores de Hollywood e das feministas em geral: a mulher brava e lutadora. Dificilmente uma mulher pode ser mais aguerrida do que Zoila Aguila, seu nome verdadeiro. Se ela tivesse lutado contra, digamos, Pinochet ou Somoza, certamente Hollywood e os editores de livros estariam dedicando toda atenção a ela. Mas, como ela lutou contra os garotos mais fotogênicos e queridos da esquerda, naturalmente ninguém queria ouviu falar dela.

   Após chegar a Havana em janeiro de 1959, Che Guevara imediatamente percebeu que o fosso ao redor da fortaleza La Cabaña era uma cova perfeita para jogar seus executados. Em Babi-Yar, em Kiev, a SS de Hitler teve de cavar suas fossas. Em La Cabaña, Che Guevara havia encontrado uma já pronta. Em 1961, um garoto de 20 anos chamado Tony Chao Flores, utilizando muletas e mancando pesadamente, chegou ao local onde seria executado. Ele já havia levado 17 tiros de metralhadoras checas quando os capangas de Fidel e Che o capturaram. No caminho para esse seu local de execução, que ficava na velha fortaleza espanhola transformada em prisão e centro de execução por Che Guevara, Tony foi forçado a descer mancando, sem quaisquer condições físicas e utilizando apenas muletas, uma longa escada feita de pedras esquadradas. Tony tropeçou, caiu e foi rolando a longa escadaria, até finalmente chegar ao chão, debatendo-se e gritando de dor. Uma das pernas de Tony, completamente baleada por metralhadoras, havia sido amputada, e a outra estava gangrenada e coberta de pus. Os guardas fidelistas, gargalhando, foram em direcção de Tony para amordaçá-lo para que assim, ele parasse de gritar.

   Enquanto eles se aproximavam, Tony cerrou o punho de sua única mão que ainda estava boa. Quando o primeiro vermelho se aproximou dele — BASH! — Tony desferiu-lhe um soco bem no olho. "Nunca entendi de como Tony conseguiu sobreviver àquela surra", disse Hiram Gonzalez, testemunha e ex-prisioneiro político, que observou toda a cena de sua cela na prisão de La Cabaña. O aleijado Tony quase foi morto no espancamento que se originou a seguir, envolvendo chutes, socos e coronhadas. Finalmente, seus agressores levantaram-se ofegantes, esfregando seus arranhões. Eles haviam conseguido amordaçar a boca do garoto, mas Tony conseguiu empurrar os guardas antes que eles conseguissem amarrar suas mãos. O comandante Guevara ordenou que seus capangas se mantivessem afastados de Tony estando ele ainda estirado no chão e com a boca amordaçada. Tony começou a rastejar em direção ao já estilhaçado e ensanguentado poste de execução, que estava a uns 45 metros de distância. Ele foi-se arrastando lentamente utilizando suas mãos; o toco do que restou da sua perna, ia deixando um rastro de sangue na grama. Quando chegou perto do poste, ele parou, virou-se para seus executores e começou a bater no próprio peito. Os capangas ficaram perplexos. O garoto aleijado estava tentando dizer alguma coisa. Mas sua mensagem estava abafada pela mordaça que o ídolo de Benicio Del Toro havia tornado obrigatória para suas milhares de vítimas.

Kisanji: -  Instrumento musical - tábua de forma rectangular, onde se fixam umas palhetas de metal que accionadas transmitem sons (Angola).

(Continua…)

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Sábado, 28 de Junho de 2014
KISANJI . XIV

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA  IX de 11 Partes

Noticias de

Nell Teixeira Funcionário da  Fundación Campbell e Gestão ambiental.

 Com apenas uma semana no poder, Che já havia abolido o habeas corpus. Além de afirmar que evidências judiciais eram detalhes burgueses arcaicos, ele complementava garbosamente dizendo que "executamos por convicção revolucionária!". Edwin Tetlow, correspondente do Daily Telegraph londrino em Havana, relatou sobre um "julgamento" em massa orquestrado por Che em que as sentenças de morte já estavam postadas em um quadro antes do julgamento começar. Ele assinava seu nome como "Stalin II", professava que "as soluções para o mundo estão atrás da Cortina de Ferro", e dizia confiantemente que "se os mísseis nucleares tivessem permanecido em Cuba, teríamos disparado contra o coração dos EUA, incluindo Nova York". Ele também afirmava que pela vitória do socialismo era válido ter "milhões de vítimas atômicas". Imediatamente após marchar vitorioso em Havana, Guevara saqueou e depois se mudou para aquela que provavelmente era a mais luxuosa mansão de Cuba.

