NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM MARCIAL DACHALA
- Crónica 3677 – 25.04.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2025 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Foi nos anos de 1987 a 1989 que tomei contacto com Marcial Dachala, da UNITA e, que só muito mais tarde vim a saber ter o nome de guerra de "Salundilili". Creio que Dachala, era nesse então, o Representante Adjunto da UNITA em Portugal. E, sendo eu, Presidente do Comité de Lagoa do M´Puto na Diáspora, era lógico termos frequentes encontros em lugares, por norma, combinados quase em cima do acontecimento.
Em Portugal e naqueles anos, o meu telefone estava grampeado pela Policia Secreta Tuga - Foi o tempo de em Portugal se dar luta sem justificação plausível à UNITA durante aquela guerra na sequência do primeiro conflito de tundamunjila e, que culminou na Batalha de Kuito Cuanavale entre 15 de Novembro de 1987 e fins de Março de 1988.
Foram sempre encontros de grande empatia. Normalmente almoçávamos em casa de um militante e, em pleno mato, pois era em verdade um caserio envolto em ruinas, no meio dum descampado, no lugar de Alfanzina da Freguesia de Porches. Era ai, na casa de Veiga que, por norma nos encontrávamos.
Veiga recordava com saudade a fazenda de seu pai chamada de Chitatamera situada perto da cidade da Gabela. Agora, sou eu a recordar este amigo que já se foi para seu álem de Chitamera, lá nas nuvens… Posso recordar Dachala deliciando-se com as patas da galinha da gostosa canja que a esposa de Veiga nos preparava.
Os churrascos de pica-no-chão eram sempre feitos com grande esmero; tudo acompanhado com jindungo, daquele que picava p´ra caramba e a que Veiga chamava de onoto - só ele, lhe dava esse nome dizendo que cheirava a chibo. Ali levávamos horas repassando recordações acompanhadas com acepipes que Veiga, ali fazia, na hora…
Naquele então, Portugal estava totalmente submisso ao governo do MPLA, movendo-se por interesses de lesa-pátria e por esquerdoidos saídos dum tal de MFA que se perpetuaram no tempo. Sabiam de todos os nossos passos e, até mesmo em kizombas de amigos se faziam notar à socapa; socapa aonde estranhos, pareciam sondar tudo sobre nós e o Movimento UNITA que virou Partido de âmbito Nacional. Tempos espantados de inquietude.
Revejo isto agora, que já vamos longe no tempo., omitindo o dizer de coisas para segurança dos meus heróis, gente incógnita que não abandonaram os ideais de liberdade. Recorde-se que a Batalha de Kuíto Kuanavale foi o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana. E, aconteceu no sul de Angola, província de Cuando-Cubango…
Era muito agradável dialogar com Dachala Salundilili politico de primeira linha. Sempre dizia as coisas de um jeito perfumado: A UNITA é, inicialmente, um sonho. É dono deste sonho o Dr. Jonas Malheiro Savimbi. Este sonho é resultante das profundas marcas em sua vida. Desde o lar paterno passando pelos diferentes meios onde, socialmente, foi chamado a exercer-se. Assim o foi, tanto como estudante como depois como activista…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e Wiquipédia…
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA
- Crónica 3659 – 23.01.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
- “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto
Na razão de estar aqui e ali, nunca chegarei a saber porque tal como nas profecias, crenças e rezas com parábolas, ninguém pode fazer todas as perguntas, nem ninguém pode dar todas as respostas. Daquele sonho antigo ainda subsistem coisas bem estranhas em meus pergaminhos: - Os guerrilheiros da UNITA em tal assombração chamavam-me de Kato…
E, Kato era um Japonês de olhos longos, e não sei porquê, eu era esse mesmo personagem de olhos rasgados e desmilinguidos, com o nome completo de Katochimotokima que quer dizer António naquela língua de muitos kapas. Tenho assim de carregar na vida a minha cruz, na convicção de nunca poder justificar-me em pleno no papel de T´chingange…
