NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM MARCIAL DACHALA
- Crónica 3682– 12.07.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Marcial Dachala "Salundilili" relembra que em eleições de Angola, queremos acreditar! Acreditar que para os dois órgãos de Soberania, sairão a élite política provenientes de vários partidos políticos. Um deles será o Presidente República e, o outro a Assembleia Nacional num total de duzentos e vinte e dois cidadãos (compatriotas).
Desses 222 eleitos, um virá a ser o Presidente da República - o indicado pelo partido ganhador; outro será o seu Vice Presidente. E todos, serão os verdadeiros representantes daqueles órgãos - Instituições do Estado. Duzentos e vinte serão os Deputados à Assembleia Nacional. E, nós necessitamos deste governantes como actuantes na defesa dos interesses mais nobres – queremos acreditar que assim o sejá!
São os actuantes com profundos e reais desejos de todos os angolanos. Dizemos actuantes e não actores porque a arte de representar, também pode significar fazer teatro ou cinema, fazer batota, enganar-nos ou metralhar nossos anseios em sermos bem governados com a qualidade de vida necessária.. Eles receberão o nosso mandato para serem os principais, mas não únicos,
Queremos que o sejam gestores das diferentes dimensões da nossa vida coletiva enquanto povo, organizado em Estado e sempre, na senda de construção duma Nação próspera. Nesta prespectiva da-se a saber que por nota de imprensa o Grupo Parlamentar da UNITA remeteu na tarde do dia 2 de Julho de 2025, cinco Projectos de Lei junto do Gabinete da Presidência da Assembleia Nacional
A fim de completar o pacote legislativo eleitoral já em discussão na casa das Leis. Dos 5 Projectos de Lei ora remetidos de iniciativa do Grupo Parlamentar da UNITA, 4 são de alteração a leis já existentes, enquanto 1 é novo no ordenamento jurídico angolano, nomeadamente:
1- Projecto de Lei Sobre o Exercício do Direito de Oposição Democrática;
2- Projecto de Lei de Alteração da Lei n.° 22/11, de 17 de Junho – Lei da Protecção de Dados Pessoais;
3- Projecto de Lei de Alteração da Lei n.° 22/10, de 3 de Dezembro – Lei dos Partidos Políticos;
4- Projecto de Lei de Alteração da Lei n.° 10/12, de 22 de Março – Lei de Financiamento aos Partidos Políticos;
5- Projecto de Lei de Alteração da Lei n.° 11/12, de 22 de Março – Lei da Observação Eleitoral.
Marcial Dachala "Salundilili"
Com estas iniciativas, o Grupo Parlamentar da UNITA pretende contribuir para que se crie em Angola um quadro legal que garanta eleições livres, justas, transparentes, democráticas e credíveis de acordo com os princípios universais e regras da SADC.
O Grupo Parlamentar da UNITA contou com a contribuição de vários segmentos da sociedade civil, para o enriquecimento dos Projectos de Lei agora remetidos à Assembleia Nacional, mantendo abertura para mais contribuições e melhoramento destas e outras iniciativas, ao nível dos debates na generalidade e especialidade, bem como noutros fóruns de diálogo interparlamentares, interpartidários e outros.
Luanda, aos 3 de Julho de 2025 - O Grupo Parlamentar da UNITA
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações actuais de Marcial Dachala "Salundilili", do G.P.UNITA e, de T´Chingange na diáspora…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM MARCIAL DACHALA
- Crónica 3680 – 26.06.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Em termos genéricos e segundo os Cadernos de Estudos Africanos, podemos afirmar que em África e, particularmente em Angola, as dificuldades da oposição em chegar ao poder são, por um lado, devido aos constrangimentos e obstáculos criados pelos partidos no poder e, por outro lado, resultantes de incapacidades próprias.
Em Angola, no que se refere aos constrangimentos criados pelos partidos no poder, são de vária ordem, tendo na base, um forte fundamento securitário dos regimes que os suportam. Desde a independência aos nossos dias, pouco mudou na forma como o poder foi estruturado e, tudo indica continuar mete estado de letargia. Quando um Estado organiza eleições, mobiliza lealdades e neutraliza a oposição por via da instrumentalização do medo. Quando assim o não é, há certamente corrupção
Ao entrar para a Presidência, em 2017, João Lourenço adoptou uma estratégia híbrida. O Presidente escolheu reformar o suficiente para sobreviver a várias crises, mas não reformar o suficiente ao ponto de uma tal reforma representar uma ameaça à hegemonia do MPLA.
A UNITA é, inicialmente, um sonho. É dono deste sonho o Dr. Jonas Malheiro Savimbi. Assim o diz em seus escritos Marcial Dachala “Salundilili”. São estas vivências envoltas em sonhos que forjaram, nele Jonas Savimbi, sólidas convicções que configuraram, sua em nossa mente. Nesta partilha do sonho nasceu o projecto com raízes, valores: patriotismo; a liberdade; a democracia; a solidariedade e a justiça social…
Também as culturas nacionais e; a agricultura como medula espinal da economia. São estes valores que emolduraram o projecto UNITA. Tudo, é articulado em princípios de liberdade de independência do angolano e da pátria. É na democracia que advêm o direito como orientações supremas de organização e funcionamento do estado e da sociedade…
Pessoas sábias ensinaram-nos: "os grandes rios, na sua origem, são apenas pequenos fios de água". Na mesma senda alguém disse " um só pavio pode incendiar toda uma pradaria". Assim é, na verdade, a UNITA: uma amálgama de sucessivas gerações de militantes.
À geração fundante coube lançar, com muito sacrifício, o projecto lutando de armas na mão contribuindo para o derrube do colonialismo. Ela é este fio de água e também este pavio. Apenas pela e com democracia o angolano pode realizar-se material e espiritualmente, competindo à própria UNITA tudo fazer, internamente, para pilotar, em benefício de todos os angolanos.
Este é aqui e agora, o gigantesco desafio para a elite da nossa UNITA em estreita aliança com as diferentes elites da nossa angola: alcançar o poder de estado pelo voto. Com o verdadeiro espírito fundador da UNITA, lá chegaremos. É este o melhor acerto dos caminhos que devemos trilhar para o sermos: poder. Meu mistério é perante vós, querer e fazer querer – Kwacha!
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Imagens aleatórias de Costa Araújo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e Wiquipédia…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM MARCIAL DACHALA
- Crónica 3677 – 25.04.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Foi nos anos de 1987 a 1989 que tomei contacto com Marcial Dachala, da UNITA e, que só muito mais tarde vim a saber ter o nome de guerra de "Salundilili". Creio que Dachala, era nesse então, o Representante Adjunto da UNITA em Portugal. E, sendo eu, Presidente do Comité de Lagoa do M´Puto na Diáspora, era lógico termos frequentes encontros em lugares, por norma, combinados quase em cima do acontecimento.
Em Portugal e naqueles anos, o meu telefone estava grampeado pela Policia Secreta Tuga - Foi o tempo de em Portugal se dar luta sem justificação plausível à UNITA durante aquela guerra na sequência do primeiro conflito de tundamunjila e, que culminou na Batalha de Kuito Cuanavale entre 15 de Novembro de 1987 e fins de Março de 1988.
Foram sempre encontros de grande empatia. Normalmente almoçávamos em casa de um militante e, em pleno mato, pois era em verdade um caserio envolto em ruinas, no meio dum descampado, no lugar de Alfanzina da Freguesia de Porches. Era ai, na casa de Veiga que, por norma nos encontrávamos.
Veiga recordava com saudade a fazenda de seu pai chamada de Chitatamera situada perto da cidade da Gabela. Agora, sou eu a recordar este amigo que já se foi para seu álem de Chitamera, lá nas nuvens… Posso recordar Dachala deliciando-se com as patas da galinha da gostosa canja que a esposa de Veiga nos preparava.
Os churrascos de pica-no-chão eram sempre feitos com grande esmero; tudo acompanhado com jindungo, daquele que picava p´ra caramba e a que Veiga chamava de onoto - só ele, lhe dava esse nome dizendo que cheirava a chibo. Ali levávamos horas repassando recordações acompanhadas com acepipes que Veiga, ali fazia, na hora…
Naquele então, Portugal estava totalmente submisso ao governo do MPLA, movendo-se por interesses de lesa-pátria e por esquerdoidos saídos dum tal de MFA que se perpetuaram no tempo. Sabiam de todos os nossos passos e, até mesmo em kizombas de amigos se faziam notar à socapa; socapa aonde estranhos, pareciam sondar tudo sobre nós e o Movimento UNITA que virou Partido de âmbito Nacional. Tempos espantados de inquietude.
Revejo isto agora, que já vamos longe no tempo., omitindo o dizer de coisas para segurança dos meus heróis, gente incógnita que não abandonaram os ideais de liberdade. Recorde-se que a Batalha de Kuíto Kuanavale foi o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana. E, aconteceu no sul de Angola, província de Cuando-Cubango…
Era muito agradável dialogar com Dachala Salundilili politico de primeira linha. Sempre dizia as coisas de um jeito perfumado: A UNITA é, inicialmente, um sonho. É dono deste sonho o Dr. Jonas Malheiro Savimbi. Este sonho é resultante das profundas marcas em sua vida. Desde o lar paterno passando pelos diferentes meios onde, socialmente, foi chamado a exercer-se. Assim o foi, tanto como estudante como depois como activista…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e Wiquipédia…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU
- Crónica 3676 – 19.04.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Para terminar este capitulo de vida de Abel Chivukuvuku até à presente data convêm frisar que, nove dias após a legalização do partido por si liderado PRA-JA Servir Angola a 7 de Outubro de 2024, o Presidente João Lourenço nomeia-o membro do Conselho da República de Angola a 16 de Outubro de 2024.
A vacatura no referido Órgão, foi conhecida por uma nota divulgada na página de Facebook da presidência angolana. Este Órgão colegial consultivo do Chefe de Estado integra a Vice-Presidente da República, a presidente da Assembleia Nacional, o Procurador Geral da República, os líderes dos partidos políticos com assento parlamentar, a vice-presidente do MPLA e entidades da sociedade civil, como o jornalista Ismael Mateus, recentemente falecido.
Chivukuvuku integra também a Frente Patriótica Unida (FPU) uma plataforma criada nas eleições gerais de 2022, liderada pela UNITA e coordenada por Adalberto Costa Júnior, coadjuvado por Abel Chivukuvuku e pelo presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes.
Na abertura do ano parlamentar, o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola Adalberto Costa Júnior, considerou que a legalização do PRA-JA Servir Angola teve motivações políticas, alegadamente para desestabilizar a Frente Patriótica Unida (FPU), garantindo que a plataforma da oposição "está estável".
"O Tribunal Constitucional não dependeu completamente de si. Esses factores vieram de terceiros para que essa vontade fosse cumprida e hoje acaba por nos testar de que o tinha capacidade de poder constituir formação política nos termos da lei dos partidos políticos", afirmou à DW, o jurista angolano Manuel Cornélio.
Nos Cadernos de Estudos Africanos pude recordar e apreender que a guerra acabou permanentemente em Angola, mas o combate político apenas continua. As eleições de agosto de 2022 mostraram-nos que a população votou pela mudança e que existem fortes indícios de que a oposição poderá ter efectivamente ganho as eleições.
No entanto, esta mesma oposição não conseguiu definir uma postura estratégica para que a verdade eleitoral fale mais alto do que o medo. Os próximos dois anos continuam difíceis para a oposição em Angola. A Frente Patriótica Unida terá de preparar uma estratégia para sobreviver até 2027, organizando-se melhor para tentar garantir a verdade eleitoral no próximo pleito eleitoral de 2027.
Entre outras possibilidades, colocam-se à oposição duas vias de acção estratégica. Uma primeira via poderá ser a de continuar no sentido que vem seguindo, da crítica apaziguada com debates no Parlamento e alguns comícios e pronunciamentos públicos sobre injustiças e violações da lei. Uma segunda via poderá ser a de encetar uma luta política de atrito, que desgaste o regime e o exponha cada vez mais. Defende-se neste texto que só a segunda via poderá garantir alguma hipótese de sucesso para a oposição, denunciando a corrupção, a falta de emprego e a inerente sempre perene vida de pobreza…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa e Wiquipédia…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU
- Crónica 3675 – 14.04.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Chivukuvuku lamentou a sua retirada da UNITA mas, declarou que a sua decisão resultou da necessidade de trilhar um novo caminho e, também por não lhe restarem outras alternativas. O antigo dirigente da UNITA, Abel Chivukuvuku oficializou a sua saída do maior partido da oposição angolana juntando mais de duas centenas de apoiantes num acto que marcou a sua apresentação como candidato presidencial.
E surge uma nova etapa na vida do Abel. À nova organização política encabeçada por ele, Chivukuvuku, foi chamada de Convergência Ampla de Salvação Nacional (CASA), O Congresso Constitutivo desta organização política, acontece nos dias 3 e 4 de Abril de 2012; para além de Abel Chivukuvuku constam Odeth Baca Joaquim e Augusto Makuta Nkondo, na qualidade de fundadores desta larga coligação e, com a nova designação de CASA-CE…
Esta coligação (CASA-CE), faria frente tanto a UNITA e Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), quanto ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). A CASA-CE uniu as seguintes agremiações partidárias: Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Partido de Apoio para Democracia e Desenvolvimento de Angola – Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido Pacífico fundação esta coligação consegue atrair André de Carvalho Miau sido do MPLA…
Em sua primeira eleição, no ano de 2012, elegeu oito representantes para a Assembleia Nacional, conseguindo aproximadamente 6,0% dos votos. Nas eleições de 2017 a coligação teve resultado ainda mais robusto, dobrando o número de parlamentares.
Em Fevereiro de 2019 Chivukuvuku foi destituído da liderança da CASA-CE, tomando seu lugar André de Carvalho Miau, e depois Manuel Fernandes que tentou fundar o "Partido do Renascimento Angolano-Juntos por Angola" (PRA JA-Servir Angola), mas que teve o pedido indeferido sendo obrigado a refilar-se à UNITA para participar das eleições gerais de Angola de 2022
Nas eleições de 2022, porém, a coligação CASA.CE, teve seu pior resultado, perdendo todos os assentos do parlamento. Manuel Fernandes como cabeça de lista, teve o seu pior resultado eleitoral, perdendo todos os 16 assentos das eleições de 2017.
A 7 de Outubro de 2024 o Tribunal Constitucional de Angola, legaliza o PRA-JA. A instância de justiça considerou que a Comissão Instaladora do partido de Abel Chivukuvuku, obteve luz verde. Assim, o dito Orgão, entendeu legalizar o PRA-JA porque preencheu todos os requisitos exigidos por lei, quatro anos depois de um chumbo.
Para surpresa de muitos políticos de nomeada, das várias áreas politicas, instigam tão alta distinção dando azo a polémica por esta nomeação, Abel Chivukuvuku que foi nomeado numa quarta-feira (16.10.24) pelo Presidente João Lourenço como membro do Conselho da República. Chivukuvuku, presidente do recém legalizado partido PRA-JA Servir Angola, vai ocupar a vaga deixada pelo jornalista e escritor Ismael Mateus, falecido recentemente vítima de acidente, em Luanda.
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Ilustrações aleatória de Costa Araújo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa e Wiquipédia…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU
- Crónica 3673 – 30.03.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
... «O plano, tratou de questões como a desmilitarização da UNITA e a sua reestruturação num partido político reconhecido e legítimo»… Uma amnistia geral a fim de promover a reconciliação nacional, a reposição da administração do Estado em todo o território, a aprovação duma nova Constituição, a elaboração de um registo eleitoral antes de realizar eleições e a promoção da tolerância e do perdão.