 O proprietário dela havia conseguido fugir do país após ser caçado por um pelotão de fuzilamento, e o repórter que escreveu sobre a nova casa de Che em um jornal cubano foi ameaçado de morte por fuzilamento. Um ano depois, milhares de cubanos foram mandados para campos de trabalho forçado sob ordens de Che, tudo baseado em seu desejo de moldar "um novo homem". Comemorou efusivamente a invasão soviética e o consequente massacre de milhões de húngaros que resistiram ao imperialismo russo. De acordo com Guevara, aqueles húngaros que lutavam pela liberdade e resistiam à escravidão eram todos "fascistas e agentes da CIA". Apesar de seus fãs dizerem pomposamente que ele foi um médico formado, ninguém até hoje, após inúmeras tentativas, conseguiu localizar qualquer histórico sobre seu diploma de medicina. Logo após ser capturado na Bolívia, Che admitiu para o comandante da operação, o Capitão Gary Prado, que ele não era médico, mas tinha "algum conhecimento de medicina".

  Zoila Aguila

Em sua campanha de relocação e concentração de prisioneiros - que apequenava tudo que os britânicos fizeram aos Bóeres - os garbosos comunistas saquearam centenas de milhares de cubanos, despojando-os de suas casas e agrupando-os em campos de concentração no lado oposto de Cuba. Tive a oportunidade de entrevistar várias dessas famílias "realojadas". Uma dessas cubanas, esposa de um trabalhador rural, recusou-se a ser relocada. Após seu marido, filhos e sobrinhos terem sido todos assassinados pelo Galante Che e seus capangas, ela conseguiu apoderar-se de uma sub-metralhadora e de um pente de balas refugiando-se nas montanhas. Ela acabou se tornando uma rebelde. Os cubanos conheceram-na como La Niña Del Escambray. Ela passou um ano embrenhada nas montanhas, fugindo dos comunistas que varreram todas as localidades à sua procura. Até que um dia seu suprimento de munição acabou e os vermelhos a capturaram. Espantosamente, ela não foi executada (Che deve ter tirado um dia de folga), porém, durante anos, La Niña sofreu horrivelmente nas masmorras de Fidel (você pode ler as descrições das torturas aqui). Após ser solta, refugiou-se em Miami (na década de 60 ainda se podia sair de Cuba).

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 04:15
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Sábado, 21 de Junho de 2014
KISANJI . XIII

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA VIII de 11 Partes

Noticias de

  Nell Teixeira - Funcionário da  Fundación Campbell e Gestão ambiental.

 

 

    Ele, Che, aboliu o habeas corpus e o seu principal executor (o próprio Che Guevara) declarou que "evidências jurídicas são um arcaico detalhe burguês". Não obstante, a Escola de Direito de Harvard convidou-o como palestrante de honra e constrangedoramente irrompia em aplausos estrepitosos e ovações tumultuadas a cada três frases dele. Ele expulsou uma maior porcentagem de judeus de Cuba do que o Czar Nicolau da Rússia. Entretanto, o fundador da Shoah Foundation, Steven Spielberg, considera o jantar que teve com Fidel "as oito horas mais importantes da minha vida". Ele é o filho de um soldado europeu, branco como o lírio, que forçosamente derrubou um governo cubano em que negros ocupavam os cargos de presidente do Senado, ministro da Agricultura, ministro do Exército e Chefe de Estado (Fulgencio Batista, neto de escravos, nasceu em uma choupana com teto de palmeira). Ele encarcerou um prisioneiro político negro pelo período mais longo da história moderna (Eusebio Penalver, que sofreu mais tempo na masmorra de Castro do que Nelson Mandela sofreu nas masmorras da África do Sul). Hoje, de toda a população presa na Cuba stalinista/apartheidiana, 90% é composta por negros, ao passo que apenas 9% dos integrantes do partido estalinista dominante são negros. Ele sentenciou outros negros (Dr. Elias Biscet, Jorge Antunez) a 20 anos de prisão apenas por terem citado frases de Martin Luther King em praça pública. Não obstante, é tido como herói por negros como Danny Glover, Jesse Jackson e Charles Rangel, que não hesitam em dar-lhes fortes abraços.

 Apesar de ter transformado uma nação que tinha uma renda per capita maior do que metade dos países da Europa, a menor taxa de inflação do Ocidente, uma classe média maior que a da Suíça e um enorme influxo de imigrantes em uma nação que causa repúdio até nos haitianos, Colin Powell e o London Times reconhecem "as conquistas sociais da revolução fidelista". Hoje, trata-se de um regime que prende qualquer um que tente viajar de uma província de Cuba a outra sem os devidos "papéis" fornecidos pelo estado policial, e que metralha qualquer um que tentar sair do país.   Ernesto "Che" Guevara era o vice-comandante, o carrasco-chefe e o principal contacto da KGB em um regime que proibiu eleições e aboliu a propriedade privada. A polícia desse regime, supervisionada pela KGB e empregando a táctica "visita da meia-noite" e do "ataque pela manhã", capturou e enjaulou mais prisioneiros políticos em proporção à população do que Stalin e executou mais pessoas (em uma população de apenas 6,4 milhões) em seus primeiros 3 anos no poder do que Hitler (que comandava uma população de 70 milhões) em seus primeiros 6 anos.