E, tal como vós, nosso orgulho, podem sair falsidades com blasfémias. É assim a altura certa de sair do entorpecimento e continuar a transcrever o que meu herói chamado de Alcides Sakala Simões, ainda nos lega: «O Grupo Parlamentar da UNITA vai continuar a lutar para o fortalecimento e afirmação da Assembleia Nacional, como órgão de soberania com identidade própria, autonomia administrativa e financeira, representativa de todo o Povo…
Representatividade capaz de interpretar e exprimir em cada momento a vontade soberana do Povo, para o alcance dos objectivos da República de Angola, estabelecidos pela Constituição. Agradecemos aos angolanos pela confiança, o incentivo motivacional, o apoio multiforme e a partilha, afirma…
Sim! A partilha de críticas e sugestões durante as jornadas de proximidade desenvolvidas nas comunidades. Apesar de inúmeras dificuldades enfrentadas pela Administração Parlamentar e os Gabinetes de Apoio aos Grupos de Deputados residentes, expressamos o nosso reconhecimento pelo empenho e diligências para garantir eficiência e eficácia da Assembleia Nacional.
Aos Assessores, Assistentes, Funcionários e Agentes do Grupo Parlamentar da UNITA expressamos o nosso enorme apreço e gratidão. A nossa gratidão aos jornalistas, órgãos de imprensa e plataformas digitais que se dignaram cobrir as actividades do Grupo Parlamentar da UNITA durante o Segundo Ano Parlamentar», fim de citação...
Já quase no fim do sonho, surge-me um pássaro chamado de xirikwata a comer-me as malaguetas picantes mas, e também, dando-me consolo em sua forma de chilrear. Tropeçando nas silabas e invisíveis protozoários dum palavrório perdido nas bagatelas dum destino, vibro muito com as luzernas de liberdade de meu maior mano de nome Sakala.
Em sua hodierna página, Alcides Sakala comenta numa declaração alusiva à data de nascimento do Presidente fundador Dr, Jonas Malheiro Savimbi: "Quando em fim nós passarmos, como os homens da História passam, deixemos para os continuadores, o que não passa". É sob o lema: "Dr. Jonas Malheiro Savimbi – Símbolo da Unidade e Coesão do Partido". Que a UNITA comemorará a quadra alusiva ao 3 de Agosto de 2024…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da página de Facebook de Alcides Sakala
(Continua...)
O Soba T´Chingange
NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ALCIDES SAKALA
- Crónica 3656 – 11.01.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto
Andamos para trás ou para a frente de forma aleatória e por serem já coisas diluídas nos cacimbos e kiangalas, podemos ornamentar os factos com ausência de espanto; de só mesmo matando o tempo, de só falar! Gesticulando braveza de fingir, pulando ao redor dum herói de verdade, os luzidios e gordos generais do medo, fizeram a foto macabra para pendurar na parede escura do seu MPLA. Um herói não morre, nunca - só fica no rascunho.
Jonas Savimbi nunca se renderia, nem se ajoelharia, e se fosse capturado nunca deploraria que não o matassem. Não era homem dessa estirpe de covardes. Seria negar-se a si próprio, o que nunca faria. Seria negar o seu projecto de sociedade. Com a sua morte, perdemos uma batalha importante, mas não a guerra.
Recordamos a muita diplomacia lodosa, de quando Jonas Savimbi chamou «garoto» ao então ministro Durão Barroso do M´Puto, esse que esteve no comando da UE. Por seu turno, também recordamos quando João Soares, numa entrevista ao semanário Expresso, classificou os dirigentes angolanos como «um bando de cleptocratas»…
Talvez ele, João soares mantenha essa opinião, só que agora com mais fortes razões de o ser! E, das relações escondidas, que o Dr. Soares seu pai já defuntado, manteve confidenciais durante muito tempo, em virtude de «não querer que isso fosse do conhecimento da Internacional Socialista e, onde o movimento da UNITA não era reconhecido».
