NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3519 – 23.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Luanda, meados de 1975 - Onde quer que uma pessoa se encontrasse escutava o inevitável fragor dos combates, o rebentamento de obuses e também, observar no céu colunas de muito fumo. O medo sentia-se no ar! Camionetas passavam com feridos e mortos em direcção ao hospital e à morgue largando rastos de sangue pelo asfalto; Tem-se agora a certeza de ter sido de propósito para provocar o pânico entre os brancos. Está escrito!
Mas, sempre haverá muitos dizendo ter-se esquecido; que talvez não tivesse sido tanto assim; sempre a tentar lavar o sarro de tanta hipocrisia. Sinto-o! Segundo afirmações posteriores de Fonte: Lusa na voz do conhecido comentador José Milhazes, militares soviéticos receberam autorização secreta para combater em Angola… Andrei Tokarev, tradutor militar recorda: “Os nossos especialistas montaram rapidamente, numa antiga base aérea militar portuguesa de Luanda, vários pontos de treino e começámos imediatamente a treinar os combatentes das FAPLA.”
Os pseudo guerrilheiros do MPLA, sempre criativos em assuntos bélicos, davam uma nova utilidade às armas Anti-Tanque - RPG-7. Utilizaram assim esta arma visando o seu poder de fogo demolindo literalmente as sedes politicas dos movimentos rivais - UNITA e FNLA. Os estragos, como se poderá imaginar, eram astronómicos, pondo em perigo muitos civis circunscritos ao acontecimento. Na população branca, dissolvera-se de vez a ilusão de que seria possível ter um lugar no futuro de Angola. Em Luanda apenas um punhado de bravos efectivos do COPLAD, fieis ao Alto-Comissário Silva Cardoso, entre Janeiro e Agosto de 1975, defendia a vida e os bens dos portugueses. Na Avenida Brasil e na dos Combatentes da Luua, as principais sedes dos movimentos foram destruídas entre si, a tiro e, com elas, os edifícios onde se situavam.
Alguns dos edificios com dezenas de apartamentos foram trespassados por balas perdidas, por tiroteio assassino e negligente. O último grito em armamento eram os canhões sem recuo contra viaturas blindadas como é dito aqui mas, usadas para outra qualquer destruição. Esta batalha, a de Luanda, não se cingiu somente à capital. Alastrou por todo o Norte com desmandos brutais num preparado plano de tundamunjila aos brancos pelo exercito Tuga do MFA às ordens de Coutinho… Os brancos sem amas, sem apoio, sem a mínima hipótese viram-se numa de “ou mato, ou morro”. Como formigas salalé e em desordem fugiam com algumas imbambas daqui para ali mas e, principalmente sempre para Sul e, ou a Capital.
Os últimos portugueses no Interior de Angola, formando comboios de carro, com muitas camionetas carregadas de pertences, puseram-se a caminho da Luua. Os funcionários da Administração Ultramarina, dita Colonial, vêem no Quadro Geral de Adidos uma saída para a sua situação recorrendo a esta hipótese como fuga para a frente. Resumindo grosseiramente, o Decreto-Lei n.º 23/75, de 22 de Janeiro, vem regular a situação dos servidores de Estado ou dos corpos administrativos dos territórios ultramarinos quando ascendessem à independência. Assim, mais tarde, o Quadro Geral de Adidos - Decreto-Lei n.º 294/76, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 581/76 deu antecipadamente (..pelo Decreto-Lei n.º 23/75, de 22 de Janeiro) corpo à fuga de Angola; E, para os efeitos, é criado o Serviço Central de Pessoal, pelo Decreto-Lei n.º 196/76, de 17 de Março, que tem como responsabilidade proceder à recolocação e integração dos funcionários públicos oriundos das ex-colónias. Isto veio a facilitar o processo de descolonização por via de todo o abandono dos órgãos gestores do Território…
Atravessando perigosas picadas e outras estradas aonde pululavam guerrilheiros de faz-de-conta impregnados de muito ódio ao branco sucederam-se ousadas peripécias-. Nomeadamente a fuga pela areia da Costa dos Esqueletos já na Namibia; sujeitos a serem engolidos pela maré do Atlântico ou pelas areias movediças do deserto. Isto, depois de atravessarem em balsas improvisadas o rio Cunene, uma ousadia ainda presente na memória de muitos refugiados e ainda a ser descrita por este ou aquele interveniente.
Para quem alcançava o sucesso de sobreviver, já em segurança dada pelas forças armadas da África do Sul, relembram com soluços os muitos desafios de vingança por gente com a cabeça cheia de fumo, liamba e bebidas desinibidoras, fazendo a seu bel-prazer a justiça ocasional (pude asistir a este “filme” em outros lados). Por dá-cá-aquele-palha, até parece mentira, um cigarro, uma cerveja, um qualquer cobiçado traste, podia ser motivo de se livrar à morte. Assim e correndo grandes perigos, procuravam o lugar mais próximo de embarque… para um qualquer lado…também, a já tão propalada ponte aérea (lá iremos…)…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3514 – 10.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Rosa Coutinho, o marinheiro, foi o oficial de aviário mais verdadeiro na história recente dos Tugas do M´Puto pois que teve o seu início de famoso, numa gaiola amarrada com lianas do N´Zaire. Terá sido Holden Roberto da FNLA, como patrulheiro da fronteira do Congo que o fez passear em uma jaula como se o fora, um macaco. Esta figura, o contemporâneo “maior traidor militar português”, deveria estar em maior destaque. Pois, assim sendo, deveria estar nesse mausoléu dos mwangolés, chamado de “Sputnik” da capital Angolana – Luanda, pois que, foi ele quem forjou toda a táctica de “libertação”.
Ele, Rosa Coutinho, estará salvo seja para Angola, como Simon Bolivar o está para a América - a chave basilar nas guerras de independência da América Espanhola - (…Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela), pois, foi este o monstro “Vice-Almirante e Alto-comissário” que para todos nós brancos da Luua e todos os demais espalhados pelos matos do sertão e cidades, proporcionou ao MPLA ficar na governação deste território, sem qualquer mérito.
Agostinho Neto, o primeiro presidente, só o foi em verdade, uma testa de ferro daquela figura detestável com nome de Rosa… No entanto teve a ousadia de dizer à coisa dada que “a independência, arranca-se” – Mas qual foi seu mérito!? Rosa Coutinho - o traidor, aliado às artimanhas do “glorioso PREC” - Processo de Revolução em Curso, do MFA – Movimento das Forças Armadas do M´Puto, que tudo lhe deram. Tuco combinado unha com carne com o glorioso MPLA, fez o que quis: pintou e bordou a preceito e, conforme as directivas comunistas.
Nós, os brancos (ditos colonos), ficamos como pulgas entre unhas de dois polegares, sem armas, sem qualquer ajuda, num abandono quase quase total; pronto para o serem: mortos! Quanto à ajuda pela União Soviética através de Cuba - Pois, (...) vocês sabem o que Rosa Coutinho e os estafermos do MFA queriam que se soubesse. A grande maioria da população de Portugal estava em conformidade com esta postura, desinformado até ao tutano pelos órgãos de informação.
Pelos mesmos órgãos de informação controlados pelos guedelhudos militares pseudo revolucionários. Dizia-se: Os brancos eram definitivamente uns exploradores, uns fascistas e racistas da pior espécie. No M`Puto, até nossos familiares, nos aceitaram com desdém, manuseando crachás com a Catarina Eufémia ao peito. Entretanto as forças cubanas iam chegando a Cabo Ledo numa praia deserta com o nome de Sangano.
Foi por aqui que entraram os primeiros militares cubanos que deram formação às primeiras tropas organizadas do MPLA. E, foi Carlos Fabião, Flávio Bravo e Agostinho Neto que acordam os pormenores da participação Cubana na Operação Carlota, a que ficou conhecida como a Batalha de Luanda. Pode-se agora, 48 anos depois do ano de 75 recordar: Foi na Praia de Sangano que desembarcaram esses primeiros homens comandados pelo General Raul Diaz Arqueles.
Ali descarregaram os primeiros complexos móveis de defesa antiaérea “Strela”. Os instrutores deste equipamento sofisticado, estavam a ser coordenados pelo Coronel Trofimenko que a partir da Republica do Congo Brazaville enviavam numa primeira fase, pequenos aviões para aterrizar na pequena pista de aviação da Kissama em Cabo Ledo.
Pois foi aqui que saíram nessa Operação Carlota no terceiro trimestre desse ano; oficiais que por ali passaram tais como: Abelardo Colomé Ibarra, Lopes Cubas, Freitas Ramirez, Leopoldo Cintras Frias ou Romário Sotomayor. Foram estes e os jovens da Academia Militar de “Ceiba del Água” que mais tarde deram os pormenores já descritos em várias fontes que iremos recordar. Cabo Ledo teve uma forte intervenção na sinalização daquela que ficou conhecida por a “Batalha de Luanda”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
Como se fosse um cofre, viemos futurar o destino em África, olhando dentro dele, ver o que já foi passado quando se abre e que, após seu fecho, só se pode pressentir o que poderá vir a acontecer, nada mais! Os segredos de Deus só a Ele pertencem! Na voz do bom senso, terei de esperar o amanhã, sem mais nada ter que fazer.
Que se saiba foi o único ser humano que subiu vivinho da costa até o grande salão de São Pedro - foi mesmo esse Eliseu! Que eu saiba, só o designado santo homem, numa forma fenomenal subiu aos céus de forma côngrua ainda em vida; ele tinha uma forte vontade de ir para junto de Deus e, foi em espiral que fez sua derradeira viagem astral. Creio que por lá ficou! Muitos acham que Elias, que também subiu ao céu em carro de fogo, cavalos de fogo e, edecéteras! Seria um ET? Porque não! Aqui, na terra dos espinhos longos, pensa-se em tudo…
A incerteza sempre irá prevalecer porque o condão do saber e do sempre querer, estarão encerrados na ilusão do que somos: nada!Nunca iremos descobrir tudo e melhor será, este assim. Antes que me perca em devaneios, volto à cidade de Fiume, em Croata Rijeka (ambos os nomes, em português, significam "Rio"), que recebeu autonomia pela primeira vez em 1719, quando com o decreto do imperador Carlos VI foi declarada porto franco. Em 1779, nos tempos de Maria Teresa da Áustria foi fundado o Corpus Separatum. Desde então, e até 1924, Fiume existiu como entidade autônoma com elementos de um Estado.
Com a derrota do Império Austro-Húngaro na Primeira Guerra Mundial, o status da cidade de Fiume tornou-se um problema internacional: a assim chamada "questão de Fiume". Durante a controvérsia entre o Reino da Jugoslávia e o Reino de Itália, as forças internacionais propuseram a fundação de um Estado independente. Em 12 de Novembro de 1920 o Reino de Itália e o Reino de Jugoslávia firmaram o Tratado de Rapallo, com o qual as duas partes reconheciam a total independência do Estado de Fiume e prometiam respeitá-la.
Com tal acto foi fundado o Estado Livre de Fiume, o qual existiu com duração de quatro anos. Agora que me estiquei nesta explicação, acho que terei de ir até ao fim prestando homenagem a esses sonhadores e exploradores fiumanos que tiveram essa sorte de o não serem expulsos numa farsa chamada de descolonização do TUNDAMUNJILA* (referente a Angola)… Sendo assim a todos os refugiados e retornados de Angola, poderemos chamar de TUNDAMUNJILANOS por obra e graça de um tal CR – Concelho da Revolução do M´Puto…
NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3473 – 26.08.2023 - Foi no ano de 1999
- Escritos boligrafados da minha mochila - Aquele Bóere* das batatas do Vaal deveria ter mesmo olhos nos pés!
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Aqui há diamantes? Perguntei à suricata empinada numa pequena elevação que nada me disse, pudera! Sem se importar com essa brilhante pedra que ofusca gentes, fugiu para um dos muitos buracos ali espalhados; terra fresca denotando trabalho árduo para assim se refrescar daquele calor tórrido; calor que chega a ir a mais de cinquenta graus no pico do verão. Coisa para se dizer, Pópilas!
Pois aqui, damo-nos conta de que afinal, sempre há povos a descrever teorias ou filosofias novas clareadas por meio de metáforas que a natureza lhes ensina. Aquela de os pés dos bóeres têm olhos vuzumunava minha kuca com lantejoulas rupestes. Nestes espaços abertos dissociamo-nos dos conflitos sociais; das metáforas criadas pelo homem a justificar coisas sempre compreendidas numa forma de agradar.
As artes criativas dos homens continuarão a florescer com brilhantes expressões saídas da imaginação; novos níveis de conflito ou sedução e, porque a arte por vezes é a mentira a nos mostrar a verdade. Ué… Lembrei-me do professor Souares, um espiritualista com manias de mwata a enfeitar minha testa com unguentos de salsaparrilha e xixi de guaxinim fedorento, tentando resolver meus problemas de mau-olhado.
Este eterno conflito foi-nos legado pela inteligência que tende a evoluir no tumulto com velhas ou novas criticas - velhas teses ou teorias diferentes deste mwata Kimbanda da mututa que me quer desfrisar uns kumbús como assim, na saúde, na doença e o escambau… Um teste de vida de tendência evolutiva legada por Deus, porque pensar o contrário disto, será decerto uma imperdoável heresia. Nos vínculos efectivos do antes, agora, depois e, enquanto gente, vamos rever humanidades antigas de quando passamos de animais quadrupedes a pessoas com mais de 600 centímetros cúbicos de capacidade craniana. Se agora temos 1.500 centímetros cúbicos de capacidade, tudo leva em crer que no futuro, nossas cabeças serão tão grandes que só se nascera de operação cesária.
Este problema sempre presente e cada vez mais remanescente, não reside na natureza nem na existência de Deus mas, nas origens biológicas que pela mente cataloga o auge evolutivo na biosfera. Poderá dizer-se nesta pequena imagem de vida real que cada homem está por assim dizer num estreito nicho como numa burocracia de curral. A parede deste nicho esmaga-nos individualmente a personalidade levando-nos a não poder extravasar nossa euforia como se fossemos bois confinados só a mugir até serem defuntados com um urro levado na ponta dum facão. Por ali, entre os khoisans, busquimanos, que se saiba, nunca andou sequer um profeta escrevendo na areia qualquer mandamento…
As nossas atitudes em relação às coisas, reflectem critérios de valor fundamentais tornando a relação homem-coisa em algo cada vez mais transitório. Se eu fosse professor catedrático teria de vasculhar os termos para não falar tão fora dos parâmetros convencionais. A ideia de usar um produto-coisa uma única vez ou durante um curto espaço de tempo, substitui-lo ou deitá-lo ao lixo, contraria a sociedade ou os indivíduos com uma herança de pobreza.
As gentes do meu tempo, septuagenárias, que nasceram antes da invenção do plástico e do aparecimento do transistor, muito antes de haver computadores e inteligência artificial e ajuda dos algoritmos, não estão tão habituadas a produtos de utilizar e deitar fora; até conservam seus casamentos para lá dos cinquenta ou mais anos; preferem reciclar a vontade de fazer querer, em detrimento do só querer. Hodiernamente já nem vou a casamentos para não me sentir defraudado com a curta duração do umbigamento; quando muito, mando um pouco do meu laço de solidariedade com umas escassas centenas de kumbú para não o ser ovelha ranhosa na família…
Comecei esta em querer falar no homem das batatas da África do Sul mas tudo escorregou na ladeira mais fácil a fim de não perturbar as mentes, pois sempre ouvi dizer que a fé move montanhas. E, num lugar ermo como este do Calahári, aonde o estio é brutal, um homem semeou batatas no deserto e, porque acreditou em Seu Senhor, foi abençoado com toneladas de tubérculos. Contaram-me, vi até um filme que mostrava aquela arides. Ao seu redor havia descrença e a surpresa apanhou-os de boca aberta; Também eu fiquei confuso vendo tanta batata saída da terra. Terra que, com vento, só leventava pó. Este bóere do Vaal devia ter mesmo, olhos nos pés!
Bibliorafia: Bóere: Na África do Sul, os bôeres (africânderes) foram a base social principal do regime do apartheid, que durante muitas décadas vingou na África do Sul. Ao mesmo tempo, foram o grupo chave para o desenvolvimento económico da África do Sul e a posição de vantagem deste país na economia mundial… (Dados da Wikipédia…)
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3457 – 05.08.2023
- Boligrafando estórias em Sossusvlei - Em direcção a Ondundozonanandana mais a Norte… Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Naquele momento, aquilo era o céu. Envoltos em azul vivo, escorregávamo-nos no vermelho longínquo tremelicando a cércea no horizonte das terras altas, o amarelo ouro das dunas e o preto das sombras, cada um de nós se sentia "um senhor do mundo". Sossusvlei ficou para sempre gravado na nossa memória.
Para trás (dias antes), ficava aquele pedaço de coisa caído do céu, uma bola de fogo rija como o titânio; um tal de Meteorit caído no meio do nada, como que uma pequena recepção feito bolo num imenso Calahári e aquele funil vulcão chamado de Brukkaros com cactos feitos árvores em paisagem lunar…
Na Namíbia a distância não se mede em quilómetros, mas em tempo e, percorrer todas aquelas distâncias é como completar uma missão impossível. Após pagarmos uns poucos "randes" a um homem fardado, entramos no tal lugar no meio de uma descampada savana de tufos secos de capim, chinguiços com picos medonhos. Lá estava aquela coisa pegada ao chão com 60 toneladas, uma liga de fusão vinda do Universo, dum infinito lugar.
Meteorit era o nome indicado com a referência de Hoba West, não muito longe de Grootfontein (em África tudo fica perto, é ali mesmo patrão, mwadié). Por falta de rede tenho de recordar agora, aqueles dias atrás… Toquei aquele titânio rijo e frio, embasbacado sentei-me observando-o por algum tempo. Sentado na duna recordava os anteriores dias anoitecidos num universo de estrelas – ali a noite cai rápido.
na
Posso imaginar quantos fotógrafos desejariam estar ali no Sossusvlei sem ninguém à volta por dezenas de quilómetros, sem qualquer ruído e acompanhados apenas pelo último raio de sol, pelas primeiras estrelas no céu imaculado da Namíbia e, o brinde no topo deste cenário, numa noite de lua cheia…
Entretanto a rede via telefone chegou; o telelé dava sinais de vida. Fui assim ao computador ocupar o tempo, li poemas, reli baladas e muitas tretas de fazer caretas; ouvi cantigas, li desaforos, coisas choradas, lamuriadas do M´Puto, cânticos gospel humedecidos, vídeos foleiros, alguns brejeiros e fui à China comer baratas, grilos e gafanhotos. E, eis que num dado momento o écran do maldito computer surge a perguntar-me se este senhor “sou eu”? Estou feito ao bife – de novo! Mas, aquele era sim, o respectivo e, a um sim tudo se normalizou…
De novo, juntei umas madeiras; preparei a carne e as argolas de borrabôs, aquele chouriço bóher, ali bem junto às lareiras que existem para esse efeito. Dispus a carne e as argolas de elevado teor de gordura e o cheiro despertou a fome no clã T´Chingange. Com tudo já torriscado no brai, passa-se para uma improvisada tampa a servir de bandeja e, cada qual se serve com uma papa de milho típica daqui - o milhipap…
No calor do tempo queimo cansaços, fracassos vazios, decepções e até solidões, com Windhoek Premium Lager (cerveja namibiana)! Obrigado a mim, a ti e a tu também (o ti é um, o tu é um outro)… Estou feito ao mataco de afundear em sofás e, lá tenho de o conservar com sal e vinagre na forma enrolada numa espiral contínua porque tudo quanto acontece, é na terra que sucede, num céu eterno e pacífico cumprindo-se na ordem natural aonde quer que estejamos…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3451 – 30.07.2023
- Boligrafando estórias em Ondundozonanandana. Estávamos ainda em Luderitz, terra soprando a areia no caminho… Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Na minha vontade, parecia só querer ser uma lenda a comparar com o feito de Amyr Klink que sozinho e num barco a remos atravessou o Oceano Atlântico percorrendo sete mil quilómetros. Foi o primeiro feito a ser amplamente divulgado na imprensa internacional que ocorreu entre 10 de Junho e 19 de Setembro de 1984, entre Luderitz, na Namíbia (África) e Salvador, na Bahia (Brasil) – trinta e nove anos lá atrás.
Foi um feito invulgar a mostrar o quanto a tenacidade pode vencer um sonho. Abro uma brecha na minha viagem para falar sucintamente de Amyr Klink, o navegador que desde Luderitz da Namíbia, provocou seu grande desafio - a travessia solitária do Oceano Atlântico a remo. Pois, com 29 anos na idade, ele zarpou dali, cidade vizinha à Costa dos Esqueletos - com ossos humanos e de animais espalhados pela praia.
