NAS FRINCHAS DO TEMPO - 17.04.2019
Por
T´Chingange - No Nordeste brasileiro
A ficção e a realidade serão coisas poucas se considerarmos que só somos uma ilusão. Tudo morre e, tudo revive em tempo que lhe é seu. Ontem assisti com imensa pena ao quase fim da Catedral de Notre Dame de Paris, uma obra de arte, monumento tão velho como a criação de Portugal, ou quase! Em 1139, depois da vitória na batalha de Ourique contra um contingente mouro, D. Afonso Henriques proclamou-se Rei de Portugal com o apoio das suas tropas.
A Catedral Notre-Dame de Paris é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Iniciada sua construção no ano de 1163, é dedicada a Maria, Mãe de Jesus; situa-se na ilha da cidade de Paris, rodeada pelas águas do rio Sena. Entre estas datas há exactamente 24 anos de diferença - quase nada no contexto do Universo.
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Estive ali no ano de 2009, dez anos atrás e, pude apreciar desde o rio Sena a majestade daquela obra secular. Rio acima, rio abaixo pude apreciar o quanto tudo era belo. Fiquei muito triste ao ver aquelas labaredas queimando tão riquíssimo património; doeu, ver seu pináculo rendado acima da cúpula, cair rodeado das chamas vermelhas.
Interroguei-me do porquê de não haver ali automatismos para se apagar tal incêndio. Provavelmente até há, mas foi dito que estava em curso uma restauração, obras de conservação. Se foi ou não erro humano, o certo é que algo falhou e este descaso a ser assim, não deveria ter acontecido. Ouvi dizer que o ataque às chamas deveria ser cauteloso por via da água alterar as propriedades das velhas pedras podendo fragmentá-las em areia.
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É lógico pensar-se que as fracturas surgem pelas grandes variações térmicas mas, sabendo nós haver outros químicos alternativos repetimos o caso com demasiados talvez. Daqui poder dizer-se que até as pedras, no tempo se desfazem em desertos. Desertos que cada vez mais se estendem no mundo que habitamos - a Terra.
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Também daqui dizer-se que efectivamente somos uma ilusão e, só enquanto o somos! Tenho tomado consciência no tempo que é este "agora" que importa e, é neste agora que devemos dizer o que temos para dizer. Porque tal como uma infinidade de pontos formam uma recta, tudo terá sequência se se der sinal de existir adicionando um ponto à recta. Sabemos que o alinhamento de um azimute ou rumo só é definido por um terceiro ponto colinear
Sendo assim nos contactos que tenho na forma de gente, são poucos a assumir esta equação reduzida da recta (y = mx + c).
Isto porque e, principalmente vivem uma ilusão de vida que é a sua. E, porque não se assumem dizendo o que pensam, porque alguém supostamente pode julgar incorrecta ou não gostar.
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Quantos MAS existem em nossas vidas tão formuladas ou formatadas em normas, em paradigmas, em dogmas esquecendo-se que num amanhã tudo pode acabar ou acaba mesmo!
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Notre Dame decerto, irá renascer para se perpetuar nossa vontade de fazer, de fazer querer ou tão somente ver. Uma aranha que faz a sua teia, tem a intenção de apanhar uma mosca, quer tenha ou não consciência desse resultado - É esse o sentido da teia. O cérebro humano evolui segundo o mesmo conjunto de regras que a teia da aranha.
Cada decisão tomada por um ser humano possui sentido, naquela primeira intencionalidade, o desenrolar da estória obedece apenas às leis gerais do Universo. Cada evento é aleatório ou alterado, na probabilidade de eventos posteriores. Quem se seguir a mim, por favor apague as luzes.
O Soba T´Chingange
EM TEMPO - ADENDA POR Maria Joao Sacagami
:::11.1
Vou fazer dois reparos ao teu texto de que gostei por demais. O primeiro diz respeito a quem Notre Dame foi dedicada. Foi construída pelos Templários, que encontraram em suas andanças pelo Oriente Médio documentos que hoje jazem (esse é o termo, dado que estão profundamente enterrados) no Vaticano, e que apoiados por tais documentos se tornaram os Guardiões de um Segredo relacionado com Jesus e Maria Madalena. Mais propriamente, foram os guardiões do segredo de Maria Madalena, a quem veneravam como a Grande Senhora. Seus mais ferozes perseguidores, os Dominicanos, são hoje os Guardiões.
:::11.2
Seus seguidores, os maçons ou livre pedreiros, construíram a Catedral de Paris e outras na Europa, orientados pelos ensinamentos de grandes mestres pedreiros e da arte dos vitrais. Nas paredes e detalhes de Notre Dame foram embutidos milhares de símbolos. Um deles o duplo M que se vê em vários desses espaços chamados sagrados, MM, não significam Mãe Maria mas Maria Madalena. A Virgem Negra, porquanto oculta, portadora dos conhecimentos e rituais antigos. Tão antigos quanto os conhecimentos e rituais praticados nesses locais, antes que outros templos fossem erguidos. Uma das razões para a escolha do local aliás, sempre foi o fato de anteriormente terem sido templos dedicados à Grande Mãe.
:::11.3
O segundo diz respeito ao que se perdeu. Além da simbologia e das técnicas que nos são hoje desconhecidas, perderam-se ornamentos e estruturas criadas de forma específica para auxiliarem a repercussão dos sons dos cânticos e órgão, que iriam influenciar as emoções e pensamentos dos que entravam na Catedral. Cada um deles trabalhado intencionalmente para emitir o som em ondas que reverberam em formas geométricas.
