NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na diáspora e após a “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3633– 10.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Após o ano de 1994, haveria que manipular os espíritos inseguros, carregar nos botões certos das almas inocentes, com o fígado incompleto, candengues sem estrutura para os virar monstros desapiedados com o nome de pioneiros… Eram ideias desfibrilhadadas numa antiga dor sem sentimento nem culpa.
O Sol não tinha como se abraçar a nós, nem se poderia esperar isto. O tempo escasseia-me muitas vezes, para poder redigir antigas histórias escondidas, que até posso antever reais a tempo inteiro. Nessas alturas levanto voo, plano como um albatroz e por aí vou fora, sem parágrafos ou pontos finais, com diálogos que de dinâmicos, só o serão na ficção!
Para que conste: No M´Puto, naquele então e após o voo grátis de “Lualix” sem volta, as solicitações de trabalho para os municípios e outros organismos através do IARN (Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais) iam-se fazendo. As colocações de funcionários, de forma dissimulada por vezes, já tinha um nome para uma tal pessoa a destacar…
E, no desvario da revolução, as colocações eram feitas preterindo amiudadamente os refugidos conotados como anticomunistas; com os respingos de ideologia do PREC - Processo de Revolução em Curso do M´Puto, muitos o eram por vezes preteridos por gente conotada à esquerda (pró MPLA). Hoje posso ver com mais claridade o que era essa força do Partido Comunista com suas células e comités de intervenção.
Dando um salto à frente, anos mais tarde Alcides Sacala da UNITA, na Diáspora, deu-me posse de Coordenador da Zona Sul de Portugal e isto trouxe-me inúmeros problemas tais como escutas telefónicas; houve sim, outros contratemos, mas que, não cabe aqui referir.
Recuando um pouco, minha base era a Caála chamada de Robert Williams, uma pequena cidade que ficou com o nome de um abnegado dirigente dos Caminhos de Ferro de Benguela. Só muito mais tarde e a partir do 11 de Março de 1976 as coisas começaram a tomar novo rumo. Tive a sorte de ser colocado como destacado em um município tendo na presidência um elemento do MDP-CDE.
Passados que são cinquenta anos, ainda anda por aqui e ali, muita gente com quem temos amizade, que dão um encolher de ombros às lembranças de então. Por isso, nesta descrição andarei um pouco mais à frente ou atrás no tempo, para inserir o essencial dos problemas que afectavam milhares de seres como eu, com iguais circunstâncias - retornados; gente que quis esquecer e, acabou mesmo por assim o ser, só que alguns entretanto defuntaram-se…
Convém aqui dizer que os gestores do MDP-CDE do Município em que fui destacado no Ribatejo, jogavam na perspectiva de obterem em mim um técnico a ser moldado ao seu jeito na reforma agrária. Quiseram sim levar-me para o Alentejo a dar animo a uma reforma da qual nada me dizia. Dias-a-fio, era assediado para ingressar em suas fileiras e ir comandar as tropas de insurrectos dessa reforma agraria no Alentejo – Os moirões, os levanta telhados dos montes, propriedade de latifundiários fugidos para o Brasil…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Depois da “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3632– 06.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Mugabe e Mandela disseram que estariam dispostos a encontrar-se com Savimbi. Mandela pediu que ele fosse à África do Sul, mas Savimbi não foi. O acordo criou uma comissão conjunta, composta por funcionários do governo angolano, da UNITA e da ONU, com os governos de Portugal, Estados Unidos e Rússia como observadores, para supervisionar sua implementação
Havendo violações nas disposições do protocolo serão discutidas e revisadas pela comissão. As disposições do protocolo, integrando a UNITA nas forças armadas, um cessar-fogo e um governo de coligação, eram semelhantes às do Acordo do Alvor, que concedeu a Angola a independência de Portugal em 1975.
Àquele acordo subsistiam muitos dos mesmos problemas ambientais, descon-fiança mútua entre a UNITA e o MPLA, falta de supervisão internacional, importação de armas estrangeiras e ênfase excessiva na manutenção do equilíbrio de poder, levariam ao colapso do protocolo…
Recordando: - Passados já uns cinco anos dos recontros da Batalha do Cuíto Cuanavale, é dado a conhecer pelo toxicologista criminal belga Dr. Aubin Heyndrickx, o uso de gases na guerra. Ele, estudou supostas evidências, incluindo amostras de "kits de identificação" de gás de guerra encontrados após a batalha em Cuito Cuanavale…
E disseram: alegando que "não há mais dúvida de que os cubanos estavam usando gases nervosos contra as tropa Jonas Savimbi" - As tropas cubanas foram neste então acusadas formalmente de terem usado gás nervoso contra as tropas da UNITA durante a guerra civil.
O envenenamento por aquele agente nervoso leva a contracção de pupilas, salivação profusa, convulsões e micção e defecação involuntária, sendo que os primeiros sintomas aparecem segundos após a exposição. A morte por asfixia ou parada cardíaca pode ocorrer em minutos devido à perda do controle do corpo sobre os músculos respiratórios e outros.
Os agentes nervosos também podem ser absorvidos através da pele, exigindo que aqueles que provavelmente sejam submetidos a tais agentes usem uma vestimenta completa, além de um respirador. Os agentes nervosos são geralmente líquido insípidos de coloração que varia entre o incolor e o âmbar e podem evaporar para um gás.
Os agentes sarin e VX são inodoros; o tabun tem um odor ligeiramente frutado e o soman tem um leve odor de cânfora. Os jovens não conhecem esta história. E, a paz e reconciliação em Angola nunca se conseguirão com base na mentira”. Assim se recorda Mário Pinto de Andrade: “ninguém pode negar a História, mas tem de se falar com realismo.
Iluustrações aleatórios de Assunção Roxo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Antes e Depois da “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3631– 03.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
A UNITA tentou retirar o controlo de Cabinda ao MPLA em Janeiro de 1993. Edward De Jarnette, chefe do Gabinete de Ligação dos Estados Unidos em Angola para o governo Clinton, alertou Savimbi que, se a UNITA impedisse ou interrompesse a produção de Cabinda, os Estados Unidos encerrariam seu apoio. Aqui, deu para se entender que os piores amigos eram mesmo, os americanos.
A 9 de Janeiro, a UNITA iniciou uma batalha de 55 dias contra Huambo, a "Guerra das Cidades". Centenas de milhares fugiram e 10 mil foram mortos antes que a UNITA assumisse o controlo a 7 de Março. O governo engajou-se em uma limpeza étnica kikonga e, em menor grau, de ovimbundos e, em várias cidades, principalmente Luanda como o de 22 de Janeiro, o já referido massacre da Sexta-Feira Sangrenta.
Recordar que os chamados rebeldes da UNITA e os representantes do governo encontram-se cinco dias depois na Etiópia, mas as negociações em restaurar a paz falharam. O Conselho de Segurança das Nações Unidas sancionou a UNITA através da Resolução 864 a 15 de Setembro de 1993, proibindo a venda de armas ou combustível para a organização.
Talvez a mudança mais clara na política externa estadunidense tenha surgido quando o presidente Bill Clinton emitiu a Ordem Executiva 12865 em 23 de Setembro, rotulando a UNITA como "uma ameaça contínua aos objectivos de política externa dos Estados Unidos" em Angola.
O Protocolo de Lusaka de 1994 veio reafirmar os Acordos de Bicesse. Savimbi, não querendo assinar pessoalmente esse acordo, enviou o ex-Secretário Geral da UNITA Eugénio Manuvakola representando em seu lugar, o partido. Manuvakola e o Ministro das Relações Exteriores de Angola, Venâncio de Moura, assinaram o Protocolo de Lusaka em Lusaka, Zâmbia, em 31 de Outubro de 1994, concordando em integrar e desarmar a UNITA.
Ambos os lados assinaram um cessar-fogo como parte do protocolo em 20 de Novembro. Sob o acordo, o Governo e a UNITA cessariam as hostilidades e desmobilizariam 5 500 membros da UNITA, incluindo 180 militantes, que se uniriam à polícia nacional angolana, 1200 membros da UNITA, incluindo 40 militantes, que se uniriam à força policial de reacção rápida e os generais da UNITA, que se tornariam oficiais das Forças Armadas Angolanas.
Mercenários estrangeiros retornariam aos seus países de origem e todas as partes parariam de adquirir armas estrangeiras. O acordo estipulou dar aos políticos da UNITA casas e uma sede. O governo concordou em nomear membros da UNITA para chefiar os ministérios de Minas, Comércio, Saúde e Turismo, além de sete vice-ministros, embaixadores, governos de Uíge, Lunda Sul e Cuando Cubango…
Tambem destinou vice-governadores, administradores municipais, vice adminis-tradores, e comuna de administradores. O governo, libertaria todos os prisioneiros e amnistiaria todos os militantes envolvidos na guerra civil. O presidente do Zimbabwé, Robert Mugabe, e o presidente sul-africano, Nelson Mandela, reuniram-se em Lusaka a 15 de Novembro de 1994 para aumentar o apoio simbólico ao protocolo.
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL IX - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3630 – 30.09.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
De tudo o que foi dito, fica-se com a convicção de que o certo, é os israelitas nunca baixarem a guarda! À medida que os armamentos nucleares alastram em mais mãos, os cálculos de dissuasão tornam-se cada vez mais efémeros e cada vez menos fiáveis. E, assim sendo só me resta dizer: “Cristo, vêm cá abaixo ver isto”; mas, que venha armado!.
Sim! O que na realidade tem acontecido é verificar-se o progresso constante da capacidade nuclear iraniana, enquanto a postura do mundo Ocidental vai ficando mais frouxa O que se pode saber é que o Irão vai ignorando as resoluções da ONU, construindo centrifugadoras perante a apatia permissiva dos países da linha da frente…
No recente ano de 2013, o Irão reconheceu possuir sete toneladas de urânio com baixo grau de enriquecimento, quantidade que pode gerar em escassos meses o equivalente a dez bombas do tipo de Hiroxima. Perante o grupo negociador do controlo nuclear P5+1 o Irão afirmou que seu programa de pesquisa nuclear, o é, para fins civis e pacíficos…
Os países do grupo P5+1 são: Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino unido e Rússia. De todas as negociações já levadas cabo, a consequência prática tem sido a aceitação de um programa iraniano de enriquecimento de urânio sem se saber ao certo de qual será a sua dimensão.
Em verdade, quem vai conter as vagas de jihadistas, sunitas ou xiitas em seu extremismo militante, que ameaçam hoje a região. Quem é que vai acreditar!? Se o Irão conseguiu construir duas instalações secretas de enriquecimento de urânio sob vigilância (inspecção) internacional. Na visão do aiatola Khomenei, a jihad não tem fim, porque satã e a frente satânica são realidades eternas…
Ali, o equilíbrio de poder nunca é estático; seus factores fluem permanentemente. Decorridas duas décadas sobre a devastação da Segunda Guerra Mundial, o Japão reconstruiu-se como grande potência económica mundial. Quanto à India e depois da resistência passiva de Mohandas Gandhi pela sua espiritualidade de Mahatma que combateu o poderoso império Britânico pela astucia humilde…
E, seguiu-se-lhe como primeiro ministro Jawaharlal Neru e, mais tarde Indira Gabdhi, também como primeira ministra de 1966 a 1984, conseguindo ambos, alcandorar sua jovem nação a uma força destacada na ordem internacional depois da Segunda Guerra Mundial.
A essência de sua estratégia tem permitido à India obter apoios em ambos os lados da chamada Guerra Fria, conseguindo assistência militar e cooperação diplomática do bloco soviético, enquanto lhe é dado apoio moral m meios intelectuais e auxilio ao desenvolvimento económico por parte dos EUA; uma opção sábia para uma nação emergente.
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Ilutrações aleatórias de Pombinho
Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL VIII – “Contradições do Império”
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS - Escritos boligrafados na desordem actual
- Crónica 3626 - 15.09.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Lgoa do M´Puto
Esse foi o primeiro grande conflito impulsionado pelas ideias do Destino Manifesto (coisa vaga), ou seja, na crença de que os Estados Unidos tinham o direito, dado por Deus, de expandir suas fronteiras por toda a América, civilizando-a. Os Estados Unidos ampliaram o seu território em cerca de um quarto (25%), em 2,3 milhões de quilómetros quadrados.
Enquanto o México perdeu aproximadamente metade do seu (50%). Os EUA tomaram ao México partes do Colorado, do Kansas, do Wyoming, do Alabama e do Texas. Toda essa área soma mais do que a França, a Grã-Bretanha, Alemanha, Espanha e Itália juntas. A liberdade aos escravos dada por Santa Ana comprometia a manutenção dos estados do Sul com suas vastas culturas de algodão feitas exclusivamente por escravos.
PANCHO VILLA - O México foi invadido com o bloqueio dos portos de Vera Cruz e vencido numas quantas batalhas, levando o México a um tratado sem honra. No tratado de “Guadalupe Hidalgo” a 2 de Fevereiro de 1848, com a troca por 15 milhões de pesos. Os Estados Unidos anexam uma área de dois milhões de quilómetros quadrados, os territórios do Texas, Novo México e Califórnia, que compoêm hoje os estados de California, Nevada, Utah, Arizona, Colorado, Novo México e Texas.
A anexação do México levou a que o poeta e escritor Walt Whitman afirmasse: -“Como o México é miserável e ineficiente – com sua superstição e sua burlesca liberdade…”. O México, não mais se livrou desse lado burlesco, tão visionado nos filmes de cowboy. Há a acrescentar aos territórios, o Alasca comprados aos Russos uma vasta região fria com mais de um milhão de quilómetros quadrados.
Em 1901, cinquenta e dois anos depois da aquisição do México por meia dúzia de garrafas de “tequilla” Theodoro Rosevelt abre a guerra com a Espanha tomando-lhes Cuba, Filipinas e Porto Rico. As ilhas de Guam já tinham sido tomadas de assalto em 1898 e em seguida tomaram o Havai e o Haiti aos Franceses…
Do Haiti só sairam após a entrega das ilhas a um fantoche chamado de Duvalier que governou em ditadura; seguiu-se-lhe o Papa-Doc com sua feróz gendarmeria através dos seus “Tom-Tom Macutes”. No seu impulso de guerreiros guardiões do globo e, com Franklim Roosevelt entram na segunda guerra mundial proporcionando-lhes uma saída à forte recessão de 1939 (ler vinhas da ira) com o envio de géneros alimentícios, maquinaria de guerra e ajuga militar, ajuda paga com juros pelos Europeus através do plano Marchal.
Em 1953, Lyndan Johnson entra em guerra com a Coreia com um falso pretexto de serem ameaçados nos mares de Nanquim, uma inventada tramoia de um hipotético ataque; sempre, sempre queixando-se de serem “o fardo branco” na preservação do mundo.
A presidência Norte Americana é o trono do homem comum. De uma lista de mais de 40 presidentes até hoje eleitos, tiram-se uns cinco deles como tendo personalidade verdadeiramente relevante. Os ricaços Rockefeller, J.P.Morgam, Henry Ford ou Bill Gates jamais ambicionaram ir morar para a Casa Branca. Governar a América cercada de burocratas em geral inoperantes, não é para eles uma boa tentação em comparação com o seu bem mais proveitoso, o mundo dos negócios. Chegados aqui com estes exclarecimentos é tempo de voltar ao livro de Henry Kissinger – A Ordem Mundial
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Bibliografia consultada: América - A história e as contradições do império por Voltaire Schilling
(Continua...)
O Soba T´Chingange
A ORDEM MUNDIAL VII – “Contradições do Império”
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3622 - 06.09.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
EXPANSÃO DA AMÉRICA - A Compra da Louisiana, concluída em 1803, foi negociada por Robert Livingston, durante a presidência de Thomas Jefferson, o território foi adquirido da França por US $ 15.000.000. Uma pequena parte deste território foi cedida ao Reino Unido em 1818 em troca da Bacia do Rio Vermelho.
Mais desta área foi cedida à Espanha em 1819 com a compra da Florida, mas depois foi readquirida pela anexação do Texas e a Cessação Mexicana. Para terminar haverá a tecer duas importantes considerações a levar em conta: Fé e política, não se impõe nem se prescrevem porque mesmo recomendadas, ter-se-á em conta que ninguém que esteja privado de as possuir representará a verdade. É isto a democracia!...
A 30 de Abril de 1803 mais de 1300 quilómetros quadrados, duas vezes maior do que a França, passa ao controle dos Estados Unidos. Napoleão Bonaparte vendeu por 15 milhões de dó lares esse vasto território da Louisiana. Este vasto território inclui os estados actuais de Louisiana, Arkansas, Oklahoma, Missouri, Kansas, Iowa, Nebrasca, Dakota do Sul, Wyoming e Minesota.
Os Estados Unidos com Thomas Jefferson, dobrou a extinção do país sem queimar uma só libra de pólvora. Um ano depois daquela compra a Napoleão, num Maio de 1804 no rio Wood, os Capitães William Clark e Lewis, com mais de trinta homens formando o “Corps of Discovery“ desbravam o Noroeste alcançando o grande Oceano Pacífico em Janeiro de 1806.
Desta expedição resultou a anexação dos estados de Oregon e Idaho por conversações com os índios em troca de bugigangas e promessas. Os estados de Washington e Montana foram-lhes cedidos por seus primos Canadianos, tudo acordado com a Grã-Bretanha pais colonizador; um começo grandioso…
A expansão gringa com o tal “sonho Americano” vem desde 1806 quando Aarom Burr à revelia de Thomas Jefferson queria conquistar o México. Burr, o homem que queria ser rei pois, “ele tinha um sonho” recrutou uma numerosa milícia em Ohio mas foi barrado em seus intentos pelas forças da União a mando de Jefferson que não desejava nesse então problemas com as guarnições Espanholas da Nova Espanha.
Aquela ambição de Aaron Burr, veio a ser concretizada em 1844 que, a pretexto de proteger o Texas de Pancho Villa, num aberto repúdio ao decreto do General Santa Ana do México, que abolia a escravidão em terras mexicanas, o invade. Assim, os EUA são um país com 50 estados que cobrem uma vasta faixa da América do Norte, com o Alasca ao noroeste e o Havaí no Oceano Pacífico, estendendo a presença do país.