As partes beligerantes assinaram o Memorandum de Entendimento. Este foi assinado no dia 30 de Março de 2002, no Luena, província do Moxico, entre as chefias militares. Foram figuras de destaque: General Nunda da parte do Governo e General Abreu “Kamorteiro” da parte da UNITA.
Alguns dias depois assinou-se o Memorandum Complementar ao Protocolo de Lusaka. A Cerimónia de assinatura realizou-se no Palácio dos Congressos no dia 4 de Abril de 2002, em Luanda, e assinado pelas chefias militares nomeadamente: General Armando da Cruz Neto, então chefe do Estado-Maior das FAA e General Abreu “Kamorteiro”, chefe do Estado-Maior da UNITA.
O dia 4 de 2002 é assim lembrado na História de Angola como o dia da Paz, pois nesse dia foi assinado o Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka, pondo-se assim fim a cerca de 41 anos de guerra em Angola. De lembrar que logo a seguir o IX Congresso da UNITA que elege Isaías Samakuva como Presidente do Partido, Abel Chivukuvuku, destaca-se em seu “Estado-maior da Campanha”.
Abel Chivukuvuku que foi líder da bancada parlamentar da UNITA entre 1997 e 1998, foi secretário para os Assuntos Parlamentares e director da candidatura de Isaías Samakuva à presidência da UNITA, no congresso de 2003, onde foi eleito Secretário para os Assuntos Constitucionais e Eleitorais. A UNITA Renovada e outros elementos dissidentes foram neste então, reintegrados…
Assim, no X Congresso Ordinário, que teve lugar em Viana, Luanda de 16 à 19 de Julho de 2007 surgem dois candidatos: Isaías Samakuva e Abel Chivukuvuku. Desta feita Isaías Samakuva é reeleito à Presidência da UNITA. Este Congresso debateu vários aspectos com maior realce na realização das segundas eleições em Angola, 16 anos depois das eleições de 1992, sendo estas, as primeiras eleições gerais.
O afastamento voluntário de Chivukuvuku de liderança da UNITA pós-Savimbi consolidou-se em 2007, pois que, concorrendo isoladamente contra Isaías Samakuva para a presidência da UNITA é derrotado. Esta derrota, confinou-o desde então ao papel de mero espectador da cena política angolana.
A UNITA, concorrendo às eleições parlamentares de Angola em Setembro de 2008, obteve pouco mais de 10%, tornando-se num partido com poucas condições para exercer funções efectivas de oposição. Manifestando desde 2010 a sua insatisfação com e postura intransigente e pouco pragmática da UNITA e do seu presidente, Isaías Samakuva, Chivukuvuku demite-se como membro da UNITA, fundando em Março de 2012 um novo movimento partidário…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa e Wiquipédia…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU
- Crónica 3672 – 22.03.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Abel Chivukuvuku passou, entre 1987 e 1988, a ser o representante adjunto da UNITA em Portugal, cargo que veio depois também a ocupar no Reino Unido, e entre 1988 e 1991 representou o movimento junto das Nações Unidas e dos países da Europa do Leste.
Exerceu as funções de deputado, sendo líder da bancada da UNITA em 1997/1998. Em 2001 foi enviado pelo partido para licenciar-se em relações internacionais na Universidade da África do Sul, especializando-se na mesma instituição em administração do desenvolvimento e Comunicação.
Após a morte do Mais-Velho Jonas, a UNITA tornou-se num partido civil abandonando a luta armada. E, terminada a Guerra Civil, em 2002, Chikuvuku, foi eleito para as funções de secretário para assuntos parlamentares, constitucionais e eleitorais da UNITA.
Teremos assim, de recordar o IX Congresso para se seguir a ordem temporal. Este Congresso Ordinário que teve lugar em Viana, arredores de Luanda, entre 24 e 27 de Junho de 2003 e, depois do Memorando do Luena, teve dois momentos marcante: - Primeiro Congresso sem Dr. Savimbi, líder fundador; um Congresso com múltiplas candidaturas, a saber: Isaías Samakuva, Lukamba Gato e Dinho Chingunji, tendo sido eleito Isaías Samakuva como o novo Presidente da UNITA.
Recordando o Memorando de Entendimento do Luena, foi assinado a 30 de Março de 2002, entre as chefias militares do governo (MPLA) e da UNITA, dias depois da morte em combate a 22 de Fevereiro de 2002, do Presidente Fundador da UNITA, após uma ofensiva impiedosa.
Aquela ofensiva, foi dirigida pelo governo contra a UNITA e seu líder, na sequência do fracasso dos Acordos de Bicesse em1991 entre o Governo (MPLA) e a UNITA, na pessoa dos seus mais altos mandatários, respectivamente, José Eduardo dos Santos e Jonas Malheiro Savimbi; assim terá de constar nos manuais da História de Angola.
As esperanças do povo viram-se goradas (frustradas), quando nos finais do ano de 1992 o país voltava a cair noutra guerra sangrenta que ceifava vidas, destruía bens e consumia grande parte dos recursos e energias do país. A guerra generalizou-se a todo o país, desenvolveram-se esforços políticos e diplomáticos para parar a guerra, porém sem êxitos.
Com a morte de Jonas Savimbi em combate a 22 de Fevereiro de 2002, inúmeros passos foram dados nas semanas que se seguiram à sua morte. Um cessar-fogo entrou em vigor à meia-noite do dia 13 de Março de 2002, fazendo parte dum plano de quinze pontos elaborados pelo governo para preservar a paz. O plano tratou de questões como a desmilitarização da UNITA e a sua reestruturação num partido político reconhecido e legítimo…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa e Wiquipédia…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU
- Crónica 3671 – 17.03.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
E, sucedeu que Savimbi após ter aceite informalmente o lugar de Vice-Presidente, a conselho de Hassan II o seu grande amigo e rei de Marrocos, entre outros, levam o Mais-Velho Jonas a rejeitar tudo quanto até então havia acordado com o governo angolano, logo após os encontros realizados no Gabão.
E, tudo isto porque a nomenclatura do MPLA, de forma indevida, incluiu um outro Vice-Presidente para o governo de Luanda. É Abel Chivukuvuku, que esteve ao lado de Savimbi naqueles preliminares encontros que assim descreve: Em verdade, um V.P. indicado pelo MPLA e o outro, sendo Savimbi, logicamente, ficaria este preterido em uma segunda ou terceira linha na hierarquia…
Só lhe restava recusar! Para isso, convoca o III Congresso Extraordinário para sentir do partido o necessário aval, considerando haver uma suposta visão democrática sem muxoxos desviantes. Este Congresso, ocorreu entre os dias 20 à 27 de Agosto de 1996 no município do Bailundo – Província do Huambo.
Este Concresso,versou fundamentalmente sobre a recusa da oferta da segunda Vice-Presidência ao Dr. Jonas Malheiro Savimbi que reafirmando o engajamento da UNITA na implementação do Protocolo de Lusaka, o deitaram por assim dizer, no lixo…
Abel Chivukuvuku que passou a ser assistente político do presidente da UNITA, Jonas Savimbi, continuou a manter contactos com José Eduardo dos Santos, presidente de Angola. Em simultâneo, exercia as funções de deputado como líder da bancada da UNITA. Pode depreender-se daqui que Chivukuvuku, só mesmo pela sua alta dedicação e seu alto gabarito diplomático, poderia manter-se incólume e, em cima de um muro resvaladiço.
Nos últimos dias de 1996, Abel Chivukuvuku e Isaías Samakuva são convocados para um encontro com o líder, Mais-Velho Jonas Savimbi. Neste então parecendo estar com um bom humor, Abel relembra-o dizendo que quando o queria, podia ser um homem encantador com procedimentos de grande intimidade, e sempre auscultando de nós edecéteras desavindos….
Quando finalmente, conversa adentrada na noite, petiscando falas no meio de eriçados verbos, bebendo para além do dito razoável, Chivukuvuku aventura-se em falar o que lhe vai na alma dizendo ter sido a sua carreira um adjunto vitalício. Adjunto em Kinshasa, adjunto de Sacala em Lisboa, adjunto de Samakuva em Londres.
E, continua: adjunto de Jardo em Washington, adjunto de Salupeto em Luanda. Dizia tudo isto com Savimbi estudando-o de rosto fechado. Na sala todos os presentes estavam hirtos e mudos, como estátuas. Abel embalado na excitação continua a falar: - Foi preciso o Tony da Costa Fernandes fugir, para eu assumir o cargo de Secretário dos Negócios Estrangeiros!
E, no fim sou eu que lhe quero derrubar!? A você que tem tropas, guarda-costas, polícias?! Jonas Savimbi atira a cabeça para trás, como se estivesse adormecido – começa a ressonar… A esposa Catarina, tremendo de frio e medo sacode o marido, deixa-os ir embora… Savimbi desperta ou finge que assim é despedindo-se num até amanhã. Surpresa ou não, Abel é em seguida nomeado Presidente do Grupo Parlamentar da UNITA …
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa e Wiquipédia…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU
- Crónica 3665 – 19.02.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto
E, Zé Mulato continua, colocando banga de odisseia em sua descrição: - Deviam ser cinco horas da manhã. Nós alvejamos o primeiro carro e, depois, aquele aonde ia o Abel e Chitunda. O carro bateu numa botija de gás e parou. Abel saiu do carro, e rastejou até uma casa de madeira aonde entrou. Eu pulo o muro para um quintal no momento em que o dono sai aos gritos.
Muito descompensado o dono grita: «Ele está lá dentro! Ele está lá dentro!». Entro de rompante e dou uma coronhada naquele vulto de gente que ali está na, sala estilhaçada. Agarrando-o em seguida, saio para a rua e, logologo somos cercados pelos meus homens que reconhecem nele o Chivukuvuku, pois nem é de admirar porque ele era já uma figura pública kwacha, e muito vista na TV.
Mata! Mata! É Chivukuvuku. Exaltados todos têm vontade de o matar. Sacudindo os mais próximos grito: Ninguém toca teste senhor – vai ter de ser interrogado e morto, não fala. É quando surgem dois polícias a tentar afastar aquela multidão que já era uma mistura da minha gente com “fitinhas” na cabeça e muitos outros populares que também se excitavam de punhos nos ares.
Só depois de fazerem uns quantos disparo para o ar a malta pareceu ficar mais tranquila. Eis quando chega um chefe mais graduado da polícia - O que se passa aqui?! Chefe, nós apanhamos o bandido do Chivukuvuku! Uau, o chefe puli fala disparates: -Mato quem voltar a tocar no meu primo malangino, Abel Chivukuvuku! Num silêncio assombroso alguêm diz: Abel não é malangino, chefe!
Com todos muxoxando quentes asneiras, o chefe graduado berra mesmo! Claro que é! Ninguém toca nele. Assim foi! Carregaram nele até à esquadra do Sambizanga. Entretanto Abel, esvaia-se lentamente em sangue atraindo mosquedo, coisa feia. É quando chegam dois tanques e de um deles sai um fardado General …
Carlos Coelho da Cruz, o General Faísca do MPLA, está na porta da esquadra; diz que vem buscar Abel Chivukuvuku. O próprio General Faísca, ergue o ferido e leva-o até ao tanque dando ordens ao seu subordinado o Coronel Sousa dizendo a Abel: Ele irá zelar pela tua segurança. Por fim, o tanque do Coronel chega ao Hospital Militar.
C.A. Mais tarde, é Abel Chivukuvuku que, ainda combalido, descreve: Eu achava que morreria antes mesmo de chegar à sala de operações. Achava que, no mínimo os médicos cubanos me cortaram as pernas. Decorridos alguns dias, Abel recebeu a visita de Higino Carneiro, o General 4x4, que sentando-se ao lado da cama esforça por ser afável…
Naquele poder de 4x4, o General Higino fala: O Jeffrey Davidow quer levar-te para a América mas, eu acho que isso não faz sentido nenhum. Estás na tua terra, és angolano, não há motivo para te ires embora, portanto, ficas aqui! Sob negociações, Abel foi libertado conjuntamente com Norberto de Castro, um antigo radialista afecto à UNITA…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU
- Crónica 3664 – 15.02.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto
O bloqueio era mesmo um inferno! Balas rompiam vidros e metal enquanto a viatura chocava com cortinas de pneus empilhados e encastrados em troncos, vigas e vigotas de cimento, botijas de gaz descartadas e farpas de todo o tipo de material encontrados pelas milícias nas últimas horas; todo o tipo de bugigangas que podessem ser utilizadas como obstáculo…
Abel, apenas sentia um gelo terrível nas pernas; rastejou até à porta da casa mais próxima que a custo, abriu a porta e entrou. Despiu a camisa e o colete à prova de balas rasgou a camisa, e com o tecido desta improvisou garrotes para controlar a hemorragia em ambas as pernas, abrigando-se em seguida debaixo de uma cama.
Morre kwacha, morre kwacha! Morre! Foi o que atemorizado, ouviu vindo do lado de fora, com gritos, muitos gritos entrecortados por tiros, ora esporádicos ora de rajada. Na eternidade de um segundo, pela mente de Chivukuvuku passavam imagens da Missão do Dondi com seus mestres, o capitão Vinama Chendovava. Também recordou Kalakata, seu mestre fintador na arte de guerrilha.
Despertou com uma violenta explosão provocada por uma granada que estrondou na sala… Ouviu então: Tragam gasolina - vamos queimar o gajo! Eu vou, chefe Zé Mulato, estou indo… Foi neste então que que Abel Chivukuvuku gritou com toda a sua força, quase como um ultimo grito. João Mulato! Não queimem a casa! Sou o Abel Chivukuvuku.
Após um silêncio ouviu-se: Seu kwacha de merda, eu não sou João, sou Zé! Novo silêncio. Alguém sussurrou ao chefe ser mesmo a voz desse tal Chivukuvuku, um grande da UNITA, e veio então a resposta: És mesmo tu, Abel Chivukuvuku?! Sim, foi a resposta, sou eu! Pois então, sai com as mãos no ar! Não consigo, foi a resposta de Abel.
Fui atingida nas duas pernas! Sai, filho da puta, kwacha sundiameno… por fim, apoiando-se a uma das paredes, num gigantesco esforço, conseguindo ficar de pé a muito custo gritou: Zé Mulato já estou na sala de pé! Ele, Epalanga Chivukuvuku descendente em linha directa do grande rei Ekuikui II estava cercado por uma algazarra de ébrios milicianos emepelistas de fitinhas coloridas, parecendo talibãs…
Estava a ficar longínquo o tempo, quase uma miragem de quando era um promissor jovem que fazia renascer a UNITA das cinzas – um “jovem intelectual” saído daquela missão do Dondi no Andulo. Tinha então 19 anos e, dando novas perspectivas ao Galo Negro… O Abel Chiukuvuku que na base “Quadrado”, esteve à frente dos Serviços de Inteligência, Informação e Contra-informação era agora, um farrapo de gente a ser levado para o Hospital Militar de Luanda.
E, foi Zé Mulato, comandante das milícias do Sambila (Sambizanga) a relembrar a seu modo, o que por ali se passou, naquela noite de 1 para 2 de Novembro de 1992: No Sambila estávamos todos armados; as entidades superiores do governo do MPLA, deram-nos arma AK, DKM e muitas granadas e, também material de comunicação. Inicialmente, erguemos barricadas para impedir que os homens da UNITA fugissem para Kikolo ou para a mata.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU
- Crónica 3663 – 12.02.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto
Embora já o soubesse, pude recordar no livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa que, este, nasceu a 11 de Novembro do ano de 1957, dezoito anos antes da data da independência de Angola, sua terra. Com um nome que significa “bravura”, estava reservado para grandes feitos sobrevivendo a duas quedas de avião durante a guerra civil…
Sobreviveu a um atentado, uma terrível tentativa de linchamento, conspirações e ameaças, sem nunca ter perdido a alegria de viver, de ter uma grande capacidade de perdoar e, até dialogar com perícia com seus inimigos. Chivukuvuku evoca o passado e o presente com as dificuldades experimentadas por homens livres que nunca desistiram de assim o serem.