:::11.4
A Cimática, ainda que seja uma ciência recente, estuda essas ondas e formas, assim como o resultado sobre o equilíbrio humano. Estudava essa como estuda outras Catedrais. As ondas geradas criam aberturas sensoriais que permitem uma elevação extraordinária de pensamento e emoção, e quiçá portais de acesso espiritual, facilitado também pelo fato de ter sido a Catedral construída sobre um manancial de água, tal como os templos que a antecederam.
:::11.5
Ela foi reconstruída antes. E muito se perdeu. Mas não tanto quanto nos nossos dias em que as pessoas (engenheiros e arquitetos) que se envolverão com o processo, não possuem uma pálida ideia do que ali estava ancorado. E, possivelmente, nem se importam.
Notre Dame de Paris, infelizmente, nunca mais será a mesma.
Maria João Sacagami
NAS CINZAS DO TEMPO – 19.01.2017 - Um homem sem religião é como um peixe sem bicicleta…
Por
T´Chingange
Hoje, o dia acordou encoberto mas, isto não impediu que eu e Ibib fossemos à praia da Kanoa - Sete Coqueiros da Pajuçara. Coloquei meu chapéu-de-sol e duas cadeiras bem no alinhamento dos postes de futvolei, bem na linha de morte das ondas da maré cheia, um risco de algas ao longo da baia, ainda o tractor andava num e noutro sentido riscando a areia fina com um ancinho. Antes de iniciar minha habitual gimnástica de talassoterapia e, porque o céu estava um pouco carregado de escuro, sentei-me a admirar o horizonte, um barco de pesca que vindo da faena fazia seu roncar arritmado do motor.
Olho para o lado do sol nascente e vejo um rapaz moreno que espetando uma alga num pau, a levanta e, fala com ela. Falar com uma alga!? O vento trazia até mim um fala desconhecida, assim cósmica, penetrante e com estalidos de submarino como estando mergulhado em águas profundas; por vezes também estalidos de dialecto kamusekele. Assim, ele falando para aquele tufo verde de alface-do-mar e estirados fios, noto com surpresa que estas tomam uma forma de pomba. Verde na cor mas, pomba!
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O moço continua falando e, num repente o pau e pomba ficam flutuando no ar enquanto ele junta as mãos como que rezando dirigindo uma prece para o céu. E o céu estava carregado de algumas nuvens de chuva tapando o Sol. Eu estava boquiaberto, estupefeito vendo isto tão fora do compreensível. Belisquei-me e a unha, feriu-me! Estava vivinho da Costa.
Eis que num repente e do lado dos coqueiros, bem junto à barraca Kanoa, sai um grupo de 3 homens ainda jovens e duas moças bem espigadas; um dos homens era preto retinto e com os dentes alvos e grandes. Os demais eram bem branquelas. Estes cumprimentaram efusivamente o moço da pomba de algas e, reparo agora que as mesma, era agora branca e pairava no ar bem por cima deles, como se fosse um gavião ou um peneireiro das torres.
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Estes quatro homens e as duas mulheres juntaram em um monte e na areia seus pertences, chinelos e xailes pareu ou capulanas, mais chapéus e, foram-se todos em magote para a água.
Usavam uma língua cármica, cósmica e gosmosa com estalidos de sonar e, ginasticando muito seus gestos; num dado momento e, logo após ter soado uma campainha irritadiça, som vindo do nada, mergulharam na água como golfinhos. E, afastaram-se para além da minha percepção. Mistério! Escafederam-se!
Minha pele metida agora na água estava arrepiada como pele de galinha despenada. Entre o incrédulo e assombro, observava sem nada poder fazer. Tu viste isto! Falei para Ibib já sentado a seu lado. Isto o quê? Disse ela. Esses jovens que se foram mar adentro e que deixaram esse monte de seus pertences! Dizendo isso apontei para o monte de roupa e chinelos. Falei aos soluços abreviados e no caso da pomba mas Ibib interrompe-me – mas ali não há nada!
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Fiquei bem preocupado comigo mesmo! Afinal só eu estava vendo tal desassombro! Ui! Mas que raio!? Pensei estar apanhado de qualquer malazenga e disse a ela, deixa para lá…. Vou de novo até à água com os pensamentos zunindo diabruras e de costas para a areia e molhado até ao pescoço. A água estava quente, eu já quase não tinha pé e por ali fiquei mexendo-me sem os definidos movimentos habituais.
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É naquele preciso momento que vejo uma onda subir anormalmente até àquele monte de roupa dos candengues estranhos e, assim como dois braços recolhe-la toda num ápice e rebocá-la para o mar. Parece que alguém a estava puxando e, por encanto tudo se tragou na água. Devo ter comido qualquer coisa alucinogénia disse de mim para comigo. Assim estava quando começou a cair uma chuva; pingos molhados grudando-se-me ao costado como se me estivesse revestindo em mel.
Sacudi, raspei e abanei mas nada! Estava literalmente grudado com aquele unguento castanho como o mel. Não tenhas medo! Foi a voz que ouvi sussurrada bem no interior dos meus tímpanos! Vinha de uma figura jovem mas de contornos indefinidos pairando na água sem ocupar espaço nela. Relampejando seu olho verde repetiu: -Não te aflijas!
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Estás a ser alvo de um teste para sabermos se podemos contar contigo nesta transição espiritual entre o aqui e o álem! Meio acagaçado acho que falei, não tenho a certeza se abri a boca ou se, só o pensei. Mas, porquê isto tudo e, comigo? Ele aquietou-me com suas mãos que me pareceu ter uns doze dedos em cada: Lembras-te de quando foste ao Santuário de Nossa Senhora de Lourdes em França no ano de 2003?