 O regime que Che Guevara ajudou a fundar confiscou a poupança e a propriedade de 6,4 milhões de cidadãos e tornou refugiada 20% da população de uma nação até então inundada de imigrantes e cujos cidadãos haviam atingido um padrão de vida maior do que o padrão daqueles que residiam em metade da Europa. O regime de Che Guevara também destroçou - por meio de execuções, encarceramentos, expropriação em massa e exílio - virtualmente cada família da ilha cubana. Muitos oponentes do regime podem ser classificados como os prisioneiros políticos mais longevos da história moderna, tendo sofrido no Gulag guevarista - campos de concentração, trabalhos forçados e câmaras de tortura - durante um período de tempo três vezes maior do que Alexander Solzhenitsyn sofreu no Gulag estalinista.

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 23:27
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Segunda-feira, 16 de Junho de 2014
KISANJI . XII

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA VII de 11 Partes

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  Nell Teixeira Funcionário da Fundación Campbell e Gestão ambiental - Colombia

   Já em 1961, entretanto, operários e campesinos formavam a grande maioria dos rebeldes anti-Castro, principalmente as guerrilhas das montanhas Escambray. Quem é que já ouviu falar de camponeses pobres lutando contra seus benfeitores Fidel e Che? Antes de Castro tomar o poder, Cuba recebia mais imigrantes (principalmente da Europa) em proporção à sua população do que os EUA. E mais americanos viviam em Cuba do que cubanos viviam nos EUA. Ademais, naquela época, pneus, barris e caixas de isopor eram apenas isso, e não itens estimados no mercado negro para serem utilizados como dispositivos de flutuação marítima, sujeitando seus usuários - ingratos que fogem de seus libertadores – sujeitos a tubarões e intempéries da natureza. Em 1958, Cuba passava por uma rebelião, não uma revolução. Os cubanos queriam mudanças políticas e não um cataclismo socioeconómico. É uma questão de história o facto de que em Janeiro de 1959 os EUA deram seu reconhecimento diplomático ao regime de Fidel/Che mais rapidamente do que reconheceram o de Batista em 1952.

 Os arquivos do Departamento de Estado americano também mostram que os EUA impuseram um embargo de armas ao governo Batista e se recusaram a enviar armas pelas quais o governo cubano já havia pago. Os arquivos oficiais também documentam que o embaixador americano Earl T. Smith avisou pessoalmente Batista que ele não mais teria apoio do governo americano e, recomendando-lhe que deixasse Cuba. Batista teve seu asilo político negado nos EUA. Em 2001, em uma visita a Havana para uma conferência com Fidel Castro, Roberto Reynolds, o agente da CIA para o Caribe, responsável pelo gerenciamento da Revolução Cubana entre 1957 e 1960, declarou orgulhosamente que "Eu e toda a minha equipe éramos fidelistas". Robert Weicha, ex-agente da CIA lotado em Santiago de Cuba declarou que "Todos na CIA e todos no Departamento de Estado eram pró-Castro, excepto o embaixador Earl Smith.". Não obstante, todos aprendemos nos livros da história que "Che Guevara ajudou a derrubar o ditador cubano Fulgencio Batista, que era apoiado pelos EUA".

 A influência que Fidel Castro exerce sobre a “intelligentsia” só pode ser descrita como mágica, o que torna qualquer avaliação pública de seu regime por esses iluminados completamente despida de lógica. A saber: -Ele encarcerou e torturou a uma taxa maior do que Stalin e se recusa (diferentemente da África do Sul do apartheid, do Chile de Pinochet e da Nicarágua de Somoza) a permitir que a Amnistia Internacional ou a Cruz Vermelha inspeccionem suas prisões. Não obstante, Cuba ocupou a cadeira do Comité de Direitos Humanos da ONU, e quando de sua visita a Nova York como palestrante principal em 1995, a revista Newsweek aclamou Castro como "O Ticket Mais Quente de Manhattan", e a Time disse que ele era "A Celebridade de Manhattan", em referência ao enxame de pessoas da alta sociedade que o rodeavam e bajulavam pedindo autógrafos. Seu código penal ordena 2 anos de prisão para qualquer um que seja ouvido fazendo uma piada qualquer sobre ele. Não obstante, Jack Nicholson e Chevy Chase constantemente cantam-lhe glórias.

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:07
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Segunda-feira, 9 de Junho de 2014
KISANJI . XI

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA VI de 11 Partes

Noticias de

Nell Teixeira Nell Teixeira - Funcionário da Fundación Campbell e Gestão ambiental. Uma personalidade com seriedade, sabedoria, muito atento às notícias do mundo e, sempre portador de falas agraciadas com quem dá gosto compartilhar os segredos de viver.