Chivukuvuku, nasceu no Bailundo, coração da nação Ovibundo. Uma das sua mortes foi noticiada às cinco da tarde na Rádio France International no dia 1 de Novembro de 1992; neste então era também anunciada a morte do engenheiro Jeremias Chitunda. Não foi o que aconteceu mas, receando que assim o viesse a ser, manhã cedo, ambos se retiraram da residência oficial de Jonas Savimbi situada no Bairro Miramar..
Foram saltando muros até entrarem à residência que supunham pertencer ao embaixador de França. Enquanto ouviam ao longe o ribombar das explosões, iam trocando medos em seus pensamentos; o maior de seus receios era caiem nas mãos dos milhares de milícias jovens, armados pelo governo e, que corriam pelas ruas de Luanda ao gritos.
Jovens com fitinhas coloridas amarradas à cabeça. Muitos destes “fitinhas” eram em verdade filhos dos chamados “pioneiros” que tomaram parte muito activa nos anos de 1974 e 1975 que semearam o terror por toda a Luanda, assustando as gentes do asfalto e, numa acção de suprir carências militares por parte do MPLA – manobras orquestradas por militares de esquerda portuguesa e tendo como timoneiro o Almirante Rosa Coutinho.
Os dois kwachas, Abel e Chitunda ali escondidos, passado algum tempo ouviram gente chegando e falando uma língua estranha; eram seguranças filipinos que montavam guarda à casa do director da Chevron. Muito dos moradores do bairro, optaram por abandonar o local nos dias anteriores, por receio de confrontos e também pelo facto de terem a vivenda de Savimbi bem perto.
Depois de explicada a situação aos filipinos, estes acharam por bem que por ali ficassem tendo-se retirado em afazeres no exterior. Assim ficaram temerosos de o serem denunciados mas, passado algum tempo, novas vozes, de novo e agora, felizmente, era gente sua que chamando por seus nomes lhes disseram terem sido enviados pelo brigadeiro Katolessa.
Katolessa que era o chefe da guarnição da residência de Savimbi também não estava certo de como fazer numa destas situações. Chivukuvuku e Chitunda só tinham em pensamento fugir, sair de Luanda até alcançar sua gente aonde quer que fosse e em direcção ao Dondo. Sua fuga foi feita através de densa escuridão, com luzes apagadas; num repente irromperam algures no meio de um inferno com as balas a bater contra a carroceria…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA
- Crónica 3657 – 15.01.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
- “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto
Estava escrito nesta frinchas aleatórias que a Jamba era o centro nevrálgico alfa no tráfico de marfim, diamantes e madeiras preciosas. Savimbi teve de recorrer a este património mas, o governo mwnagolé da Luua, despifarrou muito mais em proveito seu, dos filhos e de toda a nomenclatura.
Agora, mais kota, recordo que as interrogações entre mim e Mac Guiver faz-de-conta, sucumbiram em sorrisos, um indício de quem sabe, mas desconhece, perpetuando uma amizade de cavandelas... Mas, mantinha-me fiel à figura de Alcides Sakala, guerrilheiro impar e diplomata de fina estirpe que para não sucumbir de fome, teve de sobreviver durante longos meses comendo mel e casca de mandioca cozida.
Alcides Sakala Simões nasceu no Bailundo a 23 de Dezembro de 1953. É ainda um político angolano da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e membro da Assembleia Nacional de Angola. Em 22 de Agosto de 2024 escrevia em sua página: «O momento é de reflexão, concertação e diálogo, para os angolanos concretizarem a alternância que vai trazer a mudança. Uma mudança patriótica, democrática e inclusiva, nos marcos da Constituição e da lei.
O povo que representamos está mais pobre, mais miserável, passa fome, enfrenta penúria, desemprego, morre de fome e sobrevive da indigência, por isso, o Grupo Parlamentar da UNITA não pode estar satisfeito com o desempenho da Assembleia Nacional. As leis e resoluções aprovadas não tiveram impacto relevante na melhoria da qualidade de vida das pessoas, das famílias, dos trabalhadores e das empresas.
Não basta legislar; é necessário que as leis sejam justas e tenham impacto positivo na vida dos cidadãos. A fiscalização e o controlo exercidos pela Assembleia Nacional deveriam ter contribuído para a boa governação, transparência, responsabilização dos governantes, erradicação da fome e da pobreza e a construção de uma sociedade de justiça social e económica, de dignidade, prosperidade e felicidade das pessoas.
A corrupção aumentou, o favorecimento de empresas do regime aumentou por via da contratação simplificada e ajustes directos, o Estado de Direito retrocedeu, os principais referentes do Estado Democrático, como a liberdade de expressão, o tratamento igual dos partidos políticos, foram violados e desapareceram da prática de governação.
Todas as semanas ocorrem denúncias e relatos de execuções sumárias, graves violações dos direitos, liberdades e garantias fundamentais, o país tem presos políticos por delito de consciência. Aumentou a intolerância politica, até os Deputados da Assembleia Nacional não foram poupados; a maioria dos angolanos está desesperado.
O Estado está falido e governado por uma Constituição que não é a da República de Angola. Nesta hora difícil para a grande maioria das famílias angolanas que passa fome e não tem esperança de viver o presente nem o futuro, o Grupo Parlamentar da UNITA, vem reiterar o seu comprometimento de servir as angolanas e os angolanos»
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da página de facebook de Alcides Sakala
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA
- Crónica 3655 – 09.01.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto
Neste hiato de tempo entre o ano de 2000 e os sequentes anos do presente século que entre, durante, e após a morte de Savimbi, deram continuação ao projecto desse líder que sempre o será recordado como um exemplar patriota, não obstante haver desaires em seu percurso. Memorias e escritos de personagens que engrandeceram a UNITA destacando-se como lideres, guerrilheiros, conceituados militares e, ou diplomatas de craveira…
E, relendo memórias de um guerrilheiro de Alcides Sakala posso lembrar: De rio em rio, muxito em muxito, como leões cautelosos, agachando-se por debaixo de espinheiras, espevitavam odores do embaciado ar da manhã. Pé ante pé galgavam mais uns metros penetrando o olhar por entre as copas das árvores, captando helicópteros das Forças Armadas de Angola.
O cerco apertava os guerrilheiros resistentes da UNITA. As descrições dos ouvidos dando conta ao menor estalido de um graveto, ou um chinguiço ressequido partindo o silêncio da mata. Ali, todos os ruídos significam um perpetuar da vida ou a morte. São sobrevivências que nos levam aos rios da salvação nem sempre fáceis de transpor.
Passo às descrições do livro do meu ilustre mano, mais velho na aparência do que na idade verdadeira. Também é a homenagem a um homem que merece ser referenciado, porque ele é parte integrante da história contemporânea de Angola. Foi dele que recebi um galo em madrepérola que orgulhosamente ostentei na lapela.
Do embrulho atado em meu baú com entrançadas e improvisórias matebas releio de novo partes do livro: “...Para nossa surpresa a delegação do Governo era dirigida pelo General Implacável. Mesmo assim, o ambiente manteve-se calmo e distendido. O facto de ter sido o General implacável a dirigir a delegação das FAA distendeu ainda mais o ambiente.
Estávamos sentados, frente a frente, em uma mesa construída de paus frescos, com a delegação do Governo de Angola. Vinham bem vestidos, fardados a rigor e com bom aspecto físico, luzidios e perfumados. Alguns gordos demais para as circunstâncias. Era um contraste físico extraordinário. Mas, mais do que o aspecto físico, o mais importante era o simbolismo político desse acto. Os nossos corpos falavam por si e transpareciam a dura realidade das dificuldades em que vivem os guerrilheiros.
Tinhamos os corpos debilitados mas uma inteligência esmerada e vigilante para a defesa dos nossos legítimos interesses. Divididos por essa longa e difícil guerra fratricida, resultante de um nacionalismo fracturado, acirrado pela Guerra Fria, selávamos com o governo do MPLA, nas margens do rio Luconha, uma nova parceria, como aliados para a construção da paz e da reconciliação nacional.
Ficavam, assim, para trás, os nossos mortos, os heróis da resistência de Angola, os protagonistas da grande epopeia de combate pela conquista da liberdade e da democracia, entre os quais o timoneiro da Revolução dos pobres de Angola, Jonas Malheiro Savimbi, Presidente Fundador da UNITA, tombado heroicamente nas matas do leste no dia 22 de Fevereiro de 2002.
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, do livro de Alides Sakala
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Crimes na Jamba
- Crónica 3649 - 12.12.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Acontece a partir desta data a “Operação Madeira” por via de Jonas Malheiro Savimbi originar variadas tentativas na aproximação aos militares portugueses. Face ao domínio português no leste, o MPLA de Chipenda alia-se à FNLA. Em Kinshasa, estes, criam o Conselho Supremo de Libertação de Angola (CSLA), presidido por Holden Roberto.
Esta criação foi efémera pois que nesta altura o MPLA dependia quase exclusivamente da ex-URSS e seus satélites. A FNLA , dependia dos Estados unidos da América e Europa e esta combinação não resultaria como é óbvio. A tal de “Operação Madeira” teve como intermediários Jonas Savimbi e o general Bettencourt Rodrigues e, tendo como mediador o madeiro da povoação de Cangumbe chamado Duarte Oliveira.
O tenente Sabino apareceu sempre como o negociador por parte da UNITA. A UNITA comprometeu-se a não atacar os madeireiros e a tropa instalada naquele vasto Leste. Por esta via reptícia ambas as partes faziam seu jogo do gato e rato. Á UNITA, era-lhe dado bens logísticos a fim de sobreviver em banho-maria como e vulgar afirmar. Este acordo beneficiava os madeireiros, a quem a UNITA com muita frequência, incendiava suas serrações e camiões de transporte.
Mas, Savimbi com a conhecida sua habilidade de manobra atacava por vezes e de surpresa; o diálogo entre as “NT do M´Puto” Savimbi, foi retomado numa segunda fase que é agora conhecida pelo “pacto de não-agressão”. Savimbi e o então Secretário-Geral do Governo da Província Ultramarina de Angola, coronel Soares Carneiro.
Ambos se auspiciam em contactos tendo por intermediário o padre António de Araújo Oliveira, um fervoroso defensor da UNITA mas, só até este tomar conhecimento de alguns crimes na Jamba, nomeadamente pela queima de pessoas vidas. Antigos líderes da UNITA acusaram Savimbi de manipular as crendices populares e valer-se de feitiçaria em julgamentos, esquartejando, afogando e queimando dissidentes políticos como feiticeiros.
Mantinha um controlo do poder impiedoso, assassinando quem pudesse vir fazer-lhe frente. Apesar das ligações aos americanos, nutria grande desconfiança em relação à CIA e o seu primeiro chefe do estado-maior, coronel Waldemar Chindondo, militar distinto que foi um dos primeiros-oficiais negros do exército português, foi acusado de ligações à CIA e executado.
A viúva de Chindondo, Alda Juliana Paulo Sachiambo Chindondo, mais conhecida por Mana Aninhas, passou a fazer parte do harém de Savimbi, foi eleita presidente da Organização Feminina da UNITA em 1984, representante do movimento nos Estados Unidos, Portugal, Bélgica e Alemanha e líder da bancada da UNITA no parlamento angolano. Orneias Sangumba, que estudou ciências política na Universidade de New York foi outro dirigente do movimento morto por ser alegadamente agente da CIA
Com o título de Galo Negro em inglês (“The Black Cockerel”), existe uma peça teatral sobre Savimbi, da autoria do nigeriano Ademola Bello, o primeiro africano a obter um mestrado em arte dramática pela Universidade de New York.“The Black Cockerel” estreou em Junho de 2008 numa encenação da companhia do Out North Theatre de Anchorage, Alaska, onde o autor reside; esteve longe de ser um sucesso, mas teve pelo menos o mérito de atrair o interesse de Hollywood para a vida de um dos maiores líderes africanos.
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Ilustrações de Assunção Roxo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do jornal Expresso do
M´Puto e página do SAPO
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Crimes na Jamba
- Crónica 3648 – 10.12.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Como podemos nós acrescentar à ciência o entendimento de simplicidades tão abrangentes; uma mão amiga! As pedras surdas e mudas que não podem testemunhar porque elas têm seu próprio destino, transformar-se em pó, e nós, em coisa nenhuma. Para provar que o que tem de acontecer acontecerá, haverá sempre um milagre a alterar o curso do destino, pequeno ou grande!
Desta feita tem o nome de “Kikas Xirikwata”, no feminino, que move vontades e ternuras a alterar este simples destino, seu toque milagreiro de bem-haja, pequenas de grandes coisas que fazem a diferença! Ora, relembrando: No ano de 1970 e 1971 com o lançamento da operação “Siroco” e “Rojão RH” a região do Leste de Angola é completamente dominada após a realização de operações especiais aos quais participaram Comandos…
Comandos, Páras, Fusos e o Esquadrão a Cavalo estacionado em Silva Porto, actual cidade do Cuíto. As autoridades portuguesas instauram um prémio de 100 contos a quem entregasse Jonas Savimbi, vivo e, outro de 50 contos, pela cabeça de Antunes Kahali, um comandante da UNITA conhecido pela prática de sua crueldade.
Mas, num agora posterior, “os periclitantes novos membros estão profundamente preocupados com as repetidas acusações de abusos dos direitos humanos em Angola e, em particular, às mortes de Tito Chingunji, Wilson dos Santos e suas famílias. “A situação fica particularmente delicada porque “Tito” alegou que o seu plano beneficiava de apoio actuante da CIA”.
São desconhecidas as movimentações de Backer mas, é conhecida a carta que o presidente e vice-presidente da “Senate Select Comité on Intelligence”, respectivamente David Boren e Frank Murkowski, enviaram a George Bush: Podemos nunca saber quem foram os responsáveis por estes crimes, mas o Dr. Savimbi tem de aceitar a responsabilidade pelo facto de terem ocorrido na jurisdição controlada pela sua organização politica e militar.
O facto de estes acontecimentos, terem acontecido depois da paz ter chegado a Angola, deixa-nos apreensivos. Espera-se por isso que certas e especificas acções sejam tomadas por ele, Jonas Savimbi que comanda o movimento UNITA. Voltando ao Antunes Kahali, este, decepava os órgãos sexuais dos militares portugueses abatidos, expondo-os com frases insultuosas nas aldeias e carreiros ali chamados de picadas.
Diz-se que o major Vitor Alves arrecadou o prémio apresentando uma cabeça que não era a de Kahali pois este soube-se ter falecido na Jamba em uma data posterior. Nesta mesma altura, o MPLA cria um grupo chefiado por Manuel Muti que tinha a obsessão de matar Savimbi. Fracassada essa tarefa, Muti adere à “Revolta do Leste” e acabando por mais tarde se entregar às “NT- Nossas Tropas”
NT, era talqualmente como se davam a conhecer as tropas do M´Puto em seus relatórios. Foi no lugar de Ninda que este aventureiro da guerrilha se entregou. Com o MPLA derrotado militarmente no Leste, Portugal desencadeia nova operação especial contra as bases de Savimbi, saldada por elevado número de baixas entre os guerrilheiros…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, do jornal Expresso e página do SAPO
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NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Crimes na Jamba
- Crónica 3645 – 27.11.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
O Fórum Democrático Angolano – FDA, constituído por dissidentes da UNITA, na diáspora, espalha por Lisboa do M´Puto um cartaz que dizia: SOS Jamba. Savimbi liberta Tito Chingunji e Fernando Wilson. Sabia-se que Savimbi mantinha na Jamba detidos sob coacção, Pedro Ngueve Jonatão Chingunji conhecido por “Tito” e, Fernando Wilson dos Santos.