Pensando muito, aleatoriamente rumei de luzes escuras ao sonho dormido até chegar ao senhor dos anéis: algures num lugar esquecido e rodeado de mato. Alcides Sakala, bebia um chá de casca de mandioca com mel e mais folhas trazidas por um guerrilheiro muito hábil em encontrar esse mesmo mel silvestre; ambos resistíamos à perseguição dos inimigos, rio abaixo sem nunca pararmos por longo tempo. Era a guerra de Angola!
Definhados na sobrevivência, envolvidos de mistérios, e por imperfeitas sentenças de nossas virtudes, fazíamos façanhas aninhados num destino lendário, lugares esquecidos duma terra que no correr do tempo se desvanecia, se omitia em reconhecer alguns, como filhos; terra que se esquecia de nos lembrar, relegar ou, simplesmente desconhecer.
Foi no muxito escondido que relembramos a figura de Mário Soares que de visita às Seychelles, em 1995, em conversa informal com os jornalistas, após o jantar, falou de Angola (que visitaria oficialmente no ano seguinte) e sobre os líderes em confronto, emitindo esta opinião: «José Eduardo dos Santos é um homem banal»
Edu, não provoca a ninguém um virar de pescoço quando entra num salão, enquanto que Jonas Savimbi tem uma presença esmagadora! É um verdadeiro líder africano!». Já todos morreram - Tarde piaste, digo de mim para nós mas, e aqui corroboro com ele! Disse assim mesmo ao nosso comum amigo Mac Guiver, que me olhou sem espanto! Ainda preservo esses persistentes sonhos…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, do livro de Alides Sakala
(Continua...)
O Soba T´Chingange
A ORDEM MUNDIAL XV - Henry Kissinger *
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS - Crónica 3654 – 02.01.2025
-Escritos boligrafados na desordem mundial, actual
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Hoje, que já parece haver capacidade de fazer um micro robô do tamanho de uma vespa asiática em um bomba, é muito estranho que ainda não o tenham inventado; um qualquer desses insectos feito escaravelho, que pudesse entrar no ouvido de um qualquer PUTIM e fizesse PUM. Claro que, o seria enviado por um alto responsável da ONU como mensagem de PAZ. Faz falta haver um destes aparelhos milagreiros capaz de enviar alguém feito diabo, para Plutão…
Que assim o seja, um computador criado por forma a ser útil a mandar um qualquer cidadão de nomeada malvadez para o ciberespaço. Claro que por muita sensatez ou bom senso que isto possa ter, sempre o iremos ser manipulados por opiniões psicologicamente asseguradas em teorias opostamente consistentes. Cada vez mais nossa condição humana, o será moldada por factores inéditos de teorias novas…
Telemóveis, computadores e smartphones, aliados a tanta informação, opiniões e comentadeiros formam a condição de perfeita trindade para permanecermos permanentemente capturados; uma tão actual dependência que nos diminui a capacidade individual e reflecção intima que, hodiernamente nos submete a uma “inteligência artificial”. Algo que, inevitavelmente nos rebaixa o “quociente de inteligência” designado por Q.I.
