MULOLAS DO TEMPO – 04.04.2018 - Um dia atípico
BRASIL - Justiça que tarda é justiça que falha… Cá para mim a presunção de inocência mais os embargos dos embargos de declaração vão terminar em prescrição…
Paracuca: É uma bolacha dura, torrada com açúcar e jinguba…Uns querem dar disto a Lula, outros também querem mas, envenenada…
Por
T´Chingange - No Nordeste brasileiro
A alegria de contemplar e de compreender é a linguagem a que a natureza me excita, na preocupação pela dignidade com saúde o quanto baste e com o suficiente dinheiro para poder comprar as alfaces ou o paio defumado sada dum pata-negra. Feliz de quem atravessa a vida prestativa sem o medo estranho à agressividade e ao ressentimento.
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Preocupado pela saúde moral, se não fossemos constrangidos a viver no meio de homens intolerantes, mesquinhos, violentos ou ladrões, seria o primeiro a sujeitar-me a um nacionalismo ferrenho ou a uma democracia no rigor da palavra.
Ao invés de todas as ambições a maioria dos imbecis permanecem invencíveis e satisfeitos em qualquer circunstância bajulando ídolos de barro. Sua suave e apática indiferença provoca-me numa tirania que só se dissipa por sua distracção ou inconsequência; nem sei nem quero saber - Dirão! E, depois vêm queixar-se de mansinho com um - se eu fizesse assim!? Ou se fizesse assado! Tarde piaste…
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Para se ser membro irrepreensível de uma comunidade de carneiros é preciso antes de tudo, também ser carneiro. O esforço para criar uma comunidade neste meio, sem a qual não podemos viver nem morrer neste mundo hostil de forma íntegra, torna-se quase impossível. Para seres favorável a alguém, tens de descartar outro alguém…
Poucos serão capazes de dar claramente uma opinião diferente porque sempre terá esse preceito de desagradar alguém! Ainda ontem falei em conceitos com e sem pré, adicionando os termos ainda não usados de pretoconceitos e brancoconceitos! Um é contra os brancos e o outro é contra os negros; coisas desaglutinadas.
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A coexistência pacífica dos homens baseia-se em primeiro lugar na confiança mutua e, só depois sobre instituições como a justiça ou a política. O perigo maior está em cada uma destas instituições porque, o que move ambos, é o INTERSSE! Porca vida – real destino…
Hoje e, aqui no Brasil, a presunção de inocência vai ao último julgamento em trânsito de julgado na espectativa de surgir um embargo de declaração. São coisas de jurisprudência, assunto do qual pouco pesco mas, dá para entender que Inácio Lula da Silva saltitando de nenúfar em nenúfar vai ser salvo pela prescrição.
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Uma grande confusão ao mais alto nível da justiça, põe de cócoras o Supremo Tribunal Federal aonde também os INTERESSES se enrolam enfatizados na hipocrisia – a lei mais forte da justiça. Isso! Hipocrisia… Embargos de declaração- Mas que é isto! Está na cara que tudo vão fazer para protelar.
Mas, afinal querem um país de bandidos, de estupradores, assassinos e burlões com pacto oligárquico dos governantes! Não será isto um incentivo ao crime! É aqui que entra a tal paracuca - Justiça que tarda é justiça que falha! Bem que o povo se interroga e, com razão: Mas, quando é que “rico” vai para a prisão? Repito o que disse ontem: - Nem o pai morre nem a gente almoça…ADEUS!
O Soba T´Chingange
O DRAGÃO É-BOLA – Chupa-nos o medo a sorvos lentos…
Monangamba - trabalhador sem especificação, faz-de-tudo (por vezes pejorativo).
Por
Com os restos cansados da minha preguiça com minudências de cólera sustida a chá rooibos do Calahári, dispus-me a continuar a leitura do Eça lendo as descrições ao pormenor deste mundo burlesco e sórdido que mesmo 116 anos depois, continua mergulhada numa névoa de global desentendimento; com dolorosos risos mergulhados dentro de nossos peitos, estiramos as notícias assustadoras de uma epidemia que pode alastrar e matar o mundo; mundo de gente. Esta horrenda angústia emanada talvez de experiências químicas de higienização étnica a condizer com as pregações do pastor anglicano Thomas Malthus que sempre defendeu uma filosofia de expansão inteligente dos recursos humanos nos territórios de língua inglesa.
Quem nos pode assegurar, que não foi a partir daquela filosofia que surgiu o ébola ou é-bola chupando-nos o medo a sorvos lentos. Conspurcando-nos a mente, a saliva, o sangue, os fluidos que não se distinguindo a olho nu, mergulham-se uns quantos seres algures em sepulturas estanques. Gerindo revolta, o mundo alvoroça-se incerto da morte descuidada ou premeditada e, tudo esteve muito calado enquanto só se inscrevia em África. Mas eis que surgem ruídos abafados não distinguindo vómitos pela cor da pele, do sangue ou suor nem latitudes e, ai Jesus, um Deus nos acuda.
Num esforço de conter o medo, também eu esvazio o tempo embalado num berço de leões enfadando-me de notícias intranquilas. Mas, porque deixaram esta indignidade que até parece obra do capeta, do diabo! E, aonde estava esse sempre tão vigilante “capitão América” que sempre descura a vida fazendo guerras? Talvez até seja um descontrole ao controlo dessa tal preocupação de eugenia, coisa esfuziada, sem alma, uma besta ingrata.
É estúpido, é triste! Talvez uma praga apocalíptica; já houve uma peste negra, a pneumónica o câncer, o sindroma de Imune deficiência adquirida e, agora o é-bola rolando avassaladoramente. Com inefável gosto, afundo a minha razão na densidade da sua estupidez e, assim como um bode ama a uma cabra, despojo-me num sumido ventre na sordidez de uma alcova forrada de cretones sujos. Assim como um pedaço de cera que se derrete num forno ao rubro ouvem-se rugidos, clemências, acudi-nos Jesus!
O Soba T´Chingange
ANGOLA . LISBOA – O VÔO DA VIUVINHA NEGRA . AS FACES DE DEUS
Por
Dy - Dionísio de Sousa (Reis Vissapa)
Januária abandonou a cubata tradicional com a samacaca envolvendo o corpo esguio e elegante, deixando apenas expostos à brisa fresca da manhã os seios púberes de contorno delicado com os mamilos levemente virados ao céu. Olhou a incandescência solar a trepar o violeta matinal com que o horizonte se vestira. Ouviu um rumor distante e com a mãozita em forma de pala protegeu o olhar e viu a cinza metalizado do Boeing que sulcava as alturas deixando atrás de si um carreiro rectilíneo de flocos brancos. Provavelmente era Deus que ia fazer o seu passeio diário acompanhado dos seus anjos, pensou para consigo própria. O tom da sua pele de um negro retinto acentuava a sua origem Bijagós lá longe na Guiné. Já meio escondidas pela mata de mutiátes, duas cruzes velavam há quase um ano pelos restos de Norberto Fragoso e a sua companheira Cacilda Rebelo que tinham vindo nos anos cinquenta para Angola em busca de melhor vida. Os nomes tinham-nos adquirido na colónia portuguesa da Guiné e tanto marido e mulher tinham sido empregados de Floriano Fragoso e de sua esposa Gisela Rebelo Fragoso roceiros endinheirados que os recolheram ainda jovens.