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Lembras-te que te banhaste na fonte de água por debaixo do Santuário e no mesmo lugar aonde Bernardette Soubirous verificou o milagre da gruta de Massabielle? Pois fui eu como voluntário que te lavei naquela água benta, que te purifiquei com uma esponja. Eu e tu, todo despido! Conversei contigo umas escassas palavras e já nesse então vi que virias a ser um bom espírito missionário ou voluntário como eu nesse então. Sim! É verdade que me lavaram nessas tinas, numa gruta e no mesmo sítio da aparição da Senhora àquela menina que teve essa visão! E, isso é tão verdade como dois, mais dois serem vintidois.
Pois então, chegou a hora de seres mais um voluntário a juntar-se-nos. Mas eu nem teu nome sei, disse! Sou Gerard Mussulini e até trouxemos o Kamanga Alex Tati que veio das lagoas de Cabinda. Em verdade estive em Cabinda tal como estive em Lourdes mas daí a ser uma coisa como vocês, vai alguma distância! Enganas-te amigo! Foi quando surgiu ou desimergiu das águas o coisa preta que conheci na Lagoa do Bumelambuto bem perto da capital do enclave.
Tudo estava a tomar um jeito nebuloso pelo que lhes disse que eu era um católico romano, mau praticante em verdade, mas assim fui baptizado e crismado; que até fiz a comunhão. Pois agora és tudo isso e mais um irmão espírita. Passas a ser nosso embaixamor em estas águas quentes do Iemanjá. O Sol, neste então abriu-se e os tufos de algas verdes que formavam a linha da maré cheia viraram pombas brancas e cinzentas; voaram como uma nuvem em direcção à lua difusa entre a luz do dia mas verdadeira. Tudo ficou por aqui… Há coisas que nem mesmo bem contadas, são tomadas a sério.
O Soba T´Chingange
A GUIANA FRANCESA – Que foi Luso-brasileira entre 1809 e 1817…
Por
T´Chingange – Por pesquisa na NET
Em 5 de agosto de 1498, durante sua terceira viagem, Cristóvão Colombo atinge pela primeira vez a costa das Guianas. Entre 1499 e 1500, a primeira exploração do território da Guiana é feita pelo espanhol Vicente Yáñez Pinzón, que explorou as costas do Planalto das Guianas entre os deltas do Amazonas e do Orinoco. O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 para delimitar os territórios da Espanha e de Portugal no novo mundo, não tinha ainda conhecimento das Guianas.
Assim, já em 1503, um primeiro grupo de colonos franceses se instala na Ilha de Caiena durante alguns anos. Mas, foi em 1624 que o rei Luís XIII de França ordena a instalação dos primeiros colonos, originários da Normandia. Por dois séculos Guiana fica quieta com afazeres análogos aos territórios vizinhos com aproveitamento de madeiras e culturas indígenas.
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Com a invasão de Portugal em três investidas feitas por Junot, Soult e Messenas pelas tropas de Napoleão Bonaparte e a partir de 1808, a família real portuguesa (a Rainha Maria I e sua corte) muda-se para o Brasil, transferindo a sede da monarquia lusa para Rio de Janeiro. Depois da derrota francesa em Trafalgar em 1809, as forças luso-brasileiras invadem a Guaianá com o apoio Anglo-português. Caiena, a capital da colónia sul-americana francesa cai com a deposição do governador Victor Hughes.
A ocupação, que não perturbou a vida diária dos habitantes, durou até 1814 depois do Tratado de Viena a 30 de Maio, ficando anexada ao Brasil até 1817 - (naquela época, o Brasil era um reino unido a Portugal). Mesmo diante do regresso do imperador Napoleão I do exílio e, tendo reassumido o poder da França, o acto final foi assinado nove dias antes da derrota na batalha de Waterloo a 18 de Junho de 1815.
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Entre 1852 e 1945, prisioneiros comuns e políticos eram deportados da França continental para esta província, e em especial para a Ilha do Diabo. Entre os prisioneiros célebres que por aí passaram estão Alfred Dreyfus e Louise Michel. O livro Papillon, de Henri Charrière, mais tarde transformado em filme retractou o cotidiano desses condenados e o tratamento brutal ao qual eram submetidos.
Era para ali que eram enviados os opositores políticos dos diversos regimes que aconteciam em França. Em um século havia 80.000 prisioneiros vivendo em condições insuportáveis e o número de presos que morria era muito elevado. No mesmo século foi encontrado ouro, nos rios do interior de Guiana, mas isto não foi de grande ajuda para a economia da Guiana, uma vez que a mão-de-obra de lavouras diminuiu muito devido à perspectiva de maiores ganhos.
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A descoberta de ouro por outro lado, provocou disputas fronteiriças. A Guiana Francesa descoberta em 1.500 e colonizada no século XVII só estava habitada por indígenas. Na costa, viviam os caribes e, no interior, as tribos wayana, oyampi e emerillon. Os caribes, índios guerreiros, foram os que mais reagiram à presença espanhola desde o século XVI.
A cidade de Caiena, a capital, foi fundada em 1637. Foi disputada por holandeses e franceses, mas foram estes que finalmente a estabeleceram como colónia naquela região. No fim do século XVII, começam a chegar os escravos que trabalhariam nas plantações de cacau e café mas, em 1794, é abolida a escravidão; foi novamente implantada na década seguinte e, abolida definitivamente em 1848.