Eu próprio, na qualidade de avô não posso referir a uma neta um simples dizer de “se Deus quiser” porque, logo virá numa atrevida candura feita reparo, uma nova versão repentistamente insana num desaforo e desamor, de que “Deus não existe”. Coisas que alteram profundamente nossa condição humana. Num repentinamente me sentirei múmia, metido numa anta, muito mais distante: lá da idade do cobre ou do ferro…
Como posso então explicar feitos da história, quase recente, do chamado Adamastor, o nome dado às tormentas passadas por Vasco da Gama, se contesta Deus. Estamos assim, a viver uma ficção transformista da cultura, torcendo o cientifico ou histórico por corriqueiras visões vistas nos dias de hoje como wokismo…
Uma quase nova percepção e consciência das questões relativas à justiça social e racial. Um vernáculo desviante das ancestrais culturas que os afro-americanos designaram de "stay woke" (em português: continue acordado ou desperto) e, cujo aspecto gramatical se refere a uma consciência contínua dessas questões. uma gíria mais genérica, amplamente associada a políticas identitárias, causas socialmente liberais, feminismo, activismo LGBT e outras questões culturais
Woke (totalmente desperto), é termo que aparece pela primeira vez na cultura política e nos anúncios políticos durante a eleição presidencial nos Estados Unidos em 1860 em apoio a Abraham Lincoln. O Partido Republicano cultivou o movimento para se opor principalmente à disseminação da escravidão, conforme descrito no movimento Wide Awakes.
:::::8
Falando das campanhas politicas, presidenciais entre outras, seja nos Estados Unidos da América ou no rasto do mundo, todas se transformaram em concursos mediáticos tendo entre seus gestores, peritos mediáticos de manuseamento de Internet como num vulgar possessos de marqueting. Estamos sim, a viver um período em que o futuro é determinado por forças alheias a toda a moderação.
FIM
Nota*: Com extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger, consulta em Wikipédia e ligeirezas do Soba …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Crimes na Jamba
- Crónica 3648 – 10.12.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Como podemos nós acrescentar à ciência o entendimento de simplicidades tão abrangentes; uma mão amiga! As pedras surdas e mudas que não podem testemunhar porque elas têm seu próprio destino, transformar-se em pó, e nós, em coisa nenhuma. Para provar que o que tem de acontecer acontecerá, haverá sempre um milagre a alterar o curso do destino, pequeno ou grande!
Desta feita tem o nome de “Kikas Xirikwata”, no feminino, que move vontades e ternuras a alterar este simples destino, seu toque milagreiro de bem-haja, pequenas de grandes coisas que fazem a diferença! Ora, relembrando: No ano de 1970 e 1971 com o lançamento da operação “Siroco” e “Rojão RH” a região do Leste de Angola é completamente dominada após a realização de operações especiais aos quais participaram Comandos…
Comandos, Páras, Fusos e o Esquadrão a Cavalo estacionado em Silva Porto, actual cidade do Cuíto. As autoridades portuguesas instauram um prémio de 100 contos a quem entregasse Jonas Savimbi, vivo e, outro de 50 contos, pela cabeça de Antunes Kahali, um comandante da UNITA conhecido pela prática de sua crueldade.
Mas, num agora posterior, “os periclitantes novos membros estão profundamente preocupados com as repetidas acusações de abusos dos direitos humanos em Angola e, em particular, às mortes de Tito Chingunji, Wilson dos Santos e suas famílias. “A situação fica particularmente delicada porque “Tito” alegou que o seu plano beneficiava de apoio actuante da CIA”.
São desconhecidas as movimentações de Backer mas, é conhecida a carta que o presidente e vice-presidente da “Senate Select Comité on Intelligence”, respectivamente David Boren e Frank Murkowski, enviaram a George Bush: Podemos nunca saber quem foram os responsáveis por estes crimes, mas o Dr. Savimbi tem de aceitar a responsabilidade pelo facto de terem ocorrido na jurisdição controlada pela sua organização politica e militar.
O facto de estes acontecimentos, terem acontecido depois da paz ter chegado a Angola, deixa-nos apreensivos. Espera-se por isso que certas e especificas acções sejam tomadas por ele, Jonas Savimbi que comanda o movimento UNITA. Voltando ao Antunes Kahali, este, decepava os órgãos sexuais dos militares portugueses abatidos, expondo-os com frases insultuosas nas aldeias e carreiros ali chamados de picadas.