   Utilizemos agora um estudo da ONU (ninguém menos!) sobre Cuba, de 1958. "Cuba possui uma enorme vantagem em sua integração nacional - em comparação aos outros países da América Latina - por causa de sua enorme e homogénea base de imigrantes espanhóis brancos. A pequena população negra de Cuba também é culturalmente integrada. Aqueles modos de produção feudal que existem no resto da América Latina não existem em Cuba. O camponês cubano não se parece com o camponês do resto da América Latina, que está preso à terra, é tradicionalista e se opõe às inovações que o levariam a uma economia de mercado. O camponês cubano, em todos os aspectos, é um homem moderno. Ele possui um nível educacional e uma familiaridade com métodos modernos que não é vista no resto da América Latina". Outra verdade escondida: "os trabalhadores pobres" não tiveram participação alguma na Revolução Cubana. A rebelião anti-Batista foi liderada e composta predominantemente por membros da classe média cubana, principalmente da classe média alta. Em Agosto de 1957, o movimento rebelde liderado por Fidel organizou uma "Greve Nacional" contra a ditadura de Batista - e ameaçou matar os trabalhadores que aparecessem para trabalhar. A "Greve Nacional" foi completamente ignorada.
  Outra greve foi organizada para o dia 9 de Abril de 1958. E novamente os trabalhadores cubanos ignoraram solenemente seus "libertadores", comparecendo em massa para trabalhar. Eis um outro relatório, agora da UNESCO, sobre Cuba, em 1957: "Uma característica da estrutura social de Cuba é sua grande classe média", começa o relatório. "Os trabalhadores cubanos são mais sindicalizados (proporcionalmente à sua população) do que os trabalhadores americanos. O salário médio para uma jornada de 8 horas diárias em Cuba em 1957 é maior do que para os trabalhadores da Bélgica, Dinamarca, França e Alemanha. A mão-de-obra cubana recebe 66,6% da renda interna bruta. Nos EUA, esse valor é de 70% e na Suíça, 64%. 44% dos cubanos são atendidos pela legislação social, uma percentagem maior que a dos EUA." Em 1958, Cuba tinha uma renda per-capita maior que a da Áustria e do Japão. Os trabalhadores da indústria cubana recebiam o oitavo maior salário do mundo. Na década de 50, os estivadores cubanos ganhavam mais por hora do que seus equivalentes em Nova Orleães e em São Francisco.

 Cuba já havia estabelecido a jornada de 8 horas diárias em 1933 - cinco anos antes de Roosevelt e seu New Deal imporem a mesma regra. E mais: um mês de férias pagas. As tão aclamadas (pela esquerda) social-democracias da Europa só conseguiram implementar esse sistema 30 anos depois. A mortalidade infantil em 1958 era a 13ª mais baixa - não da América Latina ou do Ocidente, mas do mundo. O analfabetismo já estava quase erradicado. Cuba era o país que mais gastava (23% do orçamento) com educação pública em toda a América Latina. Mais ainda: os cubanos não eram apenas alfabetizados; eram também cultos. Podiam ler George Orwell e Thomas Jefferson, bem como a arrebatadora sabedoria e cintilante prosa de Che Guevara. A rebelião anti-Batista (e não revolução), como dito, estava apinhada de universitários e profissionais liberais. Advogados desempregados abundavam (Fidel Castro, por exemplo). Observe a composição do primeiro gabinete da "revolução camponesa", composta pelos líderes do movimento anti-Batista: 7 advogados, 2 professores universitários, 3 estudantes universitários, 1 médico, 1 engenheiro, 1 arquitecto, 1 ex-prefeito e coronel que desertou do exército de Batista. Um grupo notoriamente "burguês", como poderia dizer Che.

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Segunda-feira, 2 de Junho de 2014
KISANJI . X

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA V de 11 Partes

Noticias de

Nell Teixeira Nell Teixeira - Funcionário da Fundación Campbell e Gestão ambiental. Uma personalidade com seriedade, sabedoria, muito atento às notícias do mundo e, sempre portador de falas agraciadas com quem dá gosto compartilhar os segredos de viver.

Che Guevara in vector
Dezenas de milhares de jovens cubanos aprenderam que as ameaças de Che Guevara eram mais do que mera linguagem bombástica. Centenas de soviéticos da KGB e "consultores" da STASI da Alemanha Oriental, que inundaram Cuba no início da década de 1960, encontraram em Guevara um acólito extremamente zeloso. Já em meados dos anos 60, o crime de se parecer com um "roqueiro" ou ter um comportamento efeminado fez com que a polícia secreta cubana retirasse das ruas e parques de Cuba milhares de jovens e os jogassem em campos de concentração que tinham os dizeres "O Trabalho Fará de Você um Homem" em seu portão principal, bem como homens com metralhadoras localizados estrategicamente em torres de observação. As iniciais desses campos eram UMAP, mas eles em nada diferiam de um GULAG.