Tito era delegado da UNITA nos EUA desde 1988 e Wilson, era-o em Lisboa desde o ano de 1986. Ambos eram acusados de conspirar contra Savimbi. tendo sido julgados em Fevereiro de 1989, coincidindo com o desaparecimento do engenheiro Chitunda. Soube-se a seguir que estas três figuras de destaque do Movimento o foram declarados culpados e presos…
Do relatório da Amnistia Internacional desse ano é referido que “em resposta a manifestações internacionais Tito Chingunji foi solto por curtos períodos, coincidindo com delegações estrangeiras de visita à Jamba. Fernando Wilson e Tito, foram vistos com vida pela última vez em inícios de 1991. O mesmo relatório refere: foram acusados de feitiçaria pelo que e, como era hábito foram queimados juntamente com membros de sua famílias em Março de 1982 e Setembro de 1983…
Passo aqui, por cima de algumas descrições pormenorizadas e penosas no entendimento humano. Marcial “Yemene” Hamukwaya, ex-chefe de pessoal da UNITA acusado de ter criticado o envolvimento militar da África do Sul na Província de Cunene no Sul de Angola, foi mais um dos militares do Movimento do Galo Nego, morto em fins de 1984.
Em 1982 Tony da Costa Fernandes, fundador e Ministro dos Negócios Estrangeiros da UNITA e Miguel Nzau Puna, antigo Secretário-geral, na altura da dissidência, Ministro do Interior e da Ordem Pública da UNITA, anunciam o seu desvinculamento do Movimento, justificando que “Savimbi, não estava a respeitar os acordos de paz” e, “não querendo pactuar com os planos diabólicos de que Savimbi gizava para Angola”.
São Tony Fernandes e Nzau Puna que contam ao Mundo o assassinato de Tito e Wilson com as respectivas famílias…Em um desesperado apelo à comunidade internacional, que não foi correspondido, pedem a exumação e autópsia dos corpos. São contados horrores na forma de execução atribuídas a um sobrinho de Savimbi, membro do grupo de segurança designado de BRINDE - segurança interna do Movimento…
Em carta datada de 11 de Março de 1992 destinada ao Secretário de Estado Norte-Americano James Backer, Jonas Savimbi admitiu as execuções de Pedro Negueve Jonatão Chingunji, “Tito” - delegado da UNITA nos E.U.A. e de Fernando Wilson, delegado da UNITA em Lisboa, assim como toda a família, de ambos e, respectivos guardas pessoais, por via de “actos de alta traição”…
Ainda declara que haviam sido mortos em 1991 e não em 1992. A Amnistia Internacional contesta a Comissão de Inquérito da UNITA, fazendo saber ao movimento, que a mesma não obedecera aos “critérios geralmente aceites de independência e imparcialidade”. Na carta dirigida a Backer, Savimbi acusou “Tito” e Fernando Wilson de pretenderem envenena-lo: “Depois do regresso à Jamba, a 11 de Novembro de 1988, promovi um encontro entre nós e, alguns de seus amigos para discutirmos o que se falava.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do jornal Expresso e página do SAPO
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil
- Crónica 3643 – 19.11.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
A minha ligação a Carlos Morgado foi esporádica ao longo dos anos em encontros e seminários com elementos afectos à UNITA, como eu. Nesse então éramos vigiados em surdina pela polícia do M´Puto com telefones grampeados. Sabiam sempre os passos que dávamos embora não nos entorpecessem.
Tive oportunidade de sentir isso quando em um encontro com autoridades Namibianas com a presença do presidente e líder da SOAPO San Nujoma, este, em um “miting” à margem do rio Okavango no Divundu, ter feito recados indirectos como que avisos aos infiltrados da UNITA em seu país.
Afavelmente, San Nujoma, cumprimentou-me em particular, desejando uma boa estadia turística; ainda guardo a foto que tiramos à margem do rio Kubango (Okavango), vendo-se do outro lado as chanas de Angola. José Pedro Kachiungo, o meu mais directo responsável da UNITA nesse então, sabia que eu estava ali por opção própria, sem estar numa declarada revelia.
Fiquei em dado momento muito grato pelo convite de Carlos Morgado ter-me proporcionado um almoço a sós em casa de pessoa amiga na cidade de Lagoa no Algarve tendo-me deixado a melhor impressão nas ideias que trocamos. Ele, andava pelo país, contactando de perto com as células activas e núcleos do movimento em Portugal.
E, aconteceu: No ano de 2002, tropas do governo matam Jonas Savimbi a 22 de Fevereiro desse ano, na província de Moxico. Jonas Savimbi morre "de arma na mão", como "um militar", numa emboscada das Forças Armadas Angolanas (FAA), sexta-feira à tarde, junto ao rio Luio, sudeste da província do Moxico, ao fim de cinco dias de perseguição pelo mato.
"Sete tiros foram suficientes para o abater". Foi assim que o Brigadeiro Wala, na qualidade de dirigente da "força mista que matou o líder da UNITA", resumiu o fim de Savimbi aos jornalistas presentes no local em que o corpo foi exibido - Lucusse, a 79 quilómetros do sítio da emboscada.
O relato é do repórter da Lusa, Miguel Souto. O destino de Savimbi, calculou Wala, era a fronteira com a Zâmbia, onde contava ser reabastecido pelos seus homens. Nos anos que se seguiram, pouco a pouco, os elementos afectos à UNITA foram sendo acantonados às suas próprias iniciativas.
Em Junho de 2002, quatro meses após a morte de Savimbi, fui a Angola tendo permanecido em Luanda, Sumbe e Benguela aonde permaneci um mês em casas de pessoas afectas ao MPLA. Em nada fui perturbado naquilo que quis observar… E, observei haver preocupação de alguns dirigentes que informalmente me cativavam a ideia de regresso a Angola. Isso não aconteceu, não obstante observar de longe a evolução da terra que me viu crescer como filho mazombo.
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil
Crónica 3639 – 01.11.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Recordando uma figura de destaque que se dedicou à UNITA e ao seu presidente a cem por cento, salientamos que em Setembro de1990, Carlos Morgado, médico pessoal do Dr. Savimbi, tornou a fazer parte da sua comitiva ladeado com Jeremias Chitunda, que desta vez foram recebidos em Washington por George Bush “pai”.
A 31 de Maio a 11 de Junho de 1991, Carlos Morgado faz parte da maior delegação da UNITA que visita os países europeus após o acordo de Bicesse. No VII congresso da UNITA foi indicado “Ministro dos Quadros” dum governo sombra que o “Galo Negro” ia ensaiando, para uma possível governação após as eleições.
Logo após os acordos de Bicesse juntou-se ao elenco de dirigentes que Savimbi enviou a Luanda no ano de 1991. Em Dezembro do mesmo ano animou um alargado encontro com os quadros da UNITA no cinema Kipaka em Luanda ao lado do general Eugénio Manuvakola.
Em finais de 1992 e, quando se registaram confrontos entre militares da UNITA e do governo, nas ruas de Luanda, Carlos Morgado encontrou-se com Jeremias Chitunda, Salupeto Pena e Abel Chivukuvuku a preparar a saída de Luanda. Tendo socorrido soldados das FALA ferido, ficou sem peniclina e outros fármacos, apelado ao governo angolano que “pelo menos” aos soldados feridos fosse dado atendimento no hospital militar.
Não teve tempo, de socorrer mais ninguém, porque a sua vida também estava em risco; na tentativa da fuga foi alvejado nos membros inferiores, entre o largo Serpa Pinto e o ex liceu Salvador Correia. Foi levado para o Hospital Militar e mais tarde para as instalações do Ministério da Defesa onde ficou cerca de seis meses sob custódia do exército governamental, tempo que coincide com a morte do pai em Portugal.
Entretanto, diante ao clima de desconfiança que reinava, o mesmo abandonou Luanda e foi indicado representante da UNITA em Portugal e membro da missão externa. Em seu lugar foi indicado um novo médico pessoal de Savimbi, o Dr Leon, de origem congolesa.
Mais tarde em Fevereiro de 1995, Carlos Morgado foi ao Bailundo participar no VIII Congresso da UNITA tendo tratamento VIP com direito a cadeira ao lado do Presidente e do SG do partido, denotando reiteração da confiança de Savimbi. Enquanto membro da Missão externa (ME) em Portugal passou actuar como “head center” de uma rede de inteligência, da UNITA neste espaço europeu.
Jonas Savimbi que se encontrava refugiado no Huambo mostrava-se preocupado com a situação do seu médico pessoal. A 9 de Março de 1993 fez uma mensagem “a nação” exigindo a libertação do mesmo: “Exigimos imediatamente a libertação do Dr. Morgado que, por uma questão de humanidade, seja dada liberdade ao Dr. Morgado, para abraçar a sua mãe, que perdeu o marido".
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil
Crónica 3637 – 26.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
E, eis que mais uma guerra civil se iniciava, a da desilusão. A 5 de Dezembro de 1998 “dos Santos” engenheiro de sabedoria, decreta o inicio do fim: Eliminar Savimbi, matar, matar, num nunca acabar. A guerra de 27 anos pode ser dividida aproximadamente em três períodos de grandes combates - de 1975 a 1991, 1992 a 1994 e 1998 a 2002 - com períodos de paz frágeis. Quando o MPLA alcançou a vitória em 2002, mais de 500 mil pessoas morreram e mais de um milhão foram deslocadas internamente. A guerra devastou as infra-estruturas de Angola e danificou gravemente a administração pública, a economia e as instituições religiosas do país.
Esta guerra terá de o ser, considerado um conflito por procuração da Guerra Fria, já que a União Soviética e os Estados Unidos, com seus respectivos aliados, prestaram assistência às facções em luta mas, -“Quando zumbi senhor da guerra chega, é zumbi quem manda”. Zé Sozinho enquanto atarraxava a cuja dita perna de pau, recheado de mortificação fala.
E, Zé fala assim: - O outro meu mano kwacha sem pernas morreu. O salalé neste entretanto, roeu seu último património; as suas pernas postiças em forma de cruz. Sucede que um dia e a convite de João Miranda, assisti bem na margem do rio Okavango (Cubango) a uma reunião de empresários e militares presidida por San Nujoma.
San Nujoma foi o primeiro presidente da Namíbia. Um helicóptero chegou bem perto da escola local do Shitemo no N´donga Linena River Lodge, dele desceu um velho senhor de barba branca, alpercatas e um chabéu de palha já com falripas soltas. Também trazia um bastão, que julgo ser feito de um distinto pau, o mesmo de entalar nos dentes depois de morto. Com seus pés e olhos grandes, caminhou em direcção às autoridades locais, depois veio cumprimentar os convivas e suas visitas aonde me encontrava.
Foi muito agradável em suas palavras, sua característica de humilde, postura e atitude. Naquela reunião, referiu a guerra que grassava do outro lado do rio – Angola. Pediu a seus militares que não dessem guarida às tropas da UNITA, tendo mesmo dito aos militares com estrelas que os ripostassem com fogo de morte.
Ele era o líder do povo do Sudoeste Africano, (Ovamboland People's Organization) e eu, um cidadão disfarçado de turista caçador de elefantes. Tenho uma foto deste cumprimento, por aí! Soubesse ele que eu era um responsável coordenador da UNITA no exterior e, teria apontado o dedo em minha direcção.
Em realidade era um turista como tantos outros e, nada havia em concreto sobre a minha pessoa a não ser muxoxos escutados pela contra-informação, sem o peso necessário para me apontarem algo. Bem! Também N´Zambi era meu amigo! Assim não sucedeu embora as estruturas de informação e inteligência pudessem saber de algo; minha missão era ver os pontos de reabastecimento à Jamba a partir da Namíbia.
O tempo fez diluir estas contrariedades de estar sob escuta mas ficou bem presente o que disse: “UNITA soldiers crossing the river, fire on them”; No M´Puto, José Pedro Cachiungo, tinha-me feito advertência de poder ter algumas contrariedades e, mesmo sem salvo-conduto meu comportamento foi de singela observação… Têm mais kitucus mas, o melhor é ficar só assim mesmo!
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Diáspora após a “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3636 –23.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
O filho de Mário Soares, João Soares, deputado socialista e antigo presidente da Câmara de Lisboa, esteve três vezes na Jamba e da última vez, ficou gravemente ferido quando a avioneta se despenhou no fim da pista de terra batida, segundo se diz por estar demasiado carregada com marfim.
Nos EUA, Ronald Reagan, George Shultz, Jeane Kirkpatrick e outras figuras de proa do Partido Republicano não se cansavam de elogiar Jonas Savimbi como um grande líder anticomunista. Comparado com Reagan, o guerrilheiro era um intelectual. Falava fluentemente português, inglês e francês e usava estas línguas nos contactos com políticos, diplomatas ou jornalistas.
Savimbi foi um homem corajoso e ardiloso: combateu os comunistas com ajuda dos capitalistas e vice-versa, lutou pela negritude aliando-se aos brancos sul-africanos do apartheid e combateu o colonialismo português aliando-se à Pide e ao exército português no leste de Angola, onde chegou a ser assistido por médicos militares portugueses.
O envolvimento dos Estados Unidos em Angola começou em 1960 com ajuda à FNLA e durante a guerra civil de 1975/76 apoiaram também a UNITA, os dois movimentos anticomunistas. Com a derrota da FNLA, os americanos voltaram-se para a UNITA e, este apoio atingiu 90 milhões de dólares em 1990.
Além da ajuda americana, a UNITA tinha os diamantes que proporcionava lucros anuais de um bilião de dólares, mais dinheiro do que o tesouro da maioria dos países africanos e, com essa capacidade financeira, conseguiu criar melhores quadros militares e civis do que o MPLA…
E, tudo indicava que estava em melhores condições para governar o país, mas quem falhou foi o próprio Savimbi, que concentrava todo o poder e, apesar de toda a sua cultura, enfermava de um disfarçado tribalismo primário. Entretanto a vida continuava em Angola. De forma periclitante a casa da circunscrição continuava a ser praticada, a residência do administrador já o era - outra coisa qualquer, talvez um comité ou um centro da OMA. A granja agrícola estava minada com instrumentos de morte redonda, o armazém de alfaias ficou a enferrujar o tempo.
As sementes seleccionadas deixaram de ser distribuídas pelo organismo da agricultura; ao tanque carradicida e ao posto médico, deram-lhe outra utilidade. A estação dos Correios, o Tribunal, a Capela, os fornos de cal e tijolo, o silo, a carrinha “chevrolet”, o forno de pão, a sanzala, os cipaios e a missão, deixaram de o ser no mesmo jeito...Tudo se tornou num mundo irreal, monstruoso, somente um faz de conta que fazia gerir o dia-a-dia, à toa.
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Antes e Depois da “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3631– 03.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
A UNITA tentou retirar o controlo de Cabinda ao MPLA em Janeiro de 1993. Edward De Jarnette, chefe do Gabinete de Ligação dos Estados Unidos em Angola para o governo Clinton, alertou Savimbi que, se a UNITA impedisse ou interrompesse a produção de Cabinda, os Estados Unidos encerrariam seu apoio. Aqui, deu para se entender que os piores amigos eram mesmo, os americanos.