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O Jardim Botânico do Rio de Janeiro recebeu, nesse período, numerosas espécies de plantas da Guiana Francesa. As deportações terminam em 1938, mas a instituição prisional continuou funcionando. A repatriação só começa a partir de 1947, quando a Guiana se transforma em departamento ultramarino (território integrado à República francesa). Em 1.964, é decidida a construção do Centro Espacial de Kourou para a Agência Espacial Européia; o Centro Espacial começa a funcionar em 1968 e, é ali que começam a ser lançados satélites com a ajuda de foguetes Arianne.
Bibliografia: Cronica de Thais Pacievitch
As Opções de T´Chingange
CINZAS DO TEMPO – Não há maior religião do que a verdade! De novo, com prefácios encavalitados nas malambas do mundo …
MALAMBA: É a palavra.
Por
Um dia de cada vez, escrevo os lembrados prefácios encavalitados nas arbitrárias e aleatórias recordações daqui e dali, malambas do meu mundo, só para ginasticar a mente. Na Lagoa do M´Puto entretido com a rega das abóboras, o calor a apertar na casa dos 30 graus, vou-me entretendo, apalpando os meus tomates rosa já a pintar de vermelhos. E, esta terra que seca e resseca enquanto o diabo esfrega um olho! Entrando em casa, dou-me conta que este diabo anda à solta, que canta como a cigarra, algures em França; as notícias dadas nas ondas da TV mais a Internet que dão conta dos lamentosos episódios dum filho estupor dum alá desconhecido na raiva.
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Um filho de chifrudo e gritando por seu deus de Alá é grande, deturpando a história do agora, matando ao calhar oitenta e quatro pessoas em Nice de França, cidade banhada pelo morno Mediterrâneo. Os festejos da nação e na forma de fogos-de-artifício de repente, viraram angústia de choros e lamentos ansiosos na melhoria de muitos feridos graves depositados às pressas em improvisados hospitais de campanha. Um camião aos ziguezagues e, a propósito trucidando gente como se fossem minhocas.
Um rodopio de helicópteros, ruídos de sirenes, gritos perdidos no vazio do desespero, coisas nada agradáveis para um mundo que se desvia de viver na paz. Nos dias de hoje nada parece coerente no espaço-tempo a que os matemáticos dizem ser de vinte e seis dimensões e, não as cinco que aqui refiro vezes sem conta, a saber: largura, comprimento, altura, pensamento e alma. Aquelas outras vinte e uma dimensões extras do espaço-tempo, até que podem ser uma coisa comum no mundo da ficção científica ou alternativas quânticas mas, quem sabe, julgam ser esta, a forma ideal de superar as tantas restrições terrenas.
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Estas muitas mortes em Nice, devem ser um atalho a todas aquelas dimensões extra! E, se estas dimensões que os cientistas dizem existir, por que razão só nos é palpável cinco dimensões espaciais, sendo duas do foro espiritual e, agora, mais vinte e uma extras!? Pois então! Dessas outras dimensões, fiquei sabendo estarem enroladas em um espaço de tamanho minúsculo, algo ao redor de um milionésimo de um milionésimo, de um milionésimo de um milionésimo de milímetro.
E, isso é tão, tão pequeno, que simplesmente, nem percebemos. Ora, se este cenário estiver correcto, é uma má notícia para os viajantes espaciais. As dimensões extras tornam-se demasiado minúsculas para permitir o conceito de roda da história. Tudo se torna um emaranhado de científicos conceitos que nos surgem como um desconjuntado novelo de fios de nylon, rede de pescador que nos leva a presumir que no Universo todas as dimensões são muito recurvadas.
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E, enquanto uns se achatam no espaço, outros volatilizam-se enrolados no princípio antrópico a permitir sermos seres complexos. Tão absorto e envolvido nestes pensamentos sem magnésio, meus electrões escapam-se-me completamente dos átomos e, sem conseguir demonstrar que a teoria das cordas, no mínimo, admita a existência de outras regiões do Universo. Regiões que estejam enroladas nessa quantidade de dimensões efectivas ou afectivas desconhecidas nos seguidores de Alá.
O conceito de que temos dois olhos para observar profundidades sabe-se ser isto certo ao que chamamos de estereoscopia mas, agora teremos de nos definir ser mais que simples partículas que ocupamos um único ponto no espaço. Teremos assim de admitir que também somos cordas e linhas designadas de p-bramas; uma teoria subjacente. É necessário com estes incidentes terrenos como este actual de Nice de França formularmo-nos para além daqueles cinco principais dimensões.
Para onde quer que cada um vá depois de fazer uafa (morte), lá nos encontraremos! Uma velha verdade e meu novo teorema, uma afirmação que pode ser provada como verdadeira, por meio de outras afirmações já demonstradas… Ou um axioma que na lógica tradicional, é uma sentença ou proposição que mesmo não sendo provada ou demonstrada, é considerada como óbvia…
O Soba T´Chingange
TEMPO DAS CINZAS - Constantino enganou-nos impondo ao Império Romano o cristianismo…. O tempo dá tudo e tudo toma, tudo muda mas nada morre...
XICULULU : - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça
Por
Aos meus amigos(as) – 4ª de 12 Partes
(…) No mesmo ano um terceiro livro surgiu: De architetura et commento artis Lulli ("Sobre a Arte de Lúlio e comentário"). Lúlio havia tentado provar os dogmas da Igreja por meio da razão. Bruno nega o valor desse esforço mental. Ele argumenta que o Cristianismo é inteiramente irracional, que é contrário à filosofia e que contraria outras religiões. Salienta que nós o aceitamos pela fé, a assim chamada revelação não tem base científica.
No seu quarto trabalho Bruno escolhe a feiticeira de Homero, Circi, que mudava homens em bestas e faz Circi discutir com sua criada o tipo de erro que cada besta representa. O livro Cantus Circaeus mostra Bruno trabalhando com o princípio da associação de ideias, e continuamente questionando o valor dos métodos de conhecimento tradicionais.
