Quarta-feira, 14 de Maio de 2025
VIAGENS . 247

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM MARCIAL DACHALA

- Crónica 3679 – 14.05.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

dachala01.jpgApós a morte de Jonas Savimbi a 22 de  Fevereiro de 2002, Dachala atravessa  um deserto silencioso mas, a 30 de Abril de 2016 pude ler na sua página de Facebook  algo que aqui transcrevo na íntegra com a divina vénia :«Chega hoje, ao seu final, o mês de Abril. Desde 2002, na nossa Angola, Abril é o mês da Paz. Assim é porque  no dia 4 de Abril daquele ano que foi, formalmente, assinado, em Luanda, o Memorando de Entendimento Complementar do Luena

 «…Complementar porquanto o Memorando constituíu o culminar do processo, de normalização democrática e de paz  do nosso Pais, iniciado com "Os Acordos de Paz para Angola: Acordos de Bicesse" e continuado com "O Protocolo de Lusaka"

`…Por memoria , sublinhemo-lo, foram  signatários de Bicesse: o Engenheiro José Eduardo dos Santos, naquela altura, Presidente da Republica Popular de Angola, e o Dr. Jonas Malheiro Savimbi, então, Presidente da UNITA. Tornou-se inevitável falar-se em Abril, há quatorze anos, dos ganhos da paz.»

dachala1.jpg«...Entre outros, evoca-se sistemáticamente: a reabilitação de infraestruturas; o exemplo angolano no que tange a resolução de conflitos; a reconciliação nacional sem, no entanto, se enumerar o seu conteúdo substantivo, nem monumento. De facto o monumento sito na cidade do Luena só veicula, simbólicamente, a paz sendo também esta palavra a única. gravada em sua base.»

«…Para quando o monumento à reconciliação nacional? De todos os ganhos da paz que são, evidentemente, discutíveis no contexto do nosso ainda adolescente sistema democrático, há um de que nunca se faz menção: o sentimento de SEGURANÇA

«…Tal, se deve, de certeza, à sua evidência como alicerce da paz. Assim, neste último dia do mês da nossa, igualmente, adolescente paz, cumpre-me humildemente apelar, a todos meus compatriotas, para cooperarmos da construção e consolidação da Certeza de Segurança, cujo sentimento, a paz nos proporciona desde o ano de 2002.»

dia142.jpg «… Para este desiderato há patrioticamente, cadernos de encargos para cada um de nós como filhos e cidadãos do nosso Pais:  entidades  tradicionais; entidades eclesiásticas; homens e mulheres do saber multifacetado; políticos; militares; policias; empreendedores; jovens, empregados… Também funcionários mais estudantes e os nossos queridos pais e as nossas amadas mães. Acima de tudo, que O ALTO, ilumine cada um, na parte que lhe toca… M.A Dachala.» (fim de citação)…

Neste texto que, quase surge como encíclica no utilizar da lógica da segurança, pois que se compreende subtilmente haver um governo que sempre tenta intimidar e limitar a oposição, justificando tácticas que visam camuflar a manipulação do processo; assim como uma aparência de estar legitimamente a proteger a paz e a estabilidade. Esta narrativa de paz eleva a necessidade de estabilidade e ordem acima da justiça e de eleições livres e transparentes.

ÁFRICA7.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e Wiquipédia…

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:59
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Sexta-feira, 25 de Abril de 2025
VIAGENS . 246

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM MARCIAL DACHALA

- Crónica 3677 – 25.04.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

dachala1.jpg Foi nos anos de 1987 a 1989 que tomei contacto com Marcial Dachala, da UNITA  e, que só muito mais tarde vim a saber ter o nome de guerra de "Salundilili".  Creio que Dachala, era nesse então, o Representante Adjunto da UNITA em Portugal. E, sendo eu, Presidente do Comité de Lagoa do M´Puto na Diáspora, era lógico termos frequentes encontros em lugares, por norma, combinados quase em cima do acontecimento.

Em Portugal e naqueles anos, o meu telefone estava grampeado pela Policia Secreta Tuga - Foi o tempo de em Portugal se dar luta sem justificação plausível à UNITA durante aquela guerra na sequência do primeiro conflito de tundamunjila e, que culminou na Batalha de Kuito Cuanavale entre 15 de Novembro de 1987 e fins de Março de 1988.

Foram sempre encontros de grande empatia. Normalmente almoçávamos em casa de um militante e, em pleno mato, pois era em verdade um caserio envolto em ruinas, no meio dum descampado, no lugar de Alfanzina da Freguesia de Porches. Era ai, na casa de Veiga que, por norma nos encontrávamos.

dachala8.jpg Veiga recordava com saudade a fazenda de seu pai chamada de Chitatamera situada perto da cidade da Gabela. Agora, sou eu a recordar este amigo que já se foi para seu álem de Chitamera, lá nas nuvens… Posso recordar Dachala deliciando-se  com as patas da galinha da gostosa canja que a esposa de Veiga nos preparava.

Os churrascos de pica-no-chão eram sempre feitos com grande esmero; tudo acompanhado com jindungo, daquele que picava p´ra caramba e a que Veiga chamava de onoto - só ele, lhe dava esse nome dizendo que cheirava a chibo. Ali levávamos horas repassando recordações acompanhadas com acepipes que Veiga, ali fazia, na hora…

Naquele então, Portugal estava totalmente submisso ao governo do MPLA, movendo-se por interesses de lesa-pátria e por esquerdoidos saídos dum tal de MFA que se perpetuaram no tempo. Sabiam de todos os nossos passos e, até mesmo em kizombas de amigos se faziam notar à socapa; socapa aonde  estranhos, pareciam sondar tudo sobre nós e o Movimento UNITA que virou Partido de âmbito Nacional. Tempos espantados de inquietude.

Dachala7.png Revejo isto agora, que já vamos longe no tempo., omitindo o dizer de coisas para segurança dos meus heróis, gente incógnita que não abandonaram os ideais de liberdade. Recorde-se que a Batalha de Kuíto Kuanavale foi o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana. E, aconteceu  no sul de Angola, província de Cuando-Cubango…

Era muito agradável dialogar com Dachala Salundilili politico de primeira linha. Sempre dizia as coisas de um jeito perfumado: A UNITA é, inicialmente, um sonho. É dono deste sonho o Dr. Jonas Malheiro Savimbi. Este sonho é resultante das profundas marcas em sua vida. Desde o lar paterno passando pelos diferentes meios onde, socialmente, foi chamado a exercer-se. Assim o foi, tanto como estudante como depois como activista…

AUJO240.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e Wiquipédia…

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:49
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Sábado, 19 de Abril de 2025
VIAGENS . 245

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU

- Crónica 3676 – 19.04.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

ara3.jpg Para terminar este capitulo de vida de Abel Chivukuvuku até à presente data convêm frisar que, nove dias após a legalização do partido por si liderado PRA-JA Servir Angola a 7 de Outubro de 2024, o Presidente João Lourenço nomeia-o membro do Conselho da República de Angola a 16 de Outubro de 2024.

A vacatura no referido Órgão, foi conhecida por uma nota divulgada na página de Facebook da presidência angolana. Este Órgão colegial consultivo do Chefe de Estado integra a Vice-Presidente da República, a presidente da Assembleia Nacional, o Procurador Geral da República, os líderes dos partidos políticos com assento parlamentar, a vice-presidente do MPLA e entidades da sociedade civil, como o jornalista Ismael Mateus, recentemente falecido.

Chivukuvuku integra também a Frente Patriótica Unida (FPU) uma plataforma criada nas eleições gerais de 2022, liderada pela UNITA e coordenada por Adalberto Costa Júnior, coadjuvado por Abel Chivukuvuku e pelo presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes.

praia3.jpeg Na abertura do ano parlamentar, o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola Adalberto Costa Júnior, considerou que a legalização do PRA-JA Servir Angola teve motivações políticas, alegadamente para desestabilizar a Frente Patriótica Unida (FPU), garantindo que a plataforma da oposição "está estável".

"O Tribunal Constitucional não dependeu completamente de si. Esses factores vieram de terceiros para que essa vontade fosse cumprida e hoje acaba por nos testar de que o tinha capacidade de poder constituir formação política nos termos da lei dos partidos políticos", afirmou à DW, o jurista angolano Manuel Cornélio.

Nos Cadernos de Estudos Africanos pude recordar e apreender que a guerra acabou permanentemente em Angola, mas o combate político apenas continua. As eleições de agosto de 2022 mostraram-nos que a população votou pela mudança e que existem fortes indícios de que a oposição poderá ter efectivamente ganho as eleições.

Chivukuvuku.webp No entanto, esta mesma oposição não conseguiu definir uma postura estratégica para que a verdade eleitoral fale mais alto do que o medo. Os próximos dois anos continuam difíceis para a oposição em Angola. A Frente Patriótica Unida terá de preparar uma estratégia para sobreviver até 2027, organizando-se melhor para tentar garantir a verdade eleitoral no próximo pleito eleitoral de 2027.

Entre outras possibilidades, colocam-se à oposição duas vias de acção estratégica. Uma primeira via poderá ser a de continuar no sentido que vem seguindo, da crítica apaziguada com debates no Parlamento e alguns comícios e pronunciamentos públicos sobre injustiças e violações da lei. Uma segunda via poderá ser a de encetar uma luta política de atrito, que desgaste o regime e o exponha cada vez mais. Defende-se neste texto que só a segunda via poderá garantir alguma hipótese de sucesso para a oposição, denunciando a corrupção,  a  falta de emprego e a inerente sempre perene vida de pobreza…

ango1.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa e Wiquipédia…

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:40
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Segunda-feira, 14 de Abril de 2025
VIAGENS . 244

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU

- Crónica 3675 – 14.04.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

ARAUJO245.jpg Chivukuvuku lamentou a sua retirada da UNITA mas, declarou que a sua decisão resultou da necessidade de trilhar um novo caminho e, também por não lhe restarem outras alternativas. O antigo dirigente da UNITA, Abel Chivukuvuku oficializou a sua saída do maior partido da oposição angolana juntando mais de duas centenas de apoiantes num acto que marcou a sua apresentação como candidato presidencial.

E surge uma nova etapa na vida do Abel. À nova organização política encabeçada por ele, Chivukuvuku, foi chamada de  Convergência Ampla de Salvação Nacional (CASA), O Congresso Constitutivo desta organização política, acontece nos dias 3 e 4 de Abril de 2012; para além de Abel Chivukuvuku constam Odeth Baca Joaquim e Augusto Makuta Nkondo, na qualidade de fundadores desta larga coligação e, com a nova designação de CASA-CE

Esta coligação (CASA-CE), faria frente tanto a UNITA e Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), quanto ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). A CASA-CE uniu as seguintes agremiações partidárias: Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Partido de Apoio para Democracia e Desenvolvimento de Angola – Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido Pacífico  fundação esta coligação consegue atrair André de Carvalho Miau sido do  MPLA…

ARAUJO252.jpg Em sua primeira eleição, no ano de 2012, elegeu oito representantes para a Assembleia Nacional, conseguindo aproximadamente 6,0% dos votos. Nas eleições de 2017 a coligação teve resultado ainda mais robusto, dobrando o número de parlamentares.

Em Fevereiro de 2019 Chivukuvuku foi destituído da liderança da CASA-CE, tomando seu lugar André de Carvalho Miau, e depois Manuel Fernandes que tentou fundar o "Partido do Renascimento Angolano-Juntos por Angola" (PRA JA-Servir Angola), mas que teve o pedido indeferido sendo obrigado a refilar-se à UNITA para participar das eleições gerais de Angola de 2022

Nas eleições de 2022, porém, a coligação CASA.CE, teve seu pior resultado, perdendo todos os assentos do parlamento. Manuel Fernandes como cabeça de lista, teve o seu pior resultado eleitoral, perdendo todos os 16 assentos das eleições de 2017.

A 7 de Outubro de 2024 o Tribunal Constitucional de Angola,  legaliza o PRA-JA. A instância de justiça considerou que a Comissão Instaladora do partido de Abel Chivukuvuku, obteve luz verde. Assim, o dito Orgão, entendeu legalizar o PRA-JA porque preencheu todos os requisitos exigidos por lei, quatro anos depois de um  chumbo.

ARAUJO 171.jpg Para surpresa de muitos políticos de nomeada, das várias áreas politicas, instigam tão alta distinção dando azo a polémica  por esta nomeação, Abel Chivukuvuku que foi nomeado numa quarta-feira (16.10.24) pelo Presidente João Lourenço como membro do Conselho da República. Chivukuvuku, presidente do recém legalizado partido PRA-JA Servir Angola, vai ocupar a vaga deixada pelo jornalista e escritor Ismael Mateus, falecido recentemente vítima de acidente, em Luanda.

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Ilustrações aleatória de Costa Araújo

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa e Wiquipédia…

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:50
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Domingo, 30 de Março de 2025
VIAGENS . 243

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU

- Crónica 3673 – 30.03.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

luanda16.jpg ... «O plano, tratou de questões como a desmilitarização da UNITA e a sua reestruturação num partido político reconhecido e legítimo»… Uma amnistia geral a fim de promover a reconciliação nacional, a reposição da administração do Estado em todo o território, a aprovação duma nova Constituição, a elaboração de um registo eleitoral antes de realizar eleições e a promoção da tolerância e do perdão.

As partes beligerantes assinaram o Memorandum de Entendimento. Este foi assinado no dia 30 de Março de 2002, no Luena, província do Moxico, entre as chefias militares. Foram figuras de destaque: General Nunda da parte do Governo e General Abreu “Kamorteiro” da parte da UNITA.

Alguns dias depois assinou-se o Memorandum Complementar ao Protocolo de Lusaka. A Cerimónia de assinatura realizou-se no Palácio dos Congressos no dia 4 de Abril de 2002, em Luanda, e assinado pelas chefias militares nomeadamente: General Armando da Cruz Neto, então chefe do Estado-Maior das FAA e General Abreu “Kamorteiro”, chefe do Estado-Maior da UNITA.

Luanda14.jpg O dia 4 de 2002 é assim lembrado na História de Angola como o dia da Paz, pois nesse dia foi assinado o Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka, pondo-se assim fim a cerca de 41 anos de guerra em Angola. De lembrar que logo a seguir o IX Congresso da UNITA que elege Isaías Samakuva como Presidente do Partido, Abel Chivukuvuku, destaca-se  em  seu “Estado-maior da Campanha”.

Abel Chivukuvuku que foi líder da bancada parlamentar da UNITA entre 1997 e 1998, foi secretário para os Assuntos Parlamentares e director da candidatura de Isaías Samakuva à presidência da UNITA, no congresso de 2003, onde foi eleito Secretário para os Assuntos Constitucionais e Eleitorais. A UNITA Renovada e outros elementos dissidentes foram neste então, reintegrados…

Luanda15.png Assim, no X Congresso Ordinário, que teve lugar em Viana, Luanda de 16 à 19 de Julho de 2007 surgem dois candidatos: Isaías Samakuva e Abel Chivukuvuku. Desta feita Isaías Samakuva é reeleito à Presidência da UNITA.  Este Congresso debateu vários aspectos com maior realce na realização das segundas eleições em Angola, 16 anos depois das eleições de 1992, sendo estas, as primeiras eleições gerais.

O afastamento voluntário de Chivukuvuku de liderança da UNITA pós-Savimbi consolidou-se em 2007, pois que,  concorrendo isoladamente contra Isaías Samakuva para a presidência da UNITA é derrotado. Esta derrota, confinou-o desde então ao papel de mero espectador da cena política angolana.

Luanda13.jpg A UNITA, concorrendo às eleições parlamentares de Angola em Setembro de 2008, obteve pouco mais de 10%, tornando-se num partido com poucas condições para exercer funções efectivas de oposição. Manifestando desde 2010 a sua insatisfação com e postura intransigente e pouco pragmática da UNITA e do seu presidente, Isaías Samakuva, Chivukuvuku demite-se como membro da UNITA, fundando em Março de 2012 um novo movimento partidário…

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa e Wiquipédia…

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O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:31
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Terça-feira, 4 de Março de 2025
VIAGENS . 240

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU

- Crónica 3669 – 04.03.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

unita002.jpg O VIII Congresso da UNITA, teve lugar no Bailundo, Província do Huambo de 7 a 11 de Fevereiro de 1995. A busca de unidade entre os membros do Partido com vista a implementação do Protocolo de Lusaka foi seu maior objectivo. O aquartelamento, desarmamento e desmobilização das forças e a entrega do território administrado pela UNITA à administração central do Estado, foram as decisões tomadas durante o evento.

