FALSAS NOTICIAS - Fake News
- O Capeta é o “pai da mentira” - 01.03.2021
Crónica 3121 - A língua mentirosa é indicada como uma das seis coisas odiosa, noé!?
Kanimambo é obrigado em dialecto Changana de Moçambique …
Por T'Chingange - no M'Puto
Fake News é o nome que se dá às notícias falsas veiculadas principalmente na internet. Com as novas tecnologias, a circulação de notícias cresceu assustadoramente. O próprio Presidente dos USA, Trump, usou e abusou desta periclitante postura mas, há muitos seguidores desta prática...
A compreensão disso é muito importante porque vivemos num tempo em que a repercussão de uma mentira pode atingir inúmeras pessoas em poucos minutos e acarretar prejuízos morais e, ou, até mesmo financeiros.
Inegavelmente a web pode ter espaço em nossa vida, mas não deve sufocar nossa existência. Quem vive submerso nessa condição é tentado a perder os critérios da realidade. No entanto, essas informações Fake News, são muitas vezes modificadas e veiculadas na internet com o propósito de manipular pessoas e eventos. Muitas das vezes, nós próprios, involuntariamente (ou não) somos levados a "surfar" em ondas de inverdades...
Se sobram informações em nossos dias, infelizmente faltam critérios para escolher o que passar adiante nas redes sociais. A Bíblia, diz que o apóstolo Paulo apresenta dicas importantes em Filipenses 4:8. Não vem mal ao mundo recordar estes fundamentos.
Elas, de certa forma, nos orientam em relação a compartilhar uma mensagem: “... Tudo o que for verdadeiro, o que for nobre, o que for correto, o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas! ”. O apóstolo Paulo, destaca estas seis coisas específicas:
1- A VERDADE - Manifestação ou expressão do que se pensa ou do que se sente.
2- A NOBREZA - Qualidade de nobre, de excelente, de magnânimo.
3- A CORREÇÃO - Modo impecável de procedimento.
4- A PUREZA - Transparência; limpeza ou nitidez.
5-A AMABILIDADE - Atributo de Amável.
6-A BOA FAMA - tudo em que haja algo de excelente ou digno de louvar.
Antes de compartilhar qualquer conteúdo na rede, precisamos submetê-lo aos critérios do supra dito. Além disso, é preciso saber quem é o responsável legal pelas publicações e se quem faz a publicação tem credibilidade... Mais do que isso, é necessário sair da bolha da rede social. Existe vida fora da internet. Isso não significa ficar desinformado ou desligado das pessoas. Haverá sempre outros meios... Inegavelmente a web pode ter espaço em nossa vida, mas não deve sufocar nossa existência! Quem vive submerso nessa condição é tentado a perder os critérios da realidade, noé!? Por isso, as fake news se tornaram um fenómeno tão forte em nossos dias. Fuja das difamações, mexericos e críticas negativas no mundo real e virtual. Tudo o que dissermos, ou escrevermos, deverá ser verdadeiro, nada mais que a verdade - Ponto final.
O Soba T'Chingange
FALAS VADIAS E ATRAVESSADAS – 25.02.2021
Crónica 3119 – Minha vizinha anda com medo de viver; ela não está nas listas VIP…
Xicululu: - Olho gordo; Avareza
Por
T´Chingange – No M´Puto
Na mitologia Grega era de mau sinal olhar para trás mas, em realidade nunca ninguém mediu o tempo de duração desse mito. Assim, com incompleta confiança embrulhada em metades medrosas, pergunto: O que está a acontecer com toda uma multidão que feito país, protesta calada em casa!?
Sabe-se que há problemas que surgem com as tosses cheias de pulmões nas palavras mas, afinal que está a acontecer? É a pergunta de qual, quando e como, vai ser o rendimento mínimo a atribuir para um cidadão continuar vivo! Pópilas! Lá teremos de sufocar ou sufragar as regras e os mitos sem obedecer aos muitos minutos andando às voltas pelo quintal olhando as nuvens, negras cheias de água num chove, não chove.
A mulher de Ló sabia que não deveria olhar para trás para poupar a própria vida (Gn 19:17), mas mesmo assim olhou! Ver assim os ramos do loureiro árvore, tombar a indicar de onde vem o vento e, se vem triste, húmido, feliz ou de jacto. As noites mal dormidas a ampliarem coisas e loisas que passam em nossa cabeça e, porque na generalidade dos sentimentos o medo não tem um interruptor para os ligar e, desligar.
Se estás mal da bexiga, irás ficar mal dos sentimentos; em verdade quem tem cu tem medo; isto também se aplica ao baço, ao fígado, outros sistemas do esqueleto e, vai por aí… É que numa malazenga destas, só se consegue saber tudo dela quando a mesma acabar.
Assim, andando em círculos, passando pela décima vez pelo canteiro das hortenses, lá pela décima terceira, paro e pergunto; pergunto, não! Afirmo-lhe: Este Mundo está perdido, noé? A fazer perguntas sem respostas com a natureza tão honrosa, tal e tanta que nem eu que sou feiticeiro, tenho ânimo de mentir, nem de me caber calado.
Mas, sei o que é importante, viver em estado de emergência é marcar consulta por computador, esperar a hora certa ou renovar a receita por meios digitais. Minha vizinha Augusta, recentemente disse que anda com medo de viver. Num enfim mas também, o que é que vale, o que é que não vale? Como assim! Estou falando demais.
No que é que a velhice faz. Juro! Estou querendo ser cincerro… mas hoje, ou até hoje, representando os meus olhos, acho até que tenho de aprender a estar alegre e triste em simultâneo rindo das próprias folhudas pestanas muito parecidas com as de Cunhal. Assim fixamente, digo a mim: Em cada dia, de cada hora, a gente aprende uma nova qualidade de medo.
Com mais de oitenta anos, minha vizinha Augusta, deveria estar na área VIP. Bem! Poderia fazer como a conhecida Ana Gomes do PS do M´puto que fez candonga comprando, nem se sabe como, uma vacina à Conxinhina. O medo é que guarda a vida noé? Não é bem assim o tal ditado; o medo é que guarda a vinha. É mesmo um escambau - (…mandam eles é o escambau, aqui mando eu…).
O Soba T´Chingange
T'Chingange -No M´Puto
Em tempos, um turista visitou o campo da batalha de Waterloo, com um velho guia. Chegando ao local do centro da batalha, o guia indicou o muro que protegera a velha guarda de Napoleão, o fosso onde se esconderam os mosqueteiros de Wellington e o poço em que foram lançados os corpos mortos.
Perguntando ao guia de que direção haviam vindo as tropas em socorro dos aliados, o guia apontou para uma estrada no cimo de uma colina distante e exclamou: Foi dali que ele surgiu, às QUATRO horas da tarde! Voltando-se para a colina oposta, afirmou: E, foi ali que Jerónimo, o artilheiro, devia ter plantado seus grandes canhões, às TRÊS E MEIA . Então, maldizendo o artilheiro Jerônimo, murmurou: “Tarde demais, tarde demais, e perdida estava a França.”
Esse foi o descaminho em que se perderam a fama, as fortunas e a vida ao longo de todos os séculos; por meia hora... “Tarde demais, tarde demais.” Deixar para amanhã o que pode ser feito hoje é um traço comum da natureza humana. Nos domínios espirituais, isso pode ser fatal - tudo pode mudar em um segundo...
VÍRUS COVID19-SARS – 16.01.2021
Crónica 3115 - NA DESCOBERTA FUI ATÉ WIKIPÉDIA...
Xicululu: - Olho gordo; Havareza
Por T´Chingange - No Al Gharb do M´puto
Pude ler que já estamos a viver no FUTURO. Que este VÍRUS MUTANTE, pode ser ALIANIGENA, um mecanismo preliminar de nosso salto genético espacial. Partir a gente feitos pedras parideiras exige especial atenção para descortinar os pensamentos de querer fazer rebelião como algo inerente às "torpes" eficácias cientificas e também duma covarde gravidade vinda de GOVERNANTES - gente igual a nós. Não podemos condescender com aqueles que bestializam a cultura e o conhecimento, elevando-a de parvidades nem consentir com tolices ou pecados, por assim andarmos cativados numa burlesca depravação e também enfrascados numas quantas hipóteses de vontade libertadora...
Li que, somos um projecto de bioengenharia e, que tudo começou algures há 75 mil anos atrás, muito antes de Cristo surgir e, muito antes de quando saímos das algas como micróbios alienígenas. Deve pois, ter sido a cauda de um cometa ou meteorito a espargir pelo globo Terra estes organismos gelatinosos, unicelulares como TARGIGRADAS, viajantes espalhando-os no globo Terra, aleatoriamente. Afinal, os peritos da OMS que foram a "WUHAN" recentemente - Janeiro de 2021, vieram cheios de NADA...
São 800 milhões de vírus vindos do espaço a cair na Terra que nos alteram ou corrigem moléculas que eventualmente provocaram a morte de 20 milhões de pessoas aquando da gripe de 1930 - espanhola"; ninguém certificou ainda os vírus do ÉBOLA, da doença das VACAS LOUCAS, PESTE NEGRA e até à doença das GALINHAS a que chamam de SARS. A PANSPERMIA sideral talvez explique isto que nos trás ASSUSTADOS mas, em verdade somos hospedeiros de ADN's em mutação virótica que resulta da nossa história evolutiva - que sempre daí resultou.
NA PESQUISA WIKIPÉDIA... PANSPERMIA explica a hipótese de que a vida existe em todo o Universo, distribuída por meteoros, asteróides e PLANETOIDES. Ela propõe que seres vivos que podem sobreviver aos efeitos do espaço, ao estilo dos EXTREMÓFILOS ou TARDÍGRADOS, ficam presos nos escombros que são ejectados ao espaço ou por colisões entre pequenos corpos do sistema estelar e planetas que abriguem vida, ou mesmo por catástrofes maiores de natureza similar. Os TARDÍGRADOS ou similares viajariam dormentes nos destroços por um longo período de tempo antes desses colidirem aleatoriamente com outros planetas ou misturarem-se com discos protoplanetários de outros sistemas estelares. A hipótese da PANSPERMIA cósmica é uma das hipóteses acerca de como surgiram as primeiras formas de vida no planeta Terra. Essa ideia surgiu pela primeira vez no século V a.C., na Grécia, remontando a autoridade a Anaxágoras, e foi colocada novamente em evidência no século XIX por Hermann von Helmholtz, no ano de 1879.
A hipótese baseia-se na ideia de que a vida foi trazida à Terra do espaço em meteoritos que abrigavam formas de vida PRIMÁRIAS. Cientificamente, já foi encontrada matéria de natureza orgânica em METEOROIDES e METEORITOS; e de que há organismos microscópicos conhecidos suficientemente resistentes para, em hipótese, suportar uma viagem espacial até a Terra, mesmo considerado que as condições que esses teriam de enfrentar sejam as mais extremas já cogitadas. O DESCRÉDITO da teoria da PANSPERMIA atrela-se sobretudo ao facto dessa hipótese simplesmente transferir para lugares remotos do universo a questão sobre a abiogénese química da vida; ao passo que, factualmente verificável, tem-se ciência de que a vida desenvolveu-se e prosperou, até o momento, apenas na Terra.
Embora a existência de vida extraterrestre possa cientificamente ser cogitada, creditar de antemão a origem da vida a fenómenos que ocorreram fora do sistema solar transcende a realidade factual actual. Os resultados científicos até hoje alcançados transferem à Terra os mecanismos responsáveis pela origem e evolução da vida conforme definida e conhecida... A hipótese científica aceita actualmente atrelar-se à abiogénese química terrestre da vida; essa suportada em limite cronológico anterior pelas experiências de OPARIN e HALDANE e teorias derivadas, como a teoria do mundo do ARN, e em limite cronológica- mente posterior - "convergência da árvore da vida a um ponto e pela teoria da evolução biológica como um todo", onde a realidade factual actual.
Nota: T: De T'Chingange; W: de Wikipédia
Do Soba em Algarve do M'Puto
NAS FRINCHAS DO TEMPO - 14.02.2021
Crónica 3113 - Serviço voluntário - um DOM necessário nos dias que escorrem...
Por
T'Chingange - No Al Gharb do M´Puto
Felizmente, estamos hoje e por via da COVID vendo gente trajando vestes brancas e, como médicos, enfermeiros ou auxiliares aí estão salvando ou tentando salvar um semelhante. Vemos isto desde o romper da alvorada até de novo, nos deitamos... O voluntariado valoriza o currículo de qualquer pessoa. Normalmente as empresas apreciam essa característica, pois evidência responsabilidade, iniciativa, disciplina e trabalho em equipa. O país agradece...
Em geral, quem é voluntário é dedicado e, se não vive em busca de aplauso ou tem outra coisa em mente como servir-se disso para obter benefício, será sempre louvável. Alguns nasceram com o dom de servir. Acordam todas as manhãs esperando a oportunidade de ajudar alguém. Essas pessoas não precisam de chantagem emocional ou pressão para fazer o que é necessário. Bem-haja!
O envolvimento é natural. Em sua maioria, os voluntários são amorosos, colaboradores, prestativos e gentis. Por norma é a força da Igreja que está no voluntariado e, isso é bom. Tendo Jesus como modelo, trabalham com dedicação, prontas para arregaçar as mangas e servir em seu nome. Mas, até pode ser por Buda, por Alá ou o que lhe aprouver...
Mesmo que não seja algo natural para você, quero desafiá-lo hoje a fazer algo por alguém. Você tem dons e habilidades - use-os em favor das pessoas que estão à sua volta. Existe muita coisa a ser feita, e seus talentos, podem certamente ser bem úteis.
Peça a si mesmo para abrir seus olhos e, ver as necessidades dos outros. Sempre é tempo de fazer um novo começo. Não espere ser nomeado para servir; o espírito de serviço quer-se voluntário. Aliste-se nesse exército, tornando o mundo um lugar melhor para se viver. Ajude pessoas a serem até capazes de sonhar. Ensine alguém a sorrir ou fazer palavras descruzadas e até fazer notar as diferenças numa foto...
Feliz semana!
O Soba T'Chingange
REGRAS DE VIDA – O TESTEMUNHO da CONSCIÊNCIA - 05.02.2021
Crónica 3111 - Kanimambo é obrigado em dialecto Changana de Moçambique …
Por T'Chingange No Barlavento do Al-Garbe do M'Puto
Como é!? Como foi? Hoje mesmo, não estou para ter confiança nenhuma em ninguém – Eu explico: Assim, sem mais de pensamento, sem até ter substância narrável, ouço o que não quero ouvir, leio o que nem quero ler e num cala a boca, desconcentro-me em trapalhadas governamentais. Amiudadamente encontro gente que diz confiar na própria consciência. Quase sempre, quem diz isso, nem mesmo sabe o que é isso de consciência. Ela, a consciência, é um impulso interno que nos dá a percepção do que está acontecendo à nossa volta.
Com tão grossa PANDEMIA o todo confunde o tudo e, sem querer ferir susceptibilidades, mantenho minha fraca esperança sem conformes, nem outro nenhum decente fingimento. Com tanta sirene de ambulâncias, meus beiços, desconfio que já nem sei se dão para os fazer assobiar... Deveria mostrar que as exigências da Lei estão gravadas em meu consentimento - deveria! Mas, também aqui a consciência me barafunda os pensamentos e, ora os defendo, ora os acuso. Afinal, a consciência que é a nossa base de dados interna, baralha-me na tomada de decisões... Em Outubro do ano findo telefonei vezes sem conta para o Registo Civil por via de renovar meu passaporte. Levou quase quatro meses para ir ao aprazado agendamento e levou mais um mês para me entregarem o dito cujo.