Em 1582, com a idade de 34 anos, ele escreveu uma comédia em italiano, Il Candelajo, um fabricante de velas que sai a anunciar seus produtos com gritos e estardalhaço: "... As velas que fiz nascer, as quais iluminarão certas sombras de ideias...O tempo dá tudo e tudo toma, tudo muda mas nada morre... Com esta filosofia meu espírito cresce, minha mente se expande. Por isso, apesar de quanto obscura a noite possa ser, eu espero o nascer do dia...
Alegrem-se, portanto, e mantenham união, se puderem, e retribuam o amor com amor." Nessa peça faz uma representação eloquente da sociedade napolitana contemporânea, como um protesto contra a corrupção social e moral da época. Na primavera de 1583, não obstante a cordial acolhida que lhe fora dispensada em Paris pelo rei e pelos espíritos desvinculados do aristotelismo, Bruno resolve sair da França. Seja porque não pudesse mais sustentar sua popularidade em Paris, ou por que a cada dia se tornava mais grave a ameaça de uma renovação da guerra civil.
Em abril de 1583 Bruno mudou-se para Londres, com uma carta de apresentação de Henrique III para seu embaixador para as ilhas britânicas, Michel de Castelnau. Sob a rainha Isabel, a Inglaterra vivia um Renascimento tardio. A rainha, filha de Henrique VIII e Ana Bolena, nasceu 1533. Terceira na linha de sucessão de seu pai Henrique VIII, reinou de 1558 a 1603, depois de seu irmão doente Eduardo VI e depois de sua irmã mais velha Maria I, que foi casada com Felipe II de Espanha. É possível que o brilho do período elisabetano tenha atraído Giordano Bruno à Inglaterra. Pronunciou em Oxford uma série de conferências no verão do mesmo ano nas quais expunha a teoria de Copérnico mantendo a realidade do movimento da terra.
Oxford, como as demais universidades europeias da época, cultivava a reverência escolástica pela autoridade de Aristóteles. Bruno, ao seu modo impetuoso, pregava que não se deveria acreditar no que Aristóteles havia afirmado, quando a simples observação da natureza demonstrasse o contrário. Devido à recepção hostil dos professores oxfordianos às suas ideias, ele voltou para Londres onde permaneceu como hospede do embaixador da França Castelnau.
(Continua…)
As opções de T´Chingange
TEMPO COM CINZAS - Andamos a ser enganados pelo imperador Constantino que, há muitos anos, resolveu impor ao Império Romano o cristianismo….
XICULULU : - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça
Por
Aos meus amigos(as) – 3ª de 12 Partes
(…) Fiel a sua primeiras leituras sobre a teoria luliana, quando professor na universidade de Toulouse Bruno escreve um livro: Clavis Magna ("A grande chave") sobre o assunto. De Toulouse seguiu para Paris, em 1581. Em Paris começou a dar aulas de filosofia. Não era incomum para os eruditos vagar de lugar para lugar, buscando alunos e protectores abastados. Ele fazia contactos facilmente e podia interessar qualquer grupo que encontrasse com o fogo de suas ideias.
Em Paris Bruno encontrou ambiente favorável para trabalhar e lecionar. Reina Henrique III (n.1574-89), filho de Henrique II e Catarina de Medici, nascido em 1551 e falecido assassinado em 1589. Era o filho favorito, o que melindrava seu irmão que veio a ser Charles IX. A mãe Catarina de Medici planeou a noite de São Bartolomeu (24 de agosto de 1572), um massacre de protestantes. Foi por breve tempo rei eleito da Polónia, voltando para a França (1574) para assumir o trono após a morte do irmão Charles IX. Casou dois dias depois de coroado (1575) com Louise de Vaudémont, mas não teve filhos.
A corte francesa era bastante livre, quanto aos costumes. O rei tinha um grupo de amigos (rapazes bonitos) que chamava meus pequenos (mignons) com os quais se entregava a divertimentos suspeitos. Extravagante, Henrique III levou as finanças do reino à ruína; por todo o seu reinado a França esteve mergulhada na guerra das religiões, católicos contra huguenotes (simplesmente protestantes, não se sabe a origem do nome).
A reputação de Bruno chegou ao conhecimento Henrique III, que ficou curioso de conhecer essa nova atracção filosófica e descobrir se a arte de Bruno era de um mágico ou de um bruxo. Bruno gozava a reputação de um mágico que podia dotar a pessoa de uma grande retenção de memória, mas demonstrou ao rei que seu sistema era baseado em conhecimento organizado. Bruno encontrou um verdadeiro protector em Henrique III. A corte era dominada por uma facção de católicos tolerantes, simpatizantes do rei de Navarra, o protestante Henrique de Bourbon, sucessor presuntivo do rei.
A posição religiosa de Bruno afinava com o grupo, motivo de ser bem aceito na corte e receber a protecção de Henrique III. As artes combinatórias e mnemónica são objecto de curiosidade. O rei se interessa pela arte combinatória. Bruno desperta a inveja dos professores por ser popular e admirado. O rei concede-lhe uma renda especial, nomeando-o um de seus "Leitores reais". Foi por essa ocasião que um dos primeiros trabalhos de Bruno foi publicado De Umbris Idearum, ("A sombra das ideias") logo seguido por Ars Mernoriae ("Arte da memória"). Nestes livros ele sustentava que as ideias eram somente sombras da verdade.
