NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3455 – 03.08.2023
- Boligrafando estórias em Hardap Game Park. – Em direcção a Ondundozonanandana a Norte…
Foi no ano de 1999
PorT´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
A árvore quiver - O Aloidendron dichotomum popularmente conhecido como aloé-aljava ou simplesmente de quiver, é uma espécie de aloé arborescente da família Xanthorrhoeaceae. Está presente na natureza numa restrita área árida, que vai do noroeste da África do Sul até o centro-sul da Namíbia, revelando-se uma espécie muito resistente à seca e às variações climáticas, podendo acomodar-se em terrenos rochosos e secos e chegar à idade com mais de quatrocentos anos.
A quiver, pode atingir os nove metros de altura e seis de envergadura, crescendo num tronco único, produzindo folhas longas de vinte a trinta centímetros, carnudas e espinhosas nas bordas. Floresce no inverno, apresentando vistosas flores amarelas que podem ser ingeridas, tendo um gosto que se assemelha ao espargo. O tronco é revestido por uma película branca que ajuda a repelir os raios solares, formando pequenas escamas afiadas e cortantes.
Os pássaros tecelões aproveitam-se deste facto para nidificarem em seus ramos, ficando assim, ao abrigo de predadores. Quando não conduzo ou visito algo, esmiúço o viver da sociedade hodierna no tempo, para saber da verdadeira razão dos paradoxos entre um e outro tempo na mente das gentes, uns com fúteis caprichos duma vida cheia de multiplicidade bacoca e, muitos outros que só se limitam a ver os demais, criticando-os…
E, a vida que passa rápida fica muito preenchida de eventos efémeros em que gastam o que não tem em felicidade de cacaracá; Sim! Neste mato de capim tombado pelo vento, tiro daqui e dali umas fotos com uma Canon A1 já com saudades de avizinhar o futuro que cá por mim que rezo cristão, católico e apostólico, só fico no rascunho apócrifo na certeza da incerteza. Que sim, que não! Porque tudo fica difícil com as pessoas desigualando-se por mero capricho ou moda…
E, porque estou aqui por querer, averiguo o saber na deriva dos vocábulos bohere e wors, oriundos do africânder que significam respectivamente "agricultor" e "salsicha". Vi-me na foto do meu android e fiz-me gaifonas vendo as rugas enquadradas num diferente tempo, redondo e elástico, nem sempre alegre, nem sempre triste. Caramba, talvez aquele chá tenha posto umas três gotas de canábis (comprado na farmácia do M´puto) para encurtar pesadelos e restituir-me a lucides.
Enfim, tenho tido essa preocupação: de me equilibrar em meu esqueleto, mantendo-o ligado aos espirito. Entretanto e já no escuro da noite preparo um caldo verde para dar consolo ao apetite fora de portas, na varanda do chalé do Hardap Game Park, ouvindo os barulhos de fora, chiados dos macacos, os choros das hienas e muitos outros indefinidos gunchos intercalados que, creio serem de girafas.
Aqui, de noite todo o bicho canta para chamar a fêmea ou o macho, para saber a que distância por matemática ressonante ou, está dum qualquer abismo dando indicações a outros. Irei experimentar adicionar ao caldo verde o boerewors, aquela supra dita salsicha fresca tradicional bóher, em substituição do chouriço do M´Puto.
Ontem comi frango frito esfarelado com arroz integral e aquecido no forno e, para variar, gelado regado com amarula no final – o melhor licor do mundo. Comi biltong de kudu, de boi, ou olongo, e bebi suco de goiaba e massala de Moçambique – faltou-me o kimbombo de massambala, uma bolunga agradável que um moçambicano me ofertou no lugar de Benoni, (arredores de Johannesburg) há dias atrás
Percorro os dias assim, um caminho com gente chegando e partindo dizendo good morning só mesmo assim, sem muito mais dizer, sem muito mais saber; missangas de vida com malas atafulhadas de coisas: coisas que podem ser úteis tais como: o canivete Mike Giver, a lanterna no meio das cuecas para não quebrar, os cremes de amaciar a flôr-do-congo mais o pincel de amaciar as carunchosas unhas … E, assim lá no cú de Judas, eis que num dado momento o écran do maldito computer surge a pergunta de se; se este senhor “era eu”? Estou feito ao bife – de novo! Lá terei de dizer que não sou um robô e confirmar uns arabescos apócrifos. Amanhã vou tentar subir a duna da Milha 45, chau – mungweno!