As principais cidades da costa atlântica são Nova York, um centro financeiro e cultural global, e a capital, Washington, DC. Chicago, uma metrópole do centro-oeste, que é conhecida por sua importante arquitectura, enquanto Los Angeles, na costa oeste, é famosa pelas produções cinematográficas de Hollywood…
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Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
Bibliografia consultada: América - A história e as contradições do império por Voltaire Shillings e na Google
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* . ELEIÇOES - “OS 3 DIAS DAS BRUXAS”
- Crónica 3620 – 31.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Recorde-se: De 29 e 30 de Setembro de 1992 diz Filomena Lopes líder do Bloco Democrático, partido da oposição angolana: “foram naturalmente três dias horríveis", data em que se interrompeu o processo de paz em Angola. Fui apanhada de surpresa, sobretudo numa altura em que se tentava encontrar soluções políticas para o problema.
Filomena diz: - “Matava-se tudo. Matavam-se todos os que tivessem alguma ligação com a oposição. ”Milhares de apoiantes e dirigentes da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) são assassinados em Luanda e em outras localidades do país. Também há vítimas da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). “É a primeira vez, na história da guerra civil angolana, que políticos morrem em combate”, escreve o jornalista Emídio Fernando no livro Jonas Savimbi, “No Lado errado da História”.
Savimbi chamou a situação de "crise mais profunda" da UNITA desde a sua criação. Estima-se que talvez 120 mil pessoas tenham sido mortas nos dezoito meses após a eleição de 1992, quase metade do número de baixas dos dezasseis anos anteriores de guerra. Ambos os lados do conflito continuaram a cometer violações generalizadas e sistemáticas das leis de guerra.
A UNITA, em particular, foi culpada de bombardeios indiscriminados de cidades sitiadas, o que resultou em um grande número de mortos civis. As forças do governo do MPLA usaram o poder aéreo de maneira indiscriminada, provoando muitas mortes de civis…
O tema ainda é tabu em Angola e até desconhecido por muito jovens. Daí a importância de uma boa estratégia de reconciliação, desde que não se branqueie a verdade, defende Orlando Castro: “Estes massacres são os mais visíveis, quer os de 27 de Maio de 1977, quer os de 1992; são os mais visíveis pelo número de vítimas, mas o MPLA tem muitas outras histórias porque ao longo da guerra – embora a UNITA obviamente também tenha cometido grandes erros – o MPLA, até pelo poder militar que tinha, massacrou muita gente inocente.
“Foi uma nova tentativa de decapitar a UNITA”. Orlando Castro conta: "Na história do MPLA, os massacres, ou as purgas, ou o que se lhe quiser chamar, são uma regra estratégica do regime, mesmo até para os próprios simpatizantes do MPLA”. Essa prática vem-se verificando até aos dias de hoje (2024) segundo muitas versões contadas aqui e ali, em livros ou crónicas nos jornais e redes sociais.
Contadas até por gente fugida ao sistema, que sempre acusam o MPLA na utilização de venenos para eliminar parceiros ou amigos considerados insuspeitos. Quem lê o “Fórum de Liberdade” nas redes sociais de Fernando Vumby exilado na Alemanha, um antigo elemento da DISA - a polícia política do governo de Agostinho Neto, fica com os cabelos em pé...
Até hoje – ano de 2024, permanece por esclarecer quem ordenou o massacre após s eleiçõea. O número de vítimas também nunca foi confirmado, mas estima-se que tenham morrido entre 10 mil e 50 mil pessoas. Outros gráficos, baseadas em números da Igreja Católica, estimam que foram mortos de 25.000 a 40.000 partidários da UNITA e da FNLA…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL VI - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3618 - 27.08.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Todos se lembram do Aiatolá Ruhollah Musavi Khomeini, falecido em Teerão a 3 de Junho de 1989; que foi essa autoridade religiosa xiita iraniana, líder espiritual e político da Revolução Iraniana de 1979 e, que depôs Mohammad Reza Pahlavi, na altura o Xá do Irã, Xá Reza Pahlavi até a sua morte.
Existe porém a diferença entre Xeque, aquele que estudou a Xaria em uma universidade islâmica, e o Aiatolá. Este último, Aiatolá significa "sinais de Alá" ou "sinais de Deus". Ou seja, o Aiatolá é o expoente do conhecimento dentro do Islã Xiita. Xeque ou sheik é um "ancião; chefe, soberano" é um fórmula honorífica em língua árabe, com o significado de "líder" ou "governador".
Normalmente, uma pessoa é conhecida por Xeique quando se especializou nos ensinamentos do Islão, podendo ter à sua responsabilidade os cuidados de uma mesquita, conduzir orações, realizar casamentos e outras funções. "Xeque", com este significado, é uma pessoa versada no Islã, um erudito.
Xeque é comumente utilizado para designar o chefe de uma tribo que herda esse título de seu pai, ou um estudioso islâmico, que alcança esse título depois de se formar na escola básica islâmica. Seu papel, do Xeque ou Xeique, nas antigas tribos de beduínos era a de um líder espiritual-político e, em certos casos, militar (equivalente a um capelão).
Dando um salto em frente, temos o “imperativo de revolução islâmica” que em Teerão, a capital e principal cidade da República Islâmica do Irão, de forma a permitir cooperação transfronteiriça entre Sunitas e Xiitas em nome de interesses antiocidentais mais amplos, nomeadamente o armamento pelo Irão do grupo Sunita, jihadistas Hamas contra Israel e, também segundo alguns relatos, dos Talibãs do Afganistão.
O Al-Qaeda também encontra aqui margem para actuar a partir do Irão. Sunitas e Xiitas estão geralmente de acordo em derrubar a ordem mundial vigente. Ao longo do século XXI em todo o Médio Oriente, os ideários são idênticos ao que é proposto pelos aiatolas políticos do Irão. No Irão as ideias dos políticos sempre se reconfiguram como fonte da revolução religiosa.
No discurso do aiotolá Ali Khamenei, sempre descrevem que «o futuro pertence ao islão». A enfâse destas posturas não deverão ser postas nas disputas ideológicas, mas na conquista ideológica e, sempre se colocam como sendo os campeões dos povos oprimidos mantendo o que afirmam ser uma luta épica contra a “América, o saqueador mundial”… E, contra o “sionismo e Israel”.
Nestas narrativas, sempre afirmam «A paz é só para aqueles que seguem o caminho da verdade». Maomé, o profeta, já assim o dizia no século VII. Todos seremos vitimas da guerra santa islâmica, assim é dito, abertamente mas, os ocidentais, para alguns observadores, tentam passar-nos a mensagem de como sendo só de cariz “metafórico”…
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Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - CAMPANHA CONFLITUOSA…
- Crónica 3616 – 23.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
No segundo dia de campanha eleitoral, soldados da UNITA atacam o Governo Provincial do Kuito. Com os governantes a reagir, o incidente salda-se por 20 militares e 10 civis mortos. Nesse mesmo dia e no Huambo, numa emboscada à caravana automóvel de Kundy Payama, director da campanha do MPLA, falece o Secretário Provincial da Juventude do MPLA e, cinco pessoas, ficaram feridas com gravidade.
Aqueles acontecimentos motivaram um comunicado dos Observadores Internacionais e membros da Missão das Nações Unidas UNAVEM II. Recorde-se que a UNAVEM I, fiscalizava a retirada das tropas cubanas expedicionárias. E, ambas Missões, condenaram as atitudes da UNITA e do MPLA.
A oito de Setembro de 1992, Eduardo dos Santos e Savimbi, acordam no principio de criação de um governo de Unidade Nacional, independentemente do resultado das eleições. Ambos se comprometem na extinção dos seus exércitos antes do escrutínio. Dez dias depois Margaret Anstee e Butos Ghali na qualidade de representantes em Angola, enviam um relatório ao Conselho de Segurança ONU.
O relatório denunciava que apenas 41% das forças amadas da UNITA tinham sido desmobilizadas e, apenas 19% das Forças Armadas Unificadas tinham sido constituídas. O mesmo documento menciona que foi mais rápida a formação pelo lado das forças governamentais sendo de 45% do lado do MPLA e 24% do lado da UNITA.
Aquele percentual correspondia à soma de cerca de 72 mil militares; um número àquem do total. Nesse então e no Huambo, mais de uma centena de homens fortemente armados da UNITA, mantêm-se posicionados ao redor da residência de Jonas Savimbi. A CCPM - Comissão Conjunta Político-militar, interfere. A UNITA confirma dizendo que são homens”da segurança pessoal de Savimbi”…
A CMVF – Comissão Mista de Verificação e Fiscalização do cessar fogo, apura que o contingente e respectivo material de guerra, havia entrado na cidade do Humbo sem o conhecimento da UNAVEM. À medida que decorria a campanha eleitoral, tropas da UNITA tomam posições de salvaguarda no Centro e Sul de Angola expulsando o MPLA de vários municípios.
Em Caxito, a poucos quilómetros a Norte de Luanda, soldados da UNITA, envolvem-se com a polícia. É notória a tendência da informação/fonte dita governamental e de jornalistas enfeudados na ideologia marxista, fazerem tendencialmente descrições negativas ao Partido do Galo Negro e, “passando de lado “ quando o caso envolve gente, militares e governantes afectos ao MPLA.
Essa dita midia colada aos ditames do MPLA dá conhecimento de que a UNITA ataca uma caravana do Fórum Democrático Angolano em Benguela; afirmam que em ambos os casos, Caxito e Benguela, causaram dezenas de feridos entre a população civil. População que continuava armada pelo MPLA formando milícias treinadas por seus militares coadjuvados por mercenários portugueses e descendentes mazombos de colonos. Também é notória a postura da UNAVEM que sempre diz ter “havido provocações da UNITA” e, sempre adicionando o adjectivo “exagerado” na descrição. Quanto ao MPLA, nadica de nada…
Ilustrações aletórias de Costa Araùjo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - A RECONCILIAÇÃO – TENTATIVAS…
- Crónica 3615 – 21.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Com vista à transição de um Estado de partido único para uma democracia multipartidária iria realizar-se no ano de 1992. eleições em Angola destinada a escolher um chefe de Estado, um presidente e uma legislatura. Durante a campanha, notou-se alguma moderação em Eduardo dos Santos que assumiu alguns erros de má governação, passando a defender o regresso de invetidores estrangeiros, privilegiando desta feita as relações com Portugal.
A Assembleia Nacional (que substituiria a Assembleia do Povo) seria composta por 220 membros, eleitos para um mandato de quatro anos, 130 por representação proporcional e 90 em distritos provinciais. A UNITA representada por Jonas Savimbi, optou pelo endurecimento na defesa de “uma Angola autentica” ameaçando os netos dos portugueses e dos mafulos holandeses e até, do próprio Dos Santos chamando-o de “sãotomense”.
No processo de Paz, Savimbi acusou Portugal e seus dirigentes de estar má-fé, bem como a Butrus-Galhli e Margaret Anstee - ambos “comprados com diamantes”, descurando-se num efectivo apoio ao processo de paz através das eleições. (nota-se neste artigo do Expresso do M´Puto uma excrescente descrição a beirar a pura inventação, uma postura habitual na mídia de então – uma desacreditação "ad hoc" do candidato ***)
Entre as referências à colonização e missionação efectuadas no Congo a Norte, referiu os funantes aventureiros, que a Sul ousaram fazer comércio entre o mato, o kimbo e no batuque, desafiando a malária, as bilioses mas, e também, fabricando mulatos. Savimbi afirmaria que só a partir das primeiras décadas do século XX, com Norton de Matos, se iniciou a real colonização do Sul angolano.
E, que mais tarde, o foi incrementada por Oliveira Salazar com a criação de colonatos a saber; da Sela, Sá da Bandeira e Matala entre outras. Refere que salvo raras excepções, e devido ao envio de famílias inteiras do M´Puto para esse locais agrícolas, não houve a Sul tão grande miscigenação como efectivamente, o foi mais a Norte.
Quem veste e fala como os brancos são os “sãotomenses”, genericamente gente do Norte, também chamados de “calcinhas”. Os insultos a Eduardo dos Santos aliados às noticias de crimes contra os direitos humanos cometidos na Jamba, já relatados pela Amnistia Internacional, dizem os fazedores da estória e a mídia global, custaram talvez, a Savimbi e à UNITA a derrota das urnas (uma narrativa nebulosamente confusa).
E, num talvez, a UNITA tenha motivos para contestar as eleições e, por pressões variadas, o Dr. Malheiro Savimbi acabará por aceitar a segunda volta eleitoral. O Papa João Paulo II visitou Angola e São Tomé, em 1992. A visita começou a 4 de Junho e se estendeu até ao dia 10 de Junho, altura em que deixou Luanda para regressar ao Vaticano.
Desta visita foi criada uma profecia com os dizeres deste: “ Que tenha definitivamente terminado para ti, querida Angola, o tempo do teu desamparo” … Logo no dia a seguir à partida do Papa João Paulo II de Angola, MPLA e UNITA, envolvem-se em violento combate verbal, só apaziguado com interferência de Herman Cohen.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: ***”Ad Hoc” - Um meio acadêmico, o revisor "ad hoc" tão comum nesse então, que é o pesquisador ou pseudo “qualquer coisa” que executa a revisão de um trabalho submetido para publicação em um periódico ou revista sem, contudo, participar como membro permanente do corpo editorial ou de revisores. Um tendencioso influenciador
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3613 – 17.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
…«Claro - continua o general soviético - que eu compreendia o estado dos meus amigos que certamente viam em mim um homem que estava categoricamente contra a retirada de tropas. E, de súbito, fazia tudo ao contrário. Mais, até incentivava a fazer isso mais rapidamente.»
Após longa retórica, Valentin Varennikov apresenta o seu plano, que não passa de uma espécie de compromisso entre soviéticos e cubanos: «A defesa deve ser profundamente escalonada. Para que o adversário, concentrando realmente grandes forças na direcção escolhida e, desse modo, conseguindo uma superioridade três ou quatro vezes maior do que os angolanos, não rompa a unha defensiva e depois dela não haja nenhuma resistência.
Por isso é que o camarada Fidel nos diz que é preciso fazer recuar - tem-se em vista uma parte determinada das tropas - para a retaguarda até ao Caminho de Ferro de Benguela***. Consideramos que poderíamos deixar cinquenta por cento das tropas a defender as linhas que ocupam agora e a outra metade destas tropas poderíamos deslocar em pontos de apoio, nos caminhos até à linha do Caminho de Ferro de Benguela inclusive.
Além disso, na zona da frente e nos flancos deverão ser amplamente colocados obstáculos de engenharia. Por fim, ter uma reserva para manobras. E todas as forças situadas na retaguarda em posições preparadas devem ser prontas a manobrar.
Desse modo, fazendo recuar uma parte determinada de tropas para a retaguarda, até à linha onde se encontram as tropas cubanas, instalando-as em pontos de apoio e preparando-as para manobrar, teremos uma defesa activa profundamente escalonada, na linha final da qual intervirão as tropas cubanas.
Se o adversário quiser avançar, afundar-se-á nesta defesa e jamais conseguirá o seu objectivo». Os cubanos aceitaram este plano e, no fim da reunião, «o camarada Risket - escreve o general soviético - disse-me: "Eu sabia que tudo acabaria bem.
Os camaradas soviéticos sabem encontrar saída mesmo onde ela não existe".» Este plano estratégico permitiu estabilizar a situação na frente de combate, mas a guerra continuou. Para os conselheiros militares soviéticos que combatiam em Angola, o pior estava ainda para vir. «Semelhante coisa não aconteceu, nem no Afeganistão»,
O «estalinegrado angolano» - afirmam os soviéticos que já tinham passado pela guerra do Afeganistão sobre a batalha por Cuito-Cuanavale, que começou em Julho-Agosto de 1987. É agora tempo de se falar nas múltiplas tentativas de reconciliação, em uma altura em que elementos do governo de Luanda, já cansados, assumiam alguns erros de governação e, defendiam abertamente num governo de consenso nacional…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: *** Caminho de Ferro de Benguela, também chamada de Caminho de Ferro Catanga-Benguela, é uma linha ferroviária que atravessa Angola de oeste a leste,...
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RETIRADA CUBANA DE ANGOLA
De Gbadolite a Bicesse - 1988/1991 - Crónica 3600 – 23.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
A UNITA contra-ataca desencadeando focos de luta por quase toda a Angola, obrigando as FAPLA governamentais a dispersarem e a abandonarem Mavinga. Poucos dias depois, pela primeira vez na história da guerra civil, aviões da FAPA, Força Aérea popular de Angola, bombardeiam a Jamba.
Em retaliação a UNITA corta água e luz a Luanda, através de sabotagem nos postes de alta tensão de Cambambe e conduta central de água de Kifangondo. Em Dezembro de 1990, no 3º Congresso do MPLA em Luanda, Eduardo dos Santos anuncia: “Teremos multipartidarismo no primeiro trimestre de 1991”.
Três meses antes, após o encontro de Gbadolite, no Congresso Extraordinário da UNITA, Jonas Savimbi falara de negociações directas com o MPLA, governo de unidade nacional, revisão constitucional e eleições. Pode supor-se que ambos os beligerantes compreendem que a vitória militar de um deles é impossível, em um território com a extensão de Angola.
Iria assim, começar a placa giratória que conduziu à assinatura dos acordos de Bicesse. Entra-se assim no capítulo de “TENTATIVAS DE RECONCILIAÇÃO”. Nos anos de 1990 a diplomacia portuguesa entra em acção pela mão de Durão Barroso enquanto Secretário de estado dos Assuntos Externos e Cooperação de Portugal, tendo como Presidente da Republica, Cavaco e Silva.