(Continua…)
As opções de T´Chingange
TEMPOS FRIOS . Na praia do Vau no M´Puto
Por
Num dia de verão, 30 de Julho, fui á praia do Vau apanhar iodo e, vim de lá com ódio; um quase igual, invertido! Tudo isto porque tomei banho de frio com um cacimbo de barlamentada brisa em horizonte fechado. Pelas 12 horas o sol despontou! Quando o cós do céu aconchegando o baço azul e branco do fumo das nuvens a traço vermelho na pele da loira, puxou meus olhos ao seu corpo desnudo. Foi assim! No preciso momento em que ela puxou o fio de nylon até o meio das pernas! Toda a sua pele num repentemente, ficou dentro de mim com algas ensombrando minha vontade e, foi quando de novo, o céu se fechou num escurecido e ventoso desejo calado, atormentando minha chuvinha.
Olheio meu relógio para ter a noção de falsidade de suas horas; suas horas não definiam nem o meu tempo nem as minhas sensações; não tinham íntimo, nem tino, nem sonhos! Meu silêncio, muito cheio de calor, afogou-me o afago aos berros de um anunciante duma tourada numa próxima cidade, Albufeira do Alá, terra moçárabe, terra do Aladino com suas misteriosas fumarolas dispersas, exactamente na altura em que o restolho de algas pulou na retina dos meus olhos colados na pele da loira. Nos semi-sorrisos olhares da loira, seu corpo atravessou meus túneis disfarçados de vergonha. Uma lontra branca, condoído dela, ronronava feita gata ao redor de seus lânguidos cabelos.
Na quietes de meu corpo, no despertar do meu dormido prazer, tive medo dos olhos dela, medo verdadeiro dum dolorido azul sem fingido sentimento. Suas rugas gemidas entraram-me no sangue. Vendo-a chorar, ganhei coragem e aproximei-me dela. - Posso chorar consigo? Perguntei-lhe! Queria viver no amor dela e, ela fascinada com meu gesto, mostrou-me seu grande amor, ... O mar! Seu nome era Brigitte Bardot.
Brigitte Anne-Marie Bardot foi uma actriz francesa conhecida mundialmente por suas iniciais, BB e considerada o grande símbolo sexual dos anos 60 do século XX. Após ter-se retirado do mundo do cinema, tornou-se activista dos direitos dos animais. Roger Vadim, sem marido de então, fez dela o Ícone de popularidade após protagonizar o polémico filme E Deus Criou a Mulher. A intelectualidade francesa descrevi-a como "uma locomotiva na história das mulheres", tendo sido considerada em França, a mulher mais livre do Pós-Guerra. Seu estilo natural, incorporava-a a uma mistura de ninfa de femme fatale, com seus cabelos longos e loiros.
O Soba T´Chingange
“FRANÇA. Controlo da crise com actos”
Compare-se com o exemplo português
FRANÇOIS HOLLANDE é o actual 24º Presidente da França. Foi prefeito da comuna francesa de Tulle entre 2001 e 2008. Liderou as pesquisas de intenção de voto para o pleito em segundo turno da eleição presidencial da França em 2012. Confirmou seu favoritismo no segundo turno a de Maio de 2012, ao obter 52% dos votos, derrotando Nicolas Sarkozy.
Em menos de 60 dias no cargo actuou da seguinte forma:
1 - Suprimiu 100% dos carros oficiais e mandou que fossem leiloados. Os rendimentos destinar-se-ão ao Fundo da Previdência e também a ser distribuído pelas regiões com maior número de centros urbanos com os subúrbios mais ruinosos.
2 - Tornou a enviar um documento (doze linhas) para todos os órgãos estaduais que dependem do governo central em que comunicou a abolição do "carro da empresa" provocativa e desafiadora, quase a insultar os altos funcionários, com frases como "se um executivo que ganha € 650.000/ano, não se pode dar ao luxo de comprar um bom carro com o seu rendimento do trabalho, significa que é muito ambicioso, é estúpido, ou desonesto. A nação não precisa de nenhuma dessas três figuras ". Fora os Peugeot e os Citroen. 345 milhões de euros foram salvos imediatamente e transferidos para criar (a abrir em 15 ago 2012) 175 institutos de pesquisa científica avançada de alta tecnologia, assumindo o emprego de 2560 desempregados jovens cientistas "para aumentar a competitividade e produtividade da nação."
3 - Aboliu o conceito de paraíso fiscal (definido "socialmente imoral") e emitiu um decreto presidencial que cria uma taxa de emergência de aumento de 75% em impostos para todas as famílias, líquidas, que ganham mais de 5 milhões de euros/ano. Com esse dinheiro (mantendo assim o pacto fiscal) sem afectar um euro do orçamento, contratou 59.870 diplomados desempregados , dos quais 6.900 a partir de 1 de Julho de 2012, e depois outros 12.500 em 01 de Setembro, como professores na educação pública.
4 - Privou a Igreja de subsídios estatais no valor de 2,3 milhões de euros que financiavam exclusivas escolas privadas, e pôs em marcha (com esse dinheiro) um plano para a construção de 4.500 creches e 3.700 escolas primárias, a partir dum plano de recuperação para o investimento em infra-estrutura nacional.
5 - Estabeleceu um "bónus-cultura" presidencial, um mecanismo que permite a qualquer pessoa pagar zero de impostos se, se estabelece como uma cooperativa e abrir uma livraria independente contratando, pelo menos, dois licenciados desempregados a partir da lista de desempregados, a fim de economizar dinheiro dos gastos públicos prestando uma contribuição mínima para o emprego e o relançamento de novas posições sociais.
6 - Aboliu todos os subsídios do governo para revistas, fundações e editoras, substituindo-os por comissões de "empreendedores estatais" que financiam acções de actividades culturais com base na apresentação de planos de negócios relativos a estratégias de marketing avançados.