Marquei passagem, anulei, adiei e, mala feita, não senhor! Voos cancelados. Os espaços de tempos ficaram calados num fica assim-assim, como jogo de baralho. Nisto e aquilo, a questão é, o quê- quiékie!? Qual é mesmo, a fonte que está alimentando nossa consciência? Coisa nebulosa. A consciência testemunha nossas acções e as expõe, avaliando-as com base em seus critérios éticos, noé!? O que faz uma testemunha? Ela conta o que viu e ouviu. A consciência ora acusa, ora defende. Ela nos acusa quando fazemos algo errado. Pois sendo assim, estou todo eu no gerúndio dessa palavra: “testemunhando” com a língua agarrada aos dentes, rilhando...
Nossa consciência não é infalível. Ela pode estar errada; pode também endurecer. Ah hó xíí, poispois... Quem assim procede fica sábio no gerúndio, com a intenção de mostrar que ela está activa o tempo todo - desconfiando... Para cada indivíduo, a função da consciência depende, em certo grau, de sua experiência, maturidade e, principalmente, da quantidade de verdade que está guardada em sua mente. Portanto, nosso maior desafio é fornecer à nossa mente informações verdadeiras nas quais ela se possa basear. É aqui que nossa regra de fé entra em prática para definir CONFUSÃO. Sem ela, a FÉ como um suplantado padrão, a consciência pode se perder nos descaminhos deste mundo. Pelo sim, pelo não, passei a andar com um ÁS DE PAUS no bolso direito. Falei!
O Soba T'Chingange
CINZAS NO TEMPO – NA ROTA DAS FALÉSIAS - Andamos com o credo na boca, motivo de causas alheias e à revelia da nossa vontade … 04.07.2019
N´GUZU é força, em Kimbundo
Por
T´Chingange - No Algarve do M´Puto
Para ler até ao fim – São só DEZ itens…
Emagrecendo o tempo ao invés da barriga, uso suspensórios de encurtar chatices afiveladas e, em minhas caminhadas pelos promontórios da terra, uso-o mais para segurar o microondas-ipad a fim de ouvir música e balelas da rádio. Assim na divisa com o mar cuja vista pertence aos ricos porque os pobres assim vão ficando, engordando a imaginação e vendo passar os navios por entre as silhuetas das casas, daqueles. Com o tempo vão surgindo na cércea palmeiras a substituir alfarrobeiras e oliveiras importadas da arábia e, num repente o mar vai desaparecendo tapado pelos oásis e, por quem canta de galo.
Ou por quem tem suficiente dinheiro para o mandar cantar, o galo de cima, o de poleiro feito de pau torto ou o granisé freguês da junta; manter uns jardineiros e um sem número de células de raios vermelhos e envernizados no disfarce para detectar intrusos, calar a boca aos patos e gansos com manias de empertigados, assim como eu. Raio que detectam quem tente entrar num parque quase temático, cercado quase até à falésia, assim fugindo ao rigor dos planos com projectos de ordenamento. As leis do Domínio Público Marítimo, pelo que é sabido, ainda não mudaram mas, deste jeito e quase fechando seus acessos ,parece que sim – que as há.
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Num lugar aonde as casas não deveriam ser mais altas que uma amendoeira, surgem palacetes com elas, as amendoeiras metidas em vasos nas açoteias, vulgo terraços, para inglês-ver, tá-se-a-ver! Amendoeiras, suficientemente grandes, para nos adulterar; a nós ou às leis que são seguramente untadas com bilhões como se permite dizer tão vulgarmente nos dias de hoje e, porque já ninguém rouba tostões assim como nos livros das vendas do antigamente. Em lugares destes, que o devem ou deveriam ser, nobres para toda a gente, não deveria ser permitido construir até 500 metros da costa ou falésia casas cuja cércea subisse mais alto do que uma alfarrobeira.
Mataram o Muammar Al-Gaddafi da Líbia, porque era um filho-da-mãe e déspota, mataram Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti que foi um político e estadista iraquiano, porque pelo que diziam era também déspota e andava a usar umas armas terrificamente maléficas (agora, tudo por li está pior...); E, na onda da subserviência do M´Puto aos DDT do Mundo, seguiram-se as estranhas façanhas made in USA; e assim como uma marionette comandada à revelia da gente (povo do M´Puto) e, agora o que se vê, é gente a imitar vidas espiraladas como se estivéssemos na Babilónia de há um quatrilhão de tempo. Andamos a ser enganados – Tambulakonta!
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Nem tanto um quatrilhão de anos mas mais propriamente no século VI a.C. e, que foi capital da principal potência da Mesopotâmia. Ainda se fosse o nosso José Manuel Rodrigues Berardo, habitualmente conhecido como Joe Berardo, um empresário conhecido coleccionador compulsivo com o dinheiro do povo, formatado numa tão ecléctica versão de misturar budas com caixas de fósforos ou postais de navios que atracavam na sua ilha de sonho. Sim! Ainda se fosse este senhor, vá que não vá! …
Mas, eu que saí bem cedo para apreciar coisas, emagrecendo o tempo, vejo-me de novo encavalitado nas arrudas que quando pisadas cheiram mal pra caraças - menos mal que ainda há calafito para curar todas as maleitas. Pois! Vamos ver se componho bem o ramalhete: O M´Puto, por via dum desenrasca nacional encarquilhado de crise, fez uma lei a que se se chamou de PIN – Projectos de Interesse Nacional tipo Visas Golden, para captar dinheiro vivo (Eles estavam todos, aflitos - EETA). Estão a ver o filme: Isto para permitir bizarrias desacostumadas entre nós a troco do tal PILIM – um desenrasca. Em qualquer cor de goveno, seremos sempre uma Geringonça
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Depois disto, das leis que provavelmente até já devem ter mudado, resultou em fraudes, em burlas e adjacências adjectivadas de coisas feias com derivados de descarado roubo e, assim, para porem em segundos ou dias, chineses a falar português, coisa quase inaudita e, como se fosse possível pôr gaivotas a ladrar e, ou cães a piar. Algo está mal! Por isso também ladro. Mas, e porque se trata dum passeio pedonal pelas arribas do cú da Europa, passo ao promontório que tão bonito é…
Chegado a uma das torres de vigia do tempo antigo conhecidas pelo linguajar popular de fachos, almenares ou atalaias, por aqui diviso o azul que se cola no horizonte com o céu. Estes, eram ocupados dia e noite e sobretudo durante o verão para dar alerta dum qualquer desembarque de piratas ou corsários vindos do norte de África e de outras paragens. Hoje vêm de todo o lado, coisa pouca para quem pensa pequenino.
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Estes flibusteiros pilhavam e faziam cativos, principalmente durante a secagem do figo e, de vez em quando, havia muita gente por aqui distribuídos em fazendas e, ou quintas. Há menos de um século ainda se faziam contractos com gente do Alentejo e até das Beiras do M´Puto para estes trabalhos sazonais da apanha do figo, da amêndoa ou alfarroba. Hoje quase tudo está ao abandono! A agricultura deste género é coisa de pobre e a água não é de fartura. Ou é por falta de diálogo com nosso Senhor ou falta de procissões a pedir chuva e também escravos da Mauritânia para trabalhar de borla.
Os tais flibusteiros, fitavam também as armações de atum e sardinha chegando com facilidade às alagoas; nestes tempos havia necessidade de se captar gente para escravizar lá naquelas arábias. Esta torre ou Atalaia da Lapa foi construída no século XVII; é uma estrutura maciça, em alvenaria de pedra e argamassa de forma circular, com cerca de cinco metros de diâmetro. O olheiro chamado de facheiro do mar, subia numa escada para este maciço que em caso de avistar barcos estranhos fazia uma fogueira de noite e, de dia provocava nuvens de fumo com lenha molhada; tal como o faziam os índios americanos Sioux nos sítios altos de lá; da forma como em pequenos líamos tal e qual nas bandas desenhadas e literatura de cordel brasileiras.
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Desta forma protegiam a barra do rio Arade por onde entravam esses tais de flibusteiros moiros, alertando com estes sinais as populações e as guarnições das fortificações da região costeira. Há bem perto daqui, deste vale suspenso, uma linha de água conhecida por Vale da Lapa, uma barragem aonde se retinha água no período das chuvas para poderem tratar, lavar olear e meter em ânforas o atum, cavala ou sardinha a enviar para toda a nossa costa Atlântica e até, mas também, ao Mediterrâneo. Cá para mim isto é do tempo dos Romanos e muito antes do tal século ZERO, de quando pregaram Cristo numa Oliveira com pregos artesanais (versão de espeleólogos, arqueólogos, geólogos e afins - todos agnósticos que não crêm em SãoTomé)...
Tenho aludido ao termo carso por ao longo deste promontório que vai desde a Ponta do Altar em Ferragudo até terras de Albufeira, porque é um relevo produzido pela dissolução das águas superficiais e subterrâneas sobre a rocha calcária. E, é assim que surgem grutas, arcos e algares que são poços naturais feitos pelo desgaste dos solos mais soltos e as lapiás, relevo plano de calcário do qual fazem "pias" de superfície (algo quase raso) como se fossem eirados, diria ser assim uma cisterna que capta a água desse lajedo. Com tempo, vos darei mais conhecimentos que irei partilhar convosco porque vós sois, parceiros cinco estrelas! E, também porque são candidatos ao prémio “ Catana Doirada”…Mungweno!
O Soba T´Chingange
OS FALCÕES DE NOSSAS VIDAS - OS FALCÕES DAS MINHAS PRAIAS - 02.07.2019
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA
Por
T´Chingange - Na Lagoa do M´Puto - Algarve
Envaidecendo-me entre tufos de aroeiras, de orelhas e nariz arregaçados, espaireço-me com tudo com mais os olhos de ver recordando que as raposas daqui (que aqui havia) escasseiam mas, ao invés disso no outro M´Puto - Portugal, as raposas crescem duma forma muito inaudita, ladinas como nunca visto, nem previsto.
Bufando minhas raivas pelos poros e no topo das falésias, olho e ouço barulhos de coelhos fintadores e assim num turbilhão de espairecer o físico e a mente, chego aos níveis de enriquecimento ilícito por via da corrupção. Portugal está negligenciando isto! Piso pedras agressivas neste caminho de sobe e desce pensando, quando só queria mesmo enxugar minhas lamurias por só ouvir tantas e demolidoras atitudes sem vislumbrar acções drásticas, o quanto baste.
Ao longo da minha vida gozei de muitas e belas praias; umas houve que ficaram no canto da retina, surgem às vezes em pensamentos ou sonhos. Em Angola a praia da Samba em Luanda aonde aprendi a nadar, a surfar, a pescar, a brincar às jangadas com bidons roubados nas obras públicas, coisas de candengue. Os falcões dali e agora, não são pássaros, são gente feitos “Falcão-kissonde”. Depois mudaram-se para o Mussulo, feitos já suas excelências com um pelotão de mocambos, auxiliares com bajulinhos embutidos em cheiro de aviário. Assim, vuzumunam ali a sua petulância, prepotência e poder com banga de mwngolé.
Da Praia do Francês em pleno Nordeste Brasileiro não há falcões na forma de pássaros; em sua substituição há urubus pela costa, nos coqueirais, como se fossem gaivotas. Mas, há muito mais pelas urbes grandes, pelos municípios e com suas duas pernas fazem fintas com cambalaxos no jeito de borralheiro dão bassulas - remendador de pneus, remendando nosso kumbú, nosso pilim, nosso suor feito dinheiro.
Em todo o lado parece ser assim! Maldita confraria de larápios, falsos falcões - falcões do M´Puto, de N´Gola ou dos Brasis - predadores. Bem, agora e aqui, aqui aonde calcorreio falésias, são mesmo pássaros; acompanham-me por vezes. Assim é na Praia do Carvoeiro do Algarve com sua recortada costa cársica e aonde nidificam, ora roubando os ninhos já feitos à outra passarada, ora construindo-o em ranhuras de rasos arbustos; limitando-se a pôr os ovos directamente sobre a plataforma escolhida; não é raro encontrar ninhos de Falcões em buracos de ruínas ou na própria falésia.
Pensando e circundando com os cuidado requeridos por via de pedras roliças penso na treta de "Presunção de inocência" e dessas saídas manhosas que os DDT usam com seus bandos de doutores advogados que tudo fazem para se guindar na vida nessa mesma forma corrupta - Falcões ou Corvos especialistas em subtrair nossas migalhas. Outras vezes esperam tanto que a propósito a lei tal e seus edeceteras, expiram... Os colarinhos brancos sempre se safam e, por isso recordo um linguajar de pergunta, ao jeito brasileiro "Mas, quando é que um RICO vai para a cadeia?
Iniciei esta crónica para falar dos falcões e acabei por me debruçar nos predadores feitos homens que surgidos de muitas latitudes da Globália também para aqui vieram; só que alguns têm as garras demasiado afiadas e, falar deles é só criar contratempos. Falando desta costa com praias de maravilha que são património vivo, seria muito bom ficarmos resguardados da malvadez, humana, e da sua utópica sustentabilidade tão apregoada. Aqui direi: " Quem tem dinheiro vê o mar"; quem o não tem fica "A ver navios"...
Passeando minha reforma entre carrascos, arruda, e espinheiras com arranha cão e quinambas, recolho espantos do mar vendo por vezes golfinhos entre os leixões ali tão perto; contornando algares sinto o restolhar de roedores, coelhos e perdizes que esgravatam entre as rosas- de-cão, orquídeas Ophrys lutea, speculum ou maios-roxos nos vales suspensos.
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Com mais tempo falarei destes caminhos dos promontórios e vales suspensos de carbonatadas rochas com mais de dezasseis milhões de anos e, do alvoroço das primeiras horas do dia. Das torres de vigia do tempo dos romanos Falarei entre coisas do nosso dia a dia com falcões de verdade ondulando o que seja com os cantares de rolas e pombos bravos, toutinegras, gralhas e até gaivotas.
No Torreão da Atalaia, a nostalgia estava escrita com rasgos na pedra; sicrano e fulana aos tantos de tal, estiveram aqui com todo o amor do mundo. Um lindo sítio para perpetuar aventuras, apalpar os dígitos das luzernas como um farol de vida desenhada assim porque, uma vida sem memória não é uma verdadeira vida! No final as cigarras, já fantasmavam minhas antigas alforrias.
O Soba T´Chingange
FRINCHAS DO TEMPO . 04.06.2019
NO DIA DO MEU ANIVERSÁRIO, QUASE VI RATOS A PIAR, GAIVOTAS A LADRAR E CÃES A GRASNAR...
Por
T´Chingange - No Algarve - Reino das Aroeiras do M´Puto
Aconteceu pouco depois do nascer do sol neste Sul de promontórios, ver entre os matagais de aroeiras e mato indeterminado muitos coelhos aqui e mais além fugindo ao barulho de alguém que era eu, que caminhando na crista das encostas podia ver o horizonte do mar ligeiramente curvo, como que interligando céu com água num azul indiferente ao tom e às metáforas analíticas com equações quânticas.
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O Infante D. Henrique que morreu em 1460 sem saber içar uma vela ou, toscamente ximbicar um remo duma qualquer canoa ou chata, não andou por aqui mas, no jeito que a história conta, ficou como sendo um grande navegador alterando o destino do mundo, descobrindo novas terras sem nunca lá ter posto os pés.
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Neste meu passeio foito entre gaivotas e toutinegras, gralhas e pombos bravos encimados em buracos escarafunchosos e esbarradoiros, as lagartixas miram-me curiosamente como se fosse um agente do além. A um escasso quilómetro do meu casulo - cubata, deparo com um bando de gaivotas que no meio dos muxitos de aroeira barulham voos, bem ao jeito de como se depenica comida numa algazarrada cobiça.
Aqui, terras do meu latifúndio, ondulado por barrancos verdes e clareiras avermelhadas, por falsos outeiros secos e ressequidos de matagal, oliveiras bravas, carrascos, arranha-cão e zimbros entre pedregulhos calcários, corro o risco de apanhar carrapatos se no meio deles andar - nos muxitos. Mas, e caminhando deparo com a ladradeira de bem mais de dez cães, uma matilha.