Neste Congresso, foi abordada  a incorporação dos generais da UNITA nas FAA. Neste evento, Abel Chivukuvuku foi demitido das funções de Secretário para as Relações Exteriores  Eugénio Manuvakola, subscritor do protocolo de Lusaka sem o aval de Savimbi, e em nome da UNITA, para além de ser preso, foi demitido do cargo de Secretário-Geral…

Abel Chivukuvuku era do Bailundo. Ekuikui III , o então rei do planalto, era seu tio.  Andava no ar a ideia de que Abel tinha planos para afastar o Mais-Velho mas, a quietude dele em sua modesta casa junto à família e esclarecimentos mais recentes de sua resiliência em Luanda, foi desvanecendo esse estado de  desconfiança.

143.jpg Em certo dia, o general Gato que ocupava o então posto de Secretário-Geral do Movimento,  conhecedor da mais valia em ter Chivukuvuku como alguém que cria ideias, capaz de pensar no futuro do Movimento, tenta fazer entender ao Mais-Velho por forma a recuperá-lo do ostracismo a que estava a ser sujeito.

É assim que um dia ao entardecer, surge um sobrinho de Abel, Jobito Chimbili, com a informação de que o presidente pretendia vê-lo. E, assim o foi! Em hora aprazada Abel, encontra Jonas Savimbi em seu lugar de Estado-Maior em companhia de seu secretário-Geral Lukamba Gato.

O Mais-Velho, estende-lhe a mão  acto continuo pede-lhe desculpas por tudo o que aconteceu. Nós recebemos muitas informações contraditórias e, por não sabermos o que aconteceu, comportámo-nos de forma errada.  Embora Abel não consiga esconder sua indignação a solução tem bem expressa do mais-Velho: com Abel Abel foi: -vamos trabalhar juntos!

mike1.jpg Abel atendendo os subterfúgios,  a confusão que se gerou em volta dele, defende que a direcção da UNITA deveria ter lidado com a situação de forma mais inteligente. Estou magoado sim! Sofri muito em Luanda,  não obstante, chegado aqui, ainda tive de enfrentar toda a animosidade, um ambiente pesado de desconfiança na minha pessoa.

A um encolher de ombros do Mais-Velho: Tudo bem, compreendo! A partir de agora ficas a trabalhar directamente comigo. E, aconteceu rápido! Sendo assim, vai estar ao lado de Savimbi no dia 6 de Maio de 1995, quando este se reúne com o presidente José Eduardo dos Santos, em Lusaka. Enquanto Savimbi reconhece Dos Santos como presidente legitimo, este  aceita Jonas Savimbi com um “estatuto especial” como dirigente do maior partida da oposição… 

chivukuvuku2.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa.

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O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:05
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Quinta-feira, 27 de Fevereiro de 2025
VIAGENS . 239

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU

- Crónica 3668 – 27.02.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

fiat1.jpg A 20 de Novembro de 1994, o governo angolano  participou em Lusaka da Zâmbia, na assinatura de um protocolo de paz com a UNITA. Abel Chivukuvuku recebeu um convite das Nações Unidas para assistir ao acto. Fazendo parte da delegação com demais elementos da UNITA, mal o avião aterra na Zâmbia, Abel resolve abandonar o grupo.

Não obstante e, de forma calculada deixar sua mala no hotel aonde se encontrava a delegação mais seus companheiros do Galo Negro, compareceu à cerimónia integrado na delegação da UNITA, logo atrás do brigadeiro António Chassamba  e de Eugénio Manuvakola.

Após a assinatura do Protocolo de Lusaka, contrariando o itinerário pré-programado pela gestão da Delegação, voou para Kinshasa aonde se encontra com sua irmã Namby Dachala; Segue daqui para o Andulo, já em Angola, e em zonas já da jurisdição da UNITA, dirige-se ao Bailundo.

unita21.png Desta feita e já em veículo militar do Movimento/Partido, já muito próximo de seu destino final, a coluna  de viaturas faz uma pequena paragem, encontrando-se com o general T´chata e Isaías Samakuva; aqui e, segundo a descrição do livro de Vidas e Mortes de Abel, estes destacados dirigentes advertem Abel a reflectir naquilo que irá dizer a Jonas Savimbi pois que este está raivosamente desapontado com o assunto Lusaka..

O facto de ter estado em Luanda concertando sobrevivência sabe-se lá como, com as gentes do MPLA, na desconfiança sempre latente do Mais-Velho Jonas,  haveria uma suposta sujeição a outras ideias ou mesmo uma  lavagem cerebral por forma a dar novo rumo aos acontecimentos…

Chivukuvuku foi reparando no comportamento de seus companheiros, um certo distanciamento como se nele houvesse algo de pecaminoso. E, foi no dia 31 de Dezembro de 1994 no Hotel Girassol que um grupo de dirigentes do Movimento/Partido  ouviu Savimbi.

chivukuvuku2.jpg Com a presença de Alcides Sakala e Lukamba Gato, o líder da UNITA, sem referir nomes, lançou um cerrado ataque os elementos intervenientes na assinatura do Protocolo mencionando que os mesmos se teriam deixado seduzir pelas luzes de Luanda. Perante o que ouviu naquele Hotel Girassol, Abel ficou bem apreensivo; não obstante ficar  numa situação de desmilinguido, foi chamado pelo Mais-Velho Jonas a juntar-se à foto de família.

Por sua cabeça, rondavam pensamentos adversos congeminando medrosas duvidas.  Era óbvio que Abel sabia de que poucos minutos antes da formalidade das assinaturas em Lusaka, Eugénio Manuvakola, recebeu peremptórias instruções de Savimbi, para não ratificar o documento e abandonar Lusaka. Estava na mente, no proceder e julgamento  de o ser plausível, um suposto agente do MPLA…

guerra13.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa.

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:05
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Terça-feira, 25 de Fevereiro de 2025
VIAGENS . 238

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU

- Crónica 3667 – 25.02.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

mavinga1.jpg Enquanto sob custódia, Abel Chivukuvuku ficou alguns meses em regime de residência vigiada com dois policias à porta, e na alçada do Ministério da Defesa; se bem recordo era um lugar bem perto do Kinaxixe. Em Janeiro de 1993, o MPLA, decide que todos os deputados eleitos pela UNITA, e que estavam sob custódia do governo, deveriam tomar lugar na Assembleia Nacional.

Entre estes deputados estava Carlos Morgado que era muito próximo a Abel. Em Dezembro de 1993, mais de um ano depois de ter sido capturado, Abel Chivukuvuku deixa finalmente o Ministério da Defesa indo viver para o Hotel Tivoli. Neste meio tempo, houve momentos de recordar, como a marcha com destino a Chinhama.

Uma das várias marchas que faria mais tarde com sua gente, descendo e subindo rios ou em direcção à Namíbia, lugar de Rundu, Divundo e Faixa de Kaprivi em missão diplomática e obter conhecimentos em áreas de comunicação, controlo aéreo, e técnicas de inteligência. E, tudo começou quando os estafetas eram parte da notícia numa altura de pura sobrevivência do Movimento.

mavinga3.jpg Tempos em que andava em lugares de máximo secretismo  algures e, inserido na logística global das bases Delta e Ómega. Das actividades em que se fazia notar pela  lucida aptidão e ligeireza. Alturas de valentia, com o general Arlindo Pena (Ben-Ben), coadjuvado pelo general Demósthes Amós Chilingutlla  sobressaindo na astúcia de logística moderna; lugares  de confluência entre os rios Lomba e Cuzumbia.

E, tudo começou em Abril de 1976 com o capitão Kalacata com o qual, eu próprio trabalhei no Comité Regional da Caála tendo eu a função de Secretário de Relações PúblicasKalacata era um antigo militar da tropa portuguesa, tendo recebido treinos de guerrilheiro na Tanzânia.

A Missão do Dondi, sempre surgia em suas lembranças juntamente com os demais jovens estudantes, seu irmão Artur Vinama, conhecido por ChundovavaSalupeto Pena. Neste então a guerra entre os guerrilheiros consistia em ter uma mochila pronta  com o essencial para sobreviver no mato.

toledo20.jpg Lembra-se de usar uns frutos vermelhos que tinham de ser fervidos para anular o veneno que eles continham. Era importante saber sobreviver com o que parecia na natureza. Durante dias aconteceu comerem só frutos silvestres condimentados com cogumelos e  mel silvestre.

Recordava também, por vezes com pesadelos alheios, essa saga da Longa Marcha feita por Savimbi, líder da UNITA que, terminou a 28 de Agosto de 1976. Marcha que não fez e, que chegou a Cuelei após terem percorrido 3 mil quilómetros a pé. Do grupo inicial  composto de duas mil pessoas, apenas terminaram 79 resistentes, dos quais nove mulheres…

sorte2.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa.

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:41
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Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2025
VIAGENS . 235

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU

- Crónica 3663 – 12.02.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

chivukuvuku1.jpg Embora já o soubesse, pude recordar no livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa que, este, nasceu a 11 de Novembro do ano de 1957, dezoito anos antes da data da independência de Angola, sua terra. Com um nome que significa “bravura”, estava reservado para grandes feitos sobrevivendo a duas quedas de avião durante a guerra civil…

Sobreviveu a um atentado, uma terrível tentativa de linchamento, conspirações e ameaças, sem nunca ter perdido a alegria de viver, de ter uma grande capacidade de perdoar e, até dialogar com perícia com seus inimigos. Chivukuvuku evoca o passado e o presente com as dificuldades experimentadas por homens livres que nunca desistiram  de assim o serem.

Chivukuvuku, nasceu no Bailundo, coração da nação Ovibundo. Uma das sua mortes foi noticiada às cinco da tarde na Rádio France International no dia 1 de Novembro de 1992; neste então era também anunciada a morte do engenheiro  Jeremias Chitunda. Não foi o que aconteceu mas, receando que assim o viesse a ser, manhã cedo, ambos se retiraram da residência oficial de Jonas Savimbi situada no Bairro Miramar..

chivukuvuku2.jpg Foram saltando muros até entrarem à residência que supunham pertencer ao embaixador de França. Enquanto ouviam ao longe o ribombar das explosões, iam trocando medos em seus pensamentos; o maior de seus receios era caiem nas mãos dos milhares de milícias jovens, armados pelo governo e, que corriam pelas ruas de Luanda ao gritos.

Jovens com fitinhas coloridas amarradas à cabeça. Muitos destes “fitinhas” eram em verdade filhos dos chamados “pioneiros” que tomaram parte muito activa nos anos de 1974 e 1975 que semearam o terror por toda a Luanda, assustando as gentes do asfalto e, numa acção de suprir carências militares por parte do MPLA – manobras orquestradas por militares de esquerda portuguesa e tendo como timoneiro o Almirante Rosa Coutinho.

Os dois kwachas, Abel e Chitunda ali escondidos, passado algum tempo ouviram gente chegando e falando uma língua estranha; eram seguranças filipinos  que montavam guarda à casa do director da Chevron.  Muito dos moradores do bairro, optaram por abandonar o local nos dias anteriores, por receio de confrontos e também pelo facto de terem a vivenda de Savimbi bem perto.

unita04.jpg Depois de explicada a situação aos filipinos, estes acharam por bem que por ali ficassem tendo-se retirado em afazeres no exterior. Assim ficaram temerosos de o serem denunciados mas, passado algum tempo, novas vozes, de novo e agora, felizmente, era gente sua que chamando  por seus nomes lhes disseram terem sido enviados pelo brigadeiro Katolessa.

Katolessa que era o chefe da guarnição da residência de Savimbi também não estava certo de como fazer numa destas situações. Chivukuvuku e Chitunda só tinham em pensamento fugir, sair de Luanda até alcançar sua gente aonde quer que fosse  e em direcção ao Dondo. Sua fuga foi feita através de densa escuridão, com luzes apagadas; num repente irromperam algures no meio de um inferno com as balas a bater contra a carroceria…

paulo0.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa.

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:54
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Segunda-feira, 3 de Fevereiro de 2025
VIAGENS . 234

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA

- Crónica 3661 – 03.02.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

angola6.jpeg Pelos feitos e, para memória da história, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA descreve: Para o Mundo, Jonas Savimbi figurou como o exemplo de um revolucionário visionário cuja luta enfrentou as mais diversas contrariedades vindas de dentro e de fora do país.

Apesar disso, ao longo da sua vida apenas agiu de acordo com o que a sua consciência lhe indicava como ideal para o seu país. Jonas Malheiro Savimbi dizia: "A canção da Liberdade é a única que não destoa em todas as latitudes e longitudes do planeta Terra, que é o Habitat do género humano".

Com a sua luta os angolanos conquistaram o direito de serem homens livres e decidirem o seu próprio destino. Por isso, hoje, lutam para a implementação efectiva das Autarquias em Angola, como a alavanca para a defesa da Democracia Participativa e do Desenvolvimento sustentável.

ÁFRICA0.jpg Neste 3 de Agosto de 2025, dia em que celebramos 91 anos desde o nascimento do Presidente Fundador do nosso Partido, em nome de todos os angolanos que se identificam com o pensamento e o projecto de sociedade de Jonas Malheiro Savimbi, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA verga-se, perante a sua coragem.

Coragem física, moral e intelectual que fizeram dele, Dr. Jonas Malheiro Savimbi um ímpar líder de vanguarda e, se declara solenemente, a sua fidelidade de perseverar na luta em prol de uma Angola livre, una, verdadeiramente democrática e igual para todos seus Filhos.

Jonas Malheiro Savimbi é, pelo seu pensamento e acção, um inextinguível Inspirador para as presentes e futuras gerações, de patriotas Angolanos. Como podemos nós acrescentar à ciência o entendimento de simplicidades tão abrangentes; uma mão amiga! As pedras surdas e mudas que não podem testemunhar porque elas têm seu próprio destino, transformar-se em pó, e nós, em coisa nenhuma.

ÁFRICA3.jpg Para provar que o que tem de acontecer acontecerá, haverá sempre um milagre a alterar o curso do destino, assim o seja, pequeno ou grande! O que foi e, como foi que aconteceu é uma ideia que sempre nos acode e adianta ao acontecido.

África é imprevisível na soma de angústias, incêndios com sinais de pavor, traficâncias com segredos de podridão. Deus não se vai fiar em qualquer um, por muito boas que sejam a recomendações. Esta temeridade advém de coincidências da África, de guerras subterrâneas do poder, do branco e do preto, das coisas que dão zebra.

ÁFRICA11.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da página de facebook  de Alcides Sakala

(Continua...)

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:30
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Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2025
VIAGENS . 233

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA

- Crónica 3660 – 29.01.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

ARAUJO236.jpg E, continuando com a página de Alcides Sakala que comenta a data alusiva ao nascimento do Presidente fundador Dr. Jonas Malheiro Savimbi: «… O 3 de agosto é o dia em que, no ano de 1934, na localidade de Munhango, província do Bié, nasceu Jonas Malheiro Savimbi, Presidente Fundador da UNITA. Se estivesse em vida, Jonas Savimbi completaria no ano de 2025, 91 anos.

Naturalmente, em esta data, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA enaltecerá, com incomensurável gratidão, a nobre contribuição deste ilustre filho de Angola, nacionalista e patriota, que legou ao país e aos angolanos, um projecto de sociedade, denominado Projecto de Muangai, consentâneo com as aspirações mais nobres dos angolanos.

O Dr. Jonas Malheiro Savimbi foi impulsionador das mudanças políticas, sociais e económicas que marcam a história de Angola, desde a segunda metade do Século XX. Jonas Savimbi foi um homem destemido, carismático e dotado de uma invulgar capacidade de argumentação política, e de bagagem cultural que impressionava e marcava todos os seus interlocutores.