Havana Vieja  Nell Teixeira - Cuba antes da revolução

O mito popular é que Cuba era um país com uma economia desintegrada e que Fidel melhorou a vida dos cubanos. Será? Nos meses seguintes à revolução cubana, por exemplo, o economista tcheco Radoslav Selucky visitou Cuba e tomou um susto: "Pensávamos que Cuba fosse um país subdesenvolvido que tivesse apenas algumas refinarias de açúcar!", escreveu quando voltou a Praga. "Mas não! Quase 25% da força de trabalho de Cuba estava empregada na indústria, onde os salários eram iguais aos salários pagos nos EUA!" - Agora, eis as palavras do próprio Che Guevara em 1961, após retornar a Cuba, junto com seus subordinados, de uma longa viagem ao Leste Europeu: "Não podemos dizer que só vimos maravilhas naqueles países", admitiu Che. (Considerando-se a natural propensão do povo cubano para o sarcasmo, é provável que Che tenha dito isso em resposta às zombarias e risadas de seus subalternos, que possivelmente ridicularizaram as — para eles — patéticas condições socioeconômicas das principais capitais do Leste Europeu — as quais Cuba deveria emular!)- "É natural que, para um cubano do século XX, acostumado a todos os luxos que o imperialismo lhe deu", escreveu Che Guevara, "muito do que ele viu (no Leste Europeu) parecesse-lhe algo típico de países subdesenvolvidos".

americano da década de 1940 jaz abandonado num bairro de Havana Em ... Mas não se intimide! Logo após se tornar ministro da economia de Cuba, Guevara já tinha planejado como tirar aquele sorriso de escárnio do rosto dos cubanos. Como o Czar da economia cubana, Che transformou uma nação que tinha uma renda per capita maior do que metade dos países da Europa, a menor taxa de inflação do Ocidente, uma classe média maior que a da Suíça, um enorme fluxo de imigrantes e cujos trabalhadores desfrutavam a oitava maior taxa salarial do mundo, em uma nação que causa repúdio até nos haitianos. E isso mesmo após receberem abundantes subsídios dos soviéticos, cujo total foi igual a dez Planos Marshall (isso para uma nação de apenas 6,4 milhões de habitantes) - um feito econômico que desafia não somente as leis econômicas mas que também parece desafiar a física. Se tem uma coisa com que os exilados cubanos concordam inteiramente com Fidel e Che é que eles são ícones do Terceiro Mundo. Afinal, ambos certamente conseguiram o feito aparentemente impossível de converter Cuba em uma nação do Terceiro Mundo.

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Sexta-feira, 23 de Maio de 2014
KISANJI . IX

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARAIV de 11 Partes

Noticias de

Nell Teixeira Nell Teixeira - Funcionário da Fundación Campbell e Gestão ambiental, jornalista e ex-operador de TV na Angola colonial, a viver em Puerto Colombia, Colombia. Uma personalidade com seriedade, sabedoria, muito atento às notícias do mundo e, sempre portador de falas agraciadas com quem dá gosto compartilhar os segredos de viver.

 Seus escritos revelam um jovem severamente problemático. "Minhas narinas se dilatam quando aprecio o odor acre da pólvora e do sangue. Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer inimigo que caia em minha mãos! Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao proletariado triunfante com um berro bestial!" - O termo "ódio" era uma constante em seus escritos: "Ódio como um elemento de luta"; "um ódio que é intransigente"; "um ódio que é tão violento que impulsiona um ser humano para além de suas limitações naturais, fazendo dele uma violenta e fria máquina de matar." - Dentre suas perturbadas fantasias, a mais proeminente era a implementação de um reino continental estalinista. Para atingir esse ideal, o jovem problemático almejava "milhões de vítimas atómicas". O perturbado jovem argentino também era arredio e desprezava todos ao seu redor: "Não tenho casa, não tenho mulher, não tenho pai, não tenho mãe, não tenho irmãos. Meus amigos só são amigos quando eles pensam ideologicamente como eu".
 Felizmente para ele, quando ainda era um vagabundo na Cidade do México, teve a sorte de encontrar um homem cujo julgamento sobre a psique humano era extremamente perspicaz. Este homem, um exilado cubano, diagnosticou correctamente a psicose do argentino e fez uma "intervenção" no momento certo, canalizando os talentos e anseios deste jovem problemático para fins considerados construtivos pela inteligência mundial: o estabelecimento do estalinismo. Rápidamente o argentino se viu lucrativamente empregado em Cuba. Seu intenso desejo por sangue foi amplamente satisfeito no extermínio de cubanos anticomunistas, uma espécie mamária que os iluminados de todo o mundo consideram uma peste insuportável. De início, o perturbado jovem argentino assumiu o papel de principal executor dos homicídios em massa de cubanos indefesos, estraçalhando os crânios de suas vítimas - que jaziam convulsionadas no chão - com tiros de sua própria pistola. Mas dado o aumento no volume de serviço, a tarefa acabou se tornando fatigante, o que fez com que o argentino designasse alguns capangas cubanos para o trabalho, facilitando dessa forma a matança em série.