“Favorecido pela corrente fria de Benguela afasta-se da orla e deflecte para dentro do Atlântico; no lugar onde começam os ventos alísios que sopram fortes e regulares até o Nordeste do Brasil”, descreve ele em seu livro. Algo idêntico ao procedimento na navegação Tuga entre Cabo Verde, Guiné Bissau, Angola e o Brasil em tempos idos, muito antes do achamento do tição com forma de Nossa Senhora que da fé imaginada se converteu em Nossa Senhora (Preta) da Aparecida…
Amyr, virou um navegador respeitado, e sua paixão pela Namíbia jamais cessou. “É segura e económica”, analisou ele, que ali voltou várias vezes. Tal como ele, ambos verificamos em diferenciadas vertentes o interior, deserto do Karoo e Kalahári, preservado de bichos terrestres já tão vistos em safaris, enquanto no litoral, cidades como Lüderitz, Walvis Bay e Swakopmond o é, morada de focas, pinguins, flamingos, pelicanos e tubarões que fazem parte do círculo ou cadeia alimentar.
Ambos, matamos saudades dos acasos e singulares amizades que fizemos e, dos óptimos pitéus que usufruímos com frutos do mar ofertados pela natureza. Juro que eu, em plena consciência nunca faria isto, meter-me ao mar sem balizas firmes assentes em algo de referência, como os padrões semeados ao longo da costa pelos Tugas, vendo só o horizonte curvo a confundir-se com o céu do Nosso Senhor! Menos mal que nesse tempo de lá para trás, não se cogitava que o Universo não tinha bordos, era uma fumaça com cacimbo sem fim.
Agora tenho a certeza que vou terminar meus dias sem saber aonde fica esse tal de cu-de-judas do fim do Mundo. O mundo continuou a girar como sempre e, não mudou por este feito mas seus “Cem Dias entre Céu e Mar” ficaram nos anais da coragem marítima. Comparar-me assim minuciosamente com tamanhas aventuras é consolar-me com alheios fumos, fumos de charutos como se fossem pensamentos num tom cor-de-rosa que se perfilam em matemática quântica porque os índios Sioux e, todos os outros das antigas estórias de bordel, já foram extintos, não há muito tempo…
Desfalecido nos ombros, um pouco mais tolo e muito mais míope, agora, já com a audição a não ouvir os cantares de galo no silêncio da noite, coxeio-me em vozeados ambientes de cochichos frouxos. Coitado de mim! Bom - prá frente. Em Keetmanshop, procuramos em arcas carne de caça para fazer um brai-churrasco lá acabamos por encontrar uma carne escura; era de órix, esse belo animal que se podem ver fazendo pose nas dunas de areia vermelha lá no horizonte.
A senhora bóher do armazém-venda, pouco mais que um cuca-chope, queria impingir-nos outra carne porque aquela era de caça mas, mal sabia ela que era isto que procurávamos. Em seu conceito, não era normal os turistas comerem bichos-do-mato. Como podem verificar, missionando o toutiço, perdi inteiramente as minhas belas cores europeias, a cara sarapintada de funchos, crateras com rugas extravagantes…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA - Boligrafando estórias em cor antiga em terras de KHOISAN… Nos anos de 1999 e 2018…
Crónica 3445 – 24.07.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
Na descoberta de África, chegar aonde os outros não chegam e, a partir de Cape Town, rumei às longínquas terras do fim do mundo, terra do nada que na língua Ovambo tem o nome de Namíbia. O destino do Rundu na Owamboland estava a 2500 quilómetros mais a norte, fazendo fronteira com Angola pelo rio Cubango ou Okavango. O mesmo que vai desaguar não no mar, mas numa vasta área chamada de Delta do Okavango.
Cedendo a rogos do meu ego, não fiz mais do que executar um plano há muito preparado com Mapas do Cuco edições e mapas Guia Michelin, uma publicação turística destinada também a classificar restaurantes e hotéis; decidi-me a atravessar os grandes desertos do Karoo e Kalahári, na rota de fuga do povo Bóher, sempre para norte. No ano de 1999, fim do século XX, regimentava minha vida acumulando sentimentos de muitas dúvidas; hoje, estas mesmas duvidas aumentaram exponencialmente.
Já nesse tempo não se estava bem aonde se estava tal como o Variações, um cantor barbeiro e cabeleireiro que também sabia cortar palavras. Nesse tempo ser gay era uma afronta feia de maricas, hoje, até os que não são dizem ser, para ter acesso social!? E, têm-no na TV, no governo, no mundo da canção e o escambau e... Mas, o assunto é outro sem esse tal de orgulho LGBTIKW+.
Os sentimentos acumulados com angústias de permeio a fazer de talvegues ao jeito de formar rios e lagoas, foram aumentando e, agora até serão mares. Isso! Só que meus assobios tinham de ser dispersos no deserto, daquele aonde o vento faz mover montículos de capim seco, unhas do diabo que se encaixam algures brotando verdura com uns escassos pingos de chuva. Por este motivo cheirava a terra depois da chuva e, a partir da Cidade do Cabo fiz-me ao caminho.
Levei a cabo a travessia desde Cape Town até à Cidade de Maputo, antiga Lourenço Marques. Passando por Windhoek, Walvis Bay, Victória Falls, Lago Kariba no Zambeze, Tete, Beira, Chimoio, Macia-Bilene e por fim Maputo. Voltei a repetir parte desta volta no ano recente de 2018, a qual ainda ando a digerir e escrever (tenho os apontamentos espalhados por aí...) mas, o desencanto levou-me a ver tudo mudado, para pior. Talvez, se a tivesse feito do meu modo, teria sido bem melhor; andar à boleia de quem diz conhecer tudo, dá nisto, contrariedades. Ferrei-me!
Percorrendo mais de treze mil quilómetros, perdido de amores por aquelas escaldantes terras, o sol esfregava a brisa assobiando cânticos quentes nos nossos rostos, também nos sonhos agrestes de sedução trazendo-nos a areia fina. Lambuzando-nos pelas narinas, flagelava-nos de braveza por vezes humedecida pelo mar até Knysna na Costa do Ouro, lugar aonde desviei para norte para ver as grutas de Kango Caves e, redescobrir assim primitivas vidas.
Seguiram-se outras terras até que parei em Upington, nas quedas de Augrabies em pleno rio Orange, o rio da integridade Bóher, rio dos sonhos e fugas aos Ingleses. Ali, no meio da neblina matinal por entre fráguas gigantes como as Moon Rock, no Augrabies Falls National Park. Nestas águas quentes revi o passado, pecúlio de quem nada espera, esperando...
Finalmente passando dias de sensação esfarelando o tempo em velocidades porque o tempo "ruge", cheguei a Twee Rivieren e Mata-Mata mais a norte, sitio seco, penedos queimados pelo sol dispersos na areia e uns tufos por aqui e ali, fronteira com o Botswana e Namíbia, um fim-de-mundo com khoisans (bosquímanos). Sitio ideal de aventura para se enterrar o passado. Foi aqui que encontrei esse milagroso cacto Xhoba...
(Continua Okavango e Calahári...)
O Soba T´Chingange
Tou??? Mariano Gaaago? É o Zé Sócrattes. Oh, pá, ajuda-me aqui, porque o meu curso de informática foi tirado na Independente e o professor faltava muito. Estou a experimentar um destes novos computadores dos putos, o Magalhães, mas não consigo entrar na Internet! Estará fechada?
- Desculpa?....
- Oh, Zé!.... bom, deixa lá agora isso, depois eu explico-te. E o resto, funciona?
- Dá lá a ordem de impressão, a ver se desta vez resulta.
- Espera aí...
CASSOALÁLA – ANGOLA - Outros tempos (1924)
Crónica 3440 – 18.07.2023 - HISTÓRIAS DA TZÉ-TZÉ . 2ª Parte
Tempos de quitanda e tipóia
PorT´Chingange (Otchingandji) – Em Arazede do M´Puto
É Pedro Muralha que descreve (foi no ano de 1924):- “A manha aparecera fresca nas margens do Cuanza naquele treze de Outubro…, muitas pretas, conduzindo à cabeça ou ás costas enormes quitandas, cheias de várias mercadorias indígenas… junto da sede do Bom Jesus (roça) ”. Isto é no rio Cuanza não muito longe do Dondo e, também perto de Muxima. “Às oito horas daquele Domingo, a quitanda estava completa e no seu maior auge.“
Apesar do barulho que os indígenas faziam, falando todos ao mesmo tempo na língua bunda, apesar do cheiro nauseabundo, devido à aglomeração de negros e às mercadorias ali expostas aos raios enérgicos deste sol de África. Ali estavam expostos tabaco em rolos como torcidos, grãos de dendên, fuba, mandioca, azeite de palma, massambala, peixe seco e toda essa enorme diversidade de géneros indígenas, alimentação dos pretos e que à vista dos europeus causam tão desagradável impressão… É *Pedro Muralha a descrever!
“Vemos pretas, todas cobertas de panos. É um pano geralmente chita, que é apertado pelos seios, enquanto outro pano assenta sobre os ombros, cobrindo-lhe todo o corpo. Na cabeça usam turbante branco. Outras apresentam-se com o peito e os braços a descoberto. São as que pretendem mostrar as suas tatuagens, algumas dolorosamente feitas…”
“Sobre esses traços pinceladas mais claras feitas com fuba e cremos que com óleo de palma. Outras aparecem com o cabelo como se fosse lã churra, a cair-lhe em canudos para a testa e para a nuca. São as quissamas (creio serem missangas). Fazem esses efeitos selvagens, deitando na carapinha óleo e casca moída de uma árvore.”
“Falta um detalhe, é que todas as pretas fumam. Usam uns cachimbos com uma grossa boquilha; tiram meia dúzia de fumaças e fazem passar o cachimbo de mão em mão para que todas fumem. Outras fumam cigarros, mas metem a parte acesa na boca”.
Lida esta passagem que não comento por os tempos serem idos, passo a outra página; a travessia do rio para o lado da quiçama, sítio de muitas pacaças, elefantes, hipopótamos e sobretudo jacarés. “Depois do mata-bicho metemo-nos num dongo (canoa) e navegamos. É encantadora uma viagem pelo Cuanza, sempre marginando por um verde capim, … e, lá está um senhor jacaré…”
“Os indígenas não deixam de ir banhar-se ao rio por causa dos jacarés, porque estão convencidos de que só é comido pelo anfíbio quem tem feitiço. E, todos aqueles que têem consciência de não terem feito mal algum - que mereça as iras do jacaré, entram pelo rio sem medo, porque o bicho não lhes toca.“
“E é assim… depois de comidos, ainda ficam desacreditados, porque todos outros indígenas ficam com a impressão de que a vítima fora muito bem castigada.” Mais à frente acerca da tzé-tzé… “O desgraçado que tiver a infelicidade de ser mordido por um vehículo desses que esteja infectado tem que ter sérias apreensões.” Crónicas de outros tempos, do tempo dos caprandandas! Ambaquistas!
Notas: Tzé-tzé – mosca portadora da doença do sono; Caprandanda – tempos antigos, quando do uso de arcabuzes; Ambaquistas - naturais da Ambaca, pioneiros cafuzes dados ao trambique;
*António Pedro Muralha (Beja 1878 - Lisboa 1946). Começou a trabalhar como impressor tipográfico e fez-se jornalista e escritor. Conheceu a redacção de O Século, onde redigiu artigos centrados nas questões do trabalho e do movimento associativo, que lhe trouxeram prestígio; colaborou também com o Diário de Notícias, a Capital e foi director do diário socialista A Vanguarda (1913-1922). Em 1924, decidiu partir para Africa e visitou S. Tomé, Angola, Moçambique e o Rand - As suas impressões de viagem foram reunidas em livro, «Terras de África», prefaciado por Ernesto de Vasconcelos e Freire de Andrade.
O Soba T´chingange
CASSOALÁLA – ANGOLA - Outros tempos (1924)
Crónica 3439 – 18.07.2023 - HISTÓRIAS DA TZÉ-TZÉ . 1ª Parte
Tempos de quitanda e tipóia
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Arazede do M´Puto
Naquele dia de véspera natalícia o dia estava húmido em Coimbra do M´Puto. Busquei coisa não encontrada e, perdido o autocarro sete com destino ao Tovim, decidi-me já cansado a subir a ladeira; após a avenida da Republica, passo a Cruz de Celes e mais acima, não muito longe de Santo António dos Olivais o cheiro da Petisca de Celas tentou-me a entrar.
Petisca é uma das muitas casas de meio pasto, meio tasca, aonde se juntam uns quantos resistentes da vida; já velhotes, cruzam conhecimentos na conversa da palavra malamba. Serve de sedativo à vida, vida regada com um carrascão de Cabriz que, nem é mau.
Pedi um pratinho de arroz de sanchas (míscaros) com uma carne que desfiava em gostura e, sentei-me em frente daquele senhor; por falta de lugar solicitei àquele tal que aparentava ter uns quase setenta anos e, o faça o favor veio logo a seguir.
Estava desejoso de companhia. Não foi necessário muita conversa para logo me fazer a pergunta se, se tinha vindo de Angola. Talvez pela pronúncia ou a forma trópico-cordial da minha abordagem, assim começou o inesperado diálogo da qual é objecto desta escrita na forma de malambas (palavras). Este senhor tinha o nome de Conceição Muralha…
Muralha fala-me com paixão dos tempos em que no Lobito e, sendo despachante oficial, levava uma vida restingada naquela falsa ilha de que tanto se recordava e… que já o seu avô cronista de tempos idos falava. Eram tempos de tipóia, disse ele. Lá por volta de 1924 em terras de Benguela de onde era natural, o seu avô teve de ir em tipóia de Quipupa até Dombe Grande.
Na companhia de João Lara e, numa extensão de sete léguas, tiveram de atravessar o rio Caporolo aos ombros daqueles fortes mondombes; mondombes, diz em esclarecimento, eram os indígenas naturais do Dombe e, continuou recordando feitos! Feitos dele próprio, mas mais de seu avô que em missão oficial tinha ido a Angola no navio Pátria recolher informações de várias actividades - Um repórter da escrita, acentua!
- Quem foi o seu avô? Pergunto curioso, a fim de recolher mais dados sobre este tema. E, a isto respondeu: - Pedro Muralha!... E, se quiser, uma vez que o vejo tão interessado, posso ceder-lhe o livro que editou há setenta e oito anos. Deixe ver?! Isso mesmo, em 1935 nasci eu em Benguela, tinha o meu pai uns vinte anos mas isso, não importa para o caso. Fiquei curioso!
A.ROXO ... Quem diria!? Na normal ocorrência, um desvio na rota e eis que deparo com este inesperado encontro. A completar o senhor Conceição emprestou-me o dito livro, cópia que ele prezava em que todos tivessem conhecimento. Ainda não li aquelas crónicas todas mas alcançada a página 149, não resisto transcrever alguns trechos desta leitura que descreve na margem do Cuanza as ambiências duma Quitanda (mercado), os jacarés e a tzé-tzé…
O Soba T´Chingange
T’XIPALA DO M´PUTO - O PRINCIPIO DO CINISMO
GALAMBICES - Mau-olhado - KAICÓ é gelo com açúcar!
KIBOM é um sorvete; BALEIZÃO era um gelado...
- Crónica 3424 – 15.06.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) no mukifo do Conde do Grafanil
Karl Marx gostava de Kaicó! Com sua balalaika de vestir, referia-se ao “novo homem” que deveria emergir do triunfo da ideologia comunista. Isso aconteceria depois do triunfo histórico dos oprimidos sobre os opressores. Mas, que tem o Kaicó a ver com comunistas? É que eles também gostam do Olá e do KIBOM! A criação do novo homem, para Marx, era vista puramente em termos materialistas. O “novo homem e a nova sociedade” seriam possíveis apenas pela derrota do capitalismo. Os meios de produção como fábricas e terras, por exemplo, não deveriam ser propriedade de uma pessoa, mas de toda a sociedade .
Pois é! Alguns aproveitaram-se! Era o cinismo puro de quem vende água com açúcar consumindo-a só para fingir. É aqui que teremos de ir analisar essa forma de estar que não sendo nova, sempre engana. Há quatro razões de, porque os "cínicos" são assim chamados. Primeiro por causa da indiferença de seu modo de vida, pois fazem um culto à indiferença e, assim como os cães, comem e fazem amor em público, andam descalços e dormem em barris nas encruzilhadas.
A segunda razão é que o cão é um animal sem pudor, e os cínicos fazem um culto á falta de pudor, não como sendo falta de modéstia, mas como sendo superior a ela. A terceira razão é que o cão é um bom guarda e eles guardam os princípios de sua filosofia. A quarta razão é que o cão é um animal exigente que pode distinguir entre os seus amigos e inimigos. Portanto, eles reconhecem como amigos aqueles que são adequados à filosofia, e os recebem gentilmente, enquanto os inaptos são afugentados por ele, assim como os cães fazem, ladrando contra eles.
No marxismo, para se chegar ao “novo homem”, é imperativo que se transformem primeiro as condições externas dos oprimidos. A história, contudo, não está do lado da visão marxista do homem - Danou-se!? Então, para conhecer o cinismo ou ciniquismo (palavra nova), teremos de ir até Diógenes, o filósofo que se tornou um mendigo habitando nas ruas de Atenas, fazendo da pobreza extrema uma virtude; teria vivido num grande barril, um lugar de fingir ser uma casa, e perambulava pelas ruas carregando uma lamparina, durante o dia, alegando estar procurando por um homem honesto. Pópilas, afinal isto de se ser cínico já vem lá muito detrás.
Em cada lugar em que a revolução foi vitoriosa, quer na Rússia, na China ou em Cuba, o que se verificou não foi o surgimento do “novo homem" usando o cinismo até à exaustão, assim o surgimento do “novo opressor que curiosamente também gostam do KIBOM; chegou o Maduro à Venezuela, que curiosamente ou nem tanto, também gosta do Kaicó. Dizem os papalvos que com ele gravitam, que o mesmo é vítima de uma visão superficial do homem ocidental porque não levam em conta o verdadeiro pecado... E, o mundo começou com pecado, lembram-se! Só que ele, Maduro, moita-carrasco, finge que Cristo é um grande seu amigo para lá do molusco – O mundo vai-se calar de cansado e vamos, que vamos.
Soube-se que o Kibom, o Baleizão, o Kaicó naquele tempo não existiam para todos, porque o gelo era demasiado caro. Ele, o Diógenas continuou a buscar o ideal cínico da auto-suficiência, uma vida que fosse natural e não dependesse das luxúrias da civilização. Até custa acreditar que naqueles tempos houvesse isso de civilização mas, fogo à peça: Por acreditar que a virtude era melhor revelada na acção e não na teoria, sua vida consistiu-se numa campanha incansável para desbancar as instituições e valores sociais, do que ele via como uma sociedade corrupta; custa até acreditar nestas versões que tudo indica, ser uma grande inventação.
O cinismo espalhou-se durante a ascensão do Império Romano no século I, tornando-se em um quase movimento de massas, e assim, os cínicos eram encontrados mendigando e pregando ao longo das cidades do império. A coisa pegou! Mas, a doutrina finalmente desapareceu no final do século V, embora alguns afirmem que o cristianismo primitivo adoptou muitas de suas ideias ascéticas e retóricas. Que falta nos faz o “se bem me lembro – Vitorino Amnésico”. A auto emancipação do marxismo falha porque espera, ao mesmo tempo, muito e muito pouco: muito do homem, que consistentemente transforma sua capacidade criativa em fins de poder e, isso revolta alguns! É porque alguns são mais iguais que outros, NOÉ!?
Assim, antes de sermos brancos ou negros, ricos ou pobres, educados ou sem estudo, somos criaturas que gostamos de Kaicó, de Olá, de Baleizão ou de KIBOM sem termos de ir à loja do povo pedir solicitudes! E, porque hoje é de feira amanhã forçosamente será uma outra feira!? Com ou sem comunistas, o tempo continuará, sabem! Elementar - Tomara que não chova, chuva molhada... Amanhã penso comer um KIBOM como se fora Baleizão... Mas, ir a Cuba - nunca mais!... Só mesmo a Cuba libre. Ser enganado uma vez, chega!
Resumo: CINISMO: É A FILOSOFIA A SERVIÇO DA ÉTICA BASEADA NAS ATITUDES
FUI…
O Soba T'Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “MILAGRANDO A VIDA”
TEMPOS CUSPILHADAS – Crónica 3419 – 10.06.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
A felicidade, a realidade do conhecimento, os fundamentos e a aplicação da justiça ou existência de Deus, cria conflitos intermináveis em opiniões na tentativa de se ultimarem todos os impasses. Uns, por virtude de inteligência, são prudentes, outros acreditam na resolução pela força e, outros sempre continuarão fanáticos desconhecendo a propósito, o lado da opção certa.