Norberto tornara-se um excelente cozinheiro e um artista na arte de bem servir e Cacilda transformou-se na ama dos filhos do casal. Tudo ia bem até ao dia em que o fazendeiro se perdeu de amores pela bela Cacilda e foi apanhado em flagrante assédio à rapariga por Dona Gisela. O casal acabou por fugir pois a corda parte sempre por elo mais fraco e acabariam por chegar a Angola num barco de cabotagem que os largara em Moçamedes. Januária pensou que num dia destes tinha de limpar e alindar as campas dos seus progenitores. Em breve faria um ano que os pais haviam falecido e durante esse espaço de tempo sobrevivera sozinha cuidando do arimbo e de quatro cabeças de gado que herdara. Com doze anos de idade, apenas sabia que Deus existia pois a mãe assim a ensinara. Nas sanzalas limítrofes já restava pouca gente. As populações tinham partido com o advento da entrega de Angola aos negros e o fecho das poucas lojas de comerciantes brancos que residiam naquela região. Quando chegou à loja do senhor Aparício para trocar uns franganitos por uns quilos de fuba, este estava a carregar a velha Chevrolet com toda a sorte de bagagem preparando-se para partir também. – Então Januária ainda por aqui andas rapariga? – Não tenho para onde ir senhor Aparício. – Respondeu com humildade. Aparício Cardoso e a sua mulher não tinham filhos e Dona Maria do Céu Cardoso gostava daquela rapariguita airosa e de rosto bonito. – Queres vir connosco Januária? Não vais ficar aqui sozinha. Partiu com eles em direcção à fronteira de Santa Clara mais uma pequena trouxa com os seus pertences e atravessou-a como filha adoptiva do casal com documentos perdidos.
Quando deu por ela estava na barriga de Deus que roncava baixinho no céu azul. Perto do Senegal Dona Maria do Céu apontou para baixo e fê-la ver um conjunto de ilhotas do arquipélago dos Bijagós e sussurrou-lhe ao ouvido. – Foi daquele lugar que os teus pais vieram. A menina estremeceu e agradeceu ao Deus gigante tê-la levado a ver a sua terra ancestral. Quando aeronave aterrou em Lisboa verificou que havia mais deuses espalhados por o lugar e uma multidão a sair de dentro deles. O senhor Aparício com os parcos tostões que conseguira trazer na fuga, abriu uma tasca na Reboleira e Januária passou a ser cozinheira, a servir à mesa e a tratar de todos os afazeres da casa. À noite deitava-se extenuada pois as refeições baratas para os trabalhadores iam tocando o negócio para frente lentamente. Um dia o senhor Aparício trouxe uns papéis e foram a uma repartição onde ela teve de besuntar os dedos e segundo ele era agora cidadã portuguesa.
Com dezoito anos de idade tornara-se uma linda mulher e os olhares dos trabalhadores cabo-verdianos e guineenses devoravam-lhe o corpo com o olhar. Um dia um deles mais atrevido apalpou-lhe os seios e Nicolau Manduco que secretamente a adorava aplicou-lhe dois murros nas ventas e de rastos atirou com ele para o passeio. Quando os ânimos serenaram e ele lhe perguntou se estava tudo bem, ela percebeu que aquele homem robusto e olhar amigável, gostava realmente dela. Pediu ao senhor Aparício se podia frequentar a escola nocturna e ele embora contrariado com medo de perder a extraordinária cozinheira acabou por aceder. Aos vinte e dois anos já sabia ler e escrever e amealhara uns tostões com a espécie de ordenado que o seu protector lhe pagava.
Um dia Nicolau Manduco perguntou-lhe se ela não queria ir viver com ele para a Guiné onde pensava abrir um pequeno restaurante para os turistas que visitavam o território. O senhor Aparício gesticulou e chamou-a de ingrata quando ela lhe comunicou a sua decisão, mas Januária fartara-se de ser cozinheira e criada e partiu para a terra dos seus pais na barriga de Deus. O pequeno estabelecimento foi baptizado de “Viuvinha Negra” o nome com que o seu saudoso pai a alcunhara em pequenina e a comida é de comer e chorar por mais. Volta e meia Deus passa por cima do território e Januária benze-se e agradece-lhe em silêncio o seu destino e pensa nas centenas de pessoas que Deus transportara para longe da sua terra, alterando-lhes o destino.
Ilustrações de Ana Rocheta
Reis Vissapa
As escolhas do soba T´Chingange
PORTUGAL – EUSÉBIO - No Panteão Nacional? Porquê?
As escolhas de Kimbolagoa
Por
Gabriel Costa
Fonte Rua Direita de Viseu
Eusébio da Silva Ferreira, merece ser reconhecido como um excepcional futebolista que, pela sua habilidade, foi admirado e aclamado por milhões de pessoas. As alegrias que deu aos apreciadores do futebol e o prestígio alcançado por si e legado ao futebol português, não se pagaram com a expressiva homenagem que milhares de pessoas lhe prestaram e o acompanharam na sua última viagem. A sua forma de ser, bondosa, humilde e desprendida de balofas glorificações, deveria ser um exemplo para a soberba e vaidade de uns quantos “artistas” que, um dia, tiveram os seus 15 minutos de glória. No entanto a banalização do Panteão Nacional, lugar que deveria ser reservado aos heróis de Portugal, começa a ter laivos de vergonha. A República, que forja heróis para sobreviver, coloca simples habilidosos ao nível dos que, com sacrifício da sua vida, deram alma e força ao nascimento e manutenção da soberania de Portugal.
Depois da Amália Rodrigues e agora do Eusébio da Silva Ferreira, espera-se que a Irmã Lúcia, última das videntes de Fátima a morrer, obtenha também a autorização da Assembleia da República para a respectiva transladação. Fado, Futebol e Fátima, claro! De vergonha se torcem na cova, D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral ou Afonso de Albuquerque. Vultos da cultura e das letras como Almeida Garrett, João de Deus ou Aquilino Ribeiro bem como alguns Presidentes das República, emparelham agora com “artistas da bola e do fado”, “heróis do divertimento!