O propósito de levar a paz e reconciliação a Angola começa a ter luz diplomática no final dum túnel que parecia não ter fim . Neste meio tempo, anos de 1990/1991, fala-se em esperança mas, na passagem do tempo falecem dois vultos da luta pela libertação: Mário Pinto de Andrade, em Londres e António Jacinto em Lisboa
Bicesse foi o nome por que ficou conhecido o Acordo de Paz firmado a 31 de Maio de 1991, no Estoril (Portugal), entre o presidente da República Popular de Angola, José Eduardo dos Santos, e o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Jonas Malheiros Savimbi.
O Acordo de Paz, que tem a mediação portuguesa liderada por Durão Barroso tem a cooperação de Observadores por parte dos Estados Unidos da América (EUA) e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Neste acordo - fim à guerra civil angolana, o seu texto estabelecia que o cessar-fogo devia ser inteiramente controlado pelo Governo angolano e pela UNITA.
Para tal, deveria ser formada uma Comissão Conjunta Político-Militar (CCPM) constituída por representantes do Governo angolano e da UNITA, tendo como observadores externos delegados de Portugal, dos EUA e da URSS. Neste acordo, ficou ainda agendada a realização de eleições, entre 1 de Setembro e 1 de Outubro de 1992, depois das quais, cessariam os poderes da CCPM…
Ilustrações de Costa Araújo
Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto, RTP-Notícias e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - DO VII ao XII CONGRESSOS DA UNITA
- Crónica 3594 – 11.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
9. VII CONGRESSO
“O Congresso da Mudança” ocorreu em Março de 1991 na base Presidente Kwame Nkrumah, no extremo oriental da Província do Cuando Cubango. O VII Congresso preparou o Partido para a batalha política que se vislumbrava com o desfecho das negociações que decorriam em Portugal. Por delegação Fernando Rocha de Olhão representou-me na qualidade de Coordenador da Zona Sul do M´Puto na Diáspora, (eu próprio – T´Chingange)…
Os delegados escolheram unanimemente o Dr. Savimbi como Candidato da UNITA às eleições presidenciais que viriam acontecer em Setembro de 1992
10.VIII CONGRESSO
Teve lugar no Bailundo, Província do Huambo de 7 à 11 de Fevereiro de 1996. A busca de unidade entre os membros do Partido com vista a implementação do Protocolo de Lusaka foi o maior objectivo.
O aquartelamento, desarmamento e desmobilização das forças e a entrega do território administrado pela UNITA à administração central do Estado, foram as decisões tomadas durante o evento, contemplando ainda a incorporação dos generais nas FAA.
Ocorreu entre os dias 20 à 27 de Agosto de 1996, no município do Bailundo – Província do Huambo. Versou fundamentalmente sobre a recusa da oferta da segunda vice-presidência ao Dr. Jonas Malheiro Savimbi que reafirmou o engajamento da UNITA na implementação do Protocolo de Lusaka.
Este Congresso Ordinário, teve lugar em Viana, Luanda, de 24 a 27 de Junho de 2003 e, depois do memorando do Luena e, que teve dois momentos marcante:
Este Congresso Ordinário, teve lugar em Viana, Luanda de 16 à 19 de Julho de 2007 tendo dois candidatos: Isaías Samakuva e Abel Chivukuvuku. Desta feita Isaías Samakuva é reeleito à Presidência da UNITA. Este Congresso debateu vários aspectos com maior realce na realização das segundas eleições em Angola, 16 anos depois das eleições de 1992, sendo estas, as primeiras eleições gerais.
Este Congresso Ordinário teve lugar em Viana, Luanda de 13 à 16 de Dezembro de 2011 com dois Candidatos; Isaías Samakuva e José Pedro Kachiungo, tendo sido reeleito Isaías Samakuva para o seu terceiro mandato.
Este Congresso Ordinário, teve lugar em Viana, Luanda de 3 à 5 de Dezembro de 2015com três candidatos: Isaías Samakuva, Lukamba e Abílio Kamalata Numa, tendo sido reeleito Isaías Samakuva para o seu quarto mandato.
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Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* A HISTÓRIA DA JAMBA
- Crónica 3588 – 21.06.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Organização Administrativa e territorial da Jamba: BI (Batalhão de Instrução militar) - começou por ser o local aonde eram treinados militares para os primeiros batalhões; lugar aonde se faziam as principais demonstrações públicas internas e, ou viradas para o diálogo com o mundo. Passou mais tarde a ser habitado por famílias ligadas à instrução, preparação e ensino de tropas (parecido ao actual Cabo Ledo)…
Centro Integral de Formação da Juventude – CENFIN: Lugar onde eram recebidos, formados e educados jovens/adolescentes órfãos ou que não tivessem familiares directos na região da Jamba - Era dirigido pelo ex-deputado, ex-Secretário-geral da JURA Piedoso Tchipindu Bonga; - Foi dos melhores sítios onde foram formados ilustres cidadãos que hoje são políticos, oficiais das FAA e professores… O destaque vai para o Mestre e Professor Álvaro Tchikuamanga, David Tchipassu (Professor Universitário), Nataniel N´Dondo (Engenheiro em empresas de Petróleo e ex-bolseiro na Costa do Marfim).
VORGAN - Era neste local onde eram emitidos em ondas curtas a voz da resistência do galo negro (com equipamentos sofisticados para época e concorrente da RNA); - Toda a acção de comunicação e propaganda era feita na VORGAN com destaque na rádio, boletins informativos, agência Kwacha UNITA Press (KUP) que era a concorrente da Angop…
Muitos destes profissionais estão hoje a trabalhar em Angola e na diáspora. Destaque para Clarice Kaputu, Deolindo Kaputu, Inês Cardoso (TPA), N´Guida Paulo (RNA), Manuela Kazoto (Despertar), Bela Malaquias (Ex-Administradora da RNA), Raul Danda (RNA, actor e Deputado), Emanuel Kapanda (ex-locutor infantil e agora na Assembleia Nacional);
Esquadra de Polícia - Como qualquer estado, a esquadra de polícia servia para ajudar e disciplinar eventuais condutas fora da lei; havia o código penal e regras claras para todos. Dirigiram a polícia pública destacáveis profissionais como o Comissário Madaleno Tadeu, os falecidos Evaristo Ramon Tchitumba e o Comissário Isaías Tchingufu (co-fundador em 1975 do primeiro corpo de Polícia de Angola Independente e, que chegou a ser nos anos 90, Director Nacional de Ordem Pública da Polícia Nacional de Angola).
Hospital Central da jamba - Já falou dele; também o OFICENGUE que eram as oficinas Centrais que ajudavam a reparar material de guerra e outros artefactos; Alfaiataria Central - Dirigidas pelo mítico Trinitá que tinha a obrigação de confeccionar vestuário e fardamento para TODOS; Aeroporto Internacional Comandante Kazombuela que cumpria com os objectivos dum aeroporto permitindo a entrada e saída de bens e pessoas para o diálogo com o mundo.
Quartel General – QG: Era a estrutura administrativa principal onde funcionava o Governo, o Liceu Nacional da Jamba, as TRMS (comunicações militares), os Serviços de informação militar e civil, O Estado Maior General das FALA, a UIREAL, o SINTRAL, o Secretariado Geral do Movimento/Partido e suas organizações de Massa LIMA e JURA…
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Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e relatórios da Jamba - Agência Kwacha UNITA Press (KUP)
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O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - A HISTÓRIA DA JAMBA
- Crónica 3587 – 18.06.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
No sistema escolar da Jamba, o domínio de Francês e Inglês era obrigatório, por isso TODOS os ex-alunos pelo menos, falam e escrevem uma língua nacional, escrevem e falam bem português e falam pelo menos uma língua estrangeira; Um aspecto importante: Era obrigatório nos liceus a escolha pelo aluno duma língua nacional e a obrigação de apreender sem titubear matemática e português.
Havia um ensino mais ovacionado para relações internacionais e, para isso, tinham em seu curriculum outras incidências técnicas dirigidas para o esforço militar sobretudo. Para o efeito, alguns eleitos, por via de suas capacidades, iam para Bona (Alemanha), África do Sul, Marrocos, Portugal, França, Inglaterra, EUA e lá onde existia cooperação firmada.
No tocante à saúde, todos os lugares e comunas, tinham postos médicos tendo no topo o hospital central da Jamba dirigido por médicos Angolanos; estes hospitais funcionavam tanto para civis, crianças como militares e dependentes dum Ministro da Saúde que coordenava a estrutura de saúde em todo país, gratuitamente. Dos médicos destacam-se Anastácio Sikatu (foi Ministro em Luanda e actualmente deputado), Manassas (foi Ministro em Luanda), Albertina Hamukuaya (foi Ministra em Luanda);
Serafina Gama Paulo (irmã do cantor Mário Gama), Raimundo (foi deputado), etc.; . - Destaca-se ainda o grande cirurgião de nome Tenente que formou grandes cirurgiões e, que são hoje, dos melhores nas FAA e, em vários hospitais públicos e privados. Também Carlos Morgado, antigo médico pessoal de Jonas Savimbi, que morreu em Outubro de 2013, em Lisboa Ex-militante e dirigente da UNITA, Carlos Morgado acompanhou Abel Chivukuvuku, na saída da UNITA e que esteve envolvido na fundação da coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), terceiro maior partido angolano.
O paludismo não matava crianças e era impossível existir endemias porque para além do aspecto sanitário os programas de vacinação e saúde preventiva sempre funcionaram. Aspectos sociais: Como os recursos eram escassos, a administração dos mesmos eram feitos com disciplina, sem desvios/roubos, distribuição equitativa, entre outras boas práticas.
Roupas, detergentes e bens materiais eram distribuídos protegendo os mais desfavorecidos (crianças, órfãos, velhos, doentes) premiando a excelência; . Desporto e cultura - O desporto com destaque ao futebol eram obrigatórios e existia campeonato nacional onde se destacavam os clubes Estrela Negra, Estrela Vermelha, Mártires da Liberdade, UREAL, etc.
Ainda vivem muitos destes protagonistas como o Genial Wambu (Chegou a Presidente da Federação de futebol), Lito Kandambu (actualmente Deputado e antigo jogador do Estrela Negra, Vermelha e UREAL), Tito Marcolino (Jornalista do Folha , Félix Miranda, Jessé, Zé Manel, Camilo, Satchiambo (Quadro Do Mirex), Tchituku, Beto Tchindombe, Tony Tchivemba, etc;
Havia o Movimento Sindical e Estudantil - Destaque para o SINTRAL (sindicato dos trabalhadores de Angola Livre) cujo primeiro presidente é Franco Marcolino Nhany (actual Deputado e Secretário Geral da UNITA), da UREAL (União Revolucionária de Angola Livre) cujo primeiro Presidente é o actual Deputado Estevão José Pedro Katchiungo e antigo bolseiro em Portugal e, por algum tempo representante da UNITA no M´Puto…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e relatórios da Jamba - agência Kwacha UNITA Press (KUP)
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O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA*“ - Crónica 3583 – 29.05.2024
“FRACCIONISTAS DO MPLA DA LUUA – O 27 DE MAIO DE 1977”- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Justino Pinto de Andrade, elemento da Revolta Activa, preso antes do 27 de Maio, conta na primeira pessoa, “Na noite de 23 de Março levaram, para nunca mais voltarem, inúmeras pessoa: Ademar Valles, irmão de Sita Valles, o engenheiro Rosa, que nada tinha a ver com o 27 de Maio, o Cachimbo, um laranja do MPLA que havia assassinado o engenheiro Betencourt Faria, em seu Observatório da Mulemba…
Também o comandante Bogalho, combatente do MPLA, que se juntou a Chipenda em Lusaka… O Bogalho foi trespassado pelas balas ou então, como se ouviu dizer, pelas baionetas dos seus algozes. Foi uma verdadeira “noite das facas longas”. Para muitos e em demasia, foi mesmo o fim! E,, só depois de se localizar o local do enterramento de seus corpos, só então, se poderá cicatrizar essa ferida de tamanho descomunal…
A frase proferida por Agostimho Neto que ficou para os vindouros foi a de: “amarrem-nos aonde forem encontrados”. Manuel Ennes Ferreira um preso político do processo OCA, torturado, relembra: “Às 07h 30 do dia 27 daquele Maio, cheguei ao liceu N´Zinga M´Bandi para dar aulas. As movimentações na rua e os tiros, colocaram os alunos e os professores em polvorosa”.
Dali por três dias, voltei e fui à cantina da universidade para almoçar. O general N´Donzi chegou e, da porta apontou para o Fuso e o Jorge Basófias; como estava na mesma direcção, gelei! Alguns dias depois segui o mesmo caminho, São Paulo e Campo do Tari”
As mulheres detidas eram alvo de violência psicológica e sexual. Nos interrogatórios os agentes e guardas apareciam e, “sobre os seus corpos desnudos despejavam a mais torpe violência” revela Américo Cardoso Botelho, em “Holocausto em Angola”. A comandante do Batalhão Feminino, que tinha conduzido o ataque à cadeia de São Paulo para libertar os apoiantes de Nito Alves, que impedira depois o fuzilamento dos militares da Revolta Activa e da OCA pelas forças revoltosas, acabou por ser detida.
Quando a situação mudou e as tropas fieis a Neto passaram a controlar os acontecimentos, deixaram que aquela , porque estava grávida, tivesse a criança mas, depois, espancaram-na durante três dias e três noites, segundo o livro “Purga em Angola no 27 de Maio de 1977” de Dalila e Álvaro Mateus . Disseram: “ Ela cantava sem parar – a voz enlouqueceu-lhe mas, nunca parou de cantar até ser fuzilada”
Os interrogatórios eram feitos com as detidas nuas ou seminuas . Usavam os mais variados instrumentos para penetrar as vaginas das detidas. A uma portuguesa branca, obrigaram-na a despir-se para limpar com a roupa o sangue nas selas onde decorriam os interrogatórios. Os guardas voltavam a atirar aquela água suja para o chão , obrigando a limpar de novo.
Enquanto isso lançavam impropérios e davam-lhes pontapés aonde quer que fosse. A uma das prisioneiras, massacraram-lhe tanto os joelhos com uma tábua que doente meses ficou desvalida, quasequase sem conseguir andar. Outra foi colocada no centro de um grupo de agentes e militares, inteiramente nua, sob uma forte iluminação, “sendo alvo dos piores insultos com apreciações jocosas de seu corpo, seguida de agressão física”– conta Américo Botelho…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, de outros referidos em texto e da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3551 – 18.02.2024
“A LONGA MARCHA COM SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Entretanto recorda-se (Via Wikipédia): O Presidente da Guiné-Conacri, Ahmed Sékou Touré, foi quem fez a proposição de reconhecimento da RPA na reunião da Organização da Unidade Africana (OUA) de 10 de janeiro de 1976 em Adis Abeba. A 11 de Fevereiro de 1976, a OUA, então presidida pelo Presidente do Uganda Idi Amin Dada, reconheceu a RPA como legítimo governo de Angola, aceitando-o como o 47º. membro da organização.
O General Kamalata Numa da UNITA anos mais tarde em resposta a uma pergunta esclarece ter havido actuação de tropas congolesas ao lado das tropas ditas regulares do MPLA: - É verdade! À coligação MPLA/cubanos juntam-se tropas congolesas com um total aproximado de 10 batalhões que passam a actuar no Centro/Sul de Angola…
Continuando com a descrição do que foi a grande marcha de Savimbi e, ainda muito longe do seu termo, a coberto da escuridão, Savimbi dividiu em três grupos inteiramente novos, os seus próprios seguidores, os de Samalambo e os do capitão Chimbijika, que os oficiais de Savimbi descobriram ter montado uma base da UNITA com 100 guerrilheiros. Cada um dos grupos partiria durante a noite em direcções diferentes.
Esperavam iludir os pisteiros do MPLA, levando-os a acreditar de que a maior coluna, a de Samalambo, era a que protegia o líder Saviambi. Os três grupos tomaram o rumo das matas mais densas, afastados tanto quanto possível das margens dos rios, estradas e povoações. Os oficiais de Savimbi observaram que os cubanos patrulhavam regularmente ao longo do curso dos rios e das estradas, na sua busca pelos homens da UNITA. Aventuravam-se pouco nas zonas de matas que se estendiam pelas áreas rurais e, com as quais, só os guerrilheiros da UNITA estavam familiarizados.
Às primeiras horas da noite, homens e equipamentos movimentaram-se para cá e para lá, entre os três grupos, através dos muxitos das matas. Savimbi transferiu o seu rádio e operador para Samalambo, que poderia vir a precisar mais deles: ele deveria dirigir-se a uma área sob muito maior controlo por parte do inimigo e estabelecer uma base da UNITA perto do Caminho de Ferro de Benguela.
Savimbi disse aos seus guerrilheiros que dormissem, porém, passou a noite a dar instruções aos oficiais superiores das três colunas. Ele disse: «Como homens do exército, poderiam querer desesperadamente combater o inimigo. Em vez disso, porém, tinham de com firmeza e depressa actuarem, afastando-se do problema». Para conseguirem o que se propunha, teriam de conciliar a necessidade de uma rigorosa obediência por parte de seus homens, com a capacidade de lhes demonstra compreensão numa situação de desespero.
Foi bem peremptório ao dizer-lhes que existiam razões de sobra para terem esperança. O inimigo mostrava que a sua estratégia era fraca. Estavam a actuar como estranhos: Não conheciam o terreno nem tinham o apoio da população, pois, de outra forma, nessa altura já Savimbi teria sido capturado. Estava bem claro, agora, para os oficiais, que a população estava com a UNITA. E Savimbi disse-nos: «Se o povo não desiste, porque razão desistiria eu?».
Nesse mesmo ano, após um veto por parte dos Estados Unidos, a Assembleia Geral das Nações Unidas admitiria Angola como membro 146º, em 1 de dezembro de 1976. Mesmo reconhecendo a independência angolana deste 10 de Novembro de 1975, o Governo Português somente reconheceu a autoridade do MPLA, sob o comando do Presidente de Angola Agostinho Neto a 22 de dezembro de 1976.