Agora mesmo ocorreu-me aquela estória de uma tal senhora estar a ser infiel ao marido; eles eram sim, casados de papel passado e no regime de adquiridos. Comentava-se que o marido sabia mas fingia não saber! Ora, ora, diz um comum amigo perante isto: “Cornos que dão de comer - deixá-los crescer”. Cismando nisto, até acabo por concordar que há gente bem metafórica. Vejo até neste acaso uma quase parábola certeiríssima – que serve como uma luva…
Achei assim que neste contexto, a paródia quase parábola é tão verdadeira que se pode aplicar a muitos outros casos, como fonte de razão. O modo como tudo fundamentamos, como construímos a imagem, contribuirá para se ver o mundo na perfeita razoabilidade em assim se viver no engano. Neste correr de ideias que coamos em nossos comportamentos “chifrudos”, não nos damos conta no quanto somos servis à opinião na forma de narrativas …
Quantas e quantas vezes, ficamos por dizer o que nos apraz para não contrariar a opinião de alguém a quem temos respeito, amizade ou simples obediência. Na maioria das vezes somos susceptíveis a abrir mãos de nossa própria vontade, vivência ou juízo de valor baseado num ponto de vista pessoal ou subjectivo, em troca de reproduzir um quadro geral de imagens, dizeres ou esquemas que consideramos insuportáveis; uma plausível explicação da realidade que pode ser física, social, histórica mas e, principalmente da realidade política.
Posso jurar que tenho procurado ser o mais frontal mas, sempre evito machucar por subestimação quem pensa de forma diferente; a propósito, mudo o rumo da conversa optando por defraudar minha opinião para não desjustificar-me na convicção. Não raras vezes, me surpreendo procurando leituras que me justifiquem, sem usar um método de falsidade.
Critico-me muitas vezes e até procuro investigar-me da justeza, pelo surgimento duma qualquer ideia que me circunscreve. Talvez por isso, nem sempre consiga manter o brilho com o certo vigor na formulação desse sentido, o que nos descapacita pela mordaça. Quantas e quantas pessoas se portam assim e, por isso aqui transcrevo só para que conste porque daqui não virá mal á nação.
Para que conste e a bem da nação, era como se dizia antigamente, no tempo em que empenhavam as barbas pelo uso das palavras. Claro que me perturba analisar as raízes da mentira que tantos repetem até que pela força, se torne verdade – uma pura alquimia de falácia. Isto de assim viver sem tumulto, não é fácil; a tarefa de explicar os fundamentos de algumas visões no mundo, cada vez se torna mais difícil.
Mais difícil e, que nos obriga a construir uma ou mais narrativas por forma a nos ajudar a evitar replicar outras opiniões, que sabemos de antemão o serem verdades inequívocas. É demasiado enfadonho encolher ombros como um deixa andar, animado de voluntariedade na espontaneidade do pensamento, todo e qualquer frescor de concepção. Deve ser tarde para mudar!
Ilutrações aleatórias de Assunção Roxo...
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL
– QUILOMBOS
2ª Parte - Crónica 3418 – 09.06.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por lT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Antes de me alargar sobre os Quilombos no Brasil, convém saber que a palavra "Quilombo" tem origem nos termos "kilombo" do Quimbundo ou "ochilombo" do Umbundo de Angola, presente também em outras línguas faladas ainda hoje por diversos povos Bantus que habitam a região da Guiné, Congo, Zaire, Angola e quase toda a África Austral. Eram conjuntos de libatas, cubatas ou embalas - lugar aonde os funantes (exploradores), descansavam após andarem dias pelo mato recolhendo mel, cera, marfim e outros produtos adquiridos no interior de África.
Os funantes, negociantes portugueses que, abandonando a costa marítima de Angola, iam comercializar mato afora, ajudados por seus auxiliares pombeiros ou moçambazes que falavam a língua dos indígenas, utilizavam os kilombos para descansarem. No Brasil, foi em Alagoas na Serra da Barriga que se congregaram em sociedade e governo (à revelia) que de certo modo, guardavam os antigos sistemas organizativos africanos que foi o já falado Quilombo dos Palmares.
Nos Quilombos, a vivência, seja em Angola ou Brasil não difere muito daquilo que hoje se chama de sanzala ou kimbo que, quando situadas na periferia de uma cidade tomam o nome de musseque (Angola) ou favela (Brasil). Em verdade, são efectivamente os “escravos modernos”, fornecendo mão-de-obra barata aos senhores da selva de cimento; é tão-somente uma outra forma de escravatura, mais livre, mas sendo os verdadeiros serviçais ou a “arraia-miúda” da urbe que reaproveitando desperdício dos ricos constroem seus bairros de lata, cartão e variados desperdícios de obras.
Embora a escravidão no Brasil tenha sido oficialmente abolida a 13 de maio de 1888, alguns desses agrupamentos chegaram aos nossos dias, por via do seu isolamento. Outros transformaram-se em localidades, como por exemplo Ivaporunduva, próximo ao rio Ribeira de Iguape, no estado de São Paulo. No Brasil, mais propriamente no estado nordestino de Alagoas, no correr do tempo, qualquer representação teatral de índole popular entre afro descendentes, maioritariamente negros, suas danças dramáticas, arraiais ou folguedos com autos de representação carnavalesca, chaganças, reisadas ou umbigadas, em tempos de festas, período dos Santos Populares (festas juninas) ou natal, atribuíram o nome de dança dos quilombos.
Na realidade actual, um Quilombo do interior brasileiro, é um conjunto de casas dispersas aleatoriamente, em um aglomerado próximo de casas feitas em taipa e cobertas a capim rodeadas de currais e galinheiros ou mesmo paliça para rebanhos de ovelhas, porcos ou cabras e também currais para alojar muares ou outro gado; animais que dão o sustento a cada casa, a conjugar com os produtos da lavra ou n´haka (termo angolano) em terras mais húmidas junto a alguma nascente ou borda de rio e também na azáfama de garimpo na busca de ouro (Poconé no Pantanal ou Amazonas). Curiosamente há entre estes, alguns grupos, gente cigana com as características da antiga Hungria ou Croácia e, outros estados europeus de onde emigraram; nota-se na forma de vestir, na consanguinidade fechada entre eles e na forma de comercializarem seus pecúlios...
No Brasil, os quilombos oitocentistas diferenciavam-se pelo tamanho e pelo tipo de relação que mantinham com a sociedade esclavagista. Um pouco por toda a parte, havia os pequenos quilombos próximos a fazendas e, de pequenas cidades; seus membros formavam grupos que viviam do saque de áreas vizinhas. Neste contexto, ainda hoje podemos verificar procedimentos análogos tanto nos meios rústicos, campos do interior, como urbanos, executados por gente das favelas ou cortiços dos arrabaldes.
Lugar aonde se acoitam gangues de meliantes bem organizados e armados, por vezes com potencial de fogo superior às polícias intervenientes. Surgem amiudadamente helicópteros e policiais actuando nesses sítios indicados que por norma ficam em encostas de morros, no leito de antigos riachos, terenos de má condição para se fazerem obras de boa execução segundo normas de segurança e, aonde tudo parece estar na ilegalidade; há gatos (geringonças) de ligações eléctricas fora do controlo, há tubos de água a abastecer grupos sociais sem contador e tubos de esgoto mal dimensionados, conduzidos para sargetas ou águas pluviais pertencentes à rede municipal. Na maior parte dos casos nem pagam IPTU (IMI) – imposto sobre imóveis…
O aqui descrito também se verifica no novo país de Angola, aonde prevalece o desenrasca com garranchos nas linhas eléctricas e gatos com gatinhos que por vezes produzem catástrofes derivados de curtos circuitos ou enchentes em tempos de chuvas intensas. Um deus dará, dirão mas, assim o é! E, surgem acampamentos de sem-terra, dos sem-tudo por lados que parecem pertencer à dita União, ou seja do Estado Federativo do Brasil, nas margens de rios ou de estradas nacionais; Quase em todos os casos, estes ajuntamentos estão refecidos com bandeiras vermelhas ou brancas e, parece que quase sempre há gente de colarinho branco a servir de tutores e, que por norma os usam como diversão política, tomando terras supostamente sem aproveitamento. Os órgãos de informação tratam este assunto com pinças delicadíssimas por via de poderem entrar num foro de cariz ideológico governamental e, colidindo com interesses mal assimilados pela grande maioria d moradores – jogos políticos…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – QUILOMBOS
1ª Parte - Crónica 3416 – 07.06.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Quilombo é um agrupamento de gente em um improvisado espaço como se fora um bivaque militar mas, neste caso eram em sua forma inicial composto de escravos fujões. Como o próprio nome indica em seu linguajar, eram fugitivos da escravidão de um senhor de engenho, fazenda, roça de café ou outro tipo de exploração, normalmente agrícola. Era a forma mais comum de resistência à opressão escravista (esclavagista); refugio à fuga de grupos de escravos seguindo trilhos na mata e correndo riscos vários até ali chegar.
Prática que foi comum em todas as sociedades escravistas da América do Sul e Central conhecidas, possuindo nomes diversos, palenques ou cumbes nos territórios espanhóis, marrons na área inglesa, grand maronage, na parte francesa e quilombos ou mocambos no Brasil. Por norma eram cubatas feitas de capim ou em taipa dispostas em círculo e tendo no meio uma grande e alta cubata na forma de lapa ou Jango (termo angolano) e aberta dos lados, que servia de ponto de reunião e convívio da “tribo”…
Lapa ou Jango, era o lugar aonde conferenciavam decisões de defesa e sobrevivência. Pude observar isto no ”Morro dos Macacos” na Serra da Barriga, um quilombo próximo de União dos Palmares do estado de Alagoas. Na conjuntura do século XIX confundiu-se entretanto algumas características especificas aos quilombos do Brasil Monárquico.
Se os quilombos sempre estabeleceram relação com a sociedade esclavagista no século XIX, essa interacção fez-se ainda com mais intensidade em função do desenvolvimento económico e social do país, genericamente, devido ao crescimento das cidades com população livre e pobre, para além do surgimento de uma opinião pública antiescravista e posteriormente de um movimento abolicionista.
O quilombo de Iguaçu no Rio de Janeiro, teve algum relevo na forma de organização e actuação de outros quilombos periféricos às grandes cidades. Ali e, por todo o século XIX, escravos aquilombados em vários acampamentos provisórios às margens dos rios Sarapuite e Iguaçu, foram bem-sucedidos pelo beneficio da topografia da região, cercada por água e manguezais que logicamente dificultava qualquer retaliação a uma qualquer acção por parte destes fujões.
Mantinham assim um contacto permanente com barqueiros, taberneiros e comunidades das sanzalas das imediações de fazendas vizinhas. Seus produtos, especialmente lenha, carvão e extracção das lavras, como fruta silvestre e, de cultivo das hortas, eram escoados para os mercados chamados de feiras; também o era no seio mercantil envolvente à corte endinheirada que faziam vista grossa quanto à origem da coisa. Esta prática de não querer saber a origem do produto, mantem-se até aos dias de hoje, permitindo a sobrevivência de muitos trabalhadores ocasionais vulgarmente conhecidos por camelós.
O quilombo Malunguinho, nas imediações da cidade do recife, reuniu não só escravos fugidos mas também, índios e brancos fora-da-lei, entre os anos de 1817 e 1835. Como é de calcular saiu daqui uma miscigenação composta de pardos, mazombos, mestiços matutos e mamelucos, prática social que obrigou os etnólogos a considerarem haver aqui uma Raça Humana em detrimento das quatro cores de raças, anteriormente referenciadas nas escolas do ensino básico.
Nas matas de Catucá, por quase duas décadas, mantiveram uma organização militarizada, estabelecendo uma série de relações com apoio a outros segmentos e sectores da população que os acoitavam, informando-os sobre movimentos de tropas regulamentares do reino ou volantes ocasionais e que, com eles negociavam. Esta prática deu também certa originalidade à política hodierna em que tudo tem um preço e o pode ser sim mercantilizado num contexto bem original-abrasileirado com venda ou troca de opinião, valores ou votos; um mercado de assinaturas ou narrativas trocadas, negociadas, vendidas ou cedidas a eito e sem jeito.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “MILAGRANDO A VIDA”
TEMPOS CUSPILHADAS – Crónica 3411 – 02.06.2023
- Subsidiamo-nos por bagatelas…istopassa, deixandar
Por ´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Nossas vidas são estórias armadilhadas de segredos, de não digas nada, istopassa, que não é importante; juntando lixo com luxo procura-se sossegar a vida andando entre os pingos da chuva, agradando como a história diz, a gregos e a troianos; não fales porque te podem queimar, e edecéteras medrosos, para poder levar uma vida mais fácil!
Em dado momento, somos carneiros que seguimos como manda o governo, o líder, a religião, subsidiando-nos por bagatelas… Não há maneira de sair deste imbróglio de viver a modernidade, falar da história tão engravidada de idiotas erros de cálculo e, ficar-se indiferente, assobiando para o lado - parecendo concordar com tudo, para não obstruir uma amizade, duas e, ou muitas mais.
Talvez, cada um de nós interveniente na contestação, se interrogue: - serei eu que estou errado? Mas, então porque é que as pessoas (a maioria) não falam!? Que indiferença é esta de não se ser metal ou metalóide, de se ser ou não e, dar a conhecer - ser de esquerda ou de direita; ficar assim escondido na obscuridade, simplesmente encolhendo os ombros da precaução.
Embatocar num deixandar- Nem carne nem peixe – uns morcões! Mas que raiva! E, as forças provocatórias de mudança, para pior ou melhor, que libertam o mundo das formas que ninguém tampouco poderia imaginar. Ninguém quer forjar a revolução procurando uma dependência humana – mas depois queixam-se: Ai que a vida está cara! É mesmo, a precaução não tem ombros…
O carapau está ao triplo do preço; e, muitos outros têem de ir ao mato defecar, suportar o mau cheiro dos excedentes de todos e carregar baldes de água sob o inclemente sol. É mesmo uma grande chatice, atiçada por fungos, bichos de pé com salmonelas, a modernidade alheia a passear.
Nesta modernidade, os académicos não conseguem evitar os factores não materiais como a ideologia ou a cultura. E, em dada altura sabe-se por suficientes provas, de que as guerras nem são provocadas por haver escassez de alimentos ou por pressões demográficas, mas por um qualquer doido desmotivado de fé e, porque simplesmente assim o quer.
Eu, que sou vitima de uma revolução, por muito que lhe remexa, não encontro pistas reveladoras de uma verdade verdadeira. E, surgem novas obrigações, novas habituações, novas modas e exigências do qual não conseguimos mais viver sem elas – as modernidades. Agora que tudo é feito por computador, não há mais cartas, escasseiam os selos, também escasseiam os balcões…
Os balcões de atendimento e, num repentemente estando onde quer que seja, no sossego, o zumbido de um drone faz-se ouvir, passa para lá, volta e gira, talvez filme, talvez leia, talvez vigile. Isto já me passa dos limites. É sim a modernidade, uma vida mais fácil, uma vida melhor – o futuro. O plano é esse!? O futuro tona-se paulatinamente num dos principais actores no palco da mente humana…
O Soba T`Chingange
A NUDEZ DA VIDA – PETER, o "pai da administração moderna"…
Crónica 3408 – 30.05.2023 na Pajuçara de Maceió - Brasil
Por T'Chingange – (Otchingandji)
A história é fundamental! Só sei que cada vez mais seremos governados por gente que já foi competente, um degrau mais abaixo, porque o foi bom, antes de ocupar este último cargo. Antes de ser o que hoje é; assim o sejam presidente, primeiro-ministro, ministro, secretário de estado ou essa nova sigla de CEO - gestores responsáveis pelo cumprimento de funções específicas, tais como marketing, finanças, operações, desenvolvimento de recursos humanos e tecnologias de informação que poderão também ser chamados de Vice-Presidentes… Pois então, considerando Laurence Johnston Peter, o autor de um princípio que tem seu próprio nome, poderemos assim, comparar.
Melhor dizendo: Segundo o “princípio da incompetência”, num sistema hierárquico, todo funcionário (PS) tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência. Aí, pude dar-me por bem informado. A gente do mando, um Presidente ou um Primeiro-Ministro, tende logicamente a atingir os seus objectivos organizando e planeando os recursos da Nação da forma que melhor permita a vida do vulgar cidadão - organizando as estratégias politicas e de marketing, como um todo sem recorrer à falácia à mentira ou compadrio entre seus pares sem despifarrar o saco de dinheiro de todos nós.
Eles, os da máxima competência de Portugal, não devem ter lido o receituário de Peter. E, é sim! É fundamental para melhor compreensão em como tudo pode ou poderia ser diferente, para todos termos um melhor futuro. Com efeito, nenhuma compreensão histórica se pode furtar de uma criteriosa metodologia teórica, para explicar os fenómenos na dinâmica do tempo. A frustração surge quando um encarregado auxiliar é bom em sua função e, ao subir na carreira passando a chefe, é uma desilusão. Uma falha na nossa sociedade. Só em muitos raros casos têem o condão de chegar a ser ESTADISTAS. Nesta fase de entendimento terei de recorrer ao que disse Marcelo Caetano em seu tempo: "Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência"…
- Afirmações virais de Marcello Caetano são autênticas? E não é que acertou mesmo?! Sobre o vinticinco de Abril, disse Marcelo Caetano, último primeiro-ministro do anterior regime, tendo acrescentado: “…reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional”. Resta o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica e a emigração em massa”; “Veremos alçados ao poder, meninos mimados, escroques de toda a espécie. A maioria não servirá para criados de quarto chegando a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República”. Lê-se na segunda parte da citação atribuída a Marcello Caetano naquele texto viral.
As crenças motivaram reacções que foram antecipadas pelos poderes da imaginação. Este acto de imaginar, consiste justamente na tentativa de dar vida à própria realidade imaginada. Tomar em conta que “a unidade e a realidade absolutas, podem nem sempre, iludir-nos”. É certo! O poder moderador em toda a Globália, vai ter em mãos a chave de toda a organização politica, o nível de equilíbrio e harmonia de todos os poderes com altas e enérgicas atribuições, para que o desempenho seja mesmo elevado.
Quem poderia supor que em qualquer dessas atribuições não convém prescindir de um maduro Conselho e de um profundo esclarecimento. Se a justiça vai mal, se desleixa sua função, fazendo da prescrição de crime um “modus operandi”, perde assim sua independência na troca de benesses, arranjos e baldrocas com o governo, assim o seja de direita ou esquerda; tudo então, na justiça, terá de ser revisto para mudar os paradigmas, revisando talvez a constituição.
A título de garantia às liberdades públicas terão de forçosamente remexer nas leis, acabar com os megas processos judiciais e técnicas dilatórias e de falsas situações que a todos tolhem de vicissitudes. A revolução mansa do vinticinco teve o nome de “revolução dos cravos” – ora sucede que pelo andar dos acontecimentos do Governo maioritário do PS, se está a cair na radicalização de poder chamar a essa morna arruada de “revolução para escravos” de hoje, pois que estamos a ser governados com sinais totalitários similares às práticas sociais de “coronéis do Brasil” dos séculos XIX e XX.
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – CANDOMBLÉ
1ª Parte - Crónica 3407 – 29.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Na passagem do século XIX para o XX, os etnólogos definiam o Candomblé como sendo a única forma organizada baseada na mitologia Jeje-ioruba, do que se conhecia do fetichismo africano na Bahia. Numa nova perspectiva poder-se-ia definir o candomblé como uma das maiores instituições religiosas criadas pelos afro-brasileiros na Bahia desde o início do século XIX quando pela primeira vez foram feitas referências à expressão em documentos policiais.
Em certos bairros das cidades, aonde contavam com a cumplicidade dos vizinhos próximos a quilombos urbanos e cortiços de libertos ou fujões associados a líderes de rebelião, que podiam estar relacionados a irmandades católicas, inicialmente formadas por africanos.
Era surpreendente a extraordinária resistência e vitalidade dessas crenças chamadas de africanas, especialmente depois da abolição de escravidão no ano de 1.888. Observou-se ainda que os candomblés em geral atraiam pessoas importantes a despeito de constantes reclamações da imprensa e medidas repressivas das autoridades.
Gente ligada a questões sociológicas, afirmavam nesse tempo que os candomblés, iriam permanecer por longo tempo, mesmo depois do desaparecimento dos velhos cotas africanos. No século XX, ressurgiram velhos candomblés modificados, confirmando as previsões tornando-se até uma das maiores manifestações de religiosidade afro-brasileira e uma das bases de afirmação de uma identidade especificamente afro-baiana.
Se os candomblés partilham muitas características comuns, como o culto aos orixás e santos católicos, a execução de uma série de festas, iniciações, incorporação de santos e obrigações através de seus ritos, ritmos, cânticos e tambores sagrados. Ritos que cada qual possuía vida e história própria, assim como segredos invioláveis.
Embora o termo candomblé apresente evidente filiação linguística ao mundo africano banto, os seus terreiros podiam identificar-se como herdeiros de diferentes tradições africanas, apresentando certas fontes culturais comuns como o “queto” pertencente ao que se costumava chamar de cultura “nagõ”; a mais influente nos candomblés.
A tradição de Daomé originou o “Jeje” enquanto Angola fez sobressair a cultura banta. Por muito tempo, os antropólogos e membros do “povo santo”, defenderam a tese de que os candomblés nagõs, foram os que mantiveram a forma mais autêntica das tradições africanas na Bahia. Isto implicou a construção de uma hierarquia entre os candomblés com alguma desvalorização de outras práticas religiosas afro-brasileiras.
Estas, foram relegadas ao campo das “ inferiores misturas” por veze rotuladas de sincréticas – que combinam princípios de diversas doutrinas ou de concepções heterogéneas. Entretanto diversos estudos evidenciaram o quanto esta auto-identidade “pureza” resulta de uma recriação de identidade do próprio grupo, fundamentais para legitimarem seu prestigioso culto, assim como para a solidariedade da “família-de-santo”.