Na verdade, esta banalização do Panteão Nacional, não faz justiça aos militares portugueses que morreram em combate na Guerra do Ultramar, às ordens de um Governo que lhes dizia, ser uma obrigação de todos nós, defender a Pátria Una e Indivisível. A ser assim, todos eles, ali deveriam estar sepultados. No meio de tanto parolo, tanta falta de dignidade e de respeito pela História de Portugal, pergunto-me: qual será a decisão quando falecer o Tenente-coronel Marcelino da Mata(ver wikipédia), português nascido na Guiné, negro, herói da Guerra do Ultramar na Guiné e o militar português mais condecorado de todos tempos?
OPINIÃO: -De forma clara, os portugueses têm fome e sede de figuras públicas honestas e limpas, das que servem uma causa por amor à camisola e fidelidade ao país. Há alguns anos que os portugueses olham de lado, com desconfiança e ressentimento, a maioria das figuras públicas. Os povos precisam de figuras como Eusébio, que se revejam. A questão de Eusébio ser ou não, sepultado no Panteão Nacional, não sei, pela simples razão de nunca ter sido explicado ao povo o que significa um panteão nacional, à luz do estado português.
As opções do Soba T´Chinhange
AS ESCOLHAS DO KIMBANDA*
“A BIOGRAFIA DO MAJOR VALENTIM ” - O rasto doa honra ! ! !
* Helder Neves – Kimbanda, Ninja Guarda-Mor da torre do Zombo – kimboPor
Este é o homem... com quem lidei na Manutenção Militar, como civil e mais tarde como militar, no Quartel Militar da Engenharia em Luanda/Angola, onde ele foi expulso do Exército! É desta gente que o meu querido país, está infestado!!!
ESTE É O EXEMPLO DO CHICO ESPERTO PORTUGUÊS QUE FAZ O QUE QUER E LHE APETECE E NADA LHE ACONTECE E AINDA É CONDECORADO POR AJUDAR A MATAR SOLDADOS PORTUGUESES NA GUINÉ!!!Valentim dos Santos de Loureiro: Frequentou o curso de Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, sem o terminar. Juntou-se ao exército no regime salazarista e, anos depois, foi julgado e condenado em tribunal militar por andar a vender munições ao PAIGC da Guiné. Foi também condenado por roubar as rações do exército para lucro próprio (ficando posteriormente conhecido por muitos como o "Capitão Batatas"). Estava no aprovisionamento militar e desviava géneros e bens alimentares para vender por fora. Depois do 25 de Abril, foi readmitido e promovido a Major pelo Conselho da Revolução (Quem foi o imbecil militar que se lembrou desta estupidez?). Desviou, alegadamente, 40.000 contos ao BCP com uma transacção com um cheque em dólares americanos sobre um banco que não existia. Como “cônsul honorário" da Guiné-Bissau usou esse título para, falsificar certidões de nascimento de jogadores de potenciais jogadores de futebol que compra e vende.
Distinguiu-se como dirigente desportivo, tendo sido presidente do Boavista F.C. Entre 1972 e 1995 e presidente da Liga P. de Futebol Profissional (LPFP) até Agosto de 2006, sendo até 2008 o presidente da assembleia Geral dessa instituição. Na política, foi militante do PSD, tendo sido presidente da Comissão Política Distrital do PSD do Porto. Em 1993 aceitou foi candidato à Presidência da Câmara Municipal deGondomar, vencendo as eleições desse ano, e as de 1997 e 2001. Após ser desfiliado do PSD por ser acusado de práticas ilícitas enquanto autarca, venceu novamente as eleições de 2005, em lista independente «Gondomar no Coração», que alcançou 57,5% dos votos. Foi ainda Presidente da Junta Metropolitana do Porto entre 2001 e 2005 e Presidente do Conselho de Administração da Empresa Metro do Porto, S.A. Em Julho de 2008 foi sentenciado a 3 anos de prisão suspensa, no âmbito do processo judicial conhecido como Apito Dourado. Foi recentemente condecorado com a Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique, motivos que alegam os seus "serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro, pelos serviços de expansão da cultura portuguesa, sua história e seus valores".
Um gesto subjectivo da parte de alguns, tendo em conta o historial Negro do indivíduo. Pelos Portugueses é considerado uma vergonha Nacional, mas infelizmente pela classe politica que temos é um herói em virtude de pertencer à corja de políticos que temos. Isto nada abona a favor do nosso país e povo passivo e bronco que só se queixa. O mais curioso é que o povo de Gondomar lhe dá o voto continuamente... parece até que gostam de ser roubados e vigarizados… "Há um século atrás, no mínimo, era a forca...".
Subscrito e homologado por
T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
OS QUILOMBOS DO BRASIL - 10ª parte
Kimbo
Os homens exibem-se com azagaias e lanças manifestando ódio e raiva e, enquanto o grupo fica formado, o feiticeiro xingange sai do grupo, pulando, olhos esgazeados queimando como chama, parecendo ter perdido a cabeça, como um louco lançando-se ao chão esperneando; desta forma açula a turba incitando-o à refrega, corpo cheio de T´chissângwa de massala, kimbombo de milho, capo-roto ou simples cachaça de cana, tudo zurrapa misturado com alucinogénias verduras e cascas da mata. E, surgem as mulheres formando grupo à parte, agora de seios á mostra com gestos e esgares de efeitos excitantes, eloquente nos gestos e esgares de guerreiros zulu, estimulo para a guerra gingando vitórias antecipadas, bamboleando sensualismo num segue e dá-me dá-me, batendo palmas e cantando coisas de raiva com dor.
Os homens dão continuidade à zumbada com suas azagaias brilhando ao sol, entre colorido arco-íris de penas que oscilam do alto dos seus turbantes; com atitudes selvagens, com as peles com que se cobrem, parecem feras irritadas, de orelhas furadas com machanganas e facas em riste, escudos á frente como em batalha a sério, estancando à voz do branco, vestido de farda branca e botões doirados, o administrador. Sempre cantando, recolhem-se ao redor dum embondeiro confraternizando a batalha ganha em homenagem a Gungunhana. Estavam ali uns bons milhares de negros que feitos guerreiros zulus, até podiam massacrar os poucos brancos fazendeiros, administradores e autoridades do Puto. Mas agora, por agora, as lanças ficaram fincadas no solo barrento.
No regime de poligamia em que vivem, os pretos têm várias mulheres; a primeira mulher é a mulher grande mas têm tantas quanto possam adquirir desde que, as suas rendas permitam pagar o imposto da palhota. Eles ganham dinheiro quase exclusivamente para ter mulheres e isso é que os leva a fazer suas economias. A sua importância na povoação mede-se pelo número de mulheres – manacaes, que possuam. Por outro lado, as mulheres constituem para eles uma dupla riqueza: além de terem filhos que rendem aos pais, elas é que trabalham a terra, de acordo com a organização social do seu povo. Os pretos adoram possuir grandes famílias, pois dessa forma aumentam o seu prestígio. Tantas mulheres como homens julgam-se profundamente infelizes quando não procriam; os homens preferem sobretudo filhas não somente em virtude destas lhe trazerem o lobolo alambamento mas, ainda porque representam o amparo da sua velhice, pois que quando já cansados, elas têm o dever de acolhê-los.