A 9 de Janeiro, a UNITA iniciou uma batalha de 55 dias contra Huambo, a "Guerra das Cidades". Centenas de milhares fugiram e 10 mil foram mortos antes que a UNITA assumisse o controlo a 7 de Março. O governo engajou-se em uma limpeza étnica kikonga e, em menor grau, de ovimbundos e, em várias cidades, principalmente Luanda como o de 22 de Janeiro, o já referido massacre da Sexta-Feira Sangrenta.
Recordar que os chamados rebeldes da UNITA e os representantes do governo encontram-se cinco dias depois na Etiópia, mas as negociações em restaurar a paz falharam. O Conselho de Segurança das Nações Unidas sancionou a UNITA através da Resolução 864 a 15 de Setembro de 1993, proibindo a venda de armas ou combustível para a organização.
Talvez a mudança mais clara na política externa estadunidense tenha surgido quando o presidente Bill Clinton emitiu a Ordem Executiva 12865 em 23 de Setembro, rotulando a UNITA como "uma ameaça contínua aos objectivos de política externa dos Estados Unidos" em Angola.
O Protocolo de Lusaka de 1994 veio reafirmar os Acordos de Bicesse. Savimbi, não querendo assinar pessoalmente esse acordo, enviou o ex-Secretário Geral da UNITA Eugénio Manuvakola representando em seu lugar, o partido. Manuvakola e o Ministro das Relações Exteriores de Angola, Venâncio de Moura, assinaram o Protocolo de Lusaka em Lusaka, Zâmbia, em 31 de Outubro de 1994, concordando em integrar e desarmar a UNITA.
Ambos os lados assinaram um cessar-fogo como parte do protocolo em 20 de Novembro. Sob o acordo, o Governo e a UNITA cessariam as hostilidades e desmobilizariam 5 500 membros da UNITA, incluindo 180 militantes, que se uniriam à polícia nacional angolana, 1200 membros da UNITA, incluindo 40 militantes, que se uniriam à força policial de reacção rápida e os generais da UNITA, que se tornariam oficiais das Forças Armadas Angolanas.
Mercenários estrangeiros retornariam aos seus países de origem e todas as partes parariam de adquirir armas estrangeiras. O acordo estipulou dar aos políticos da UNITA casas e uma sede. O governo concordou em nomear membros da UNITA para chefiar os ministérios de Minas, Comércio, Saúde e Turismo, além de sete vice-ministros, embaixadores, governos de Uíge, Lunda Sul e Cuando Cubango…
Tambem destinou vice-governadores, administradores municipais, vice adminis-tradores, e comuna de administradores. O governo, libertaria todos os prisioneiros e amnistiaria todos os militantes envolvidos na guerra civil. O presidente do Zimbabwé, Robert Mugabe, e o presidente sul-africano, Nelson Mandela, reuniram-se em Lusaka a 15 de Novembro de 1994 para aumentar o apoio simbólico ao protocolo.
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Antes e Depois da “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3629 – 26.09.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Em Março de 1992, representantes da Amnistia Internacional visitaram Angola lançando um apelo para a protecção dos direitos humanos – “Na ausência de providências imediatas para impedir novos assassinatos, verificava-se uma escalada da violência que vinha a pôr em risco os acordos de paz”.
Havia crimes cometidos, nunca castigados, segundo pesquisa na imprensa angolana e portuguesa: Pelos governamentais, a morte de seis pessoas, numa manifestação pacífica de apoio aos separatistas de Cabinda, em 1991. Ainda em Cabinda, no mesmo ano verifica-se a execução a tiro do diácono Arão.
Também em Luanda, ocorre o assassinato do piloto governamental Sampaio Raimundo, pelo guarda-costas de um oficial da UNITA. No corrente ano de 1992, dá-se a morte de quatro oficiais da Força Aérea angolana, por membros da UNITA – dois deles, enterrados vivos, um queimado, outro espancado. Dá-se também a morte de nove membros da UNITA, entre os quais o tenente José Segundo…
Na Província de Benguela, segundo representante da UNITA em uma comissão da CCPM - Comissão Conjunta Politico Militar. O mesmo, foi alvejado por um civil e por um outro com uniforme das FAPLA, em Junho do passado ano. Àquelas mortes, nenhuma investigação foi feita.
Dá-se o assassinato do representante da UNITA em Malange, coronel Pedro Makanga, vingado logo a seguir, com o assassinato de um tenente-coronel das FAPLA. Era esta a onda de insanidade e falta de rigor na fiscalização e ordem do território e, dizer-se por isso, estar-se a caminhar para uma longa tragédia anunciada, sem ter ninguém ou entidade fidedigna para superar com justiça quaisquer arbitrariedades.
Na Província da Huíla dá-se assassinato de quatro turistas; este episódio transforma-se em mais um incidente político, quando Jonas Savimbi anuncia que prendera Celestino Sapalo, um agente de segurança governamental, por suspeita dos crimes. A ONU, vem a concluir que os crimes haviam sido cometidos pela tropa da UNITA.
A ONU concorda em permitir o interrogatório a Sapalo por uma comissão conjunta de inquérito, formada por seus representantes e do governo, mas isso nunca aconteceu. Dá-se aqui conhecimento de várias altercações que um pouco por toda a Angola se vão verificando, para que se tenha uma ideia melhor formatada do todo o ambiente social em efervescência expectante da paz que, não chega…
Em Cabo Ledo, arredores de Luanda, ocorre a morte por assassinato de uma família portuguesa. O governo apresenta um presumível autor dos crimes que anuncia ter actuado a mando da UNITA, por dinheiro e, embora tudo apontasse ser uma manobra política do MPLA, nenhuma investigação viria a ser feita….
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
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Ilustração aleatória de asunção Roxo
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NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - Depois da “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3628 – 21.09.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
…*Abro aqui um parêntesis para prosseguir o pensamento de Muana Damba, subscritora do Manifesto da Sexta-Feira Sangrenta, ressaltando que a etnia branca desde seu processo libertador pelos autodesignados mandatários dum autopoder, na gestão do todo-poderoso MPLA na governação, sempre a excluíram, subtraindo-lhe direitos de gerações por nascimento.
Algo, nem tanto incomum e xenófobo, do qual tanto se fala hoje pelo mundo com refugiados de um e outro lado, passados que são quase 50 anos daquele 11 de Novembro de 1975, verificando-se sempre um provocado desleixo ao lidar com a etnia branca, relegando-a para um submundo de indiferença e menosprezo…
Muana Damba continuando seu manifesto refere: Queremos que as autoridades e diversos irmãos angolanos saibam que Angola é um mosaico de tribos ou mesmo junção de tribos; nós temos a nossa terra, assim sejam Kimbundos, Ovimbundos entre outros que o tempo ditará terem também os mesmos direitos.
Direitos de jus soli (lei do solo -"direito de solo") irrestrito, ou o direito à cidadania a quem nasça em solo nacional, independente de quaisquer outras condições. Se alguma lei, assim o não refere, urge modificá-la para bem do futuro de Angola.
Entretanto e enquanto os deputados eleitos pela UNITA assumem as suas funções de forma regular no Governo Nacional. A UNITA após uma fase de êxitos militares, como por exemplo a tomada temporária da cidade do Huambo, a seguir, passou a perder terreno de maneira dramática. A isto se deve o reforço maciço das FAA (Forças Armadas de Angola), em pessoal, formação e equipamento, no auge das receitas do petróleo.
Na década após 1990 as mudanças políticas no exterior e vitórias militares em casa permitiram ao governo fazer a transição de um Estado nominalmente comunista para um Estado tendencialmente democrático. A declaração de independência da Namíbia a 21 de Março de 1990, eliminou a ameaça ao MPLA da África do Sul, quando a SADF se retirou de lá.
O MPLA aboliu o sistema de partido único e rejeitou o marxismo-leninismo no terceiro Congresso do MPLA em Dezembro, mudando formalmente o nome do partido de MPLA-PT para MPLA. O tempo escasseia-me muitas vezes, para poder redigir histórias escondidas, antigas, que até posso antever reais a tempo inteiro, real ou ficção.
Nessas alturas subitamente levanto voo, plano como um albatroz e por aí vou fora, sem parágrafos ou pontos finais, com diálogos dinâmicos, que só o serão na ficção! Assim fala o Soba, impondo só a si, suas leis, aos outros também quando calha - fugir aos ditames dos familiares e do Kimbo, subvertendo-se nas leis, com gozo e guzu nisso, e sabedoria quando tal acontece. Claro, que há coisas negativas as que mais resultam ao inimigo, porque sempre se aprumam na coluna vertebral do indígena portador...
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
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DOS TEMPOS DE DIPANDA* - Angola .“SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3625 – 14.09.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
As organizações civís bakongo apontaram mais de 40 mil vítimas através do território nacional, por uma alegada acusação da dita rádio nacional e jornal de Angola, órgãos afectos ao partido da situação e inimigo do povo, que militares zairenses estariam a preparar um golpe de estado contra o presidente; apontavam o povo do norte (Congo), de zairenses, que pretendiam assassinar José Eduardo dos Santos.
Hoje passados 31 anos, o processo continua nas gavetas carunchosas do Miala ou no lixo, de forma tão humiliante, sem humildade, sem moral nem a mínima consideração de um ser humano. E nem os ditos jornalistas foram responsabilizados pela sua chacina criminosa.
De forma tão clara, estes ataques foram metodicamente e sistematicamente orquestrados de forma sínica, odiosa e, por motivos étnicos, por que o povo bakongo sempre foi visto como o primeiro inimigo dos estrangeiros trincheirados no MPLA, pela sua bravura defesa da independência e pelo facto de serem eles, os libertadores de Angola.
Não existe história em Angola, sem os Bakongo. O MPLA, nunca cessou de reduzir este povo afirmando que estes, representam nem 10% da população angolana e, isto não verdade. O Reino do Kongo estendia-se até à Republica Democrática do Congo-Brazzaville e Gabão; nenhum povo de Angola pode comparar-se com esse grande Reino.
Tudo começou, após Jonas Savimbi ter negado os resultados fraudulentos das primeiras e históricas eleições legislativas de Setembro de 1992, que deveriam marcar o fim das hostidades e a reconciliação entre os povos que formam este mosaico. Infelizmente o desejo do MPLA era de continuar subtraindo os autênticos filhos de Angola, humilhando-os a submeter-lhos a uma pobreza extrema, fora e qualquer controlo de poder.
Não só mas, após a fuga de Jonas Savimbi, nos fins de Novembro de 1992 para o Huambo, as FAPLA, a polícia ninja e milícias, fanáticos dos pioneiros e do Poder Popular, tomaram de assalto, as zonas habitadas pelos militantes e cargos da UNITA e, aonde também tombaram heroicamente quadros do auto nível da UNITA que se encontravam em Luanda: os já mencionados Jeremias Chitunda, Alicerces Mango e Elias Salupeto Pena sobrinho de Savimbi…
C,A. - Jonas Savimbi após estes desaires, reorganiza as suas bases militares que ainda se encontravam no norte e, ocupa novamente as cidades do Uige, Soyo, Mbanza Kongo, Caxito, Ndalatando após uma batalha que dura 55 dias. Ocupa a segunda cidade de Angola, Huambo e, aonde o MPLA bombardeia impiedosamente com aviões migs e variado material bélico de longa alcance.
A SEXTA-FEIRA SANGRENTA, para os Bakongo, permanece uma data histórica, dolorosa e de tristeza. Continuamos por isso, a chorar os nossos vitimas passados que são 31 anos. Nós, o povo Bakongo de Angola, continuamos a exigir a justiça, sobre a morte dos nossos irmãos, cujas mulheres foram violadas à vista nua de todo o povo angolano.
Estes ataques foram referidos como sendo ocasionados por motivos étnicos mas, em realidade, tratou-se de conflito pré-eleitoral. Os bakongos foram acusados pela imprensa oficial e afecta ao MPLA, de ter apoiado o partido do Galo Negro. Nasce daí, a campanha mediática contra o Zaire de Mobutu…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
C:A: - Costa Araújo
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DOS TEMPOS DE DIPANDA* - “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3624 – 12.09.2024
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Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Nesta fase de descrição do tema da “sexta feira sangrenta” do ano de 1992 é oportuno dar a conhecer o que um velho amigo do “bairro Terra Nova da Luua” de nome Josué Pedrosa escreveu: « A técnica do MPLA, na eliminação de opositores, foi aprendida na ex-URSS e mantém-se até hoje. Quem não sabe o que A Neto fez para afastar Viriato da Cruz e assumir o poder no MPLA?...»
«… O envio dele á China constituiu uma sentença de morte, pois a China manteve-o em vigilância permanente e nunca o deixou sair de lá até á sua morte. Quando do congresso de Lusaka em que foi deposto e eleito Daniel Chipenda, de que adiantou? …»
«…Neto apresentou-se aos Tugas para negociar a independência como se fosse o líder e, a verdade, é que os corruptos/traidores do MFA, também só quiseram negociar com ele, constituindo o diálogo com Savimbi e Roberto, bem como os Acordos de Alvor, apenas formalidades para enganar a sociedade nacional e internacional…»
«… Neto foi um assassino e devia constar da história de Angola como tal. Nunca esquecerei as suas palavras no 27 de Maio de 1977: "não vamos perder tempo com julgamentos", faremos "justiça" imediata. E, há "pala" dessa decisão, aqueles que no MPLA, tinham ódio, rancor, inveja ou simplesmente cobiça e queriam apoderar-se de algo que lhes não pertencia, bastava acusar os donos de serem conspiradores… »
«… Leiam os livros de José Reis - Angola o 27 de Maio e Memórias de um Sobrevivente, um "sanguito" que se deixou embebedar pela revolução e que foi acusado de golpista, só não morrendo por mero acaso. Depois de libertado graças a um amigo que por mero acaso o viu preso, viria a descobrir que quem o acusou, o fez para se apoderar do apartamento que tinha nas Imgombotas… »
«…Ao tentar reavê-lo, disseram-lhe ao ouvido, é melhor deixares tudo como está, a vida é mais importante que um apartamento. Também de Carlos Taveira (Piri) S. Paulo, Prisões de Luanda, um bom relato do que então se vivia e fazia…»
«…Todos os que têm a escola Soviética, praticam os mesmos métodos para afastar os opositores, sejam eles Neto, JES, JL, Putin, Castro, Maduro ou outros que pertençam à mesma seita…» Fim de citação…
Partir do dia 22, 23 e 24 de Janeiro de 1993, os bairros da Petrangol, Labor e Palanca até as províncias onde bakongos eram radicados naquela data, foram atacados por parte de habitantes de Luanda, armados alguns dias antes pelo MPLA. Entretanto, o então governo dirigido pelo José Eduardo dos Santos, teria reconhecido oficialmente apenas 57 mortos.
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da adenda de Josué Pedrosa …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* . ELEIÇOES - “OS 3 DIAS DAS BRUXAS”
- Crónica 3621 – 02.09.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
… Números que Mário Pinto de Andrade, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), contesta: “Acho que, às vezes, a comunidade internacional empola. Houve uma manipulação desses resultados. Eventualmente fala-se das pessoas que morreram pela UNITA, mas também morreu muita gente pelo lado do governo. A UNITA quando ocupou o Uíge matou muita gente do MPLA e quando ocupou o Huambo, fez o mesmo.”
Uns, declarados opositores, são pressionados, coagidos ou assediados, outros desaparecem misteriosamente e ainda outros são presos por se expressarem em desfavor do MPLA que se protagoniza como sendo eles, o país. Nas eleições parlamentares, a UNITA obteve uma votação de mais de 30%, portanto expressiva, mas que ficou aquém das suas expectativas.