 Não que ele se tenha distanciado da carnificina. Em realidade, ele se deliciava tanto com o processo que uma janela especial foi construída em seu escritório, permitindo que ele visse e se regozijasse com a orgia sangrenta no campo logo abaixo de sua janela. Em um famoso discurso em 1961, Che denunciou o "espírito de rebeldia" como sendo algo "repreensível". "A juventude deve abster-se de questionar de modo ingrato as ordens governamentais", ordenou Guevara. "Em vez disso, ela deve se dedicar completamente aos estudos (marxistas), ao trabalho (para o governo) e ao serviço militar (para matar os desobedientes)". E ai daqueles jovens "que ficarem acordados até tarde da noite e chegarem atrasados para o trabalho (forçado pelo governo)". Os jovens, escreveu Guevara, "devem aprender a pensar e a agir como uma massa única". "Aqueles que escolherem o próprio caminho" (como deixar o cabelo crescer e ouvir música imperialista ianque) serão denunciados como "dejetos" e "delinquentes". Em seu famoso discurso, Che Guevara até mesmo jurou "fazer com que o individualismo desapareça de Cuba! É criminoso pensar como indivíduos!"

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Sábado, 10 de Maio de 2014
KISANJI . VIII

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA III

Noticias de

Nell Teixeira Nell Teixeira - Funcionário da Fundación Campbell e Gestão ambiental, jornalista e ex-operador de TV na Angola colonial, a viver em Puerto Colombia, Colombia. Uma personalidade com seriedade, sabedoria, muito atento às notícias do mundo e, sempre portador de falas agraciadas com quem dá gosto compartilhar os segredos de viver.

Johnny Depp gosta de ostentar o rosto de Che em seus pingentes, blusas e bandanas. Tivesse ele nascido duas décadas antes em Cuba e tentasse ostentar esse estilo rebelde que lhe é peculiar, certamente teria sido enviado para um campo de concentração, onde seria obrigado a cavar fossos e túmulos - um sistema que foi criado pela primeira vez na América Latina exactamente pelo homem glorificado em seus adornos, Che. Já o célebre historiador Benicio Del Toro, que acaba de estrelar um filme no papel de seu herói, diz que "Che foi um daqueles caras que falavam e faziam. Era coerente. Sempre tem algo de grife em pessoas assim. Quanto mais vou conhecendo Che, mais o respeito". Aparentemente Del Toro se entusiasmou tanto com a imagem grife de Che que se esqueceu de examinar seu histórico, como comprova esse constrangedor vídeo em que uma jornalista cubana radicada em Miami humilha Del Toro, expondo toda sua ignorância sobre o passado de Che. Nenhuma pessoa em seu perfeito juízo vestiria uma camiseta estampando o rosto de Che. E nenhuma pessoa decente toleraria essa camisa em seus arredores. Porém, a gravura de Che Guevara é considerada a imagem mais reproduzida do século, embelezando desde camisetas e pôsteres, até biquínis e skates, passando por celulares e fraldas. Hollywood o glorifica em grandes produções e a revista Time o celebra como um ícone da mesma grandeza de Madre Teresa.

 Che e Fidel Castro

Nell Teixeira - Quem foi Che Guevara?

Mas como um sujeito horrendo, vazio, estúpido, sádico e epicamente idiota conseguiu um status tão icónico? A resposta é que esse nómada psicótico e completamente inexpressivo chamado Ernesto Guevara teve a magnífica sorte de associar-se ao maior assessor de imprensa da história moderna, Fidel Castro, que por meio século sempre foi capaz de manter toda a imprensa mundial diligentemente à espera de diretivas, correndo para ele a cada chamado seu, como pombos treinados. Caso Ernesto Guevara De La Serna y Lynch não se tivesse juntado a Raul e Fidel Castro na Cidade do México naquele fatídico verão de 1955; caso ele não se tivesse associado, um ano antes, a um exilado cubano na Guatemala chamado Nico Lopez, que mais tarde o apresentou a Raul e Fidel Castro na Cidade do México; tudo indica que Ernesto continuaria vivendo sua vida de viajante vagabundo, mendigando e molestando mulheres, dormindo em albergues inabitáveis e escrevendo poesia ilegível.

" Estou aqui nas montanhas de Cuba sedento por sangue", escreveu Che para a sua esposa abandonada em 1957. "Querido pai, hoje descobri que realmente gosto de matar", escreveu logo depois. O detalhe é que essa matança de que ele gostava, muito raramente era feita em combate; o que ele gostava mesmo era de matar à queima-roupa homens e garotos amarrados e vendados. "Quando você via aquele olhar extasiado em sua face, enquanto as vítimas eram amarradas aos postes e logo em seguido estouradas", disse a esse escritor um ex-prisioneiro político, "você percebia que havia algum distúrbio seriamente grave em Che Guevara". De fato, a única façanha genuína na vida de Che Guevara foi o homicídio em massa de homens e garotos indefesos. De sua própria arma, dezenas morreram. Sob suas ordens, milhares foram aniquilados. Em tudo o mais que fez, Che fracassou abismalmente, até hilariantemente. (Em um episódio cómico, durante a invasão da Baía dos Porcos, Che e seus homens estavam em um lugar completamente diferente da parte da ilha em que estava ocorrendo a acção. Mesmo assim, alguns exilados cubanos mandaram em sua direcção um pequeno barco carregado de fogos de artifício, uma mera táctica de distracção. O despreparado Che, liderando seus homens para uma ofensiva contra um barco completamente vazio, conseguiu a façanha de atirar em si próprio, acertando sua mandíbula. Deve ser um caso raro de um soldado que se fere sozinho com sua arma quando não há inimigo algum por perto...)