(Continua…)
Referência Bibliográfica: A África Revelada , ensaio de Arnon de Melo.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
OS QUILOMBOS DO BRASIL . 9ª parte
Kimbo
Em 1941, Arnon de Mello tendo ido a São Tomé, Cabo Verde, Angola e Moçambique e pelo que observou, regressando ao Brasil afirma: Foi África que nos deu tudo, deu-nos o seu próprio sangue sangrando-se a si mesma, despovoando-se a valores irrisórios, transplantando sua população. A eles devemos a nossa formação étnica e cultural; enquanto os portugueses receberam dos mouros, normandos, visigodos e romanos sua formação cultural nós através destes, fomos influenciados pelos firmes traços do povo banto que nos legou alem da música, a forma de nutrição, folclore e sua cor. Em São Tomé, mulheres com lenços amarrados na cabeça como baianas desfilam seus longos e largos vestidos coloridos, com os seus balangandans, com seus tabuleiros com doces à cabeça, batendo os pés com os bons sapatos que Deus lhes deu, exibindo a sua dança do Kongo ao som do batuque.
E, surgiu do mato o chefe do grupo, vestido rigorosamente de preto, com cabeça de boi com três chifres escondendo as naturais fisionomias, revelando um já velho totemismo a nós legado pelos ameríndios. Dançando pulando e marcando com pé, batendo com a uma vara o chão, marca a gritos o compasso do oi-oi-oi. O negro aficano, levado como bicho para as Américas, como coisa, uma raça inferior, teve seu grande triunfo no Brasil; tendo ido como escravo, terminou marcando-nos com seus firmes traços influenciando, modificando-nos a linguagem, insuflando-nos a doçura bem típica desse carácter tropical. Seu regime alimentar equilibrado acabou por se impor, mesmo durante a época longa da escravidão.
Ultrapassando o cabo das tormentas chega à terra dos Marracuenes no Oceano Índico, terra das capulanas, xi-linguínes, as mulheres fazem dum pedaço de pano sua saia que enrolam da cintura para baixo prendendo-o com um hábil nó e, quando dançam usam ainda uma tanga de bambu e, nos tornozelos, pequenas cabaças com sementes para fazerem ruído. De seios cobertos com um pano que amarra às costas e de pés descalços, rodopiam nos momentos alegres a relembrar tempos de Gungunhana. E surgem os régulos de todas as tribos vestidos de brim kaki com enfeites verdes e chapéu cinza de abas largas, como determina o governo colonial. Os parcos brancos, parecem todos eles ser exploradores pois aparecem como Livingston, Serpa Pinto, Roberto Ivens com um chapéu com kaki a recobrir a cortiça leve e refrescante. Os batuques surgem ao jeito de boas vindas.
(Continua…)
Referência Bibliográfica: A África Revelada , ensaio de Arnon de Melo.
O Soba T´Chingange
Carta de Farinha Simões (De bigode) - Finalmente a extensa verdade. Os americanos são mesmo os piores amigos que um país pode ter e, Portugal, é um país de falsários.
Junta de Salvação Nacional
A Junta de Salvação Nacional era composta por sete elementos. Nesta fotografia podemos ver, da esquerda para a direita: os almirantes Rosa Coutinho e Pinheiro de Azevedo, e os generais Costa Gomes, António de Spínola, Jaime Silvério Marques e Galvão de Melo. O general Diogo Neto, também membro da Junta, encontrava-se, na altura, em Moçambique.
Nos referidos documentos vi também que as vendas de armas eram legais através de empresas portuguesas, mas também havia vendas de armas ilegais feitas por empresas de fachada, com a lavagem de dinheiro em bancos suíços e "off-shores" em nome dos detentores das contas, tanto pessoas civis como militares. As vendas ilegais de armas ocorriam por várias razões, nomeadamente: Em primeiro lugar muitos dos países de destino, tinham oficialmente sanções e embargos de armas. Em segundo lugar os EUA não queriam oficialmente apoiar ou vender armas a certos países, nomeadamente aos contra da Nicarágua, ou ao Irão e ao Iraque, a quem vendiam armas ao mesmo tempo, e sem conhecimento de ambos. Em terceiro lugar a venda de armas ilegal é mais rentável e foge aos impostos. Em quanto lugar a venda de armas ilegal permite o branqueamento de capitais, que depois podiam ser aproveitados para outros fins. Entre os nomes que vi referidos nestes documentos figuravam:
- José Avelino Avelar
- Coronel Vinhas
- General Diogo Neto
- Major Canto e Castro
- Empresário Zoio
- General Pezarat Correia
- General Franco Charais
- General Costa Gomes
- Major Lencastre Bernardo
- Coronel Robocho Vaz
- Francisco Pinto Balsemão
Junta Governativa de Angola
Da esquerda para a direita: Capião de Mar e Guerra Leonel Cardoso, Brigadeiro Altino de Magalhães, Almirante Rosa Coutinho, Cororel Pil. Av. Silva Cardoso e Major Emílio Silva . (foto a Vertingem da Descolonização, Gereral Gonçalves Ribeiro)
Francisco Balsemão e Lencastre Bernardo eram referidos como elementos de ligação ao grupo Bildeberg e a Henry Kissinger, Francisco Balsemão pertence também à loja maçónica "Pilgrim", que é anglo-saxónica, e dependente do grupo Bildeberg. Lencastre Bernardo tinha também assinalada a sua ligação a alguns serviços de inteligência, visto ele ser, nos anos 80, o coordenador na PJ e na Polícia Judiciária Militar. Entre as empresas Portuguesas que realizavam as vendas de armas atrás referidas, entre os anos 1974 e 1980, estavam referidas neste Dossier:
- Fundição de Oeiras (morteiros, obuses e granadas)
- Cometna (engenhos explosivos e bombas)
- OGMA (Oficinas Gerais Militares de Fardamento e OGFE (Oficinas de Fardamento do Exercito)
- Browning Viana S.A.
