NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3568 – 14.04.2024
“A 2ª MARCHA – DO CUELEI ATÉ KAPRIVI” – Na Faixa de Kaprivi, com Savimbi…
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Anos mais tarde, com João Miranda Khoisan e sua filha Ana Maria, em Suclabo Lodge propriedade duma madame de nome Suzi e, que mais tarde tomou o nome de Divava Okavango Lodge e Spa, cinco estrelas de “elegant style and luxury”, do outro lado do Okavango relembraríamos. Foi ali o bivaque base Ómega aonde a UNITA, na pessoa de seu presidente Jonas Savimbi, entabularam negociações com os bóhers da África do Sul.
Sabendo de antemão que neste mundo só os anjos não têm costas, ouço de novo João Miranda: - Isto é mato, amigo!; assim falou estalando a língua assolapada ao seu céu bem ao jeito dos bosquímanos. Continuando a descrição encetada no Cuelei, naquele então, fins do ano de 1976, decorridas largas horas, o coronel Philip du Preez, regressando de seu périplo vistoria às suas tropas ao longo da fronteira, desceu de seu helicóptero, entrou na tenda com seus homens, e todos eles comeram e beberam.
Comeram e beberam sem se cuidarem ou lembrarem sequer dos angolanos que os aguardavam lá fora, com uma fome negra. Assim é descrito no livro de “Vidas e mortes de Abel Chivukuvuku” por Agualusa mas, quanto a mim, acho desmedida esta inventação de narrativa. Uma grande desfeita nada peculiar conhecendo-se a estatura e, até diplomacia dos intervenientes.
A descrição do encontro surge assim com detalhes sórdidos e inusitados. Aliás, nem creio que aquele coronel bóher assim se tenha comportado por me parecer pouco natural, até bizarro. Ter este calibre de comportamento com esta gente guerrilheira, parece-me ser de um torpe e grosseiro descuido, por o serem já tão conceituados e, sobretudo tendo essa conhecida figura, como chefe da delegação - uma afirmada lenda de guerrilheiro africano chamada de Jonas Savimbi.
Pois então, seus homens tiveram de esperar ainda algum tempo fora da grande tenda, antes de finalmente, conseguirem matar a fome. Aleluia! Por fim houve tempo para discutir ao que os levava ali às terras do Fim-do-Mundo. De forma brejeira é dito que o coronel du Preez, começou por sugerir que os guerrilheiros da UNITA se juntassem ao recém formado Batalhão 32; Sabimbi, indignado, recusou…
A UNITA era um Movimento de Libertação angolano. Não o seria, nunca, assim frisou indignado o Mwata guerrilheiro Jonas Savimbi, um simples instrumento de guerra nas mãos dos bóhers. Philip du Preez, duvidou da firmeza com tenacidade dos guerrilheiros angolanos: - Vocês estão mesmos dispostos a enfrentar sozinhos os cubanos? Têm coragem para isso? Sim, temos! Assegurou com firmeza Savimbi.
E continuou falando: - Necessitamos de vocês, nesta fase periclitante, para que nos forneçam material de guerra; é só o que queremos, reafirmou. E, vocês precisam de nós para conter o avanço do comunismo junto às vossas fronteiras. O Coronel Philip, prometeu nessa mesma noite falar com os seus superiores de Pretória, despedindo-se em seguida, subindo para o helicóptero bem à justa de forma a alcançar sua base ainda de dia…
Na percepção parcial das vitais contingências, tecidas e compostas nas coincidências de que a vida é feita, encontraremos o rigoroso sentido do passado, por fortuitos efeitos que determinam o futuro próximo e distante. Com encontros decisivos de nula ou muita importância, um simples dia de vida com rooibos tea and rusk bread, Windhoek lager, biltong bóher e bacorinho no espeto, assado pelo Thinus de Outjo, o mais genuíno carcamano bóher da família Miranda do Mukwé, a vida acontece…
Nota: Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e do livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku de José Agualusa…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3550 – 16.02.2024
“A LONGA MARCHA COM SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
( Na mata…) Ao Longo da Caminhada Surge a Senhora Vinona que pressentia que a qualquer momento a caravana da UNITA poderia ser atacada não escondendo seu pensamento. «Sinto que vamos ser atacados», disse ela a Savimbi. A voz de Vinona não era uma voz que se pudesse ignorar. Era uma mulher decidida, de poucas palavras, capaz de mobilizar e disciplinar outras mulheres com o seu exemplo. «Savimbi, porém, não lhe concedia privilégios especiais nem se dirigia de maneira diferente à própria mulher. Ela era apenas uma pessoa mais, na coluna».