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Domingo, 4 de Maio de 2014
KISANJI . VII

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA-II

As escolhas de

Nell Teixeira Nell Teixeira

 Por outro lado, a revista Time, por exemplo, classificou honrosamente Che Guevara como uma das "100 Pessoas Mais Importantes do Século". Não satisfeitos com tão incompleto louvor, também o colocaram na sessão "Heróis e Ícones", ao lado de Anne Frank, Andrei Sakharov, Rosa Parks e Madre Teresa. Daqui em diante, as ironias vão ficando mais ricas. A mais popular versão da camiseta e do poster de Che, por exemplo, ostenta o slogan "Lute Contra a Opressão" sob sua famosa face. Essa é a face de um homem que fundou um regime que encarcerou mais de seu próprio povo do que Hitler e Stalin, e que declarou que "o individualismo deve desaparecer!". Em 1959, com a ajuda dos agentes soviéticos da GRU, o homem celebrado naquela camiseta ajudou a fundar, treinar e a doutrinar a polícia secreta cubana. "Sempre interrogue seus prisioneiros à noite", ordenava Che a seus capangas. "A resistência de um homem é sempre menor à noite". Hoje, um mural com o retrato de Che - o maior do mundo - adorna o Ministério do Interior, que é o quartel-general da KGB cubana - a polícia secreta treinada pela STASI. Nada poderia ser mais apropriado.

 O boxeador Mike Tyson costumava comemorar suas vitórias erguendo seus braços em triunfo. Em 2002, ele visitou Cuba e tatuou uma enorme imagem de Che em seu dorso. Desde então, ele tem sido horrível e impiedosamente surrado em absolutamente todas as suas lutas, um processo que é uma mímica perfeita do histórico de combate de seu ídolo. Que Mike Tyson aprenda: Che era de fato muito proficiente em castigar seus inimigos, milhares deles, mas somente após estes estarem devidamente amarrados, amordaçados e vendados — e creio que a Federação Nacional de Boxe não vai permitir isso. Quando a intelligentsia e todo o beautiful people presente no Festival de Cinema de Sundance (que incluía variedades como Al Gore, Sharon Stone, Meryl Streep e Paris Hilton) explodiu numa extasiante ovação ao filme Diários de Motocicleta, eles estavam aclamando um filme que glorificava um homem que havia encarcerado ou exilado os melhores escritores, poetas e cineastas independentes de Cuba, ao mesmo tempo em que transformava a imprensa e o cinema - tudo sob a mira de metralhadoras tchecas - em agências de propaganda do regime stalinista.

 O produtor executivo do filme, Robert Redford (que sempre inicia os festivais discursando longamente sobre a importância da liberdade artística), foi obrigado a exibir o filme para Fidel Castro e para a viúva de Che (que chefia o Centro de Estudos Che Guevara, em Cuba) antes de seu lançamento oficial, para ver se ambos aprovariam o resultado. Até onde se sabe, não houve gritos e protestos de "censura!" e "vendido!" para Redford. As tietés de Che são muitas e variadas. Christopher Hitchens, por exemplo, se maravilha com a "indomável rebeldia" de Che e nos assegura em seu mesmo artigo no New York Times que "Che não era um hipócrita". "1968” - Na verdade começou em 1967, com a morte de Che", reconta Hitchens. "Sua morte significou muito para mim, e para muitos como eu, na época. Ele era um modelo para todos".

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Segunda-feira, 28 de Abril de 2014
KISSANJI - VI

IDOLATRIA - O VERDADEIRO CHE GUEVARA- I

As escolhas de

Foto de Nell Teixeira. Nell Teixeira

 Ernesto Guevara de la Serna, conhecido como "Che" Guevara, foi um político, jornalista, escritor e médico argentino-cubano. Guevara foi um dos ideólogos e comandantes que lideraram a Revolução Cubana.

Há quase 50 anos, Ernesto "Che" Guevara recebeu uma grande dose de seu próprio remédio. Sem qualquer julgamento, ele foi declarado um assassino, posto contra um paredão e fuzilado. Historicamente falando, a justiça raramente foi tão bem feita. O ditado de que "tudo o que vai, volta" expressa bem uma situação igual a esta. "Execuções?", gritou Che Guevara enquanto discursava na glorificada Assembleia-geral da ONU, a 9 de Dezembro de 1964. "É claro que executamos!", declarou o ungido, gerando aplausos entusiasmados daquele venerável órgão. "E continuaremos executando enquanto for necessário! Estamos em uma guerra de morte contra os inimigos da revolução!" De acordo com O Livro Negro do Comunismo, escrito por estudiosos franceses de esquerda (ou seja, dificilmente uma mera publicação "direitista" ou de "fanáticos anticastristas de Miami"), ocorreram 14.000 execuções por fuzilamento em Cuba até o final de década de 1960.