- A. Paukner Lda, que existe desde 1966
- Explosivos da trafaria
- SPEL (Explosivos)
- INDEP (armamento ligeiro e monições)
Montagrex Lda, que actuava desde 1977, com Canto e Castro e António José Avelar, só foi contudo oficialmente constituída em 1984, deixando, nessa altura, Canto e Castro de fora, para não o comprometer com a operação de Camarate. A Montagrex Lda operava no Campo Pequeno, e era liderada por António Avelar que era o braço direito de Canto e Castro e também sócio dessa empresa. O escritório dessa empresa no Campo Pequeno é um autentico “bunker", com portas blindadas, sensores, alarmes, códigos nas portas, etc. Canto e Castro e António Avelar são também sócios da empresa inglesa BAE - Systems, sediada no Reino Unido. Esta empresa vende sistemas de defesa, artilharia, mísseis, munições, armas submarinas, minas e sobretudo sistemas de defesa anti-mísseis para barcos. Todos estes negócios eram feitos, na sua maior parte, por ajuste directo, através de brokers - intermediários, que recebiam as suas comissões, pagas por oficiais do Exército, Marinha, Aeronáutica, etc. Nestes documentos era referido que, como consequência desta vendas de armas, gerava-se um fluxo considerável de dinheiro, a partir destas exportações, legais e ilegais. Estes documentos referiam também a quem eram vendidas estas armas, sobretudo a países em guerra, ou ligados ao terrorismo internacional. Era também referido que todas estas vendas de armas eram feitas com a conivência da autoridade da época, nomeadamente militares como o General Costa Gomes, o General Rosa Coutinho (venda de armas a Angola) e o próprio Major Otelo Saraiva de Carvalho (venda de armas a Moçambique). Vi várias vezes o nome de Rosa Coutinho nestes documentos, que nas vendas de armas para Angola utilizava como intermediário o general reformado angolano, José Pedro Castro, bastante ligado ao MPLA, que hoje dispõe de uma fortuna avaliada em mais de 500 milhões de USD, e que dividia o seu tempo entre Angola, Portugal e Paris. O seu filho, Bruno Castro é director adjunto do Banco BIC em Angola.
Rosa Coutinho . O falsário Almirante Vermelho
No referido dossier estavam também referidos outros militares envolvidos neste negócio de armas, nomeadamente o Capitão Dinis de Almeida, o Coronel Corvacho, o Vera Gomes e Carlos Fabião. Todas estas pessoas obtinham lucros fabulosos com estes negócios, muitas vezes mesmo antes do 25 de Abril de 1974 e até 1980. Era referido que estas pessoas, nomeadamente militares, que ajudavam nesta venda de armas, beneficiavam através de comissões que recebiam. Estavam referidos neste Dossier os nomes de "off-shores", que eram usadas para pagar comissões às pessoas atrás referidas e a outros estrangeiros, por Oliver North ou por outros enviados da CIA. Estas "off-shores" detinham contas bancárias, sempre numeradas. Esta referência batia certo com o que Oliver north sempre me contou, de que o negócio das armas se proporciona através de "off-shores" e bancos controlados para a lavagem de dinheiro. Vale a pena a este respeito referir que no negócio das armas, empresas do sector das obras públicas aparecem frequentemente associadas, como a Haliburton, a Carlyle, ou a Blackwater, (empresa de armas, construção e mercenários), entre outras. Esta relação está referida, há anos, em vários relatórios, nomeadamente nos relatórios do Bribe Payer Index (indice internacional dos pagadores de subornos), que é uma agencia americana. A indicação deste tipo de práticas foi desenvolvida mais tarde, pela Transparency International e pelo Comité Norte Americanos de Coordenação e Promoção do Comercio do Senado Americano, que referem que há muitos anos, mais de 50% do negócio e comercio de armas em Portugal, é feito através de subornos. Os americanos sempre usaram Portugal para o tráfico de armas, fazendo também funcionar a Base das Lajes, nos Açores, para este efeito, nomeadamente depois de 1973, aquando da guerra do Yom Kippur, entre Israel e os países árabes. Este tráfico de armas deu origem a várias contrapartidas financeiras, nomeadamente através da FLAD, que foi usada pela CIA para este efeito. A FLAD recebeu diversos fundos específicos para a requalificação de recursos humanos.
Gen. Costa Gomes
Não ví contudo neste Dossier observações referindo que estas vendas de armas eram condenáveis ou que tinham efeitos negativos. Havia contudo uma pequena nota, em que algumas folhas de que se devia tomar cuidade com tudo o que aí estava escrito, e que portanto se devia actuar. Havia também na primeira página um carimbo que dizia "confidentical and restricted". Estas vendas de armas continuaram contudo depois de 1980. Tanto quanto eu sei, estas vendas de armas continuaram a ser realizadas até 2004, embora com um abrandamento importante a partir de 1984, a partir do escandalo das fardas vendidas à Polónia. No referido Dossier estavam também referidas personalidades americanas envolvidas no negócio de armas, nomeadamente Bush (Pai), dick Cheney, Frank Carlucci, Donald Gregg, vários militares, bem como a empresas como a Blackwater. são ainda referidas empresas ligadas aos EUA, como a Carlyle, Haliburton, Black Eagle Enterprise, etc, que estavam a usar Portugal para os seus fins, tanto pela passagem de armas através de portos portugueses, como pelo fornecimento de armas a partir de empresas portuguesas. Tirei apontamentos desses documentos, que ainda hoje tenho em meu poder. A empresa atrás referida, denominada supermarket, foi criada em Portugal em 1978, e operava através da empresa mão, de nome Black-Eagle, dirigida por William Casey, membro do CFR (counceil for Foreign Affairs and Relations, ex embaixador dos EUA nas Honduras e também com ligações à CIA). A empresa supermarker organizava a compra de armas de fabrico soviético, através de Portugal, bem como a compra de armas e munições portuguesas, referidas anteriormente, com toda a cumplicidade de Oliver North. Estas armas iam para entrepostos nas Honduras, antes de serem enviadas para os seus destinos finais. Oliver North pagou muitas facturas destas compras em Portugal, através de uma empresa chamada Gretsh World, que servia de fachada à Supermarket. Mais tarde, cerca de 1985, quando se começou muito a falar de camarate, Oliver North cancelou a operação "Supermarket, e fechou todas as contas bancárias.