ARAUJO237.jpg Para a UNITA, o Presidente Fundador deixou um legado pleno de lições de patriotismo e entrega à causa de todos os angolanos, que permite à UNITA ter a durabilidade histórica, pois são cada vez mais os angolanos que se revêm, dia-a-dia, nos seus ideais. Para Angola, Jonas Savimbi escreveu na História do nosso país o exemplo de um homem cujos discursos sempre reflectiram a vivência dos seus compatriotas.

Seus discursos sempre despertaram consciências angolanas para a luta, sem deixar ninguém indiferente e, por isso, ainda hoje é lembrado das mais variadas formas. Na verdade o seu projecto é que contém as balizas da actual agenda política  nacional: A construção do Estado democrático de direito com primazia do sector privado como verdadeiro motor da vida económica.»…

É meu dever acrescentar ao dito por Sakala:- Um calvário de angústia com repúdio à aceitação de coexistência, conducente a um futuro incerto. Tudo porque duas gerações de angolanos foram educados na convicção de que o actual Estado de Angola é um usurpador ilegítimo do património da Nação. Savimbi, sempre teve uma visão de estadista com base em um interesse nacional.

araujo189.jpg Foi pela liberdade e dignidade do angolano que Jonas Savimbi lutou até as últimas consequências, vertendo o seu sangue no campo de honra! As eleições gerais angolanas que ocorreram nos dias 29 e 30 de Setembro de 1992 para eleger o Presidente da República e a Assembleia Nacional. Supostamente deveriam se democraticamente livres mas, os oito partidos de oposição, em particular da UNITA, rejeitaram os resultados por fraudulentos…

O que, se veio a verificar posteriormente segundo relatos de ocorrências, assim permanece na penumbra por impedimentos de fiscalização, destruição de urnas ou, por trâmites inconsequentes. Uma vez que nem o candidato do MPLA nem o candidato da UNITA obtiveram a maioria absoluta requerida nas eleições presidenciais, uma segunda volta seria necessária de acordo com a constituição mas, à medida que ambas as partes intensificaram a retórica da guerra, o MPLA ataca posições da UNITA em Luanda. Sim! Eu sei! São águas passadas que deixaram sangrentas borbulhas e, que de novo, voltando à tona, comprometem o futuro 

sakala3.jpg

Ilustrações de Costa Araújo

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da página de facebook  de Alcides Sakala

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:40
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Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2025
VIAGENS . 232

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA

- Crónica 3659 – 23.01.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

- “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

dia84.jpg Na razão de estar aqui e ali, nunca chegarei a saber porque tal como nas profecias, crenças e rezas com parábolas, ninguém pode fazer todas as perguntas, nem ninguém pode dar todas as respostas. Daquele sonho antigo ainda subsistem coisas bem estranhas em meus  pergaminhos: - Os guerrilheiros da UNITA em tal assombração chamavam-me de Kato…

E, Kato era um Japonês de olhos longos, e não sei porquê, eu era esse mesmo personagem de olhos rasgados e desmilinguidos, com o nome completo de Katochimotokima que quer dizer António naquela língua de muitos kapas. Tenho assim de carregar na vida a minha cruz, na convicção de nunca poder justificar-me em pleno no papel de T´chingange

E, tal como vós, nosso orgulho, podem sair falsidades com blasfémias. É assim a altura certa de sair do entorpecimento e continuar a transcrever o que meu herói chamado de Alcides Sakala Simões, ainda nos lega: «O Grupo Parlamentar da UNITA vai continuar a lutar para o fortalecimento e afirmação da Assembleia Nacional, como órgão de soberania com identidade própria, autonomia administrativa e financeira, representativa de todo o Povo…

roxo5.jpg Representatividade capaz de interpretar e exprimir em cada momento a vontade soberana do Povo, para o alcance dos objectivos da República de Angola, estabelecidos pela Constituição. Agradecemos aos angolanos pela confiança, o incentivo motivacional, o apoio multiforme e a partilha, afirma…

Sim! A partilha de críticas e sugestões durante as jornadas de proximidade desenvolvidas nas comunidades. Apesar de inúmeras dificuldades enfrentadas pela Administração Parlamentar e os Gabinetes de Apoio aos Grupos de Deputados residentes, expressamos o nosso reconhecimento pelo empenho e diligências para garantir eficiência e eficácia da Assembleia Nacional.

Aos Assessores, Assistentes, Funcionários e Agentes do Grupo Parlamentar da UNITA expressamos o nosso enorme apreço e gratidão. A nossa gratidão aos jornalistas, órgãos de imprensa e plataformas digitais que se dignaram cobrir as actividades do Grupo Parlamentar da UNITA durante o Segundo Ano Parlamentar», fim de citação...

sakala7.jpg Já quase no fim do sonho, surge-me um pássaro chamado de xirikwata a comer-me as malaguetas picantes mas, e também, dando-me consolo em sua forma de chilrear. Tropeçando nas silabas e invisíveis protozoários dum palavrório perdido nas bagatelas dum destino, vibro muito com as luzernas de liberdade de meu maior mano de nome Sakala.

Em sua hodierna página, Alcides Sakala comenta numa declaração alusiva à data de nascimento do Presidente fundador Dr, Jonas Malheiro Savimbi:  "Quando em fim nós passarmos, como os homens da História passam, deixemos para os continuadores, o que não passa". É sob o lema: "Dr. Jonas Malheiro Savimbi – Símbolo da Unidade e Coesão do Partido". Que a UNITA comemorará a quadra alusiva ao 3 de Agosto de 2024…

socie5.jpg Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da página de Facebook  de Alcides Sakala

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O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:39
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Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025
VIAGENS . 231

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA

- Crónica 3657 – 15.01.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

- “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

sakala3.jpg Estava escrito nesta frinchas aleatórias que a Jamba era o centro nevrálgico alfa no tráfico de marfim, diamantes e madeiras preciosas. Savimbi teve de recorrer a este património mas, o governo mwnagolé da Luua, despifarrou muito mais em proveito seu, dos filhos e de toda a nomenclatura.

Agora, mais kota, recordo que as interrogações entre mim e Mac Guiver faz-de-conta, sucumbiram em sorrisos, um indício de quem sabe, mas desconhece, perpetuando uma amizade de cavandelas... Mas, mantinha-me fiel à figura de Alcides Sakala, guerrilheiro impar e diplomata de fina estirpe que para não sucumbir de fome, teve de sobreviver durante longos meses comendo mel e casca de mandioca cozida.

Alcides Sakala Simões nasceu no Bailundo a 23 de Dezembro de 1953. É ainda um político angolano da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e membro da Assembleia Nacional de Angola. Em 22 de Agosto de 2024 escrevia em sua página: «O momento é de reflexão, concertação e diálogo, para os angolanos concretizarem a alternância que vai trazer a mudança. Uma mudança patriótica, democrática e inclusiva, nos marcos da Constituição e da lei.

sakala7.jpg O povo que representamos está mais pobre, mais miserável, passa fome, enfrenta penúria, desemprego, morre de fome e sobrevive da indigência, por isso, o Grupo Parlamentar da UNITA não pode estar satisfeito com o desempenho da Assembleia Nacional. As leis e resoluções aprovadas não tiveram impacto relevante na melhoria da qualidade de vida das pessoas, das famílias, dos trabalhadores e das empresas.

Não basta legislar; é necessário que as leis sejam justas e tenham impacto positivo na vida dos cidadãos. A fiscalização e o controlo exercidos pela Assembleia Nacional deveriam ter contribuído para a boa governação, transparência, responsabilização dos governantes, erradicação da fome e da pobreza e a construção de uma sociedade de justiça social e económica, de dignidade, prosperidade e felicidade das pessoas.

A corrupção aumentou, o favorecimento de empresas do regime aumentou por via da contratação simplificada e ajustes directos, o Estado de Direito retrocedeu, os principais referentes do Estado Democrático, como a liberdade de expressão, o tratamento igual dos partidos políticos, foram violados e desapareceram da prática de governação.

luua12.jpg Todas as semanas ocorrem denúncias e relatos de execuções sumárias, graves violações dos direitos, liberdades e garantias fundamentais, o país tem presos políticos por delito de consciência. Aumentou a intolerância politica, até os Deputados da Assembleia Nacional não foram poupados; a maioria dos angolanos está desesperado.

O Estado está falido e governado por uma Constituição que não é a da República de Angola. Nesta hora difícil para a grande maioria das famílias angolanas que passa fome e não tem esperança de viver o presente nem o futuro, o Grupo Parlamentar da UNITA, vem reiterar o seu comprometimento de servir as angolanas e os angolanos»

luua27.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da página de facebook  de Alcides Sakala

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:52
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Sábado, 11 de Janeiro de 2025
VIAGENS . 230

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA

- Crónica 3656 – 11.01.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

sakala2.jpg Andamos para trás ou para a frente de forma aleatória e por serem já coisas diluídas nos cacimbos e kiangalas, podemos ornamentar os factos com ausência de espanto; de só mesmo matando o tempo, de só falar! Gesticulando braveza de fingir, pulando ao redor dum herói de verdade, os luzidios e gordos generais do medo, fizeram a foto macabra para pendurar na parede escura do seu MPLA. Um herói não morre, nunca - só fica no rascunho.

Jonas Savimbi nunca se renderia, nem se ajoelharia, e se fosse capturado nunca deploraria que não o matassem. Não era homem dessa estirpe de covardes. Seria negar-se a si próprio, o que nunca faria. Seria negar o seu projecto de sociedade. Com a sua morte, perdemos uma batalha importante, mas não a guerra.

Recordamos a muita diplomacia lodosa, de quando Jonas Savimbi chamou «garoto» ao então ministro Durão Barroso do M´Puto, esse que esteve no comando da UE. Por seu turno, também recordamos quando João Soares, numa entrevista ao semanário Expresso, classificou os dirigentes angolanos como «um bando de cleptocratas»…

sakala3.jpg Talvez ele, João soares mantenha essa opinião, só que agora com mais fortes razões de o ser! E, das relações escondidas, que o Dr. Soares seu pai já defuntado, manteve confidenciais durante muito tempo, em virtude de «não querer que isso fosse do conhecimento da Internacional Socialista e, onde o movimento da UNITA não era reconhecido».

Pensando muito, aleatoriamente rumei de luzes escuras ao sonho dormido até chegar ao senhor dos anéis: algures num lugar esquecido e rodeado de mato. Alcides Sakala, bebia um chá de casca de mandioca com mel e mais folhas trazidas por um guerrilheiro muito hábil em encontrar esse mesmo mel silvestre; ambos resistíamos à perseguição dos inimigos, rio abaixo sem nunca pararmos por longo tempo. Era a guerra de Angola!

Definhados na sobrevivência, envolvidos de mistérios, e por imperfeitas sentenças de nossas virtudes, fazíamos façanhas aninhados num destino lendário, lugares esquecidos duma terra que no correr do tempo se desvanecia, se omitia em reconhecer alguns, como filhos; terra que se esquecia de nos lembrar, relegar ou, simplesmente desconhecer.

sakala6.jpg Foi no muxito escondido que relembramos a figura de  Mário Soares que de visita às Seychelles, em 1995, em conversa informal com os jornalistas, após o jantar, falou de Angola (que visitaria oficialmente no ano seguinte) e sobre os líderes em confronto, emitindo esta opinião: «José Eduardo dos Santos é um homem banal»

Edu, não provoca a ninguém um virar de pescoço quando entra num salão, enquanto que Jonas Savimbi tem uma presença esmagadora! É um verdadeiro líder africano!». Já todos morreram - Tarde piaste, digo de mim para nós mas, e aqui corroboro com ele! Disse assim mesmo ao nosso comum amigo Mac Guiver, que me olhou sem espanto! Ainda preservo esses persistentes sonhos…

sakala7.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, do livro de Alides Sakala

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O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:52
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Quinta-feira, 9 de Janeiro de 2025
VIAGENS . 229

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA

- Crónica 3655 – 09.01.2025

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

Sakala1.webp Neste hiato de tempo entre o ano de 2000 e os sequentes anos do presente século que entre, durante, e após a morte de Savimbi, deram continuação ao projecto desse líder que sempre o será recordado como um exemplar patriota, não obstante haver desaires em seu percurso. Memorias e escritos de personagens que engrandeceram a UNITA destacando-se como lideres, guerrilheiros, conceituados  militares e, ou  diplomatas de craveira…

E, relendo memórias de um guerrilheiro de Alcides Sakala posso lembrar: De rio em rio, muxito em muxito, como leões cautelosos, agachando-se por debaixo  de espinheiras, espevitavam odores do embaciado ar da manhã.  Pé ante pé galgavam mais uns metros penetrando o olhar por entre as copas das árvores, captando helicópteros das Forças Armadas de Angola.

O cerco apertava os guerrilheiros resistentes da UNITA. As descrições dos ouvidos dando conta ao menor estalido de um graveto, ou um chinguiço ressequido partindo o silêncio da mata. Ali, todos os ruídos significam um perpetuar da  vida ou a morte. São sobrevivências que nos levam aos rios da salvação nem sempre fáceis de transpor.

unitao1.jpeg Passo às descrições do livro do meu ilustre mano, mais velho na aparência do que na idade verdadeira. Também é a homenagem a um homem que merece ser referenciado, porque ele é parte integrante da história contemporânea de Angola. Foi dele que recebi um galo em madrepérola que orgulhosamente ostentei na lapela.

Do embrulho atado em meu baú com entrançadas e improvisórias matebas releio de novo partes do livro: “...Para nossa surpresa a delegação do Governo era dirigida pelo General Implacável. Mesmo assim, o ambiente manteve-se calmo e distendido. O facto de ter sido o General implacável a dirigir a delegação das FAA distendeu ainda mais o ambiente.

Estávamos sentados, frente a frente, em uma mesa construída de paus frescos, com a delegação do Governo de Angola. Vinham bem vestidos, fardados a rigor e com bom aspecto físico, luzidios e perfumados. Alguns gordos demais para as circunstâncias. Era um contraste físico extraordinário. Mas, mais do que o aspecto físico, o mais importante era o simbolismo político desse acto. Os nossos corpos falavam por si e transpareciam a dura realidade das dificuldades em que vivem os guerrilheiros.

dyo01.jpg Tinhamos os corpos debilitados mas uma inteligência esmerada e vigilante para a defesa dos nossos legítimos interesses. Divididos por essa longa e difícil guerra fratricida, resultante de um nacionalismo fracturado, acirrado pela Guerra Fria, selávamos com o governo do MPLA, nas margens do rio Luconha, uma nova parceria, como aliados para a construção da paz e da reconciliação nacional.

Ficavam, assim, para trás, os nossos mortos, os heróis da resistência de Angola, os protagonistas da grande epopeia de combate pela conquista da liberdade e da democracia, entre os quais o timoneiro da Revolução dos pobres de Angola, Jonas Malheiro Savimbi, Presidente Fundador da UNITA, tombado heroicamente nas matas do leste no dia 22 de Fevereiro de 2002.

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, do livro de Alides Sakala

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:50
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Segunda-feira, 30 de Dezembro de 2024
VIAGENS . 228

NAS ADUELAS DO BAÚ

DOS TEMPOS DE DIPANDA *  MUJIMBO ANTIGO

- Crónica 3653 - 30.12.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto

DIA107.jpg´C.A.  Entre dúvidas escondidas no pormenor de factos conhecidos, dou-me conta que as frinchas, mostram versões velhas a que eu não forço ao pormenor para não suscitar ranhuras com os gigabites alheios, referindo tão-somente o que me parece ter lógica porque, por mais que nos esforcemos, há coisas que sempre ficam na charneira do mujimbo, entre aduelas  de boatos.

Recordo  então que Jonas Savimbi, sempre recusou o abandono da luta pelo que achava certo, não escolhendo cenários de exílio dourado como outros o fizeram e, diga-se em verdade que, foi o único dos líderes angolanos que sempre viveu e lutou no seio de sua terra, sua pátria. Digo eu, num propósito de dialogar com as duvidas de muitos.