Diz-se que o major Vitor Alves arrecadou o prémio apresentando uma cabeça que não era a de Kahali pois este soube-se ter falecido na Jamba em uma data posterior. Nesta mesma altura, o MPLA cria um grupo chefiado por Manuel Muti que tinha a obsessão de matar Savimbi. Fracassada essa tarefa, Muti adere à “Revolta do Leste” e acabando por mais tarde se entregar às “NT- Nossas Tropas”
NT, era talqualmente como se davam a conhecer as tropas do M´Puto em seus relatórios. Foi no lugar de Ninda que este aventureiro da guerrilha se entregou. Com o MPLA derrotado militarmente no Leste, Portugal desencadeia nova operação especial contra as bases de Savimbi, saldada por elevado número de baixas entre os guerrilheiros…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, do jornal Expresso e página do SAPO
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL XIII - Henry Kissinger *
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS - Escritos boligrafados na desordem actual
- Crónica 3646 – 02.12.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Messejana do M´Puto
E, Nixon estava certo ao afirmar que os chineses, inevitavelmente iriam ser no futuro uma potência económica mundial em varias vertentes: o futuro, é agora. O próprio Chu En-Lai, tomou isso em conta nos diálogos que mantiveram posteriormente. Revendo Nixon, teremos hoje de encostar às cordas Trump por bronco grunho que o é, insuportavelmente bruto.
O presidente Reagan estava convencido de que a intransigência comunista se alicerçava mais em ignorância do que em má-fé, mais em equivoco do que em hostilidade. Reagan nos finais da década de oitenta do século XX, disse: “os governos que assentam no consentimento dos governados, não declaram guerra aos vizinhos”.
E isto mesmo, veio a acontecer com a invasão da Crimeia em 2014 e da Ucrânia em 24 de Fevereiro de 2022 com a Europa olhando distraidamente, a propósito, somente para o seu umbigo, assobiando para lado nenhum e permitindo ao despudorado líder presidente Putin da Rússia, avançar com sua ousada vontade de alargar de novo suas fronteiras. O certo é que o Mundo anda borrado de medo com este jogador de poker!
Na URSS com Gorbatchev, este compreendeu que a União Soviética teria de mudar de rumo mas, subestimou o grau de fragilidade do sistema soviético ao implementar seus programas reformistas de transparência (glasnost) e reestroturação (perestroika) abrindo as portas a forças demasiado desorganizadas para fazer valer reformas genuínas…
Forças demasiado desmobilizadoras na sustentação de uma liderança totalitária proporcionando o surgimento de Putin. Entretanto, no ano de 1989 com Bush na presidência da USA, dá-se a queda do Muro de Berlim – o fim real da chamada Guerra Fria. E, aconteceram a Guerra do Golfo, com Bush a derrotar a agressão iraquiana contra o Koweit…
Um intervenção conjunta de aliança de vontades no seio da ONU, que veio também a originar a derrota infligida a Saddam Hussein após a invasão do Koweit no ano de 1991. Já com Clinton como presidente, o jihadismo, procura espalhar a sua mensagem elegendo os valores e instituições ocidentais, em particular os Estados Unidos como principal alvo e, que culminou com a destruição à bomba no Word Trade Center de Nova Yorque, bem no coração da grande América.
Pois, era o Alcorão a abrir caminho a normas jurídicas estranhas à Charia. Aconteceu a 11 de Setembro de 2011, abrindo a nova era de confrontos ideológicos militares na via terrorista de um vale tudo sucedendo às antigas e angustiantes discussões sobre as “lições do Vietname”, perfilando-se três décadas depois nas guerras do Afeganistão e do Iraque…
Guerras na qual a América retiraria de forma torpe, como soe dizer-se com o rabo a arder. A Guerra do Afeganistão teve um consenso internacional e, pela primeira vez, a NATO aplicou o artigo 5º do Tratado . Nove dias após os ataques do 11 de Setembro, o presidente George W. Bush, emitiu um ultimato aos dirigentes Talibãs do Afeganistão que aceitavam a Al-Qaeda: Entreguem aos Estados Unidos todos os lideres da Al-Qaeda que se acoitam em vosso território…
Ilustrações de Assunção Roxo
Nota*: Com extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger, consulta em Wikipédia e ligeirezas do Soba …
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil
- Crónica 3643 – 19.11.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
A minha ligação a Carlos Morgado foi esporádica ao longo dos anos em encontros e seminários com elementos afectos à UNITA, como eu. Nesse então éramos vigiados em surdina pela polícia do M´Puto com telefones grampeados. Sabiam sempre os passos que dávamos embora não nos entorpecessem.