Sá Carneiro com Adelino Amaro da Costa
Devo ainda referir que William Hasselberg e outros americanos da embaixada dos EUA, em Lisboa, comentaram comigo, várias vezes o que estava escrito neste Dossier. Relativamente a Hasselberg isso era lógico, pois foi ele que me deu o Dossier a ler. Posteriormente comentei também o que estava escrito neste Dossier com Frank Carlucci, que obviamente já tinha conhecimento da informação nele contida. Tanto William Hasselberg, como membro da CIA, como outros elementos da CIA atrás referidos e outros, comentaram várias vezes comigo o envolvimento da CIA na operação de Camarate e neste negócio de armas. Lembro-me nomeadamente que quando alguém da CIA, me apresentava a outro elemento da Cia, dizia frequentemente "this is the portuguese guy, the one from Camarate, the case in Portugal with the plane!". As vendas de armas, a partir e através de portugal, foram realizadas ao longo desses anos, pois era do interesse politico dos EUA. A CIA organizou e implementou estas vendas de armas em Portugal, à semelhança do que sucedeu noutros países, pois era crucial para os EUA que certs armas chegassem aos países referidos, de forma não oficial, tendo para isso utilizados militares e empresários Portugueses, que acabaram também por beneficiar dessas vendas. Como anteriormente referi, William Casei e Oliver North estavam, nas décadas de 70 e 80 conluiados com o presidente Manuel Noriega, no escândalo Irão - contras (Irangate). Foi sempre Oliver North que se ocupou da questão dos refénsamericanos no Irão, bem como da situação da América Central. Recebeu pessoalmente por isso uma carta de agradecimentos de George Bush Pai, Vice Presidente à época de Ronald Reagan. Devo dizer a este respeito que John Bush, filho de Bush Pai, então com 35 anos, a viver na Flórida, pertencia em 1979 e 1980 ao “Condado de Dade", que era e é uma organização republicana, situada em South Florida, destinada a angariar fundos para as campanhas eleitorais republicanas. John Bush era um dos organizadores de apoios financeiros para os "contra" da Nicarágua.
Foto de Coronel Corvacho
Conheci também Monzer Al Kasser um grande traficante de armas que tinha uma casa em Puerto Banus em Marbella, e que me foi apresentado, em Paris, por Oliver North, em 1979. Era um dos grandes vendedores de armas para os “Contra” na Nicarágua, trabalhando simultaneamente para os serviços secretos sírios, búlgaros e polacos. Na sua casa em Marbella, referiu-me também que, por vezes, o tráfico de armas era feito através de África, para que no Iraque não se apercebessem da sua proveniência, pois também vendiam ao mesmo tempo ao Irão e mesmo a Portugal. Este tráfico de armas, que estava em curso, desde há vários anos, em 1980, e o começo do caso Camarate. Através de Al Kasser conheci, em Marbella, no final de 1981, outro famoso traficante de armas, numa festa em casa de Monzer, que se chamava Adrian Kashogi. Kashogi, como pude testemunhar em sua casa, tinha relações com políticos e empresários europeus, árabes e africanos, por regra ligados ao tráfico de armas e drogas. Sou preso em 1986, acusado de tráfico de drogas. Esta prisão foi uma armadilha montada pela DEA, por elementos que nessa organização não gostavam de mim, por eu ter levado à detenção de alguns deles, como referi anteriormente. Fui então levado para a prisão de Sintra. Estou na prisão com o Victor Pereira,, que aí também estava preso. Sei, em 1986, que estavam a preparar para me eliminar na prisão, pelo que peço à minha mulher Elza, para ir falar, logo que possível com Frank Carlucci. Em consequência disso recebo na prisão a visita de um agente da CIA, chamado Carlston, juntamente com outro americano. estes, depois de terem corrompido a direcção da prisão, incluindo o director, sub-director e chefe da guarda, bem como um elemento que se reformou muito recentemente, da Direcção Geral dos serviços Prisionais, chamada Maria José de Matos, conseguem a minha fuga da prisão. Contribui ainda para esta minha fuga, mediante o recebimento de uma verba elevada, paga pelos referidos agentes americanos esta directora-adjunta da Direcção Geral dos serviços Prisionais. Estes agentes americanos obtêm depois um helicóptero, que me transporta para a Lousã, onde fico cerca de 20 dias. Vou depois para Madrid, com a ajuda dos americanos, e depois daí ara o Brasil. as despesas com a minha fuga da prisão custaram 25000 euros, o que na época era uma quantia elevada.
Coronel Carlos Fabião
Só mais tarde no Brasil, depois de 1986, é que referi a José Esteves que sabia que Sá Carneiro ia no avião, contando-lhe a história toda. José Esteves, responde então, que nesse caso, tinhamos corrido um grande risco. Eu tranquilizei-o, referindo que sempre o apoiei e protegi neste atentado. Dei-lhe apoio no Brasil no que pude. Assegurei-lhe também o transporte para o Brasil, obtendo-lhe um passaporte no Governo Civil de lisboa, entreguei-lhe 750 contos que me foram dados para esse efeito pela embaixada dos EUA, em Lisboa, e arranjei-lhe o bilhete de avião de Madrid para o Rio de Janeiro . Na viagem de Lisboa para Madrid, José Esteves foi levado por Victor Moura, um amigo comum. No Rio de Janeiro ajudei-o a montar uma loja, numa roulote. Como trabalhava ainda para a embaixada dos EUA, em Lisboa, estas despesas foram suportadas pela Embaixada. Ficou no Brasil cerca de dois anos. Eu, contudo andava constantemente em viagem. José Esteves recebe depois um telefonema de Francisco Pessoa de Portugal, onde Francisco Pessoa o aconselha a voltar a Portugal, e a pedir protecção, a troco de ir depor na Comissão de Inquérito Parlamentar sobre Camarate. Esse telefonema foi gravado, mas José Esteves nunca chegou a obter uma protecção formal. Telefono a Frank Carlucci, em 1987, pedindo-lhe para falar com ele pessoalmente. Ele aceita, pelo que viajo do Brasil, via Miami, para Washington. Pergunto-lhe então, em face do que se tinha falado de Camarate, qual seria a minha situação, se corria perigo por causa de Camarate, e se continuarei, ou não a trabalhar para a CIA. Frank Carlucci responde-me que sim, que continuarei a trabalhar para a CIA, tendo efectivamente continuado a ser pago pela CIA até 1989. Frank Carlucci confirma nessa reunião que puderam contar com a colaboração de Penaguião na operação de Camarate, e que ele, Frank Carlucci, esteve a par dessa participação. Em 1994, foi-me novamente montada uma armadilha em Portugal, por agentes da DEA que não gostavam de mim, por causa da referida prisão de agentes seus, denunciados por mim. Nesta armadilha participam também três agentes da DCITE - Portuguesa, os hoje inspectores Tomé, Sintra e Teófilo Santiago. Depois desta detenção, recebo a visita na prisão de Caxias de dois procuradores do Ministério Público, um deles, se não estou em erro, chamado Femando Ventura, enviados por Cunha Rodrigues, então Procurador Geral da República. Estes procuradores referem-me que me podem ajudar no processo de droga de que sou acusado, desde que eu me mantenha calado sobre o caso Camarate.