Nota: - “Transcrições de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3543 -28.01.2024
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
A CARAVANA.4 – A FUGA - Escritos boligrafados da minha mochila
- Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Aprendi, nessa época, que tudo o que está ruim pode piorar. Minha familia deixou Nova Lisboa, assim como meu namorado e a mãe dele. Eu fiquei. Aguardava minha mãe, que tentava sair de Luanda. De repente me vi sozinha, aos 16 anos, num país que se esfacelava e numa cidade em que os grupos guerrilheiros se enfrentavam para dominar o território. Agora havia tiroteios em toda parte. Passei a morar na sede da Cruz Vermelha.
Finalmente minha mãe chegou e conseguimos uma carona para Sá da Bandeira, mais ao sul. Fomos de camião, minha mãe na boleia com o motorista e a esposa dele; eu e os filhos dele no meio da carga de batata. Até hoje, meu senhor, o cheiro de batata me agonia. É cheiro de fuga, de desesperança e perda. Em Sá da Bandeira reencontramos meu namorado e a familia dele, com quem tinhamos combinado sair de Angola. A confusão era enorme.
Gente andando de um lado pro outro, tentando encontrar familiares ou arrumar um jeito de sair dali, gente sem um centavo até para comprar água. Faltava comida, além de esperança. Não lembro exatamente da data em que finalmente saímos em caravana (onze carros e um camião) à noite pelo meio da mata, com destino à fronteira com a África do Sul. Sei que era início de Agosto. Durante a viagem encontramos duas patrulhas de guerrilheiros.
A primeira foi mais tranquila, aceitaram o suborno de cigarros. Já a segunda foi apavorante: queriam nos prender de qualquer jeito. Segundo eles, éramos ladrões das riquezas de Angola. Todo aquele zelo patriótico não resistiu à propina. Além de cigarros e bebida alcoólica, demos dinheiro para que nos deixassem seguir. O sol começava a nascer quando encontramos uma coluna do exército da África do Sul.
Ainda estávamos em território angolano, a cerca de 10 quilômetros da fronteira, mas eles nos escoltaram até um campo de refugiados já em território sul-africano. Foi o primeiro campo em que ficamos. Eu sentia raiva, meu senhor. Muita raiva! Uma revolta surda contra os brancos portugueses de Portugal, que nos exploraram durante séculos e agora nos viravam as costas dizendo que éramos brancos de segunda classe.
Revolta contra os negros, por acharem que a diferença na cor das nossas peles fazia que fôssemos diferentes deles. Éramos todos angolanos, mas apenas nós estávamos sendo expulsos de nossa terra e não tínhamos para onde ir. O acampamento era feito de barracas de campanha. Sabes como é, senhor, aquelas barracas verdes do exército? Na nossa barraca dormiam seis adultos e duas crianças.
Cada um recebia um um cobertor e três refeições por dia. Comida pouca, ninguém ficava saciado, mas matava a fome. Estávamos agradecidos, pois os sul-africanos faziam mais por nós do que o governo de Portugal. Esse acampamento – destinado a angolanos e moçambicanos – era um local de filtragem. A alguns era vedada a possibilidade de ficar no país. Esses eram logo encaminhados ao grupo consular português e enviados ao aeroporto, onde aviões da África do Sul os levavam para Portugal. Outros eram mandados a outros campos de refugiados.
Nós, graças a meu futuro cunhado, que era engenheiro agrícola e já tinha uma promessa de emprego, fomos para outro campo. Escoltados por uma coluna do exército, seguimos para Tsumeb. Na estrada para Windhoek, havia uma cidadezinha. Avistamos gente nos esperando. Abordaram o oficial do exército que nos conduzia e pediram para nos dar abrigo naquela noite. Desconhecidos encharcados de solidariedade, que queriam nos oferecer o alimento mais precioso, esperança…
(Continua…)
(Texto corrigido de Sonia Zaghetto)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3538 – 17.01.2024
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila - Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Eu, era um dos que preparava essas listas de embarque – Guias de Marcha para o M´Puto, sem retorno - GUIAS DE DESEMBARAÇO. Naquela Luanda, pairava no ar promessas de morte, vinganças avulsas; continuavam as manifestações com mortos transportados em macas reclamando por insegurança e coisas variadas agitadas com catanas de furia.
Tudo o era feito, para seguir as novas técnicas de meter medo com horror; instrucções seguidas pela cartilha de Rosa Coutinho. No aeroporto de Belas já neste início de Agosto de Setentaecinco, podia ver-se milhares de famílias pernoitando de qualquer jeito junto aos seus haveres no largo frontal da zona do check-in e jardins do aeroporto, malas, caixotes e bugigangas.
Ali permaneciam dia e noite protegidas com cobertos de lonas presas a caixotes usando como banheiro áreas improvisadas ou as bissapas, arbustos circundantes do jardim; o cheiro era nauseabundo. É confrangedor só de pensar em estas turbas de gente que às pressas colocaram umas peças de roupa, uns agasalhos, umas fotos de recordação prontos a ir ao encontro dum desconhecido maior que o mundo.
E, as despedidas de gente serviçal, vizinhos ou até um amigo próximo que por ali iam ficando – na Luua: toma lá a chave do meu carro, da minha casa, cuida dos animais meu amigo João, Napumoceno, num catravês de incógnitas, num porque não sei quando voltarei, nem se volte. Na mira de voltar havia mesmo falas muito penetradas de sonhos…
Olha pelos meus cães, o aspirina mais o tarzan que ficam na casota lá junto ao gerador e perto do galinheiro. Doeu e ainda dói! Coisas de partir o coração aconteciam como sendo coisa pouca – a frieza das pessoas, do governo, da Metrópole em um todo, afligiam-nos sobremaneira. Minha revolta era imensa!
No dia 4 de Agosto de 1975, na cidade da Gabela os partidos entram em confrontos e a população organiza uma caravana; com mais de duzentos veículos, serão acompanhados por militares portugueses e da UNITA, escoltados até à cidade de Nova Lisboa (Huambo). Savimbi mandava retirar o seu pessoal político e militar d Luua. Pediu à Marinha e à Força Aérea para que evacuassem todos os seus militares das FALA e apoiantes na via para o Sul - de todos os que se mantinham para além de Luanda, Carmona, Ambriz, Cabinda e santo António do Zaire.
A partir do dia 9 de Agosto de 1975 o Governo de Transição de Angola ficava reduzido ao MPLA e à parte portuguesa. Ainda faltavam 94 dias para o dia da independência, o 11 de Novembro de 1975. O novo Ministro dos Negócios Estrangeiros no V Governo Provisório (1975) de Portugal, Mário Ruivo, reconhecia oficialmente o Óbito do Acordo do Alvor.
Para tal proclamaram o estado de emergência com a criação de uma Junta Governativa para substituir o defunto Governo de Transição que só durou cerca de seis meses. Neste molho de brócolos, o Governo de Transição foi extinto mesmo sem que para tal estivesse autorizada a sua substituição em caso de incapacidade. Mais uma medida no âmbito revolucionário feita em cima do joelho pelos generais e políticos de aviário. E, o Mundo assistia a isto!
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3537 – 09.01.2024
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila
- Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
António Gonçalves Ribeiro, foi em Angola, no posto de tenente-coronel, nomeado Secretário-Geral do Alto Comissariado até 10 de Novembro de 1975. Foi ele que Coordenou e dinamizou a Ponte Aérea e também Marítima garantindo aos cidadãos portugueses radicados em Angola e não só, o regresso a Portugal com parte dos seus bens.
Gonçalves Ribeiro, publicou em 2003 o livro “a Vertigem da Descolonização” que convem ser tomado em conta nas análises que hoje se possam fazer … Em verdade, a ponte LUUALIX, só se resolveu em pleno quando mais de cinco mil pessoas se juntou no Largo fronteiro ao Cinema Miramar da Luua pedindo a todas as embaixadas que mandassem transportes aéreos ou marítimos a os tirar daquele inferno.
Nas horas daqueles dias a vida não valia um vintém; tudo ficava ao sabor da sorte. Remexendo no meu baú encontrei o único e último documento que tenho do ESTADO DE ANGOLA e do Governo de Transição assinado por António da Silva Cardoso – General das F.A. Trata-se de um Salvo-Conduto para transitar pela Cidade de Luanda e Bairros Suburbanos. Revendo o mesmo, este refere que na condição de deslocado exercia a função de Colaborador na Comissão de Repatriamento.
Aquele salvo-conduto, está assinado pelo Alto-comissário de Angola, em Luanda, aos 29 de Julho de 1975 – Nove dias antes do meu Voo LUUALIX. Naquele então do ano de 1975, António Gonçalves Ribeiro, o pai da “Ponte LuuaLix” fazia alarde ao mundo da periclitante situação em retirar todos os deslocados por via da descolonização, entenda-se uma anárquica guerra com vários intervenientes, movimentos emancipalistas impreparados para se governarem a si próprios.
Naquele então, ainda faltava ir buscar algumas pessoas a áreas do território aonde não havia qualquer segurança – gente metida no mato (…). Minha missão interinamente provisória, era dar a conhecer via telefone à gente deslocada de seus sítios tais como Administradores, Chefes de Posto entre outros funcionários, qual o vôo que lhs estava destinado por meio de GUIA DE DESEMBARAÇO para o embarque aéreo.
Era gente deslocada ou desalojada de seus sítios, alguns deles perseguidos de morte prometida, fugidos dos movimentos, mais propriamente dos rufias feitos revolucioários pelo MPLA e que, se encontravam confinados em hotéis, pensões ou abrigados por amigos ou familiares – normalmente funcionários ou comerciantes previamente cadastrados nesta repartição governamental criada à força e a propósito de dar alguma ordem às muitas anomalias…
Via telefone dava-lhes a conhecer qual a sua hora de embarque na ponte “LUUALIX”; para assim ultimarem sua presença ou esperar transporte ido do Palácio que os levaria ao aeroporto Craveiro Lopes, também conhecido por Belas. Confirmo que assim era porque estando eu destacado como “adido” no Palácio do Governo da Cidade Alta da Luua, podia vivenciar o que por ali se passava.
Tinha por missão e, a partir dali, Palácio da Cidade Alta – Comissão de Repatriamnto, dar a conhecer via telefone qual o número de vôo, data e hora a sair do Aeroporto Craveiro Lopes. Deste modo recolherem a guia de marcha para embarcar. Aos que não tinham modo próprio de se deslocar ao aeoporto, iriam ser recolhidos em transporte proporcionado pelo Alto Comissariado. Como digo, eram estes por norma, administradores e gente perseguida pelo tal braço armado de Poder Popular e Pioneiros…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3535 – 05.01.2024
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Os novos mandantes do M´Puto, a reboque do PCP, mudariam funcionários, quadros e militantes com acções reais no terreno. Preparava-se mais uma cimeira no Quénia mas ninguém acreditava nisto; Nem os próprios intervenientes! Face à situação, quatro presidentes africanos reúnem-se numa mini-cimeira em Dar-Es-Salaam, capital da Tanzânia, país surgido da fusão das antigas Tanganica e Zanzibar.
Nenhum acordo é conseguido. Julius Nyerere da Tanzânia e Samora Machel de Moçambique, defendiam o domínio do MPLA de Neto sobre Angola. Kaunda da Zâmbia e Sir Seretse Khama do Botswana, eram partidários de um governo de unidade nacional que incluísse representantes da FNLA e UNITA. Era chover no molhado… Nas três primeiras semanas de Junho a FNLA e MPLA tinham aprisionado mais de duzentas pessoas, a maioria brancos, nalguns casos com seus familiares. Os edifícios públicos eram simplesmente ocupados pelos Movimentos; coisa sem lei nem roque! A cintura à volta de Luanda erguida pelo MPLA era uma realidade!
Irão dizer que não pois que em realidade parece uma grande peta feita mas, o certo é a de que militares pagos pelo M´Puto e inteiramente destacados naquele Movimento como se dele fossem, com fardamento próprio do MPLA; gente seleccionada pelo PREC de Otelo Saraiva (o Ché tuga…) Ainda ninguém trouxe isto às claras porque o sigilo estava por demais resguardado e, só alguns oficiais o sabiam.
Até surgiu um selo mentiroso do M´Puto alusivo ao MFA. A mim sempre me pareceu muito feito a propósito por o ser verdadeiro! Nakuru era folha morta! “Numa situação de guerra em Angola, como e a quem se ia entregar a sua governação?”. Era o próprio Silva Cardoso, Alto-Comissário, que se interrogava falando baixinho para que os demais ouvissem.
Neto reclamava a saída deste! Ele, Neto, o poeta, queria que assim fosse e, isto era o bastante! A maioria dos oficiais portugueses andava a assobiar ao vento! Triste ironia desta nítida má-fé e, de quem ainda anda por aí recebendo benesses e até medalhas de bom comportamento, tornados heróis como se isso o fosse de forma “avulso”.
O MPLA venceu a Batalha de Luanda expulsando a UNITA e a FNLA com a inequívoca ajuda do glorioso MFA do M´Puto (isto sempre o será repetido…). Em verdade a Batalha de Luanda resumiu-se ao duelo entre MPLA e a FNLA, enquanto os soldados e militantes da UNITA, sem armas para retaliar, se tinham simplesmente resignados a fugir.
Os que não puderam fugir, foram simplesmente massacrados aos milhares (maioritariamente negros mas e também, alguns brancos). Recordem-se do massacre na sede Pica-Pau em que abateram homens quase desarmados, mulheres e muitas crianças… Angola era a nossa terra, nossa capital era a Luua, o nosso rossio era a Mutamba e o M´Puto estava lá longe…
Mandavam-nos os magalas, o azeite, os carros, as modas e uns quantos gozavam de quatro em quatro anos férias graciosas. De volta levavam chouriços, salpicão, enguias em potes especiais e sardinhas gostosas! Negros e brancos seguiam seus sonhos, suas ambições.Uns pensavam em mudar tudo e de catanas nos pensamentos julgavam o que lhes parecia o mais certo para a terra deles, que também era a nossa! Pensávamos nós!
(Continua…)
O Soba T´Chingange
A CHUVA E O BOM TEMPO - NO M´PUTO
ENTRE O NATAL E O NOVO ANO – Crónica 3533 - 30.12.2023
- No intervalo de viagens nem sempre é necessária a culpa para se ficar culpado…. Um chapéu de chuva, sempre dá geito…
Por: T´Chingange . Em Arazede do M´Puto
Os sintomas do mal, revelam-se em características inquietantes pelas instabilidades politica e laboral na mistura do flagelo das guerras e da caristia da vida envolta em desemprego prolongado. O mal fermenta-se na psicose gerada pela instabilidade apontada adicionada a outros males como a precaridade quase instituída; isto para não entrar no capítulo da educação, formação, investigação, assistência na doença e lóbis incestuosos nas várias frentes da governação.
Avós, pais e filhos têm de se organizar nestes inteiros condicionamentos de vida. Ninguém está certo da vitória no que concerne à nossa liberdade em nossa existência. Estamos sempre pendentes das medidas dos poderosos que por nossa mão (entenda-se o povo), alcançaram o poder; refiro-me aos políticos. No final, a culpa não é de ninguém e morre sempre solteira…
Não poderemos libertar-nos dos sintomas conhecidos e de outros por conhecer, se não atacarmos a moléstia pela raiz sabendo que mesmo estas continuam a crescer de uma forma imprevisível! Nem sempre os diagnósticos estabelecidos pelos especialistas dão a necessária confiança à convicção de que um homem independente é honesto.
O clã familiar, cada vez mais tem de se organizar como e, para harmonizar sua existência humana tendo de partilhar sua reforma com um filho, com um neto, a um mais próximo a fim de se superar nas sucessivas crises. E uma crise não é singularmente diferente das precedentes porque dependem de circunstâncias novas. Isso! Condicionadas pelo fulgurante progresso da corrupção, da cunha e, aonde o homem, mulher, a família se vê neste tipo de economia dita liberal.
A lei da gasosa, sim! Obrigado/a no retirar migalhas ao salário sem sempre conseguir garantir as vitais necessidades. Dos ganhos, sessenta por cento, vão direitinhos para pagar a máquina estatal que subsidia partidos, fundações, observatórios e tantos outros afins de e a bem da nação… Balelas! Uma guerra de impostos taxas e sobretaxas; incestuosas atribuições…
O desemprego aumenta e a confiança no patronato diminui; diminui a confiança nos bancos, da participação pública nestes e depois… depois os bancos irão ser obrigados a sessar seus pagamentos, a diminuir os juros. E, dirão porque o público retira os depósitos, a economia fica bloqueada e edecéteras complicadíssimos de entender…
Eles, os bancos convencionam-se em garantir seus fundos de prevenção dando-nos 0,01 por cento nos depósitos ao ano, cobrando-se de todas as tarefas inimagináveis. O que não nos dão, vai direitinho para o seu fundo de garantia, para pagar a trafulhices de venderem peidos de velha como se fossem ovos moles. Agora, dão-nos 3,5 por cento para tapar fendas da inflação que anda lá muito mais acima.
As crises decerto darão dinheiro a alguém! Algum país, algum grupo ou contas de paraísos fiscais ficarão a abarrotar! Até no M´Puto há superávite - o termo genérico que se dá a uma conta de balanço de entidades com finalidades econômicas ou da administração pública que, em geral, corresponde à conta "lucro do exercício" dos balanços .... E, andamos todos a chiar – que a vida está cara!?. As crises são preparadas de tempos, a tempos para nos esfriarem os bolsos. Os donos do Mundo, os donos disto tudo sempre estarão amparados pelos políticos eleitos. A inteligência é a capacidade de nos adaptarmos a tudo isto aceitando o roubo, a taxa, o imposto e alcavalas como coisa clara e instituída. Esforcem-se para não ter um Novo Ano periclitante! Fui…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3531 – 20.12.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Convém agora relembrar o que alguns notáveis do M´Puto afirmaram em seu tempo, já após os acontecimentos no qual tomaram parte - Nos escritos de Pesarat Correia em Histórias de Abril pode ler-se: Sem o 25 de Abril Portugal teria falhado o seu encontro com a descolonização. No livro editado pela BKC – Book Cover Editora, Lda pôde confirmar que “até julho de 1974”, a guerra não só prosseguia morna como se suavizava em alguns teatros de operações.