 Não custa lembrar: (Slobodan Milosevic, foi a julgamento por ter ordenado 8.000 execuções. A mesma ONU que aplaudiu delirantemente a orgulhosa declaração de Che Guevara condenou Milosevic por "genocídio"). "Os fatos e números são incontestáveis", escreveu precisamente o New York Times, ícone da esquerda, sobre o "Livro Negro do Comunismo". Jose Vilasuso, um cubano que à época era promotor dos julgamentos comandados por Guevara, fugiu horrorizado e enojado com o que presenciou. Ele estima que Che promulgou mais de 400 sentenças de morte apenas nos primeiros meses em que comandava a prisão de La Cabaña. Um padre basco chamado Laki de Aspiazu, que sempre estava à mão para ouvir confissões e fazer a extrema unção, diz que Che pessoalmente ordenou 700 execuções por fuzilamento durante esse período. Já o jornalista cubano Luis Ortega, que conheceu Che ainda em 1954, escreveu em seu livro "Yo Soy El Che!" que o número real de pessoas que Guevara mandou fuzilar é de 1.892. Em seu livro, Che Guevara: A Biography, o autor Daniel James escreve que o próprio Che admitiu ter ordenado "milhares" de execuções durante o primeiro ano do regime de Fidel Castro. Felix Rodriguez, o agente cubano-americano da CIA que ajudou a caçar Che na Bolívia e que foi a última pessoa a interrogá-lo, diz que Che, em sua última conversação, admitiu "algumas milhares" de execuções. Mas fez pouco caso delas, dizendo que todas as vítimas eram "espiões imperialistas e agentes da CIA".

  "Eu não preciso de provas para executar um homem", gritou Che para um funcionário do judiciário cubano em 1959. "Eu só preciso saber que é necessário executá-lo!" As vítimas do regime fidelista, os "inimigos da revolução", foram uns dos mais empreendedores e valentes lutadores do século XX, junto com os Guerreiros da Liberdade Húngaros. Eles lutaram valente e desesperadamente, mesmo sabendo que praticamente não tinham chances. Eles lutavam até a última bala; e, normalmente, lutavam até a morte. No final, eram capturados, amordaçados e fuzilados por Che e seus seguidores. Os poucos sobreviventes vivem hoje em lugares como Miami e Nova Jersey, e podem ser considerados os prisioneiros políticos mais longevos e sofridos da história moderna. Porém, se você procurar sobre a história deles na grande mídia, sua empreitada será em vão. Afinal, eles lutaram contra a fina-flor do esquerdismo chique. Sendo assim, o heroísmo deles não é considerado um drama politicamente correcto.

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Sábado, 29 de Março de 2014
CAZUMBI . XL

VENEZUELA - Ocupação cubana . 3ª de 3 partes

Noticias de

Foto de Nell Teixeira.  Nell Teixeira

Gentileza: CAFÉ DA NOITE BLOG-O banco de dados está agora muito mais sofisticado, e o que é pior, é a informação que lida directamente com o regime de Havana

"Tudo aparece nestas listas.  Quer comprar um carro? Não é registado, qualquer transacção que você faz é gravada, sabem seu endereço e, sabem até se você comprou um apartamento.  Sabem as escolas aonde estão seus filhos, se você tem um passaporte, bem como o número do seu cartão ", disse a mesma fonte. "Eles usam essa informação para intimidar as pessoas.  Aos cubanos, foram entregues pelos Venezuelanos, nada menos do que a privacidade de seus cidadãos. Nós, lhes permitimos entrar em nossas casas, e invadir a nossa privacidade ", disse a fonte.

A cultura do medo também é prevalecente em instalações militares onde os oficiais venezuelanos são monitorados e, por vezes questionadas pelos cubanos. "Um soldado tem medo de falar com outro policial, porque ele não sabe se vai ser traído.  Está instalado o memo ambiente que governou a Europa Oriental no período da Guerra-fria; é a atmosfera que prevalece em Cuba ", disse ele. E o uso de mecanismos de controlo tende a aumentar nos próximos meses, à medida que aumentam os problemas de um Maduro politicamente fraco, que olha para os desafios à sua legitimidade com a crescente agitação social.

Com o correr do tempo, Maduro, vê-se assim inclinado a restringir cada vez mais as liberdades, aproximando-se ao controle social implementado em Cuba. Blogueira cubana - "Yoani Sanchez disse recentemente que os venezuelanos estão ficando como pássaro em gaiola e, se eles não contestam lutando, acabarão comendo alpista", lembrou Arria.

(Segue… Podridão, crime e infâmia)

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 Kimbo Lagoa



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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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