Jonas Savimbi morreu há quase 23 anos, a 22 de Fevereiro de 2002, abatido pelas tropas angolanas. Morreu como viveu: a disparar e, mesmo depois de já ter sete balas alojadas no corpo. A Angola, tudo deu sem nada tirar, ao contrário de outros com contas, palácios e mansões no exterior e o desperdício de gastos, como por exemplo a compra de um relógio de 500 mil euros por um filho do Edu.

jamba15.jpg Um filho que só se babou de prepotência sem nunca ter trabalhado em algo visível; que nada fez em prol do povo! Fisicamente, Savimbi morreu mas, seu espírito está em toda a parte, mesmo fora de Angola! Alguém em seu nome continuará a ter quem defenda essa cultura, esse povo, essa forma de ser e de estar! Inicialmente foi enterrado em um humilde cemitério de Luena; com tempo, dele falaremos com os detalhes que o conduziram à morte …

luis40.jpg Um amigo meu do Okavango no seu jeito enigmático de sempre deixar uma prega solta na minha costura do cerebelo disse: -Ele está vivo! Algures num lugar palaciano e bem protegido; aquilo de sua morte foi uma farsa muito bem engendrada pelas grandes potências. Vejam só o que a mente humana pode arquitectar (penso eu)?

E, esse meu amigo continuou: O que viram em fotos é uma tramóia muito bem-feita, um sócia de Savimbi e, não é certo saberem aonde ele foi enterrado para evitar um rodopio de peregrinos, disse este meu kamba que também teimou em não acreditar que os homens chegaram à Lua e que nela caminharam. Claro que desacreditei disto com um muxoxo fingindo com um pois talvez assim o seja, consentimento só para fazer de conta.

Não acredito nesta sua versão, disse eu por fim. Não tem lógica porque mostraram o corpo dele em várias posições e eu até pude referir de imediato ao ver a foto de que ele se terá matado pois que, na foto de Grande Reportagem do M´Puto pode ver-se um buraco escuro, feito por bala "queima roupa" em seu queixo do lado direito - que só ele poderia ter dado segundo a trajectória nada plausível  de o ser de outro qualquer ângulo  Era ele, sim!

savimbi morto.jpeg Ele era destro! Rematei em termo definitivo! Meu amigo, deu de ombros assim como dizendo que cada qual ficava com a sua opinião. Não forcei a nota mas, ainda matuto em sua fricção pois que hoje, acontece muita coisa bem estranha!? As nossas conversas rebrilhando nas águas do Kubango vespertinavam com a kúkia (pôr-do-sol) bem no horizonte angolano e, por detrás de seus brilhos…

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange 

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:35
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Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
VIAGENS . 225

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Crimes na Jamba

- Crónica 3649 - 12.12.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

roxo90.jpgAcontece a partir desta data a “Operação Madeira” por via de Jonas Malheiro Savimbi originar variadas tentativas na aproximação aos militares portugueses. Face ao domínio português no leste, o MPLA de Chipenda alia-se à FNLA. Em Kinshasa, estes, criam o Conselho Supremo de Libertação de Angola (CSLA), presidido por Holden Roberto.

Esta criação foi efémera pois que nesta altura o MPLA dependia quase exclusivamente da ex-URSS e seus satélites. A FNLA , dependia dos Estados unidos da América e Europa e esta combinação não resultaria como é óbvio. A tal de “Operação Madeira” teve como intermediários Jonas Savimbi e o general Bettencourt Rodrigues e, tendo como mediador o madeiro da povoação de Cangumbe chamado Duarte Oliveira.

roxo170.jpgO tenente Sabino apareceu sempre como o negociador por parte da UNITA. A UNITA comprometeu-se a não atacar os madeireiros e a tropa instalada naquele vasto Leste. Por esta via reptícia ambas as partes faziam seu jogo do gato e rato. Á UNITA, era-lhe dado bens logísticos a fim de sobreviver em banho-maria como e vulgar afirmar. Este acordo beneficiava os madeireiros, a quem a UNITA com muita frequência, incendiava suas serrações e camiões de transporte.

Mas, Savimbi com a conhecida sua habilidade de manobra atacava por vezes e de surpresa; o diálogo entre as “NT do M´Puto” Savimbi, foi retomado numa segunda fase que é agora conhecida pelo “pacto de não-agressão”. Savimbi e o então Secretário-Geral do Governo da Província Ultramarina de Angola, coronel Soares Carneiro.

Ambos se auspiciam em contactos tendo por intermediário o padre António de Araújo Oliveira, um fervoroso defensor da UNITA mas, só até este tomar conhecimento de alguns crimes na Jamba, nomeadamente pela queima de pessoas vidas. Antigos líderes da UNITA acusaram Savimbi de manipular as crendices populares e valer-se de feitiçaria em julgamentos, esquartejando, afogando e queimando dissidentes políticos como feiticeiros.

roxo94.jpgMantinha um controlo do poder impiedoso, assassinando quem pudesse vir fazer-lhe frente. Apesar das ligações aos americanos, nutria grande desconfiança em relação à CIA e o seu primeiro chefe do estado-maior, coronel Waldemar Chindondo, militar distinto que foi um dos primeiros-oficiais negros do exército português, foi acusado de ligações à CIA e executado.

A viúva de Chindondo, Alda Juliana Paulo Sachiambo Chindondo, mais conhecida por Mana Aninhas, passou a fazer parte do harém de Savimbi, foi eleita presidente da Organização Feminina da UNITA em 1984, representante do movimento nos Estados Unidos, Portugal, Bélgica e Alemanha e líder da bancada da UNITA no parlamento angolano. Orneias Sangumba, que estudou  ciências política na Universidade de New York foi outro dirigente do movimento morto por ser alegadamente agente da CIA

roxo91.jpg Com o título de Galo Negro em inglês (“The Black Cockerel”), existe uma peça teatral sobre Savimbi, da autoria do nigeriano Ademola Bello, o primeiro africano a obter um mestrado em arte dramática pela Universidade de New York.“The Black Cockerel” estreou em Junho de 2008 numa encenação da companhia do Out North Theatre de Anchorage, Alaska, onde o autor reside; esteve longe de ser um sucesso, mas teve pelo menos o mérito de atrair o interesse de Hollywood para a vida de um dos maiores líderes africanos.

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Ilustrações de Assunção Roxo

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2:   **Texto  elaborado  a  partir das anotações do baú de T´Chingange, do jornal  Expresso do

M´Puto e página do SAPO

(Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:25
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Quarta-feira, 4 de Dezembro de 2024
VIAGENS . 223

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Crimes na Jamba

- Crónica 3647 – 04.12.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

- “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Messejana do M´Puto

okavango08.jpeg Estando eu na odisseia da diáspora “Kikas Xirikwata” por terras de Ovoboland e, no final do ano de 2014 no alpendre de soalho e tecto em madeira da Guest House Willtop de Vanda Potgieter, pude repensar em fim de tarde os últimos dias percorridos entre Okavango na Faixa de Kaprivi e os desertos de Swakopmund, pelas quenturas agrestes dos morros de Ozakos e Kiribib.

Pude rever esta matéria com “João Miranda”, o chefe dos khoisans do batalhão Búfalo, quando da invasão a Angola naqueles primeiros tempos da invasão Sul-Africana. Também senti um desassossego de excitação inquieta nos porquês mal respondidos e, que só África nos transmite; há fogos em guerrilhas escondidas com vinganças incompreendidas, queixas e gemidos, quiçá chorando nova dores, quebrando os hábitos dum quotidiano em noites de espaços perdidos.

okapi1.jpg O que foi e, como foi que aconteceu é uma ideia que sempre nos acode e adianta ao acontecido. África é imprevisível na soma de angústias, incêndios com sinais de pavor, traficâncias com segredos de podridão. Deus não se vai fiar em qualquer um, por muito boas que sejam a recomendações.

Esta temeridade advém de coincidências da África, de guerras subterrâneas do poder, do branco e do preto, das coisas que dão zebra. Na reunião de 1988, diz Savimbi: “Tito confessou que pretendia derrubar-me ou envenenar-me com um tipo de veneno de camaleão bem conhecido pelos angolanos”. “Na altura em que a estória emergiu, “Tito” que nomeou Wilson como conspirador, estava convencido de que um acordo poderia ser fechado com o MPLA, se eu fosse afastado.

São coisas dos últimos e antigos tempos e, embora seja cruel deixar os kotas mais-velhos sem resposta; as pessoas, genericamente, não escolhem as sombras que têm e, também o amanhã que não pertence a ninguém! Isto acontece no “This is África”! Lugar, aonde tudo é possível.  Na voz do bom senso, terei de esperar o amanhã, sem mais nada ter que fazer e, em paz, divorciar-me de mim, dando a chave do cofre ao mestre da charrua da vida.

okavango02.jpeg E, porque foi que vim aqui, se não era necessário afastarmo-nos tanto, a um lugar tendo por testemunho absoluto o céu que nos cobre, para onde quer que se vá. Entretanto a UNITA chamava de “criminosos de guerra” a Almeida Santos, António Guterres e Durão Barroso. Em 1988, no Palácio de Belém, Mário Soares, na qualidade de Presidente da República, agracia com a Ordem do Infante Dom Henrique o empresário Horácio Roque

E,  cuja mulher, Fátima Roque, acompanha Savimbi num périplo por vários países. E. só em 1992, pela primeira vez, é que João Soares se demarca de Savimbi ao certificar-se de que este mandara fuzilar os dirigentes da UNITA Tito Chingunji e Wilson dos Santos. Tito e uns quantos mais – entre eles Fred Bridgeland, um britânico, autor da biografia oficial de Savimbi e autor de outros artigos que denunciava a crueldade, associada a eventuais desvios mentais de Jonas Savimbi…

Tudo isso e, também uma tal de Olga Mundombe, estudante da UNITA nos EUA, e recentemente afastada do movimento – desenvolveram um plano para destruir a minha reputação (de Savimbi), alegando violações dos direitos humanos com uso de drogas, numa tentativa de criar um clima favorável a “Tito” para tomar a presidência. O plano alternativo era envenenar-me na Jamba e arregimentar jovens e outros indecisos à sua suposta bandeira, diz Savimbi…

Okavango1.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do jornal  Expresso e página do SAPO

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:30
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Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
VIAGENS . 222

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Crimes na Jamba

- Crónica 3645 – 27.11.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

unita002.jpg O Fórum Democrático Angolano – FDA, constituído por dissidentes da UNITA, na diáspora, espalha por Lisboa do M´Puto um cartaz que dizia: SOS Jamba. Savimbi liberta Tito Chingunji e Fernando Wilson. Sabia-se que Savimbi mantinha na Jamba detidos sob coacção, Pedro Ngueve Jonatão Chingunji conhecido por “Tito” e, Fernando Wilson dos Santos.

Tito era delegado da UNITA nos EUA desde 1988 e Wilson, era-o em Lisboa desde o ano de 1986.  Ambos eram acusados de conspirar contra Savimbi. tendo sido julgados em Fevereiro de 1989, coincidindo com o desaparecimento do engenheiro Chitunda. Soube-se a seguir que estas três figuras de destaque do Movimento o foram declarados culpados e presos…

Do relatório da Amnistia Internacional desse ano é referido que “em resposta a manifestações internacionais  Tito Chingunji foi solto por curtos períodos, coincidindo com delegações estrangeiras de visita à Jamba. Fernando Wilson e Tito, foram vistos com vida pela última vez em inícios de 1991. O mesmo relatório refere: foram acusados de feitiçaria pelo que e, como era hábito foram queimados juntamente com membros de sua famílias em Março de 1982 e Setembro de 1983…

tito2.jpg Passo aqui, por cima de algumas descrições pormenorizadas e penosas no entendimento humano. Marcial “Yemene” Hamukwaya, ex-chefe de pessoal da UNITA acusado de ter criticado o envolvimento militar da África do Sul na Província de Cunene no Sul de Angola, foi mais um dos militares do Movimento do Galo Nego, morto em fins de 1984.

Em 1982 Tony da Costa Fernandes, fundador e Ministro dos Negócios Estrangeiros da UNITA e Miguel Nzau Puna, antigo Secretário-geral, na altura da dissidência, Ministro do Interior e da Ordem Pública da UNITA, anunciam o seu desvinculamento do Movimento, justificando que “Savimbi, não estava  a respeitar os acordos de paz” e, “não querendo pactuar com os planos diabólicos de que Savimbi gizava para Angola”.

São Tony Fernandes e Nzau Puna que  contam ao Mundo o assassinato de Tito e Wilson  com as respectivas famílias…Em um desesperado apelo à comunidade internacional, que não foi correspondido, pedem a exumação e autópsia  dos corpos. São contados horrores na forma de execução atribuídas a um sobrinho de Savimbi, membro do grupo de segurança designado de BRINDE - segurança interna do Movimento…

tito4.jpg Em carta datada de 11 de Março de 1992 destinada ao Secretário de Estado Norte-Americano James Backer, Jonas Savimbi admitiu as execuções de Pedro Negueve Jonatão Chingunji, “Tito” - delegado da UNITA nos E.U.A. e de Fernando Wilson, delegado da UNITA em Lisboa, assim como toda a família, de ambos e, respectivos guardas pessoais, por via de “actos de alta traição”…

Ainda declara que haviam sido mortos em 1991 e não em 1992. A Amnistia Internacional contesta a Comissão de Inquérito da UNITA, fazendo saber ao movimento, que a mesma não obedecera aos “critérios geralmente aceites de independência e imparcialidade”. Na carta dirigida a Backer, Savimbi acusou “Tito” e Fernando Wilson de pretenderem envenena-lo: “Depois do regresso à Jamba, a 11 de Novembro de 1988, promovi um encontro entre nós e, alguns de seus amigos para discutirmos o que se falava.

tito6.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do jornal  Expresso e página do SAPO

(Continua…)

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:14
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Domingo, 24 de Novembro de 2024
VIAGENS . 221

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, antes e depois do ano Dois Mil

- Crónica 3644 – 24.11.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018

- “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

unita04.jpeg Lá na mata, quatro meses antes, perseguido por uma unidade das forças governamentais, Jonas Malheiro Savimbi é morto em Fevereiro de 2002. Segundo o jornal Público (do M´Puto), Jonas Savimbi morreu "de arma na mão", como "um militar", numa emboscada das Forças Armadas Angolanas (FAA), numa sexta-feira à tarde, junto ao rio Luio, sudeste da província do Moxico…

Ao fim de cinco dias de perseguição pelo mato. "Sete tiros foram suficientes para o abater". Foi assim que o brigadeiro Wala, na qualidade de dirigente da "força mista que matou o líder da UNITA", resumiu o fim de Savimbi aos jornalistas presentes no local em que o corpo foi exibido. Estou em crer que, aquele rádio com tecnologia de ponta, oferecido pelos “amigos americanos” a Savimbi, tinha um cazumbi bem forte…

Por tantas dúvidas no ar, tantas medidas arbitrárias, umas torpes outras sem explicação plausível, levam os jovens de agora e não só, a pedir explicações. Nos anos sequentes e, já no actual ano de 2024, ainda se protagonizam inéditas manifestações estipulando como que uma espécie de moratória ao executivo angolano, antes de voltarem às ruas…

savi9.jpg Jonas Malheiro Savimbi é morto em Fevereiro de 2002

Uma e outra vez, pedindo eleições livres, sem batota, eleições municipais e o fim da mordaça e do estado policial, ditatorial na verdadeira versão da palavra. Uma cleptocracia, um governo cujos líderes corruptos usam o poder político para se apropriar da riqueza de sua nação, com o desvio ou apropriação indevida de fundos do governo e, às custas da população em geral

Quebrando temporalmente a sequência dos relatos, já neste novo Século XXI, pela agência Lusa é dado conhecimento de que Carlos Morgado, antigo médico pessoal de Jonas Savimbi, líder histórico da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), morre em Lisboa vítima de doença a 08 de Outubro de 2013.