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Confuso, concluo que por aqui anda alguém dando comida aos bichos. As gaivotas às centenas disputam candeeiros para poiso e piam de forma lenta, aguda e longa, arranhando os tímpanos; arrepia saber que por aqui andam assim longe da costa, talvez por falta de comida no seu mar; ou é ausência de comida ou excesso populacional. Algo anda mal nestes confins da Ibéria aonde os cães disputam sobrevivência com as gaivotas.
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Perante isto como posso ficar afoitado no desbravar de outras terras para além do meu viver?! Como adentrar-me além bombordo sem olhar neste aquém mirando o estibordo como esse tal de Cadamosto que às ordens do D. Henrique e de cabo em cabo chegou à Gâmbia?
Chegando pela via asfaltada e com passeios pedonais ao lugar dos Torrados, da Freguesia de Ferragudo posso ouvir um restolhar de folhas e eis que do alto da amendoeira uns quantos ratos feitos passarinhos recolhem amêndoas para seu jantar. Estas coisas complicam-me a existência porque até eu à semelhança dos demais animais já faço coisas que nunca pensei fazer, remoer ou ruminar todo o tempo com as arbitrariedades duns quantos que tudo indica estarem apetrechados de sabedoria para me surpreender; assim deveria ser.
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Mas, pela negativa surpreendem-me sim! Tal como estes ratos que quase chilreiam, pelas gaivotas que quase ladram e até pelos cães que já grasnam em vez de rosnar. O mundo está a ficar às avessas. Anos atrás, nas alturas com lajedos rodeados de pinheiros pude ver raposas entre os charcos enrugados, pequenas piscinas aonde se alapavam coelhos e lebres e também os tais pombos-bravos das falésias.
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Havia, e ainda há parcas codornizes, ouve-se o cantar de quando em vez, tordos e gralhas pretas em bandos enxotando-me dos seus ninhos. Nestes cimos eriçados com carreiros sinuosos, ainda me exercito alongando-me no mar ali bem perto e lá em baixo barulhando-se, ora perto, ora manso, ora encapelado por vezes a bater fúria.
Por aqui ando esticando meus ossos, construindo a cada passo uma estória no meu jeito; um mussendo, um missosso entre Ave Marias mudas, encavalitadas de prefácios que se baralham e que logologo, se esquecem; hoje, perfaço-me em 74 anos revirando coisas nem sempre vistas e, do nada surge mais outro e mais outro muxoxo com ou sem mujimbo para afastar a saudade; se assim sucede, é porque os sinos tocam. Valha-me isto!
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Como que cumprindo ordens dos meus espíritos a quem risco na areia os sinais do cho-ku-rei, do sei-he-ki e outros símbolos do reiki, vou-me tornando ermitão num lugar nobre e muito cheio de adrenalina; vidas que se vão transformando com mais ou menos iodo que nos torra a pele, que nos agiganta, mais outros que nos calcificam.
Aquele senhor Cadamosto, que descreveu as primeiras descobertas além-fronteiras da Ibéria cumprindo ordens do Senhor Rei e príncipes consortes, desconhecia todas estas modernas finuras de dialogar em coisas etéreas. Nesse então não havia Facebook nem Twitter nem Skype. Não falavam pelo WhatsApp como agora o faço para a conxichina, um lugar no cú de judas e aonde este, perdeu as botas.
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Chegado a casa escrevo os lembrados prefácios encavalitados nas arbitrárias e aleatórias recordações daqui e dali, do meu mundo, só para ginasticar a mente. Um dia de cada rascunho-me em cardos, arruda, estevas e chorões com flores em cores vistosas, subindo, arfando, resvalando ...
O Soba T´Chingange - Um genérico Niassalês
NAS FRINCHAS DA VIDA . Kazumbi com kalunga… O mal fermenta-se na psicose gerada pela instabilidade…
Por
T´Chingange
Descendo as escadas do Vai Hassar, chegado à praia, espetei na fofa areia o chapéu-de-sol e, depois, ouvindo a trovoada a sul, caminhei um pouco a montante do Arade apreciando o barco de cruzeiro que leva gente a Tenerife das Ilhas Canárias e Açores. Sempre gostei de ver estes gigantes do mar num andar molengoso, ouvir os apitos e as chaminés vomitando cinzas barra adentro e, nesta admiração, dou-me conta de meu chapéu destapar minhas minudências, sair às cambalhotas até ficar emborcado na água, como se fosse uma jangada.
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Era uma jangada de palha de pobre tirando-me desta condição a fingir ser um iate, chapéu feito canoa saindo pelo vento adverso em direcção ao vapor já encostado no cais dos guindastes. Controlando minha missão de aguentar a austeridade, dispus-me a gozar mais um dia de clareiras de sol com previsão de chuva molhada e sons troantes do céu neste país que já foi metrópole dum império, de meio mundo, das índias e Brasis, da Etiópia ais este Algarve.
E, do Algarve, apreciando as frinchas de vida com vozes de marujos de folgar a corda, dá de ré e, amainando assim meu pensamento vadio, entro na fria água ao som dum trátrátrá de arrastão barulhento que entra na barra. É o Delphinus que ao provocar ondas fez deslocar ainda mais o chapéu chato para o lado de lá, mesmomesmo na direcção do raisteparta, nome dum barco preso à bóia amarela.
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Valeu-me um barco de pescadores à linha que aos gestos e gritos de duas garinas irlandesas, acudiram a este estranho acontecido de agitar flanelas com a esfinge do Cristian Ronaldo, o jogador de futebol melhor do Mundo; Cá de meia distância, vi o pequeno barco aproximar-se apanhar o chapéu do panamá e dirigir-se na direcção daquelas moçoilas que entretanto aplaudiam os heróis do momento, os pescadores do rio Arade.
Alargado de agradecimentos de merci, thank you e obrigado, agradeci às turistas nesta forma de poliglota de praia, a ver navios com vapores e traineiras de sardinha, carapau e cavala. Saudaram-me numa língua estranha a juntar ao meu muito obrigado para os amáveis pescadores; um bom desfecho para quem não quer mesmo ficar na penúria de ficar pobre e sem chapéu. Estes pequenos incidentes dão azo a folgarmos as arrelias minúsculas, dar um sorriso e fazer umas gaifonas às turistas que felizes, continuam gingando suas formosuras…
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Como vêem, aqui noa Angrinha do castelo de Ferragudo, do outro lado de Portimão, acontecem coisas que não lembram ao diabo que sendo negro, tem obras de feitiço muito mais repleta de assombração branca por conta das lendas mouriscas. Meu chapéu foi atraído para o património de um antigo rio que barulhando em árabe, chafurda donzelas, kiandas de kazumbi com kalunga mareando esta metrópole da moda chamada de M´Puto.
Tão sujeito às gravidades europeias na perene austeridade, não vou ficar assim pateta de braços cruzados vendo as gaivotas adaptando-se à gasosa do Delphinus. Deitando vísceras na mistura de peixe rejeitado borda fora, os restos dos restolhos que são pesca fácil para os passarões grasnantes. Um piar alvoroçado, lutas de depenicar a fome sem maior esforço, de ir lá a alto mar e mergulhar, ficar todo o tempo esperando dádivas da kalunga como o M´Puto da Europa.
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Também estas, as gaivotas, se vão ajustando ao protectorado dos mais fortes, exemplo que não devemos seguir em nossas normas de gente, estendendo a mão aos gestos alheios ou à caridade; porque, isto de comer sem esforço, à vontade dos demais, não é certamente um percurso correcto na cadeia do sucesso alimentar. Qualquer dia só comemos as cotas atribuídas pela comunidade a um mar que é tão nosso.
Sentei-me na cadeira exposto ao sol admirando os gestos de tira e atira, tira e atira linha para apanhar matonas ao rio, tainhas ou liças só com fateixa; os mesmos pescadores que salvaram meu chapéu. Pensei que ninguém tem o direito de tirar-lhes também essa condição de se continuar honestamente pobre; dos problemas de plafonamentos e, mais palavrões de enganar. E, foi nas 13 badaladas que arrumei a tralha, juntei o chapéu, a toalha e os zingarelhos deste manuscrito rumando a casa para assar duas postas de perca do Nilo…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO . 09.12.2017 - Porque cada homem é um mundo, tem que ao tempo, dar-se tempo… Num Reino de Manikongo de fingir…
Por
T´Chingange
Em pleno solo do M´Puto pós colonial, consegui sentir sempre o amor telúrico por uma terra pisada e sonhada que fez nascer em tempos não muito idos um reino Imaginário, o Reino de Manikongo e, onde todos os membros tinham nomes diferentes como o Soba T´Chingange, o Conde do Grafanil, o Comendador de Vale dos Reis, o visconde do Mussulo, O Senhor de Cienfuegos, o Derruba do Chivinguiro, o Marquês do Limpopo, o M´Fumo Manhanga, o M´Bica Rico, o Embaixador do Cacuaco, o Jamba, o N´Dalatando e o Boniboni Sbell da Catumbela, entre muitos outros.
A experiência africana era em nós transpirada em experiência que transportada ao M´Puto ia dando frutos de convivência, parcerias ricas que os levaram a ser gente de nome ou nomeada, empresários bem-sucedidos pela vontade de se reconstruirem. Aqui se contavam estórias com ou sem tramas em recordação dos tempos de juventude; edecéteras dissolvidas em falas de missangas.
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O único preto entre nós era branco e foi uma brincadeira quando e depois de ter ido à Luua voltou mestiço com Bilhete de Identidade, tudo nos conformes. Vimos nele tanto entusiasmo por ser agora um cidadão de N´Gola que, assim tão completamente, logologo o ascendemos a preto! Meu filho Kaluanda, nascido no hospital do Kazenga, recorda-me isto recentemente dizendo em seu escrito, que só viu Angola após a saída já muito mais tarde e do outro lado do Kunene.
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Estava escrito que sua terra de N´Gola correspondia agora a um mundo fictício, irreal e subjectivo a aproximar-se do mito; um mito que seu pai, (eu), lhe transmitiu. Refere mesmo Fernando Pessoa para acicatar-se de seu pensar numa forma mais consistente em que o mito é o nada que é tudo! O mesmo Sol que abre os céus - um mito brilhante mudo.
Agora meu filho, M´Fumo Manhanga já tem uma filha com dezasseis anos que pode ler sem entender a cem por cento esta inquietude de diáspora, lugar aonde aprendeu a ler e escrever ao jeito de Camões e, concluir por semântica que afinal aquela terra não era de seu pai, nem de seu avó; que afinal só era mesmo uma terra emprestada. Uma perfeita ilusão…
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Mas ele M´Fumo Mahanga, seu pai, quando lhe perguntam de onde é natural logo diz ser Angolano. Porém ele sabe que não é angolano, é outra coisa qualquer! É mesmo o M´Fumo Manhanga! Aos velhos será cruel deixá-los privados de respostas e, será de bom senso até, não se lhes fazer perguntas de passados não amistosos, porque dos muitos dias, das muitas noites, das muitas injustiças pode, sem se querer, agigantar-se na presença de feridas mortais.
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E, daí abrirem-se gavetas ou mesmo gavetões, com ossários feitos pó. Que importância terá, saber-se agora se a mulher de Lot, em Sodoma, ao olhar para trás se transformou em sal-gema ou sal marinho ou, até saber se a embriaguez de Noé, foi de vinho branco ou de vinho tinto, se neste agora, sabemos estar e ainda revoltados e não ressarcidos. E Marcelo - o Presidente, figura do ano, que está em toda e contudo não faz qualquer referência aos reveses de nossos afectos. É mesmo para esquecer!
Como vou dizer que sou português com o maior orgulho se temos tantas farpas metidas em nós! Peneirando no tempo as ténues memórias dos acontecimentos, apagando os rastos dos passos que aqui nos trouxeram, em terra de M´Puto, mesmo nem querendo, sempre volto a remover os ossos do passado e, mesmo espreitando pelo postigo da memória antropológica só graças à debilidade desta, irei fazer do tudo um romance.
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Dizem-me para esquecer, e eu, só consigo mesmo ser condescendente sem alvoroçar espeleólogos, ou os espíritos com malévolas insinuações, esquecendo as leis não cumpridas coisas rebuscadas em terras de promissão com tangas e falas bonitas p´ra boi dormir! A nossa vida, de cada vez mais na mesma, continuamos a nos sentir roubados aqui e além por engenharias financeiras com traições de Paulos e Salgados com mais uma cambada de gente que se julgam génios…
Só podemos dizer-nos independentes porque nos queremos mentir, passando ao Deus me livre e valha-me o Santo António, etnólogos e outros afins descobridores de pegadas politólogas, cheiros encarquilhados misturados com densidade molecular amorfa, mofadas pelos anos na leitura de carbono e eteceteras complicadíssimos que só nos baralham o cérebro…
O Soba T´Chingange
UM MISSOSSO: A minha neta e eu, um contador de estórias avulso…
Maianga é um bairro de Luanda - Luua
Por
T´Chingange
Andei na Escola Industrial de Luanda por uns nove anos desde o Ciclo Preparatório passando pelo Curso de Montador Electricista, Secção Preparatória aos Institutos e também o curso de Mestrança de Construção Civil. Qualquer um destes cursos, nada tem de formação no sentido das Letras, nem tampouco era bom à disciplina de Português com a professora Maria Amélia. Na escala de zero a vinte eu andaria sempre ao redor dos dez.
Na Secção Preparatória e em regime nocturno tive um professor à disciplina de História à Antologia Portuguesa do qual não me lembro o nome mas, sempre o alinhavei como sendo de Vergílio que era excepcional em nos fazer despertar do sono lá pelas dez horas da noite. Sempre que notava a turma desinteressada ele ia buscar matéria de nos fazer regalar o olho.
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Muitas vezes referia os cintos de castidade usados na idade média para salvaguardar ausências dos maridos militares que iam para guerras distantes deixando suas damas à solta. Tinha mais recursos pedagógicos como este astucioso recurso, o que levou a que sempre o lembrasse. Um dia manda-nos fazer um trabalho do tipo conto, mussendo, em que o tema era o mar. Recordo-me bem que no dia aprazado entreguei minha estória cujo tema era “o mar” bem contornada de pormenores. Na entrega da avaliação teve a gentileza de dizer à turma que estava ali uma estória muito boa, afirmando que eu seria no futuro um bom contador de Histórias. Iremos ver!
Não dei a importância ao facto e, passaram-se muitos anos até que tivesse tempo, vontade e paciência de escrever estórias; Em verdade não havia tempo mas, sempre pela minha cabeça rolavam inventações que ficavam desperdiçadas no labirinto de meu templo. Após a guerra do tundamunjila em Angola oferecem-me uma viagem grátis para o M´Puto, em troca de nada e, sem data de retorno. Não gostei nada disto!
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A minha cabeça era um mundo de revolução, sentia necessidade de me expandir, estravazar; através dos Adidos fui colocado como destacado na Câmara Municipal de Torres Novas, uma Câmara que nesse então tudo se resolvia de punho no ar! Uma chusma de comunistas desconvictos, diga-se Com gestão comunista e do MDP eu passava um senhor martírio a ouvir desaforos contra a minha gente “os retornados”.
O PSD deu-nos um espaço para nos reunirmos e foi decisão minha darmos inicio a um jornal de folhetos tipo “em stencil” de modo a dar informações adicionais aos muitos desalojados, gente desenquadrada de tudo, da bagunça em que nos sentíamos e, chamamos a este esboço de jornal “o caixote”. Foi útil naqueles tempos conturbados e, estando nós em um meio adverso com as direitas a querer usar-nos como linha de frente. E, nós na merda, sem futuro nem cascas dele.
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Comecei a escrever em uma coluna para o jornal “Almonda” tendo como Director o Padre Amílcar; era o “Aqui e agora” falando de coisas triviais sem entrar nos detalhes políticos, usando sempre uma forma sátira de abordar coisas desabridas e, sempre com um rolo no estomago. Descontente com tudo, inscrevi-me para emigrar pelo CIME (Comité Internacional de Imigrações Europeias) concorrendo para qualquer país do Mundo! Tal e qual!