7 - Lançou um processo muito complexo que dá aos bancos uma escolha (sem impostos): Quem porporcione empréstimos bonificados às empresas francesas que produzem bens recebe benefícios fiscais, quem oferece instrumentos financeiros paga uma taxa adicional: é pegar ou sair.
8 - Reduzido em 25% o salário de todos os funcionários do governo, 32% de todos os deputados e 40% de todos os altos funcionários públicos que ganham mais de € 800.000 por ano. Com essa quantidade (cerca de 4 milhões) criou um fundo que dá garantias de bem-estar para "mães solteiras" em difíceis condições financeiras que garantam um salário mensal por um período de cinco anos, até que a criança vai à escola primária e três anos se a criança é mais velha. Tudo isso sem alterar o equilíbrio do orçamento.
Resultado: Olhem que SURPRESA!!! O spread* com títulos alemães caiu, por magia. A competitividade da produtividade nacional aumentou no mês de Junho, pela primeira vez em três anos.
*Spread refere-se à diferença entre o preço de compra (procura) e venda (oferta) de uma ação, título ou transacção monetária. Se comprarmos uma acção na bolsa de valores a 10 centavos e a vendermos a 1 real, temos um spread de 90 centavos. Grande parte do lucro obtido pelos corretores de títulos advém desta diferença.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
O Pieter tomou conta de mim
Ufa!!! A kianda feito gente assombrada de nome Januário fazia-se aparecer vindo do nada. Refastelou-se no bote, andava eu ao longo do “Rio Loir” descobrindo Bonneval, um vilarejo no meio de vastas áreas de cultivo. Mais uma vez a adrenalina escorreu-me para os olhos, nas faces, nas pernas, abanando os sentidos da cagufa. Aquele surgimento, um quase relâmpago mexia comigo.
- Découvrez Bonneval en bateu, disse ele num fluído francês.
Após o susto do caraças e para desentorpecer o impacto, o mais velho que a Sé-de-Braga Pieter, dizendo recordar coisas recentes, num repentemente começou a cantar:
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo,
O esplendor de Portugal.
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Fiquei embasbacado daquele cafuzo, feito branco pelo tempo com 384 anos cantar com todos os decibeis do seu timbre grosso o hino dum povo que nem era seu.
Sabes, disse ele: - Tenho um fraco pelos hinos porque enaltecem os revoltosos, o amor pela liberdade, a Marcelhesa e, repentinamente ficou de voz travada, emocionado, sentia-se no queixo repleto de branca barba. E eu, verdadeiramente quero mostrar-te a gratidão por me suportares.
Fiquei convencido que ele me considerava um Tuga mas, em realidade eu só me sentia cidadão do mundo. O meu hino é o cantar dos pássaros, a pega que palra, o cacarejar da galinha, o grasnar do pato, o grito da hiena, o urro do leão e um sem fim de seres mais o barulho das ondas; só pensei,... nada lhe disse.
No meio desta emoção descompassada, mal entendida, continuou:
- sabes, este hino foi provocado pelo ultimato de 1890 que os inglêses lançaram ao Puto quando estes queriam unir Angola a Moçambique fazendo o tal Mapa-Côr-de-Rosa; governava então D. Carlos de Bragança.
Tinha de ser,... Angola estava metida nisto. Aqui entendi melhor aonde o mais-velho queria chegar; era daqui que lhe vinha o ímpeto. E continuou:- recordo-me que uma onda de cólera percorria o Puto de Sul a Norte e, nesse periodo de emoções e ânimos mal contidos um tal Henrique Lopes de Mendonça foi procurado por um seu amigo Alfredo Keil. Este agita nas mãos uma pauta de música: era uma marcha própria para que a alma Portuga desabafasse a sua revolta perante tal humilhação recebida dos inglêses. Henrique de Mendonça fez o librete.
Entendida a mensagem, acabo por trocar impressões com Pieter.
- A fonte da inspiração para esta música foi o fado, a Marselhesa e a Maria da Fonte; o fado , a canção do povo e a revolta contra o despotismo enaltecido na Marselhesa, a vibração e amor pela liberdade com Maria da Fonte.
E acrescento: - O povo Tuga aprendeu a letra e tomou-a como seu hino chamando-lhe “A Portuguêsa”. Angola que foi uma razão forte para a execução deste hino, a primeira coisa que fêz foi partir a estátua da Maria da Fonte no Quinaxixe e em seu lugar colocar um tanque de guerra. O peso da consciência dos novos governantes, talvez, com sérias duvidas, levou a que o tal tanque da guerra fosse substituido por uma quitandeira. O remendo tapou o erro. Os Tugas é que deveriam agora mudar o hino pois já não conjuga com as novas politicas de roubo e despilfarro nas grandesas dos antigos.
- E, também já não existe o cazumbi e kianda daquela lagoa do Quinaxixe.
Pieter pós-se de pé desequilibrando o barco e bateu palmas efusivamente. Quase iamos para o charco e, falou: - Meu, é por isso que te apareço quando me dá a saudade, tu falas o meu linguajar e, de novo bateu palmas. Mazé, os Tugas têm mesmo de mudar o hino! Contra os cazucuteiros, marchar, marchar!
Este mano Kota de Cabo Ledo está a surpreender-me,... Háka!
Claro que fiquei embasbacado no meio do Loir. A vida tem destas coisas!...
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
2º encontro com JANUÁRIO PIETER . 2ª Parte
Eu, não andava na peugada de qualquer assombração mas, por coincidência aqueles caminhos de destino a Compostela, era o meu rumo até chegar a Burgos. Com algumas paragens intercalares seguia a rota de “Saint Jacques de Compostelle”.