Tive oportunidade de sentir isso quando em um encontro com autoridades Namibianas com a presença do presidente e líder da SOAPO San Nujoma, este, em um “miting” à margem do rio Okavango no Divundu, ter feito recados indirectos como que avisos aos infiltrados da UNITA em seu país.
Afavelmente, San Nujoma, cumprimentou-me em particular, desejando uma boa estadia turística; ainda guardo a foto que tiramos à margem do rio Kubango (Okavango), vendo-se do outro lado as chanas de Angola. José Pedro Kachiungo, o meu mais directo responsável da UNITA nesse então, sabia que eu estava ali por opção própria, sem estar numa declarada revelia.
Fiquei em dado momento muito grato pelo convite de Carlos Morgado ter-me proporcionado um almoço a sós em casa de pessoa amiga na cidade de Lagoa no Algarve tendo-me deixado a melhor impressão nas ideias que trocamos. Ele, andava pelo país, contactando de perto com as células activas e núcleos do movimento em Portugal.
E, aconteceu: No ano de 2002, tropas do governo matam Jonas Savimbi a 22 de Fevereiro desse ano, na província de Moxico. Jonas Savimbi morre "de arma na mão", como "um militar", numa emboscada das Forças Armadas Angolanas (FAA), sexta-feira à tarde, junto ao rio Luio, sudeste da província do Moxico, ao fim de cinco dias de perseguição pelo mato.
"Sete tiros foram suficientes para o abater". Foi assim que o Brigadeiro Wala, na qualidade de dirigente da "força mista que matou o líder da UNITA", resumiu o fim de Savimbi aos jornalistas presentes no local em que o corpo foi exibido - Lucusse, a 79 quilómetros do sítio da emboscada.
O relato é do repórter da Lusa, Miguel Souto. O destino de Savimbi, calculou Wala, era a fronteira com a Zâmbia, onde contava ser reabastecido pelos seus homens. Nos anos que se seguiram, pouco a pouco, os elementos afectos à UNITA foram sendo acantonados às suas próprias iniciativas.
Em Junho de 2002, quatro meses após a morte de Savimbi, fui a Angola tendo permanecido em Luanda, Sumbe e Benguela aonde permaneci um mês em casas de pessoas afectas ao MPLA. Em nada fui perturbado naquilo que quis observar… E, observei haver preocupação de alguns dirigentes que informalmente me cativavam a ideia de regresso a Angola. Isso não aconteceu, não obstante observar de longe a evolução da terra que me viu crescer como filho mazombo.
:::::
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL XII - Henry Kissinger *
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3642 – 14.11.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Estamos em Novembro de 2024. E, Trump ganhou as eleições nos USA! Sendo assim, põe-se em duvida se a Europa não virá a ser dominada por Moscovo; isto é pertinente se por ventura os países membros da EU – União Europeia, não tomarem a sério o caminho de o serem auto-suficientes em sua própria defesa, devido às mudança no equilíbrio geopolítico no Mundo.
Ter-se sempre em conta a pressão constante do Rússia sobre o Ocidente. Essa pressão, só pode ser contida mediante a aplicação hábil e vigilante de uma força antagónica nos pontos geográficos e políticos em constante mudança. Em caso algum, o Ocidente pode baixar a guarda.