Um dia chamaram-me a Lisboa e perguntaram-me se queria ir para a Venezuela como Topógrafo mas, havia um senão: Teríamos de ir de barco! Disse-lhes que ia sim senhor, nem que fosse em um barco à vela e, fui! Estive por lá seis anos. Regressei a Portugal para poder dar uma educação firme a meus dois filhos. Neste entretanto algumas coisas mudaram no M´Puto.
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Regressado ao Algarve comecei a escrever no jornal Semanário “A Gazeta de Lagoa” com a coluna “Sanzala”. Este era pertença de Artur Lignhe, um já conhecido jornalista de Angola. Agora vou à conversa mais interessante e que me levou a descrever parte do meu percurso anterior. Os anos passaram e, eis que viro avô de uma linda neta com o nome de Lara; filha de meu filho Marco António umbigado com Isabel bibliotecária.
Os anos passam-se e Lara é educada da forma correcta com leitura de uma estória ao iniciar sua hora de ir para a caminha. As histórias a ela oferecidas eram muitas e variadas; seu quarto era uma biblioteca de livros aos quadradinhos desde o João Ratão aos sete anões e da Carochinha, do lobo e da Avozinha. Fosse em Coimbra ou no Algarve, a avó ou sua mãe Isabel levavam um tempo a ler estórias que ela já sabia de cor e salteado mas, era esta a rotina certa.
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Um dia sou solicitado a ler uma estória a Lara, teria talvez uns cinco a seis anos e assim foi! Vai daí, deito-me a seu lado e começo a ler a estória escolhida por ela, previamente! Recordo ser uma estória descabelada, mal engendrada e eu lá pela terceira folha começo a fingir ler algo que eu ia inventando na hora! Nada daquilo, a dado momento, tinha a ver com o escrito!
Aquilo não tinha graça, não tinha jeito nenhum e desenvolvendo a minha versão fingindo ler o que não estava escrito. Eu só fingia! Criava personagens novos, outra envolvência. Num impulso interrompido por Lara, era o maior rebuliço. Não é assim avó! Dizia ela, a estória não é essa!
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Pegava no livro e via que efectivamente o que eu dizia não estava ali escrito. Ficava tudo desarranjado. Sempre ficava alvoroçada e desinquieta nunca iniciava sua dormida com a minha leitura. Acabei por ser despedido desta tarefa no correr do tempo. Aquelas estórias eram tão brejeiras que me via obrigado a ler a versão que minha inventação produzia na hora.
Minha função de avô ficou assim votada ao fracasso. Gente próxima diz-me para escrever um livro mas este trauma sempre me diz que sou um embuste! E, como o Mundo já está tão cheio de mentirosos fico na minha, chorando na cama que é lugar quente e, porque águas passadas não movem moinhos.
O Soba T´Chingange
CINZAS DO TEMPO – Outra vez mo reino das aroeiras …
MALAMBA: É a palavra.
Por
Saí de casa com a luz ténue entrando pelas frinchas das persianas das janelas; já se ouviam os melros e gaios lá fora piando suas espertezas matinais. Rodei na cama para a esquerda, para a direita e não havendo hipótese de ficar na sorna de olho aberto, preparei-me ao jeito de passear o cão e, de roupas folgadas e com minhas botas de galgar o Kwazulu Natal, calções de caqui, fiz-me ao caminho, o carreiro habitual. Meu cão proletário, um chouriço com leves traços de collie barbudo, saudou-me com suas quatro patas; naqueles meus propósitos, não lhe foi difícil adivinhar que iriamos passear à praia, andar na falésia por cima das furnas.
Não há maior religião do que a verdade! A pensar nisto, internei-me no mato que bordeia a costa rendilhada em falésias até à Cama da Vaca. Passei por praias que lá no fundo contrastavam sua areia doirada com o verde e azul do mar com algas bailando ao sabor das pequenas ondas e, já no torreão no alto da falésia entre a praia do Mato e a praia da Lapa pude ver o redondo da terra com seu horizonte de um azul nublado coladinho ao céu. É de todos, o meu passeio preferido, andar nos trilhos de entre estevas, funchos, zimbros, aroeiras e espargos floridos com suas muitas flores de cores variadas, cores de fim de Maio.
Aqui e além poças nas rochas lavadas aonde os pequenos mamíferos e diversos pássaros saciam sua sede; poças de onde recolho poejo para fazer minhas açordas com pão alentejano. Mais adiante também recolho uns ramos de tomilho dum fresco verde. O faísca, meu velho cão, arfando, também ali pára a satisfazer sua sede. Coitado, já vai com a língua a arrojar o chão! Foi neste então que vi o quanto me está a fazer bem o milongo que meu amigo da onça do Porto-à-mão me indicou para tomar: - Extracto de guaraná em pó, beterraba em pó, ácido pantoténico, pó de algas mais uma catrefada de vitaminas! Isto de misturas com levedura de selénio e extracto de cúrcuma é mesmo bom!
Neste reino da aroeira surgem tufos de palmeira anã, daquelas que a tia Anica de Loulé fazia seus capachos para abanar seus calores e sua lareira. Também se encontram pinheiros, zimbreiros, tomilho, rosmaninho, zambujeiros, trovisco e arranha cão entrelaçado em malvas dos barrancos, espargueiras e arruda de cheiro intenso de fazer defumações para espantar maus espíritos.
Há isto e muito mais, plantas ainda não catalogadas em minha memória, de flores bonitas que saem às primeiras chuvas e que mostram sua beleza até serem fecundadas e, depois morrem de novo ficando ali enterradas por mais um ano. Os mistérios da vida neste mundo vegetal são enormes e para quem quer quebrar a rotina, fazer passar o stress de coisas desavindas, sigam por aí nesse carreiro que até está assinalado a azul na forma de azulejo cimentado de quando em quando em rochas mais salientes. Haja vontade de ver e, decerto se alegrará com estas pequenas coisas.
As alfarrobeiras podem ser vistas ao longo da falésia. O alvoroço da primeira hora é o melhor porque não é só o pardal que chilreia, o pombo bravo que arrulha, um sem número de gralhas que esvoaçam no promontório defendem-se dos gaviões ou mesmo das gaivotas que por ali intimidam relações. Talvez até veja uma raposa (já foi normal encontrá-las). Faça o favor de ser feliz, um dia de cada vez!
E, lá fomos nós por entre fragas, no fundo do vale e nos cumes do reino das aroeiras, um reino de largas vistas e de onde se vê um mar enorme confundindo-se com o céu e sem uma nítida separação do distante nevoeiro trazido pelos ventos alíseos, um cheirinho do Saára ou da brisa do Siroco.
Rascunhei-me em cardos, arruda, estevas e chorões com flores lilases, cores vistosas; subi e desci arfando, resvalando com o cão soluçado em vapores com língua de fora. Neste meu passeio foito entre toutinegras, gralhas e pombos bravos encimados em buracos escarafunchosos e esbarradoiros, as lagartixas miram-me curiosamente como se fosse um agente do além.
Nestas terras do meu latifúndio, com oliveiras bravas, carrascos, arranha-cão e zimbros entre pedregulhos calcários, corro o risco de apanhar carrapatos, mas tal como os afoitados desbravadores de terras por conhecer, adentro-me aquém bombordo mirando o estibordo como um tal de Cadamosto que às ordens do D. Henrique e de cabo em cabo chegou em tempos idos à Gâmbia.
Lá em baixo barulhando-se ora perto, ora manso, ora longe mais encapelado, o mar testemunha o que construo a cada passo uma estória ao meu modo; um mussendo, um missosso entre ave Marias encavalitadas de prefácios que se baralham e que logologo se esquecem; esticando os ossos, construo-me a cada passo na estória e, vem outro e mais outro muxoxo como que cumprindo ordens dos meus espíritos a quem risco na areia os sinais do cho-ku-rei ou do sei-he-ki. Um lugar nobre e muito cheio de adrenalina com iodo que de certo modo nos inebria. Um Pambu N´gila como é costume eu dizer…
Aquele senhor Cadamosto, que descreveu as primeiras descobertas além-fronteiras do M´Puto cumprindo ordens do Senhor rei e príncipes consortes, desconhecia todas estas modernas finuras de dialogar em coisas etéreas. Sempre veremos coisas novas se o quisermos, se tivermos vontade para isso e, não é forçoso ter um qualquer rei por detrás, um presidente ou um outro qualquer decadente. Chegado a casa escrevo os lembrados prefácios encavalitados nas arbitrárias e aleatórias recordações daqui e dali, do meu mundo, só para ginasticar a mente. Um dia de cada vez. (Ufa! Terminei!…)
O Soba T´Chingange
TEMPOS MORNOS – Com chá, na crença de ocultadas caricias, benzo-me num dia igual a tantos outros…
Malamba é a palavra
Por
Não sei porque chamaram àquele bairro de Ché-Lagoense mas, posso lembrar-me de quando a figura de Ché o tal de Guevara andava no pensamento de toda a sociedade pois era nesse então a figura ícone da justiça, o zelador dos pobres e carenciados de todo o mundo; o defensor e libertador de povos oprimidos pela colonização ou pela casta dominante de endinheirados num mundo desequilibrado em questões sociais. Mas, veio mais tarde a verificar-se que tudo neste guerrilheiro não passava de uma farsa fabricada no meio da chamada guerra fria entre o Leste e o Ocidente.
Essa ideologia que se pensava ser transformadora sempre bulhando nossas cabeças, foram em seu tempo, ávidas em inventações. Uma utopia em forma de crença para mobilizar ideologias, derrubar estados ou estadistas. Mas, estando eu sentado no café deste bairro económico, ouvia mesmo sem o querer a gente que por ali e todos os dias faz salão, tomam sua bica e, por ali vão ficando a falar de coisas triviais ou tagarelando as coisas do dia-a-dia; gente maioritariamente de idade.
Foi quando surgiu um outro velho vizinho do bairro inspirando com lume nos olhos, uma abobora menina, assim num ar de meio espantado, sem boina, com três ou quatro madeixas de cabelos fracos, carregando-a com dificuldade. Pediu uma faca de cozinha ao Domingos, o dono do café, misto de salão com esplanada e matraquilhos. Colocando a mesma em cima da mesa das senhoras calhandreiras, distribuiu nacos por todas elas dizendo-lhes o quanto aquilo fazia bem ao nosso organismo, nossa saúde.
- Se querem ficar sem colesterol comam disto todos os dias! E, entre outras várias considerações, afirmou peremptório que aquilo era sua oferta de Natal! Que fizessem filhoses ou as metessem num um-dois-três, liquefazendo os pedaços com nozes, mel e outras frutas se o desejassem. Que isso seria bom para afastar gripes e desarranjos intestinais. E, lá foram dissertando outras guloseimas para o Natal.
Depois, esgotado este assunto, rumaram para as globalidades dadas pela televisão, dos muitos ataques terroristas, uma guerra sem frentes de combate, ora aqui, ora ali. E as modas, os novos costumes, surgiram no desfrisar de gostos: - Eu cá não acho piada a estes novos enfeites de Natal; agora são árvores com bolas reluzentes, é o pai natal, os trenós voando, as renas, os sapatinhos de feltro e coelhinhos de peluche.
Substituíram o presépio, dizia a dona que me pareceu ser a mais idosa. Acabaram com a tradição do menino Jesus nas palhinhas da manjedoura, do burro e da vaquinha dando-lhe bafo de calor e o Dom José mais Maria e uma estrela no topo da gruta a iluminar o caminho aos Reis Magos. Já nada é como antigamente! E, neste entretanto tudo ficou por aqui. O tempo é mesmo volátil! Nós também…
O Soba T´Chingange
TEMPOS MORNOS – Com chá, benzo-me na crença de ocultadas caricias num dia igual a tantos outros…
Malamba é a palavra
Por
Com os bicos de papagaio à solta
Para ocupar o tempo escrevo estas linhas enquanto a Dona Ibib minha mulher de muitos anos, trata dos seus bicos de papagaio no centro de recuperação Ché Lagoense com o credenciado curador de malazengas Ganchinho Rosário, homem de muitas virtudes na prática de torcer as dores. Um curador, que por vezes faz milagres com pedras e barros, água quente da fonte santa e vapores de aromas inebriantes. Com tecnologia de ponta usa aparelhos que dão pica, rosnam e até pulam em corrente alternada mostrando no visor as sinusóides, curvas ou quebradas até chegarem ao cume, apitando ou zunindo o encavalitar das correntes modeladas com as alternadas.
Os raios ultra violetas penetram na derme e epiderme e até mais fundo mordendo ou cicatrizando coisas internas para sei lá, dissolver excrescências, ossos desencaminhados, esses tais de bicos de papagaio ou osteoporose, apêndices que o tempo acumula para desequilibrar a velhice. E vêm as variantes de massagem geotermal, desportiva com reflexologia mais a reabilitação física e a limpeza das veias ferruginosas ou venosas através da linfoterapia e, ou hidrolinfa. Tudo isto homologado por mais de quinze diplomas e medalhas descriminando as muitas estirpes conhecidas que afectam a nossa anatomia.
Para enganar a velhice é-nos sugerido sapatos folgados ou elásticos e ortopédicos, camisas anatómicas, coisas que usamos para encobrir gorduras extras, bochechas engravidadas na forma de celulite, pneu lateral e rugas macilentas. Vem a propósito recordar as muitas coisas que meu tio-avô fazia com chás de carvão de azinho, espargos, rosmaninhos e alecrim, mais as estevas e as flores destas com cardos. Este meu tio Guerra de nome tinha fama em todo o norte das terras lusas, porque tratava com eficácia a dor da ciática.
No adro da igreja vizinha a ele, apinhavam-se magotes de gente idas em carreiras e por ali ficavam até serem atendidos e, depois disso, cavaqueavam dores e falas de seu porvir. Só sei que ele cicatrizava um nervo por detrás da orelha, o mesmo que levava a dor ao cérebro ou cerebelo. De recordar neste procedimento, os truques de acupunctura de nos espetarem uma agulha no dedo grande do pé para fazer passar a dor do ombro, a pontada no pescoço ou desfazer o caroço do sovaco ou até a dor de cotovelo.
São mistérios que só se entendem porque nos fazem bem como os caldos de poejo, os chás de carqueja, as defumações de arruda ou lavagens com malva ou com água esquentada na pequena planta conhecida por calafito. Desses antigos tempos de nenhures, das rodas enjeitadas dos conventos, tudo mudou para coisas mais sofisticadas, avanços necessários com novas leis a subsidiar a morte ou a vida para substituir as papas de milho quente, das compensas da linhaça, do farelo e das ventosas no alívio das dores nas cruzes e das pontadas lombares. Avanço para uns, retrocesso para outros; mas o tempo não se compadece com essas teorias e segue, segue com alegrias, tristezas, angustias num molho de brócolos.
Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T´Chingange
NAS CINZAS DO TEMPO . Encorujado nos meus farelos antigos, queimo as pestanas das muitas e antigas lembranças!…
Malamba é a palavra
Por
Jack Palance (Vladimir Palahniuk). Actor norte-americano falecido a 10 de Novembro de 2006. Antes, foi lutador de boxe, acreditando-se que sua face desfigurada se devesse aos golpes recebidos, mas em verdade a desfiguração foi causada por um acidente de aviação.
Discutindo-me sozinho num domingo de Agosto, meti o cachorro no Nemo (nome do carro) melhor, ele o cão subiu preso só na minha vontade. Dei-lhe luz no furgão escuro e disse-lhe que se mantivesse quieto até chegar ao castelo das assombrações, nossa praia do rio Arade em Ferro Agudo; Via ao longe a cidade de Lagos iluminada do sol nascente, um sítio de tráfico de antigos escravos mas que agora era só lugar aonde semeamos as nossas vidas porque a desgraça de agora não é distribuída por outras raças que não a branca. Tudo isto porque nas vivências de agora cada qual fica com a sua fala, seu negócio, sua maka ou seu petróleo. Branco mesmo e agora, lá longe na Luua dos N´Golas, serve mesmo só para extorquir gasosa autorizada fazendo valer o costume ancestral da rainha N´Zinga, nas cidades e no mato.