Savimbi chamou N'Zau Puna e Chiwale e falou-lhes sobre o aviso que Vinona lhe fizera. Savimbi não ignorou completamente aqueles pressentimentos: «É verdade, quando se está há muito tempo numa guerra de guerrilha desenvolve-se um discernimento instintivo, um sentimento de que, vai ou não haver um ataque».
Não obstante, Vinona insistiu que tencionava partir e juntar-se aos filhos, enquanto os pais chegavam da sua aldeia natal para saudarem a filha e o genro. Vinona pediu a Savimbi para vir falar-lhes, antes de regressarem a casa. Savimbi mal tivera tempo de dizer adeus aos sogros, quando Chivinga voltou para trás a correr, com notícias de que tinham sofrido uma emboscada, por parte das tropas do MPLA, justamente a norte de Chissimba.
Fora capturado um guerrilheiro da UNITA e era virtualmente certo admitir por parte da força conjunta MPLA/cubanos, que Savimbi estaria por perto. «Dificilmente acreditei que fosse possível a presença do MPLA», afirmou Savimbi. «Todavia, a minha mulher tinha tido razão na sua insistência por isso, dei imediatamente ordens para partir». A coluna mal podia dirigir-se para sul, na direcção do local da emboscada.
Não ousavam voltar para norte e qualquer retirada em direcção a leste estava bloqueada Quembo. Só lhes restava tomar o rumo oeste, atravessando uma vasta área de cultivo com dois quilómetros de extensão, zona desbastada de árvores. Savimbi reforçou o grupo de Chivinga elevando-a para cinquenta homens enviando-o rumo ao sul para Chissimba de modo a aguentar o MPLA, enquanto fosse possível. Cerca de meia hora depois de Chivinga ter partido, começou a cair fogo de morteiros e rochets no local aonde Savimbi se encontrava.
Por via disto, Savimbi ordenou ao seu grupo que também partisse. Apenas tinham travessado a área cultivada e atingido a mata quando, à distância, apareceram dois helicópteros. «Assumi pessoalmente o comando porque compreendi que estávamos perante uma situação muito grave», disse ele. Mandei que todos se deitassem no chão. Disse que ninguém mais daria ordens, fosse em que circunstâncias fosse, nem mesmo N´Zau Puna ou Chiwale. Não queria confusões».
Havia um posto avançado de guerrilheiros da UNITA acerca de dois quilómetros para Norte do local onde estavam escondidos e aonde Savimbi queria chegar. Eram necessários suprimentos de comida para a fuga e, ele, estava agora a planear com base em informações recentes trazidas por mensageiros: No posto avançado, tinham reunido grandes stocks de carne seca de antílope. Savimbi conduziu o seu grupo mais para o interior da mata e mandou oficiais com instruções para o comandante do posto avançado, major Samalambo.