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3453 – 01.08.2023
- Boligrafando estórias em Krabbehoft Guesthouse and Catering. Estávamos ainda em LUDERITZ … Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Necessitando de renovar minha paz por mais uns dias em país que não o meu, insurgia-me contra essa maçada de pagar expedientes ou emolumentos numa terra com padrões de meus ancestrais situados um pouco mais a Sul e no lugar de Elizabeth Bay. Foi quando vimos as duas hienas esgueirar-se na esquina salitrosa dum prédio roído pela maresia.
Chafurdavam em um conjunto de bidons fazendo de contentores com restos de comida, sobras do pasto de gentes, pasteis roídos de fartura com natas de engordar há mistura com salitrosos guardanapos empapados de óleo e espinhas de pescada. Neste encanto de desespero entre o mar e o deserto, rendilhamos nossos sonhos com muitas pedras roliças, daquelas que já andaram e desandaram milhares de vezes a recordar que somos uns nada comandados por mistérios…
Mesmo que rumine uma harmonia que me favoreça a dormir embalado pela mão de Deus, esta paz fica-me cara porque, aqui na terra, os homens pagam-se bem pelos expedientes. Regressando à teoria do pessimismo, terei de concordar que é certo o que se diz de que o que tiver que acontecer, acontece, e neste caso aproveitarei rever um oceano de quilómetros de acácias - longe do mar, desertos e bichos na firme vontade de não ser extorquido como um qualquer turista para ver pedras e ou atravessar uma curta ponte construída pelos colonos e ter de pagar pedágio, portagem ou sacanagem de coisas descolonizadas (roubadas).
Assim de como quem vai ao mercado das calamidades, feira da ladra para compra nossas coisas desviadas no furto, capiango da necessidade. Um escambau - Em áfrica, tudo é possível, tudo é da TIA - That Is África. Coabitando com este gozo de incertezas, preencho a inspiração sem doçura, um veludo negro cuspilhando-me num desconsolo na alma.
Mas, como “há males que vêem por bem” acoitei minha curiosidade em ver cavalos selvagens por esta grande área aonde as areias foram tomando conta das casas – cavalos que relincham em alemão porque foram eles que os deixaram por aqui; porque o eram em tempos, cavalgaduras deles, até que um dia em que os diamantes de sonho deixaram de aparecer a brilhar, Também a Guerra Grande que chegou até aqui destroçou vidas com brilhos cintilantes como as estrelas do céu que aqui, de noite, são aos triliões.
Sem me assustar com a calma tremeluzente que carrego, trotarei como aqueles cavalos a sobreviver alvoroços e daqui, segui, seguimos para Windhoek feito um naco grande de sabão p´ra macaco com almofadinhas de chita branca, carteira com dólares verdes numa forma de amaciar minha rigidez branca. Em terras de gente que, só parecem querer meu kumbú, irei rever meu Rundu, meus amigos fujões do outro lado chamado de Calai de Angola no Okavango.
Ver um rio de maravilha que desagua numa lagoa grande chamada de Delta. Outra corrida - Outra viagem! A vida é assim mesmo, como um carrossel. Recordar a estória do final do ano de 1975 de, quando um General de Pretória num dia intercalado das guerras independentistas, chega um indivíduo sem nome a Grootfontein; Este senhor levando um visto de trabalho em nome de João Miranda saído às pressas de Angola.