Nada de confusão, estou no M´Puto a falar das bondades que os brancos gwetas de agora pagam aos mwangolés grunhos das colónias. Na forma de gasosa, a obrigatória participação dum preto no negócio porque esse sim, que está isento de pagar limosna (gorgeta). Preso na minha vontade de pensar a limpar o tempo de patrão, o impossível do súbito e repentino torna-se verídico. Foi mesmo ao sair do carro Nemo e bem junto a uma roulotte com a bandeira dos USA que ao abrir a porta ao cachorro que alguém me dirigiu a palavra num português defeituoso: - Senhor, nesta praia se poder levar cachorro nas água? Olhei a figura e fiquei espantalho; era nem mais nem menos que o Jack Palance, um ruivo cavalheiro que me inchou de felicidade nas peliculas de cinema lá do passado!
Engasgado de assombro, frente a ele e na descrente veracidade do facto, lembrei num meio segundo suas vozes roucas, beata no lábio, artista principal azedo da vida e com uma cicatriz famosa em seu rosto. Será que estou mesmo neste mundo, nem pedindo licença para entrar no outro; só assim sem mais nem menos!? Refeito, aparentemente olhei de arregalado sua pessoa, seu perfil altivo e respondi enquanto olhava seu cão negro e peludo, um cão-de-água de raça tuga, o perro da moda e, por fim respondi: - Sim! Aqui neste lado do castelo os perros podem quedar-se sim problemas de pagar impuesto! Bolas! No estupefeito do caso dei por mim a falar espanhol. Sim! Repeti cirurgiando sua figura.
Sempre mais alto e agora mais kota esta kianda assombração, ali estava reganhando competência antiga nas adivinhações do meu silêncio aboamado. Obligado! Tank You ! Duas vezes repetiu agradecimento e na forma de saudade antiga consegui ainda dizer: - OK! Pode passear seu perro e até pescar; aqui tem liberdade de apalpar o sabor das águas, o sabor do sal, bogas, salmonelas e até os ventos que sopram de Monchique e até exagerei: - Pode mirar las sierras, volver en el tiempo e destruir suyo interdito.
Ele, Jack Palance, bazou no seu sentido de eloquente grandeza, girou seu espaço em cento e oitenta graus de rumo, e lá foi direitinho ao castelo e por ali ficou solitariamente afagando seu cão de água, atiçando pedaços de pau, jogando inúmeras tristezas à água semi quieta. O perro, ia e vinha alegrando seu dono e eu ali especado segurando o chapéu verde descalibrado neste sonho, eu outra coisa não poderia ser! Pois! Ando preocupado com estas minhas visões mas, por agora ali fiquei apreciando os talentos de Jack Palance, meu artista preferido nos filmes de índios e gente robusta do frio norte, lugar meu desconhecido.
O Soba T´Chingange
MALAMBAS - OS CANTOS DA VIDA COM CHAPÉUS PANAMÁ…
Por
T´Chingange
Assentado sobre a areia da praia cochilando minha peregrina preguiça de Domingo, ouço em minhas costas o sino da típica vila de Ferragudo, as onze badaladas do antes meridiano. Disposto a escrever esta mukanda e depois de ginasticar meu físico, minha barriga de maboque nas águas da maré baixa do Arade, aprecio o aviso da marinha que quase em frente dá para ouvir as vozes do comando da F488; aviso é um barco da marinha, maior que uma lancha e menor que uma corveta, pintada em cinzento, cor de guerra. Está calor, sol deslumbrante e com uma aragem morna do sul sem os zumbidos de verão. Roçando minhas pernas mulatas, pergunto-me se em tempos idos não daria um bom partido aos corretores de escravos aqui de Lagos ou lá nas Américas, nas Áfricas, em Cuba, Coraçau ou Trinidade; digo isto recuando ao tempo de vigor de musculatura musqueada nas espáduas e com mancha de suor de catinga nos sovacos, seria um bom achado para um atilado corrector de escravos.
Mal. Um corrector negreiro que me batesse com a biqueira de chapéu panamá em meus ombros, minhas coxas, revistando meus cascos, meus dentes, meus pés, minhas matubas e até as virilhas como se estivessem a comprar um cavalo, um garanhão amulatado. E, não me vejo curtindo o sol do M´Puto como agora, assim como uma ilusão; situo-me numa portada de armazéns, entre pilhas de caixotes, pipas e túneis com vinho do Douro, cebolas de Lagos e batatas lusas e lisas com alguém discutindo as tarifas dos géneros, o câmbio do algodão mais as novas taxas de açúcar e também da alfarroba. Resoluções de negócios com transacções de ganhar embarrilando-se com aduelas novas na cotação e manhas próprias de gente de negócios de nunca perder; falando calão e gíria ou dialecto desconhecidos, traçam chalaças de confiante amizade.
J. Sust. Um homem arfando azáfama de zeloso assessor comercial fura sacos e peneira farinha de milho farejando odores e gorgulho ou praga rechonchuda. Estava em um lugar em que curiosamente até os próprios vadios, desempregados, aparentavam prontidão nas diligências, piscando olhares de soslaio a carteiristas que bem trajados, catrapiscavam gentes de grande abdómen, talvez capitalistas. Falo de tempos antigos porque ao chegar aqui a meio da manhã, ao pisar a areia, vi algo que nesses tempos, simplesmente não via porque, nem havia nem era necessária.
An. Sil. Pois uma camisa de Vénus, vulgo preservativo ali estava de cor vermelha botada ao descuido girinos da vida, vulgo espermatozóides e, com borbotos salientes na forma de verruguinhas. Naqueles idos tempos ainda não havia destes inventos de dar gozo vendidos por atacado! Naqueles tempos também não havia bancos de esperma, nem espermatozóides a controlar a hereditariedade; Havia isso sim, um pastor anglicano que preconizava em 1793 o controlo da pobreza, purificar a espécie humana; esse tal de Thomas Malthus, foi o pai da demografia conhecida como teoria malthusiana. O preservativo só surgiu mais tarde com as férias de gozo e a vulgarização disso, … falar mais o quê!
Ilustrações de Malangatana, Anabela Silva e jorge Sustelo
O Soba T´Chingange
NA PRAIA DOS AMORES – No Munhungo do M´Puto
Missosso: Da literatura oral angolana, contos, adivinhas e provérbios com homens, monstros, kiandas de Cazumbi, animais e almas dialogando sobre a vida, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de dialecto quimbundu. Óscar Ribas foi o seu criador.
Por
T´Chingange
Hoje foi um dia do camano. Aconteceram Coisas do arco-da-velha que até me parece ter sido mentira. Partilhando matutices, antecipo-me aos dichotes inevitáveis que me beliscam a nobreza e fidalguia. Assim, para não ficar carregado e sozinho com tantos mistérios, vou contar à malta da Maianga do Maculusso e dos Coqueiros da Luua e demais kazucuteiros do meu kimbo, este sucedido. Eram dez horas quando resolvi ir até à praia do mato passear o cão e roçar-me na arruda, tomilho e aroeiras em um carreiro quase tapado por cardos e trepadeiras arranha-cães de picos traiçoeiros. Descendo a encosta para o barranco verde, refúgio de raposas e bichos rastejantes dou de caras com um homem de tez branca, meia-idade de tronco despido e descorado; ainda de longe saudou-me: - Good morning! Respondi do mesmo jeito! Já mais próximo, pergunta-me em inglês: - Is this the way to get to the boat-of-love?... Num lugar destes e, uma pergunta destas, até fiquei meio desconfiado, meio estupefeito! - Good! - This is the path to the beach from the bed of the Cow! Disse eu respondendo, literalmente confuso. - Yes, yes ... thank you! Respondeu o gringo da bretanha. A isto respondi-lhe um simples “have a nice day!” e, segui descomposto com esta inaudita excrescência, deixando o carcamano a olhar os fósseis de concha do tempo dos dinossauros.
Caminhando por ali meus silenciosos problemas, este gringo, veio remexer no pó da estória que trazia no pensamento e que agora, esta, se ria para mim, gracejando espadas e arcabuzes fazendo-me gaifonas porque isto nada tinha a ver com o bote-do-amor; pelo contrário, mais era uma luta de corsários da coroa britânica com naus de piratas franceses em barcos de muitas velas, com espadas e chapéus do tipo de Dartanhan de longas penas de pavão. Quase descendo a pequena falésia da praia, noto que por detrás da rocha grande, um casal de cores avermelhadas corando ao sol ... nuínhos da silva; expunham suas partes descoradas e intimas ao léu, nutrindo além do sol e o iodo, as areias monaziticas com radioactividade de fazer n´guzo nos tintins e passaroca.
Para não destoar do ambiente prá-frente, descalço até o pescoço, meto-me na fria água ginasticando o esqueleto por um pedaço de tempo e, após sair desta, estico-me na rocha plana a curtir o sol; quase dormitava quando começo a ouvir um barulho de motor de barco não muito longe, e vozes excitadas. Sento-me, ponho as gafas e, deparo com algo inusitado; ali naquela pequena enseada escondida do mundo, estava um junco chinês … na minha praia!? Cheio de gente algazarrada, podia observar o que parecia ser um barco amarrotado de marroquinos ou ilegais do norte de África entrando em águas Lusas; mas, não era assim! Tratava-se de turistas desenferrujando excentricidades com chapéus de bambu. Do alto da falésia da cama da vaca um musculado Schwarzenegger chamava a atenção aos demais para o salto que viria a dar. Para surpresa minha o tipo, deu o salto e veio ao de cima de água, coisa festejada pelos demais com muitos aplausos. Este, foi o início do forrobodó porque em seguida todos saltaram para a água vindo até à escassa língua de areia da praia. Um a um, eles e elas, foram chegando também nuínhos da silva, assim como vieram ao mundo; entre abraços, nalgadas e amistosos chapadões cumprimentaram o tal casal que já ali estava. Foi neste então que reparei no tal gringo que me perguntou aonde era isso do bote-do-amor. Estava explicada a inaudita antevisão deste munhungo fora de portas, nos meus queixos. Até meu cachorro tossiu de tão inusitado, uma sarrista e sarcástica risada deslumbrando-me na imitação de Muttley.
Num pequeno bote foi chegando mais gente e, descarregaram fogareiros de bidões, vários sacos e arcas congeladoras que iam encostando à falésia; não demorou nem meia hora e, o cheiro da sardinha assada já era tão intenso que forçosamente me abriu o apetite. Afinal tratava-se de um piquenique de gringos em terras Lusas com a ligeira diferença de estarem todos desvestidos, em pelo como Deus os botou no mundo; vinham aqui recarregar suas pilhas esfregando seus tintins e passarinhas nas monaziticas areias, de forma a ficarem radioactivos. Isto foi tão real que até parece mentira! Escrito isto, veio-me à mona a muxima de piqueniques que fazíamos na Corimba, Morro-dos-veados, Morro-da-Cruz, lá nas águas mornas a ver Mussulo; um belo dia eu, kandengue espigado, subi a um imbondeiro no Morro-dos-veados e vendo o Mussulo do outro lado mijei no mundo; Não sabia nada da estória, dos mwangolés, nem Tugas e escrevi meu nome e mais um outro de sereia com chocalhos e, no meio, um coração; só por isto eu reclamo-me kamundongo com sangue de seiva de imbondeiro! Ninguém que me vai poder tirar meus direitos!
O Soba T´Chingange
COISAS DA VIDA . E-MAIL DE MARIDO ZELOSO!
As preferências de
SOBA T´CHINGANGE
Querida, está tudo em ordem durante sua ausência. Aquela senhora que você contratou para cuidar da casa durante a sua viagem ficou doente e não pode vir, mas estou virando-me. Estou preparando meu próprio jantar. Só não estou limpando a casa nem lavando a roupa suja. Está dando tudo certo. Ontem fiz batata frita. Ficou bom. Era preciso descascar a batata? A panela de pressão ficou bem suja, aí, deixei-a de molho no sabão em pó com um pouco de WD. Quanto tempo precisa p´ra cozinhar ovos? Já os deixei fervendo por duas horas, mas ficaram duros que nem pedra. Da próxima vez, vou deixar mais tempo! Ontem tive um contratempo cozinhando as ervilhas. Coloquei a lata no microondas e ela explodiu. Acho que tinha que abrir a lata, né? Mas hoje vou fazer um macarrão, que é bem mais fácil. Até já o deixei de molho na água fria, p´ra cozinhar mais rápido, já que o micro-ondas quebrou.
Já aconteceu contigo de a louça suja criar mofo? Como é possível isso acontecer em tão pouco tempo? Aliás, atrás da pia tem de tudo que é bicho, daqui a pouco vai dar p´ra fazer um documentário e vender p´ro Nacional Geografic; hehehehe, brincadeirinha!!! No domingo eu emporcalhei o tapete persa com molho de tomate e mostarda do cachorro quente. Você sempre me dizia que mancha de molho de tomate não sai. Passei um pouco de gasolina que tirei do carro, e a mancha saiu. Ficou meio branco no lugar, mas arrastei o sofá em cima da mancha e nem dá p´ra perceber. Até você voltar, o cheiro deverá desaparecer! O frigorífico estava criando muito gelo, então tive que fazer um defrost nela. O gelo, sai fácil se você raspar ele com uma espátula de pedreiro! Ficou óptimo, foi fácil e rápido, agora a geleira está gelando bem pouco, acho que vai demorar bastante p´ra juntar gelo de novo.
Quanto ao resto, na última quinta-feira quando sai para o trabalho acho que me esqueci de trancar a porta. Alguém deve ter entrado no nosso apartamento porque estão faltando alguns objectos, inclusive aquele vaso de marfim que seu bisavô trouxe de África. Mas como você sempre diz que o dinheiro não traz felicidade, e tudo que é material é efémero está tudo certo. O seu guarda-roupa também está meio vazio, mas acho que não devem ter levado muita coisa, afinal você sempre diz que nunca tem nada p´ra vestir. Ah, … também não achei seus sapatos. Sei que está pensando nas suas plantas, mas eu estou molhando elas direitinho. Até fervi a água ontem, pois estava muito frio e achei que não ia fazer bem molhá-las com água fria. Mil beijos, com muito carinho, do seu querido Afonso.
PS: Sua mãe deu uma passada aqui p´ra ver como estavam as coisas. Ela entrou e começou a gritar, e daí sofreu um enfarto. O velório foi ontem à tarde, mas preferi não te contar p´ra não te aborrecer à toa. Volte logo, estou com saudades....
O Soba T´Chingange
AS ESCOLHAS DE VISCONDE DO MUSSULO*
“Sobre o Alzheimer” – 2ª Parte
Visconde do Mussulo (algures)
NA KIZOMBA
Dicas para escapar do Alzheimer: Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões. Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a 'aeróbia dos neurónios', é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro. Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso; limitam o cérebro. Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios 'cerebrais' que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa. O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional.
Alvaro Macieira . Angola
Tente fazer um destes testes:
1- Use o relógio de pulso no braço direito
2- Escove os dentes com a mão contrária da de costume
3- Ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque)
4- Vista-se de olhos fechados;
5- Estimule o paladar, coma coisas diferentes;
6- Veja fotos de cabeça para baixo;
7- Veja as horas num espelho;
8- Faça um novo caminho para ir ao trabalho.
A proposta é mudar o comportamento rotineiro! Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar! Que tal começar a praticar agora, trocando o rato (mouse) de lado? Que tal começar agora enviando esta mensagem, usando o rato com a mão esquerda? FAÇA ESTE TESTE E PASSE ADIANTE - 'Critique menos, trabalhe mais. E, não se esqueça nunca de agradecer!