Carlos Morgado que acompanhou Abel Chivukuvuku na fundação da coligação eleitoral (CASA-CE), terceiro maior partido angolano. Só mais tarde o soube poi que estando em terras longínquas do pantanal brasileiro, não tive oportunidade de apresenta à família e à direcção da CASA-CE  meu "sentimento de profundo pesar". Simplesmente, desaconteceu!

savi5.jpg Soube sim, mais tarde, que "foi com profunda dor e consternação que o Grupo Parlamentar da UNITA tomou conhecimento do falecimento do Dr. Carlos Veiga Morgado (...) aonde também assumiu o cargo de Presidente do Grupo Parlamentar, saído das eleições de 1992"… "Foi um nacionalista e humanista, sempre fiel e coerente com os seus princípios em prol do Povo Angolano e de Angola"… E com sentido pesar, que o recordo…

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da agência LUSA, via SAPO…

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:48
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Terça-feira, 19 de Novembro de 2024
VIAGENS . 220

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil

- Crónica 3643 – 19.11.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

morgado1.jpg A minha ligação a Carlos Morgado foi esporádica ao longo dos anos em encontros e seminários com elementos afectos à UNITA, como eu. Nesse então éramos vigiados em surdina pela polícia do M´Puto com telefones grampeados. Sabiam sempre os passos que dávamos embora não nos entorpecessem.

Tive oportunidade de sentir isso quando em um encontro com autoridades Namibianas com a presença do presidente e líder da SOAPO San Nujoma, este, em um “miting” à margem do rio Okavango no Divundu, ter feito recados indirectos como que avisos aos infiltrados da UNITA em seu país.

Afavelmente, San Nujoma, cumprimentou-me em particular, desejando uma boa estadia turística; ainda guardo a foto que tiramos à margem do rio Kubango (Okavango), vendo-se do outro lado as chanas de Angola. José Pedro Kachiungo, o meu mais directo responsável da UNITA nesse então, sabia que eu estava ali por opção própria, sem estar numa declarada  revelia.

unita21.png Fiquei em dado momento muito grato pelo convite de Carlos Morgado ter-me proporcionado um almoço a sós em casa de pessoa amiga na cidade de Lagoa no Algarve tendo-me deixado a melhor impressão nas ideias que trocamos. Ele, andava pelo país, contactando de perto com as células activas e núcleos do movimento em Portugal.

E, aconteceu: No ano de 2002, tropas do governo matam Jonas Savimbi a 22 de Fevereiro desse ano, na província de Moxico. Jonas Savimbi morre "de arma na mão", como "um militar", numa emboscada das Forças Armadas Angolanas (FAA), sexta-feira à tarde, junto ao rio Luio, sudeste da província do Moxico, ao fim de cinco dias de perseguição pelo mato.

"Sete tiros foram suficientes para o abater". Foi assim que o Brigadeiro Wala, na qualidade de dirigente da "força mista que matou o líder da UNITA", resumiu o fim de Savimbi aos jornalistas presentes no local em que o corpo foi exibido - Lucusse, a 79 quilómetros do sítio da emboscada.

louva7.jpg O relato é do repórter da Lusa, Miguel Souto. O destino de Savimbi, calculou Wala, era a fronteira com a Zâmbia, onde contava ser reabastecido pelos seus homens. Nos anos que se seguiram, pouco a pouco, os elementos afectos à UNITA foram sendo acantonados às suas próprias iniciativas.

Em Junho de 2002, quatro meses após a morte de Savimbi, fui a Angola tendo permanecido em Luanda, Sumbe e Benguela aonde permaneci um mês em casas de pessoas afectas ao MPLA. Em nada fui perturbado naquilo que quis observar… E, observei haver preocupação de alguns dirigentes que informalmente me cativavam a ideia de regresso a Angola. Isso não aconteceu, não obstante observar de longe a evolução da terra que me viu crescer como filho mazombo.

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

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O Soba T'Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:22
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Domingo, 10 de Novembro de 2024
VIAGENS . 219

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil

Crónica 3641 – 11.11.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

araujo179.jpg Carlos Morgado era dos poucos representantes no exterior que tinha linha direita com o presidente da UNITA (sem ter que passar pelo coordenador da M.E, Isaías Samakuva). Carlos Morgado, foi o primeiro a denunciar que o regime angolano, estava a manter negociações com o general Kamorteiro que estava na condição de capturado e que a direcção da UNITA não validava.

Foi nesse então dado como radical pela média angolana após criticas ao PR, José Eduardo dos Santos através de reacções duras. JES “vingou-se” de Carlos Morgado rejeitando-o mais tarde a proposta para integrar o GURN como Ministro da Saúde.

Avançando no tempo, o fim da guerra em 2002 e durante a vigência da Comissão de Gestão foi desmobilizado como brigadeiro e elevado a Secretario dos Assuntos Sociais da UNITA. No IX congresso que elegeu Isaías Samakuva como Presidente do partido, o mesmo desempenhou papel preponderante, coadjuvando Abel Chivukuvuku no “Estado-maior da Campanha”.

ara3.jpg Morgado foi o responsável pela integração dos ex-quadros da UNITA da Saúde (na maioria enfermeiros) no sistema da saúde pública governamental. No X congresso, foi mandatário da campanha de Abel Chivukuvuku no conclave que o renomeou. Após o conclave foi indicado Secretario da Saúde e Ambiente, cargo que depois veio abandonar quando decidiu regressar a Lisboa para fazer um Mestrado em Saúde Pública.

Após a conclusão do mestrado, regressou a Angola prestando assessoria a trabalhos na “Open Society”, tendo colaborado e realizado palestras com temas ligados à saúde nas páginas do Jornal Folha 8. Em finais de 2009, esteve envolvido num projecto sobre saúde pública na Universidade Católica de Angola.

Foi Professor das Universidades Metodista e Católica de Angola.  Personalidades que já trabalharam com ele descrevem-no como “pessoa muito inteligente, eticamente humilde e aberto ao diálogo”.

morgado1.jpg Entretanto, Celita Morgado, esposa de Carlos, saia com seu filho para Portugal a  encontrar-se com ele. Será deles que dependerá voltarem ou não para Angola. Serem da UNITA, ou deixarem de  ser da UNITA.

Quanto ao guerrilheiro Jonas Savimbi, mestre em manobras tácticas, subindo e descendo rios, sem qualquer abastecimento, terminou a vida encurralado; enquanto as moscas circundavam o corpo do guerrilheiro, José Eduardo dos Santos era nesse então, recebido por Bush na Casa Branca. O que é que os americanos irão aprontar a seguir às mortes dos seus amigos e aliados!  Dá para pensar…

araujo1.jpg Ilustrações de Cota Araújo

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:32
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Quarta-feira, 6 de Novembro de 2024
VIAGENS . 218

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil Crónica

Crónica 3640 – 06.11.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

araujo107.jpg Carlos Jorge Viegas Morgado nasceu no Sambizanga, um bairro de Luanda e cresceu no bairro Catambor, paredes meias com a Maianga, aonde fez os estudos primários e liceais. Com cerca de 15 anos aderiu à juventude da UNITA e na azáfama da independência viu-se obrigado a refugiar-se em Portugal.

Em 1984 concluiu o curso de medicina pela Universidade do Porto. Enquanto estudante foi responsável da JURA na zona norte de Portugal e ajudou a criar núcleos que constituíram parte das bases da UNITA naquele país europeu (M´Puto). Após a sua formação, o governo português impôs-lhe a condição de cumprir a tropa portuguesa antes de ser colocado como Médico.

Não concordando com a condição, preferiu seguir, em 1987, para a Jamba-Angola tendo sido integrado no exército das FALA como director da saúde militar. Como médico militar, mostrava-se corajoso em ir para as frentes de combates para prestar assistência aos soldados. Promovido ao grau de Coronel e membro do Comité Permanente da Comissão Política da Direcção da UNITA…

morgado2.jpg A UNITA era por alturas de 1990 dado como um movimento racista, mas havia um pormenor que fugia a esta propaganda; a pessoa de confiança para tratar da saúde de Jonas Savimbi era um branco e, isto punha em causa a propaganda do regime do MPLA.

Para salvaguardar essa propaganda foram postos a circular rumores insinuando que o Doutor branco Carlos Morgado, às ordens do líder, castrava os comandos da guarda presidencial de Savimbi tornando-os inúteis como homens em sua plenitude. Interessa aqui descrever quem era  mesmo, Carlos Morgado.

Torna-se assim médico pessoal de Jonas Savimbi e mais tarde Ministro da Saúde do Governo da chamada “Terras Livres de Angola”. Enquanto médico pessoal de Savimbi e membro da alta hierarquia do partido, fez parte de uma delegação presidencial da UNITA que em Junho de 1988 foi recebida pelo então Presidente norte-americano Ronald Reagan na Casa Branca.

araujo115.jpg Na tentativa de se criar um Governo de Unidade integrando elementos das duas partes (UNITA e MPLA), Jonas Savimbi propôs que Carlos Morgado fizesse parte do executivo como Vice-Ministro da Assistência e Reinserção Social. (Os outros eram: Victorino Domingos Hossi para Ministro da Cultura; Estevão José Pedro Cachiungo para Vice-Ministro das Obras Públicas e Urbanismo e Lukamba “Gato” para Vice-Presidente da Assembleia Nacional).

Os mesmos nunca chegaram a ser nomeados ou exercer estas funções devido ao impasse que se verificava. Carlos Morgado em 1993 tomou posse como deputado e Savimbi fez dele o Primeiro Presidente da Bancada Parlamentar da UNITA na Assembleia Nacional.

roxo10.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:29
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Sexta-feira, 1 de Novembro de 2024
VIAGENS . 217

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil

Crónica 3639 – 01.11.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

unita21.png Recordando uma figura de destaque que se dedicou à UNITA e ao seu presidente a cem por cento, salientamos que em Setembro de1990, Carlos Morgado, médico pessoal do Dr. Savimbi, tornou a fazer parte da sua comitiva ladeado com Jeremias Chitunda, que desta vez foram recebidos em Washington por George Bush “pai”.

A  31 de Maio a 11 de Junho de 1991, Carlos Morgado faz parte da maior delegação da UNITA  que visita os países europeus após o acordo de Bicesse. No VII congresso da UNITA foi indicado “Ministro dos Quadros” dum governo sombra que o “Galo Negro” ia ensaiando, para uma possível governação após as eleições.

Logo após os acordos de Bicesse juntou-se ao elenco de dirigentes que Savimbi enviou a Luanda no ano de 1991. Em Dezembro do mesmo ano animou um alargado encontro com os quadros da UNITA no cinema Kipaka em Luanda ao lado do general Eugénio Manuvakola.

morgado1.jpg Em finais de 1992 e, quando se registaram confrontos entre militares da UNITA e do governo, nas ruas de Luanda, Carlos Morgado encontrou-se com Jeremias Chitunda, Salupeto Pena e Abel Chivukuvuku a preparar a saída de Luanda. Tendo socorrido soldados das FALA ferido, ficou sem peniclina e outros fármacos, apelado ao governo angolano que “pelo menos” aos soldados feridos fosse dado atendimento no hospital militar.

Não teve tempo, de socorrer mais ninguém, porque a sua vida também estava em risco; na tentativa da fuga foi alvejado nos membros inferiores, entre o largo Serpa Pinto e o ex liceu Salvador Correia. Foi levado para o Hospital Militar e mais tarde para as instalações do Ministério da Defesa onde ficou cerca de seis meses sob custódia do exército governamental, tempo que coincide com a morte do pai em Portugal.

Entretanto, diante ao clima de desconfiança que reinava, o mesmo abandonou Luanda e foi indicado representante da UNITA em Portugal e membro da missão externa. Em seu lugar foi indicado um novo médico pessoal de Savimbi, o Dr Leon, de origem congolesa.

ÁFRICA11.jpg Mais tarde em Fevereiro de 1995, Carlos Morgado  foi ao Bailundo participar no VIII Congresso da UNITA tendo tratamento VIP com direito a cadeira ao lado do Presidente e do SG do partido, denotando reiteração da confiança de Savimbi. Enquanto membro da Missão externa (ME) em Portugal passou actuar como “head center” de uma rede de inteligência, da UNITA neste espaço europeu. 

Jonas Savimbi que se encontrava refugiado no Huambo mostrava-se preocupado com a situação do seu médico pessoal. A 9 de Março de 1993 fez uma mensagem “a nação” exigindo a libertação do mesmo: “Exigimos imediatamente a libertação do Dr. Morgado que, por uma questão de humanidade, seja dada liberdade ao Dr. Morgado, para abraçar a sua mãe, que perdeu o marido".

unita02.jpeg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

 (Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:17
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Sábado, 26 de Outubro de 2024
VIAGENS . 216

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil

Crónica 3637 – 26.10.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

tuiui3.jpg E, eis que mais uma guerra civil se iniciava, a da desilusão. A 5 de Dezembro de 1998 “dos Santos” engenheiro de sabedoria, decreta o inicio do fim: Eliminar Savimbi, matar, matar, num nunca acabar. A guerra de 27 anos pode ser dividida aproximadamente em três períodos de grandes combates - de 1975 a 1991, 1992 a 1994 e 1998 a 2002 - com períodos de paz frágeis. Quando o MPLA alcançou a vitória em 2002, mais de 500 mil pessoas morreram e mais de um milhão foram deslocadas internamente. A guerra devastou as infra-estruturas de Angola e danificou gravemente a administração pública, a economia e as instituições religiosas do país.

Esta guerra terá de o ser, considerado um conflito por procuração da Guerra Fria, já que a União Soviética e os Estados Unidos, com seus respectivos aliados, prestaram assistência às facções em luta mas, -“Quando zumbi senhor da guerra chega, é zumbi quem manda”. Zé Sozinho enquanto atarraxava a cuja dita perna de pau, recheado de mortificação fala.

E, Zé fala assim: - O outro meu mano kwacha sem pernas morreu. O salalé neste entretanto, roeu seu último património; as suas pernas postiças em forma de cruz. Sucede que um dia e a convite de João Miranda, assisti bem na margem do rio Okavango (Cubango) a uma reunião de empresários e militares presidida por San Nujoma.

nujoma0.jpg San Nujoma foi o primeiro presidente da Namíbia. Um helicóptero chegou bem perto da escola local do Shitemo no N´donga Linena River Lodge, dele desceu um velho senhor de barba branca, alpercatas e um chabéu de palha já com falripas soltas. Também trazia um bastão, que julgo ser feito de um distinto pau, o mesmo de entalar nos dentes depois de morto. Com seus pés e olhos grandes, caminhou em direcção às autoridades locais, depois veio cumprimentar os convivas e suas visitas aonde me encontrava.

Foi muito agradável em suas palavras, sua característica de humilde, postura e atitude. Naquela reunião, referiu a guerra que grassava do outro lado do rio – Angola. Pediu  a seus militares que não dessem guarida às tropas da UNITA, tendo mesmo dito aos militares com estrelas que os ripostassem com fogo de morte.

Ele era o líder do povo do Sudoeste Africano, (Ovamboland People's Organization) e eu, um cidadão disfarçado de turista caçador de elefantes. Tenho uma foto deste cumprimento, por aí! Soubesse ele que eu era um responsável coordenador da UNITA no exterior e, teria apontado o dedo em minha direcção.

unita04.jpeg Em realidade era um turista como tantos outros e, nada havia em concreto sobre a minha pessoa a não ser muxoxos escutados pela contra-informação, sem o peso necessário para me apontarem algo. Bem! Também N´Zambi era meu amigo! Assim não sucedeu embora as estruturas de informação e inteligência pudessem saber de algo; minha missão era ver os pontos de reabastecimento à Jamba a partir da Namíbia.

O tempo fez diluir estas contrariedades de estar sob escuta mas ficou bem presente o que disse: “UNITA soldiers crossing the river, fire on them”; No M´Puto, José Pedro Cachiungo, tinha-me feito advertência de poder ter algumas contrariedades e, mesmo sem salvo-conduto meu comportamento foi de singela observação… Têm mais kitucus mas, o melhor é ficar só assim mesmo!

pinto3.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:55
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Domingo, 6 de Outubro de 2024
VIAGENS . 212

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Depois da  “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”

Crónica 3632– 06.10.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

roxo123.jpg Mugabe e Mandela disseram que estariam dispostos a encontrar-se com Savimbi. Mandela pediu que ele fosse à África do Sul, mas Savimbi não foi. O acordo criou uma comissão conjunta, composta por funcionários do governo angolano, da UNITA e da ONU, com os governos de Portugal, Estados Unidos e Rússia como observadores, para supervisionar sua implementação

Havendo  violações nas disposições do protocolo serão discutidas e revisadas pela comissão. As disposições do protocolo, integrando a UNITA nas forças armadas, um cessar-fogo e um governo de coligação, eram semelhantes às do Acordo do Alvor, que concedeu a Angola a independência de Portugal em 1975.