Nas eleições presidenciais, os cerca de 42% obtidos por Jonas Savimbi impediram que José Eduardo dos Santos, presidente em exercício que reuniu 59% dos votos, obtivesse na primeira volta a maioria absoluta, do modo que, pela legislação então em vigor, teria sido necessária uma segunda volta.
Neste meio tempo, Luanda (e todo o país) estava pejada de um dispositivo policial desmesurado, como se tratasse de um estado de sítio - coisa a que os luandenses já não queriam acreditar – preocupados, justificavam tal, dadas as preocupações com o acto eleitoral dos dias 29 e 30 de Setembro; pensava-se que, o facto de ser feito assim, o era para que tudo corresse bem.
E correu. Correu muito bem, dada a afluência às urnas ter ultrapassado os 70% só no primeiro dia. O povo queria a paz e acreditava que a poderia conseguir pelo voto. Mas Angola, não era só Luanda e, Luanda não era só a Mutamba, não era só a marginal e a sua baía que paulatinamente ia sendo mudada no visual para gaudio dos adoradores de cenários pomposos, futilidades.
Em uma exortação sobre a Sexta-Feira Sangrenta, Muana Damba publicou a 24 de Janeiro no recente ano de 2013: História do Reino do Kongo - Você é um N'kongo, filho desta terra legada pelos nossos antepassados. Se podemos considerar esta Angola um país de Cabinda ao Cunene, é porque nela estão inseridas todas as etnias do país.
Todas as etnias, assim sejam os arianos, todos os cafusos, os mazombos como eu, besugos, matutos ou mamelucos do M´Puto, europeus e, também os filhos destes, incluindo os Bakongos sejam eles de Cabinda, do Soyo, do Uíge, M'Banza Kongo e outros que falam com estalinhos mas, se essa realidade deixar de ser considerada, Angola deixa de ser aquilo que é, portanto. todos teremos de reflectir...
Luanda, nem tão pouco era o kinaxixe que viria a ser defenestrado, derrubado por obtusas mentes, obscuras e corruptas ganâncias do sistema instalado no seio do governo. Pelo tubo ladrão corria muito petróleo, muito ódio às obras virtuosas que faziam lembrar o colonialismo… E “a guerra, que até aqui, matou e estropiou tantos, alimentou uma nomenclatura, gente que se tornou insultuosamente rica e prepotente” – Os mesmos que agora governam (Ainda…)
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Ilustrações de Costa Araujo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* . ELEIÇOES - “OS 3 DIAS DAS BRUXAS”
- Crónica 3620 – 31.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Recorde-se: De 29 e 30 de Setembro de 1992 diz Filomena Lopes líder do Bloco Democrático, partido da oposição angolana: “foram naturalmente três dias horríveis", data em que se interrompeu o processo de paz em Angola. Fui apanhada de surpresa, sobretudo numa altura em que se tentava encontrar soluções políticas para o problema.
Filomena diz: - “Matava-se tudo. Matavam-se todos os que tivessem alguma ligação com a oposição. ”Milhares de apoiantes e dirigentes da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) são assassinados em Luanda e em outras localidades do país. Também há vítimas da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). “É a primeira vez, na história da guerra civil angolana, que políticos morrem em combate”, escreve o jornalista Emídio Fernando no livro Jonas Savimbi, “No Lado errado da História”.
Savimbi chamou a situação de "crise mais profunda" da UNITA desde a sua criação. Estima-se que talvez 120 mil pessoas tenham sido mortas nos dezoito meses após a eleição de 1992, quase metade do número de baixas dos dezasseis anos anteriores de guerra. Ambos os lados do conflito continuaram a cometer violações generalizadas e sistemáticas das leis de guerra.
A UNITA, em particular, foi culpada de bombardeios indiscriminados de cidades sitiadas, o que resultou em um grande número de mortos civis. As forças do governo do MPLA usaram o poder aéreo de maneira indiscriminada, provoando muitas mortes de civis…
O tema ainda é tabu em Angola e até desconhecido por muito jovens. Daí a importância de uma boa estratégia de reconciliação, desde que não se branqueie a verdade, defende Orlando Castro: “Estes massacres são os mais visíveis, quer os de 27 de Maio de 1977, quer os de 1992; são os mais visíveis pelo número de vítimas, mas o MPLA tem muitas outras histórias porque ao longo da guerra – embora a UNITA obviamente também tenha cometido grandes erros – o MPLA, até pelo poder militar que tinha, massacrou muita gente inocente.
“Foi uma nova tentativa de decapitar a UNITA”. Orlando Castro conta: "Na história do MPLA, os massacres, ou as purgas, ou o que se lhe quiser chamar, são uma regra estratégica do regime, mesmo até para os próprios simpatizantes do MPLA”. Essa prática vem-se verificando até aos dias de hoje (2024) segundo muitas versões contadas aqui e ali, em livros ou crónicas nos jornais e redes sociais.
Contadas até por gente fugida ao sistema, que sempre acusam o MPLA na utilização de venenos para eliminar parceiros ou amigos considerados insuspeitos. Quem lê o “Fórum de Liberdade” nas redes sociais de Fernando Vumby exilado na Alemanha, um antigo elemento da DISA - a polícia política do governo de Agostinho Neto, fica com os cabelos em pé...
Até hoje – ano de 2024, permanece por esclarecer quem ordenou o massacre após s eleiçõea. O número de vítimas também nunca foi confirmado, mas estima-se que tenham morrido entre 10 mil e 50 mil pessoas. Outros gráficos, baseadas em números da Igreja Católica, estimam que foram mortos de 25.000 a 40.000 partidários da UNITA e da FNLA…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - ELEIÇOES ; “A TRAGÉDIA NOS 3 DIAS DAS BRUXAS”
- Crónica 3619 – 29.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
As eleições gerais angolanas ocorreram nos dias 29 e 30 de Setembro de 1992 para eleger o Presidente da República e a Assembleia Nacional. Foram as primeiras eleições multipartidárias, supostamente democráticas e livres realizadas no país. Ocorreram na sequência da assinatura dos Acordos de Bicesse de 31 de maio de 1991, que pretendia pôr fim ao impasse militar com mais de dezassete anos.
O MPLA ganha as eleições. Nem o candidato do MPLA, José Eduardo dos Santos, nem o seu adversário, Jonas Savimbi, da UNITA, conseguiram maioria absoluta nas presidenciais. Os oito partidos de oposição, em particular a UNITA, rejeitaram os resultados como fraudulentos, o que se veio a verificar posteriormente segundo relatos de ocorrências, por impedimentos de fiscalização, destruição de urnas ou, por trâmites inconsequentes.
Uma vez que nem o candidato do MPLA nem o candidato da UNITA obtiveram a maioria absoluta requerida nas eleições presidenciais, uma segunda volta seria necessária de acordo com a constituição mas, à medida que ambas as partes intensificaram a retórica da guerra, o MPLA ataca posições da UNITA em Luanda.
A UNITA, questionou a equidade das eleições, apresentando provas das anomalias mas, a Comunidade Internacional e os países dos PALOPS assobiaram para o lado; assim era no Mundo, o início do barlavento esquerdista com a postura moderada de pseudo socialista! Seguiram-se combates que levaram à morte de muitos membros proeminentes da UNITA como Jeremias Chitunda, Elias Salupeto Pena e Aliceres Mango Alicerces, que foram retirados do seu veículo e mortos a tiros.
Milhares de eleitores da UNITA e da Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA, foram massacrados em todo o país pelas forças do MPLA ao longo de três dias… Esses três dias que ocorreram de 30 de Outubro a 1 de Novembro de 1992 em Luanda, ficariam conhecidos como o MASSACRE DO DIA DAS BRUXAS,
O massacre dizimou muitos membros dos grupos étnicos Ovimbundu e Bakongo, historicamente tidos como adversários do MPLA. O jornalista e analista político Orlando Castro afirmaria que, nessa altura, o MPLA tentou “neutralizar todos os que pensavam de maneira diferente do regime”.
Um observador oficial viria a escrever que nestas primeiras eleições em Angola, havia pouca supervisão da ONU, que 500 mil eleitores da UNITA foram embargados ao voto e, que havia 100 assembleias de voto clandestinas. Em um atentado no Huambo, é assassinado o poeta Fernando Franco Marcelino. Neste atentado é ferido com gravidade a poetiza Zaida Daskalos.
O “Terra Angolana” – o jornal da UNITA, em sua edição de 31 de Outubro, atribui ao MPLA a autoria deste crime, o que é duvidoso pois que eram pessoas muito conhecidas em Angola e, desde sempre ligadas ao MPLA. Neste meio tempo é também assassinado no Huambo o médico e escritor David Bernardino, homem ligado à esquerda pelo Movimento Democrático do Huambo – um apêndice do MPLA desde o seu nascimento…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - CAMPANHA CONFLITUOSA…
- Crónica 3617 – 25.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Em Luanda a FNLA condena veementemente a agressão sofrida por Batista Fula, seu membro, brutalmente agredido. Também aqui a mídia enfeudada no MPLA, descreve esta ocorrência com um ilustre desconhecido, com o nítido fito de influenciar a gente da rua.
Gente de Luanda, para acirrar os ânimos; tudo para dar forma consistente e permanente – e, agora usando o adjectivo “brutalmente” , sabendo nós. que o MPLA não suportava a FNLA… O maior incidente da campanha eleitoral foi a captura, pela UNITA, de onze elementos da guarda pessoal de Dos Santos.
Nesta caldeirada de preparação ao ódio os órgãos de informação do “governo ou colados a este”, justificam que o comportamento dos homens de Savimbi foi comunicado a este “tardiamente” e, segundo palavras ditas por ele, Jonas Savimbi…
Ainda em Setembro de 1992, chega a Lisboa uma queixa informal da UNITA, sobre o envolvimento de uma empresa portuguesa de distribuição alimentar, sediada no Porto, presumivelmente envolvida no fornecimento de material de guerra à Polícia anti motim angolana - os designados Ninjas - trinta mil homens treinados por espanhóis.
Sobre este caso, não houve grande desenvolvimento, assim como quase nada foi explicado acerca do cargueiro “Cecil Lulo” tripulado por dinamarqueses e filipinos, ostentando pavilhão das Bahamas e operado pela empresa dinamarquesa J. Pulsen, localizada no porto de Ponta Delgada (Açores), com um carregamento de armas; diz-se que provavelmente embarcadas em uma base militar dos Estados Unidos da América e, com destino a Luanda.
A escassos dias do termo da campanha eleitoral a Conferência Episcopal Angolana difunde uma mensagem intitulada “As portas da II Republica”. Nela, os bispos afirmam que “a igreja, não tem de apresentar nenhum candidato”, mas exortam ao voto consciente.
No entanto reafirmam: “ Não devem merecer a preferência dos cristãos os que violam os direitos humanos e os que delapidam os bens públicos, seja por que via for”. A UNITA percebe que a mensagem se lhe cola e, acusa a igreja católica de favorecer o MPLA, ao mesmo tempo que que dirige ataques pouco abonatórios à representante das Nações Unidas Margareta Anstee…
E, acusam.na de “estar comprada pelo MPLA, com diamantes”. As mulheres da OMA – Organização da Mulher Angolana, afecta ao MPLA, saem à rua manifestando o seu apoio aos bispos e à própria observadora Anstee. Numa grande manifestação, exigem “ a consciência democrática e perdão sem violência”; eram práticas comuns e concertadas pelo Bureau Politico do partido no poder governamental…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - CAMPANHA CONFLITUOSA…
- Crónica 3616 – 23.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
No segundo dia de campanha eleitoral, soldados da UNITA atacam o Governo Provincial do Kuito. Com os governantes a reagir, o incidente salda-se por 20 militares e 10 civis mortos. Nesse mesmo dia e no Huambo, numa emboscada à caravana automóvel de Kundy Payama, director da campanha do MPLA, falece o Secretário Provincial da Juventude do MPLA e, cinco pessoas, ficaram feridas com gravidade.
Aqueles acontecimentos motivaram um comunicado dos Observadores Internacionais e membros da Missão das Nações Unidas UNAVEM II. Recorde-se que a UNAVEM I, fiscalizava a retirada das tropas cubanas expedicionárias. E, ambas Missões, condenaram as atitudes da UNITA e do MPLA.
A oito de Setembro de 1992, Eduardo dos Santos e Savimbi, acordam no principio de criação de um governo de Unidade Nacional, independentemente do resultado das eleições. Ambos se comprometem na extinção dos seus exércitos antes do escrutínio. Dez dias depois Margaret Anstee e Butos Ghali na qualidade de representantes em Angola, enviam um relatório ao Conselho de Segurança ONU.
O relatório denunciava que apenas 41% das forças amadas da UNITA tinham sido desmobilizadas e, apenas 19% das Forças Armadas Unificadas tinham sido constituídas. O mesmo documento menciona que foi mais rápida a formação pelo lado das forças governamentais sendo de 45% do lado do MPLA e 24% do lado da UNITA.
Aquele percentual correspondia à soma de cerca de 72 mil militares; um número àquem do total. Nesse então e no Huambo, mais de uma centena de homens fortemente armados da UNITA, mantêm-se posicionados ao redor da residência de Jonas Savimbi. A CCPM - Comissão Conjunta Político-militar, interfere. A UNITA confirma dizendo que são homens”da segurança pessoal de Savimbi”…
A CMVF – Comissão Mista de Verificação e Fiscalização do cessar fogo, apura que o contingente e respectivo material de guerra, havia entrado na cidade do Humbo sem o conhecimento da UNAVEM. À medida que decorria a campanha eleitoral, tropas da UNITA tomam posições de salvaguarda no Centro e Sul de Angola expulsando o MPLA de vários municípios.
Em Caxito, a poucos quilómetros a Norte de Luanda, soldados da UNITA, envolvem-se com a polícia. É notória a tendência da informação/fonte dita governamental e de jornalistas enfeudados na ideologia marxista, fazerem tendencialmente descrições negativas ao Partido do Galo Negro e, “passando de lado “ quando o caso envolve gente, militares e governantes afectos ao MPLA.
Essa dita midia colada aos ditames do MPLA dá conhecimento de que a UNITA ataca uma caravana do Fórum Democrático Angolano em Benguela; afirmam que em ambos os casos, Caxito e Benguela, causaram dezenas de feridos entre a população civil. População que continuava armada pelo MPLA formando milícias treinadas por seus militares coadjuvados por mercenários portugueses e descendentes mazombos de colonos. Também é notória a postura da UNAVEM que sempre diz ter “havido provocações da UNITA” e, sempre adicionando o adjectivo “exagerado” na descrição. Quanto ao MPLA, nadica de nada…
Ilustrações aletórias de Costa Araùjo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - A RECONCILIAÇÃO – TENTATIVAS…
- Crónica 3615 – 21.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Com vista à transição de um Estado de partido único para uma democracia multipartidária iria realizar-se no ano de 1992. eleições em Angola destinada a escolher um chefe de Estado, um presidente e uma legislatura. Durante a campanha, notou-se alguma moderação em Eduardo dos Santos que assumiu alguns erros de má governação, passando a defender o regresso de invetidores estrangeiros, privilegiando desta feita as relações com Portugal.
A Assembleia Nacional (que substituiria a Assembleia do Povo) seria composta por 220 membros, eleitos para um mandato de quatro anos, 130 por representação proporcional e 90 em distritos provinciais. A UNITA representada por Jonas Savimbi, optou pelo endurecimento na defesa de “uma Angola autentica” ameaçando os netos dos portugueses e dos mafulos holandeses e até, do próprio Dos Santos chamando-o de “sãotomense”.