Só a UNITA aceitou negociar nas condições inicialmente propostas por Portugal. Acresce, que os movimentos de libertação eram apoiados pela ONU e OUA nas exigências que faziam a Portugal. Assim, só com a “Lei n.º 7/74 Portugal reconhece o direito das colónias à autodeterminação e independência.” – Portanto, é a lei n.º 7/74 que conduz, digamos assim, às negociações para o acordo de cessar-fogo e, mais tarde, às transferências de soberanias.
- O MFA e os militares estiveram sempre na liderança do processo que, evidentemente, contou com a participação de civis, nomeadamente, Almeida Santos e Mário Soares, em virtude das funções políticas que ambos desempenhavam. Os dois tiverem papéis importantes inseridos num contexto geral que era “determinado por militares”.
– Os membros da Junta de Salvação Nacional e todos os militares que, no seu conjunto, representavam uma emanação do MFA; a Comissão Coordenadora do MFA que tinha uma força política determinante; o primeiro-ministro Vasco Gonçalves, o ministro sem pasta e depois dos Negócios Estrangeiros que passou a ser Melo Antunes; e ministros e secretários de Estado com influência decisiva, caso de Vítor Crespo que foi o primeiro ministro da Cooperação.
– Quem teve a maior importância nas transferências de poderes em Angola foi Melo Antunes - primeiro como ministro sem Pasta, depois como ministro dos Negócios Estrangeiros. – Na altura da transferência de poderes do colonizador para os representantes das antigas colónias que então se tornaram novas nações, meio milhão de portugueses regressou à “Metrópole”, número onde se destacam os oriundos de Angola que representam 61 por cento desse universo.
Em sua tese, Pesarat Correia diz que Portugal foi ultrapassado e não teve capacidade para evitar a derrapagem do processo. Via Wikipédia pude saber do surgimento do Grupo dos Nove, um grupo de oficiais liderados por Melo Antunes pertencente ao MFA de tendência moderada. Publicaram em 7 de Agosto de 1975 um documento que ficou conhecido como "Documento dos Nove". Em realidade Rosa Coutinho e Otelo Saraiva de Carvalho do PREC, já tinham deteminado tudo; pintaram e bordaram como bem o quizeram. Tudo a contento emudecido dos ilustres camaradas da Abrilada e Costa Gomes, o presidente Rolha mancumunado com Castro de Cuba e Cunhal do PC da URSS... O homem do pingalin, botas de cano alto, luvas pretas e monóculo da banga de nome Spinola, já era carta fora do baralho...
Este documento tinha em vista a clarificação de posições políticas e ideológicas opondo-se às teses políticas do documento "Aliança Povo/MFA”, apresentado a 8 de Julho de 1975. Os nove conselheiros da revolução foram: Melo Antunes, Vasco Lourenço, Pedro de Pezarat Correia, Manuel Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves, Sousa e Castro, Vítor Alves e Vitor Crespo.
Os pressupostos do Acordo do Alvor nunca foram cumpridos, a guerra civil instalou-se e foi agravada ainda por interferências externas. Com os EUA muito presentes no terreno e a URSS a apoiar a intervenção cubana, contribuiu para que a guerra civil se reacendesse mais intensamente e arrastasse as intervenções externas. Por motivos desvirtuantes ao processo, o MPLA foi tendo a preponderância consentida e auxiliada pelas NT (digo eu) acabando por retirar do processo os outros dois movimentos: UNITA e FNLA…
(Continua…)
O Soba T´Chingange - (Otchingandji)
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3527 – 12.12.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
(…) O Batalhão do Luso, o de “pé descalço ou em cuecas” (Segunda comp.ª do Cart/Bart 6221/74), deixou armas, rádios, munições e até material cripto. O comandante deste batalhão disse ter preferido ser enxovalhado do que pôr em risco a vida de 600 civis, deslocados com mulheres e crianças. Uns dias depois a UNITA apresentou oficialmente desculpas a Ferreira de Macedo, o interino Alto-comissário.
Este procedimento das tais NT, foi uma nodoa negra que se justifica talvez porque só tinham 3 meses de comissão; deduz-se que os instrutores seriam esses tais do PREC do CR que foi mandada para uma Angola desconhecida. Recordar que a UEC – União Estudantil Comunista chefiada por Zita Seabra tinha por função em Portugal de provocar a tal de IPA – Inssurreição Popular Armada que logologo, se estendeu até às hostes do MPLA em Angola.
Eu próprio (T´Chingange), vi na Caála – Robert Williams, estudantes da UEC a darem instrução milirar aos candengues pioneiros do MPLA – jovens com seus 10 a 12 anos carregando armas de fingir feitas em madeira. Alguns militares daquele Batalhão do Luso, vim a saber que eram estudantes daquela leva da UEC e. que por este facto, ao regressarem tiveram passagens administrativas nos cursos que acabaram por concluir.
Muitos destes, passaram a gerir serviços técnicos nos organismos camarários e outros oficiais sem estarem minimamente preparados. Saíram arquitectos quando nem desenhadores se poderiam considerar e, por aí! Outros técnicos de aviário fizeram e fazem carreira sem terem a correcta aptidão para além de o serem uns abnegados militantes da esquerda, da onda do Ché Guevara via Zita Seabra (…) - gente preparada átoa, com devaneios por ideologias e, sem apego ao brio e ética.
Aquele despontar sem preparo de oficiais de aviário espetando os peitos abrilescos, heróis de cinco minutos, o suficiente para a fotografia, fizeram a merda que fizeram. O baixar de guarda desta feita foi demasiado humilhante para um exército que se preze! Dá para entender todas estas ocorrências entre Agosto e o 11 de Novembro com escandalosa ajuda ao MPLA. Alguém disse e eu terei de concordar - “tropa de cáca”.
Nunca cheguei a saber se o Furriel indignado que deu uma chapada a um soldado das FALA foi ou não fuzilado como já li em qualquer parte! As fontes só dizem que foi levado para ser fuzilado ao qual o comandante afirmou: Fiquem com tudo, mas não façam mal a ninguém! Só quem lá esteve, poderá confirmar e acrescentar se sim, ou se não; se o Furriel foi mesmo fuzilado!
As confrontações em Sá da Bandeira tiveram início no dia 21 de Agosto pelos militares das FAPLA do MPLA acantonando as FALA e ELNA no quartel português; no dia 22 de Agosto, Costa Gomes, o presidente rolha do M´Puto, pediu formalmente o auxílio dos EUA. Precisava de ajuda para evacuar os restantes 330.000 refugiados que queriam sair de Angola. Carlucci reiterou as instruções chegadas a ele desde Washington para não negociar com o Governo de Vasco Gonçalves.
O auxilio dos EUA só se tonaria viável com a remodelação do governo do M´Puto com a saída de Vasco Gonçalves “o doidinho da esquerda” e, também as FAP em Angola não darem apoio ao MPLA (o que não se verificou…). Nós “retornados ou refugiados!” fomos a moeda de troca para virar Portugal para a direita pró USA! Fomos manipulados por nossos supostos irmãos do M´Puto… Fomos uns milhares de carneirinhos despojados de tudo; do periclitante direito à cidadania, do direito aos seus haveres, do direito à dignidade. Isto, nunca irei deixar de dizer, nem que me matem de morte morrida…
(Continua…)
O Soba T´Chingange - (Otchingandji)
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3525 – 07.12.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
(…) - Um Deus nos acuda com um salve-se quem puder! Entretanto as tais Nossas Tropas já eram poucas para controlar quem quer que fosse. A UNITA boicotava enquanto os homens de Chipenda, agora da FNLA, escoltavam com pagamento de 3000 contos os refugiados até à fronteira Sul. Oshakati era o ponto de encontro das caravanas saídas de Malange, Uíge, Nova Lisboa, Lobito, Novo Redondo ou Benguela e mesmo da Luanda já tão martirizada.
Um pouco de todos os lados, em grupos ou deslocados como formigas sem tino, fugiam simplesmente. Alguém lhe desfazia o carreiro do rumo acertado. E, o rumo era a paz, a fuga aos tiros, às atrocidades gratuitas, regra geral para o Sul e para a costa Atlântica. O destino era Grootfontein com a supervisão de militares e autoridades Sul-Africanas.
Era ali que se situava o campo de recepção aos refugiados. Ali chegavam camiões, automóveis e veículos de toda a ordem e também máquinas de terraplanar, caterpílares e tractores com alfaias. Em uma destas caravanas seguia meu compadre José Matias que resultado de um desencontro, ele foi e eu fiquei! Tinha-me deslocado a Luanda a fim de levar minha sogra para casa de um outro filho que vivia na Maianga da Luua.
Pois aconteceu que o que vi nesta viagem por terra, desvaneceu-me por completo a vontade de ficar na N´Gola que tanto queria. E, vi casas queimadas, povoações abandonadas, gente deambulando de um lado para outro sem uma precisa orientação. Em Muquitixe estive encostado a um muro velho com minha sogra idosa!
Não se sabia o que poderia sair daqueles drogados que revistavam o autocarro aonde seguíamos. Podíamos ter sido ali, metralhados, como num filme de revolução, cuja morte parece sempre surgir junto a um já esburacado muro! Simplesmente isto, não aconteceu. Ninguém se culparia e nem haveria de jurar a alguém! Parecia não haver esse tal de alguém; simplesmente, assustador!
Estes comboios de refugiados eram escoltados por norma pelas tropas portuguesas e também do MPLA numa já perfeita parceria de zelo de estado. Criou-se assim um autêntico corredor entre as cidades do Centro e Norte a Namacunde pela estrada principal do Sul. A falta de gasolina, água e alimentos tornava-se cada vez mais dramática pela carência.
Trocavam-se contos ao desbarato por tambores de gasolina. A tropa portuguesa assistia agora à fuga de milhares de ex-colonos e naturais com um sentimento de impotência, coisa confrangedora para alguns. Não haveria desculpas para esses militares (a maioria) que obedeciam cegamente a seus comandantes de aviário, os cérebros do Concelho da Revolução com muitos civis que se ufanavam deste feito como sendo coisa exemplar.
Prometi a mim próprio recordar estas tristes passagens, tempo de tão mau augúrio para um Império que ruiu da pior forma, sem dignidade; tudo feito por empedernidos fanáticos que a troco de uma centelha ideológica empederniam-se num regime despótico e anárquico entregando as gentes à sua guarda ao descaso, aos entretantos …
(Continua…)
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3524 – 05.12.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Havia uma junta Governativa em Angola mas o MPLA fazia tábua rasa desta, assumindo suas antigas funções ministeriais, assinando diplomas sem respeitar a restrição imposta pelo Decreto-Lei de 14 de Agosto de a 1975. O Ministro Said Mingas (Dias Mingas), um meu antigo colega de carteira na E.I.L. por uns bons cinco anos, introduzia restrições à exportação de viaturas, só autorizando a saída de uma viatura ligeira por agregado familiar.
Em verdade o MPLA estava a proceder como um governo sem cumprir os acordos preestabelecidos com as demais partes do Acordo de Alvor - Penina. Seria obrigatória a verificação aduaneira rigorosa de todas as bagagens e mercadorias com destino ao exterior de Angola. O curioso de todas estas medidas foi ver mais tarde gente que fazia o controlo de bagagens nos portos e Aeroportos inscreverem-se em Portugal no Quadro Geral de Adidos e ocuparem até lugares públicos no aparelho de Estado Português.
Não se verificou nenhuma retaliação ou marginalização a estes caras-de-pau que dizendo-se uns mwangolés de primeira apanha, fugiram também para a segurança da Metrópole. Outros houve destes pseudopatriotas mwangolés que nem sendo funcionários no Ultramar arranjaram testemunhas e por declaração integraram-se como funcionários no M´Puto; a mesma que eles tanto abominavam.
Não vou aqui denunciar este ou aquele nominalmente embora me tivesse inteirado desta irregularidade grave; gente com quem lidei e que ainda anda por aí. Uma grande parte de quem lê esta Viagens, sabe que isto é uma verdade. Pode dizer-se assim que os carrascos, os mesmos que nos retiraram os anéis, ainda tiveram o gozo de usufruir benesses quando mereciam o inverso - ficar confinados às suas masmorras. Para estes vou só dizer: “Usukula mundué ú hima kujibha nzapá...” (lavar a cabeça ao macaco é desperdiçar sabão!)
Nenhum destes que retornaram a Angola, agora bem acomodados por lá e, alguns pertencendo à nomenclatura do governo podem dizer que foram destratados no M´Puto. Entretanto as FAP (Forças Armadas Portuguesas) limitavam-se só a garantir a integridade dos refugiados sem actuar na gestão da governação. Em meados de Agosto, Mingas, assinou o Decreto que limitava os levantamentos de depósitos bancários a vinte contos por mês em vez dos quinze contos semanais permitidos e, passava a ser interdita a saída da moeda angolana do país bem como a loteria premiada.
Leonel Cardoso, o novo inquilino como Oficial Superior do sinistro C.R. mais Ferreira de Macedo, o Alto-Comissário interino, mantinham-se encerrados no Palácio da Cidade Alta servindo os interesses do MPLA por imposição do Concelho da Revolução, em verdade o auto intitulado governo - os genuínos donos de Angola por afronta permitida. Forneciam a estes dados estratégicos e fotografias aéreas para desmantelar tanto a FNLA como gente descontente.
Muitos portugueses foram parar às prisões da Boavista ao Bungo e praça de toiros do Bairro Caputo. Muitos saíram de lá metidos em lençóis para as covas do Cemitério de Catete ou para os jacarés do Lifune, Kifangondo ou Panguila. No Caxito, havia avanços e recuos da FNLA e MPLA; O ELNA controlava a 13 de Agosto a Barra do Dande tendo reconstruido a ponte e mantendo três colunas militares em suas margens e um outro menor grupo na estrada do Cacuaco.
As FAPLA recuavam para Sul da picada da Barra do Dande-Kifangondo. Em Cabinda as FAPLA eram donas da situação em todo o enclave. O alargamento da guerra para Sul leva milhares de pessoas a efectuar uma penosa epopeia, romaria sem retorno em direcção ao deserto do Namibe com muitas e variadas peripécias de chantagens como garantia de protecção, isto ate chegarem ao Sudoeste Namibiano.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3522 – 30.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
O Presidente do Congo Brazaville N´Gwabi aceitando as propostas do MFA do M´Puto na pessoa de Otelo Saraiva mancumunado com o Presidente rolha Costa Gomes (o sempre em pé…), e solicitação de Fidel de Castro, dá apoio com hospedagem a mais 142 instrutores cubanos, declarando-se oficialmente apoiante incondicional ao MPLA de Neto.
Este apoio tinha sido concertado em uma viagem que N´Gwabi fez a La Havana. Havia fortes indícios de que o MPLA estivesse a preparar uma declaração de independência unilateral, sem consulta a Portugal e aos outros dois movimentos conforme o estipulado no Tratado de Alvor. No M´Puto, pode entretanto, apreciar-se um comportamento de insubordinação de má-fé entre os colaborantes militares de aviário de Abril.
Enquanto que tudo faziam numa óptica de práfrente camarada, avante, Costa Gomes via-se em palpos de aranha agradando aos mais resolutos. Aqueles revolucionárias imberbes, maioritariamente estudantes enquadrados por Zita Seabra* e comunistoides militares do PREC, estavam a mijar nitidamente, nas boas graças dos estrategas. Pois sim! Aconteciam permanentes assaltos aos organismos opositores e embaixadas. Estávamos em inícios de Outubro de 1975…
À margem das negociações, os retornados, cidadãos nacionais e da Província Ultramarina de Angola, estavam a ser moeda de troca no fornecimento de aviões para a ponte LuuaLix poder realizar-se no tempo aprazado. Nesta guerra de tundamunjila (brancos, fora - para a vossa terra) a estória ainda anda a ser fabricada! Sempre teremos de rebuscar os caixote e baús para refazermos verdades que se deitaram a propósito no lixo e, porque assim interessava à esquerda, aos interesses obscuros acobertados pela midia…
Quanto às justificações que surgem, há sempre um misterioso MAS: "Mas, uma facção dos comunistas, pressionados pela URSS, queria controlar o processo". Em Angola, as N.T. já nem saíam dos quarteis! Tinham sim um enorme desejo de serem rendidos e regressar à Metrópole do M´Puto. Nem pareceria ser relevante acudir a casos graves em defesa de gente Lusa. As teses do PCP vingavam em Portugal e Angola. Foi só no 25 de Novembro de 75 que se repôs alguma legalidade; no entanto, muitos lugares chaves da governação já estavam tomados por ideias de principios tóxicos…
Os novos mandantes a reboque deste PCP mudariam funcionários, quadros e militantes com acções reais no terreno. A toxicidade foi tão bem aparelhada que perdura ainda nos dias que correm (estamos no ano de 2023)! Preparava-se mais uma cimeira no Quénia mas ninguém acreditava nisto; Nem os próprios intervenientes! Face à situação, quatro presidentes africanos reúnem-se numa mini-cimeira em Dar-Es-Salaam, capital da Tanzânia, país surgido da fusão das antigas Tanganica e Zanzibar.
Nenhum acordo é conseguido. Julius Nyerere da Tanzânia e Samora Machel de Moçambique, defendiam o domínio do MPLA de Neto sobre Angola (ideias de URSS a funcionar em plenitude…). Kaunda da Zâmbia e Sir Seretse Khama do Botswana, eram partidários de um governo de unidade nacional que incluísse representantes da FNLA e UNITA. Era chover no molhado…
Nas três primeiras semanas de Junho a FNLA e MPLA tinham aprisionado mais de duzentas pessoas, a maioria brancos, nalguns casos com seus familiares. Os edifícios públicos eram simplesmente ocupados pelos Movimentos; coisa sem lei nem roque! A cintura à volta de Luanda erguida pelo MPLA era uma realidade! E, tinha gente treinada na Metrópole (Lisboa), propositadamente preparada para fazer parte deste MPLA.
