MULOLAS DO TEMPO -18
RECORDANDO: Dia 21 de Outubro de 2018, na fronteira entre o Malawi e Moçambique - 34º dia da Odisseia “HÁJA PACIÊNCIA”. Nós, bazungus através de África… Crónica 3242 - 15.02.2022 na pajuçara do Brasil; 04.09.2022 no AlGharb do M´puto
Por T´Chingange – Na Pajuçara do Nordeste brasileiro e agora, no AlGharb do M´Puto
Ainda sinto um ligeiro tremor de raiva a arrepiar-me as carnes, o cérebro, quando me lembro daquele polícia de fronteira, impecavelmente preto, impecavelmente vestido, impecavelmente sóbrio e com divisas de chefe reluzentes, que ali naquela fronteira de Bozwé, entrada de Moçambique dize que só aceitavam dólares; numa terra em que o dinheiro tem o nome de Meticais. Por seis horas e sentados num muro de pedra ao acaso, tivemos de esperar pelo visto que viria de Tete.
Assim, de braços moles, de mãos frouxas, pescoço bambo quase abotoado ao estomago, crepitando febres, olhava um desconsolo como coisa nunca vista. Ando assim, a tomar chá rooibos misturado com borututu para defumar as raivas mal contidas. Sim! Para me curtir das cólicas. Ontem, até dei comigo a examinar quinquilharias de artesanato, assim minuciosamente como se nunca as tivesse visto. Agora, lá terei de inventar lendas para neles, me improvisar airosamente como um holograma…
Neste dia de 21 de Outubro de 2018 escrevia: Estamos na fronteira de Zobwé que liga o Malawi à cidade de Tete e Cabora Bassa em Moçambique. Já estamos há cinco horas esperando pelos vistos que em princípio irão chegar da Cidade de Tete. Nosso comandante, guia, o melhor condutor de África, empertigou-se com o polícia que nos atendeu ao balcão do lado de Moçambique e neste compasso de espera creio até ser de castigo por excesso de lábia de nosso angolano genuíno de nome, alcunha bangão Vissapa.
Armou-se aos cucos e desatou a dizer que era jornalista e que iria contar ao mundo, que fazia e acontecia, por este desaforo de espera; tinham passado duas horas e foi-nos explicado que os selos dos vistos acabaram ali e, então teríamos de esperar até que o funcionário chegasse vindo de Tete, lá na margem do Zambeze. Sucede que o comandante não aceitou estas explicações, como se não conhecesse estes procedimentos nas fronteiras de áfrica e vai daí, óspois, cinco a seis horas passadas, já muito próximo do fim de dia é que com outro polícia em um outro turno fomos chamados a pagar o visto: cinquenta dólares!
Como só eu estava apetrechado com dólares tive de proceder aos trâmites e, eis que chegada a vez do comandante Vissapa os dólares não serviam, eram demasiado velhos, sujos, teriam de ser novos. Vai daí procurei o bafana cambista de rua do tipo kinguila que me cambiou e nada de o encontrar. Tive de comprar novos dólares para libertar Vissapa. Ainda ando com estes sujos 50 dólares na carteira para recordar tamanha recheira muito impregnada de bazófia de m´bika dum m´putista bangão – Sucede que o prejuízo já foi pois nunca vi a cor, nem a hipótese dessa devolução pois que e, até já nem o quero pra não azarar meu parco futuro…
Escrevia nesse então: Zobwé - Fronteira muito cheia de kazukuteiros a esmifrar os mezungos ou bazungus brancos! 50 Dólares americanos não sujos custaram-me 1000 randes! Fiquei a arder… nunca pedi resgate disto mas ficou uma raiva que criou ranço de bolor neste tempo todo. As Exorbitâncias são feitas à sociedade - compadrio com as autoridades da fronteira... Há laia de rascunho: -São necessários muitos dólares para satisfazer a apatia reinante dos preguiçosos serviçais da lei... Moçambique, é terra para esquecer; iremos ter mais pela frente…
Nossos bolsos esvaziam nas fronteiras... De todos e até aqui, os mais honestos foram os Malawianos...Os mais ladrões e prepotentes foram mesmo os Moçambicanos... É estranho isto, noé!? – Não é! No entanto, pelo que se vê as infraestruturas aceitáveis de agora foram aqui deixadas pelos Tugas. É bem melhor ver África pela Nacional Geográfica... O maior calor teve o maior preço... Foi no Malawi no Mvuu Liwonga subsidiado por fundações europeias (já aqui descrevi…)! No entanto não aceitam pagamentos em Euros! Ando encafifado! Turista t'chindere em África, sofre e paga para isso! Raiuspartaqueospariu (tudo junto)...
Sem pretender vulgarizar o verdadeiro sentido das coisas, aqui estou escrevendo missossos, muxoxos, mujimbos ou mokandas nos trezenos e sessenta e cinco dias dos anos comuns, para arredondar abraços XXL aos verdadeiros gestores do bem-querer. Pelo que podem ler, áfrica é para esquecer! Nesta afirmação, existe uma inevitável armadilha, que chamamos de cultura subordinada a um outro potencial de fingimento, pois que o real entrelaça-se com o possível dando forma à fricção, uma nova forma de ficção. Coitadinhos deles, dizem… Amanhã estaremos em Chimoio… A ver vamos…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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