(Continua)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DA GLOBÁLIA
Crónica 3403 de 25.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…
O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO… 3ª Parte
PorT´Chingange (Otchingandji)
Dos mais de trinta países devedores à CHINA, maioritariamente africanos, sobressaem: 1º- Angola com US$ 42,6 bilhões: 2º - Etiópia com US$ 13,7 bilhões; 3º- Zâmbia com US$ 9,8 bilhões e Quénia com US$ 9,2 bilhões. Não demorará que parte de seu património passem a ser geridos directamente pela China…
(…) A vingança! Isso só por si, é ruim no suficiente. Mas o Partido Comunista Chinês muitas vezes não para por aí; ele não pode parar por aí se quiser permanecer no poder - por isso usa sua influência ainda mais perniciosamente. Se a campanha de influência mais directa e ostensiva da China não surtir efeito, eles às vezes se voltam para esforços indirectos, dissimulados e enganosos de influência. Para continuar com a ilustração da autoridade americana com planos de viagem que o Partido Comunista Chinês não quer, a China trabalhará incansavelmente para identificar as pessoas mais próximas a essa autoridade - as pessoas em quem ela mais confia.
A China trabalhará então para influenciar essas pessoas a agir em nome da China como intermediários para influenciar a autoridade. Os intermediários cooptados poderão então sussurrar no ouvido do oficial e tentar influenciar os planos de viagem ou posições públicas do oficial sobre a política chinesa. Estes intermediários, é claro, não estão dizendo à autoridade americana e as demais Ocidentais, que são instrumentos do Partido Comunista Chinês - e pior ainda, alguns destes intermediários podem nem perceber que estão sendo usados, porque, também eles foram enganados. Em última análise, a China não hesita em usar a fumaça, os espelhos e a má condução para influenciar os americanos e os demais pelo Globo. Da mesma forma, a China frequentemente empurra académicos e jornalistas à autocensura, se eles quiserem viajar para a China.
E vimos o Partido Comunista Chinês pressionar a mídia global e, em especial a americana e, os gigantes do desporto a ignorar ou reprimir as críticas às ambições da China em relação a Hong Kong ou Taiwan. Este tipo de coisaS está acontecendo repetidas vezes, em todo o Mundo. Infelizmente a pandemia não conseguiu impedir nada disso - de facto, ouvimos de autoridades federais, estaduais e até mesmo locais que os diplomatas chineses estão insistindo agressivamente no apoio à China para lidar com a crise da COVID-19.
Sim, isto está acontecendo tanto em nível federal quanto estadual. Não há muito tempo, tivemos um senador estadual americano que, recentemente foi até solicitado a incluir uma resolução apoiando a resposta da China à pandemia. Ameaças ao Estado de Direito na América - O ponto principal é este: Todas essas pressões aparentemente inconsequentes somam-se a um ambiente político no qual os americanos se vêem à mercê do Partido Comunista Chinês. Durante todo esse tempo, o governo chinês e o Partido Comunista violaram descaradamente normas bem estabelecidas e o Estado de Direito.
Desde 2014, o secretário-geral chinês Xi Jinping, tem liderado um programa conhecido como “Caça à Raposa”. Agora, a China descreve a Caça à Raposa como um tipo de campanha internacional anticorrupção – e, não é assim. Em vez disso, a Caça à Raposa é uma oferta abrangente do Secretário-geral Xi para atingir cidadãos chineses que ele vê como ameaças e que vivem fora da China, em todo o mundo. Estamos falando de rivais políticos, dissidentes e críticos que procuram expor as extensas violações dos direitos humanos na China. Centenas de vítimas da Caça à Raposa que eles visam moram aqui mesmo nos Estados Unidos e muitos são cidadãos americanos ou portadores de “Green Card”.
Bem!? Em Portugal será o “Golden Card” com direito a cidadania sem sequer saberem dizer um “Bom Dia” ou “Obrigado”. O governo chinês quer forçá-los a voltar à China e as tácticas chinesas para conseguir coisas chocantes. Quando não for possível localizar um alvo da Caça à Raposa, o governo chinês envia um emissário para visitar a família do alvo aqui nos Estados Unidos ou lá aonde o seja, por esses países, seja na Europa ou África. Qual a mensagem que eles mandaram transmitir? O alvo tinha ou tem duas opções: voltar à China imediatamente ou cometer suicídio. E o que acontece quando os alvos da Caça à Raposa se recusam a retornar à China? No passado, seus familiares, tanto fora quanto na China, foram ou são ameaçados, coagidos e os que voltarem à China são até presos para serem usados como influência ou enviados para um campo de reabilitação.
Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson: -Vou aproveitar esta oportunidade para observar que, se você acredita que o governo chinês está visando você - que você é uma vítima potencial da Caça à Raposa - por favor, procure o escritório do FBI mais próximo de você. Compreendendo como uma nação poderia se engajar nestas tácticas, chego à terceira coisa que o povo americano precisa se lembrar: que a China tem um sistema fundamentalmente diferente do nosso - e está fazendo tudo o que pode para explorar a abertura do nosso, ao mesmo tempo em que aproveita seu próprio sistema fechado. Muitas das distinções que têm grande significado aqui nos Estados Unidos são ténues ou quase inexistentes na China - estou falando de distinções entre o governo e o Partido Comunista Chinês, entre os sectores civil e militar e entre o estado e o sector “privado”.
Por um lado, um grande número de grandes empresas chinesas são empresas estatais - literalmente de propriedade do governo e, portanto, do Partido. E, mesmo que não sejam, as leis da China permitem que seu governo obrigue qualquer empresa chinesa a fornecer qualquer informação que solicite - inclusive dados de cidadãos americanos. Por certo o mesmo acontecerá pelos países da América do Sul, África e Europa. Além disso, as empresas chinesas de tamanho significativo são legalmente obrigadas a ter “células” do Partido Comunista dentro delas para mantê-las alinhadas. Ainda mais alarmante é o facto de que células do Partido Comunista têm sido estabelecidas em algumas empresas americanas que operam na China como um custo de fazer negócios lá…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – BATUQUES
3ª Parte - Crónica 3401 – 23.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Nestes encontros, celebravam identidades étnicas e até mesmo ensaios de levantes (revoltas). Algumas revoltas aconteceram ou foram planeadas para os dias de festa, como o grande levante dos Malês da Bahia no ano de 1835; esta aconteceu com o ciclo das festas de Nossa Senhora do Bonfim e com a celebração muçulmana do ramadão. A disposição que os escravos apresentavam para realizar os batuques, dificultavam as autoridades pelo efeito de dissimulação, bem à madeira moderna da política chinesa...
Isto indica que em volta da subordinação e resistência havia sempre reticências pela forma ordeira com que tudo faziam por sequência da disciplina laboral, uma forma de treino permanente que dava motivos de preocupação nas alturas dos batuques: dali poderia advir sempre algo de surpresa ou espanto. Nos municípios do Império sempre procuravam estar estabelecidos com preocupação mas nem sempre havia anuência ou unanimidade entre os detentores do mando.
O controlo sobre a festa negra, sempre requeria cuidados reforçados. No Rio de Janeiro, capital do Império eram proibidos os ajuntamentos de pessoas, mais propriamente de escravos; com “tocatas, danças e vozerias” facilitavam-se os “batuques, cantorias e dança de pretos dentro das casas e xácaras”, desde que não perturbassem os vizinhos.
Em uma das principais áreas da cafeicultura chamada de Vassouras, no século XIX, as posturas permitiam “ danças e candomblés” apenas para escravos de uma só fazenda; sobre o caxambu (um derivado de batuque), existiam proibições nas ruas e casas das cidades mas, era autorizado pela polícia no meio rural. Em Porto Alegre, o código se posturas, não abria excepções, proibindo “batuques, zungus e candomblés” em qualquer local e hora.
As posturas das cidades de Pernambuco, também seguiam esta linha mais dura do sul do Império proibindo as “danças de pretos escravos ou maracatus” nas ruas e praças, os “sambas ou batuques de caixa” em casas públicas ou particulares, assim como a “farsas públicas” – origem do bumba-meu-boi. As diferentes restrições por posturas municipais, longe de controlarem os batuques, revelavam um impasse entre senhores e autoridades sobre a melhor forma de se lidar com aqueles…
Na Bahia quando os indícios de rebelião chegavam a vias de facto, na década de 1830, os “batuques lundus” de negros foram terminantemente proibidos em qualquer hora e local, Surpreendentemente, com seus contínuos ressurgimentos, a Assembleia Provincial, em 1885, determinou a proibição de “batuques e vozeiras em casas públicas”.
Ao longo do período Imperial, do “Brasil, do mundo Luso, Oriente, Timor, África, Algarves e edecéteras de escambau”, o batuque sempre haveria de encontrar um espaço como o candomblé, nas negociações entre autoridades que vigiavam e, a liberação para a diversão, ainda a melhor forma de controlar os conflitos entre os senhores coronéis e os escravos. Relembrar que os Povos Lusófonos eram comandados a partir do Rio de Janeiro.
Registe-se neste epílogo do assunto batuques, que na Colonia de Angola, o procedimento era análogo e, posso ainda lembrar-me do controlo feito por auxiliares da Administração do Posto, em Luanda, os cipaios africanos que exerciam sua autoridade usando bastões chamados de cassetetes. Era normal vermos estes polícias de Bairro, africanos com um chapéu de cofió enfiado na cabeça, cor vermelha e, tendo uns fios a penderem para os lados. Estávamos então no inico da segunda metade do século XX. A jurisdição da Maianga era o Posto de Belas e, nesse então, era o famoso chefe Poeira que mandava na cipaiada.
FIM
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
TEMPOS CUSPILHADAS . O Espírito da China! Eles já chegaram …
Crónica 3398 – 19.05.2023 - (publicado um dia antes… estou viajando)
Por T´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió do Brasil
Chegado recentemente a Portugal, vindo de Angola na ponte LUALIX no ano de 1975, 48 anos atrás, assisti em pleno Alentejo a uma acção da reforma agrária. Em casa de Maria, via seu marido atarefado andando nervoso de um para outro lado. Fui ficando por ali curioso - seria uma caçada à raposa, perdizes ou coelhos mas, apercebi-me bem rápido que não era nada disto. Era o chamado PREC – Processo de Revolução em Curso…
Ele e um grupo organizado desse tal de PREC, iam caçar fascistas nos montes vizinhos de Escanchados, Daroeira, Buena Madre entre outros montes e mesetas daquela estepe. Tudo era um espanto para mim, atordoado que andava com uma saída apressada da Luua e tendo só de património em mãos, uma máquina de costura Oliva. Sem sítio certo para ficar ali ficaram meus dois filhos até que eu e minha mulher tivéssemos nosso rumo de vida em acção!
Não vou entrar em muitos pormenores para me não magoar muito. Naquela acção de caça aos fascistas e depois de ter vivenciado coisas de esquecer, fiquei aturdido com esta pseudo milícia que de forma voluntária lá iam caçar gambuzinos com caçadeiras e máquinas subtraídas ao patrão; as máquinas retroescavadoras substituíam tanques de guerra – supunha eu inocente na condição de assim ser, por conveniência pois, de nada resolveria apagar qualquer fogo com um bochecho de angústia.
Interrogando-me do que poderiam ir fazer em prol duma mudança só desconsegui obter uma razão plausível. Estamos em 2023, 48 anos depois com um Portugal de uns dez milhões de cidadãos e o estado, continua sugado por políticos que usam a falácia para nos entorpecer. Mesmo sem haver esse tal de PREC sempre haverá um plano novo para dar directivas ao leque de ousadias, assim se chame um PRR - Plano de Recuperação e Resiliência.
Mas, como tudo está de bradar aos céus assim iremos ficar porque nem o Costa morre nem a gente almoça. Além do mais o presidente anda demasiado atarefado com sua colecção de selfies – por alguma razão todos o conhecem por Selfito. Não se nota desenvolvimento, uma lástima de saúde, administração desmilinguida e, educação aos gritos. Uma cambada de gente que nem sabe o que fazer com o dinheiro despifarrando as resiliências pelos amigos, compadres e filiados do partido que se chama de PS.
Naquele ano, as conquistas do vinticinco do povo pelo PREC foram direitinhas para o ralo; as chapadas de trigo, nos lameiros, os montes foram ficando desventradas, sem telhado, ruínas a gritar desespero aos vindouros. Uns fugiram para Trás-os-Montes, outos foram para o Brasil e alguns até escolheram a Argentina ou a Austrália para iniciar vida. Afinal, de nada valeu aquela caça aos fascistas da qual João Cailogo fez parte. Ainda hoje me arrepio de tal façanha.
Ultimamente deram guarida ao negócio de chineses! Agora queixam-se de que estes querem tomar conta não só de nós como de todo o Ocidente. Até há bem poucos anos atrás, o ocidente fechou as portas à possibilidade de compreender a China. Hoje, buscam formas de se entender diplomaticamente com estes, permitindo-lhes a entrada em seus territórios com obtenção de benesses e isenções em sua actividade comercial – vistos GOLD e outros edecéteras.
Tome-se em conta que o peso de impostos que os demais cidadãos nacionais são obrigados a pagar, é bem menos vantajoso do que o oferecido a estes empresários vindos do outro lado do mundo. Deduzir-se assim que os donos disto tudo, só o serão com os países de capital que nos compram divida. Um dia o futuro chega e quase sem se saber, as instituições que eram estatais formam-se de um conjunto de accionistas sem rosto e, dum qualquer país. Se neste futuro vamos ter de ficar entregues a um dragão, teremos de saber um pouco que seja, do que não nos une e divide!
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – CORTIÇOS
3ª Parte - Crónica 3394 – 15.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por:T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Feito dramaturgo, do prólogo ao epílogo, sigo-me como um sonho de T´Chingange (feiticeiro), que ora está no M´Puto, ora está em Angola, em África, ora está na Pajuçara do Brasil lambendo as águas como quem lambe o tempo; é o caso de agora, da minha, nossa “hora extra” da vida. Com o tecto do sótão a se dismilinguir, renovo a testa e o mataco com pomadas anti fungos, desoxidando tubos com Cabernet Sauvignon - "a rainha das uvas tintas" feito de uva de vinho no rio da integração brasileira e conhecido ternamente como Velho Xico, no lugar de Petrolina.
Mas, quanto a cortiços – lugar de gente, lugar de residência, de segmentos da população livre, libertos, emigrantes de origem europeia, maioritariamente portugueses e italianos, sobretudo em Rio de janeiro, de negros e mestiços. Assim, os cortiços, constituíram o espaço fundamental para a construção de laços de solidariedade, ancorados nas tradições socioculturais comuns ou de proximidade. Coisas que pude presenciar…
Com a experiência dos brancos gwetas da astucia dos rufias, da rusticidade dos matutos ou mamelucos tornando-os pardos com a superstição dos africanos de N´Gola e Minas. Casos houve, de serem locais de excelência para esconderijos a perseguidos da justiça, ladrões, estropadores, marginais na generalidade e gente vivendo de expedientes, namoricos de horas altas com proxenetas e profissionais na arte antiga do sexo.
Neste período Imperial brasileiro, sobretudo a partir de 1870 e, quando os sinais de mudança no universo do trabalho já despontava na sociedade brasileira. Os cortiços seriam seriamente condenados com a prática republicana. Hoje, que estamos no fim do primeiro quarto do século XXI, ano de 2023, existem os mesmos problemas mas mais agravados pelas técnicas de Inteligência Artificial com a luta permanente pela segurança.
Pelo uso de celulares que nos dizem por onde andar, do conhecimento ao segundo do lugar, do semblante reflectido no ecrã, leitura labial, das rugas analogicamente decifradas da pessoa, algures em um dissimulado ponto do Globo, da colagem em algures, nossa etiqueta de ADN digital. Bem!
Mas e, nos cortiços com abastança ou carência de notícias há união e fraternidade na dose certa, uma característica quase única no mundo; em nenhum outro lado pude verificar esta postura, um facto da razão porque ninguém se esquece desse viver, daqueles aromas tão próprios. Pois existem hoje os problemas com abuso e, que levam a existir técnicas especiais de propaganda política com ou sem a actuação policial…
Por vezes, vivenciamos pela televisão acções filtradas de agentes de alto coturno virando a controvérsia no uso da dialéctica nas “rebaldarias” que confundem as gentes que votam, sem saber se há mesmo um ministério da verdade que prolifera mentiras e um ministério da paz que mostra filas de carros armados, helicópteros com infravermelhos e até com misseis de sofisticadas estruturas para furar o aço e as quatro ou mais linhas constitucionais.
Gente do crime, gente da droga, estados de narcotráfico, caminhos livres, soltura de uns maus e prisão duns bons, putaria e pacotes de cheiro forte que viciam; muito dinheiro a correr com apostas oficiais no jogo do bicho, mentirosos cartões amarelos a jogadores que alteram as sortes e azar num jogo que ainda não existiam no tempo em que Aluízio de Azevedo de São Luís do Maranhão descreveu em seu livro, com este nome abelhudo. As coisas agora estão tão mal que só podem ficar pior… Faz parte da Guerra Global – Um Deusnosacuda, assim mesmo, tudojunto.
FIM
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – CORTIÇOS
2ª Parte - Crónica 3392 – 13.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Nos cortiços dos puxadinhos, era comum haver mutirões (voluntários ajudando) para fazer esses puxadinhos de varandas e espaço para mais um filho, fazer gatos de luz sem contador nem gastos adicionais, a amizade fabricava-se como família, havia trocas e baldrocas entre eles, permutava-se para além do feijão, a alegria e tristeza quando era necessário recorrer à solidariedade.
A água escassa, era armazenada em caixas redondas e azuis no topo e bem junto à antena da emissora da rádio (nos anos mais recentes). Havia calor humano à mistura com zumbidos, cheiros partilhados e zangas repartidas; havia namoros farfalhados e ensaios para o carnaval com a marchinha cantada no banheiro, raivas deslizantes untadas a boato e de deitar fora aparafusando uma profusão de gambiarras, uma geringonça com muitos estralhos e desaforos. O beija flor aparecia com encanto nas manhãs de sempre.
Também havia vasos com avencas, samambaia e pé de goiabeira nascida só átoa porque Deus é grande. Acho até que vivia ali! Também havia uma orquídea alimentando-se do ar húmido. Havia redes colgadas zoando um agudo persistente, um raspar de olhal de baloiço, a zoada do relato de futebol com aqueles golos de espantar pardais, goooooolo. Mais vasos na beirada do terraço com coentros, salsa, doutor e doutorzinho.
Um feijão-maluco que trepava por qualquer lado fazendo comichão ao toque e acasalando com o feijão de corda e até chá caxinde ou capim doce ou cidreira, para fazer o chá da tarde a juntar a dona Alzira e a dona Josefa; Isso! Que contando novidades daquela outra que roubava descaradamente o marido da outra, outra! Línguas de trapo, visse!
Um forrobodó giro como dizem os Tugas recém-chegados, os caramurus excêntricos fumando erva do diabo, tranças de tabaco de cheiro forte, de efeito forte, droga pela certa. Queixas de um vizinho que anda a fazer uma máquina de avoar, faz chinelos, faz vassouras com uma máquina inventada por ele mesmo e, arranja sapatos na hora. Bem! Um outro fazia química de onde saiam cheiros fortes para limpar chão, sanitas e espantar bichezas rastejantes mais calangos das paredes sem reboco ou encrespadas de ranhuras com plantinhas a nascer.
Em principios de 1870, o termo cortiço, adquiriu um sentido cada vez mais estigmatizado das habitações colectivas servindo para dar nome de enfase aos defensores do higienismo. Modernamente, temos os condomínios, as vilas muradas, os alojamentos locais e hoteleiros com regras bem definidas, uma outra coisa com cheiros caos e mais diferentes!
Mas, voltando ao ano de 1873, foi feito um edital em Dezembro que proibia expressamente a construção de cortiços nas áreas centrais de Rio de Janeiro e São Paulo. As controvérsias em torno dos critérios desta tipologia de construção e habitação tornaram-se confusos, pelo que fortalecia os interesses dos pequenos e médios investidores, que controlavam a exploração daqueles.