No processo de Paz, Savimbi acusou Portugal e seus dirigentes de estar má-fé, bem como a Butrus-Galhli e Margaret Anstee - ambos “comprados com diamantes”, descurando-se num efectivo apoio ao processo de paz através das eleições. (nota-se neste artigo do Expresso do M´Puto uma excrescente descrição a beirar a pura inventação, uma postura habitual na mídia de então – uma desacreditação "ad hoc" do candidato ***)
Entre as referências à colonização e missionação efectuadas no Congo a Norte, referiu os funantes aventureiros, que a Sul ousaram fazer comércio entre o mato, o kimbo e no batuque, desafiando a malária, as bilioses mas, e também, fabricando mulatos. Savimbi afirmaria que só a partir das primeiras décadas do século XX, com Norton de Matos, se iniciou a real colonização do Sul angolano.
E, que mais tarde, o foi incrementada por Oliveira Salazar com a criação de colonatos a saber; da Sela, Sá da Bandeira e Matala entre outras. Refere que salvo raras excepções, e devido ao envio de famílias inteiras do M´Puto para esse locais agrícolas, não houve a Sul tão grande miscigenação como efectivamente, o foi mais a Norte.
Quem veste e fala como os brancos são os “sãotomenses”, genericamente gente do Norte, também chamados de “calcinhas”. Os insultos a Eduardo dos Santos aliados às noticias de crimes contra os direitos humanos cometidos na Jamba, já relatados pela Amnistia Internacional, dizem os fazedores da estória e a mídia global, custaram talvez, a Savimbi e à UNITA a derrota das urnas (uma narrativa nebulosamente confusa).
E, num talvez, a UNITA tenha motivos para contestar as eleições e, por pressões variadas, o Dr. Malheiro Savimbi acabará por aceitar a segunda volta eleitoral. O Papa João Paulo II visitou Angola e São Tomé, em 1992. A visita começou a 4 de Junho e se estendeu até ao dia 10 de Junho, altura em que deixou Luanda para regressar ao Vaticano.
Desta visita foi criada uma profecia com os dizeres deste: “ Que tenha definitivamente terminado para ti, querida Angola, o tempo do teu desamparo” … Logo no dia a seguir à partida do Papa João Paulo II de Angola, MPLA e UNITA, envolvem-se em violento combate verbal, só apaziguado com interferência de Herman Cohen.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: ***”Ad Hoc” - Um meio acadêmico, o revisor "ad hoc" tão comum nesse então, que é o pesquisador ou pseudo “qualquer coisa” que executa a revisão de um trabalho submetido para publicação em um periódico ou revista sem, contudo, participar como membro permanente do corpo editorial ou de revisores. Um tendencioso influenciador
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3613 – 17.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
…«Claro - continua o general soviético - que eu compreendia o estado dos meus amigos que certamente viam em mim um homem que estava categoricamente contra a retirada de tropas. E, de súbito, fazia tudo ao contrário. Mais, até incentivava a fazer isso mais rapidamente.»
Após longa retórica, Valentin Varennikov apresenta o seu plano, que não passa de uma espécie de compromisso entre soviéticos e cubanos: «A defesa deve ser profundamente escalonada. Para que o adversário, concentrando realmente grandes forças na direcção escolhida e, desse modo, conseguindo uma superioridade três ou quatro vezes maior do que os angolanos, não rompa a unha defensiva e depois dela não haja nenhuma resistência.
Por isso é que o camarada Fidel nos diz que é preciso fazer recuar - tem-se em vista uma parte determinada das tropas - para a retaguarda até ao Caminho de Ferro de Benguela***. Consideramos que poderíamos deixar cinquenta por cento das tropas a defender as linhas que ocupam agora e a outra metade destas tropas poderíamos deslocar em pontos de apoio, nos caminhos até à linha do Caminho de Ferro de Benguela inclusive.
Além disso, na zona da frente e nos flancos deverão ser amplamente colocados obstáculos de engenharia. Por fim, ter uma reserva para manobras. E todas as forças situadas na retaguarda em posições preparadas devem ser prontas a manobrar.
Desse modo, fazendo recuar uma parte determinada de tropas para a retaguarda, até à linha onde se encontram as tropas cubanas, instalando-as em pontos de apoio e preparando-as para manobrar, teremos uma defesa activa profundamente escalonada, na linha final da qual intervirão as tropas cubanas.
Se o adversário quiser avançar, afundar-se-á nesta defesa e jamais conseguirá o seu objectivo». Os cubanos aceitaram este plano e, no fim da reunião, «o camarada Risket - escreve o general soviético - disse-me: "Eu sabia que tudo acabaria bem.
Os camaradas soviéticos sabem encontrar saída mesmo onde ela não existe".» Este plano estratégico permitiu estabilizar a situação na frente de combate, mas a guerra continuou. Para os conselheiros militares soviéticos que combatiam em Angola, o pior estava ainda para vir. «Semelhante coisa não aconteceu, nem no Afeganistão»,
O «estalinegrado angolano» - afirmam os soviéticos que já tinham passado pela guerra do Afeganistão sobre a batalha por Cuito-Cuanavale, que começou em Julho-Agosto de 1987. É agora tempo de se falar nas múltiplas tentativas de reconciliação, em uma altura em que elementos do governo de Luanda, já cansados, assumiam alguns erros de governação e, defendiam abertamente num governo de consenso nacional…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: *** Caminho de Ferro de Benguela, também chamada de Caminho de Ferro Catanga-Benguela, é uma linha ferroviária que atravessa Angola de oeste a leste,...
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3612 – 12.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Foram longas as discussões no seio da direcção militar e política sobre a decisão. Por um lado, elas não pretendiam ir contra a opinião de José Eduardo dos Santos e Fidel Castro, mas, por outro, tinham de dar ouvidos às considerações dos generais soviéticos ligados à guerra em Angola. Moscovo acaba por decidir enviar uma delegação militar, chefiada pelo general Varennikov, para estudar a situação no local. Após numerosos contactos com dirigentes angolanos e o comando cubano, bem como de uma inspecção da frente de contacto, …
…Varennikov apresentou o seu plano de defesa aos cubanos, mas vale a pena citar a forma como ele o fez para «não ir contra» a proposta de Fidel Castro. Na última reunião com o comando cubano a fim de se tomar a decisão final, Varennikov usou da palavra: «Após ter estudado multilateralmente a situação criada no sul do país e tendo em conta os possíveis ataques posteriores dos militaristas da África do Sul, bem como as possibilidades e capacidades das Forças Armadas de Angola, chegámos à conclusão de que o dirigente da República de Cuba, …
… Camarada Fidel Castro, previu profundamente os posteriores acontecimentos e agiu sabiamente quando recomendou à direcção de Angola fazer recuar as tropas para a linha do Caminho de Ferro de Benguela. Nós não só devemos apoiar essa proposta, mas também, nos prazos mais curtos possíveis, realizá-la.
Eu fiz uma pausa e olhei para as caras das pessoas que estavam sentadas na sala. Uns olhavam para mim como um homem mortalmente enfermo. Outros agitavam-se com os olhos abertos de espanto e trocavam olhares interrogativos com os vizinhos, olhando para trás.
Compreendi que o objectivo tinha sido atingido: depois de alta tensão, nós apoiámos o nosso amigo e camarada Fidel Castro, que, na etapa actual, é o símbolo da luta pela independência nacional. Apoiámos precisamente por isso, e não porque lhe aconselharam os seus representantes em Angola, sem acordar isso com o conselheiro militar soviético.
Claro que nós, nos nossos actos, devíamos fazer tudo para conservar o rosto político-militar de Fidel Castro, não pôr sob qualquer risco o sul de Angola e, ao mesmo tempo, não colocar à prova o destino da república e o prestígio da União Soviética.»
Recorde-se algo já dito a montante: «O adversário realizou movimentações de tropas de grande envergadura (tratou-se de uma imitação, era preciso aumentar o medo), o que provocou o aumento da tensão nos quartéis regulares e, nos pontos de comando das tropas governamentais de Angola, bem como nas guarnições das tropas cubanas.
É possível que a difusão de boatos (muxoxos), tenha sido obra do inimigo que certamente tinha adeptos seus na mais alta esfera do poder de Angola... ou a complexa situação no sul do país que aterrorizou realmente todos» - recorda Valentin Varennikov.
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3611 – 10.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Nesta situação, José Eduardo dos Santos pede ajuda aos comandantes das tropas cubanas em Angola (general Polo e Risquete, secretário do CC do Partido Comunista Cubano), mas estes, depois de avaliarem a situação, consideraram indesejável a participação dos militares cubanos nos combates.
Propuseram, então, que as tropas cubanas reforçassem posições na linha onde estavam instalados (ou seja, na linha do Caminho de Ferro de Benguela) e que as tropas governamentais, a fim de conservarem as suas forças, recuassem até essa linha e não deixassem o adversário atravessá-la. Este plano foi enviado a Fidel Castro, que o apoiou.
Valentin Varennikov revela a carta que Fidel Castro enviou a José Eduardo dos Santos a este propósito: «Caro irmão! São necessárias Forças Armadas para conservar a jovem república. Se perecerem as Forças Armadas, perecerá também a república.
Por isso, por muito doloroso que seja, nós, na situação actual, só temos uma saída: retirar as tuas tropas para a linha do Caminho de Ferro de Benguela e, nessa posição, juntamente com os nossos combatentes, realizar o grande combate com o adversário.
Estou convencido de que ele será derrotado e as tropas de Angola, depois, poderão expulsar os sul-africanos do seu país. Só o recuo das tropas para a linha citada pode salvá-las da derrota e, desse modo, salvar a república.» O Presidente angolano enviou imediatamente essa carta para Moscovo, pedindo conselho, mas apoiando as recomendações de Fidel Castro.
Isso levou a uma convocação urgente de uma reunião do Bureau Político do Comité Central do PCUS, onde Boris Ponomariov, secretário do CC, interveio para apoiar a posição de Fidel Castro. lúri Andropov, Secretário-Geral do PCUS, declarou: «damos o nosso acordo prévio, mas os militares precisam de ponderar tudo mais uma vez e informar-nos.»
Valentin Varennikov afirma ter discordado da decisão de Fidel Castro e apresenta os seus argumentos: «Primeiro, as tropas de Angola estavam prontas e em condições de defender o seu Estado; segundo, o recuo dessas tropas provocaria um prejuízo moral irreparável entre os soldados e os oficiais considerariam isso uma traição;
Biker ... Terceiro, sentindo o sangue, depois do recuo das tropas governamentais, os lobos sul-africanos continuariam a avançar, até Luanda inclusive; quarto, recuar até à linha das guarnições significaria um recuo de 300 a 500 quilómetros. Por outras palavras, era preciso entregar sem combate ao adversário um terço do país...»
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3609 – 06.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
As divergências entre cubanos e soviéticos agudizaram-se quando, em 1984, as tropas sul-africanas lançaram fortes ataques contra a SWAPO não só na Namíbia, mas também no Sul de Angola… «O adversário realizou movimentações de tropas de grande envergadura (como mais tarde se veio a saber, tratou-se de uma irritação, era preciso aumentar o medo).
Esta situação provocou o aumento da tensão nos quartéis e nos pontos de comando das tropas governamentais de Angola, bem como nas guarnições das tropas cubanas. É possível que a difusão de boatos tenha sido obra do inimigo que certamente tinha adeptos seus na mais alta esfera do poder de Angola... ou a complexa situação no sul do país aterrorizou realmente todos» - recorda Valentin Varennikov.
Chegados aqui, convém recordar quem era Iko Carreira: Henrique Alberto Quádrios Teles Carreira, que era mais conhecido pela alcunha Iko Carreira. Foi um militar, político, diplomata, escritor e ideólogo anticolonial. Desertou das tropas portuguesas na "Fuga dos 100", em 1961, juntamente com Pedro Pires (posteriormente Presidente de Cabo Verde) e Joaquim Chissano (posteriormente Presidente de Moçambique).
Era considerado o terceiro em comando no partido e no Estado angolano durante a década de 1970, atrás somente de Agostinho Neto e Lúcio Lara. Na chefia do ministério liderou o processo de formação da Polícia Nacional e de outros órgãos militares. A partir de 1974 foi um dos responsáveis por reorganizar as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA). Em 1974 e 1975, foi designado a participar das negociações que culminaram nos Acordos de Alvor.
Após a declaração da independência angolana, assumiu o cargo de Ministro da Defesa da República Popular de Angola a 12 de Novembro de 1975. Actuou em estreita cooperação com a Força Expedicionária Cubana e, assessores militares soviéticos. Em 27 de maio de 1977 ocorreu o golpe de Estado falhado nitista em Luanda. O Ministro Carreira, passou a ser identificado como o principal representante da "elite branco-mulata"(***), despertando um ódio particular nos líderes da rebelião, que se posicionaram como "porta-vozes dos interesses dos negros pobres".
Como Ministro da Defesa desempenhou um papel importante na repressão ao movimento do Fraccionismo. Liderou o tribunal militar que sentenciou à morte os participantes da rebelião. Foi um dos principais organizadores das repressões em massa de 1977 a 1979. Em 1980, foi afastado do cargo de Ministro da Defesa alegadamente para receber treino militar para graduar-se, uma vez que era somente coronel.
Foi enviado para a União Soviética, onde estudou na Academia Militar K. e. Voroshilov do Estado Maior das Forças Armadas Soviéticas, tornando-se, em 1982, o primeiro oficial militar africano a receber um diploma de formação como general. Em 1983 foi nomeado comandante da Força Aérea Popular de Angola, cargo em que permaneceu até 1986.
Nos últimos 13 anos de sua vida ele viveu com o lado esquerdo paralisado. Foi tratado em França e nos Estados Unidos; depois, mudou-se para Espanha. O governo angolano nomeou-o adido militar em Espanha. Escreveu dois romances com um dedo, em um computador especial, além de memórias políticas e de outras obras: "O Pensamento Estratégico de Agostinho Neto", Publicações Dom Quixote e. "Memorias", publicadas em Angola por N´zila.
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: ***Pode daqui deduzir-se, de novo. quanto tinham de racistas os efectivos do MPLA. Retirar o branco de toda ou qualquer gestão militar ou civil, foi-o mais que evidente e, tudo sordidamente silenciado pelos mídias mundiais e, por Portugal, fruto de uma descolonização enviesadamente esquerdoida…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3608 – 04.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Entre os seus subordinados próximos o general Iko Carreira revelava "indiferença" para com os documentos (ordens, directivas, telegramas, etc.) assinados por Pedale, considerava-os estúpidos, desnecessários, que podiam não ser executados... Claro que a situação com o chefe do Estado-Maior da Força Aérea preocupava todos. Entre a direcção do aparelho de conselheiros corria a ideia de "promover" Iko Carreira para qualquer outro cargo.
O motivo, era afastá-lo do posto de chefe do Estado-Maior da Força Aérea. Conhecendo o seu carácter, podia-se esperar tudo dele, principalmente tendo em conta o agravamento da situação político-militar no país». Valentin Varennikov descreve: «O nosso grupo (incluindo a mim) tinha essa opinião - continua Varennikov. - Porém, não era simples fazer essa mudança.
Por um lado, ele gozava de grande prestígio entre o povo e, entre os políticos de todo o tipo era considerado uma figura de peso, era bem conhecido e influente entre a direcção de Portugal, o que era um importante factor para Angola, que continuava a manter as mais estreitas relações com todas as estruturas portuguesas.