Àquele acordo subsistiam muitos dos mesmos problemas ambientais, descon-fiança mútua entre a UNITA e o MPLA, falta de supervisão internacional, importação de armas estrangeiras e ênfase excessiva na manutenção do equilíbrio de poder, levariam ao colapso do protocolo…

roxo26.jpg Recordando: - Passados já uns cinco anos dos recontros da Batalha do Cuíto Cuanavale, é dado a conhecer pelo toxicologista criminal belga Dr. Aubin Heyndrickx, o uso de gases na guerra. Ele, estudou supostas evidências, incluindo amostras de "kits de identificação" de gás de guerra encontrados após a batalha em Cuito Cuanavale…

E disseram: alegando que "não há mais dúvida de que os cubanos estavam usando gases nervosos contra as tropa Jonas Savimbi" - As tropas cubanas foram neste então acusadas formalmente de terem usado gás nervoso contra as tropas da UNITA durante a guerra civil.

roxo138.jpg O envenenamento por aquele agente nervoso leva a contracção de pupilas, salivação profusa, convulsões e micção e defecação involuntária, sendo que os primeiros sintomas aparecem segundos após a exposição. A morte por asfixia ou parada cardíaca pode ocorrer em minutos devido à perda do controle do corpo sobre os músculos respiratórios e outros.

Os agentes nervosos também podem ser absorvidos através da pele, exigindo que aqueles que provavelmente sejam submetidos a tais agentes usem uma vestimenta completa, além de um respirador. Os agentes nervosos são geralmente líquido insípidos de coloração que varia entre o incolor e o âmbar e podem evaporar para um gás.

Os agentes sarin e VX são inodoros; o tabun tem um odor ligeiramente frutado e o soman tem um leve odor de cânfora. Os jovens não conhecem esta história. E, a paz e reconciliação em Angola nunca se conseguirão com base na mentira”.  Assim se recorda Mário Pinto de Andrade: “ninguém pode negar a História, mas tem de se falar com realismo.

roxo148.jpgIluustrações aleatórios de Assunção Roxo

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:50
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Quinta-feira, 26 de Setembro de 2024
VIAGENS . 210

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Antes e Depois da  “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”

Crónica 3629 – 26.09.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

roxo54.jpg Em Março de 1992, representantes da Amnistia Internacional visitaram Angola lançando um apelo para a protecção dos direitos humanos – “Na ausência de providências imediatas para impedir novos assassinatos, verificava-se uma escalada da violência que vinha a pôr em risco os acordos de paz”.

Havia crimes cometidos, nunca castigados, segundo pesquisa na imprensa angolana e portuguesa: Pelos governamentais, a morte de seis pessoas, numa manifestação pacífica de apoio aos separatistas de Cabinda, em 1991. Ainda em Cabinda, no mesmo ano verifica-se a execução a tiro do diácono Arão.

Também em Luanda, ocorre o assassinato do piloto governamental Sampaio Raimundo, pelo guarda-costas de um oficial da UNITA. No corrente ano de 1992, dá-se a morte de quatro oficiais da Força Aérea angolana, por membros da UNITA – dois deles, enterrados vivos, um queimado, outro espancado. Dá-se também a morte de nove membros da UNITA, entre os quais o tenente José Segundo

roxo55.jpg Na Província de Benguela, segundo representante da UNITA em uma comissão da CCPM - Comissão Conjunta Politico Militar. O mesmo, foi alvejado por um civil e por um outro com uniforme das FAPLA, em Junho do passado ano. Àquelas mortes, nenhuma investigação foi feita.

Dá-se o assassinato do representante da UNITA em Malange, coronel Pedro Makanga, vingado logo a seguir, com o assassinato de um tenente-coronel das FAPLA. Era esta a onda de insanidade e falta de rigor na fiscalização e ordem do território e, dizer-se por isso, estar-se a caminhar para uma longa tragédia anunciada, sem ter ninguém ou entidade fidedigna para superar com justiça quaisquer arbitrariedades.

Na Província da Huíla dá-se assassinato de quatro turistas; este episódio transforma-se em mais um incidente político, quando Jonas Savimbi anuncia que prendera Celestino Sapalo, um agente de segurança governamental, por suspeita dos crimes. A ONU, vem a concluir que os crimes haviam sido cometidos pela tropa da UNITA.

roxo56.jpg A ONU concorda em permitir o interrogatório a Sapalo por uma comissão conjunta de inquérito, formada por seus representantes e do governo, mas isso nunca aconteceu. Dá-se aqui conhecimento de várias altercações que um pouco por toda a Angola se vão verificando, para que se tenha uma ideia melhor formatada do todo o ambiente social em efervescência expectante da paz que, não chega…

Em Cabo Ledo, arredores de Luanda, ocorre a morte por assassinato de uma família portuguesa. O governo apresenta um presumível autor dos crimes que anuncia ter actuado a mando da UNITA, por dinheiro e, embora tudo apontasse ser uma manobra política do MPLA, nenhuma investigação viria a ser feita….

ROXO134.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

Ilustração aleatória de asunção Roxo

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:26
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Sábado, 21 de Setembro de 2024
VIAGENS . 209

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - Depois da  “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”

Crónica 3628 – 21.09.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

dia142.jpg …*Abro aqui um parêntesis para prosseguir o pensamento de Muana Damba,  subscritora do Manifesto da Sexta-Feira Sangrenta, ressaltando que a etnia branca desde seu processo libertador pelos autodesignados mandatários dum autopoder, na gestão do todo-poderoso MPLA na governação, sempre a excluíram, subtraindo-lhe direitos de gerações por nascimento.

Algo, nem tanto incomum e xenófobo, do qual tanto se fala hoje pelo mundo com refugiados de um e outro lado, passados que são quase 50 anos daquele 11 de Novembro de 1975, verificando-se sempre um provocado desleixo ao lidar com a etnia branca, relegando-a para um submundo de indiferença e menosprezo…

Muana Damba continuando seu manifesto refere: Queremos que as autoridades e diversos irmãos angolanos saibam que Angola é um mosaico de tribos ou mesmo junção de tribos; nós temos a nossa terra, assim sejam Kimbundos, Ovimbundos entre outros que o tempo ditará terem também os mesmos direitos.

luua15.jpg Direitos  de jus soli (lei do solo -"direito de solo") irrestrito, ou o direito à cidadania a quem nasça em solo nacional, independente de quaisquer outras condições. Se alguma lei, assim o não refere, urge modificá-la para bem  do futuro de Angola.

Entretanto e enquanto os deputados eleitos pela UNITA assumem as suas funções de forma regular no Governo Nacional. A UNITA após uma fase de êxitos militares, como por exemplo a tomada temporária da cidade do Huambo, a seguir, passou a perder terreno de maneira dramática. A isto se deve o reforço maciço das FAA (Forças Armadas de Angola), em pessoal, formação e equipamento, no auge das  receitas do petróleo.

Na década após 1990 as mudanças políticas no exterior e vitórias militares em casa permitiram ao governo fazer a transição de um Estado nominalmente comunista para um Estado tendencialmente democrático. A declaração de independência da Namíbia a 21 de Março de 1990, eliminou a ameaça ao MPLA da África do Sul, quando a SADF se retirou de lá.

roxo27.jpg O MPLA aboliu o sistema de partido único e rejeitou o marxismo-leninismo no terceiro Congresso do MPLA em Dezembro, mudando formalmente o nome do partido de MPLA-PT para MPLA. O tempo escasseia-me muitas vezes, para poder redigir histórias escondidas, antigas, que até posso antever reais a tempo inteiro, real ou ficção.

Nessas alturas subitamente levanto voo, plano como um albatroz e por aí vou fora, sem parágrafos ou pontos finais, com diálogos dinâmicos, que só o serão na ficção!  Assim fala o Soba, impondo só a si, suas leis, aos outros também quando calha - fugir aos ditames dos familiares e do Kimbo, subvertendo-se nas leis, com gozo e guzu nisso, e sabedoria quando tal acontece. Claro, que há coisas negativas as que mais resultam ao inimigo, porque sempre se aprumam na coluna vertebral do indígena portador...

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:26
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Quinta-feira, 19 de Setembro de 2024
VIAGENS . 208

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - Depois da  “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”

Crónica 3627 – 19.09.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

unita31.jpg Por via da  6ª Feira sangrenta de 22, 23 e 24 de Janeiro de 1993, Mobutu é acusado de ter enviado tropas para auxiliar o braço armado da UNITA. No entanto, quando as ex- FALA's ocupavam militarmente uma das cidades, a Rádio Nacional de Angola, noticiava o que aqui se cita: "tropas zairenses e da UNITA, ocuparam tal cidade", etc.

Alguns jornalistas do Jornal de Angola imprudentes, assinam artigos em que criticavam os supostos zairenses (na realidade, angolanos bakongos), com caricaturas, denegrindo-os de serem responsáveis da miséria do povo angolano. Em meados de Janeiro de 1993, todos os órgãos de comunicação Social de Angola, citam fontes militares que foram capturados no campo de batalha, tropas zairenses.

Essas afirmações da imprensa esquerdoida, no seu modo de ver, constituía prova suficiente da implicação de Mobutu no sucesso de tropas da UNITA no terreno, prometendo apresentá-las numa conferência de imprensa. Na preparação desta, um jornalista que quis saber quais as provas que tinham, a resposta foi simples: falavam lingala!

lifune0.jpg O jornalista insiste em saber se, nas forças armadas angolanas e da UNITA, não havia militares que falassem lingala, sendo logicamente considerados angolanos. A reunião com imprensa foi anulada "in-extremis", por ordens superiores. Soube-se mais tarde, que os supostos soldados zairenses, na realidade eram angolanos bakongos que falavam lingala, ligados ao partido no poder e recrutados para este efeito.

A campanha de difamação contra Mobutu e os zairenses era tão forte que obrigou o então general da UNITA, Demosthenes Chilingutila a desmentir na rádio portuguesa TSF, qualquer implicação das tropas do Zaire ao lado das suas tropas afirmando ainda que o próprio presidente do Zaire tinha problemas graves no interior de seu pais e, precisando ele sim, da ajuda da UNITA.

Nesse dia, 22 de Janeiro de 1993, um editorial da Rádio Nacional de Angola revela que os Zairenses infiltrados no seio da população angolana, preparavam um plano para assassinar o presidente da República, José Eduardo dos Santos.

guerra20.jpg E, foi esta a razão que no mesmo dia incutiram e accionaram seu conhecido Poder Popular junto de seus seguidores entre a população de Luanda munidas de armas de fogos pelo MPLA a assaltarem, violarem e matarem à revelia e com toda a impunidade, os bakongos da capital do país – Luanda.

Dias depois, os bakongos, impotentes e frustrados, reúnem-se algures em Luanda, redigem o famoso Manifesto da Sexta-Feira Sangrenta, um memorandum dirigido ao governo de Angola, ao parlamento e às embaixadas acreditadas em Angola. Neste documento, os activistas “bakongo” relatam com pormenor o que se passou nestes dias. O então deputado do partido PDP-ANA, Nfulumpinga Landu Víctor, toma conhecimento do manifesto e interpela a Assembleia para condenar os massacres e levar à justiça os autores.

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:46
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Domingo, 8 de Setembro de 2024
VIAGENS . 205

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - ELEIÇOES - “OS 3 DIAS DAS BRUXAS”  - Crónica 3623 – 08.09.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto

luua55.jpg Os votos foram contados, mas a UNITA não concordando, exigiram a recontagem, pois os primeiros resultados deixavam de fora a possibilidade de uma segunda volta das presidenciais a Savimbi. Os acontecimentos precipitaram-se e Savimbi teve de fugir de novo para o Huambo levando atrás de si uns esperançosos 40% nas eleições com os dados viciados, segundo a UNITA.

Lendo o Expresso do M´Puto: Savimbi ficou à espera por um curto tempo no Huambo e mais tarde, no seu refúgio da Jamba. Savimbi aguardava agora a marcação da segunda volta, que o levaria ao cume das suas aspirações. Após se saber os resultados “fraudulentos” e, da matança aos homens da UNITA, teria de haver uma segunda volta para as presidenciais, mas esta volta nunca se chegaria a realizar

Com sua riqueza em petróleo e diamantes, Angola é como uma grande carcaça inchada com os abutres girando no alto. Os antigos aliados de Savimbi estão mudando de lado, atraídos pelo aroma da moeda forte". Savimbi também expurgou alguns dos membros da UNITA, que ele pode ter visto como ameaças à sua liderança ou como questionadores de seu curso estratégico. Entre os mortos no expurgo relembram uma e outra vez Tito Chingunji

luua58.jpg Depois da fuga do Jonas Savimbi, nos fins de Novembro de 1992 para o Huambo, este reorganiza o comando da sua ala militar e, no espaço de poucos meses depois das primeiras eleições em Angola, ocupa as cidades do Uíge, M´banza Kongo, N´dalatando, Soyo, Caxito e mais tarde, depois de uma batalha de 55 dias, a segunda cidade de Angola, Huambo, obrigando o governo a ficar na defensiva.

No Gabão, em Libreville, Jonas Savimbi, Líder da UNITA, União Nacional para a Independência Total de Angola, José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola e Omar Bongo Ondimba reuniram-se dando as mãos, segundo a descrição do jornalista Carlos Albuquerque que fez a cobertura. A Savimbi foi-lhe proposta o lugar de Vice-Presidente.

luua57.jpg E, sucedeu que após ter aceitado informalmente, a nomenclatura do MPLA, de imediato afirmou que haveria dois vice-presidentes: Um indicado pelo MPLA e o outro, por Savimbi, que logicamente ficaria preterido em uma segunda ou terceira linha na hierarquia… Só lhe restava recusar! O MPLA, sempre foi assim: inventando coisas tão diabólicas que nem lembram ao diabo…

Na óptica das probabilidades, haverá aqui uma situação incrível, pois que Savimbi poderia ter sido o primeiro Presidente de Angola eleito. Se ele tivesse aceitado, a realização da segunda volta das presidenciais, em 1992, nada nos garante que não tivesse ganho, ou mesmo, perdendo, nada nos diz que numa nova votação, saísse vencedor mas sempre o seria, uma perigosa suposição…

dom01.jpgPor parte das instâncias internacionais sempre se verificou um certo aveludar ao comportamento da gente  afecta ao MPLA, o lado “governamental”.  Por ideários ou interesses obscuros estes, sempre eram os donos da verdade.  Com sua máquina da informação lubrificada diziam (e dizem…), que mais lhe interessava; prosseguindo uma logística concertada em denegrir permanentemente a UNITA. Os posteriores conhecimentos dos factos vinham a confirmar a permanente contra-informação, métodos dissuasores e políticas de inteligência praticados  por peritos oriundos da cortina comunista.

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

 (Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:03
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Segunda-feira, 2 de Setembro de 2024
VIAGENS . 204

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* . ELEIÇOES - “OS 3 DIAS DAS BRUXAS”

- Crónica 3621 – 02.09.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

araujo176.jpg Números que Mário Pinto de Andrade, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), contesta: “Acho que, às vezes, a comunidade internacional empola. Houve uma manipulação desses resultados. Eventualmente fala-se das pessoas que morreram pela UNITA, mas também morreu muita gente pelo lado do governo. A UNITA quando ocupou o Uíge matou muita gente do MPLA e quando ocupou o Huambo, fez o mesmo.”

Uns, declarados opositores, são pressionados, coagidos ou assediados, outros desaparecem misteriosamente e ainda outros são presos por se expressarem em desfavor do MPLA que se protagoniza como sendo eles, o país. Nas eleições parlamentares, a UNITA obteve uma votação de mais de 30%, portanto expressiva, mas que ficou aquém das suas expectativas.