Associados às epidemias, à malandragem, promiscuidade e desordem social, as habitações populares de um modo geral e, em particular os cortiços passaram a constituir o lugar privilegiado para a identificação entre classes pobres e classes perigosas, bem à semelhança do que sucede hoje na favela brasileira, musseques de Angola ou bairros de lata da Amadora, cidade cercana a Lisboa em Portugal…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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NAS FRINCHAS DA VIDA
Crónica 3391 de 12.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…
O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO…1ª Parte
Por T´Chingange (Otchingandji) - No Nordeste Brasileiro
Dos mais de trinta países devedores à CHINA, maioritariamente africanos, sobressaem: 1º- Angola com US$ 42,6 bilhões: 2º - Etiópia com US$ 13,7 bilhões; 3º- Zâmbia com US$ 9,8 bilhões e Quénia com US$ 9,2 bilhões. Não demorará que parte de seu património passem a ser geridos directamente pela China…Também na Europa há Bilhões de dólares em dinheiro chinês impulsionando algumas economias - Dos acordos que estão sendo fechados há um problema - muitos projectos são "ARMADILHAS DE DIVIDA", em que a China tem poder para decidir o que acontece quando os empréstimos não são pagos. Vivi isto no Zimbabwé… No dia de abertura de seus próprios Jogos Olímpicos de Inverno, a China declarou uma parceria "sem limites" com a Rússia e prometeu colaborar mais em uma posição contra o Ocidente. Desde então, a China se recusou a condenar o ataque do presidente Putin à Ucrânia seguindo-se-lhe outros líderes bajuladores como por exemplo o do Brasil. O maior cego será sempre aquele que não quer ver…
O destino da humanidade repousa irremediavelmente e, cada vez mais que nunca, sobre as forças morais do homem. A China está engajada em um esforço de todo seu Estado ditatorial para se tornar a única superpotência do mundo por qualquer meio. Entram mansamente e, irão com tempo, conseguir dominar o Ocidente se, se não abrirem os olhos! Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson, alerta na evidente tentativa da China influenciar instituições dos EUA e do resto do Mundo. Um caso ocorre no porto grego de Pireu, Europa, perto de Atenas. É um daqueles momentos de câmaras de segurança em que logo se percebe que um desastre está prestes a acontecer; mas há mais e parece que Bruxelas não está aí… Em toda a Europa, enquanto os governos se preocupam com a invasão da Ucrânia pela Rússia no pós-pandemia, Pequim está expandindo seu portfólio. Gerindo portos e minas na Europa, construindo estradas e pontes e investindo onde outros não investem.
Numa abordagem diversificada diz: A maior ameaça a curto prazo à informação e propriedade intelectual das nações Ocidentais, e suas vitalidades económicas, é a contra-inteligência e a ameaça de espionagem económica da China. Uma ameaça à segurança económica do resto do mundo - e, por extensão, à própria segurança usando a dissimulação. Disse em suas recentes observações: não podemos fechar os olhos e ouvidos para o que a China está fazendo - e hoje, à luz da importância desta ameaça, são aqui dados mais detalhes sobre a ameaça chinesa do que o FBI já apresentou em um fórum aberto. Essa ameaça é tão significativa que o procurador-geral e o secretário de Estado também abordaram muitas dessas questões. Mas se vocês acham que estas questões são apenas um caso de inteligência, ou um problema do governo, ou um incómodo para grandes corporações; vocês não poderiam estar mais errados.
São as pessoas dos Estados Unidos que são vítimas do que equivale ao roubo chinês em uma escala tão massiva que representa uma das maiores transferências de riqueza da história humana. Se você é um adulto americano ou outro, é bem provável que a China tenha já roubado seus dados pessoais. Em 2017, os militares chineses conspiraram para hackear a Equifax e fugiram com as informações pessoais confidenciais de 150 milhões de americanos - estamos falando de quase metade da população americana e da maioria dos adultos - e como discutirei em alguns momentos, este não foi um incidente independente e casual. Nossos dados não são a única coisa em jogo aqui - assim como nossa saúde, nossos meios de subsistência e nossa segurança.
Chegamos ao ponto em que o FBI está abrindo um novo caso de contra-espionagem relacionado à China a cada 10 horas. Dos quase 5.000 casos activos de contra-inteligência do FBI, actualmente em andamento em todo o país, quase metade está relacionada à China. E neste exacto momento, está trabalhando para comprometer organizações de saúde americanas, empresas farmacêuticas e instituições académicas que conduzem pesquisas essenciais em vários itens. Mas antes de continuar, deixem-me ser claro: isso não é sobre o povo chinês, e certamente não é sobre chineses; quando falo da ameaça da China, quero dizer do governo e do Partido Comunista Chinês.
O Mundo livre deve lembrar-se de três coisas: 1º - Precisamos ser claros sobre a ambição do governo chinês. A China do Partido Comunista Chinês - acredita que está em uma luta geracional para superar o Ocidente. Isso já é preocupante o suficiente. Mas, está travando esta luta não através da inovação legítima, não através da concorrência justa e legal, e não dando aos seus cidadãos a liberdade de pensamento, discurso e criatividade que valorizamos aqui nos Estados Unidos e no mundo dito civilizado; 2º - A segunda coisa que todos precisam saber é o de que a China usa uma gama diversificada de técnicas sofisticadas - desde invasões cibernéticas até corromper insiders confiáveis envolvendo-se até em roubo físico. 3º - Eles foram pioneiros em uma abordagem expansiva para roubar inovação através de uma ampla gama de actores - incluindo não apenas serviços de inteligência chineses, mas empresas estatais, empresas ostensivamente privadas, certos estudantes de pós-graduação, pesquisadores, e uma variedade de outros actores trabalhando em seu nome.
Para alcançar seus objectivos e superar o mundo livre, a China reconhece que precisa dar saltos em tecnologias de ponta. Mas o facto triste é que, em vez de se envolver no trabalho duro de inovação, rouba a propriedade intelectual usando-a depois para competir contra as próprias empresas americanas e no resto do mundo, que vitimou. Estão mirando pesquisas em tudo, desde equipamento militar a turbinas eólicas e até arroz ou sementes de milho. Por meio de seus programas de recrutamento de talentos, como o chamado Programa Mil Talentos, o Partido Comunista Chinês, atrai cientistas para levar secretamente nosso conhecimento e inovação à China, mesmo que isso signifique roubar informações ou violar controlos de exportação e regras de conflito de interesses.
Veja-se o caso do cientista Hongjin Tan, por exemplo, um residente permanente legal chinês e americano. Ele se inscreveu no Programa de Mil Talentos da China e roubou mais de US$ 1 bilhão - ou seja, com um “b” - em segredos comerciais de seu antigo empregador, uma empresa de petróleo com sede em Oklahoma, e foi preso. Há alguns meses, ele foi condenado e enviado para a prisão. Ou, o caso de Shan Shi, uma cientista do Texas, também condenada à prisão no início deste ano. Shi roubou segredos comerciais sobre espuma sintética, uma importante tecnologia naval usada em submarinos. Shi, também, se aplicou ao Programa de Mil Talentos da China, e se comprometeu especificamente a “digerir” e “absorver” a tecnologia relevante nos Estados Unidos. Ela fez isso em nome de empresas estatais chinesas, que finalmente planeavam colocar a empresa americana fora do negócio e assumir-se no mercado.
(Continua…)
As escolhas do Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – CORTIÇOS
1ª Parte - Crónica 3390 – 11.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
C.A. CORTIÇOS – Era como se chamava às habitações colectivas que de forma desordenada faziam um conjunto de casebres, aonde viviam os segmentos mais pobres da população, sobretudo nos aglomerados existentes no centro do Rio de Janeiro a partir de meados do século XIX. Num cortiço de abelhas, havia melhor organização! Nesta época o aumento populacional vinha-se incrementando desde 1808 com a chegada da Corte portuguesa tornando-se cada vez mais expressiva, pela ampliação crescente dos fluxos migratórios, sobretudo de portugueses e italianos.
Emigrantes portugueses que na metrópole, já faziam trabalhos para os senhores do reino, em trabalhos auxiliardes como costureiras, padeiros, cozinheiras e condutores de coches ou cuidadores de animais domésticos dos nobres. Eram os chamados condomínios de hoje só que, sem as condições de boa habitualidade pois que nem havia os instrumentos de lei, nem humanos, para tal; tudo era feito ao jeito e necessidade de cada um, puxadinhos anexos, desenrasca com os materiais mais díspares, normalmente mais económicos.
Já no século XX, pude vivenciar em jovem, esta forma de trabalhadores sem formação especial, que assim viviam na Luanda em expansão, do outro lado do Atlântico, a capital de Angola e, que em tudo se parecia com o Brasil. Mais tarde também verifiquei haver cortiços em Argentina em um lugar conhecido por “Barrio el Caminito” junto ao porto de Buenos Aires. Todo colorido, alegre, com construções diferentes e inusitadas. Antigo lugar de bodegas aonde se dançava o tango na gesta italiana. Em todas estas áreas de cortiço viviam imigrantes analfabetos. Ser-se pedreiro, calceteiro ou marceneiro era já de um razoável estatuto social.
Mesmo com a tendência à diminuição do número de escravos por motivo da extinção do tráfico africano, ano de 1850, apesar da crescente ampliação na estrutura urbana, mantendo ainda, as oportunidades de emprego reduzidas; isto, agravava as condições de vida da maior parte da população. Para álem das dificuldades no acesso à alimentação, o problema habitacional tornava-se cada vez mais grave. O relatório do Ministro dos Negócios do Império relativos a 1868, registou a presença de 642 cortiços na cidade do Rio de Janeiro distribuídos por várias paróquias sendo a de Santana a que tinha maior número delas, 154 almas, seguida da Glória com 107,
Havia muitas mais em várias paroquias que funcionavam em paralelo com estalagens ou cómodos, casas de pasto e barracas de livres, libertos pobres e também escravos ao ganho, que vendiam seu trabalho como carregadores, recolectores, artesãos, ambulantes camelós, ficando obrigados a pagar por percentual ao seu proprietário ao qual haviam obtido de seus senhores a autorização de “viverem sobre si”- fora do tecto de seus senhores.
Em realidade ainda hoje existem estes tipos de cortiços na maior parte das cidades e de Norte a Sul, estando a maioria incridos em favelas ou musseques ou bairros de lata e bidonvilles - (Brasil e Angola, Portugal e França), aonde os camelós entre outros trabalhadores como empregados de baixas tarefas, vivem; lugar bem perto das grandes urbes como São Paulo ou Rio de Janeiro ou uma qualquer outra cidade aonde vivem outros cidadãos mais cotados e recebendo melhores vencimentos mas, necessitados de alguém para as várias tarefas domésticas.
Na Europa há nos dias de hoje cortiços sofisticados para turistas designados de AL – Alojamento Local e AT – Alojamento turístico. Tudo adaptado às normas de vida moderna com exigente regulamentação com fiscalização de organismos estatais ou municipais que dão garantias de segurança tendo para o efeito passado por um crivo apetado de normas como sistemas de aquecimento, águas correntes e esgotos, protecção contra ruidos e efeito térmico funcional e, segundo normas de higiene e segurança com piscinas colectivas individuais ou colectivas vigiadas; tudo sujeito a impostos de imoveis entre outras alcavalas que garantem o andamento das muitas actividades circunscritas ao efeito do turismo.
Os governos sempre encontram uma pernafernália de instrumentos para no fim do ano levarem à vontade 50% dos eventuais ganhos; os políticos sempre se encarregam de juntar mais uma vírgula com cheiro a dinheiro vivo. Mas no Cortiço original que surgiu no Brasil, não tendo nesse então uma esmerada atenção por parte do fisco, havia contacto entre vizinhos, entreajuda com solidariedade que hoje é bem rara. Raras porque, em blocos de habitação da urbe, nem se cumprimentam; fogem de contactos encharcados na televisão. Passam-se anos sem se relacionarem ou com uma saudação de bom dia e edecéteras arrancados à pressão…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
CHERNOBYL . 2 - Crónica 3389 – 10.05.2023
A democracia portuguesa está a ficar uma imperfeita equação atómica a copiar o E=mc²
– Estado está igual a Marcelo.Costa elevado ao quadrado…kiákiákiá
Por T´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió
Não fui lá mas, também não quero ir a cuspir fogo - torna-se perigoso manusear ali, factos em artefactos vaporizados. Poderei fazê-lo como “nómada digital” informado que estou que, por ali a quietude é fantasmagórica. Mesmo antes do desastre na central nuclear, o facto de haver letreiros a dizer “carne”, “leite”, “queijo”, entre outros – não queria dizer que os houvesse.
Tratava-se da União Soviética ou URSS, onde o fosso entre a imagem projectada pela propaganda governamental e a realidade, só era ultrapassada pelas anedotas. Uma delas dizia: “Se quiseres encher o frigorífico de comida, liga-o á telefonia”. A rádio espalhava a estória em como o nível de vida melhorava constantemente enquanto a geleira vazia mostrava uma outra estória, bem diferente.
Nos dias de hoje este tipo de falas mentirosas, passam nas televisões lá na Rússia em substituição das rádios por escritos de vendedores de assinatura pagos a preço de oiro. “Quer ter a casa cheia, ligue a TV directamente ao frigorífico”. Comentadeiros mentirosos, que mesmo fora desta URSS/ Rússia e, também no Portugal de Costa & Selfito, Isso! Com as canetadas esquerdistas de jornaleiros pseudo resilientes que só o são para serem custeados pelo Fundo de Recuperação do Banco Central – É assim como uma pescadinha de rabo na boca.
Os de lá e os de cá, os jornaleiros, são pagos ao tal preço de oiro para serem bons pintores. E, ou é da minha vista ou este processo de usar falácia nos meios de informação, generalizou-se por muitos nómadas digitais, jornaleiros que cospem fogo até pelas orelhas, consagrando-se no progressismo dito socialista, talqualmente como os comunistas - é moda ser-se assim, esquerdista. Artistas de “cospe fogo” só consagrados na arte de defraudar a sociedade em proveito próprio.
Quando tudo está mal, só pode ficar pior, é quando se dá o caso de aparecerem legiões de desmilinguidos vendendo a alma ao diabo.Torna-se lamentável que nos dias de hoje não haja uma verdadeira RD - Revolução de Dignidade que acabe com essa ilusão, de que sim! Ser-se de esquerda é subir na cotação; não vejo em quê, juro! Estou sim incomodado! Porque Democracia portuguesa está a ficar uma imperfeita equação atómica a copiar o E=mc² – Estado está igual a Marcelo x Costa elevado ao quadrado…kiákiákiá
Como é possível que todos se calem desses secretismos, das muitas manigâncias nascidas do KGB, amachucando nossos valores, escamoteando factos. Valores pisoteados que adulteram as constituições instituídas; E, feito executada com gente que deveria ser guardiã da lei e da ordem, mantendo cativas ou açambarcadas a justiça que sempre se propuseram ser céleres.
O permanente uso da máquina estatal para nos plastificarem o pensamento, coisas inauditas a serem vivenciadas no mundo Lusófono. Tudo o dito, usando influenciadores, também uma forma de proporcionarem radiações que tal como reactores causam no tempo, problemas de tiróide, e formas outras imprevistas que inevitavelmente sacrificam nossa saúde, uma fusão com profusão de maleitas congénitas.
Nas minhas narrativas de vida sempre haverá uma perspectiva de desastre nestes efeitos nefastos sociais e culturais desses ventos de Leste. O peso dessas ideologias colectivas tendem para o ódio, o desprezo pela vida alheia como o que se observa nessa guerra da Ucrânia, vencer a qualquer preço, eliminando aleatoriamente gente inocente de todo, sem um pingo de humana compreensão, disfunção feita barbárie gratuita, uma imperfeita equação…
Nota*: E=mc² é uma equação da física moderna utilizada como parte da Teoria ou Princípio da Relatividade, desenvolvida pelo físico alemão Albert Einstein.
O Soba T´Chingange
Hoje mesmo, comecei a ler o livro de Chernobyl, propriedade do Conde do Grafanil, património do mukifo do San Lorenzo, aonde pude recordar que no dia seis de Abril de 1986 pelas uma hora e vinte e três minutos, que tudo aconteceu na Ucrânia quando ainda o era, território da URSS. Este complexo explodiu! Várias dezenas de pessoas tiveram morte imediata e, mais de 4.000 vítimas mortais, viriam a se registadas. Muitos milhares ficaram irreversivelmente doentes com encurtamento de vida por dias, meses ou anos.
A Europa testemunhava a maior catástrofe nuclear da história. Longe daqui, na cidade de Viseu em Portugal, a milhares de quilómetros deste acidente aonde meu pai se encontrava, dias depois, caiu chuva ácida destruindo na zona toda a colheita de vinho prevista para esse ano de 1986; isto foi vivenciado por mim, seu filho que até fiz registo dias depois em crónica na Gazeta de Lagoa do Algarve, lugar aonde vivia.
Enquanto as autoridades tentavam perceber o que acontecera, trabalhadores especializados, engenheiros, bombeiros e famílias residentes na área, ficaram entregues a si próprios. Agora que há uma guerra aberta por indevida invasão que teve início a 24 de Fevereiro do ano de 2022 vive-se com receios do mau uso do potencial bélico nuclear que a actual Rússia tem. O ditador desse país faz ameaças constantes desse uso pondo todo o Ocidente em palpos de aranha. Poderá esse louco assim proceder? É a pergunta que paira no ar.
A possibilidade de ocorrer uma nova tragédia nuclear é hoje um risco tão perturbador que nenhum país deve descartar e, muito menos ficar hipocritamente a bajular um doido já condenado pelo Tribunal Internacional de Haia. Mas infelizmente há, um grupo de países que se escondem por detrás da falácia de “por bem da nação” – sua nação, esquecendo que se naquele desastre de Chernobyl e caso os três restantes reactores tivessem explodido ninguém mais restaria aonde quer que fosse para contar tal cena.
Aquela explosão foi equivalente a 500 bombas de Hiroxima; recorda-se para salvaguardar nossa subsistência: A meia-vida do plutónio 239 libertada pela explosão de Chernobyl levada pelos ventos, nuvens negras até à Suécia, irá diluir-se em 24 mil anos. Está na altura de eu próprio entrar em contacto com meu novo amigo ET STAR 3C325 da estação orbital YYY3C, uma galáxia a mais de 260 mil anos-luz. Bom! Viver, está a ficar demasiado perigoso! Por Favor não dêem vivas ao KGB, por amor de Deus…
ANGOLA DOS MWENE-PUTO
MAIANGA - Tempos de FANTASMA - Crónica 3384 – 06.05.2023
Por:T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió - Brasil
Marianita e Pombinha - Com um jeito de riso mole, Pombinha, com sua preguiçosa lealdade, pedia a Marianita algo que despertou em mim uma total curiosidade. Quero que você me dê um feitiço para prender meu homem! Disse ela. Com um saco de sisal cheio de capim seco fazendo de travesseiro que, esperava a quitandeira que sabia ir passar por ali a vender maças-da-índia enquanto lia achaparrado nos refolhos dos loandos, mesmo ao lado da venda do Senhor Cruz as comiquitas de Mandrake e seu auxiliar gigante, o negro Lohtar.
Ali estava eu, dissimulado e despercebido ouvindo com curiosidade as falas das duas amigas. Aquelas mulatas sacudidas em assanhamento, fumegavam num cheiro de suas roupas, prazer de fogo fervente refogado de mocotó fresco. Pelas frestas das aduelas, podia ver seus torneados pés morenos enfiados em chinelos coloridos que quase iguais, só diferiam nas flores; uma era nitidamente uma hortense e a outra quase jurava ser uma flor-de-lis.
Espevitado na curiosidade, espreitando mais acima nas frestas das aduelas de barril do vinho do m´puto, pude ver melhor o perfil de Pombinha. Tinha um farto cabelo, tipo juba de leoa, crespo com um molho de manjericão seguro de lado por um gancho a imitar uma joaninha; aquilo deu-me uma sensação e odor sensual de trevos verdes e caxinde com outras plantas aromáticas.
Pela conversa entendi que Marianita não queria cativeiro prolongado com homem nenhum porque a dada altura protestou! Casar, eu? Para quê? Um marido é pior que o diabo! Pensa logo em escravizar a gente! Deu para entender que a cafuza Marianita no delírio de enriquecer, adornou-se de todo à labutação de amigar com homem; homem que dispusesse de algum pecúlio ou patrimónios de baús de couros trabalhados com tachas de ouro ou até prata.
Pombinha, babada de amores anotou como fazer um chá de pulgas saltitantes à mistura com brututo e urtigas apanhadas na kúkia do sol nascente num dia de intenso cacimbo e, após uma noite com lua de quarto crescente. Comprometido pelos ouvidos, eu, que por ali estava lendo um livro de bolso de cowboyadas no remanso da solidão, como sombra, esgueirei-me quase rastejando para o capinzal dos fundos da venda. Por algum tempo, ali me mantive dissimulado em um tufo de bananeiras e, foi quando um meu vizinho de nome Alex, o travesti do choupal, amaneirando-se, dirigiu um bom dia àquelas damas e, lá foi botando cheiro de madressilvas na direcção da paragem do maximbombo número três, na rua da Maianga.
As duas, pelo adiantado da hora, ficaram comentando o tardio cumprimento, do porte de bichinha, louro e esbelto homem. Um desperdício! Remata a assanhada Marianita. Era normal encontrar-me ali com Rente, filho do senhor Cruz, Braga, Chiquito, Zorba, Guerra, Necas e o Almeida, mulato do cortiço das Vacas bem perto da oficina de tornos do Paulino Branco, um futura meu cunhado.
Era ali que desfolhávamos avidamente os livros de quadradinhos do homem de borracha, do Fantasma, do Tarzam e Lampião mas, nem eles nem a quitandeira das maças-da-índia surgiram naquela biblioteca de aduelas, ao ar-livre do Rente Cruz. É sempre emocionante ler as mokandas de amigos mesmo que tenham nomes estranhos como N`dapandúla, nas falas genuínas dum kamba dum Rio Seco! Dum Rio que só o é na lembrança antiga que até tinha areia sem cacos velhos.