Quando descansava durante o dia, o povo de Savimbi avistou helicópteros movimentando-se de Chissima em direcção à posição de Samalambo e já quase ao anoitecer, chegaram noticias alarmantes. Um mensageiro de entre os oficiais que tinham sido enviados até Samalambo, disse que um helicóptero o tinha sobrevoado, quando se deslocavam em terreno aberto: estavam certos de terem sido localizados. Não havia tempo a perder. A estratégia delineada para confundir o MPLA e os cubanos, tinha de estar concluída ainda antes da noite acabar…
Nota: - “Transcrições de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
ANGOLA DA LUUA XL - TEMPOS PARA ESQUECER – 20.03.2018
- «Muitos dos “libertadores” sonhavam com a casa, o carro, os privilégios e as posições dos colonos. Conquistaram-nas e tornaram-se piores do que estes… »
Por
T´Chingange - Desde o Nordeste brasileiro
Em Kampala, o presidente da OUA, idi Amim, insistia para que a data da independência fosse mantida sendo Portugal a responsabilizar os nacionalistas por um não acordo. O Secretário-geral da UNITA presente à conferência acusou as FAP de não se oporem à entrada de armamento e mercenários a ajudarem o MPLA no Lobito, Sá da Bandeira e Pereira D´Eça. Em Pereira D´Eça o comandante português entregou o aquartelamento a elementos do MPLA tendo-os vestido com camuflados do exército português, uma clara desobediência e afronta por ser esta região afecta à UNITA.
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Este procedimento foi de uma nítida e grosseira degradação moral para as autoridades portuguesas. Manuel Resende Ferreira disse neste então: -Ainda havia esperança e soldados que não nos abandonavam. Referia-se ao Tenente Fernando Paulo e alguns dos seus homens que resolveram desobedecer ao comando para protegerem um grupo de refugiados no Chitado. Para o efeito criaram ali uma zona de segurança.
São estes os heróis esquecidos, soldados de Portugal que abandonam o exército comunista Português para protegerem cidadãos e, lutar contra a anarquia comunista. E, que foi feito do Tenente Fernando Paulo? Pesando nele dei-me conta que era o fim do império colonial. As feras foram largadas das jaulas com a lei 7 barra 74 do MFA. A Luua eclipsava-se! Tarde piaste! E, agora vamos fazer o quê para o M´Puto?
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As NT - Nossas Tropas já não eram nossas. Davam cunhetes, canhões e até carros de combate numa perfeita cooperação de entreajuda FAP- FAPLA mandando prólixo os acordos de Alvor, da Penina… O MPLA da Luua inventava a maka! Inventava os pioneiros! Depois o Poder Popular! E surgiu o Kaporroto, o kuduro e a victória é certa. Eles já tinham inventado o monstro Imortal, o Valodia e o Monacaxito…
As makas organizadas com o objectivo de criar o caos, originar pancadaria e depois a vitimização já tinham características de sofisticada mentira; meter tudo no barulho, pressionar psicologicamente e criar condições de favorecimento por parte dos militares do MFA, as NT, o CCPA – Comissão de Coordenação do Programa do MFA e o Alto-Comissário…Já se fazia tudo às claras.
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Em um encontro de Melo Antunes com Henry Kissinger, aquele responsável português e a pedido do Secretário Americano disse que era difícil de lidar com Neto; que era difícil de o classificar politicamente como um comunista ortodoxo! À coisa dada (Angola) teve a desfaçatez de dizer que a liberdade, não se recebe, arranca-se! Mas que pulha! Com estes laivos de poeta dava dicas torpes de mau agradecimento aos militares revolucionários do M´Puto. Bem feito, cambada! Alguns não gostaram…
Quanto a Holdem Roberto não tinha solida formação política, era um fraco e facilmente corrompido; dependia de Mobutu! Dos três líderes nacionalistas, era Savimbi o mais inteligente, o mais hábil e o mais forte politicamente. Cada qual fazia o que lhe dava na gana com a Kalash na mão. A lei e a ordem, a justiça eram coisas inexistentes ou anedóticas pela pior das negativas… Disto, o Melo Antunes nem falou mas, nós assistíamos martelando caixotes com raiva, rilhando o dente; naquele agora, mais não podíamos fazer.
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A tropa portuguesa continuaria a fazer segurança nos terminais de comunicações marítimas e aéreas de Luanda, aeroporto civil e militar do porto e Ilha do Cabo controlando o eixo Ilha – Fortaleza de S. Miguel, Palácio da Cidade Alta e Quartel-general. Nova Lisboa, a cinco de Outubro de 1975 era uma cidade morta, aonde ficaram somente trinta brancos. Na terceira semana de Outubro a evacuação do Lobito, benguela e Moçâmedes estava concluída.