Mussendo: estória verbal de kimbo contada oralmente; crónica de mato; substituto de fábula ou parábola popular (Angola)
* VISCONDE DO MUSSULO:Guy Pimentel- Alto mandatário do reino de Manikongo. Portador da cartilha de Cienfuegos. Embaixador itinerante do Kimbo na Globália
O Soba T´Chingange
AKTO RÉGIUM
KIMBO LAGOA
Po meio desta mokanda é dado conhecimento da tomada de posse do Dignissimo cargo de Mwata do Reino de Manikongo ao súbdito Vilar, e dado a conhecer o Lugar de Muxima, e seu Nobre Sino encimando a Capela da Vassoura. A Assembleia teve os seguintes trâmites:
PÓPIA DO SOBA
O Tema: “A vida sem amigos, é um céu sem andorinhas” continua sendo o nosso apanágio. Convosco, exploro os recantos da amizade, para fazer da vida um espectáculo. Venho perante Vós, súbditos de Lagoa, propôr dar o Kognome de MWATA DE CUNHANGÂMUA ao até aqui "Homen Rico Helder Vilar" e sequente HOMOLOGAÇÃO deste AKTO, nesta Assembleia no lugar de "Curva da Vassoura". O Mwata Vilar cumprindo com a Gazosa, promete perante Nós, dar continuidade ao gesto e tradição que veio do Nada e caminha para as Terras do Nunca do Reino de de Manikongo, tendo presente que ”A CHUVA BATE NA PELE DO LEOPARDO, MAS NÃO TIRA A SUAS MANCHAS”. O término desta assembleia, será feita com o Viró-Viró de fina Bolunga, selando a perpectuação deste Akto. (que, assim foi feito pelo Conde do Grafanil)
ALVARÁ
MWATA DE CUNHANGÂMUA
Aos dois dias do mês de Agosto do ano de 2011, em Terras Ultramarinas do Reino de Manikongo, no lugar de “Curva da Vassoura”, reunidos os súbditos do Kimbo de Lagoa com a digna presença de seus Vanguardistas, Nobreza e Gente Rica, reconhecem e ractificam a kognomização deMWATA DE CUNHANGÂMUA ao súbdito Helder Vilar com a entrega pelo soba T´Chingange do Bastão Nobre .
Sendo comprovado estar o seu código genético impregado de paludismo de fina estirpe, vestigios de bitacaia e filária de N´Gola, após ter cumpridos os requesitos da GAZOSA em esta Assembleia, é em sua homenagem, dado a este sítio que habita, o nome de"CURVA DA MUXIMA".Este akto será acompachado por três badaladas no SINO DA MUXIMA (saudade), pelo Kimbanda do Kimbo, ou um seu representante, para que conste nos anais da Torre do Zombo do kimbo. Este AKTO RÉGIUM, vai ser assinado pelos presentes:
- Soba T´Chingange
- Visconde do Mussulu, Embaixador Itenerante da globália.
- Conde do Grafanil, Rei D. Grafanil (Aposentado), Kimbanda substituto
- Barão de Limpopo, Donatário da Macambira
- Cipaio-Mor N´Dalatando, Senhor Dono do acelerador de partículas
- Soba Valério Portimão, Poeta-Maior do Reino Makongino
- M´Bica Fuca-Fuca, Juis do Povo
- Homen Rico D. Rodrigues, Dopnatário do Kipeio
- M´Fumo Manhanga, Herdeiro da Maianga de N´Gola
- Embaixador do Dírico, Donatário do Mukussu
- Sobeta Ibib, Senhora Nobre de Messejana
- Sobeta das Terras da Humpata
Após os Aktos relevantes fez-se peregrinação ao Monte da Muxima, retiro espíritual do Mwata de Kunhangâmua, templo de Afrodite
O SOBA T`CHINGANGE
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"Pedras Roliças"
Pedras roliças
No dia-a-dia, o que consideramos dor ou prazer, depende em muito do nossa actitude mental e, em geral a prática espiritual funciona como um estabilizador tal como a paz. Se alguém nesse dia-a-dia achar um certo objecto que lhe transmita emoção, se analizar e examinar um certo objecto, o modo de percepção da mente e a forma como as coisas aparecem dentro dela, o objecto parecer-lhe-á forte e poderoso, seja um diamante, uma esmeralda ou uma qualquer outra pedra ou coisa inerte a que se apegue.Nas pedras roliças da praia…olhei o beijo das águas feitas algas…onde navegaram epopeias de gerações feitas, no mar.
Pedras
Pergunto-me constantemente… onde reside a beleza desta natureza aonde, apenas o ruido da gaivota, se faz ouvir na falésia ecoando nossa privacidade. De algum tempo a esta parte carrego pedras roliças da praia para o meu jardim. Num acto de penitência voluntária sobrecarrego-me valorizando-as pela forma e côr e demais caracteristicas de que, quando húmidas, brilham seu quartzo, feldespato, mica e outro congregados coloridos; venho-as colocando nos vários canteiros ao redor da casa. Foi a partir desse então que as plantas fortaleceram em robustez e reverdeceram. Para não deparar com um vazio neste fenómeno que o não é, encontrei explicação no facto destas pedras quentes de dia aglutinarem gotículas do orvalho, usual na noite, que lentamente, as derramam nas raízes daquelas plantas.
Lugar das Pedras Roliças
Na busca de entender o vazio do conheciimento, o homem ao longo do tempo, tornou-se conhecedor da natureza mas, encontrar a filosofia certa ao tomar-se de sapiência, é poder entender o vazio da verdade, das coisas e das pessoas. Vêr mais além! É tornar-se um ser sábio na análise da compreensão e concretismo do mundo externo. Seja lá o que fôr, as minhas pedras deram vida às minhas rosas e isto, posso garantir não ser ilusão,... é mesmo a verdade! A inteligência humana é tão sofisticada, que às vezes cria uma imagem que esconde a realidade; necessita disso como alimento, como do pão para-a-boca.
Bibliografia de referência: Amor, Verdade, Felecidade, Reflexões para transformar a mente de Dalai Lama.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
XI.LUNGUINE “O Maputo também tem papoilas?”
Crónica dedicada à Fidalga do Ferro-Agudo, que se ausentou para parte incerta. Vamos recordar AMÁLIA com aquele ramo de rosas, um agraciamento singelo do Soba em recentes tempos e que ficou registado na Torre do Zombo e, nos nossos corações.
PAPOILAS DO CAMPO
Passando o mercado das calamidades de Maputo, quatro quarteirões mais acima, subindo a avenida Kim-il-Sung fica a casa do Sol, hotel untuoso de pintura desmaiada burrifado de picadelas barrentas grafitadas de sujo. Ali no cruzamento entre a dita avenida e a esburacada avenida Mao-Tse-Tung sucedeu o encontro com o meu amigo, viajante de muitas façanhas amigo de longa data, fumador de bom charuto cohiba. Desta vês, acompanhei-o no vício do fumo com um bom café. Ali no “Afeganistão” estava combinado que naquela tarde iríamos falar de coisas, só por falar, sem premeditação de posturas nem temas, só mesmo para falar e... Na resposta da pergunta e vice-versa as coisas banais tornaram-se interessantes e vai daí lancei o desafio de ele pôr em escrito a estória rocambolesca do seu pai, destemido sertanejo colonial. A aguçar o desafio dei-lhe o mote da crónica; teria de magicar a envolvência dos factos, jogar com as palavras à semelhança do nosso comum amigo, o xiritung-da-xirgósia malabarista da escrita. Este meu amigo, Repsina de nome, filho dum cabo-de-guerra de linhagem castrense, recto na postura de comportamento, frontal e super verídico, dias mais tarde acabou por me entregar a crónica; praticamente um estudo duma planta que não é assim tão ruím para alguns e, desta feita, o escrito que segue é da sua autoria. Um desassossego espalmado em pó lá nas lonjuras do inframundo chingrilá não deveriam ser motivo de ternura mas, assim é a crónica:
- A papoila pertence a um género de plantas herbáceas da família das ”papaveráceas”. A sua contextura encerra uma boa quantidade de sementes que depois de amadurecidas produzem um óleo saudável e benéfico, que é transformado em rações para a alimentação de gado. Também é usada para dar cor a certos vinhos, medicamentos e para tingir lãs e malhas. As sementes são utilizadas para dar sabor a saladas de fruta, tartes, pastas, etc. Esta planta possui propriedades sedativas, anti-tússicas, sendo utilizada no fabrico de xaropes. As pétalas das flores podem ser usadas em tisanas misturadas com outras flores. A planta é ligeiramente tóxica. O seu habitat é em terrenos baldios, campos e pastos, beiras de caminhos tendo como origem a Ásia, África e Europa. A Planta herbácea, vivaz, cultivada como anual ou bianual, de porte erecto ou em forma de tufos, pode atingir uma altura de 20-60 cm. A tendência é para terem uma folhagem basal da qual as flores se erguem em hastes finas. As folhas são de cor verde-claro a verde médio, pubescentes ou mesmo cerdosas, grosseiramente dentadas ou recortadas. As flores de Papoila são solitárias, delicadas, com pétalas muito finas e brilhantes agrupadas num botão floral, podendo ser singelas ou dobradas e de várias cores desde o vermelho, rosa, laranja, branco, púrpura, amarelo, algumas com manchas negras na base das pétalas. Nos Himalaias há muitas papoilas azuis. A flor das Papoilas tem pouca duração mas rapidamente crescem outras. As sementes minúsculas estão fechadas numa bonita cápsula espalhando-as como os pimenteiros. Planta atractiva para abelhas e borboletas.
Na Grécia Antiga esta flor era dedicada a Hipnos, o Deus do Sono e a Morfeu, o Deus dos Sonhos. As estátuas de Demétrio eram decoradas com papoilas. Os Romanos dedicavam esta flor à Deusa Ceres. Segundo a lenda, Ceres vagueava pela Terra e não conseguia encontrar o que procurava. Então os outros Deuses decidiram cultivar papoilas. Certa vez a Deusa colheu as papoilas e caiu num sono profundo, quando acordou reparou que havia ainda muitas para colher. Desde então que o florescimento das papoilas está relacionado com a época das colheitas. Os Ucranianos consideram a flor como sendo o símbolo do Amor e da Beleza. Os Alemães como sendo símbolo de Fertilidade. Os Siberianos espalham papoilas nas pernas dos recém-casados, para que tenham uma família feliz e muitos filhos. Mas, na China as papoilas estão relacionadas com crenças más.
FERRAGUDO . TERRA DE NATÁLIA
A tarde ia adiantada e despedi-me desconvindo; este não foi o pedido que fiz a Repsina mas ele, creio, quis esquecer coisas menos boas nas suas recordações. Não era bem esta cena a pretendida mas, de todo o modo aqui fica a homenagem viva ao meu amigo Repsina, modesto senhor da sabedoria, pensador encantado, companheiro de muitas imaginadas viagens.
O Soba T´Chingange
MOKANDA
“MIRANGOLOS”
MIRANGOLOS
Em modesta confraternização de Natal no Pescador do Sítio de Vale dos Reis, tivemos a grata presença do Soba de Portimão que ouviu atentamente os quentes mujimbos do Ultramar na presença de CALU, dono da xitaca de Vale de Parra para os lados de Albufeira. A transcendência desta Mokanda é pelo facto de termos atentamente ouvido a explanação do Emabaixador do Kacuacu, o BONIBONI da Katumbela. A nobreza presente ficou sensibilizada nas palavras proferidas, tendo este proposto a admissão de CALU, pelo que, aceite as insígnias e sendo declarado em próxima assembleia pagar a Gasosa que lhe é devida:
Para que conste no Reino de Manikongo e se arquive na Torre do Zombo, aqui fica a distinção de nomeação de KONDE DOS MIRANGOLOS E MANDATÁRIO DOS MANGUITOS DO GIRAUL, o acima descrito plebeu de nome CALU, afiançando ser genuíno cabeça de Pungo, distinto, com paludismo no seu ADN e conhecido por Fernando Brazão Beira Grande pelo que assim, foi reconhecido pelos presentes a saber:
- Soba de Portimão, Valério Guerra; Conde do Grafanil (Rei aposentado); Soba T´Chingange; Comendador dos Vale D´el Rei; Visconde do Musssulu, Senhor de Cienfuegos, "Derruba" do Chivinguiro; Marquês do Limpopo; M´Fumo Manhanga; M´bika Homem Rico e o Embaixador do Kacuacu, Boniboni.
Boniboni teva a gentileza de ofertar a todos, banana seca do Cavaco.
E, para que conste, deu-se como aceite sem demais formalismos, com desejos de BOAS FESTAS entre os presentes.
O Soba T´Chingamge
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“ A presa da Moura”
PRESA DA MOURA
A origem desta pequena represa junto à praia de Vale da Lapa, pelas argamassas usadas juntando as pedras, leva a crer remontarem ao período de dominação romana. As técnicas usadas em construção nos séculos I a III antes de Cristo e o coliseu de Roma que se manteve em funções até à queda do Império no ano de 476, são em tudo semelhantes a esta argamassa. Esta tinham uma percentagem de gesso e cal aérea ao que se juntava aditivos de gordura animal, ceras e resinas do látex da figueira que aqui havia em abundância. Pode perfeitamente ter sido construída quando das reconquistas de localidades importantes tais como Évora, Beja, Badajoz e Sevilha.
Ao longo da costa havia necessidade de criar condições para a salga e conserva de peixe pelo que, as linhas de água potável eram usadas como abastecimento aos residentes, marinheiros, guardas das vigias e zeladores de salinas.
A TORRE DE VIGIA
A presa da moura, originalmente deveria ter uns seis a sete metros de altura o que me leva a supôr provocar uma reserva de 15.000 metros cúbicos de água potável.
A costa era frequentemente fustigada por ataques de mouros, leoneses e portugueses da Lusitânia; como um primeiro aviso às invasões por mar havia as vigias que se alinhavam ao longo da costa em toda a bacia Sul do Mediterrâneo e costas da Ibéria.
A seguir à queda do Império Romano, os Visigodos tomaram dois terços da península Ibérica na parte Sul e aqui se mantiveram entre os anos de 418 e 741, data da invasão Muçulmana substituindo o reino visigodo de Al-Andaluz.
O LEGEDO DO EIRADO E A CISTERNA
Foi a partir do século VIII que as lendas das mouras encantadas que guardavam tesouros, a que se associaram florestas, rochedos, serras e fontes, numa tradição oral que prevaleceu nos cultos pré-cristãos chegando até os nossos dias. Assim, podemos encontrar lendas de mouras em toda a costa Sul da Ibéria como a lenda da Moura Salúquia da actual cidade de Moura que em 1554 recebeu o título de Notável Vila de Moura, por D. João III de Portugal.
Depois da invasão árabe, entre a lenda e a história, constatou-se em vários lugares a importância duma Moura.
Há no Vale da Lapa umas quantas levadas nas encostas pedregosas, construidas desde então, que serviam para irrigar pequenas hortas dos socalcos separados por muros de suporte em pedra solta. Creio que a água armazenada naquela represa dava para gerir durante todo o ano as irrigações dos produtos hortícolas.
BAGAS DE AROEIRA
Nesta pequena bacia dos barrancos de Vale da Lapa, há agora o reino da aroeira, a palmeira anã, a erva rasca, travisco, zimbro, as cãndiolas e tantas outras a que chamamos no seu todo de carrascos, resistindo ao calor tórrido de verão pela brisa húmida do mar que entra no lugar da presa, junto à praia.
Algarve é um legado árabe que nos deixou muitas palavras como o oxalá (se Alá quizer) que fazem parte da nossa cultura.
Se houver consciência na preservação dos coutos, reservas naturais e legados históricos, poderemos ainda passear por este património ecológico pertença dos mourinhos, gralhas, melros pegas e cucos, e até zorras (raposas).
(…Continua)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“Circuito da aroeira”
Deus não é algo externo a nós, mas sim a nossa essência mais profunda. A verdadeira satisfação na vida consiste em nos conhecermos melhor, livres do tempo e da forma de estar nele ; libertarmo-nos de pensamentos compulsivos de nagatividade, acima de tudo.