Foto do Procurador Cunha Rodrigues
Por ser verdade. e por entender que chegou o momento de contar todo o meu envolvimento na operação de Camarate, em 4 de Dezembro de 1980, decidi realizar a presente Declaração, por livre vontade. Não podendo já alterar a minha participação nesta operação, que na altura estava longe de poder imaginar as trágicas consequências que teria para os familiares das vítimas e para o país, pude agora, ao menos, contar toda a verdade, para que fique para a História, e para que nomeadamente os portugueses possam dela ter pleno conhecimento. Não quero, por ultimo, deixar de agradecer à minha mãe, à minha mulher Elza Simões, que ao longo destes mais de 35 anos, tanto nos bons como nos maus momentos, sempre esteve a meu lado, suportando de forma extraordinária, todas as dificuldades, ausências, e faltas de dedicação à família que a minha profissão implicava. Só uma grande mulher e um grande amor a mim tornaram possível este comportamento. Quero também agradecer à minha filha Eliana, que sempre soube aceitar as consequências que para si representavam a minha vida profissional, nunca tendo deixado de ser carinhosa comigo. Finalmente quero agradecer à minha mão que, ao longo de toda a minha vida me acarinhou e encorajou, apesar de nem sempre concordar com as minhas opções de vida. A natureza da sua ajuda e apoio, tiveram para mim uma importância excepcional, sem, as quais não teria conseguido prosseguir, em muitos momentos da minha vida. Posso assim afirmar que tive sempre o apoio de uma família excepcional, que foi para mim decisiva nos bons e maus momentos da minha vida.
Lisboa, 26 de Março de 2012
Fernando Farinha Simões
B.I. n.º 7540306
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“AUNGUS (pirão)”
ANGU,FUNGE,PIRÃO
“XICULULO: -Olhar de esguelha, mau olhado, olho gordo”
No início do século XIX as quitandeiras reuniam à sua volta o tabuleiro do ANGU; era comida barata para acudir aos negros libertos da escravidão de poucas posses. Esta prática passou a ter lugar em casas de telha, chapa ou capim a que se chamava a “Casa do Angu” que no Brasil se passou a designar de ZUNGU. Nestas casas organizavam-se batuques ou rebitas para alegrar gente carecida vindas do kimbo, sanzala ou quilombo ainda não acostumados à vida de liberdade. Como animais da selva, depois de estarem em cativeiro tinham alguma dificuldade em se readaptar a uma vida independente. Na regência do Brasil por D. João VI havia posturas a proibir essas casas havendo além de multas, oito dias de prisão efectiva para os donos de tais casas; em caso de reincidência, a prisão passava para os trinta dias. Isto tinha por fim controlar as revoltas dos escravos alforriados ou fujões que um pouco por todo o lado no Brasil se fazia sentir. Embora ouvesse comportamentos análogos tanto no Brasil como em Angola ou Moçambique, era no Brasil que esta prática mais se fazia notar pois que, o movimento dos abolicionistas era ali mais reinvindicativo, militante e lutador.
QUITANDEIRA
O batuque, barulho, falatório e rixas de negros perturbava políticos da nobreza e gente da corte que fazia valer a sua posição de status passeando honrarias de peito feito, inchado de medalhas honorificas num qualquer calçadão, largo, praça e demais lugares públicos de exposição social.
A referida imoralidade das gentes marginais dos ZUNGUS tomando em conta os muitos relatos de cariz oficial e, naquelas casas, era comparado aos cortiços de vagabundos e criadagem aonde, mesmo assim sentiam melhoria de vida, namorando a folga de exclusão entre homens e mulheres desavindas de fortuna e farturas de amor. Ali podiam encontrar abrigo temporário, hospedagem, aconchego solidário, diversão, festa e consolo de suspiros enroscados em troca de alimentação barata, carne de charque, tripas ou peixe salgado e, até consolo religiioso p´ra colmatar aflições. A dinâmica de dominação escravista era contemporizada entre o interesse senhorial e a ideologia de novas mentes anti-esclavagista tornava-a promíscua na vigilância tutelar, escassa, anárquica, negligente e até nefasta . A prática do Angu ou Zungu que deriva da língua bantu, ainda se pode observar na periferia de Salvador da Bahia, Fortaleza, Aracaju ou nos musseques de Luanda, Benguela, Bissau ou Maputo.
Preto kota fujão
Por carências afectivas, os terreiros da Umbanda foram transformando esses lugares em cultos variados tendo as Kiandas, Iemanjás, Calungas ou oxalás com pretos velhos ordenando rigores novos de cazumbis ou maracatus.
Em 1854 podia ler-se um Edital dando alvissras de 50U000 Rs para quem entregasse um “CRIOULO FUGUDO”, assim: Crioulo de nome Fortunato, fugido desde 18 de Outubro de 1854 – de 20 e tantos anos de idade, com falta de dentes na frente, com pouca ou nenhuma barba , baixo, picado das bechigas que teve há poucos anno, mal encarado,falla apressadoe com a boca cheia olhando para o chão; às vezes anda calçado intitulando-se forro, dizendo chamar-se Fortunato lopes da Silva. Sabe cozinhar e entende de plantações da roça.Quem o prender, entregar à prisão e avisar na corte ao seu snhor Eduardo Laemmert, rua da quitanda nº 77, receberá 50U000de gratificação. CARTAZ . 1854, RIO DE JANEIRO
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
O apetrexamento urbano
BRASIL
Os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, atingiram os melhores niveis de vida do Brasil no século XXI graças a esse povoamento de redefinir franteiras além do Tratado de Tordezilhas segundo o “Uti-possidetis” do novo Tratadod Madrid de 1750.
Santa Catarina, estratégicamente situada no Atlântico Sul, com
Povoar, colonizar e guarnecer militarmente a ilha de Santa Catarina, foi o baluarte na defesa contra piratas europeus, principalmente holandêses, inglêses e uns tantos francêses.
A custas da Fazenda Real, do recenceamento voluntário, resultaram companhias formadas por cinquenta homens cada uma, tendo no mando um capitão, dois alferes e quatro sargentos. Mas, não foram só estes os intervenientes na história do Sul do Brasil; à semelhança do nordeste Brasileiro, os Angolanos foram também os primeiros escravos a irem para Santa Catarina tendo também chegado ali, gente ida de Cabo Verde e da Guiné.
VIII – O TRAÇADO URBANO
As casas no seu todo, tinham acabamentos com ângulos nos extremos dos telhados, quatro águas e telhas de goiva ou calha portuguesa, que recebiam nas linhas de cunhal uma forma de pomba pousada. Esta pomba em olaria ou cerâmica cozida junto com a telha de arremate, trata-se e segundo a tradição do símbolo da pombinha do Espírito Santo abençoando a casa e seus moradores. Os Açoreanos têm uma predileção especial com o culto ou festas do Santo Espírito.