NOTA*: Zita Seabra, liderou a fundação da União dos Estudantes Comunistas (UEC) antes e depois do 25 de Abril. Escreveu para diversas publicações clandestinas do PCP, como o Avante, O Militante, o Jornal das Camaradas das Casas do Partido e os jornais da UEC…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3521 – 28.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
BATALHA DE LUANDA - A coluna da FNLA consegue atingir Caxito, onde é dizimada com a entrada em acção dos “Órgãos de Staline” aos quais os angolanos passaram a chamar de “Mwana Caxito” (filhos de Caxito); exactamente por terem sido utilizados pela primeira vez, na capital do Bengo. Esta arma capaz de disparar simultaneamente vários morteiros, foi construída no tempo de Staline…
Os “Órgãos de Staline” permitiram aos russos resistirem contra os alemães na Segunda Grande Guerra Mundial. Nesse então ganhou o nome de “katiusha”- querida Katia, palavra de código utilizada entre os comandantes das frentes. Nos EUA, chamam-lhe “Tio Sam”. Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo. No M´Puto, a 9 de Março de 1975, Spínola foi informado por oficiais amigos da operação matança da páscoa.
Era aquele, um plano do Partido Comunista Português e os militares mais radicais do COPCON e da 5ª Divisão, apoiados pela União Soviética, para realizar uma campanha de assassinatos políticos, onde Spínola e seus apoiantes constavam como alvos, como parte de um golpe de estado para tomar o país.
O herói do monóculo e pingalim e luvas de coiro preto chamado de Spínola, escapa-se de helicóptero para Talavera de La Reina, em Espanha levando com ele a valentia que num repente enferrujou na apatia medrosa, com mofo e atitudes encardidas de vergonha. Entregues ao acaso, na Luua, as Forças Militares dum exército que deveria ser de conjunto, ao invés de apagar o fogo como o deveria ser, ateavam ainda mais os incêndios.
Lopo do Nascimento mentia com todos os dentes dando força ao tal exército popular do seu MPLA – “victória ou morte” – Aiué, Nossa Senhora da Muxima nos acuda!... As FAPLA, atacaram e destruíram com blindados o quartel da FNLA em Kifangondo. Ninguém se insurgiu neste uso de blindados! Deveriam ser apreendidos pelas NT. mas, ou as ordens se perderam no caminho ou lhes faltou coragem para actuar.
Podemos acreditar em tudo porque nada foi feito! Era mais fácil desconhecer tal gravidade. Nova Lisboa (Huambo), Lobito, Benguela e Sá da bandeira eram agora as cidades refugio dos deslocados de guerra idos do Norte, Malange Luanda, Uíge e muitas outras localidades. Num desespero e abandonando tudo, as gentes fugiam simplesmente daquele inferno. Era o preconizado por Rosa Coutinho e seus guedelhudos do MFA.
Guedelhudos do MFA.- os urubus ou corvos, como queiram; Tropa fandanga nunca reconhecida traidora pelos muitos governantes de Portugal no após 1975. Com três semanas de combates arrasadores, nunca o MPLA acudiu aos apelos de Paz faltando a todas as reuniões do comando unificado da Luua. A Emissora Oficial de Angola era simplesmente ignorada pelo MPLA.
Em N´Gola - Não dava para esperar! As escolas já não funcionavam, os dispensários médicos iam ficando sem gente capacitada, as instituições iam ficando desertas de gente com poder de decidir. O “lar do Namibe” uma cooperativa de construção comunicou-me que já tinha direito à tal casa mas, esta carta por ali ficou em cima duma estante a desaguardar num tempo que se esfumou. O PCP da metrópole na colónia, "tentou a sua sorte para poder desempenhar um papel determinante na evolução do país”. A verdade é que a descolonização de Angola estava a ser executada ao acaso…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3520 – 25.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Nestas finchas do tempo, relembrado o 25 de Novembro*, no M´Puto, meus sentimentos, pensamentos e actos, têm uma única finalidade: falar a verdade à minha comunidade para que a história não se esmoreça; minha atitude determinará o juízo de bom ou de mau que há sobre os factos. Quero assim ser livre, criador e sensível o quanto baste sem pactuar com a imbecilidade que como dança infernal leva as massas sociais ao embrutecimento; algo que sistematicamente corrompe o bom senso dos homens.
No M´puto, Costa Gomes, o presidente rolha, titubeando indecisões, acabou por retirar o Brigadeiro, esse tal de José Valente, comandante da 2ª Região Aérea e que vivia em relações tensas como a CCPA (Conselho Coordenador do Programa do MFA para Angola e que, incluía o CCPA e o Estado maior de Angola). Entretanto os vapores Vietnam Heróico, o Coral Island e o La Plata, chegariam antes do fim de Setembro de 1975 em Brazaville e Porto Amboim -- Angola, levando a bordo mais de 1000 toneladas de gasolina, 300 instrutores para os quatro CIR do MPLA e ainda dois aviões cubanos.
Leonel Cardoso continuava apreensivo pedindo apoio a Lisboa e mantendo as FAPLA em suspense com uma hipotética chegada de tropas especiais, Comandos e Pára-quedistas. Leonel Cardoso perante este cenário blefava e, era só o que lhe restava porque Lisboa andava afanada com os sindicalistas das “Manif” de civis e militares guedelhudos. Leonel Cardoso andava sem saber como fazer na entrega do poder a 11 de Novembro de 75.
Com muxoxos de boca pequena sabia-se que Leonel Cardoso se queixava de estar rodeado de traidores à pátria ou à causa; a confiança, ruía-lhe algum aprumo. Ética, era uma coisa quase nefasta e os heróis das NT em sua maioria só viam o MPLA. A estes, o MPLA, entregavam tudo de mão beijada sem fiáveis contrapartidas mas, sempre havia uns quantos que buliam sua própria consciência. Aquilo não lhes parecia lá muito bem… Eram muito poucos, quase nenhuns. Em Angola, estávamos entregues à fé e ao acaso, à bicharada.
Entretanto Samora Machel de Moçambique e Július Nyerere da Tanzânia, perfilam-se também ao lado do MPLA. Otelo em viagem a Havana garantia a Fidel de Castro não retaliar com suas frotas e tropas, entenda-se como as NT (Nossas Tropas) a “invasão de Angola” em apoio ao MPLA. No M´Puto, pouco a pouco, Carlucci o embaixador Americano, ia alegando algum favoritismo para o MPLA.
O Gringo Carlucci da USA, com a nobre ajuda de Vasco Gonçalves, o primeiro-ministro português, um ex-doente mental da casa dos malucos de Luanda - sector militar. Este afiançava a pés juntos perante o Gringo que, não senhor, o MPLA não é comunista! Era uma boa base aos ditames de Frank Carlucci; a este, interessava-lhe sobremaneira o controlo do petróleo de Cabinda. Não era por acaso que já Cabinda estava inteiramente nas mãos do MPLA.
Podem ver agora e com clareza de 48 anos já passados que os retornados tiveram um desfecho muito parecido com o sucedido no Irão, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e aonde quer que houvesse petróleo, a moeda americana suporte de sua supremacia. Costa Gomes, com esta decisão sentia-se agora mais confortável. Naquele então o segredo era manter tudo em banho-maria até o 11 de Novembro.
Muitos ou quase todos dos “libertadores” afectos ao MPLA, sonhavam com a casa, o carro, os privilégios e as posições dos colonos. Conquistaram-nas e tornaram-se piores do que aqueles gestores da Administração Ultramarina do tempo colonial. Desculpar-se-ão com a guerra. Só que a guerra, que matou tantos e estropiou, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas…
Nota*: O 25 de Novembro de 75, foi o golpe que retituiu a democracia a Portugal, apòs a rebelderia do PREC e a descolonização, em que se destacram Jaime Neves dos Comandos e Ramalho Eanes que forçaram Costa Gomes a mudar de rumo bem como o PCP com Álvaro Cunhal, na liderança…” O antigo Regimento de Comandos, na Amadora, evoca todos os anos, de um modo especial, dois dos seus combatentes, o tenente José Coimbra e o furriel Joaquim Pires, mortos no 25 de Novembro de 1975, numa acção militar para submeter o quartel da Polícia Militar, na Calçada da Ajuda, em Lisboa.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3516 – 13.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Não obstante termos passado pelo purgatório, continuamos a relembrar com saudade a MUTAMBA, que vem de “mu”, que significa árvore em Kimbundu. Que Tamba é o Tambarino – e que ali, havia um tambarineiro gigante a dar dignidade ao l argo. Que antes se chamava "N'Dange ia Rosa"", que quer dizer "rua larga e arenosa" em Kimbundu.
Que havia uma "Maianga" porque esse é o nome para poço de água, cacimbas mandadas construir pelos Tugas para prover a água à cidade (LUUA). Como poderemos apagar tudo isto de nossas memórias! Até aqui, todos os militares com patentes acima de sargentos e oficiais do MFA, da JSN (Junta de salvação Nacional - junta governativa), que festejaram este acontecimento, amealharam riqueza até então, fruto de várias comissões.
Até ali soube-lhes bem as comissões que lhes proporcionavam riqueza, boas casas e bem surtidas na linha de Cascais, Estoril ou Algarve do M´Puto. Com contas bancárias bem desafogadas, noé!? Com estes militares de aviário, de novo se revê o início de nosso mundo. Um retorno à estória sempre confusa da bíblia em que a Lilith, a diaba feita anjo, irmã de Eva, a tentou a comer a maça! E, não é que comeu, castigando-nos deste jeito! Mas que estória de tuji…
Já no dia 27 de Julho de 1974, três meses e dois dias depois do Vinticinco, quando Spínola anunciou o direito à independência pela lei 7/74, o Almirante Vermelho Rosa Coutinho, afirmou: “ …O homem, (referia-se a Spínola) sempre vai pelo caminho que a gente quer”. A gente a que se refere, são só eles, os militares da abrilada. Para explicar preto no branco ou vice-versa, o processo de descolonização em Angola, terá de se fazer um preâmbulo sobre o espaço-tempo…
Um espaço sem entrar em minúcias, ou um pouco à frente ou um pouco atrás porque neste periclitante processo nada andou seguindo as teorias conhecidas, sem um relógio de cuco porque, o cuco foi estrangulado no tempo exacto em que a recta começou a ser curva e, quando se vislumbrou o alcance dos objectivos, já era tarde. Não leia de atravessado porque o todo só é entendível se percorrer as linhas cruciais do raciocínio lógico e, sempre presente.
Era tarde para quem estava no meio da fogueira chamada de descolonização, e até para os que tinham bons auspícios (nós, os inocentes) sobre o ainda não acontecido. Uns e outros, por inocência, por malvadez, por incúria, por pedantismo ou vaidade foram apanhados por aquelas muitas rodas, o roce de correntes que nos tornaram ásperos e por razões diferentes, porque uns sofreram na pele, outros retiraram dividendos e petulância e outros, simplesmente, morreram…
Despolitizados, muito cheios de coisa nenhuma nos meandros das pequenas coisas e politicas, nós retornados, em termos politicos, éramos mesmo uns calhaus na Luua. Passeávamos despreocupados nossa ignorância pela Mutamba, pelos bairros, pelas farras, pelos cafés jogando às moedas, na praia ou em pikniques ao fim de semana. A escola não nos deu os conhecimentos da mente e, ali andávamos, simplesmente gozando no bem-bom do dia-a-dia ausentando-nos de tudo o resto – das muitas e reais injustiças sociais. Como tantos outros, também eu fui apanhado como inocente, cultivando-me na cultura do cinema, nas idas ao baleizão comer cachorro quente e, tudo, porque a vida nos era legada em uma terra que pensávamos ser de todos nós…
E, Aconteceu! Terei deste modo, de dar estes poucos laivos de recordação para que assim possam espairecer vossos cerebelos, já muito torturados: Foi na Praia de Sangano um pouco a norte de Cabo Ledo que desembarcaram os primeiros homens comandados pelo General Raul Diaz Arqueles. Ali descarregaram os primeiros complexos móveis de defesa antiaérea “Strela”. Os instrutores deste equipamento sofisticado, estavam a ser coordenados pelo Coronel Trofimenko que a partir da Republica do Congo Brazaville enviavam numa primeira fase, pequenos aviões para aterrizar na pequena pista de aviação da Kissama em Cabo Ledo.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3515 – 11.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Rosa Coutinho, já como Alto-Comissário escreve uma carta timbrada do antigo Gabinete do Governo Geral de Angola a Agostinho Neto, presidente do MPLA nos seguintes termos: “Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do processo…”
Processo a saber: “Aterrorizar por todos os meios os brancos, matando, pilhando, e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos.” A Carta é datada de 22 de Dezembro de 1974, terminando com saudações revolucionárias, a vitória é certa, seguindo-se a assinatura, Alves Rosa Coutinho, Vice-Almirante.
A revista The Economist, considerou a fuga dos portugueses brancos, como sendo “ o maior êxodo da história de África”. Nem no Congo onde entre Janeiro e Julho de 1960 a população branca caiu de 110.000 para apenas 18.000 pessoas, e se viu tamanho movimento populacional como aquele que foi observado na África Portuguesa. O governo de esquerda portuguesa, criminosamente adiou até ao último momento qualquer ajuda ou apoio substancial aos refugiados.
Se compararmos estes episódios com os refugiados actuais de que chegam de todo o lado à Europa, em lanchas vulcanizadas, nós os “retornados” fomos socialmente, pior recebidos; foi a comunidade Internacional e principalmente os Estados Unidos da América que tiveram de interceder no marasmo de cacafonia nos ecos de dirigentes do MFA.
As NT - Nossas Tropas, já não eram nossas. Em verdade, praticamente, os brancos eram maioritariamente os quadros com a necessária preparação para governar e gerir a vida económica em Angola. Salvo raras excepções não havia entre estes, empatia com esse tal de Marxismo e Leninismo constituindo por isso um forte travão aos interesses soviéticos.
Teríamos assim de ser expulsos ou mortos tal como o foi afirmado por esses “patrícios” de tuji e militares do famigerado CR – Concelho da Revolução… Ficamos assim abandonados à mecê dos guerrilheiros armados dos “movimentos de libertação” que intoxicados em drogas e ideologias enviesadas, com o cérebro envenenado pela propaganda marxista, estavam dispostos a massacrar todos os brancos em África.
Cidades inteiras, outrora prósperas e bem cuidadas, como Carmona (Uíge) e Malange foram abandonadas devido à fuga de quase toda a população. Malange acabou por se transformar em um imenso cemitério a céu aberto com milhares de pessoas mortas, em sua maioria africanos, que ainda estavam insepultas quando se abandonou a cidade.
Alguns brancos tentaram resistir em Luanda, mas a esmagadora maioria rapidamente se apercebeu que a limpeza étnica de que estavam a ser vítimas era para ir até ao fim e que, a única opção viável que o regime de Abril lhe havia dado, era a de fugirem deixando para trás toda uma vida de trabalho. Sob todos os pontos de vista do direito internacional, o que se passou na África Portuguesa em consequência do VINTICINCO de Abril de 1974, constitui um crime contra a humanidade e, como tal o deve ser considerado.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3512 – 06.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata” Às margens do Cubango
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
N´Zambi a tu bane n´guzu mu kukaiela”, Deus dá-nos força para seguir… Cidade de MALANGE- Cem mortos, é assim que o Furriel de Transmissões Agostinho Pinto, colocado em Malange encabeça a descrição de seus dias ali passados: “No dia 28 de Maio de 75, estando em escuta via rádio com os meus homens, o malanjino Abílio Araújo mais o Luís Nabais Moreno, acontece pelas 16h30 horas ouvirem-se as primeiras morteiradas. Pode ver-se por cima dos telhados, Malanje começar a arder…
Aconteceu no trajeto curto para o quartel naquele dia, sermos revistados por guerrilheiros do MPLA, armados de kalashnikov, crianças – algo insólito! Naquele cenário de guerra desregada e louca, tudo poderia acontecer. Senti-me o militar mais inútel, tão diminuído e baralhado nesta confusa ficção. Tudo acabou por se resolver com uns maços de tabaco e alguns angolares. Em nossos postos, só conseguimos sair da escuta por volta das dezanove horas.
Porque o recolher obrigatório estava instalado, já não fui para o meu quarto alugado da cidade, aonde vivia; ali já não havia, condições de segurança. Do batalhão (BART 6323), desloquei-me à CCS. Pela primeira e única vez passámos fome; na messe de sargentos só havia bolachas e chá, pois o comércio estava fechado, a farinha tinha esgotado, não havia pão e os trabalhadores do comércio e serviços, dada a situação de guerra civil, poucos arriscavam sair de casa.
Era mais que evidente não estarem reunidas as mínimas condições de segurança para o povo e por precaução evidente, o recolher obrigatório era para respeitar. No dia seguinte já se contabilizavam para cima de 100 mortos e desalojados sem fim. Estávamos na messe dos sargentos em pleno recolher obrigatório e, de repente, vejo um jovem africano, que não teria mais de 15/16 anos, a correr, desrespeitando o recolher obrigatório para ir para a sua casa, no bairro da Catepa, quando ouço uma voz da FNLA a perguntar: "quem vem lá?".
Suponho que era a voz do mercenário “Passarão”, assim era conhecido o terror rambo da FNLA, que andava à civil e, de metralhadora kalashnikov, de boina e cabelo comprido. O miúdo respondeu "é camarada", o que foi a resposta errada, no sítio errado, à hora errada… O termo camarada era sentença de morte, cheirava a MPLA. Ouve-se uma rajada e o rapaz caiu de imediato, assassinado a sangue frio.
E, nós, militares, impotentes! Podem calcular a revolta que todos sentimos, mas não havia ordem para actuarmos descontentando-nos no vexame de cobardes; o mínimo que fizemos por aquele adolescente foi chamar a ambulância para levantar o corpo que jazia inerte. Essa imagem, que tenho gravada na minha memória, vai acompanhar-me até ao resto dos meus dias.