Em Luanda a quantidade de deslocados era já muita; superior à capacidade diária de escoamento. O conflito não parecia afectar a produção da Golf Oil Americana que continuava a extrair mais de cem mil barris de petróleo por dia. As obrigações financeiras iam direitinhas para o Banco de Angola com a gestão do MPLA na pessoa de Said Mingas, um antigo colega meu por cinco anos, na Escola Industrial de Luanda.
Nenhum daquele rendimento ia no momento para Portugal. No dia 23 de Outubro a pretexto da invasão Sul-africana e a incursão Zairense, o Estado-maior das FAPLA decreta a mobilização geral de todos os homens entre os 18 e os 35 anos. Este recrutamento abrangia todos os naturais de Angola ou lá radicados. Os estrangeiros teriam de se apresentar nos Postos Policiais para validar e autenticar os documentos a fim de registar sua permanência. Era-lhes dado três dias!
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DAS CINZAS . Angola a Preto e Branco – SILVA PORTO E OS SENTIDOS DAS PÉROLAS - (Recordando a Cidade de Silva Porto) … Nem sempre é necessária a verdade para se ficar verdadeiro…
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Luís Magalhães - Um contador de histórias que perdeu seu passaporte diplomático algures nessa terra de N´Gola e que a recorda com mestria!....
Sempre me senti um pouco curioso acerca da cidade de Silva Porto, devido ao fim trágico do seu Fundador que se sentiu ultrajado quando o chefe tribal chamado Dunduna lhe deitou as mãos ás barbas e lhe disse olhos nos olhos que ele não era digno de as usar uma vez que não tinha carácter?! Como sempre esta é a parte da História que se contava na época embora mais tarde se viesse a saber que o Silva Porto tinha sido enganado pelo Paiva Couceiro e com ele o Chefe tribal, coisa que o levou a cometer o suicido embrulhado na bandeira Portuguesa depois de atear o fogo a uns barris de pólvora. Perante isto Honra lhe seja feita, ou não fosse ele aqui dos meus lados que é a cidade do Porto.
Naquele dia levantei-me muito cedo e depois de dizer aos meus pais que ia visitar Silva Porto e que vinha já, lá me fiz á estrada e ainda mal tinha nascido o dia já eu estava a rodar. Entrei então pela estrada dentro e começou o Sol a nascer com o seu despertar vermelho provocando com isso que eu fosse a assistir a um espectáculo de inigualável beleza, uma vez que as plantas com o bater da luz do sol, irradiavam um brilho de tal maneira ofuscante, que faziam lembrar safiras e rubis multicolores cujas folhas com a humidade faziam rolar as gotas de orvalho parecendo estar a chorar pérolas que ao cair pareciam beijar o chão para gaudio da terra.
Ora eu uma vez que estava quase a chegar a Silva Porto e para descansar o mataco, uma vez que andar muitos quilómetros em cima de uma moto tem o seu quê de cansativo, eis que resolvo pôr-me em pé e com os braços abertos tal e qual o Cristo de Sá da Bandeira, talvez bêbado por estar rodeado por aquela vegetação de estonteante beleza resolvo cantar a plenos pulmões uma canção do José Afonso (cantigas do Maio) que era assim:
Eu fui ver a minha amada / Lá p'ros baixos dum jardim / Dei-lhe uma rosa encarnada / Para se lembrar de mim.
Minha Mãe quando eu morrer / Ai chore por quem muito amargou / Para então dizer ao Mundo / Ai Deus mo deu ai Deus mo levou.
Ía eu neste preparo quando ao chegar á entrada de Silva Porto que era uma descida enorme, eis que deparo com uma Operação Stop e como eu levava o capacete no braço e não na cabeça, estive para dar a volta e pôr-me a léguas só que pensei que já que estava ali, mal era não fazer a visita e resolvi lançar-me ás feras e seja o que Deus quiser ?! A polícia mandou-me parar, pediu-me os documentos, o chefe olhou para mim e perguntou-me: O senhor vem de Luanda? Eu lá respondi que vinha do Luso para fazer uma visita a Silva Porto.