E, um amigo sempre tem missangas para enviar, por apitos ou estalidos ou mesmo muxoxos com uma máquina de fazer “alegria” para comemorar os kambas que cada qual tem; essa máquina é capaz de produzir arco-íris pra deslumbrar cazumbis mas, também duplos e triplos, e até alguns invertidos ou enrolados nas pontas para animar banga ninita. Até posso desvendar que o último protótipo é parecido com uma foice! Quero sim venerar meu culto crente, sem coisas desatinadas dos dias comuns do Malhoas antigo pois, sempre haverá um amigo que me vai tentar convencer que sushi é a melhor comida do mundo!
O Soba T´Chingange
TEORIA DA BESTIALIDADE - Ando cismado. Algo me tem chamado a atenção nos últimos tempos no modo como as mídias brasileira e portuguesa dão singelamente tanta ênfase à bestialidade, tornando coisas banais em episódios de relevância. Não seria melhor meterem a viola no saco como se diz em Coimbra. Para quê, usar falas de forma cínica e sem um pingo de sabedoria e que, em nada enaltece a cultura Lusófona.
Ao concebermos um texto, uma crónica ou um acontecimento, teremos de primeiro esboçar, pôr de molho, pô em barrela se necessário, ensaboar, depois lavar, torcer, colocar a corar, curtir, enxaguar, e fazer com que nosso sol aconchegue na secagem, a ideia final. Antes de a colocar no ar, de a escrever ou de a publicitar, haverá que dar uma última leitura para que já tudo engomado se possa dobrar e arrumar na gaveta correspondente!
Faço aqui referência ao grande escritor brasileiro Graciliano Ramos que mexia e revirava o texto muitas vezes para obter a capacidade literária optimizada. Em seu dizer, um escrito deve ser lido e relido, batido no lajedo, no burgau, como uma peça de roupa suja; depois, corar e enxugar e, de novo, voltar a ler.
O certo é que no tempo, tudo mudou e, muito rapidamente. O que interessa na mente de alguns utilizadores é a de “rasgar ou esfolar”, com ou sem razão, com ou sem conhecimento, no intuito de se fazer notar ou então fazer sobressair a ideologia que lhe é influente ou imposta. Não compreendo como é que não lendo, não interpretando e não pensando, se podem ter ou dar opiniões tão críticas e absolutas sobre o que seja…
Pode-se escrever direito com caneta torta, tal como fazer coisas desalinhavadas sem usar agulha e linha. Graciliano Ramos possuía uma loja de tecidos com o nome de Sincera na Cidade de Palmeira dos Índios; Sem o querer acabou por ficar prefeito (presidente) desse Município. Isto para acrescentar que ficaram conhecidos seus relatórios ou actas pela transcrição de forma muito pessoal.
Há aqui uma visível ironia por via dos procedimentos de honestidade hodiernos, mentirosos o quanto baste a comparar com os governantes que são já mais que muitos, usando santinhos no Brasil, a gasosa com arrogância em Angola e a massala em Moçambique – todos eles, dos chamadas de PALOPS - LUSÓFONOS… Cansado do culto às coisas de preconceito, toda a gente fala do mesmo, correndo o risco de entornar a verdade da palavra - Isso! De inverter as cores e marginalizar os outros por sempre se vitimizarem…
A NUDEZ DA VIDA – SOMOS GALOS, OU GALINHAS!?
Crónica 3382 – 03.05.2023 na Pajuçara de Maceió - Brasil
Por T'Chingange – (Otchingandji)
Hoje estou virado do avesso porque entre a maresia viva e a secura da maré, pago o preço da subjugação a um modo de vida, que nem sempre me deu azo a seguir completamente os impulsos dos desejos. Dirão alguns ser assim e assado, uma vida quase completamente estranha mas, sem aquele vento de arrepiar o frio, num acontecer de razoável presumir que se eu fosse um touro preferiria passar meus dias de tempo extra, a vaguear pelas pradarias na companhia de outros touros e vacas do que, puxando carroças e arados.
Assim cismado na canga do atrito da dor – um modo de falar, sob o jugo de um macaco munido com um chicote, juntando pedaços de estórias na cabeça, meio touro, meio homem, cheirando e vivendo ideias de idiotas que criaram armadilhas de luxo. Estórias que sempre trazem consigo a presença de uma vida mais fácil, num todavia, por parte da humanidade e num porém duma visão, dum talvez de faz-de-conta se libertarem forças de imensas mudanças; que modificarão o mundo do futuro em formas que ninguém imaginará ou desejará.
E, os governos, aquela gente que manda em nós, desenvolveram, desenvolvem técnicas em como encerrar os animais que somos, dentro de pocilgas ou gaiolas refreando-nos com arneses, e zingarelhos outros de apaziguamentos, treinando-nos com chicotes, aguilhões e, outras estralhos feitos letras, um conjunto de leis, bem à semelhança da tradicional prática de agricultores no manejo do ferro ou cornos para fazer arados, para arejar-nos, talqualmente.
Sim! É certo! É este um processo de domesticação com outras formas sofisticadas envolvendo-nos como animais que somos, com uma agressividade controlada e, de maneira a nos reformarem gradativamente com a selectividade requerida, também com a suficiente humanidade na procriação de muitas manadas, muitas famílias. Famílias domesticadas na suficiente medida em apoio de cabaz de resiliência garantindo-se na continuidade como um regalo adocicado que regularmente se dá aos mais obedientes! Lorpas, dirão alguns…
Hoje, a riqueza de algumas pessoas que tradicionalmente era determinada no antigamente pelo número de porcos que possuía, já tudo é feito de outro jeito; embora com a exprimidinha ideia do sabe-se lá, fundamentalmente no continuar tudo na mesma, sempre ascendendo. Dirão na maioria: para pior, antes assim! Radicalizando estas falas numa vertente metafórica mais fácil de entender, perspectivando a política na forma que sabemos sem ética nem verdade, veremos em detrimento, que numa visão economicista nos levaria a perguntar nesta utopia de se ser touro, porco ou um galo! Sim! Um galo…
Isso – um galo! Nos levaria a perguntar: Porquê continuar a alimentar um galo durante três anos, se ele já atingiu o seu peso máximo ao fim de 3 meses!? Na forma que vivenciamos o hoje português, façamos a pergunta de outra forma: Porquê continuar com um governo chamado de socialista, durante seis anos se ele, nada tem feito para engrandecer a Nação!? Sei que está com uma maioria absoluta e então? Vamos continuar iludidos por gente impreparada e na permanente graça dum ilusionista que devia presidir?
Via Internet ouvi as balelas vulgares da rolha presidente, a não saída do Galamba da TAP da desgovernamentação do Costa com Marcelo e Companhia e, das fantochadas tomadas com Lula presidente no Brasil, falar português com sotaque, coisa ridícula, enfim! Estão um para o outro, chefes mestrados na hipocrisia, dizendo merdas átoa como se fosse o João da horta do vinticinco. Ué-ué! Melhor ficar assim mesmo e falar com meus kambas nas falas de bangula.
E, para passar o tempo, comi bolinhas de suspiros, coxinhas de galinha, suco de sape-sape, graviola, e mangaba, esta, só de pensamento! Parti para outro e, mais outro lugar, sem me encontrar. Teci-me na linha dum destino criando a teoria do esquecimento, burilei-me nela e voei. No calor do tempo queimo cansaços, fracassos vazios, decepções e até solidões, também! Criei projectos, levantei paredes, plantei árvores, agora nem quero saber, só mesmo deixar o tempo rugir! Amanha será outro dia – Sexta-feira. Sem mais, mungweno…
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
Metáforas com ALGORITMOS - Crónica 3380 – 01.05.2023
PAJUÇARA - Em Maceió como Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola…
Por: T´Chingange (Otchingandji)
As metáforas, ajudam a expressar conceitos abstractos de maneira que se entendam com mais facilidade. Só que, por vezes são tão poderosas que nos levam a algo desconhecido como o buraco negro do qual ainda temos bastante para conhecer e entender. O mundo das plataformas de comunicação digital está cheio disso, dos algoritmos, porque funcionam frente a temas tecnológicos difíceis.
Um exemplo, que pode ser menos agressivo que uma nuvem de algodão em uma nuvem útil. Aí é onde as plataformas nos pedem que guardemos copias do que fazemos, um lugar acolhedor, mas, obviamente, o que nos estão dizendo, é em verdade um conjunto de aplicações que essas entidades estão criando para que todos os nossos arquivos fiquem alojados em suas gigantescas gavetas de servidores, de modo a que possam fazer actuar os algoritmos desenhados ou formatados por essas mesmas empresas.
O objectivo real é obter milhares de milhões de dados para uso comercial ou para fins políticos em campanhas ou até eleições, forçando os instrumentos a seguir suas mecânicas previamente balizadas em suas directivas; uma nítida adulteração a regras de transparência a que, democraticamente são chamadas de fraude. Não transijam, os responsáveis das plataformas são magníficos criadores de metáforas que deturpam o nosso rumo e nossa mente sem deixar rasto…
Pude ser informado por uma recente literatura que a constituição do algoritmo, supostamente, adverte-nos sobre a necessidade de se actuar no mundo digital, para que haja compatibilidade de nossos direitos de cidadania nos sistemas constitucionais. A instrumentalização dos algoritmos que desenham ou esboçam problemas constitucionais por um modo de viés, tanto em sua utilização como em seu próprio desenho originam uma plena incidência sobre direitos fundamentais dos cidadãos.
O problema também é bem polémico quando se formaliza o uso desses algoritmos na administração pública. Dir-se-á ser óbvio seu uso porque facilita enormemente o trabalho o que parece acentuar a objectividade de se tomarem decisões e, porque sempre se abrirá uma interrogação sobre se o serão, uma fonte de direito. Em qualquer caso exigiria decidir se matematicamente realizam as funções assertivas.
O Facebook, por exemplo, fez frente às queixas dos usuários que pediam uma certa moderação em seus conteúdos criando para o efeito uma Junta de Supervisão que se encarregará de analisar essas queixas mas?!… Como se conhece popularmente a essa Junta!?... Como uma “Corte Suprema” do Facebook! Que é que pode despertar mais respeito do que um Tribunal Supremo?! La empresa ficará até encantada, noé!?. Mas o Facebook, ainda que pareça, não é um Estado, felizmente.
Levamos anos falando de uma prodigiosa, utilíssima e revolucionaria Inteligência artificial (IA), máquinas com capacidade de aprender e de elaborar processos inteligentes por si, próprias. Inteligência artificial é também uma metáfora maravilhosa: não dá a entender em nenhum momento que esteja exigindo que centenas de milhões de pessoas se dediquem horas y horas a fio, em países pobres, ao aborrecido trabalho de colocar as etiquetas que essas máquinas possam reconhecer.
Depois do dito supra, segue-se sem haver consciência clara da necessidade de proteger directamente os direitos fundamentais, tal como se configura na Constituição. E, isto é válido para todos os países do Mundo. Durante anos observamos com alegria o como alguns jovens empreendedores davam, uma bola, vendendo por quantidades superbilionárias suas inovadoras empresas a essas grandes corporações. Era pois, a metáfora perfeita do êxito, mas essas brilhantes aquisições.
Francisco Balaguer, Catedrático de Direito Constitucional na Universidade de Granada, afirmou que as Constituições, deveriam ser submetidos por modo a dar garantias ao cidadão. Então, que se pode fazer às Constituições Nacionais para evitar lesões graves em direitos básicos? A esta pergunta o professor afirmou: Até agora tem-se feito bem pouco; entre outras coisas, pela natureza contractual da relação entre as companhias que oferecem seus serviços e seus usuários. A tendência será por agora, intervir em essas questões, não em defesa de direitos constitucionais, mas sim dos direitos do consumidor com a protecção de dados. Esse será o caminho que marcará a inovadora e interessante normativa europeia sobre o tema…
Nota: Há alguns detalhes extraídos de uma crónica de “El Pais” – Espanha.
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – ALFORRIA
1ª Parte - Crónica 3379 - N´Guzu é força (Kimbundo) – 29.04.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Ao longo do século XIX, no Brasil, várias foram as diligências buscadas pelos escravos para conseguir sua liberdade. Muitos tentaram a fuga refugiando-se em quilombos. O sonho da liberdade não se desvanecia, contudo a fuga do engenho, seu normal lugar de trabalho, só era possível em direcção ao agreste e depois sertão. Quase sempre os escravos fujões, voltavam ao engenho, normalmente ao fim de alguns dias, debilitados e até feridos pelas dentadas dos cães de fila que acompanhavam o guardas nas buscas. Vinham carregados de ferros!
Regressados ao engenho, eram submetidos a castigos no tronco. Eram chicoteados e por vezes ou quase sempre era-lhes aplicado um ferro em brasa na cara gravando-lhes um “F” de fugitivo. Os que não regressavam eram possivelmente capturados pelos índios selvagens e, nalguns casos, certamente comidos. Todos eles se interrogavam por muitas vezes sobre qual seria a situação do seu reino do outro lado da kalunga. Sempre que chegavam novos escravos ao engenho, procuravam saber por eles, notícias da Matamba, do seu Kongo de N´Dongo.
Mas, nem sempre obtinham os resultados desejados, pois que ou eram de Minas, gente do Zaire, Benim ou Muçulmanos e, muito raramente da sua etnia. Assim, metidos num atoleiro aparecia o capataz, um encorpado mulato mazombo que por via deste empate e quebra no rendimento, logo o ameaçava levar ao pelourinho, o tal tronco das calamidades. Alguns até obtinham sucesso, escondendo-se nas cidades; outros participavam em rebeliões e alguns optavam por saídas mais drásticas assassinando senhores, feitores ou cometendo seu suicídio.
Mas, um grande número obteve a liberdade pela via institucional, por meio de formas de libertação previstas em lei legitimadas pela sociedade que geria as alforrias. Assim como no período Colonial, antes de 1822, ano do início do Brasil Imperial, os veículos legais de alforria eram a “carta de liberdade ou alforria”, registada em cartório, o registo de baptismo em que o senhor libertava a criança, a denominada “alforria na pia”, a disposição testamentária do senhor ou de um seu representante legal ou por procuração.
A alforria poderia ser de dois tipos: a gratuita ou a incondicional. Nesta última, quando o senhor dono dava a seu escravo carta de liberdade que doravante, como se dizia então e, que passava a dispor de si e do seu tempo como bem entendesse; também da compra da alforria, quando escravos ou terceiros interessados em sua liberdade, pagavam determinada quantia aos senhores pela troca; da restrição em que se condiciona ao escravo um tempo determinado para trabalhar por sua conta e assim, perfazer o valor previamente estipulado.
A alforria condicional, pressupunha a prestação de serviço ao senhor por tempo alternado ou até à morte deste. Um dos problemas causados pela concessão desses dois últimos tipos de alforria, era a definição jurídica dos filhos das mulheres libertadas condicionalmente ou, pela coarctação, pois havia os que entendiam que elas ficavam livres, desde que se estabelecessem condições para a liberdade, enquanto outros, defendiam que as mulheres só ficariam libertas de facto e, com elas o seu ventre ao receber sua carta de alforria.
Teoricamente, todas as alforrias podiam ser revogadas caso houvesse ingratidão, por parte dos escravos, possibilidade que se foi tornando remota ao longo do tempo e, não mais admitida a partir do ano de 1860. Para além dessas alforrias concedidas de comum acordo entre o senhor e o escravo, havia outra cuja libertação era concedida contra a vontade do senhor.
Em primeiro lugar, a liberdade obtida por meio de acções judiciais quando os escravos procuravam a justiça reclamando escravidões ilegais, ou argumentar que seus senhores haviam descumprido acordos previamente estabelecidos. Em segundo lugar, as alforrias mediante serviços militares, nas quais escravos fujões, procuravam o exército A fim de servir como soldados e, assim conseguir a tão almejada carta de alforria ou pelo simples recrutamento para as fileiras por via de guerras em curso. Esta prática da instituição militar foi exercida na Guerra do Paraguai.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NO KILOMBO– NA FUNDAÇÃO DE ZUMBI DE N´GOLA…
COM FALA KALADO – NA SINGULARIDADE DOS KALUNDU
- Crónica com ficção 3300 – 20ª de Várias Partes – 13.05.2022 – Republicação a 20.11.2022 na Lagoa do M´Puto
Por T´Chingange – Em Arazede de Coimbra do M´Puto
AR - Na minha qualidade de Zelador-Mor da Fundação de Zumbi de N´Gola fiz uma visita relâmpago ao CDB - Centro de Documentações no lugar de Baobá (Imbondeiro) – lugar de entre União dos Palmares e o Morro da Barriga no estado de Alagoas do Brasil. O historiador Vizeu Antunes, responsável pelo sector, deu-me liberdade de poder consultar os arquivos da Fundação e assim, livre de outros deveres poder ver e analisar antigos dados para assim, prosseguir minha tarefa de entrevistar gente de nomeada na ainda estória recente de N´Gola. E, vasculhando cadernos de apontamentos entre múltiplas anotações recolhi dados ainda mal decifrados no contesto da semântica histórica. Fala Kalado, o agora Comendador - um Ex-Defunto de nome Nelito Soares e hoje, Ex-Coronel, recuperado em vivo e, que andou com o Che Guevara em um lugar perto de Ponta Negra chamado de Luvungi da RPC- República Popular do Congo lá para trás nos anos de 1964 ou 1965.
É aqui que ele encontra Jonas Savimbi, um negro bem negro e, os rumos, lentamente, viraram em novos azimutes. Ainda não tenho bem a exacta certeza de como tudo aconteceu mas e como diz Murphy em seu princípio, o que tiver de ser, assim será na convicção de que escrever o futuro dum morto matumbola* é bem periclitante, quase impossível. Nelito Soares era funcionário da Imprensa Nacional de Angola - Cidade Alta da LUUA… Para muitos é apenas o nome de bairro luandense; combateu, de armas na mão, contra o estado colonial, sem ter visto realizado o sonho da Angola independente, tendo sido morto pela tropa portuguesa no seu Bairro da Vila Alice. Tal como eu, foi estudante na EIL – Escola Industrial de Luanda e fez seu Curso de Sargentos Milicianos na Escola de Aplicação Militar de Nova Lisboa (EAMA)– Huambo.
AR - Bom! Nelito, um incorporado nas tropas regulamentares coloniais na região de Cabinda, tal como eu, T´Chingange, um seu colega de armas e, também incorporado na Companhia de Caçadores 1734 de Beja do M´Puto, protagonizou, com mais dois compatriotas, o desvio, para o Congo Brazzaville, de um avião comercial – um “Dacota da DTA” que seguia de Luanda para Cabinda, com passageiros a bordo no ano de 1969 (04 de Junho). O avião que deveria aterrar em Cabinda foi desviado para Ponta Negra. Longe estava, então, Nelito Soares de imaginar que, seis anos depois, num outro dia, com a Independência à porta, havia de ser morto por elementos Comandos das Forças do M´Puto – as únicas que dignificaram o M´Puto em Angola…
NELITO - Em frente à então sede nacional do MPLA, a cujos ideais aderiu numa altura conturbada de tomada do poder por este partido/movimento a maka, aconteceu! Ainda mal estruturado este Movimento do “M da vitória ou morte” aterroriza a população de Luanda às ordens “encapotadas” do General de Aviário Rosa Coutinho do MFA - um antigo prisioneiro da FNLA no rio Zaire. Nelito Soares, foi também no bairro da Vila Alice que cresceu e viveu até deixar o país para se juntar, em Brazzaville segundo a estória mal contada, à Luta Armada de Libertação Nacional, protagonizada pelo MPLA.
Era, então, funcionário da Imprensa Nacional. Eram tempos de clandestinidade, sem cartão de militante, nem discursos, muito menos promessas. Angola em um prazo muito curto, virou às avessas por força e graça do “glorioso MFA – salvo seja”. Havia falas surdinadas, salões de baile, ou bailes de jardim ou em locais de trabalho e, num repente depois dum VINTICINCO NO M´PUTO, tudo mudou – Cravos para uns, espinhos para outros, que num repente viram RETORNADOS. Mais tarde os boatos, os rebentamentos nos musseques, a rebelião SAIDA DO NADA, para trabalhar o medo, o apelo à fuga dos brancos…
AR - Manuel Soares de Silva, nome de registo, filho de Luís João Soares da Silva e de Isabel Severina da Silva, nasceu em Luanda, a 19 de Setembro de 1943, tendo falecido em 27 de Julho de 1975. Assim se pensava mas, pelo que já foi contado, saiu morto pela fronteira Sul de Namacunde com o beneplácito de segredo do médico Kimbanda Kassessa. A parti daqui as intermitências da morte sugere segredo de resiliência e, do nada (…) instala-se em Brasil negociando com armas aos traficantes dos morros ao redor de S. Paulo e Rio de Janeiro mas e, sempre com seu novo nome de Fala Kalado.