Este domingo percorri o circuito de manutenção fisico e espiritual da aroeira; na espectativa de vêr o vapôr entrar na barra, subi as escarpas com neutrinos a bombardearem-me o corpo à velocidade invisivel da luz. Não cheguei a tempo de ver o vapôr mas, senti- me livre e satisfeito na vontade de chegar a qualquer coisa que a natureza nos dá. E, ví-me na via láctea, um bairro celestial com cem milhões de galáxias ultra luminosas; com a luminosidade que nos chega das das 240 luas. E, a natureza estava ali exposta para meu deleite.
A TORRE DE VIGIA DA LAPA
Na natureza vi a vida na insignificância aparente, brotar da rocha, apurando os meus sentidos. O relacionamento com a natureza não é aquele romântico sistema defeituoso que se vicía entre sentimentos de agressão, hostilidade ou a afeição a que se chama amor. É um outro relacionamento. É um espaço de fluxo da mente, um amor que nasce além dela, a mente, sem os lampejos ilusórios que nos fazem sentir vivos.
LIRIO DE SETEMBRO
Sentir a natureza pulsar naturalmente, faz-nos sentir vivos sem manipulações, raiva, cinismo, controle, ressentimentos ou egocêntrismo.
A necessidade de ter sempre razão esvazia-se entre cardos e ruidos do mar, discutir, criticar, julgar, culpar, agredir, irritar ou vingar. E, os bandos de gralhas negras passam em rasteiros vôos a temorizar investidas.
FLÔR DE CARDO EM SETEMBRO
Ali, naquela existência dedicada a nós mesmos, valorizamos a necessidade de tantos outros precisarem de nós, que nos desejam e nos fazem sentir especiais.
Mas, em toda aquela imensidão continuamos pequenos!
( Continua...)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“ Emoçóes do passado”
A FALÉSIA
Uma palavra ou um conjunto delas, nada mais é do que um meio para alcançar uma meta, um fim. Como um letreiro, a palavra perde o interesse se não fizer parte dos nossos quereres, anseios ou ilusões.
Hoje, fugindo da palavra, percorri o promontório rochoso da minha praia, desci a escarpa até às águas transparentes em tom de esmeralda. Entrei no mar, soro de vida e, abrindo os olhos debaixo dela cheguei ao meu interior, uma fronteira dentro do meu corpo; como que retornando à vida uterina vislumbrei o encanto do presente; fui mais além das funções corporais básicas de como respirar, comer, beber, dormir, sentir prazer e dor. Vislumbrei um estado de libertação voltando ao meu próprio corpo como um impulso instintivo carregado de prazer.
Na areia, entre pedras, haviam outro corpos nús que se moviam sem envergonhados tabus de mortificação da carne; como animais que eram, acontecia a naturalidade do ser.
A PRAIA
A intencidade do ser interior reduz o processo de envelhecimento ao corpo físico na forma de perdão; perdoar é uma forma de deixar desprender os nossos ressentimentos, é não oferecer resistência à vida, permitindo que ela aconteça.
Quando as emoções do passado permanecem dentro de nós, tornam-se parasitas, cohabitam conosco alimentando-se de nossa energia e isso, deixa-nos invariávenlmente doentes e até podem tornar a nossa vida miserável.
Uma emoção pode permanecer dentro de nós por dias, semanas ou anos construindo-se num ego monstruoso que persiste sempre com a discordia e conflito.
Naquele momento do mergulho no “soro da vida” da minha praia e, presente o acúmulo do tempo psicológico do passado libertei alguns falrripos de coisa ruím das minhas células.
Entre algas tento fortalecer o meu sistema imunológico.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“AL: Homenagem a Aláh - ALGAR: - Gruta de piratas”
D.SANCHO IO CONQUISTADOR DE SILVES
Decorridos que são talvez uns 1527 anos do início da ocupação Árabe do Algarve a partir do ano 483 da nossa era, é curioso destacar a mestiçagem do índigena daqui, podendo-se assinalar embora que diluidas no tempo, caracteristicas diferentes da restante Ibéria.
O encanto das festas, transpôem comemorações a lembrar conquistas mouriscas na forma de mastros em festas dos tão populares bailes de hoje; a recordar a victória dos Mouros pendem estandartes como na batalha de Guadallete ganha aos cristhãos.
O jogo do pau quebrando um pote com destria de montaria como o faziam os Godos ou Visigodos, a devoção ao Santo António e as procissões a Nª Sª do Rosário, o manejo dos instrumentos musicais do tipo da lira do Nero Romano, um embrulho de longínquos costumes e crenças, duelos entre mouriscos e góthicos; gente mussulmana com romanos ou mesmo gente mais escura, alforriados do norte de África, à mistura com fugidos piratas aportando nos algares, escondendo tesouros.
Pelo ano de 1189 um grande frenesim com naus de cruzados penetram no estuário salgado do Arade com geito de rio largo aportando no ilheu de Nº Sª do Rosário a umas escassas duas léguas da barra. Essa foi a primeira conquista de Silves por D.Sancho I. Nesse então Silves tinha o nome de As-Shilb.
Destronando superstições e encantamentos de mouras encantadas e guerreiros de Alláh contra Cristhãos e sua cruz o pão que hoje se amassa e se leva ao forno com a pá, em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo, leva também essa cruz no amassar do pão com a mão:
- S. Crescente te acrescente;
S. Quevedo te alevede;
Santa Maria
Te faça pão de alegria
Nesta terra de cantos, encantos e quebrantos, com segredos do toque traduzido no figo. Benza-o S. Luiz; Benza-o Deus! E, quanto ao figo e para tudo sabermos transcreve-se o que o cronista Silva Lopes descreveu: “…As figueiras de toque produzem fruto três vezes ao ano. Os primeiros vêm em Abril e caem sem amadurecer em Setembro e Outubro. Os segundos figos aparecem no fim de Setembro e ficam na árvore até o fim de Maio ; neste tempo descobrem-se os terceiros e é em Junho ou Julho que se apanham estes figos de verão, e se enfiam em nervuras de palma ou junça em cordão que se pendura nas demais figueiras que necessitam de toque. Nenhum destes figos é bom para comer ; a natureza destinou-os só para polinizar e amadurecer as demais figueiras. Certos mosquitos poem ovos nesses figos em Outubro; ali se geram vermes na forma de larvas que se tornam em outros mosquitos qu picam em Outubro os figos de Inverno, caindo em seguida. Estes, no Inverno contêm os ovos ali depostos os quais se desenvolvem em novos mosquitos que irão picar no olho dos outros figos que se irão reproduzir mais gordos. São exactamente estes figos de toque de Junho ou Julho com que se fazem os colares a pendurar nas arvores de boa casta. São eslas as figueiras de enxairo, vindimo, três num prato, o côteo e outros.
O ALÉM DO SOBA T´CHINGANGE
A natureza guarda-nos segredos surpreendentes como estes. Tem que se saber usar os pesticidas, saber das marés, das luas e dos ventos para assim se atingir o topo da mestria ou sabedoria. Infelizmente todas esas coisas simples, se vão abandonando por falta de conhecimento profanando inconscientemente o instinto da vida.
“Xicululu: - Olhar de esguelha, mau olhado, olho gordo”
Da lavra do
Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“Xicululu: - Olhar de esguelha, mau olhado, olho gordo”
Numa missão de cumprir dever sem corpo-delito, entro no catravés da estória mastigando sapiência sentada. No silêncio do meu sobre-consciente eufórico, cadavez mais de alma arrepiada, dispus-me a depenicar os velhos idos tempos em que os concilios regiam os povos.
Fiquei a saber que por via dum apanhado de sacristia feito por Egica no XVI Concílio de Toledo que Alarico, um antigo comandante Godo cavalgou comigo desde a Escandinávia até às Hespanhas e Turdetania, submetendo Alanos, Suevos e Vandalos passando a dominar a Ibéria. Isto é descrito de forma suscinta até à invasão Árabe lá pelo ano de 483 da nossa era, para que não me julguem nos dias de hoje por malefícios passados.
Enquanto permaneci em Ossonoba, por ódio aos Romanos e, porque eramos Arianos, expulsámos aqueles outros passando nós a usufruir as suas mordomias banhando-nos nas lindas termas de Milreu. Aquela que viria a ser a futura Lusitânia já desde o periodo paleolítico, neolítico, e dos metais ferruginosos era uma conturbada terra de ursos e leões e desde os séculos III antes de Cristo os Romanos viram-se gregos (uma forma de dizer) para dominarem aquela gente armada de artelhos e ossos envenenados. Um nobre Romano conterrâneo de Sertório foi dizer ao Cézar de Roma que ali naquela ponta da Turtedania havia gente bravia que não se governava nem se deichava governar
Estrabão, o filósofo escritor, diz no entanto que aquela gente conhecida por Cunetas eram os mais reputados e doutos de todos os hespanhoes pois que já usavam gramática, monumentos escritos, poemas e leis em verso.
Por ordem do rei Eurico, por ali fui ficando treinando com as espadas de aço toledano; e, por ali me liguei a uma catraia morena, d´olho azul de Arandis* que outros chamam de Ossonoba; numa terra que tinha o seu nome e, todos eles descendentes dos primitivos nativos daquela terra, trogloditas do Arade e depois da pedra lascada, e polida, e silex em forma de setas; enfim eram estes os Turdetanos Cunetas.
Alarico, o meu rei de então, aproveitando a decadência dos Romanos com nossas gentes tomaram a Grécia, penetraram em Roma e atacaram as Gállias; e, daqui sairam dominando a Península.
Ariano de alto gabarito eu, um confesso prelado almocherife sem entusiasmo, adiáforo bacharel de linhagem, mantive-me por algum tempo em Tarif-al-Alaraf mas, de bem relacionado com os homens doutos na lei, fui enviado a Estoy a gerir comércio do estuário com os Gracios e as terras do domíio Godo. Por ali permaneci com Oppas algum tempo, envolto em ciumes e invejas e, sendo eu o Conde D. Julião chamei os Árabes a vir ocupar o trono Gothico e, assim foi; vieram a vencer as tropas do rei Rodrigo na batalha de Guaddalete. Para me livrar de traição ao rei usei em combinação com os Árabes o falso pretexto de que o rei Rodrigo violara a minha filha dona Cava.
SILVES . ANTIGA SEDE DE ARANDIS
Seu nome próprio era Florinda mas, o povo dizia ser ela uma mulher corrompida (cava em àrabe), da má vida. E, assim se conta a história em verso:
… Assim perde dom Rodrigo a sua grande batalha
Também perde Andaluzia, e também perde Granada;
Guaddalete outra não vira, tão fera e tão pelejada!
Toda Hespanha se converte em poderosa Moirama.
Dom Juliano e dom Oppas*, Dona Cava assim vingaram…
*Oppas, arcebispo de Sevilha que aspirava subir ao trono Gothico substituindo Rodrigo assediou-me e eu, D. Julião mancumonado com ele, ambos nos insurgimos traindo o rei por nós contestado.
E, o Al-Garbe ficou Mouro.
* Arandis: Nome antigo dado a Estombar que partilha com Garvão do Alentejo sua legitimidade
Da lavra do
Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Os leões do vale e da Lagoa
O cachorro Tigre corria na frente, orelhas arregaçadas, focinho suspiroso procurando no tufo d´aroeira a ladina raposa ou o coelho fintador, ou um saca-rabo vira-casaca. Tigre e eu, passeávamos aposentadoria antecipada por entre carrascos, arruda e espinheiros, recolhendo espantos de mar azul até ao horizonte.
Desencantado com a política, curtia o espaço reclamando por não ter sido ouvido e considerado em tempo. Sempre mal interpretado, passeava angustias em arribas da costa por despeito e abandono. O poder dá azo a más partilhas e não basta se-lo, é necessário parece-lo.
Contornando algares, pulando pedras por carreiros sinuosos, descia e subia as encostas do Vale da Lapa, do Carvoeiro, da Senhora da Luz e da Encarnação.
Em tempo de eleições soavam canções de apelo nos arredores; sons que vinham duma outra encosta que não era minha, nem nossa, um lugar de convencimento. Avizinhava-me de cabras que se encarrapitavam nas rosas-de-cão, zambujeiros, tremocilho e restolho de mato.
O Sol despontava chispando quentura de Outono; Vendo o mar conjugava os verbos vencer ou perder e,... Ainda não eram doze horas da manhã e estavamos a oito dias das eleições.
Naquele alvoroço dum meio dia, com zunzuns nos ouvidos, misturavam-se barulho de mato com motores de barcos na labuta quase extinta da pesca ou, sabe-se lá,... aventuras.
Por debaixo daquele céu azul, o ar aquecia ondulados cantares de rolas, toutinegras, gralhas e gaivotas assustadiças.
Sacolejando corpo e ossos, expúnhamos-nos a roliçada queda quando, de repente, Tigre eriça o pêlo, era um Leão Rosa!... Rosa e de punho cerrado ali estava guardando uma indevida exclusividade. Sou eu o rei da selva, da Lagoa, afirmava de olhos arregalados.
Não!... Não pode ser!
- Olá, Leão! Cumprimentei-o a medo!
-“ Bom diiiia,...(rugiu). Eu sou o rei desta Lagoa, desta costa!”. Peremptóriamente o bicho falou!
Fiquei pior que estragado! Encardido de probabilidades, sufoquei um grito de denúncia. Não,... este grito eu não sufoco! O nosso jardim à beira mar, está em risco, vamos intervir no voto, este Leão Rosa é nefasto.
Mas, não me sentia preparado para discutir com um rei Leão Rosa! E, não é que, perante a minha estupefacção, riu na minha cara! Riu,...riu,...riu,... saí dali sem jeito de rabo entre as pernas como o Tigre por falta de apoio dos meus Kambas (companheiros).
Senti-me um cidadão andrajoso, “mendigo do nosso património”, quando também na outra costa, diviso um grande bode, cornudo a vigiar o reino do Leão. Isto é miragem, só pode ser.
Alforriado sem grandeza, despojado de feituras ou diabruras, substimado a uma humilhante usurpação dum espaço, contornei os atropelos, abandonado.
Desgostoso, subi ao Torreão da Atalaia, vigia de invasões antigas vindas do mar; fechei os olhos, senti o tempo correr e, vi negros abutres feitos gente, tomarem conta da Lagoa do Puto, um muito mau indício.
Uma aroeira, supera qualquer espírito, mesmo sendo de um Leão.
De ventas esbugalhadas, num modo feio, Leão fitou o cachorro. O cão Tigre, guardador de chibas, só tentou por encarrapitanço; ás arrecuas saiu encrespado de bafo quente e, eu também.
No Torreão da falésia, a nostalgia estava escrita com rasgos na pedra; um lindo sítio para perpetuar aventuras e, mais tarde, recordar como um farol de vida e história desenhada porque, uma vida sem memória não é uma verdadeira vida.
Naquela falésia perfilam-se lembranças como tufos desalinhados. A velhice entorpecia o futuro e, o futuro parecia ir aprisionar o passado!
Na minha Lagoa o Psd (partido do Puto nos Allgarves) des-Carrilhou os amigos. Na minha Lagoa a Kianda atrapalha o voto.
O Leão Rosa Ps é só aparência; não acreditem em suposições; a obra feita de Inácio vale mais que todas as empatias.
Não duvidem, é a história que faz o homem e não o inverso.
Glossário: Kianda: espírito das águas (Quimbundo)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
OS FALCÕES DAS MINHAS PRAIAS
Ao longo da minha vida gozei de muitas e belas praias mas, umas houve que ficaram no canto da retina, surgem às vezes em pensamentos ou sonhos. Em Angola a praia da Samba em Luanda aonde aprendi a nadar, a surfar, a pescar, a bricar às jangadas com bidons roubados nas obras públicas é agora um amontoado de barracas com o nobre sputnik ferrugento em homenagem ao recente prócere Agostinho Neto; o morro da Samba foi desmanchado para tapar o meu mar, a minha praia, as mabangas e os carangueijos. Os falcões dali não eram pássaros, eram gente feitos “kwetzal”. Agora mudaram-se para o Mussulo, vuzumunam ali a sua petulância, prepotência e poder com bangula mwngolé.