O Ocidente olhava para Iko Carreira de forma leal, talvez por ele ser mulato, exteriormente mais parecido a um europeu do que a um africano»***. Segundo Valentin Varennikov, «no interior de Angola, o chefe do Estado-Maior era uma dor de cabeça para todos. Preocupava-o facto de ele, tendo nas mãos uma força tal, poder constituir um grande perigo se, num dos momentos tensos da agudização das relações com a posição, começasse a vacilar...
A fim de tomar medidas atempadamente para impedir ataques antigovernamentais e antipopulares da parte de Carreira, decidiram rodeá-lo dos oficiais mais fiéis ao presidente e ao ministro da Defesa e, depois, reforçar esse cerco». Existiam também sérias divergências entre o comando das tropas cubanas em Angola e os conselheiros soviéticos.
O general Varennikov recorda um episódio: «Quando da análise da situação do país, surgiram discussões, nomeadamente sobre questões de princípio. Por exemplo, eu não estava de acordo com o facto de as tropas cubanas não deverem, em circunstância alguma, participar em combates, salvo nos casos de ataques directos contra os cubanos.
Eles justificavam-se com ordens da sua direcção política. Como mais tarde me explicou o general Kurotchkin, os cubanos reagiam muito dolorosamente à morte dos seus concidadãos (como, a propósito, os americanos), por isso tinham instruções para não participar nos combates... Evidente que era necessário alterar o estatuto das tropas cubanas.
Tanto mais que os nossos conselheiros militares, que agiam a todos os níveis, desde o Ministério da Defesa e o Estado-Maior Geral até às brigadas, inclusive, eram obrigados a combater juntamente com os seus subordinados». «Tínhamos perguntas também a fazer quanto ao fornecimento de armamentos e tecnologia ao exército angolano e ao destacamento cubano de tropas em Angola: aqui, os comandantes cubanos, sem o conhecimento da sua direcção política, estabeleciam o que ficava para Angola e o que ficava para eles daquilo que era enviado da União Soviética»…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3607 – 02.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
O general Varennikov escreve: «A principal tarefa consistia em estudar o estado das coisas no local e elaborar, juntamente com os representantes cubanos e a direcção militar angolana, medidas para o posterior reforço da capacidade de combate das Forças Armadas da República Popular de Angola, para o aumento da eficácia das acções militares com vista à derrota das formações do grupelho contra-revolucionário da UNITA e rechaçar a agressão da República da África do Sul no sul do país.»
É importante assinalar os retratos que o general soviético faz dos dirigentes angolanos com quem contactou. O primeiro encontro realizou-se com o ministro da Defesa de Angola. «A meu ver, o encontro com o ministro da Defesa, general Pedale, foi demasiadamente oficial.
As minhas tentativas de tirar alguma afectação, frases gerais não receberam o apoio devido e a posição de Pedale provocou no general Kurotchkin (comandante da missão militar soviética entre 1982 e 1985) uma perplexidade legítima. Mas, depois, compreendemos que Pedale queria fazer figura de pessoa importante, por isso pavoneava-se um pouco. Tinha quarenta anos, era baixo e gordo.»
Valentin Varennikov encontrou-se também com o novo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos: «Já antes sabia muito sobre dos Santos. Quando jovem estudante destacava-se por capacidades invulgares, tinha um intelecto tenaz, vivo. Era bem desenvolvido fisicamente: jogou na equipa de futebol da primeira liga "Neftchi" (Azerbaijão).
Isto porque estudava na URSS. No nosso país ele casou com uma russa, que lhe deu uma filha (Isabel dos santos), e eles os três foram viver para Angola. As tempestades políticas levaram-no à liderança do MPLA - Partido do Trabalho e, ao mesmo tempo, Presidente.
Claro que ele não podia pertencer a si próprio. Ele tornou-se um dirigente popular.» - «Mas a sua vida pessoal - continua o general russo - desenvolveu-se de forma bastante dramática. Sob pressão das tradições nacionais, teve de deixar a esposa branca e a filha e formar uma nova família: a esposa do Presidente deveria ser negra***.
Dos Santos sujeitou-se aos costumes do seu povo, mas comportou-se de forma bastante nobre em relação à sua família anterior: deu-lhe uma vila, concedeu à antiga esposa uma pensão e um subsídio à filha. A filha foi autorizada a ir ter com o pai à residência em qualquer tempo livre.»
Não escaparam à atenção do general soviético as divergências existentes na direcção do Governo angolano, nomeadamente a questão da «despromoção» do general Iko Carreira de ministro da Defesa para chefe do Estado-Maior da Força Aérea de Angola: «Sendo um homem orgulhoso e extremamente ambicioso, claro que Iko Carreira ficou ofendido. Ele não expressava isso externamente, mas mantinha-se afastado e independente, como se a Força Aérea não fizesse parte das Forças Armadas de Angola.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: ***Pode daqui deduzir-se o quanto tinham de racistas os governantes de então, com efectivos do MPLA. Retirar o branco de toda ou qualquer gestão militar ou civil, era mais que evidente – tudo escandalosamente silenciado pelos mídias mundiais – fruto de uma descolonização enviesadamente esquerdoida…
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3605 – 30.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)**– O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
O alferes Nikolai Pestretsov, o ex-prisioneiro, continua sua descrição:«- Mas davam a entender que se eu fizesse as declarações necessárias, não sofreria nenhuma pena.» Mais tarde veio a revelar-se que as tropas sul-africanas estavam bem informadas sobre as tropas que defendiam Ondeia e sobre os militares soviéticos que aí se encontravam.
Assim era porque o comandante angolano de uma das brigadas desertara na véspera e, transmitira todas as informações ao adversário. A detenção do alferes Pestretsov provocou tão grande incómodo na direcção soviética que foram dadas ordens .para o libertar a qualquer custo: «A Embaixada em Luanda empreendeu os passos mais decididos para libertar Pestretsov e resgatar os corpos dos cidadãos soviéticos.»
Por exemplo, Vadim Loguinov, antigo Embaixador da URSS em Angola, membro da União dos Veteranos de Angola, contou-nos que, logo após ter sido recebida a notícia de que Pestretsov foi feito prisioneiro, «pedi pessoalmente, várias vezes e de forma insistente, ao dirigente da SWAPO, Sam Nujoma, para realizar uma operação e aprisionar na Namíbia um qualquer oficial sul-africano importante, para, depois, o trocar pelo alferes soviético.
Os nossos conselheiros soviéticos que trabalham em Angola para a Direcção de Reconhecimento Central (GRU, espionagem militar) e o KGB testemunham que semelhantes operações foram planeadas e realizadas pelo comando da SWAPO com a participação activa deles. Porém, não conseguiram fazer prisioneiro nenhuma figura digna para a troca.»
O alferes e os cadáveres dos militares soviéticos mortos foram trocados por dois pilotos americanos e os cadáveres de soldados sul-africanos em 20 de Novembro de 1982. Entretanto, a situação militar em Angola continuava a deteriorar-se, nomeadamente porque as autoridades militares angolanas não conseguiam organizar forças armadas regulares.
Vassili Lavreniuk, capitão soviético que prestou assistência militar em Angola entre 1983 e 1986, descreveu assim o estado das FAPLA: «O exército de Angola apresentava um quadro bastante triste. Na sua esmagadora maioria, os soldados eram analfabetos, prestavam serviço para receber um salário e a ração alimentar. As companhias e os batalhões só podiam contar com todos os soldados quando pagavam os salários ou distribuíam produtos.»
E, continua sua narrativa: -«A propósito, pode parecer uma anedota o caso em que, no dia seguinte à distribuição das rações alimentares nas tropas governamentais, era impossível encontrar os soldados e comandantes. Quando se perguntava para onde tinham ido, recebia-se a resposta: "Hoje Savimbi paga salários e dá produtos alimentares".» O capitão Lavreniuk chama também a atenção para o facto de os especialistas soviéticos não estarem preparados para a guerra em Angola.»
Com enfase diz: -«O que mais espantava era que os nossos homens não estavam prontos para aquela guerra, conheciam mal a situação nesse país africano. Mas seria possível outra coisa se na cúpula, em Moscovo, não compreendiam o que se passava em Angola? Nós tínhamos de enfrentar um forte adversário. Basta apenas dizer que o número de soldados da UNITA era superior a 55 mil. Eles tinham à disposição 155 tanques, lança-granadas, artilharia, mísseis "Stinger".» A situação militar agravava-se rapidamente e a direcção soviética decidiu enviar uma importante delegação militar a esse país, dirigida por Valentin Varennikov.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3604 – 29.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Valentin Varennikov recorda como ambas as partes utilizavam os dados de espionagem recolhidos pelos pigmeus: «Os nossos agentes, além das observações pessoais, utilizavam também os serviços pagos dos pigmeus. Eles vivem principalmente nas florestas do Congo, Zaire, Zâmbia, Rodésia, Namíbia, situadas em redor de Angola. Eu vi-os em África apenas uma vez, mas ouvi dizer muita coisa sobre as suas capacidades.
O principal é que os pigmeus têm, tal como algumas espécies de animais selvagens, um faro, audição e visão raros. Algumas horas antes de uma catástrofe natural (inundações, tempestades, sismo, etc.), o seu organismo já "sabe" da aproximação da desgraça. Por isso, os pigmeus tomam medidas e ocupam os seus refúgios protegidos.»
No início dos anos 80 do séc. XX, Luanda perdeu o controlo de amplos territórios do sul e do este do país, onde a UNITA, com o apoio das tropas da República da África do Sul, dera início a mais uma forte ofensiva militar. A 27 de Agosto de 1981, as tropas sul-africanas iniciaram a operação «Protea» na região da cidade de Ondjiva, onde se encontravam 14 soviéticos: «nove militares e... cinco mulheres, esposas dos especialistas, que eles tinham chamado da URSS…
Esses especialistas, não esperavam que a província angolana de Cunene se transformasse tão depressa num verdadeiro inferno devido aos ataques dos sul-africanos.» Dos catorze soviéticos, nove conseguiram sair do cerco vivos, dois oficiais conselheiros e duas mulheres foram mortos nos combates e o alferes Nikolai Pestretsov foi feito prisioneiro por soldados do 32° batalhão especial «Buffalo» das tropas sul-africanas.
O tenente Leonid Krasnov, tradutor militar da 11ª brigada de infantaria das FAPLA, um dos que conseguiram escapar ao cerco, recordou: «No dia 25 de Agosto fomos cercados pelos sul-africanos. Ondjiva foi atacada por via aérea e panfletos foram lançados, cujo texto dizia que quem apresentasse o panfleto juntamente com prisioneiros ou oficiais das FAPLA, comunistas e soviéticos assassinados por ele, teria o direito de sair do cerco.
Um cenário quase ideal para Hollywood! E apenas um dia para pensar! O dia 26 de Agosto foi incrivelmente calmo. Até os animais se acalmaram. Na véspera, os serviços de comunicação da 11ª brigada receberam um texto cifrado do conselheiro do comandante da 5ª região militar com o seguinte conteúdo: "Aguentar até ao fim. Não se entreguem vivos..."»
Isto era feito para que nem a UNITA, nem a África do Sul provassem à comunidade internacional que os conselheiros e especialistas militares soviéticos combatiam do lado dos cubanos e das FAPLA. «A guerra aumentava gradualmente em Angola, ao país chegavam já não dezenas, mas centenas e milhares de conselheiros soviéticos.
Oficialmente, considerava-se que eles não participavam nas acções militares. Por isso, os feridos e mortos, normalmente, eram considerados como 'Vítimas da malária, desinteria, picadelas da mosca tsé-tsé"» - escreve Serguei Kolomnin. Porém, desta vez, as tropas especiais sul-africanas conseguiram aprisionar o alferes Nikolai Pestretsov, que passou mais de um ano em várias prisões da África do Sul. «Fiquei espantado por eles saberem praticamente tudo sobre mim (patente, cargo, etc.). Assustavam-me com a possibilidade de apanhar 100 anos de prisão por ter assassinado um soldado sul-africano.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
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O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA DE ANGOLA
- Crónica 3603 – 27.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Numa declaração oficial, os Estados Unidos revelam a presença de tropas cubanas em Angola desde 1975, com o envio inicial de cerca de 15 mil homens. Três meses depois, durante uma visita breve a Caracas, Henry Kissinger disse em particular ao presidente Carlos Andrés Pérez: “Parece que nossos serviços de informação estão muito deteriorados porque só soubemos que os cubanos iam para Angola quando já lá estavam”.
Contudo, nessa ocasião corrigiu que a cifra enviada por Cuba era de 12 mil homens. Naquele momento em Angola havia muitos soldados, especialistas militares e técnicos civis cubanos, muito mais do que Henry Kissinger supunha. O primeiro contingente era composto de 4.000 homens que aumentaram rápidamente para 18.000.
Em 1976 já eram 36.000 e em 1988 já totalizavam 55.000 quando da Batalha de Cuíto Cuanavale, o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988. O local da batalha foi na região do Cuíto Cuanavale, província de Cuando-Cubango, onde se confrontaram os exércitos de Angola (FAPLA) e Cuba (FAR) contra a UNITA e o exército sul-africano.
Os cubanos saíram em 1991, enquanto a Guerra Civil Angolana teve continuidade até o ano de 2002. As baixas cubanas em Angola totalizaram cerca de 10.000 mortos, feridos ou desaparecidos. Mas, vamos agora escalpelizar novas falas tendo José Milhazes como perito em assuntos de URSS que sobre a Batalha de Cuito-Cuanavale – o «Estalinegrado angolano» adiantou: Àqueles que desejarem saber detalhadamente o que se passou na Batalha de Cuito-Cuanavale na versão da antiga URSS, sugere-se a leitura seguinte:
Sim! É de um livro, que tendo copyright, que pelo seu conteúdo polémico para o MPLA certamente não poderá ser vendido em Angola e, por isso, solicitamos a benevolência do autor e da editora pela transcrição que faremos de partes do texto para dar assim, conhecimento aos angolanos e não só, da realidade desta batalha. Desde já os nossos agradecimentos! As partes do texto em "bold" são da nossa autoria para chamar a atenção das partes mais polémicas.
A substituição de Agostinho Neto por José Eduardo dos Santos à frente do MPLA e da República Popular de Angola foi recebida em Moscovo, mas a sucessão foi acompanhada por uma nova espiral de confrontos armados entre as FAPLA e a UNITA. O general soviético Valentin Varennikov liga esses dois factos: «Na realidade, o sinal para o reinicio das suas acções agressivas (EUA) foi a morte de Neto.
Considerava-se que a sua morte faria cair a bandeira do MPLA - Partido do Trabalho e que todos os que tinham lutado sob essa bandeira e os que o apoiavam poderiam alterar a sua política, bastando para tal apenas pressionar.» - «Porém - continua o general soviético -, os dirigentes do MPLA- Partido do Trabalho elegeram um companheiro de Neto da luta pela independência do país, Eduardo dos Santos (a propósito, ele terminou a universidade na URSS: frequentou o Instituto Estatal de Petróleo de Baku).
Ele tornou-se também presidente do país e comandante supremo. Isto acabou por fazer perder a paciência ao Ocidente. Além de provocações frequentes, organizadas pela UNITA, FNLA e África do Sul, começou a preparação de acções de grande envergadura, de que estávamos ao corrente "em primeira mão":": os nossos oficiais espiões, agindo nos destacamentos da SWAPO no território da Namíbia e no Sul de Angola, tinham contactos directos com os militares da UNITA (Savimbi) e adeptos da África do Sul contratados por pouco dinheiro, mas capazes (também por dinheiro) de fornecer dados exclusivamente precisos sobre as tropas da África do Sul.»
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Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto, RTP-Notícias e Wikipédia…
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