Ele então olhou para mim e com um ar finório diz-me assim: Lá em Luanda é costume andarem com o capacete a proteger o braço ou a cabeça? Eu por sua vez e para provocar respondi: Nem uma coisa nem outra uma vez que lá não se usa capacete?! O Chefe olhou para mim e respondeu em jeito mordaz: Eu já sei que vocês em Luanda são os tais "calcinhas banganitos" mas como nós aqui não somos, você vai colocar o capacete na cabeça que é para seu bem e ouça o conselho de um burro. Tenha uma boa viagem e lembre-se que o capacete foi concebido para proteger a cabeça e não a dor de cotovelo !!!!
Luis Magalhães
As Opções do Soba T´Chingange
ANGOLA - ATINGIU-SE O CÚMULO DA PERVERSIDADE …
As escolhas de:
Por
Fernando Vumby - Fórum Livre Opinião & Justiça
SERÁ QUE O PAÍS E OS ANGOLANOS PRECISAM DE UMA TERAPIA?
Nunca é de mais escrever sobre o comportamento perverso que caracteriza hoje a suposta nova cultura angolana... Repugnante, delinquente e irresponsável, são hoje algumas práticas que tomaram conta do dia á dia dos angolanos concebidos com grande naturalidade num país que parece decididamente apostado em assumir valores que sempre foram estranhos á cultura Angolana; voluntariamente decidiram alinhar no paneleirismo onde se dá e se apanha, consoante o prazer e a sensação do momento... Porquê? Porque em Angola só sobrevive quem disponibiliza comissão! Porque a arrogância é um passaporte diplomático! Porque a bajulação é caminho para o sucesso!
Porque a incompetência é premiada! Porque a eficácia é penalizada! Estes são os porquês emprestados de um meu amigo “virtual, Isaías Kandundu". Para quem chega a Luanda, Angola, o primeiro susto que apanha logo a seguir ao mau cheiro especial e estranho que sente, é o olhar pouco simpático dos funcionários do aeroporto em sua maioria agentes secretos fardados e á civil esperando por uma gasosa e, quando não conseguem sempre fazem por inventar um motivo para tal. Chegou-se ao extremo de que, quem não der uma gasosa, acaba por se sentir envergonhado porque tal significa hoje, não respeitar aquilo que já se tornou tradição, coisa instituída. São tantos os actos e praticas que, atingiram o cúmulo da perversidade!
Dizem que é uma globalização atípica pelos efeitos das desigualdades sociais mas, num país onde quase já não se consegue distinguir entre as mulheres, de quem é prostituta e não o é, e entre quem é policia e quem e ladrão, tudo pode acontecer! A violência policial não é mais estranha e passou até a ser uma organização estruturada ao jeito de cartel! Sem os esquemas em prática nas repartições do Estado e nos privados, nenhum angolano será capaz de sobreviver. Cada vez há mais governantes roubando dos cofres públicos, montando negócios em nomes de amantes, quando não o é de falecidos! Na gíria popular diz-se que isso é normal...
Na relação entre alguns casais, até já passou a existir uma espécie de competição de quem corneia o outro primeiro e logo que o objectivo seja trazer pitéu para o kubiko tudo fica na graça de Deus; cornos que dão de comer, deixá-los crescer! E, assim se mata a fome dos kandengues, a vida rolando em nome da tal de globalização atípica. Entre kambas, na hora em que um deles morre, já nem se pode falar nele, não se pergunta o porquê de sua morte e muito menos pode mostrar preocupação em saber outras coisas, de como morreu e, em que circunstâncias, para não correr o risco de ser um próximo alvo. Irmãos, envenenam-se entre eles e, nem sempre por causa da politica como se pensa; são heranças, inveja e mau carácter de uma sociedade atrofiada, pervertida onde poucos sabem para qual direcção ir.