A partir dessa noite, a nossa primeira tarefa do dia – minha, do Abílio, Araújo e do Luís Nabais Moreno – era ir todos os dias às sete da manhã à morgue ver quantos brancos e conhecidos tinham morrido na noite anterior. Um ritual macabro, eu sei, mas era mesmo assim. A cidade estava totalmente desventrada dos bombardeamentos. A 12 de junho de 1975, parti na coluna militar para Luanda, tendo regressado a Lisboa no dia 24 Junho de 1975” (fim de citação).
Entretanto, seu chefe supremo, o Coronel de aviário, Otelo Saraiva de Carvalho, chefe do COPCOM e influenciador do PREC, estava em Cuba preparando o discurso do grande dia de Cuba a 26 de Julho, data do assalto ao Quartel de Moncada, com o tradicional comício presidido por Fidel Castro. Otelo, falou, para 600 mil pessoas, segundo números oficiais, numa fala de 20 minutos. Mais tarde fez questão de assinalar: ”Destaquei a importância da liberdade de escolha do povo e da sua capacidade de intervenção política”. O discurso foi transcrito, na íntegra, no Gramma, jornal oficial do PC cubano, ao lado de Fidel, que durou uma hora e vinte minutos.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3511 – 04.11.2023
-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - “Tropas cubanas para Angola, já!”
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
No Mukwé - N´Zambi a tu bane n´guzu mu kukaiela”, Deus dá-nos força para seguir…– Sou eu falando: Na Luua, da boca de toda a gente era dito que se não fossem tomadas medidas de prevenção em curto prazo, todos estariam a viver uma situação de generalizada violência incontrolável. As autoridades do M´Puto não quiseram ver nem tomar medidas protectoras para com as populações maioritariamente de etnia branca que se encontravam nos matos ou periferia das cidades; esta é a verdade! Miranda Oliveira e Teles da Chibia, só escutavam seu mais-velho, kota amigo.
Harmonizar a existência do sofrimento com a realidade é talvez, o mais antigo dilema da mente humana. Quando quero chorar, faço churrasco a popósito e, no entretatanto de atiçar as brasas com restos de palmeira e rosmaninho ou alecrim meio seco, meio húmido, abano o fumo. Fumo que penetra em mim após o sopro, nas nuvens pretas. O choro, mesmo sem o querer, vem limpando-me os olhos das mazelas; por fim, com fumo branco, brasas incandescentes, viro papa genérico e, emérito. Em busca de respostas, mergulhamos em especulações que resultam normalmente em dúvida e descrença. Com o pensamento voltado na busca de satisfação de alguma coisa pequena, alargamos sua importância de forma desmedida. E, assim ficamos matutando…
Calma! Tudo irá passar... Por alturas de 25 de Novembro de 1975, vi escrito numa parede de Torres Novas do M´Puto, assinado com um A circunscrito de anarquistas: “Otelo Saraiva de Carvalho, que lindo nome tens tu, tira o V do carvalho e mete o resto no Cú” – talqualmente! Esteve ali bastante tempo antes que alguém se caiasse de coragem… Neste então, morava eu na rua da Várzea do cemitério bem perto da Rua do Arraial, a uns quatro quilómetros do Riachos, a terra natal de Otelo Saraiva…
O revolucionário Otelo do COPCON, acabou por dizer mais tarde, que foi o PCP seu “inspirador” em sua ida a Cuba. Para o efeito foi enviado previamente Octávio Pato, fazendo de pombo correio, diligências numa missão a que eu desigaria mais tarde de tundamunjila - “Tunda Mu N´jila” (Vai embora branco) . Na altura, entre Otelo e o PCP existiam graudas amizades e, não custa acreditar que os comunistas portugueses indicassem Otelo a Fidel numa perfeita escolha na feitura duma boa picada lá na Angola…
E de facto, nas várias conversas com Otelo, de camarada revolucionário para para camaradas jornalistas, os “conselhos”, entre muitas falas não faltavam, como recorda: “ O Fidel interessava-se muito pela revolução portuguesa. Aconselhou-me a aceitar os conselhos do PCP e a fazer um entendimento com Álvaro Cunhal, que ele conhecia e de quem tinha uma excelente opinião.--
Era, aliás, o único dirigente político português que ele, Fidel de Castro, conhecia. Fidel foi sempre muito cordial comigo (diz ele, Otelo) e, mesmo no final da visita, quando eu já estava a embarcar no avião de regresso a Lisboa, subiu à cabina para me dar mais um abraço e dizer-me: “Cuida-te camarada!”.
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Arrepia-me agora e sempre, contar estórias feitas missossos revolucionários porque me é muito, muito de dificultoso ficar só assim, conciliar no que é a puta da vida de cada qual como vim a saber, quando fui a Varadero de Cuba comer lagosta transpirada de medo. Isso! Num alpendre rodeado de citronela para espantar os mosquitos, E, eu que me dispus a fazer um molho daquele capim para fazer chá caxinde no hotel – ué, camarada isso não se bebe!
Porque foi na candonga e num comoé, não convém a gente levantar escândalo de começo porque só aos poucos é que o escuro fica claro! Ando a tentar continuar a estória do Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho que foi um coronel de artilharia português, destacando-se por ter sido um dos principais estrategas do 25 de Abril de 1974. Otelo, que antes de anteontem era só de ex-COPCOM mas, que ficou por demais indefinido, defuntando-se só mesmo para receber uma condecoração de herói a titulo póstomo.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3507 – 22.10.2023
-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - Nossas vidas têm muitos kitukus…
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Em Luanda e no ano de 1975, uns nove meses antes do 11 de Novembro, as leis e ordens saiam já apodrecidas do Comando Militar; passeavam mortos pelas ruas como contestação ao ritmo de salto zulu, as fábricas iam fechando, os taxistas eram mortos de forma barbara; o ambiente era de se cortar à faca-catana escaldante na insegurança generalizada no presente do indicativo, tornando o gerúndio numa incerta loucura de futuro imprevisível…
Naqueles dias, o amanhã transtornava a sociedade numa ginasticada ideia de sem se saber como iria ser - a fuga. Os locais mais concorridos eram o Aeroporto de Belas e o Porto de Luanda. Destino: Um qualquer sitio - seja aonde for! Naquele tempo surgiram do nada, muitos rambos com fitas de cunhetes a tiracolo passeando desaforo e medo na companhia daqueles, alguns magalas esqueroidos, oficiais alferes, praças das NT e, salvo-seja "nossos irmãos" que diziam com frequência: Vocês colonos, vão-se foder!
E, foi… Aconteceu! A cidade suja, pegajosa e desnorteada, cheirava a cansaço, a suor, a medo e coisas mortas esfrangalhadas pelos cães vadios. Naqueles dias de catinga ouvia-se noite fora os martelos encerrando vidas, encafifando pertences e recordações. Também se ouviam rajadas lá para cima, mais ao lado e na outra banda das barrocas do Miramar. Da ilha de Luanda podia ouvir-se rebentamentos, colunas de fumos lá num suposto lugar do Sambizanga ou Bairro Operário…
Também do Bungo, do Caputo, do Cazenga, da Terra Nova. Não! Não havia naquela terra de N´Gola, mais lugar para os Tugas e assimilados a estes! Não venham agora com tretas e esquecimentos! Se antes era perigoso ser preto, agora era muito perigoso ser-se branco… Não! O passado vale pelos seus actos, pelas atitudes! Não me vou agora enganar no posfácio da vida, dispor-me a calar, engolir inverdades à força.
Bom! Eis que surgiu então um filho da puta com o nome de Rosa Coutinho que de raiva vermelha fez o que quis! Ele e seus pares do MFA pintaram e bordaram, gozaram à tripa forra com Spínola, fizeram dele um chinelo, um merdas muito cheio de prosápia armado em rambo, oficial de pingalim, monóculo e luvas reluzentes com um chapéu de banga, assim enfeitado de pedante de carnaval com um símbolo doirado. Um Mobutu Sese Seko do M´Puto…
O Consul americano em Luanda por via de desacatos, tiros e rixas, um pouco por todo o lado da Luua disse nesse então: “…os acontecimentos ilustram bem como não gerir uma crise”. Pois então! “As autoridades militares, inacreditavelmente foram simplesmente inaptas para lidar com a situação”. Pois claro! A merda foi calculada, premeditada e facilitada!
Como podíamos nós encarar esta situação e dar rumo a falsidades… Como ficávamos nós acantonados sem resguardo no Prenda, no Kazenga, no Palanca, na Calemba, na Cuca, na Maianga, no bairro Mota ou no bairro Popular, como? E querem que me cale! Nem morto… já em fins de 1974, inícios de 1975, os desacatos sociais na forma de guerrilha, aproveitavam o baixar de braços e armas das forças armadas portuguesas. As Forças Irregulares dos movimentos tendo o MPLA à proa do terror, situadas na Luua capital, e um pouco por toda a Angola, alastraram até às cidades e vilas como N´Dalatando (Salazar), Huambo (Nova Lisboa), Lobito, Benguela e Lubango (Sá da Bandeira).
Os acontecimentos procediam ao mais leve desaire, ao mínimo pretexto e na maior parte das vezes porque se pretendia que assim o fosse. Negativamente e de forma exponencial o MPLA e a FNLA aliciavam as populações a fazer alastrar a subversão a todos os centros urbanos fazendo correr boatos complicando a vida de normalidade. Havia boatos, muxoxos e muitos corpos na morgue trazidos das cidades e fazendas do Norte. Eu T´Chingas, convivi com isto pois morava bem perto da Morgue do Hospital Maria Pia bem ao lado da Maianga…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3504 – 17.10.2023
-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - Nossas vidas têm muitos kitukus…
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
PERFIL ETNO-HISTÓRICO DO POVO ANGOLANO*
Antes de prolongar os escritos sobre o tempo da Dipanda, de um passado recente (48 anos) em Angola convêm saber que a base ético-linguística do país, compreende os grupos populacionais BANTU e uma minoria não - BANTU, os VASSEQUELE. OS BANTU´S - Habitando não só Angola mas também a África Central, Meridional e Oriental. O povo Bantu constitui um grupo especial entre os negros da África. Eles têm três elementos comuns sobre os quais nenhuma contestação é possivel:
a) O mesmo sistema linguístico; b) Uma civilização base; c) Unidade nas ideias filosóficas. Na vastidão das áreas que ocupam, a arrancada rumo ao progresso não se deu num dia nem obedeceu, depois, a uma velocidede uniforme. Assim, no progresso histórico do desenvolvimento da sociedade, uns avançaram mais que outros. O povo Bantu desenvolveu a metalurgia, a agricultura, a criação de gado, a pesca, o que lhe dava uma ascendência económica e militar.
A influência do meio geográfico, o modo de vida e a influência linguística de outros povos fazem com que existam em Angola nove grupos étnico-linguísticas. Também conforme o grau de desenvolvimento, o crescimento demográfico e o nível de organização, os grupos ético-linguísticos mais fortes tinham formado Reinos que marcaram a sua história. Assim temos:
BAKONGO: O grupo étnico-linguístico Bakongo, ocupa o Norte e o Noroeste de Angola, na área que abrange Cabinda até às linhas do rio Dande. A língua falada é o Kikongo. Repartidos aquando da partilha do Continente Africano pelos países colonialistas, uma parte desse grupo passou para as actuais Repúblicas do Congo e Zaire. A tradição ancestral diz-nos que foi um chefe chamado Nimi a Lukeni que reuniu no passado todos os clãs que falavam Kikongo, fundando o Reino do Congo, com capital em Mbanza Kongo, situada na província Angolana do Zaire. Povo trabalhador e comerciante adoptou a moeda "nzimbu" que consistia de conchas marinhas, muito antes da chegada dos Portugueses, o que assegurou o apogeu comercial do grande Reino do Kongo. Dada a situação geográfica, foi o primeiro Reino contactado pelos portugueses, em 1482.
KIMBUNDU: Vizinho imediato dos Bakongo, a sul, entre os rios Dande e Cuanza, o grupo étnico-linguístico Kimbundu espalha-se de Luanda até aos Lunda-Chokwes e confina a sul com os Ovimbundu. Antes da população Portuguesa, os Kimbundu tinham formado os Reinos do Dondo, Matamba e Estados da Kissama, onde florescia a agricultura e o comércio. Primeiro grupo invadido militarmente pelos Portugueses, a partir dos meados do século XVI, a história nunca poderá esquecer-se dos seus grandes feitos heróicos na resistência contra a dominação estrangeira, sob o comando dos seus chefes, de que a Rainha Nzinga é expoente máximo do século XVII.
Compelidos de várias formas a conviver com os Portugueses durante séculos, os Kimbundu sofreram inflência Portuguesa, intensiva aqui e extensiva acolá, com a fundação das primeiras instituições escolares na área, o que afectou sobremaneira a sua base cultural Bantu. Em contrapartida, surgiram entre eles os primeiros passos da literatura em Angola.
OVIMBUNDU: Grupo étnico-linguístico mais numeroso, ocupa o Planalto Central de Angola nas Províncias de Benguela, Huambo, Bié, na maior parte do Cuanza Sul e no Norte da Huíla. A sua língua, umbundu não tem fronteiras no interior do País e marca presença forte no Zaire, na Zâmbia e na Namíbia. Grandes comerciantes e agricultores dedicados da África Austral, os Ovimbundu repisaram o sub-continente do Atântico ao Índico e promoveram um intercâmbio forte de experiências e valores culturais, o que marcou fundo a sua psicologia, que faz da convivência com outros povos a sua característica principal.
É históricamente conhecido como trabalhador, hospitaleiro e paciente, mas implacável quando lesado nos seus direitos. Durante a ocupação colonial, sofreu grande influência Cristã e atingiu o maior índice no País de alfabetização e de quadros intelectuais e técnicos de níveis básico, médio e superior. Os Ovimbundu formaram vários Estados antes da ocupação colonial,de entre os quais se destacaram os seguintes: Mbalundu, Wambu, Viye, Ndulu, Ngalangui e Chiaka. Estes Estados constítuiram uma divisão administrativa da vasta área e não do seu povo unido e amalgamado na língua, cultura, tradição e carácter comum do poder - o Poder Democrático.
Nota*: A étnia branca ariana que não faz parte deste rascunho etno, surge com o inicio da colonização com Diogo Cão no ano de 1480, espahando-se por todo o territário da actual Angola. Legou internacionalmente ao país o ideoma português como oficial, tendo sido o aglutinador dos demais povos que usavam e, que ainda usam outros dialectos no contexto de relação regional.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3503 – 15.10.2023
-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - Nossas vidas têm muitos kitukus…
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Repito: Estudantes barbudos do M´Puto na visão de Ché Guevara, ao seviço do PREC – Proceso de Revolução em Curso, ensinavam a estes, os pioniros do MPLA (crianças / candengues), o manejo de armas de madeira a fingir AK-47 de Mikhail Kalashnikov, G3 ou Mausers… Estudantes estes, que regressados à Metrópole (M´Puto), teriam passagem administrativa garantida na sua Universidade ou Instituto - o tal de PREC, Revolução parva saída do 25 de Abril de 1974 e, que só terminou a 25 de Novembro de 1975, data posterior ao 11 de Novembro (14 dias depois) – Dia da Indepêndencia de Angola.
Convem aqui fazer uma leve referência a esta data de 25 de Novembro, que tardiamente e com intervenção de oficiais cientes daquela aberração acabaram com esse grupelho liderada por Otelo Saraiva de Carvalho… No M´Puto, os militares moderados viram-se forçados a iniciaram a ofensiva contra o estado caótico da nação, tomando posição a partir do posto operacional da Amadora, liderado por Ramalho Eanes.
Um pelotão blindado do RC do Porto movimentou-se até à Base Aérea de Cortegaça, onde estavam os 123 oficiais que abandonaram a base de Tancos uma semana antes. Jaime Neves, pouco depois das 19h do dia 25, saiu com uma força do RC da Amadora cercando as instalações da Força Aérea em Monsanto.
Enquanto o M´Puto seguia sua senda na procura da ordem institucional, teremos de recuar agora à Luua, a capital de Angola lembrando no entanto que o politico Mário Soares, lider do PS do M´Puto, que tardiamente, se apercebeu do estado caótico do rumo que o país levava, decididindo anuência a esta intervenção militar do 25 de Novembro de 1975 em Portugal e, que por fim, acabou com a bandalheira esquerdoida.
Em Angola surgiu o Poder Popular! E surgiu o Kaporroto, o kuduro e a vitória é certa. Eles já tinham inventado o monstro Imortal, o Valodia e o Monacaxito… Tudo era planificadamente certíssimo! Melo Antunes, Rosa Coutinho e uns quantos que nesse então ainda não tinha dado à sola para o álem (mas, que acacabaram por ir sim…)
As makas organizadas eram-no com o objectivo de criar o caos, provocar pancadaria e depois a vitimização com características de sofisticada mentira. Isso mesmo! Meter tudo ao barulho, pressionar psicologicamente supostamente as autoridades com vinculo à lei e ordem criando condições de favorecimento ao MPLA por parte dos militares do MFA das NT, e CCPA – Comissão de Coordenação do Programa do MFA e o Alto-Comissário.
Às tantas, já se fazia tudo às claras. Até o Idi Amim Dada se dava conta de tudo isto! Em um encontro de Melo Antunes com Henry Kissinger, aquele responsável português e a pedido do Secretário Americano disse que era difícil de lidar com Agostino Neto (era só mesmo para agradar àquele diplomata da USA…). Esse cérebro guia dos demais, chamado de Melo Antunes, foi dizendo a Kissinger que era difícil de classificar politicamente Agostinho Neto como um comunista ortodoxo!