Seu estudo secundário fê-lo na antiga Escola Industrial de Luanda, onde funciona agora o Instituto Médio Industrial de Luanda (Makarenko), na Vila Alice. Um militar de “veia lusa” afirma que: Esse Filho da Puta foi abatido em 75 nas escaramuças “escaramuças, é favor” – aonde o MPLA emboscou e assassinou vários militares… E, vêem-me agora com panfletos de merda em ode a um terrorista mal fabricado. Malditos reaccionários - fodam-se! Fantoches travestidos em progressistas.
AR - Comuna, é mentiroso compulsivo, seja da URSS seja da CHINA, Coreia do Norte ou o raio que os parta! Foram eles sim, quem arregimentou e armou uns quantos candengues “PIONEIROS” que metralharam um Jeep de Comandos Tugas PELAS COSTAS (confirmo que assim foi! Eu estava na Luua neste então), matando logo dois e ferindo gravemente outros dois. Mesmo assim conseguiram levar o Jeep até ao Quartel dos Comandos do Cazenga! Ali, mal viram o resultado desta enorme COBARDIA do MPLA os COMANDOS, a seguir, deram a resposta. A chegada de 2 Companhias dos Comandos desde o Cazenga dignificou o acto de afronta da Vila Alice; esta é a verdade!…Bem! Menos mal que só ressuscito o morto NELITO nesta estória como um Ex-defunto MATUMBOLA!
*Matumbola: - Na superstição de gente bantu, é um morto-vivo - indivíduo ressuscitado por artes mágicas, que cumpre ordens dum suposto feiticeiro kalundu que o trouxe à vida - Uma divindade ou espirito justiceiro, presente na natureza…
Ilustrações de A. Roxo - AR
(Continua…)
O Soba T´Chingange
CINZAS DO TEMPO - As cristalinas tristezas embargam as dúvidas sombrias
Crónica 3216 de 20.11.2021
Por T´Chingange, no AlGharb do M´Puto
Cada um de nós possui diversos tipos de conhecimento, sendo que alguns nascem connosco, como nosso instinto, enquanto outros são adquiridos e desenvolvidos no decorrer de nossas vidas. O conhecimento sobre algo pode ser adquirido de diferentes formas, como observando factos, com experiências pessoais ou sendo ensinado por alguém através de livros, vídeos, apresentações ou aulas.
É comum que aqueles que ensinem possuam conhecimento naquele tema, e você saberá quem é conhecedor de todas as coisas e disposto a nos ensinar em todas as etapas de nossas vidas? Por mais que a ciência tenha progredido, nossa vida continua cheia de mistérios e perguntas desafiadoras. Existe uma realidade além da que percebemos? O que é real e o que é irreal? Qual é a origem de tudo? Sou um ser espiritual ou apenas físico e químico? Nossa inteligência, nossas pesquisas ou o conhecimento acumulado dos estudiosos, pouco importam ao tratarmos de questões espirituais.
Em nossa busca pela espiritualidade, muitas vezes substituímo-la por “grandes homens” subestimando a natureza que tanto nos ensina... “Ah! Esse escritor vai explicar-me isso, e aquele palestrante vai-me ajudar com aquilo”. Será que nos falta fé para obter a compreensão espiritual por intermédio do verdadeiro Espírito? E, temos Camões, Saramago, João Pessoa entre tantos outros ilustres. E, temos hoje, também, comentadores a granel, gente politiqueira ou futeboleira - um fartote...
“O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”. Nem todas as explicações dos mistérios divinos estão reservadas para o reino dos Céus. Os mistérios que “olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu”... Está noite veio um trovão forte! Um clarão e, a Luz, escafedeu-se, foi-se! Espero à seis horas pelo técnico que me irá dar a luz; embrulhado no meu kispo espero pacientemente!
A luz desapareceu, os disjuntores dispararam e creio ter o problema a montante... Como irei agora aquecer meus espargos vindos do Chile, assim sem esta luz terrena que gira o microondas? Ontem, não pude prever isto... Lá terei de ginasticar a mente para rever outra saída... Passaram quatro dias e o técnico da Luz que vai fixar o novo contador ainda não veio e, nem sei quando virá; lá terei de fazer um enxerto á minha resiliência.
O Soba T'Chingange
UM HINO Á KALUNGA – III
Crónica 3215 de 12.11.2021 e, outras datas se Deus o quiser…
NAS FRINCHA DO TEMPO – Com Zé Peixe de Aracaju e as kiandas Roxo e Oxor, algures num recife, por vezes numa bóia…
Por T´Chingange – No AlGharb do M´Puto
Em 2016, prometi a Assunção Roxo que iria socorrê-la com uma lenda do mar, um verdadeiro golfinho feito homem; assim, surgiu esta parcial inventação falando do personagem que vi em vida e com quem falei algures em Aracaju de Sergipe. As ilustrações foram capiangadas por mim a ela, para suprir sua maldade, assim um ressarcimento por me impedir de ficar num pântano quântico procurando um chinelo, as sandálias do pescador… E, porque é quase uma odisseia vai ter muitas partes, como uma telenovela.
Num esforço de entender o Universo sublimei-me em filosofias com princípios inimagináveis fixados num jogo empírico lá nos extremos do pensamento aonde até as deduções têm afinidades matemáticas, com símbolos e caracteres radiactivos. No paradoxo de criativas imagens, enchia-me de habilidades quânticas sem cuidar dos ditames da razão. Nesta utopia de partículas surge uma sereia de nome Roxo Socorro a pedir ajuda, justificando seu próprio nome, como se nela tudo fosse uma calema de afincada afirmação.
Estava bem no topo de um recife no lugar de Guaxuma das Alagoas do Brasil, mais além de rio Doce, para norte. Nem sei bem porque pedia socorro porque assim de joelhos mexendo levemente a barbatana de cauda, suportava em sua mão direita uma forquilha tipo arpão daquelas que sempre ligamos ao mar, isso, como se saída de uma atlântida que se diz ter existido no meio do oceano. Jiboiando em minha rede, revivi esta cena lá atrás no tempo quando no pantanal de Sergipe vi uma sereia a deslizar das dunas para a água. Havia ali muitas lagoas no pequeno pantanal sergipano…
Minhas companhias de viagem juravam que não, que era uma anta, talvez uma foca ou um peixe-boi. Rita até afirmava ter sido uma garoupa sarapintada de pedras tipo cracas mas, nada disto eu vi! Já que estávamos em Sergipe e muito perto de Aracaju, ali permanecemos por mais dois dias pois que teria de perguntar a Zé Peixe, o prático marinheiro se isto da sereia seria ou não uma fantasia nossa; uma cena tal e qual esta daqui, plantada em Guaxuma – a praia da sereia…
Pergunta aqui e mais ali, lá chegamos à casa pobre meio ripa, meio taipa feita de adobe, coberta a folhas de zinco com ramos de coqueiro já envelhecidos. Tivemos a sorte de o ver logo sentado num telheiro bem ao lado da casa, rodeado de picas no chão e outras galinhas de angola ciscando o fundo do quintal cheio de mamonas, com erva florida de doutor e doutorzinho em tufos enquadrados, coqueiros ao redor sombreado um limpo terreiro. Havia também pitangas, chá caxinde e, foi perguntando a este se era mesmo esse o nome com que iniciei a conversa. Claro que lhe dei uma larga saudação! Ele estava já habituado a ter visitas de estranhos…
(Continua…)
Nota: Ilustrações de Assunção Roxo, a kianda -Texto escrito em 2016 com o titulo de CAFUFUTILA...
O Soba T´Chingange
ANGOLA DA LIBERTAÇÃO - XXX
Ultima visão de Savimbi: “moscas pousando no rosto, feridas na cabeça e numa mão e, um buraco de bala na garganta”.
Crónica 3214 – 11.11.2021 - “A guerra, que matou e estropiou tantos, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas e prepotentes” – São estes que ainda governam… Por T´Chingange, no AlGharb do M´Puto
Após o ano de 1994, haveria que manipular os espíritos inseguros, carregar nos botões certos das almas inocentes, com o fígado incompleto, candengues sem estrutura para os virar monstros desapiedados com o nome de pioneiros… Eram ideias desfibrilhadadas numa antiga dor e creio que se foi no tempo com um sentimento de culpa. Deveria iluminar-nos não é!? Amanhã será outro dia e, foi-se! O Sol não tinha como se abraçar a nós, nem se poderia esperar isto. O tempo escasseia-me muitas vezes, para poder redigir histórias escondidas, antigas, que até posso antever reais a tempo inteiro, real ou ficção. Nessas alturas subitamente levanto voo, plano como um albatroz e por aí vou fora, sem parágrafos ou pontos finais, com diálogos dinâmicos, que só o serão na ficção!
Fala o Soba, impõe as suas leis, fala o Luís que quer fugir aos ditames dos familiares próximos, subverte-se as leis, obtendo-se gozo nisso, e sabedoria, claro, que estas coisas, mesmo negativas são as que mais resultam e se aprumam na coluna vertebral de um indígena. O Protocolo de Lusaka de 1994 reafirmou os Acordos de Bicesse. Savimbi, não querendo assinar pessoalmente esse acordo, enviou o ex-Secretário Geral da UNITA Eugénio Manuvakola representando em seu lugar, o partido. Manuvakola e o Ministro das Relações Exteriores de Angola, Venâncio de Moura, assinaram o Protocolo de Lusaka em Lusaka, Zâmbia, em 31 de Outubro de 1994, concordando em integrar e desarmar a UNITA.
Ambos os lados assinaram um cessar-fogo como parte do protocolo em 20 de Novembro. Sob o acordo, o Governo e a UNITA cessariam os incêndios e desmobilizariam 5 500 membros da UNITA, incluindo 180 militantes, que se uniriam à polícia nacional angolana, 1 200 membros da UNITA, incluindo 40 militantes, que se uniriam à força policial de reacção rápida e os generais da UNITA, que se tornariam oficiais das Forças Armadas Angolanas. Mercenários estrangeiros retornariam aos seus países de origem e todas as partes parariam de adquirir armas estrangeiras.
O acordo deu aos políticos da UNITA casas e uma sede. O governo concordou em nomear membros da UNITA para chefiar os ministérios de Minas, Comércio, Saúde e Turismo, além de sete vice-ministros, embaixadores, governos de Uíge, Lunda Sul e Cuando Cubango, vice-governadores, administradores municipais, vice administradores, e comuna de administradores. O governo libertaria todos os prisioneiros e amnistiaria todos os militantes envolvidos na guerra civil. O presidente do Zimbabwé, Robert Mugabe, e o presidente sul-africano, Nelson Mandela, reuniram-se em Lusaka a 15 de Novembro de 1994 para aumentar o apoio simbólico ao protocolo. Mugabe e Mandela disseram que estariam dispostos a encontrar-se com Savimbi e Mandela. Pediu que ele fosse à África do Sul, mas Savimbi não foi. O acordo criou uma comissão conjunta, composta por funcionários do governo angolano, da UNITA e da ONU, com os governos de Portugal, Estados Unidos e Rússia como observadores, para supervisionar sua implementação.
As violações das disposições do protocolo serão discutidas e revisadas pela comissão. As disposições do protocolo, integrando a UNITA nas forças armadas, um cessar-fogo e um governo de coligação, eram semelhantes às do Acordo do Alvor, que concedeu a Angola a independência de Portugal em 1975. Muitos dos mesmos problemas ambientais, desconfiança mútua entre a UNITA e o MPLA, falta de supervisão internacional, importação de armas estrangeiras e ênfase excessiva na manutenção do equilíbrio de poder, levariam ao colapso do protocolo…
E, chegados ao ano de 2002, tropas do governo matam Jonas Savimbi a 22 de Fevereiro deste ano, na província de Moxico. Jonas Savimbi morre "de arma na mão", como "um militar", numa emboscada das Forças Armadas Angolanas (FAA), sexta-feira à tarde, junto ao rio Luio, sudeste da província do Moxico, ao fim de cinco dias de perseguição pelo mato. "Sete tiros foram suficientes para o abater". Foi assim que o brigadeiro Wala, na qualidade de dirigente da "força mista que matou o líder da UNITA", resumiu o fim de Savimbi aos jornalistas presentes no local em que o corpo foi exibido - Lucusse, a 79 quilómetros do sítio da emboscada. O relato é do repórter da Lusa, Miguel Souto. O destino de Savimbi, calculou Wala, era a fronteira com a Zâmbia, onde contava ser reabastecido pelos seus homens.
Acossado pelas tropas do Governo angolano desde o Andulo, Jonas Savimbi, dividiu a sua coluna em três. Seguiu com uma, e deixou o comando das restantes duas aos generais Abreu "Kamorteiro" (chefe de Estado-Maior das forças da UNITA) e António Dembo (vice-presidente do movimento do Galo Negro). A coluna de Savimbi iria ao encontro do General "Big Jo", que partira antes, em busca de víveres. Ainda de acordo com a versão das tropas angolanas, quando um ataque das tropas angolanas liquida "Big Jo", o líder da UNITA inflecte para norte, por uma mata densa que levaria ao rio Luio. "Deu muitas curvas e fintas, porque conhecia muito bem o terreno,pois que a UNITA nasceu aqui", lembrou o brigadeiro Wala, acrescentando que os seus homens andaram "dia e noite numa perseguição que durou cinco dias", até à emboscada final de sexta-feira.
Nas palavras de Wala: "quando Savimbi viu os seus homens mortos, pegou na arma". Além dos "vários oficiais" atingidos, avia um "total de 21 ". Os generais Dembo, "Kamorteiro", Abílio Camalata Numa e Samy terão escapado ao ataque, e as forças governamentais dizem estar no seu "encalço". O paradeiro do secretário-geral do movimento, Paulo Lukamba Gato, permanecia desconhecido. Segundo o embaixador português em Luanda disse ao PÚBLICO, as primeiras imagens do corpo de Jonas Malheiro Savimbi foram exibidas na televisão estatal angolana por volta das 17h00 locais (16h00 em Lisboa), sem terem ocupado mais do que "um espaço normal" nos telejornais. A reportagem do jornalista da RTP Alves Fernandes, que foi ao Lucusse, mostrava o corpo de Savimbi deitado numa prancha ao ar livre, à beira de uma árvore, rodeado por centenas de homens mulheres e crianças, misturados com militares.
Ninguém compusera o corpo para a última imagem: farda verde oliva desfraldada, deixando ver parte da roupa interior, os pés sem botas, só com meias, moscas pousando no rosto, feridas na cabeça e numa mão e um buraco de bala na garganta. Diz-se que Savimbi, ferido de morte teria sido o autor deste ultima tiro. Na sequência seguinte, o corpo, embrulhado na bandeira do Galo Negro, era levado da prancha para um caixão. Segundo o relato inicial deste jornalista, antes das imagens serem difundidas, Savimbi teria sido atingido sexta-feira à tarde não por sete mas por "quinze balas, duas na cabeça, as restantes no tronco, nos braços e nas pernas". Chegaram a correr versões que falavam em 52 tiros. A agência Reuters, por seu turno, ao princípio da tarde, citava fontes dos serviços secretos zambianos que contestavam a data da morte. De acordo com esses relatos, Savimbi teria sido morto já na segunda-feira, e as forças do Governo angolano teriam retardado a notícia da sua liquidação, de forma a poderem difundi-la, com outro impacto, nas vésperas da partida do Presidente José Eduardo dos Santos para Washington, onde dia 26 se reuniria com o seu homólogo norte-americano, George W. Bush.
As fontes zambianas sublinhavam que as tropas do Governo angolano tinham localizado a coluna de Savimbi no Moxico há duas semanas e que, tendo enviado reforços, se lançaram num ataque maciço no passado domingo. O vice-presidente da UNITA, António Dembo, assumiu o cargo, mas, enfraquecido pelas feridas sofridas na mesma escaramuça que matou Savimbi, morreu de diabetes 12 dias depois, a 3 de Março, e o Secretário-geral Paulo Lukamba torna-se naturalmente o líder da UNITA. A seguir a tudo isto, Angola viveu no descarado roubo de seus governantes, podendo por ora concluir-se: -“A guerra, que matou e estropiou tantos, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas e prepotentes” – São estes, que ainda governam - ano de 2021 - (Ainda…)
(Fim…)
O Soba T´Chingange
Malambas, são palavras *OS COVARDES E OS FRACOS* - Do tempo das cowboiadas do Oeste americano...
- Crónica 3213 de 10.11.2021
Por
T'Chingange, no AlGharb do M'Puto
No capitólio do estado de Iowa, em Dês Moines, há um mural que retracta o espírito dos pioneiros colonizadores, os quais conquistaram o oeste. A cena mostra um jovem marido e esposa viajando em sua carroça por uma região hostil. Sempre aparecia a silhueta de muitos índios nos morros circundantes; viam-se sinais de fumo saindo em anéis de mensagens que só podiam ser, instruções de guerra...
A esposa tem em um dos braços seu bebé e com a outra mão, conduz a carroça. O marido leva nas mãos o rifle Winchester, pronto para enfrentar qualquer emergência. Também nós, nos dias que correm, vemos que temos a rodear-nos grandes nuvens, testemunhos que pairam no ar de nossa preocupação...
Tentamos desembaraçar-nos de todo peso e até de algum pecado que tenazmente nos assedia a mente, correndo no rumo de perseverança que melhor se coaduna em nossos anseios e, assim sem sermos senhores absolutos de novas propostas, novas leis e arbitrárias decisões que nos são colocadas…
Pude imaginar aquele mural no meio daquele deserto do Oeste, um qualquer outro imaginário estado estadunidense a desbravar novos mundos; “Os covardes nunca tentaram, e os fracos desistiram a meio do caminho.”
Para muitas pessoas, tomar posição ao lado da última mensagem que nos esbarra o pensamento é um acto de audácia. Para alguns, será abandonar uma boa posição, acomodados por se disporem a guardar mordomias adquiridas. Outros sentirão na pele a perseguição de carístias entre novas levas de “estrangeiros e pseudo peregrinos”. Refugiados vindos de lugares de qual fomos obrigados a abandonar! Em alguns exemplos, homens e mulheres, sociedades em geral, terão de escolher entre a dúvida da verdade e a própria vivência. “Os covardes nunca tentaram.” Uma frase que nem sempre encaixa na verdadeira postura...
Não basta tentar um corajoso início pois os anos estrebucham na idade. É necessário perseverar, algumas vezes sob condições desanimadoras, pois, como no caso dos pioneiros da nação norte-americana, os fracos desistem a meio do caminho. É preciso poder espiritual constante para permanecer fiel às normas da mensagem nesta sofisticada sociedade moderna - a nossa! Certo - é mais fácil argumentar do que decidir; desejar do que praticar; desistir do que resistir...Bolas para isto, a força de querer esvai-se...
Ser um fiel cidadão, adulto, vacinado e emancipada, em nossos dias permissivos requer-se uma santa resistência, ou resiliência como se diz agora, pois os fracos desistem. Para além do mais já se vislumbra como certa a tal eutanásia, uma morte assistida que sabe-se lá como funcionará na prática. Mas, no meio deste alvoroço, vamos assim rogar ao Nosso Senhor que nos promete socorro, pois que Ele assim nos disse: “Eis que estou convosco todos os dias”. Ainda bem que não estamos correndo sozinhos!
O Soba T'Chingange
UM HINO Á KALUNGA – II
Crónica 3212 de 07.11.2021 e, outras datas se Deus o quiser…
A estória do Zé Peixe de Aracajú - Prelúdio da estória das Kiandas Roxo e Oxor
Por T´Chingange, no AlGharb do M´Puto
Para que o corpo seja saudável é forçoso que a mente esteja com saúde, que esteja alegre e em harmonia. Se a mente estiver irritada ou aborrecida, este estado aparecerá inevitavelmente no corpo e, manifestar-se á na pele, no coração, nos pulmões. O estado latente de infortúnio e de mal-estar nas pessoas, não é mais do que o reflexo da mente manifestando-se em atrito ou choque.
Em contraste com esta ocorrência e o estar na vida, algures no Brasil, fui agraciado com uma notícia que corroborou com a inspiração dum senhor chamado de Hicari no Izumi. De tão esquisito nome nem sei direito como chegou até mim mas, o relevante do mistério é o de que em Aracajú de Sergipe havia um homem de setenta anos de idade conhecido pelo Zé Peixe que espantava toda a gente.
Este senhor Zé peixe, designado por “prático” por conhecer os baixios da baía e seus canais de navegação, ao fim de muitos anos de mar, sabia por onde os barcos de grande calado podiam navegar até à zona portuária sem ficar encalhados na areia ou recifes.
A tarefa que normalmente é feita ou atribuída a um patrão de costa ou piloto da barra que conduz o navio até ao cais, aqui, tem o senhor Zé como o principal personagem. Entra num rebocador que o leva até lá longe, ao navio em águas de oceano mais profundas, sobe ao mesmo, conduz o monstro com perícia substituindo instrumentos de tecnologia de ponta, sistemas de posição geográfica de satélite, bussolas especiais e sonares.
Quando o navio abandona o porto é Zé Peixe que de novo dirige as operações até ao local Xis que ele, o prático da barra, sabe como o de “o fazer sem perigo”. O curioso deste curto prelúdio é a de que, da haste saliente do vapor com uma altura superior a mais de cinco andares de um prédio citadino, o senhor Zé, benze-se, salta para o espaço indo perfurar as águas tépidas do Atlântico.