Da Praia do Francês
Os verdadeiros falcões, pássaros mesmo, acompanham-me às vezes na minha outra praia do Puto, Praia do Carvoeiro no Algarve com suas recortada costa cársica aonde nidificam, ora roubando os ninhos já feitos à outra passarada, ora construindo-o em ranhuras de rasos arbustos; limitam-se a pôr os ovos directamente sobre a plataforma escolhida; não é raro também encontrar ninhos de Falcões em buracos de ruinas ou casas abandonadas.
São aves de rapina de presas diversas, de pequeno porte, pertencentes à familia dos Falconídeos. Têm as asas pontiagudas, um bico curto provido de uma pequena pretuberância córnea. O bico destas aves, proporcionalmente, é mais forte do que o das outras de presa e, as garras são formadas por dedos compridos com unhas aguçadas; os falcões de maior porte têm garras muito desenvolvidas para facilitar a captura. Os falcões de menor porte, conhecidos por Francelhe ou Peneireiros dedicam-se à captura de répteis. As fêmeas são geralmente maiores do que os machos podendo fazer a diferênça em 1/3 da massa corporal.
Das cinco espécies conhecidas em Portugal, naquela costa de Lagoa, Algarve, pode vêr-se o Falcão Peregrino e o Francelhe capturando pombos bravos ou gralhas. O Falcão peregrino caça sempre no ar, aproveitando a grande acelaração dos seus vôos picados que podem atingir a velocidade de quatrocentos quilómetros por hora. O Francelhe ou Peneireiro, é o ùnico “não ameaçado de extinção” e podem ver-se em grupos de cinco ou seis indivíduos em busca de alimento. O Falcão Peregrino é raro, restrito a áreas menos devassadas pelo homem.
Na praia de Messejana (de faz-de-conta)
Iniciei esta crónica para falar dos falcõe predadores feitos homens que surgidos de muitas latitudes da Globália ali foram parar, Algarve, tal como eu, só que alguns têm as garras demasiado afiadas e, falar deles é só criar contratempos. De longe, falo daquela costa Algarvia, património da gente que deveria ser resguardado da malvadez, da construçõa desemfreada e da utópica sustentabilidade tão apregoada.
Da praia larga do Francês, no Nordeste Brasileiro com 33 graus.
O Soba T´Chingange
O elefante milagreiro
Salomão, o Jamba de Saramago do ano de 1553, oferta de Dom João III a seu primo o Arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do Imperador Carlos V, passou por Pádua e fez tremer a queixada relíquia de Santo António de Lisboa e Pádua; o Salomão desta inventação de José Saramago fez um milagre à porta da catedral de Pádua. O conarca, homem condutor do elefante, burlão quanto baste, estava mancumonado com o bisbo e, eis que o dito cujo bicho de quatro toneladas, se ajoelha com as duas patas dianteiras, uma coisa nunca presenciada de um esquesito e trombudo animal. Um milagre por inteiro, diz o dignissimo relactor Saramago ao afirmar que a assistência presente no adro, em grande número, toda ela, acto contínuo se ajoelhou imitando o quadrupede.
Em troca, Salomão recebeu uma generosa aspersão de água benta com aquela coisa, um zingarelho de espantar espíritos que os bispos usam. Dentro da catedral a múmia do santo António estremeceu de gozo no túmulo, afirmação de gente muito crédula.
Esta estória dum ateu que se diz agnóstico, é tão ou mais macabra que as já muitas estórias aqui descritas pelo relactor vanguardista deste blog, o ilustre desconhecido T´chingange. Háka!
Não é que, o cornaca tirava pelos do cú do elefante para fazer pulseiras de macumba, vendendo estas aos fieis devotos ao santo.
E, não é que comprometeu sériamente nesta operação de trapassa e candonga o mui nobre Arquiduque Maximiliano da Áustria, como um vulgar Lello cigano da nossa praça numa corrupta ligação com inspectores da ASAE da ilha de Lançarote, 600 anos depois ( ou antes,...já não sei!)
O nosso ilustre Juiz da Festa, “jamba” de kognome, vanguardista de chave dourada do chã da Abrotea, vai ter de dar a sua abalizada opinião . Este transcendente assunto diz-lhe respeito, quase por inteiro!
Com esta bizarra estória apráz-me propôr aos portadores da catana dourada do kimbo que, aquando completar um ano de blog se atribua um galardão do tipo “o òscar de chocalho em cristal” ao melhor selecionado dum concurso do tipo fábrica de letras, a levar algures e, a efeito.
E,... como coincide com um 13 de Maio, uma data milagrosa, talvez calhe bem.
O Soba T´chingange
Palra a pega e papagaio . O meu cão fala.
No céu podem-se ver traços de nuvens brancas em contraste com o azul, de noite nada se vê mas sente-se o barulho do corredor aéreo na rota de aeronaves que rumam para África e vice-versa.
O Faísca de focinho alçado para o ar ladra, ladra insistentemente, o meu vizinho que é alemão d´Alemanha, já por duas vezes reclama, o cão não o deixa dormir, nem na sesta da tarde, nem até por volta da meia noite.
Curiosamente às vezes o faísca rosna em alemão, ou parece porque, assim virado para coisa nenhuma indispôem-se contra hitler e num ráz-tráz-páz morde o nada, de dentes arreganhados.
Em desomenagem a hitler o Faísca passou a ser o Fritz, pois ladra para a garagem hangar do neto do Von Richtofan com muita fúria, talvez um desepero antigo.
Sempre me fez confusão este comportamento, tratando-se de um cão do tipo chouriço raça indefinida em misto de pelo de arame e colli barbudo ou um cão de caça griffon; em princípio chamava-o de cão gay porque em vez de ladrar às visitas ou outras gentes, abanava o rabo e lambia literalmente as zonas desvestidas, normalmente as mãos, atirando-se descaradamente para o colo de qualquer um.
Na qualidade de dono, com vontade de ser simpático comecei a ver nele um cão que para demonstrar trabalho, agitava-se para todo o lado, passou a ser considerado como o cão proletário. O proletário Faísca Fritz Griffon Gay, demasiados nomes para um cão, diga-se em verdade.
Entretanto comecei a passear o proletário à praia do Vale da Lapa, um lugar de encanto, reserva integral, hídrica, paisagística, ecológica mas que tem sido desventrada com muros de alvenaria e rede até mais de dois metros e, o cão mostrando traça de caçador antigo fareja coelhos, melros e bichos escondidos em aroeiras, carrascos e mato próprio da costa marítima.
Um destes dias fiquei em cima da rocha meditando e traçando azimutes de vida, riscava no ar ensinamentos de Mikao Usui do Reiki, instrumentos de uso dos meus guias espirituais e o meu anjo Akascha e eis que o proletário Faisca Fritz, acerca-se de mim, toca-me na mão com o focinho, e fala.
Fiquei atónito, olhando o seu sorriso meio malandro, olhos reluzindo esperteza com focinho meio de lado.
- Sabes, disse ele, na outra geração eu fui piloto do terceiro reich, andei na segunda guerra e fiz muitas atrocidades a muita gente, fui posteriormente castigado como piloto na guerra do Vietnam até que morri no Delta do Mekong depois de bombardear com napalm popupação indefesa.
- Estou aqui de castigo e agora tu és o meu dono.
Ainda ando confuso, estupefeito; depois desse dia o proletário Faísca Fritz Gay, não mais voltou a falar no discurso directo e no primeiro cão do singular, mas continua raivoso com vôos de abelhas, pássaro grasnantes, aviões e tiros.
O meu cachorro é agora um pacifísta; à sua maneira denúncia as guerras estúpidas
É também um verdadeiro poliglóta.
Em terras do Puto
O Soba T´chingange
ASSEMBLEIA MAGNA
KIMBO LAGOA
AKTO RÉGIUM Nº ZERO
ASSEMBLEIA MAGNA
Aos três dias do Mês de Dezembro do ano da Graça de 2008,
Sendo comprovado estar o seu código genético impregado de paludismo de fina estirpe, o Soba T´chingange faz a entrega da “Yengué de Búzios com Caurins” em pele de bode, sua futura nobre capa a ser exibida em todas as Assembleias Magnas.
Neste dia, a 499 anos da posse do 1º Rei cristianizado com o nome de N´zinga-a-N´kuwu pelo Rei D. João I do Puto, é lavrado este akto para que fique registado na Torre do Zombo do kimbo, com os nomes e kognomes de todos os presentes:
TESTEMUNHARAM
- O Soba Tchingange –............................. 1º Vanguardista
- Dom Conde do Grafanil – O Actual Rei - 2º Vanguardista
dos PALOPS e concelheiro de Cienfuegos do
Mar da Pallha – .......................................3º Vanguardista
- Cipaio Mor N´Dalatando, Estagiário de 1ª do Acelerador de
particulas do Reino – .......................................4º Vanguardista
- O Kimbanda Guardião, Cipaio Ninja da torre do Zombo
- Armando, Homen rico e rotário da Rocha
- M´bika Kaputo, o Senhor do Chã da Abrotea
- O Exmo Comendador Salalé dos Vales d´el Rei
- Fidalga dos Santos de Ferro-Agudo
- Senhor das Estepes Kamalundu
- M´fuma Manhanga (Provisório)
- Juiz da Paz Fuca-fuca
- A Sobeta Maria Sesmeira e da Manhanga
- Catarino, Homem rico
- Paulo – Homem rico
- Pacheco – Homem rico
- Nobre – Homem rico
- Vicente – Homem rico
AKTO RÉGIUM Nº UM
ASSEMBLEIA MAGNA . PÓPIA DO REI DOM GRAFANIL I
FAZENDO MENSÃO DA PÓPIA DO SOBA T´CHINGANGE “A vida sem amigos, é um céu sem andorinhas”. Convosco, explorarei os recantos da amizade para também fazer da vida um espectáculo.
VENHO PERANTE VÓS SÚBDITOS DE LAGOA, DAR POR ACEITE ESTE TÃO HONROSO POSTO HOMOLOGADO NESTE AKTO.
PROMETO CUMPRIR E FAZER CUMPRIR O GESTO E TRADIÇÃO QUE VEIO DO NADA E CAMINHA PARA AS TERRAS DO NUNCA.
E, PARA QUE CONSTE, VOU COM O PILÃO MANGUITO DAR A BENÇÃO A TODOS VÓS PARA CUMPRIR COM A CADEIA DA FINA LINHAGEM.
E, PARA QUE POSSAM SUPORTAR A CRISE DA GLOBÁLIA, DAREI A VÓS O FRUTO MÍTICO DA NOSSA ÁRVORE , “A MÚCUA SAGRADA” DO EMBONDEIRO.
A TERMINAR, UM VIRÓ-VIRÓ DE FINA BOLUNGA
O DOM GRAFANIL I
J. V.
Assinado com pico de porco espinho, originário do lugar do Sumbe
AKTOS DA CERIMÓNIA . 3 DEZ. 2008
KIZOMBA – SÍTIO DO CHÃ DA ABROTEA
1º AKTO
- Abertura . Canto de duas primeiras quadras do Hino .
- Apresentação dos Nobres pelo Soba
- Viró-viró em homenagem ao 1º Rei Cristianizado
do Reino de Manikongo N´zinga-a-N´kuwu.
2ºAKTO
- Almoço dos Ungulus
3º AKTO
- Akto Régium da Kognomização do Rei do Grafanil I
- Cerimónia do Pilão Manguito
- Assinatura da Akta por todos com Nomes e Kognomes
- Oferta dos Símbolos e Insígnias ao Rei:
A - Lavagem de purificação em N´zimbo
Bantu (Zulu do Transkey)
B - Yengué de Nzimbos e Caurins, (Alma) em pele de bode
C - Partida da Múcua e frutos a dar aos súbditos
D - Leitura da Pópia Régia com cagança Bantu
4º AKTO
- Distribuição das prendas natalícias por numeração
- Encerramento com o 2º Viró-vira “O Béubeu do Rei” Dom Grafanil I
Extras: - Chave do Kimbanda Ninja da Torre do Zomba entregue
ao Rei simbolizando submissão ao Novo soberano
Dom Grafanil I
- Fruta do Reino: - Goiaba e Pitanga
Como agradecimento de bom Compinchão é dado o titulo de DOM e Senhor do Chã da Abrotea ao Exmo M´bica Kaputo.
Como AKTO final foram distribuidas prendas natalicias a recordar e perpectuar a fina linhagem do tecido humano que compõe a Kizomba do Kimbo de Lagoa, Súbditos do Reino de Manikongo.
O novo e distinto Rei foi baptizado e lavou as mãos em purificação com água do N´Zaire filtrada em N´Zimbo Zulu do Transkey.
E, Eu Soba T´chingange que dei posse ao REI DOM GRAFANIL I, auxiliado pelo Kimbanda Cipaio Ninja H. Neves, zelador da Torre do Zombo que substituiu o Bispo ausente, dou por aceite o AKTO por Vontade divina do Pai, do filho e Sobrinho Santo da Assembleia Magna.
O Soba T´chingange
MOPANE AO ALMOÇO
Estavamos a almoçar na Kizomba das terças quando e, falando das larvas que estão agora a matar as palmeiras da costa Algarvia, me recordei duma lagarta comestivel à venda ao público nos mercados na àfrica Austral; é mais comum ver a sua comercialização na África do Sul, Namibia, Botswana e Zâmbia.
Aquela larva não é agradável à vista mas é muito nutritiva e, pode vir a ser uma boa alternativa para socorrer povos com carência de alimentos proteicos.
Na África Austral, a lagarta mopane (Gonimbrasi ou Imbrasia belina) constitui uma verdadeira indústria. Não existem muitos dados sobre a quantidade de lagartas selvagens apanhadas anualmente ou o que representam nos rendimentos e na alimentação das populações rurais, mas estima-se que todos os anos sejam comercializados só na África do Sul 1,6 milhões de kg e que centenas de toneladas sejam exportadas a partir do Botswana e da África do Sul, para a Zâmbia e o Zimbabué.
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Para produzir 1 kg de carne de vaca são necessários, normalmente, 10 kg de forragem, mas há uma alternativa à carne de vaca, mais rica em proteínas e necessitando apenas de 3 kg de folhas de árvores para produzir 1 kg de lagarta.
Mas como para todas as coisas boas, se nada for feito tudo poderá acabar em breve. As lagartas têm sido sobreexploradas e em algumas zonas da África do Sul já se encontra extinta. Esta ameaça levou o etnoecologista Rob Toms e a sua equipa do Museu do Transvaal a estudar o conhecimento local sobre a lagarta mopane (também designada “Mashonza” ou “Masonja”). Eles descobriram que a maioria das pessoas, incluindo professores de Biologia, sabiam pouco sobre o seu ciclo de vida. Ela põe ovos, dos quais nascem pequenas larvas, as quais mudam de pele diversas vezes antes de atingir a maturidade. As lagartas adultas que sobrevivem à apanha deixam as árvores e transformam-se em crisálidas debaixo da terra.
É essencial deixar algumas lagartas nas folhas, na altura da colheita, para garantir uma nova geração, indo contra a crença local de que as lagartas vão para a terra para morrer. Os investigadores elaboraram um cartaz descrevendo o ciclo de vida da lagarta, que distribuem nas escolas e vendem na loja do museu para encorajar as pessoas a adoptarem uma forma de colheita mais sustentável para seu próprio benefício. Outra opção sob investigação é a domesticação da lagarta mopane para desenvolver uma indústria similar à do bicho-da-seda.
Este tema talvez possa ser mais desenvolvido pelo Nosso Exmo Dom Visconde do Mussulú, Embaixador Itenerante da globália e dos PALOPS, concelheiro de Cienfuegos do mar da palha e conhecedor dum tal escaravelho que atacou a minha palmeira Phoenix Canariensis. Se não me diz como atacar o dito escaravelho, os meus sinais exteriores de riqueza extinguem-se aqui.
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