Fórum Livre Opinião & Justiça
As opçõe do Soba T´Chingange
SONS CUSPILHADOS – Os sentimentos mais genuinamente humanos sucumbem nas cidades … IV
Por
T´Chingange
Os sentimentos mais genuinamente humanos sucumbem nas cidades; nelas existem milhares, milhões de seres que se tumultuam num sempre desejar sem nunca se fartarem, padecendo incessantemente de desilusão, de desesperança ou derrota. Enredos de uma sociedade de tradições, preceitos, preconceitos, etiquetas, cerimonias, praxes, ritos e um sem fim de serviços a cumprir onde a tranquilidade se some na batalha pelo pão. Redobrando famílias, o homem vê na cidade a base de toda a sua grandeza e, em verdade, só nela tem a fonte de toda a sua miséria.
Oh vida maldita! São apenas expressões saciadas num gesto de repelir com rancor a importância das coisas; infecção sentimental com bocejos arrastados de inércia. De corpo afogado em unto de ossos moles, que se ressaca escanifrado nos nervos trémulos como cangalhas de arames, chinós e dentaduras de titânio, sem viço, sem febra nem fibra, torto e corcunda. As sublimes edificações, caixotes dos tempos, galinheiros amontoados, das bibliotecas atulhadas com sabor de séculos depois de um bombardeamento, um abalo, um tremor, nada mais fica do que um silêncio monstro de espessura e cor do pó final.
Onde estarão as mesquitas, os sunitas, os curdos, os da mossad, da jihad e da intifada, os da ISIL após as nuvens assentarem num lugar do jeito de Cobani da Síria a relembrar uma Guernica da guerra civil espanhola, como Leninegrado na segunda guerra mundial, um cerco que durou 900 dias obrigando-os a comer cães, ratos e gatos tal como na guerra de angola no kuito sem falarmos de práticas canibalescas; um relembrar do hotel Girão do kuito aonde estive por vários dias em 1971, ou ainda Hiroshima ou Nagazaki, de estórias lidas e ouvidas . No meio de clamores lançados com afável malícia, penso que talvez o ser humano espicaçado, não vai ter o suficiente tempo para fundir suas nódoas, seus pecúlios. Em cada manhã, a cidade impõe uma, duas, muitas necessidades e, cada necessidade arrastando uma outra dependência.
E, é o imposto municipal sobre imóveis, as taxas de salubridade, sanidade, contra os ácidos tóxicos, do carbono, da taxa do audiovisual, das águas negras e das saponáceas mais as pluviais, e não sei que mais. Pobre e subalterno cidadão num constante adular, solicitar, pedinchar, vergar, aturar, rastejar, corromper e ceder à corruptela, o técnico mafioso, o arranjinho e a cunha mais o politico manhoso e malicioso.
Uma guerrilha sem guerra! Como detesto a cidade, esse montão de tão angustioso esforço! Em verdade também cresci ali, na Luua, uma cidade dum lugar de quando aquilo era uma mulola com muita areia e aonde nós kandengues nos esponjávamos sem nada temer de doenças, da matacanha, bicho do pé.... Nessa universidade aonde aprendi com outros as primeiras lições de tremunos e berridas, uma linguagem quase extinta mas que nos marcou. Num tempo já muito antigo, lá naquele sitio que era meu, não havia muros e só era mesmo rio quando chovia; agora infelizmente naquela Luua têem muitas fontes de miséria... muita batalha para se ter pão. Tambem ali e agora, muitas famílias vêem na Luua a base de toda a sua grandeza e, em verdade por descuido, nela têem a fonte de muita miséria. E, no final, o que será aos olhos de Deus!
Glossário: Kandengue: - moço, rapaz; Luua: - Luanda, capital de Angola; tremunos: - jogar a bola de trapos na areia; berrida: - corrida, o esconde-esconde, afugentar; mulola:- linha de água aonde corre água quando chove; kuito: - Cidade de Angola, epicentro da guerra civil angolana; ISIL: - auto estado intitulado islâmico da Síria e Iraque que sucedem a al.qaeda...
Nota: Escrita inspirada em parte, nos dias que correm e, num mais antigo cenário Parisiense da Cidade e as Serras de Eça de Queiroz.
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
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aerograma
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