O pessoal de bordo sempre atento a esta odisseia de um velho com 70 anos saúda-o com uma gritaria e, em uníssono ouve-se o apito grave troando um adeus, até à próxima amigo Zé... O regresso a nado ao cais, bem perto de onde se situa a sua humilde casa, pode demorar até um pouco mais de duas horas. Sua modesta casa denota não ter rendimentos que façam dele um homem remediado, aliás o aspecto raia a tacanhez da sobrevivência; é aqui que podemos realçar a sua alegria no fazer por tostão uma tarefa de milhão.
O Senhor Zé Peixe, na sua casa, tem um frigorífico aonde conserva frutas e, a uma pergunta do jornalista Hicari no Izumi, o tal senhor, responde que sua alimentação é essencialmente de fruta. Só bebe água de coco e não se lembra de quando tomou banho de água doce.
É ou não um hino à vida, esta singela postura dum homem que quase, ou mesmo analfabeto, nos transmite o poder e querer ao invés de quem se desloca com meia mala cheia de medicamentos. Isto, confunde os piegas dando-nos esperanças no estímulo de gozar a plenitude da natureza a quem verdadeiramente tem força de vontade. E, o mundo fala agora, ano de 2021, ao redor da crise. Feliz do senhor Zé Peixe! E assim foi, até que faleceu a 26 de Abril de 2012 por Insuficiência respiratória; tinha a idade de 75 anos.
Zé peixe foi agraciado com diversos prémios e homenagens, sendo lembrado como um dos sergipanos mais notórios de todos os tempos. Seu nome era de José Martins Ribeiro Nunes. Os folhetins/crónicas agora a serem reeditados das Kiandas Roxo e Oxor da Kalunga de Guaxuma surgem com uma nova roupagem de nostalgia mantendo este senhor como o timoneiro ou patrono das promovidas kiandas. Roxo é uma, Oxor, é uma outra, o espelho gémeo desta mana, algures…
Na Kalunga e, a bombordo do meu barco Niassa (uma ilusão antiga), a costa da N´Gola sempre são visíveis, um milagre de “nem sei como” surgem na lógica das kwangiadas, musas do Chiloango, Bengo, Dange e ninfas do Cuvo, Giraul ou do Kunene dando lugar a estas mordomias de deixar a saudade lamber-nos também na água doce, límpida ou turva, também em terras do Brasil, com todos esses rios tendo o Amazonas num lugar cimeiro com seus golfinhos chamados de “botos” e até as vacas nadadoras chamadas de “peixe-boi” que deram origem ao teatro, carnaval de rua “bumba meu boi”, entre outras cenas tão desconhecidas do cidadão comum. Ao lago Niassa ou Malawi, ao Okavango e às terras encharcadas do Delta; lá chegaremos com tempo no caminho do rio Zambeze no encontro com o Cubango…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
ANGOLA DA LIBERTAÇÃO - XXIX
DEPOIS DE ”OS 3 DIAS DAS BRUXAS” – O VAZIO COM A 6ª FEIRA SANGRENTA DE 22 DE JANEIRO DE 1993
Crónica 3211 – 05.11.2021 - “A guerra, que matou e estropiou tantos, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas e prepotentes” – São estes que agora governam (Ainda…)
Por T´Chingange, no AlGharb do M´Puto
A 6ª Feira sangrenta, 22 de Janeiro 1993 - o dia que angolanos do grupo linguístico Kikongo, foram assassinados por razões xenófobas. Com efeito, na manhã do dia 23 de Janeiro de 1993, os bairros da Petrangol, Mabor e Palanca e outros habitados maioritariamente por Bakongos, foram atacados por parte de habitantes de Luanda. O Governo de Angola teria reconhecido oficialmente 57 mortos, mas as organizações civis bakongos apontaram mais de mil vítimas e acusaram jornalistas angolanos de serem os responsáveis da chacina.
Estes ataques foram referidos como sendo ocasionados por motivos étnicos mas, em realidade, tratou-se de conflito pré-eleitoral. Os bakongos foram acusados pela imprensa oficial de ter apoiado o partido do Galo Negro. Depois da fuga do Jonas Savimbi, nos fins de Novembro de 1992 para o Huambo, este reorganiza o comando da sua ala militar e, no espaço de poucos meses depois das primeiras eleições em Angola, ocupa as cidades do Uige, Mbanza Kongo, N´dalatando, Soyo, Caxito e mais tarde, depois de uma batalha de 55 dias, a segunda cidade de Angola, Huambo, obrigando o governo a ficar na defensiva.
Nasce daí, a campanha mediática contra o Zaire de Mobutu, acusado de ter enviado tropas para auxiliar o braço armado da UNITA. No entanto, quando as ex- FALA's ocupavam militarmente uma das cidades, a Rádio Nacional de Angola, noticiava o que aqui se cita: "tropas zairenses e da UNITA, ocuparam a tal cidade", etc. Alguns jornalistas de Jornal de Angola imprudentes, assinam artigos que criticavam os supostos zairenses (na realidade, angolanos bakongos), com caricaturas, denegrindo-os de ser responsáveis da miséria do povo angolano.
Em meados de Janeiro de 1993, todos os órgãos de comunicação Social de Angola, citam fontes militares que foram capturados no campo de batalha, tropas zairenses, o que constituía prova suficiente da implicação de Mobutu no sucesso de tropas da UNITA no terreno. Prometeram apresentá-las numa conferência de imprensa. Na preparação desta, um jornalista corajoso questiona sobre as provas que os militares estrangeiros africanos capturados fossem zairenses; a resposta foi simples: falavam lingala! O jornalista insiste em saber se, nas forças armadas angolanas e da UNITA, não havia militares que falassem lingala, sendo logicamente, angolanos.
A reunião com imprensa foi anulada "in-extremis", por ordens superiores. Soube-se mais tarde, que os supostos soldados zairenses, na realidade eram angolanos bakongos que falavam lingala, ligados ao partido no poder e recrutados para este efeito. A campanha de difamação contra Mobutu e os zairenses era tão forte que obrigou o então general da UNITA, Demosthenes Chilingutila a desmentir na rádio portuguesa TSF, qualquer implicação das tropas do Zaire ao lado das suas tropas afirmando ainda que o próprio presidente do Zaire tinha problemas graves no interior de seu pais e, precisando ele sim, da ajuda da UNITA.
Nesse dia, 22 de Janeiro de 1993, um editorial da Rádio Nacional de Angola revela que os Zairenses infiltrados no seio da população angolana, preparavam um plano para assassinar o presidente da República, José Eduardo dos Santos. E, foi esta a razão que no mesmo dia incutiram e accionaram seu conhecido Poder Popular junto de seus seguidores entre a população de Luanda munidas de armas de fogos pelo MPLA a assaltarem, violarem e matarem à revelia e com toda a impunidade, os bakongos da capital do país – Luanda.
Dias depois, os bakongos, impotentes e frustrados, reúnem-se algures em Luanda, redigem o famoso Manifesto da Sexta-Feira Sangrenta, um memorandum dirigido ao governo de Angola, ao parlamento e às embaixadas acreditadas em Angola. Neste documento, os activistas “bakongo” relatam com pormenor o que se passou nestes dias. O então deputado do partido PDP-ANA, Nfulumpinga Landu Víctor, toma conhecimento do manifesto e interpela a Assembleia para condenar os massacres e levar à justiça os autores.
Em uma exortação sobre a Sexta-Feira Sangrenta, Muana Damba publicou a 24 de Janeiro no recente ano de 2013: História do Reino do Kongo - Você é um N'kongo, filho desta terra legada pelos nossos antepassados. Se podemos considerar esta Angola um país de Cabinda ao Cunene, é porque nele estão inseridas todas as etnias do país* incluindo os Bakongos sejam eles de Cabinda, do Soyo, do Uige, M'banza Kongo e outros, mas se essa realidade deixar de ser considerada, Angola deixa de ser aquilo que é, portanto vamos todos reflectir...
*Abro aqui um parêntesis para prosseguir este pensamento de Muana Damba, ressaltando que a etnia Branca desde seu processo libertador pelos autodesignados mandatários dum autopoder, na gestão do todo-poderoso MPLA na governação, sempre a excluíram, subtraindo-lhe direitos de gerações por nascimento. Algo incomum e xenófobo, do qual tanto se fala hoje pelo mundo com refugiados de um e outro lado, passados que são quase 46 anos daquele 11 de Novembro de 1975, verificando-se sempre um provocado desleixo ao lidar com a etnia Branca, relegando-a para um submundo de indiferença e menosprezo…
Muana Damba continuando seu MANIFESTO refere: Queremos que as autoridades, outros irmãos angolanos saibam que Angola é um mosaico de tribos ou mesmo junção de tribos, nós temos a nossa terra, espaço terra tal como outros, assim sejam Kimbundos, Ovimbundos entre outros que o tempo ditará terem também os mesmos direitos de jus soli (lei do solo -"direito de solo") irrestrito, ou o direito à cidadania a quem nasça em solo nacional, independente de quaisquer outras condições. Se alguma lei assim o refere, urge modificá-la para bem de Angola…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
ANGOLA DA LIBERTAÇÃO - XXVIII
DEPOIS DOS ”OS 3 DIAS DAS BRUXAS” – O VAZIO EM ANGOLA
Crónica 3210 – 31.10.2021 - “A guerra, que matou e estropiou tantos, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas e prepotentes” – São estes que agora governam…
Por: T´Chingange, no AlGharb do M´Puto
Naqueles tempos ainda nem sabíamos que usavam a propaganda de forma exaustiva na falácia de tudo vir a ser uma liberdade linda em Angola! Não! Não conhecíamos as filosofias do mal… Nos intervalos dos lapsos de memória quase petrificado, posteriormente, ele, um velho Tenente-Coronel, falava tudo desencontrado no tempo e no espaço esfarrapado de mente contando os efeitos da Luua no quarto decrescente, penso eu-de-que!
Aquele senhor fardado com um pijama às riscas, sentado num sofá de orelhas, olhava para o infinito, babando-se pelo canto esquerdo descaído, insensível ao cérebro abanado por uma trombose, com a lentidão na descrição das coisas graves, titubeava muxoxos – Hum, pois, não sabe; a kalashnikov, os turras, a febre do poder, os malvados da UITA… E, eram bolas de trapos, meias surripiadas do pai a cheirar a sulfato de peúga a impregnar a desconversa! Mas, o que é que tem a ver o cú com as calças? Estão a ver o filme?
Entre a vida e a morte, as diferenças estão nos pormenores pois algumas são demasiado trágicas e outras muito, por demais sofríveis… Ele teve a sorte de morrer num ai, repentinamente (falava dum monstro, talvez um tal de imortal do MPLA); que nem a viu aparecer - a bala do monacaxito… Movimentos das FA com seus militares guedelhudos e revolucionários esquerdistas do M´Puto…
Na tempestade vingativa dos habitantes da Luua, dos musseques, que se abateu sobre os comerciantes brancos. E foram primeiro os fubeiros, depois os taxistas e a seguir já o eram todos os brancos. Os fubeiros tinham fama de trapaceiros e os taxistas de reaccionários. Entre a vida e morte as diferenças estão nos pormenores, repetiu o velho tenentista babado ao recente passado… Em sua cabeça, sua cuca estava mesmomesmo pifada mas, eram coisas reais dum passado…
A quitandeira, de filho atado com lenços do Mobutu com quindas cheias de loengos, gajajas ou sape-sape… candengue ranhoso abanado no caminhar, dando cabeçadas na mãe por entorpecimento entre apertos de multidão pra apanhar as chapas (táxis populares da quinhenta) do Zambizanga…. Pois! Queres ver que agora é preciso ser preto para se ser angolano! Repetia isto a todo o instante como se fizesse funje numa lata de leite Nido nas obras do António Barroso no Rio Seco.
Os primeiros foram expulsos dos musseques, à força e com o medo a estalar em fogos de very-lites, arcos-íris de granadas às centenas produzindo efeitos imediatos – E, agora ou vais ou morres! Isso: ou mato ou morro! Pópilas, de novo: ou morro ou mato! Mas ali só havia prédios. Creio que estava a ver a avenida Brasil da Luua! E, eram centenas; despojados dos pecúlios com a ajuda do lobo mau das NT – o mesmo que MFA a ajudar quem nunca deveria…
Era a frente para a fuga ao invés da fuga práfrente, algo já estudado pelos frentistas a fim de se efectuar o abandono, uma táctica nunca vista nos anais da lusofonia. Esta tornava-se conhecida aos poucos entre muxoxos de lusofodiaste; uma teoria que funcionou átoa, mas resultou mesmo.…Coisas do passado.
O Soba atento, fumando rapé ou liamba no seu cachimbo mutopa, sentado ou em seu pé à entrada do d´jango esperando os súbditos e dando-lhes conselhos; a família é importante, reúnem lá com os filhos debaixo da mulembeira lembram-lhe os seus deveres como a eles próprios lhes foram transmitidos, pelos pais e pelos pais dos pais, sabe que travarem as suas batalhas é ponto de honra e, sabe também que na hora de fazer a paz e a concórdia, com o usurpador ou sem usurpador, é da natureza humana, o caminho N´zambi indica.
Mais tarde: A UNITA tentou retirar o controlo de Cabinda do MPLA em janeiro de 1993. Edward De Jarnette, chefe do Gabinete de Ligação dos Estados Unidos em Angola para o governo Clinton, alertou Savimbi que, se a UNITA impedisse ou interrompesse a produção de Cabinda, os Estados Unidos encerrariam seu apoio. Aqui, deu para se entender que os piores amigos eram mesmo, os americanos.
Em 9 de Janeiro, a UNITA iniciou uma batalha de 55 dias contra Huambo, a "Guerra das Cidades". Centenas de milhares fugiram e 10 mil foram mortos antes que a UNITA assumisse o controlo a 7 de Março. O governo engajou-se em uma limpeza étnica kikonga e, em menor grau, de ovimbundos e, em várias cidades, principalmente Luanda como o de 22 de Janeiro, chamado de massacre da Sexta-Feira Sangrenta.
Os rebeldes da UNITA e os representantes do governo encontram-se cinco dias depois na Etiópia, mas as negociações em restaurar a paz falharam. O Conselho de Segurança das Nações Unidas sancionou a UNITA através da Resolução 864 a 15 de Setembro de 1993, proibindo a venda de armas ou combustível para a organização. Talvez a mudança mais clara na política externa estadunidense tenha surgido quando o presidente Bill Clinton emitiu a Ordem Executiva 12865 em 23 de Setembro, rotulando a UNITA como "uma ameaça contínua aos objectivos de política externa dos Estados Unidos" em Angola.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
TEMPO DE CINZAS. 24.10.2021
Crónica 3209 - Lendo a “TEORIA DA INCERTEZA” de Arlindo Donário e Ricardo do Santos sobre como aplicar pecúlios, acabei por ficar taciturno sem saber se fico como estou ou avanço para a aventura dos BITCOINS…
MALAMBA: É a palavra.
Por: T´Chingange, no AlGharb do M´Puto
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Assim, lendo A INCERTEZA E O RISCO transcrevo o essencial da leitura:
1 - ESCOLHAS EM SITUAÇÃO DE INCERTEZA – *Se os resultados das acções humanas fossem instantâneos e determinísticos seria fácil prever o futuro. Contudo, todas as acções na vida humana estão ligadas à incerteza e ao risco. Dos comportamentos e decisões humanas não se pode afirmar, com certeza, quais as consequências que se verificarão. O conhecimento com perfeita certeza é impossível de atingir - Existe risco quando se podem associar probabilidades aos resultados de qualquer evento. Nestes casos, de risco, o decisor “conhece a distribuição das probabilidades” em relação às situações que são produzidas.*
Continuando a leitura: *Existe incerteza quando essa associação não pode ser realizada caracterizando situações em que existe um conjunto de possíveis resultados desconhecidos. Neste caso (de incerteza) o decisor não pode seguir uma regra formal de decisão mas apenas pode fundamentar-se na sua intuição, que Knight denominou como “julgamento” para antecipar o que pode ocorrer. Esta distinção foi efectuada pelo professor Frank Knight em 1921. “Mas a Incerteza deve ser tomada num sentido radicalmente diferente da noção familiar de Risco” (Knight, 1921:19).*
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Bem! A seguir vêm umas fórmulas do qual não entendo patavina. Sendo assim entro na tecnologia mais impactante desta geração. Não se trata de uma inovação de big data ou inteligência artificial, robótica ou de armazenamento em nuvem. É isto, o blockchain ou tecnologia com moedas digitais, como o bitcoin. Este avanço tem o potencial de se transformar no modo de como se lida não só com o dinheiro e negócios mas e, também com o governo e a própria sociedade como um todo.
A tecnologia do blockchain é uma promessa de solução para todos os problemas ao criar o que se chama de “interventor de valor”. Esta rede via internet é construída para transmitir e armazenar informações de NÃO VALORES (coisas)! O Facebook e outras redes de suporte motor na comunicação hodierna, pouco fazem para se mudar a maneira em como lidamos com o dinheiro, e de como fazemos um negócio – O que se sabe, é o de que ser cleptomaníaco é ter a doença de fanar aquilo que não é seu, um jeito de gamar, extorquir e afins. A tecnologia do blockchain** é uma promessa de solução para todos os problemas ao criar o que se chama de “interventor de valor”.
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Estas vias de comunicação, entre outros mais, usam seus servidores (nós-NODOS) por forma a poderem piratear com facilidade seus usuários. Estes motores de busca tais como o Sapo, Twiter, Facebook, Digg, Google, Windows, Bebo, MySpace entre outros, têm nesta prática, a maneira airosamente suave de cobrarem por nossos serviços; são intermediários que nos cobram este grande valor que lhes concedemos segundo regras deles. Falo por mim que tenho sido invadido em minha privacidade sem que me dêem no mínimo, garantias de estabilidade e stresse! O modelo de negócio do Google e os outros mencionados, é encurralar-nos como porcos em pocilga, controlarem-nos com seus padrões de interesse, colectarem nossos trabalhos de busca, pesquisa de informação, nossas estórias, mussendos, mokandas, missossos e coisas cabeludas para depois revendê-las. Eu tenho noção disto mas, porque sou cusca, deixo-me correr na película da vida…
Nossos paradigmas estão por força destes controladores eliminando dores fanáticas, paulatinamente, sendo alterados. A chegada deste blockchain a estes empreendedores, será da maior importância pois que eliminando intermediários aí sim, se criará uma verdadeira economia de compartilhamento sem os megas sabichões de SALGADOS E COMPANHIA que nos levam os pecúlios em falsos investimentos. Também ando a tentar fanatizar-me com esse tal de dinheiro virtual mas, ele, o dinheiro, está a ficar caro e escasso…
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Isso! O dinheiro invisível; para que não seja necessário manuseá-lo atascado de vírus e fungos que as notas-porcas, nojentas, transferem para mim, para todos, sem que se dê conta! Quero assim saber tudo sobre os bitcoins para não andar vai-não-vai, com a garganta, os olhos, os ouvidos e a pele numa irritante coceira. Ele, são vírus, bactérias e fungos nas estirpes mais medonhas. De mão-em-mão transportam a gripe, a enxaqueca, a rinite, as pintalgadelas carunchosas e as unhas encortiçadas com fungos dinossáuricos emporcalhados.
Usar dinheiro papel-moeda é a coisa mais nojenta que temos. É tempo de passarmos a outras vias de não lidar com a máquina da doença deste papel nauseabundo que nos leva aos tempos carunchosos e medievais. Estou farto de alimentar esta indústria da doença com impinges, flor-do-congo, o lupo, as bitacaias e minhocas perniciosas, a filária, os bichos barrizinhos brancos que penetram na vida trazendo a caspa e a morte! Agora, efectivamente pretendo enveredar pelo anti-calote, antidoto à praga de ladrões; usar nova ampulheta do tempo que a todos regule com estes tais de bitcoins.
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Quero assim, distinguir-me desta vidinha de vulgaridade, olhar com quantus a fantástica evolução para manipular as saudáveis regras da vida. Deixar de tossir malezas novas como o ébola, a catinga do deus-me-livre e o câncer, coisa ruim. Por circunstâncias que nem os governos querem controlar, é tempo de extinguir este velho e nojento estilo de vida sem dinheiro de passa-pulga com cacarejar ea galinha… Este estado do mais-ou-menos - juro que já não me agrada!
**Bitcoin é uma criptomoeda descentralizada, constituindo um sistema económico alternativo. Inicialmente apresentada em 2008 na lista de discussão The Cryptography Mailing por um programador ou grupo... (Wikipédia) - É considerada a primeira moeda digital mundial descentralizada, e responsável pelo ressurgimento do sistema bancário livre. Permite transacções financeiras sem intermediários, mas verificadas por todos usuários (nodos) da rede, que são gravadas em um banco de dados distribuídos, chamado de blockchain. Ando a consultar a “teoria da incerteza” para me meter a fundo neste BLOCKCHAIN…
O Soba T´Chingange
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