Pensei que podia convidar Pietar a seguir viagem comigo mas, decidi nada dizer ao velho kota porque ele, era ainda um mistério não totalmente decifrado.
Ali, naquele café Rivoli estivemos admirando entre conversa pegajosa o vai-vem de gente que se deslocava para a praça da Concórdia ou na direcção inversa de Notre-Dame.
Aquele dia era uma 5ª feira, nove de Julho e, quando me despedi do velho patrício kamundongo Pieter, disse-me que lá para o dia quinze, talvez estivesse em Burgos; ficaria em Miraflores ouvindo o repicar do convento dos monges aonde estavam as relíquias dos Reis católicos de Espanha, o rei Dom Juan II, La Reina Isabel de Portugal sua mulher, e também o irmão desta, o Infante Alfonso, todos amortalhados numas caixas de mármore octogonais, ricamente ornamentadas.
-Mas, porquê ir ao “Monte Cartuja” a ver esses caixões?...perguntei.
-Vou ver a obra de um familiar de meu pai, Gil de Siloe, um artista, primo de meu pai, que entre 1484 e 1493 executou o sepulcro aonde descansam os pais de “Isabel, La católica”. Aquela igreja foi fundada em 1442 sobre os restos de de um palácio ou couto de caça, couto este em que o meu pai Lestienne serviu numa das visitas do seu rei de França, “Pays de Landes”; Vou conversar com um dos monges e, ver os escritos das sacristias.
Isto de sepulcros, não me agradava a minúcia e dei por findo o papo referindo-lhe que os reis desse tempo só curtiam a caça, parece até que não tinham mais nada para fazer senão conhecer as primas, procriar, caçar e envenenar.
Despedi-me dele mirando de soslaio seu porte, parecendo um palhaço saído do circo Disney, claro,... do seu ar patusco respigava em mim o devido respeito e cagufa.
Januário Pieter caminhava curvo, sua cabeça rodava para todos os lados vendo a periferia como um camaleão, seu caminhar de manso pé, era uma perfeita hiena, coisas aprendidas nas vastidões de silêncio, ruidosos grasnadões, urros e piares; sempre aparecia sem ninguém lhe dar conta, parecia até rebocar-se no cacimbo escafedendo-se sorrateiramente sempre que queria; uma arte de pé-ante-pé como onça.
Ouvindo aquele Pieter como kianda ninguém que podia falar contra, dava azar de matrindindi feito quijondo (gafanhoto grande).
A luz vermelha do semáforo virou verde com apito e, o kota deslizou suave na passadeira entrando do lado esquerdo da “Passage Richelieu”. Dei-lhe um aceno de adeus mas ele, só seguiu direito ao seu mambo, o quadro bucólico de seu pai Lestienne.
Que Deus o tenha e guarde múmia!
Cruzei em seguida a rua de Rivoli e penetrei nas catacumbas do Louvre pela porta direita de “Richelieu”.
Fiquei cismado desta coincidência e, curiosamente também desejoso de voltar a ver o velho, ouvir suas estórias do antigamente.
O kota Pieter, virou em verdade um espírito fluido num espaço gelatinoso, num repentemente enrijava, num repentemente sublimava-se.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
A LARA E O RIO SENA
Oportunamente, irei conhecer Paris, muito breve e, se Deus quiser. Este centro do mundo, entretanto virou um sonho: - numa ponte do Sena, parei junto a um recanto aonde um já velho senhor tocava sanfona, músicas da “Bell époque” de França, com arranjos e mistura de coisas crioulas, coisas de morna chorada, um fado. Fiquei simultaneamente surpreso e encantado com aqueles sons e, por ali fui ficando até confirmar ser este senhor de São Nicolau de Cabo Verde. A vida daquele distinto velho estava toda ela ali, exposta naquelas baladas, num recanto aonde cabia toda a sua vida.
Turistas da Globália entrecruzavam sons a combinar com o violoncelo que outro velho negro haitiano, de trancinhas encimadas por um chapéu rocambolesco, parecia gozar conosco, os turistas.
Estes velhos senhores, longe dos seus mares, estavam positivamente gerindo farpas de sobrevivência, dedilhando inibições, faltas e, coisas camufladas de nobre fingimento, porque ninguém quer ser pobre.
Têm no mínimo a felicidade de fugir a impostos, comissões, rendas, pagamentos por conta, previdência, seguros e, um montão de expedientes inúteis que só servem para atrapalhar; múltiplas incertezas, que tiram o sono, a liberdade a qualquer mortal.
Em chapéus exóticos recolhem moedas de agruras cantadas em ladainha que, nem sempre dão para o mata bicho.
A sonoridade da beira rio, mais para cá e para além das esplanadas tornavam as manhãs em encanto permanente inebriado de perfumes trespassando as sombras, e luzernas de gente espalhada.
Sentado no mais distinto palco do meu sonho, naquela pequena ilha fluvial de Saint-Louis completava-o com um café cheiroso e uma água,
A minha vida é isto mesmo, um regresso e abandono dum desconforme estar; ir e voltar, sentar-me para descansar em Paris.
Ali, tudo é efêmero, uma vida de sonho com perda do sentido da realidade, mistura de ritmos, cheiros e aromas.
E, ali está a Lara, minha neta, desfrutando a primavera da vida em um dia de Junho; promessa feita do outro lado do mar para ver as magias da Disneylândia, a torre Eiffel, o Louvre e este rio Sena, o palco das mornas e todos os fados da vida.
O Soba T´Chingange
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