Nas eleições presidenciais, os cerca de 42% obtidos por Jonas Savimbi impediram que José Eduardo dos Santos, presidente em exercício que reuniu 59% dos votos, obtivesse na primeira volta a maioria absoluta, do modo que, pela legislação então em vigor, teria sido necessária uma segunda volta.

araujo179.jpg Neste meio tempo, Luanda (e todo o país) estava pejada de um dispositivo policial desmesurado, como se tratasse de um estado de sítio - coisa a que os luandenses já não queriam acreditar – preocupados, justificavam tal, dadas as preocupações com o acto eleitoral dos dias 29 e 30 de Setembro; pensava-se que, o facto de ser feito assim, o era  para que tudo corresse bem.

E correu. Correu muito bem, dada a afluência às urnas ter ultrapassado os 70% só no primeiro dia. O povo queria a paz e acreditava que a poderia conseguir pelo voto. Mas Angola, não era só Luanda e, Luanda não era só a Mutamba, não era só a marginal e a sua baía que paulatinamente ia sendo mudada no visual para gaudio dos adoradores de cenários pomposos, futilidades.

araujo180.jpg Em uma exortação sobre a Sexta-Feira Sangrenta, Muana Damba publicou a 24 de Janeiro no recente ano de 2013: História do Reino do Kongo - Você é um N'kongo, filho desta terra legada pelos nossos antepassados. Se podemos considerar esta Angola um país de Cabinda ao Cunene, é porque nela estão inseridas todas as etnias do país.

Todas as etnias, assim sejam os arianos, todos os cafusos, os mazombos como eu, besugos, matutos ou mamelucos do M´Puto, europeus e, também os filhos destes,  incluindo os Bakongos sejam eles de Cabinda, do Soyo, do Uíge, M'Banza Kongo e outros que falam com estalinhos mas, se essa realidade deixar de ser considerada, Angola deixa de ser aquilo que é, portanto. todos teremos de reflectir...

Luanda, nem tão pouco era o kinaxixe que viria a ser defenestrado, derrubado  por obtusas mentes, obscuras  e corruptas ganâncias  do sistema instalado no seio do governo. Pelo tubo ladrão corria muito petróleo, muito ódio às obras virtuosas que faziam lembrar o colonialismo… E “a guerra, que até aqui, matou e estropiou tantos, alimentou uma nomenclatura, gente que se tornou insultuosamente rica e prepotente” – Os mesmos que agora governam (Ainda…)

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Ilustrações de Costa Araujo

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto

 (Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:42
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Sábado, 31 de Agosto de 2024
VIAGENS . 203

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* . ELEIÇOES - “OS 3 DIAS DAS BRUXAS”

- Crónica 3620 – 31.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

valentina2.jpg Recorde-se: De 29 e 30 de Setembro de 1992 diz Filomena Lopes líder do Bloco Democrático, partido da oposição angolana: “foram naturalmente três dias horríveis", data em que se interrompeu o processo de paz em Angola. Fui apanhada de surpresa, sobretudo numa altura em que se tentava encontrar soluções políticas para o problema.

Filomena diz: - “Matava-se tudo. Matavam-se todos os que tivessem alguma ligação com a oposição. ”Milhares de apoiantes e dirigentes da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) são assassinados em Luanda e em outras localidades do país. Também há vítimas da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). “É a primeira vez, na história da guerra civil angolana, que políticos morrem em combate”, escreve o jornalista Emídio Fernando no livro Jonas Savimbi, “No Lado errado da História”.

Savimbi chamou a situação de "crise mais profunda" da UNITA desde a sua criação. Estima-se que talvez 120 mil pessoas tenham sido mortas nos dezoito meses após a eleição de 1992, quase metade do número de baixas dos dezasseis anos anteriores de guerra. Ambos os lados do conflito continuaram a cometer violações generalizadas e sistemáticas das leis de guerra.

unita28.jpg A UNITA, em particular, foi culpada de bombardeios indiscriminados de cidades sitiadas, o que resultou em um grande número de mortos civis. As forças do governo do MPLA usaram o poder aéreo de maneira indiscriminada, provoando muitas mortes de civis…

O tema ainda é tabu em Angola e até desconhecido por muito jovens. Daí a importância de uma boa estratégia de reconciliação, desde que não se branqueie a verdade, defende Orlando Castro: “Estes massacres são os mais visíveis, quer os de 27 de Maio de 1977, quer os de 1992; são os mais visíveis pelo número de vítimas, mas o MPLA tem muitas outras histórias porque ao longo da guerra – embora a UNITA obviamente também tenha cometido grandes erros – o MPLA, até pelo poder militar que tinha, massacrou muita gente inocente.

“Foi uma nova tentativa de decapitar a UNITA”. Orlando Castro conta: "Na história do MPLA, os massacres, ou as purgas, ou o que se lhe quiser chamar, são uma regra estratégica do regime, mesmo até para os próprios simpatizantes do MPLA”. Essa prática vem-se verificando até aos dias de hoje (2024) segundo muitas versões contadas aqui e ali, em livros ou crónicas nos jornais e redes sociais.

unita21.png Contadas até por gente fugida ao sistema, que sempre acusam o MPLA na utilização de venenos para eliminar parceiros ou amigos considerados insuspeitos. Quem lê o “Fórum de Liberdade” nas redes sociais de Fernando Vumby exilado na Alemanha, um antigo elemento da DISA - a polícia política do governo de Agostinho Neto, fica com os cabelos em pé...

Até hoje – ano de 2024, permanece por esclarecer quem ordenou o massacre após s eleiçõea. O número de vítimas também nunca foi confirmado, mas estima-se que tenham morrido entre 10 mil e 50 mil pessoas. Outros gráficos, baseadas em números da Igreja Católica, estimam que foram mortos de 25.000 a 40.000 partidários da UNITA e da FNLA

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:47
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Quinta-feira, 29 de Agosto de 2024
VIAGENS . 202

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - ELEIÇOES ; “A TRAGÉDIA  NOS 3 DIAS DAS BRUXAS”

- Crónica 3619 – 29.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

vazio1.JPG As eleições gerais angolanas ocorreram nos dias 29 e 30 de Setembro de 1992 para eleger o Presidente da República e a Assembleia Nacional. Foram as primeiras eleições multipartidárias, supostamente democráticas e livres realizadas no país. Ocorreram na sequência da assinatura dos Acordos de Bicesse de 31 de maio de 1991, que pretendia pôr fim ao impasse militar com mais de dezassete anos.

O MPLA ganha as eleições. Nem o candidato do MPLA, José Eduardo dos Santos, nem o seu adversário, Jonas Savimbi, da UNITA, conseguiram maioria absoluta nas presidenciais. Os oito partidos de oposição, em particular a UNITA, rejeitaram os resultados como fraudulentos, o que se veio a verificar posteriormente segundo relatos de ocorrências, por impedimentos de fiscalização, destruição de urnas ou, por trâmites inconsequentes.

Uma vez que nem o candidato do MPLA nem o candidato da UNITA obtiveram a maioria absoluta requerida nas eleições presidenciais, uma segunda volta seria necessária de acordo com a constituição mas, à medida que ambas as partes intensificaram a retórica da guerra, o MPLA ataca posições da UNITA em Luanda.

unita25.jpg A UNITA, questionou a equidade das eleições, apresentando provas das anomalias mas, a Comunidade Internacional e os países dos PALOPS assobiaram para o lado; assim era no Mundo, o início do barlavento esquerdista com a postura moderada de pseudo socialista! Seguiram-se combates que levaram à morte de muitos membros proeminentes da UNITA como Jeremias Chitunda, Elias Salupeto Pena e Aliceres Mango Alicerces, que foram retirados do seu veículo e mortos a tiros.

Milhares de eleitores da UNITA e da Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA,  foram massacrados em todo o país pelas forças do MPLA ao longo de três dias… Esses três dias que ocorreram de 30 de Outubro a 1 de Novembro de 1992 em Luanda, ficariam conhecidos como o MASSACRE DO DIA DAS BRUXAS,

unita26.jpgO massacre dizimou muitos membros dos grupos étnicos Ovimbundu e Bakongo, historicamente tidos como adversários do MPLA. O jornalista e analista político Orlando Castro afirmaria que, nessa altura, o MPLA tentou “neutralizar todos os que pensavam de maneira diferente do regime”.

Um observador oficial viria a escrever que nestas primeiras eleições em Angola, havia pouca supervisão da ONU, que 500 mil eleitores da UNITA foram embargados ao voto e, que havia 100 assembleias de voto clandestinas. Em um atentado no Huambo, é assassinado o poeta Fernando Franco Marcelino. Neste atentado é ferido com gravidade a poetiza Zaida Daskalos.

unita27.jpgO “Terra Angolana” – o jornal da UNITA, em sua edição de 31 de Outubro, atribui ao MPLA a autoria deste crime, o que é duvidoso pois que eram pessoas muito conhecidas em Angola e, desde sempre ligadas ao MPLA. Neste meio tempo é também assassinado no Huambo o médico e escritor David Bernardino, homem ligado à esquerda pelo Movimento Democrático do Huambo – um apêndice do MPLA desde o seu nascimento

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:36
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Domingo, 25 de Agosto de 2024
VIAGENS . 201

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - CAMPANHA CONFLITUOSA…

- Crónica 3617 – 25.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

ninja2.jpg Em Luanda a FNLA condena veementemente a agressão sofrida por Batista Fula, seu membro, brutalmente agredido. Também aqui a mídia enfeudada no MPLA, descreve esta ocorrência com um ilustre desconhecido, com o nítido fito de influenciar a gente da rua.

Gente de Luanda, para acirrar os ânimos; tudo para dar forma consistente e permanente – e,  agora usando o adjectivo “brutalmente” , sabendo nós. que o MPLA não suportava a FNLA… O maior incidente da campanha eleitoral foi a captura, pela UNITA, de onze elementos da guarda pessoal de Dos Santos.

Nesta caldeirada de preparação ao ódio os órgãos de informação do “governo ou colados a este”, justificam que o comportamento dos homens de Savimbi foi comunicado a este “tardiamente” e, segundo palavras ditas por ele, Jonas Savimbi…

ninja3.jpg Ainda em Setembro de 1992, chega a Lisboa uma queixa informal da UNITA, sobre o envolvimento de uma empresa portuguesa de distribuição alimentar, sediada no Porto, presumivelmente envolvida no fornecimento de material de guerra à Polícia anti motim angolana - os designados Ninjas - trinta mil homens treinados por espanhóis.

Sobre este caso, não houve grande desenvolvimento, assim como quase nada foi explicado acerca do cargueiro “Cecil Lulo” tripulado por dinamarqueses e filipinos, ostentando pavilhão das Bahamas e operado pela empresa dinamarquesa J. Pulsen, localizada no porto de Ponta Delgada (Açores), com um carregamento de armas; diz-se que provavelmente embarcadas em uma base militar dos Estados Unidos da América e, com destino a Luanda. 

ninja0.jpg A escassos dias do termo da campanha eleitoral a Conferência Episcopal Angolana difunde uma mensagem intitulada “As portas da II Republica”. Nela, os bispos afirmam que “a igreja, não tem de apresentar nenhum candidato”, mas exortam ao voto consciente.

ninja5.jpg No entanto reafirmam: “ Não devem merecer a preferência dos cristãos os que violam os direitos humanos e os que delapidam os bens públicos, seja por que via for”. A UNITA percebe que a mensagem se lhe cola e, acusa a igreja católica de favorecer o MPLA, ao mesmo tempo que que dirige ataques pouco abonatórios à representante das Nações Unidas Margareta Anstee

 ninja4.jpgE, acusam.na de “estar comprada pelo MPLA, com diamantes”. As mulheres da OMA – Organização da Mulher Angolana, afecta ao MPLA, saem à rua manifestando o seu apoio aos bispos e à própria observadora Anstee. Numa grande manifestação, exigem “ a consciência democrática e perdão sem violência”; eram práticas comuns e concertadas pelo Bureau Politico do partido no poder governamental…

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:06
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Quarta-feira, 21 de Agosto de 2024
VIAGENS .199

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - A RECONCILIAÇÃO – TENTATIVAS…

- Crónica 3615 – 21.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

zem2.jpg Com vista à transição de um Estado de partido único para uma democracia multipartidária iria realizar-se no ano de 1992. eleições em Angola destinada a escolher um chefe de Estado, um presidente e uma legislatura. Durante a campanha, notou-se alguma moderação em Eduardo dos Santos que assumiu  alguns erros de má governação, passando a defender o regresso de invetidores estrangeiros, privilegiando desta feita as relações com Portugal.

A Assembleia Nacional (que substituiria a Assembleia do Povo) seria composta por 220 membros, eleitos para um mandato de quatro anos, 130 por representação proporcional e 90 em distritos provinciais. A UNITA representada por Jonas Savimbi, optou pelo endurecimento na defesa de “uma Angola autentica” ameaçando os netos dos portugueses e dos mafulos holandeses e até, do próprio Dos Santos chamando-o de “sãotomense”.

No processo de Paz, Savimbi acusou Portugal e seus dirigentes de estar má-fé, bem como a Butrus-Galhli e Margaret Anstee - ambos “comprados com diamantes”, descurando-se  num efectivo apoio ao processo de paz através das eleições. (nota-se neste artigo do Expresso do M´Puto uma excrescente descrição a beirar a pura inventação, uma postura habitual na mídia de então – uma desacreditação "ad hoc" do candidato ***)

selos7.jpg Entre as referências à colonização e missionação  efectuadas no Congo a Norte, referiu os funantes aventureiros, que a Sul ousaram fazer comércio entre o mato, o kimbo e no batuque, desafiando a malária, as bilioses mas, e também, fabricando mulatos. Savimbi afirmaria que só a partir das primeiras décadas do século XX, com Norton de Matos, se iniciou a real colonização do Sul angolano. 

E, que mais tarde, o foi incrementada por Oliveira Salazar com a criação de colonatos a saber; da Sela, Sá da Bandeira e Matala entre outras. Refere que salvo raras excepções, e devido ao envio de famílias inteiras do M´Puto para esse locais agrícolas,  não houve a Sul  tão grande miscigenação como efectivamente,  o foi mais a Norte.

Quem veste e fala como os brancos são os “sãotomenses”, genericamente  gente do Norte,  também chamados de “calcinhas”. Os insultos a Eduardo dos Santos aliados às noticias de crimes contra os direitos humanos cometidos na Jamba, já relatados pela Amnistia Internacional, dizem os fazedores da estória e a mídia global, custaram talvez, a Savimbi e à UNITA a derrota das urnas (uma narrativa nebulosamente confusa).

za5.jpg E, num talvez, a UNITA tenha motivos para contestar as eleições e, por pressões variadas, o Dr. Malheiro Savimbi acabará por aceitar a segunda volta eleitoral. O Papa João Paulo II visitou Angola e São Tomé, em 1992. A visita começou a 4 de Junho e se estendeu até ao dia 10 de Junho, altura em que deixou Luanda para regressar ao Vaticano.

Desta visita foi criada uma profecia com os dizeres deste: “ Que tenha definitivamente terminado para ti, querida Angola, o tempo do teu desamparo” … Logo no dia a seguir à partida do Papa João Paulo II de Angola, MPLA e UNITA, envolvem-se em violento combate verbal, só apaziguado com interferência de Herman Cohen.

poluição.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

Nota 3: ***”Ad Hoc” - Um meio acadêmico, o revisor "ad hoc" tão comum nesse então, que é o pesquisador ou pseudo “qualquer coisa” que executa a revisão de um trabalho submetido para publicação em um periódico ou revista sem, contudo, participar como membro permanente do corpo editorial ou de revisores. Um tendencioso influenciador

(Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:08
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Segunda-feira, 12 de Agosto de 2024
VIAGENS .197

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3612 – 12.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

luua33.jpg Foram longas as discussões no seio da direcção militar e política sobre a decisão. Por um lado, elas não pretendiam ir contra a opinião de José Eduardo dos Santos e Fidel Castro, mas, por outro, tinham de dar ouvidos às considerações dos generais soviéticos ligados à guerra em Angola. Moscovo acaba por decidir enviar uma delegação militar, chefiada pelo general Varennikov, para estudar a situação no local. Após numerosos contactos com dirigentes angolanos e o comando cubano, bem como de uma inspecção da frente de contacto,

cuba15.jpg Varennikov apresentou o seu plano de defesa aos cubanos, mas vale a pena citar a forma como ele o fez para «não ir contra» a proposta de Fidel Castro. Na última reunião com o comando cubano a fim de se tomar a decisão final, Varennikov usou da palavra: «Após ter estudado multilateralmente a situação criada no sul do país e tendo em conta os possíveis ataques posteriores dos militaristas da África do Sul, bem como as possibilidades e capacidades das Forças Armadas de Angola, chegámos à conclusão de que o dirigente da República de Cuba, …

… Camarada Fidel Castro, previu profundamente os posteriores acontecimentos e agiu sabiamente quando recomendou à direcção de Angola fazer recuar as tropas para a linha do Caminho de Ferro de Benguela. Nós não só devemos apoiar essa proposta, mas também, nos prazos mais curtos possíveis, realizá-la.