Havia também o refinamento das beiras ceveiras como os bordados, ou de cortinado em cimalha e outras platibandas com desenhos ou adornos enfeitando o alçado ou fachada principal. Com as canaletas de drenagem aproveitavam as águas no desaguar de drenagm de beirados e algeróz em uma cisterna algures situada por baixo do logradouro posterior. As carências de chuvas em suas terras de origem, levaram-nos a seguir os velhos métodos de armazenamento árabe ainda em uso nas ilhas açoreanas, na província do Algarve no Portugal Europeu ou todo o Sul de Espanha e Itália e também no sertão de Pernambuco.
Os beirados enfeitados dava ao seu senhor “status”, posição social altiva de poder e dai, dizer-se que as casas pobres eram de “gente sem eira nem beira”.
O traçado urbano das vilas tem algo a ver com as directivas de base: “- no sítio (de citadino ) destinado para o lugar de povoação, assinalará um quadrado para uma praça d quinhentos palmos de face e em hum dos lados se porá a igreja. A rua ou ruas se demarcarão ao cordel com largura ao menos de quarenta palmos, e por ellas, e nos lados, se porão as moradas em boa ordem deixando entre humas, e outras, e para detras, lugar suficiente e repartido para quintaes, atendendo assim ao comodo prezente como a poderem ampliarse as cazas para o futuro”.
A língua dos novos colonizadores com sotaques e modos diferênciados deram no correr do tempo uma mistura de linguajar a que se pode chamar a prosódia que domina hoje todo o extenso território do Brasil.
Muita coisa foi legada pelos Portuguêses continentais ou insulares e, para terminar a escrita da saga, relembra-se uma dança com letra, levada pelos povoadores de Florianápoles chamada de “A jardineira” que fez furor e ainda é cantada nos momentos altos de farra ou eventos carnavalescos.
O Jardineira porque estás tão triste?
Mas, o que foi que te aconteceu?
Foi a Camélia que caíu no no galho
Deu dois suspiros e depois morreu
( estribilho – bis )
Vem Jardineira, vem meu amor!
Não fique triste que esse mundo é todo teu,
Pois és muito mais bonita
Que a Camélia que morreu!
( Fim da saga do açucar e povoamento)
O Soba T´Chingange
Quem com ferros mata!... Com ferros morre!
O ajuste de contas na Guiné Bissau foi consumado. O general Tagmé Na Waie, que tudo indica ter sido mandado abater por Nino Vieira, tinha dito aos seus oficiais Balantas: - “ Se eu morrer de manhã, Nino morrerá à noite”. Não foi bem assim,... demorou um pouco mais.
Nino Vieira foi assassinado a golpes de catana. No mundo da selva mandam os gorilas que lá estão!
A Guiné Bissau um dos países mais atrazados do Mundo vive numa permanente “desEpopeia”; o filme segue se não houver uma intervenção da ONU ou dos PALOPS ou, ainda essa instituição de penumbrosa evidência com o nome de CPLP.
O Kimbo, não manda condolências a nenhum daqueles credêncialmente defuntados e, nem vai desejar paz à sua alma. O purgatório que se encarregue deles.
Inteiramente do foro do,
AS TORMENTAS DO IMPÉRIO
O Infante D. Henrique morreu a 13 de Novembro de 1460, sem saber içar uma vela e toscamente chimbicar um remo duma qualquer canoa ou chata. Ficou na história como o grande navegador, alterou o destino do mundo por ser o mentor e executor de projectos ousados, descobrir novas terras.
Efectivamente, a mando dele, gente destemida afoitou-se mar adentro, tendo a terra sempre do lado esquerdo. Porque era bom esse lado, passou-se a chamar de bombordo. De cabo em cabo em 1448, Cadamosto, um Genovês às ordens do D. Henrique chega ao rio Gâmbia.
Este senhor Cadamosto, cumprindo ordens, ali construiu uma pequena fortaleza que mais não era senão um abrigo, afim de garantir segurança e também dar assistência a futuras expedições marítimas.
Deste pequeno forte de 18 por 18 metros, num lugar chamado de Casamansa, um pouco a norte da actual Guiné Bissau, foram trazidos para Portugal gente de pele negra que após a curiosidade inicial, serviram de escravos, dando inicio ao lucrativo negócio para senhores portadores de carta branca, ou mando específico.
Deu-se inicio a um perturbador casamento de culturas, europeia e africana em atmosfera negra, numa miscelânea de odores, aromas, moscas e calor peganhoso da humidade e, sempre para sul ao toque da cobiça ergueram-se fortalezas, cruzeiros e padrões.
No Sambuia, (barco) pode ainda viajar-se até às terras planas dos Bijagós, numa amalgama de gente empanada de cores garridas e algazarra dum crioulo em fermentação permanente. Hoje, pode ainda viver-se as sensações de então, ressurgidas numa emancipação mal forjada, nos baixios de Bijagós, aonde os homens ainda se vestem de saias de palha.
Cinquenta e dois anos mais tarde, em terra fértil, de gentios com plumas de papagaios, deu-se inicio ao negócio chorudo com timbre real de sua majestade o rei de Portugal, o separar de gentes para estibordo; Era o Brasil.
Desse outro lado do Atlântico, num recife do mesmo nome, o cabra (sanfoneiro popular) chora saudade de doer com apego repentista, lagrimando sentimentos dum xodó passado, tão distante que só o xote e o fevro (danças) relembram aqueles idos tempos de 1500, dos antepassados mortos, morridos p`ra valer, soltaventados.
O meu sentir saudoso, envolvido de negro, também abraçava o xote maracatu. Ao largo do Cariri no Piauí pernambucano, giboiando catinga de roça em rede, relembro as baladas de Gilberto Gil:
A vida aqui só é ruím,
quando não chove no chão,
mas se chover dá de tudo,
fartura tem de porção.
Tomara que chova logo,
tomara meu Deus tomara,
só deixo meu carirí,
no último pau de arára.
Enquanto a minha vaquinha,
tiver o couro e o osso e,
puder com o chocalho,
pendurado no pescoço,
vou ficando por aqui,
que Deus do céu me ajude,
quem sai da terra natal,
em outro canto não pára.
Disfarçadamente limpei duas lágrimas traídas; silenciosas. Eis o agreste!
O Soba T´chingange
N´DAFA CABI
Este senhor, Primeiro Ministro da Guiné Bissau, afirmou que há figuras ligadas ao estado Guineense que enriquecem com o negócio da droga.
O governo resvala progressivamente para a dependência por financiamento do narcotráfico.
CARMELITA PIRES
Esta Senhora, Ministra da Justiça, foi ameaçada de morte por estar envolvida nas investigações do tráfico de droga. Querem o seu afastamento do " Processo Narco"
LUÍS VAZ MARTINS
Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, afirmou que o avião recentemente apreendido no aeroporto de Bissau, levava droga e não medicamentos, conforme afirmaram as fontes governamentais.
25% das 300 toneladas de cocaina consumidas na Europa, entram pela Guiné-Bissau e Cabo Verde.
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O Soba T´chingange
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