Agostinho Neto, íngrato àquele e tantos outros esquerdoidos do M´Puto tiveram de engolir a falácia que este usou: à coisa dada ao MPLA, (Angola) teve a desfaçatez de dizer que a liberdade, não se recebe, arranca-se! Mas, que grandes mentiroso! Neto, com laivos de poeta (diga-se de baixo coturno…), dava dicas torpes de mau agradecimento aos militares revolucionários do M´Puto, quando em verdade, tudo recebeu destes (traidores…) Mas que pulha! Bem feito, cambada! Alguns não gostaram, diga-se… Assim e com João Miranda do Mukwé, algures no Shitemo, acabamos as falas da tarde com uns goles de gim com água tónica para espantar mosquitos…
GLOSSÁRIO: - *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes, durante e depois dos longos anos da crise Angolana, após o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional; Banga – estilo, vaidade excessiva; Tuji – excremento, merda; Mwangolés – os donos de angola, os generais que se apossaram da Nação Angola por via de seu poder libertário; Muxoxo - expressão com som de língua com palato em forma de estalo em desdém pelo dito; Mututa – da bosta, de ralé; Maka – confusão, rixa, alvoroço; Missosso – Conto breve de cariz popular em Angola; Kituku - mistério; Kaporoto – Vinho bolunga feito a martelo, de fermentação rápida com pilhas de lanterna; Uuabuama - maravilhoso; Oshakati – Nome de terra ao Norte da Namíbia; Lodge – Hotel de superfície, conjunto de casas para turistas; Rundu – Cidade do Norte da Namíbia, fronteira com Angola no rio Okavango; Grootfontein- Cidade da Namíbia que acolheu os refugiados de Angola, Xirikwata – pássaro que come jindungo…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
O mito do Orçamento
- As teorias da VITIMOLOGIA, DA MENTIRA E DA RECIPROCIDADE, sempre formulam um discurso sem substância…
Crónica 3498 – 06.10.2023
Por: T'Chingange (Otchingandji) na Lagoa do M´Puto
No Mundo, tudo está ficando muito igual no trato da mentira e, em uma qualquer vez, numa nova vez, sempre se lhe juntarão formas diversificadas nos diferenciados edecéteras. Num repente estratégico ela, a mentira passa a ser um mito enfiado na logística como se o fosse um tema de crédito saldado duma banal excentricidade.
Tal como as contas certas, a mentira na sua voracidade, encaixa sem esforço num novo orçamento, assim haja taxas suficientes – simples! Amarfanhados, os mitos sempre ficarão na mesma sacola do pão que sem o fermento certo e ajustado, se tornará pedra ao segundo ou terceiro dia. Pouco a pouco nos habituaremos à mentira tal como ao pão rijo do qual sempre se poderá fazer umas sopas de leite ou uma açorda.
Aqui no M´Puto, pela sobrevivência, até nos mitos somos verdadeiramente pobres. E o mito “socialista” ficará no saco misturado com as côdeas de ambição que ao jeito de partido-estado nos forçam na falsa suavidade feita lei. Os PALOP`s estão também cheios destes mitos: em Angola tomam o nome de “gasosa”, no Brasil o mito dos “sesta básica” e aqui “salário miserabilista”.
Em psicologia social, reciprocidade refere-se a responder uma acção positiva com outra acção positiva, e responder uma acção negativa com outra negativa. Acções recíprocas positivas diferenciam-se de acções altruístas visto que ocorrem somente como decorrência de outras acções positivas e diferenciam-se de uma dádiva social.
A sociedade torna-se assim em uma bolha vitimista, que a ser retratada fica sujeita a um PRR - O tão propalado Plano de Recuperação e Resiliência, um programa de aplicação nacional, com um período de execução até 2026 e que visará implementar um conjunto de reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado! Assim o dizem.
O objectivo de convergência do M´Puto com a restante Europa, ao longo da próxima década, permanentemente revogados, tornar-se-ão nesse mistério de queixa das gentes que convém desmistificar para bem da sociedade. O valor de ordens que sustentam a sociedade, é uma realidade objectiva criada pelas leis da natureza em que na igualdade das pessoas, sempre aparecerão algumas mais iguais. Tenho a certeza!
O factor pobre e rico, não tem de ser aqui evidenciados porque assim o dizem: O povo é um todo. Há sim outros indicadores que recaem sobre os líderes que concederão a seu belo prazer a esperança ou expectativa de sempre, darem respostas positivas futuras a seus pares, compadres e a costumeira corrupção, já tão vivenciada na partidocracia ou psocracia…
Lembrarei aqui os dizeres de um amigo chamado de José Canhoto: “Uma traça invisível corrói a minha mente fazendo-me perguntas às quais não sei responder porque para as respostas às verdades com as quais sou questionado não as tenho, e as poucas que conheço são relativas. O paraíso celestial não existe é uma ilusão, e quando alguém o atinge é sempre na terra e por breves momentos, e não depois de morto”. Mais diz:” Há alturas em que não me importo que me roubem o mundo desde que me deixem saborear a viver o momento”.,,
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3473 – 26.08.2023 - Foi no ano de 1999
- Escritos boligrafados da minha mochila - Aquele Bóere* das batatas do Vaal deveria ter mesmo olhos nos pés!
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Aqui há diamantes? Perguntei à suricata empinada numa pequena elevação que nada me disse, pudera! Sem se importar com essa brilhante pedra que ofusca gentes, fugiu para um dos muitos buracos ali espalhados; terra fresca denotando trabalho árduo para assim se refrescar daquele calor tórrido; calor que chega a ir a mais de cinquenta graus no pico do verão. Coisa para se dizer, Pópilas!
Pois aqui, damo-nos conta de que afinal, sempre há povos a descrever teorias ou filosofias novas clareadas por meio de metáforas que a natureza lhes ensina. Aquela de os pés dos bóeres têm olhos vuzumunava minha kuca com lantejoulas rupestes. Nestes espaços abertos dissociamo-nos dos conflitos sociais; das metáforas criadas pelo homem a justificar coisas sempre compreendidas numa forma de agradar.
As artes criativas dos homens continuarão a florescer com brilhantes expressões saídas da imaginação; novos níveis de conflito ou sedução e, porque a arte por vezes é a mentira a nos mostrar a verdade. Ué… Lembrei-me do professor Souares, um espiritualista com manias de mwata a enfeitar minha testa com unguentos de salsaparrilha e xixi de guaxinim fedorento, tentando resolver meus problemas de mau-olhado.
Este eterno conflito foi-nos legado pela inteligência que tende a evoluir no tumulto com velhas ou novas criticas - velhas teses ou teorias diferentes deste mwata Kimbanda da mututa que me quer desfrisar uns kumbús como assim, na saúde, na doença e o escambau… Um teste de vida de tendência evolutiva legada por Deus, porque pensar o contrário disto, será decerto uma imperdoável heresia. Nos vínculos efectivos do antes, agora, depois e, enquanto gente, vamos rever humanidades antigas de quando passamos de animais quadrupedes a pessoas com mais de 600 centímetros cúbicos de capacidade craniana. Se agora temos 1.500 centímetros cúbicos de capacidade, tudo leva em crer que no futuro, nossas cabeças serão tão grandes que só se nascera de operação cesária.
Este problema sempre presente e cada vez mais remanescente, não reside na natureza nem na existência de Deus mas, nas origens biológicas que pela mente cataloga o auge evolutivo na biosfera. Poderá dizer-se nesta pequena imagem de vida real que cada homem está por assim dizer num estreito nicho como numa burocracia de curral. A parede deste nicho esmaga-nos individualmente a personalidade levando-nos a não poder extravasar nossa euforia como se fossemos bois confinados só a mugir até serem defuntados com um urro levado na ponta dum facão. Por ali, entre os khoisans, busquimanos, que se saiba, nunca andou sequer um profeta escrevendo na areia qualquer mandamento…
As nossas atitudes em relação às coisas, reflectem critérios de valor fundamentais tornando a relação homem-coisa em algo cada vez mais transitório. Se eu fosse professor catedrático teria de vasculhar os termos para não falar tão fora dos parâmetros convencionais. A ideia de usar um produto-coisa uma única vez ou durante um curto espaço de tempo, substitui-lo ou deitá-lo ao lixo, contraria a sociedade ou os indivíduos com uma herança de pobreza.
As gentes do meu tempo, septuagenárias, que nasceram antes da invenção do plástico e do aparecimento do transistor, muito antes de haver computadores e inteligência artificial e ajuda dos algoritmos, não estão tão habituadas a produtos de utilizar e deitar fora; até conservam seus casamentos para lá dos cinquenta ou mais anos; preferem reciclar a vontade de fazer querer, em detrimento do só querer. Hodiernamente já nem vou a casamentos para não me sentir defraudado com a curta duração do umbigamento; quando muito, mando um pouco do meu laço de solidariedade com umas escassas centenas de kumbú para não o ser ovelha ranhosa na família…
Comecei esta em querer falar no homem das batatas da África do Sul mas tudo escorregou na ladeira mais fácil a fim de não perturbar as mentes, pois sempre ouvi dizer que a fé move montanhas. E, num lugar ermo como este do Calahári, aonde o estio é brutal, um homem semeou batatas no deserto e, porque acreditou em Seu Senhor, foi abençoado com toneladas de tubérculos. Contaram-me, vi até um filme que mostrava aquela arides. Ao seu redor havia descrença e a surpresa apanhou-os de boca aberta; Também eu fiquei confuso vendo tanta batata saída da terra. Terra que, com vento, só leventava pó. Este bóere do Vaal devia ter mesmo, olhos nos pés!
Bibliorafia: Bóere: Na África do Sul, os bôeres (africânderes) foram a base social principal do regime do apartheid, que durante muitas décadas vingou na África do Sul. Ao mesmo tempo, foram o grupo chave para o desenvolvimento económico da África do Sul e a posição de vantagem deste país na economia mundial… (Dados da Wikipédia…)
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – DO KUNENE na terra do NADA
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3470 – 21.08.2023
- Boligrafando MISSOSSOS de OSHAKATI do KUNENE, mais a norte
- Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
NO KUNENE, Aquele jacaré era gente! Gente boa que nasceu em corpo errado em Ondjiva (antiga Pereira d´Deça) no lado de Angola!... Rodrigues, seu primeiro dono, deu-lhe o nome de SUNDIAMENO. Isto, quase-quase é um missosso, da literatura oral angolana, contos, adivinhas e provérbios com homens, monstros, kiandas de Cazumbi, animais e almas dialogando sobre a vida, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de dialecto quimbundo e ovibundo. Óscar Ribas, um escritor cego que tive o prazer de conhecer na Luua, foi o seu criador.
No fogo do pó levantado do chão vermelho, margens do Kunene, os kandengues himbas dançavam com um jacaré domesticado; desconhecia que um jacaré podia ser domesticado mas, os olhos meus, me diziam no seu ver, que aquilo visto, era mesmo de verdade verdadeira. Vejo e aprendo que a natureza muito nos ensina com seu riso de muitas flores riscando no firmamento cinza com branco a azul, musgos de nossas velhices coloridas a vermelho com laranja.
Pus a mão no meu cérebro buscando naqueles milhões de células apalpar qual daqueles cabelos feitos bissapas estavam fora do sítio para entender aquela cena inaudível, inacreditável! Sei que tudo em minha vida resulta de guardar sempre comigo a esperança monandengue; de espiá-la com olhinhos de a ver balouçada no arco de minha sobrancelha.
Como se chama esse jacaré! Perguntei ao jovem mais próximo. – Com a boca! Respondeu o pivete. Pintado de coisa ruim consegui domesticar meu frenesim raivoso, e continuei: - Sim! Mas tem nome, não tem? – Chama-se de Sundiameno. Disse! Fiz uma cara feia, de nariz torcido e, ele, vendo-me embrutecido repetiu. É mesmo de Sundiameno porque não é de fiar! A gente lhe desconfia, acrescentou.
– Nem nele, nem no pai dele! Concluiu. Esta conversa tola seguia um rumo desclassificado e, foi neste então que vi sentado num banco de pau feito e atado com matebas, um mais-velho de barbas credíveis e brancas, também chambeta de condição. Dirigi-me a ele e entabulei uma conversa séria, falamos do rio Kunene e de seus mistérios.
Foi este mais-velho kota, já século, que me descreveu alguns mistérios e, que passo a referir: - Olha mwadié (branco) este rio tem muito cazumbi e muito feijão branco. Um dia ajudei um gweta, t´chindele Rodrigues, branco assim como tu, que domesticou desde criança, um jacaré a apanhar diamantes para ele. Saiu daqui muito de rico! Afirmou isto e, em seguida, apontando para suas muletas de fibra sintética disse:
-Foi ele que mas ofereceu! No lugar aonde o rio se esconde, fizemos acampamento por muitos anos até que chegou a guerra da libertação e, ele seguiu com a sua gente (refugiados / retornados). Este segredo, eu conto a toda a gente! Conclui na sua sabedoria filosófica de cat´chipemba com bolunga Lubanguista. Por ali passaram gado, camiões e máquinas amarelas de fazer estradas. Abriram umas picadas e depois seguiram para Walvis Bay e Swakopmund da Namíbia. O mistério daquele jacaré estava quase desvendado por mim, mas, na dúvida sobrante, perguntei: - Então, este jacaré kianda, apanhava os feijões brilhantes? Talqualmente! Respondeu o kota num claríssimo português com pronúncia do norte do M´puto. E, continuou: - Pois, fui eu mesmo que fiquei com estas muletas e esse jacaré Sundiameno.
O mundo é por demais misterioso! Nunca que eu ia acreditar nisto se não visse! O mais velho de nome Oshakati Primeiro, ainda me disse outra coisa em que não acreditei (juro mesmo!): - Sabes que mais, disse ele. Esse jacaré toca guitarra! Acompanhava muitas vezes seu antigo dono a cantar fados duma tal de Amália, uma sua prima muito conhecida lá do M´puto! Isto era demasiado para a minha camioneta; meti-me no four-bay-four e segui para Ot´xivarongo. Conversando com um outro velho amigo de Oshakati Primeiro, piscólogo do Kalahári de nome Ot´xivarongo de Tuji, disse-me já ser conhecedor desta estória e, surpresa das surpresas, aquele jacaré era gente! Gente boa que nasceu em corpo errado! Juro que tudo isto me transcende! Agora que contei, está contabilizado…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO – OTJIKOTO LAKE na terra do NADA
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3469 – 18.08.2023
- Boligrafando estórias de OTJIKOTO, perto do ETOSHA PAN - Foi no ano de 1999
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Otjikoto é um lugar aonde as musas lambem rochas - A poucos quilómetros a Norte de Tsumeb, na Namíbia, encontrei o angolano M´c Giver, zelador do buraco de sonho Otjikoto e tocador de baladas enlatadas, também anestesiadas de bolungas extracurriculares. Foi um fortuito encontro de amizade desértica. M´c Giver, tinha uns olhos visgosos tocando com gula a vida de simpatia numa velha viola feita em lata de azeite galo.
Aquele artefacto à qual chamou de “viola galo cantou” na qual fez aplicações com madeiras de cacto e buracos encantadores de assobios espaciais, havia sim, sonoridades extra particulares. Tanto assim que que ele, o M´c Giver teima em dizer terem sido trazidos do Kuito de Angola pois que, até exalavam cheiros de pólvora duma guerra que se extinguiu demasiado catingada É uma coisa assim nunca vista. Esta tecnologia de ponta deixou-me bem embalado em nostalgia na recordação do “Corimba show da Luua” – Um tocador ex-militar acantonado na vida …
Os turistas, saídos do Etoscha pela estrada longa B1, porque eram escassos, requeriam atenção desdobrada pelo tocador de baladas. Ali, num lugar distante de tudo, na terra do nada, um poço com água de fundura desconhecida, sobe e desce ao sabor dos quadrantes da lua, zuni uma pedra nas suas águas e por três vezes chispou na toalha lustrosa - xim-trás-pum. Estava parcialmente satisfeito o desejo do encontro com aquele, um especial buraco num vulgar dia e invulgar lugar a caminho e regresso do Etosha Pan. Pude averiguar ser o "Otjikoto", derivado da língua Otjiherero que significa "um buraco profundo". Os Khoisan chamavam o lago de "gaisis", que significa muito feio, porque tinham medo de pura cagufa desse grande buraco.
O Lago Otjikoto desempenhou um papel importante como posto comercial antes da chegada dos primeiros europeus tendo sido uma grande caverna de dolomita na área de Karstveld. O lago ficou exposto quando a cúpula da caverna, que agora fica no fundo do lago, desabou (uma teoria). Sua profundidade varia entre 62 mts nas laterais a 71 mts ao centro, embora haja locais onde a profundidade medida ultrapassa os 100 mts; até hoje, ninguém viu sua parte mais profunda.
O diâmetro é de aproximadamente 102 mts, com a superfície cobrindo 7 075 mts quqdados. O lago tem o formato de uma cabaça e, o que o visitante vê, é a cauda da cabaça. Até agora o que se sabe sobre o Lago Otjikoto, baseia-se no que foi retirado de suas águas - uma conquista de mergulhadores profissionais que, em seu tempo livre e às próprias custas, passaram inúmeras horas debaixo d'água para determinar o tamanho exacto do lago e descobrir os demais mistérios que ele contém.
Os mergulhadores estão actualmente com equipamentos modernos, ocupados na pesquisa do lago mistério e, suas cavernas subaquáticas, muitas das quais ainda são desconhecidas. O ambientalista Siegfried Agenbag compilou dados e factos sobre sua história, fauna, flora e sua infraestrutura técnica contemporânea nas proximidades, em análise aos rumores e segredos sobre aquelas águas escuras e sem fundo. Dizem até que, é sim um canal subterrâneo que liga ao mar por via de as águas subirem e descerem como se o fora maré habitual nos mares, por influencia da lua…
Despedimo-nos assim do M´c Giver angolano (eramos cinco) das areias e pedras de Otjicoto, do camaleão pré-histórico com picos ferozes e do louva-a-deus escandalosamente verde com a balada seguinte:
Num deserto cheio de vento - Espinheiras resistindo a tudo - A areia longa e solta na limpeza do ar - Da língua envolta em secura; …Na cabeça muitos sonhos - O tempo sem ida nem chegada - Moldura de gente, gente feita zebra - Fluidez imperfeita de uma vida…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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