Eu fiz uma pausa e olhei para as caras das pessoas que estavam sentadas na sala. Uns olhavam para mim como um homem mortalmente enfermo. Outros agitavam-se com os olhos abertos de espanto e trocavam olhares interrogativos com os vizinhos, olhando para trás.

CUBA14.jpg Compreendi que o objectivo tinha sido atingido: depois de alta tensão, nós apoiámos o nosso amigo e camarada Fidel Castro, que, na etapa actual, é o símbolo da luta pela independência nacional. Apoiámos precisamente por isso, e não porque lhe aconselharam os seus representantes em Angola, sem acordar isso com o conselheiro militar soviético.

Claro que nós, nos nossos actos, devíamos fazer tudo para conservar o rosto político-militar de Fidel Castro, não pôr sob qualquer risco o sul de Angola e, ao mesmo tempo, não colocar à prova o destino da república e o prestígio da União Soviética.»

Recorde-se algo já dito a montante:  «O adversário realizou movimentações de tropas de grande envergadura (tratou-se de uma imitação, era preciso aumentar o medo), o que provocou o aumento da tensão nos quartéis regulares e, nos pontos de comando das tropas governamentais de Angola, bem como nas guarnições das tropas cubanas.

kuito7.jpg É possível que a difusão de boatos (muxoxos), tenha sido obra do inimigo que certamente tinha adeptos seus na mais alta esfera do poder de Angola... ou a complexa situação no sul do país que aterrorizou realmente todos» - recorda Valentin Varennikov.

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

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O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:12
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Sábado, 10 de Agosto de 2024
VIAGENS .196

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3611 – 10.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

luua51.jpg Nesta situação, José Eduardo dos Santos pede ajuda aos comandantes das tropas cubanas em Angola (general Polo e Risquete, secretário do CC do Partido Comunista Cubano), mas estes, depois de avaliarem a situação, consideraram indesejável a participação dos militares cubanos nos combates.

Propuseram, então, que as tropas cubanas reforçassem posições na linha onde estavam instalados (ou seja, na linha do Caminho de Ferro de Benguela) e que as tropas governamentais, a fim de conservarem as suas forças, recuassem até essa linha e não deixassem o adversário atravessá-la. Este plano foi enviado a Fidel Castro, que o apoiou.

Valentin Varennikov revela a carta que Fidel Castro enviou a José Eduardo dos Santos a este propósito: «Caro irmão! São necessárias Forças Armadas para conservar a jovem república. Se perecerem as Forças Armadas, perecerá também a república.

luua52.jpg Por isso, por muito doloroso que seja, nós, na situação actual, só temos uma saída: retirar as tuas tropas para a linha do Caminho de Ferro de Benguela e, nessa posição, juntamente com os nossos combatentes, realizar o grande combate com o adversário.

Estou convencido de que ele será derrotado e as tropas de Angola, depois, poderão expulsar os sul-africanos do seu país. Só o recuo das tropas para a linha citada pode salvá-las da derrota e, desse modo, salvar a república.» O Presidente angolano enviou imediatamente essa carta para Moscovo, pedindo conselho, mas apoiando as recomendações de Fidel Castro.

luua50.jpg Isso levou a uma convocação urgente de uma reunião do Bureau Político do Comité Central do PCUS, onde Boris Ponomariov, secretário do CC, interveio para apoiar a posição de Fidel Castro. lúri Andropov, Secretário-Geral do PCUS, declarou: «damos o nosso acordo prévio, mas os militares precisam de ponderar tudo mais uma vez e informar-nos.»

Valentin Varennikov afirma ter discordado da decisão de Fidel Castro e apresenta os seus argumentos: «Primeiro, as tropas de Angola estavam prontas e em condições de defender o seu Estado; segundo, o recuo dessas tropas provocaria um prejuízo moral irreparável entre os soldados e os oficiais considerariam isso uma traição;

luua9.jpgBiker ...  Terceiro, sentindo o sangue, depois do recuo das tropas governamentais, os lobos sul-africanos continuariam a avançar, até Luanda inclusive; quarto, recuar até à linha das guarnições significaria um recuo de 300 a 500 quilómetros. Por outras palavras, era preciso entregar sem combate ao adversário um terço do país...»

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

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PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:34
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Terça-feira, 6 de Agosto de 2024
VIAGENS .195

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3609 – 06.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

iguana4.jpgAs divergências entre cubanos e soviéticos agudizaram-se quando, em 1984, as tropas sul-africanas lançaram fortes ataques contra a SWAPO não só na Namíbia, mas também no Sul de Angola… «O adversário realizou movimentações de tropas de grande envergadura (como mais tarde se veio a saber, tratou-se de uma irritação, era preciso aumentar o medo).

Esta situação provocou o aumento da tensão nos quartéis e nos pontos de comando das tropas governamentais de Angola, bem como nas guarnições das tropas cubanas. É possível que a difusão de boatos tenha sido obra do inimigo que certamente tinha adeptos seus na mais alta esfera do poder de Angola... ou a complexa situação no sul do país aterrorizou realmente todos» - recorda Valentin Varennikov.

iko6.jpg Chegados aqui, convém recordar quem era Iko Carreira: Henrique Alberto Quádrios Teles Carreira, que  era mais conhecido pela alcunha Iko Carreira. Foi um militar, político, diplomata, escritor e ideólogo anticolonial. Desertou das tropas portuguesas na "Fuga dos 100", em 1961, juntamente com Pedro Pires (posteriormente Presidente de Cabo Verde) e Joaquim Chissano (posteriormente Presidente de Moçambique).

Era considerado o terceiro em comando no partido e no Estado angolano durante a década de 1970, atrás somente de Agostinho Neto e Lúcio Lara. Na chefia do ministério liderou o processo de formação da Polícia Nacional e de outros órgãos militares. A partir de 1974 foi um dos responsáveis por reorganizar as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA). Em 1974 e 1975, foi designado a participar das negociações que culminaram nos Acordos de Alvor.

Após a declaração da independência angolana, assumiu o cargo de Ministro da Defesa da República Popular de Angola a 12 de Novembro de 1975. Actuou em estreita cooperação com a Força Expedicionária Cubana e, assessores militares soviéticos. Em 27 de maio de 1977 ocorreu o golpe de Estado falhado nitista em Luanda. O Ministro Carreira, passou a ser identificado como o principal representante da "elite branco-mulata"(***), despertando um ódio particular nos líderes da rebelião, que se posicionaram como "porta-vozes dos interesses dos negros pobres".

iko5.jpg Como Ministro da Defesa desempenhou um papel importante na repressão ao movimento do Fraccionismo. Liderou o tribunal militar que sentenciou à morte os participantes da rebelião. Foi um dos principais organizadores das repressões em massa de 1977 a 1979. Em 1980, foi afastado do cargo de Ministro da Defesa alegadamente para receber treino militar para graduar-se, uma vez que era somente coronel.

Foi enviado para a União Soviética, onde estudou na Academia Militar K. e. Voroshilov do Estado Maior das Forças Armadas Soviéticas, tornando-se, em 1982, o primeiro oficial militar africano a receber um diploma de formação como general. Em 1983 foi nomeado comandante da Força Aérea Popular de Angola, cargo em  que permaneceu até 1986.

lua55.jpg Nos últimos 13 anos de sua vida ele viveu com o lado esquerdo paralisado. Foi tratado em França e nos Estados Unidos; depois, mudou-se para Espanha. O governo angolano nomeou-o adido militar em Espanha. Escreveu dois romances com um dedo, em um computador especial, além de memórias políticas e de outras obras: "O Pensamento Estratégico de Agostinho Neto", Publicações Dom Quixote e. "Memorias", publicadas em Angola por N´zila.

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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

Nota 3: ***Pode daqui deduzir-se, de novo. quanto tinham de racistas os efectivos do MPLA. Retirar o branco de toda ou qualquer gestão militar ou civil, foi-o mais que evidente e, tudo sordidamente silenciado pelos mídias mundiais e, por Portugal, fruto de uma descolonização enviesadamente esquerdoida…  

(Continua…)

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:03
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Domingo, 4 de Agosto de 2024
VIAGENS .194

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3608 – 04.08.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

luua25.jpg Entre os seus subordinados próximos o general Iko Carreira revelava "indiferença" para com os documentos (ordens, directivas, telegramas, etc.) assinados por Pedale, considerava-os estúpidos, desnecessários, que podiam não ser executados... Claro que a situação com o chefe do Estado-Maior da Força Aérea preocupava todos. Entre a direcção do aparelho de conselheiros corria a ideia de "promover" Iko Carreira para qualquer outro cargo.

O motivo, era afastá-lo do posto de chefe do Estado-Maior da Força Aérea. Conhecendo o seu carácter, podia-se esperar tudo dele, principalmente tendo em conta o agravamento da situação político-militar no país». Valentin Varennikov descreve: «O nosso grupo (incluindo a mim) tinha essa opinião - continua Varennikov. - Porém, não era simples fazer essa mudança.

iko1.jpg Por um lado, ele gozava de grande prestígio entre o povo e, entre os políticos de todo o tipo era considerado uma figura de peso, era bem conhecido e influente entre a direcção de Portugal, o que era um importante factor para Angola, que continuava a manter as mais estreitas relações com todas as estruturas portuguesas.

O Ocidente olhava para Iko Carreira de forma leal, talvez por ele ser mulato, exteriormente mais parecido a um europeu do que a um africano»***. Segundo Valentin Varennikov, «no interior de Angola, o chefe do Estado-Maior era uma dor de cabeça para todos. Preocupava-o facto de ele, tendo nas mãos uma força tal, poder constituir um grande perigo se, num dos momentos tensos da agudização das relações com a posição, começasse a vacilar...

A fim de tomar medidas atempadamente para impedir ataques antigovernamentais e antipopulares da parte de Carreira, decidiram rodeá-lo dos oficiais mais fiéis ao presidente e ao ministro da Defesa e, depois, reforçar esse cerco».  Existiam também sérias divergências entre o comando das tropas cubanas em Angola e os conselheiros soviéticos.

iko2.jpg O general Varennikov recorda um episódio: «Quando da análise da situação do país, surgiram discussões, nomeadamente sobre questões de princípio. Por exemplo, eu não estava de acordo com o facto de as tropas cubanas não deverem, em circunstância alguma, participar em combates, salvo nos casos de ataques directos contra os cubanos.

Eles justificavam-se com ordens da sua direcção política. Como mais tarde me explicou o general Kurotchkin, os cubanos reagiam muito dolorosamente à morte dos seus concidadãos (como, a propósito, os americanos), por isso tinham instruções para não participar nos combates... Evidente que era necessário alterar o estatuto das tropas cubanas.

Tanto mais que os nossos conselheiros militares, que agiam a todos os níveis, desde o Ministério da Defesa e o Estado-Maior Geral até às brigadas, inclusive, eram obrigados a combater juntamente com os seus subordinados». «Tínhamos perguntas também a fazer quanto ao fornecimento de armamentos e tecnologia ao exército angolano e ao destacamento cubano de tropas em Angola: aqui, os comandantes cubanos, sem o conhecimento da sua direcção política, estabeleciam o que ficava para Angola e o que ficava para eles daquilo que era enviado da União Soviética»…

guerri6.jpg

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

(Continua…)

O Soba T'Chingange



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Segunda-feira, 29 de Julho de 2024
VIAGENS .191

NAS FRINCHAS DO TEMPO

DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA

- Crónica 3604 – 29.07.2024

- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”

Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto

CUBA14.jpg Valentin Varennikov recorda como ambas as partes utilizavam os dados de espionagem recolhidos pelos pigmeus: «Os nossos agentes, além das observações pessoais, utilizavam também os serviços pagos dos pigmeus. Eles vivem principalmente nas florestas do Congo, Zaire, Zâmbia, Rodésia, Namíbia, situadas em redor de Angola. Eu vi-os em África apenas uma vez, mas ouvi dizer muita coisa sobre as suas capacidades.

O principal é que os pigmeus têm, tal como algumas espécies de animais selvagens, um faro, audição e visão raros. Algumas horas antes de uma catástrofe natural (inundações, tempestades, sismo, etc.), o seu organismo já "sabe" da aproximação da desgraça. Por isso, os pigmeus tomam medidas e ocupam os seus refúgios protegidos.»

No início dos anos 80 do séc. XX, Luanda perdeu o controlo de amplos territórios do sul e do este do país, onde a UNITA, com o apoio das tropas da República da África do Sul, dera início a mais uma forte ofensiva militar. A 27 de Agosto de 1981, as tropas sul-africanas iniciaram a operação «Protea» na região da cidade de Ondjiva, onde se encontravam 14 soviéticos: «nove militares e... cinco mulheres, esposas dos especialistas, que eles tinham chamado da URSS…

cuba15.jpg Esses especialistas, não esperavam que a província angolana de Cunene se transformasse tão depressa num verdadeiro inferno devido aos ataques dos sul-africanos.» Dos catorze soviéticos, nove conseguiram sair do cerco vivos, dois oficiais conselheiros e duas mulheres foram mortos nos combates e o alferes Nikolai Pestretsov foi feito prisioneiro por soldados do 32° batalhão especial «Buffalo» das tropas sul-africanas.

O tenente Leonid Krasnov, tradutor militar da 11ª brigada de infantaria das FAPLA, um dos que conseguiram escapar ao cerco, recordou: «No dia 25 de Agosto fomos cercados pelos sul-africanos. Ondjiva foi atacada por via aérea e panfletos foram lançados, cujo texto dizia que quem apresentasse o panfleto juntamente com prisioneiros ou oficiais das FAPLA, comunistas e soviéticos assassinados por ele, teria o direito de sair do cerco.

Um cenário quase ideal para Hollywood! E apenas um dia para pensar! O dia 26 de Agosto foi incrivelmente calmo. Até os animais se acalmaram. Na véspera, os serviços de comunicação da 11ª brigada receberam um texto cifrado do conselheiro do comandante da 5ª região militar com o seguinte conteúdo: "Aguentar até ao fim. Não se entreguem vivos..."»

valentina3.jpg Isto era feito para que nem a UNITA, nem a África do Sul provassem à comunidade internacional que os conselheiros e especialistas militares soviéticos combatiam do lado dos cubanos e das FAPLA. «A guerra aumentava gradualmente em Angola, ao país chegavam já não dezenas, mas centenas e milhares de conselheiros soviéticos.

Oficialmente, considerava-se que eles não participavam nas acções militares. Por isso, os feridos e mortos, normalmente, eram considerados como 'Vítimas da malária, desinteria, picadelas da mosca tsé-tsé"» - escreve Serguei Kolomnin. Porém, desta vez, as tropas especiais sul-africanas conseguiram aprisionar o alferes Nikolai Pestretsov, que passou mais de um ano em várias prisões da África do Sul. «Fiquei espantado por eles saberem praticamente tudo sobre mim (patente, cargo, etc.). Assustavam-me com a possibilidade de apanhar 100 anos de prisão por ter assassinado um soldado sul-africano.

Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos  espalhados pelo mundo.

Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…

(Continua…)

O Soba T'Chingange



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