Do General que viu em João Miranda, o Tuga do Dírico, com o perfil certo para ser integrado no Batalhão Búfalo por falar a língua dos estalidos, bosquímanos, os Khoisans. Da companhia Búfalo que estava a ser organizada para intervir em Angola contrariando as investidas comunistas. Foi lá no Hotel Safari que me instalei em diferentes fases da independência de Angola. Lugar por onde irei passar de novo, rever o amigo Pimenta se ainda for vivo, enfim, lugar aonde pela primeira vez comi ostras no gelo e gelado dom pedro com Marula…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3451 – 30.07.2023
- Boligrafando estórias em Ondundozonanandana. Estávamos ainda em Luderitz, terra soprando a areia no caminho… Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Na minha vontade, parecia só querer ser uma lenda a comparar com o feito de Amyr Klink que sozinho e num barco a remos atravessou o Oceano Atlântico percorrendo sete mil quilómetros. Foi o primeiro feito a ser amplamente divulgado na imprensa internacional que ocorreu entre 10 de Junho e 19 de Setembro de 1984, entre Luderitz, na Namíbia (África) e Salvador, na Bahia (Brasil) – trinta e nove anos lá atrás.
Foi um feito invulgar a mostrar o quanto a tenacidade pode vencer um sonho. Abro uma brecha na minha viagem para falar sucintamente de Amyr Klink, o navegador que desde Luderitz da Namíbia, provocou seu grande desafio - a travessia solitária do Oceano Atlântico a remo. Pois, com 29 anos na idade, ele zarpou dali, cidade vizinha à Costa dos Esqueletos - com ossos humanos e de animais espalhados pela praia.
“Favorecido pela corrente fria de Benguela afasta-se da orla e deflecte para dentro do Atlântico; no lugar onde começam os ventos alísios que sopram fortes e regulares até o Nordeste do Brasil”, descreve ele em seu livro. Algo idêntico ao procedimento na navegação Tuga entre Cabo Verde, Guiné Bissau, Angola e o Brasil em tempos idos, muito antes do achamento do tição com forma de Nossa Senhora que da fé imaginada se converteu em Nossa Senhora (Preta) da Aparecida…
Amyr, virou um navegador respeitado, e sua paixão pela Namíbia jamais cessou. “É segura e económica”, analisou ele, que ali voltou várias vezes. Tal como ele, ambos verificamos em diferenciadas vertentes o interior, deserto do Karoo e Kalahári, preservado de bichos terrestres já tão vistos em safaris, enquanto no litoral, cidades como Lüderitz, Walvis Bay e Swakopmond o é, morada de focas, pinguins, flamingos, pelicanos e tubarões que fazem parte do círculo ou cadeia alimentar.
Ambos, matamos saudades dos acasos e singulares amizades que fizemos e, dos óptimos pitéus que usufruímos com frutos do mar ofertados pela natureza. Juro que eu, em plena consciência nunca faria isto, meter-me ao mar sem balizas firmes assentes em algo de referência, como os padrões semeados ao longo da costa pelos Tugas, vendo só o horizonte curvo a confundir-se com o céu do Nosso Senhor! Menos mal que nesse tempo de lá para trás, não se cogitava que o Universo não tinha bordos, era uma fumaça com cacimbo sem fim.
Agora tenho a certeza que vou terminar meus dias sem saber aonde fica esse tal de cu-de-judas do fim do Mundo. O mundo continuou a girar como sempre e, não mudou por este feito mas seus “Cem Dias entre Céu e Mar” ficaram nos anais da coragem marítima. Comparar-me assim minuciosamente com tamanhas aventuras é consolar-me com alheios fumos, fumos de charutos como se fossem pensamentos num tom cor-de-rosa que se perfilam em matemática quântica porque os índios Sioux e, todos os outros das antigas estórias de bordel, já foram extintos, não há muito tempo…
Desfalecido nos ombros, um pouco mais tolo e muito mais míope, agora, já com a audição a não ouvir os cantares de galo no silêncio da noite, coxeio-me em vozeados ambientes de cochichos frouxos. Coitado de mim! Bom - prá frente. Em Keetmanshop, procuramos em arcas carne de caça para fazer um brai-churrasco lá acabamos por encontrar uma carne escura; era de órix, esse belo animal que se podem ver fazendo pose nas dunas de areia vermelha lá no horizonte.
A senhora bóher do armazém-venda, pouco mais que um cuca-chope, queria impingir-nos outra carne porque aquela era de caça mas, mal sabia ela que era isto que procurávamos. Em seu conceito, não era normal os turistas comerem bichos-do-mato. Como podem verificar, missionando o toutiço, perdi inteiramente as minhas belas cores europeias, a cara sarapintada de funchos, crateras com rugas extravagantes…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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