O presidente Johnson que avaliava a guerra do Vietname nos temos tradicionais de defesa de um povo livre contra o avanço do totalitarismo, foi obrigado a tudo mudar, por via das grandes manifestações de rua feitas pelos estudantes, um pouco por toda a América.
Nos anos subsequentes à sua presidência que terminou em 1969, os homens dos galões, arquitectos da guerra, repudiaram publicamente as suas posturas no Vietname exigindo o fim das operações militares e, sua retirada em troca do mero regresso de todos os prisioneiros.
Quinhentos mil soldados americanos combatiam nessa distante terra do Vietname quando Richard Nixon, o presidente de então, assumiu pôr fim à guerra. Fechava assim um capitulo negro e pesaroso para essa poderosa América. Aqui sim! Perderam pelo desgaste… Nixon ordenou a retirada das tropas americanas a um ritmo de 150 mil homens por ano, pondo fim aos combates terrestes no ano de 1971.
Houve nitidamente por parte dos “States” uma deficiente avaliação da maneira de pensar de Hanói; em verdade foi um processo doloroso para os protagonistas. Aqui chegados verifica-se: A América perdeu a sua primeira guerra e, com ela, o fio da meada de uma concepção de Ordem Mundial.
Nixon extemporaneamente falou da China nestes termos: - O povo chinês é criativo, é produtivo e, um dos povos mais capazes do Mundo e, 800 milhões chineses inevitavelmente irão ser uma grande potência económica, com tudo o que isso significa em termos do que poderão ser em outras áreas se prosseguirem em essa direcção.
Quanto a mim, um simples cidadão de pé de chinelo cruo, uma quase cruel afirmação tapeando o bom senso de quem sabe dali, da China, saírem produtos baratos por via de trabalho escravo oriundo de um PCC, Partido Comunista Chinês perito na dissimulação, na mentira e, nas práticas mais horrendas na exploração humana. Vivemos numa falácia torpe e permanente, saídas de quem só se esperava grandeza…
Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger, consulta em Wikipédia e muxoxos do Soba …
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na Diáspora, já quase no ano Dois Mil
Crónica 3639 – 01.11.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Recordando uma figura de destaque que se dedicou à UNITA e ao seu presidente a cem por cento, salientamos que em Setembro de1990, Carlos Morgado, médico pessoal do Dr. Savimbi, tornou a fazer parte da sua comitiva ladeado com Jeremias Chitunda, que desta vez foram recebidos em Washington por George Bush “pai”.
A 31 de Maio a 11 de Junho de 1991, Carlos Morgado faz parte da maior delegação da UNITA que visita os países europeus após o acordo de Bicesse. No VII congresso da UNITA foi indicado “Ministro dos Quadros” dum governo sombra que o “Galo Negro” ia ensaiando, para uma possível governação após as eleições.
Logo após os acordos de Bicesse juntou-se ao elenco de dirigentes que Savimbi enviou a Luanda no ano de 1991. Em Dezembro do mesmo ano animou um alargado encontro com os quadros da UNITA no cinema Kipaka em Luanda ao lado do general Eugénio Manuvakola.
Em finais de 1992 e, quando se registaram confrontos entre militares da UNITA e do governo, nas ruas de Luanda, Carlos Morgado encontrou-se com Jeremias Chitunda, Salupeto Pena e Abel Chivukuvuku a preparar a saída de Luanda. Tendo socorrido soldados das FALA ferido, ficou sem peniclina e outros fármacos, apelado ao governo angolano que “pelo menos” aos soldados feridos fosse dado atendimento no hospital militar.
Não teve tempo, de socorrer mais ninguém, porque a sua vida também estava em risco; na tentativa da fuga foi alvejado nos membros inferiores, entre o largo Serpa Pinto e o ex liceu Salvador Correia. Foi levado para o Hospital Militar e mais tarde para as instalações do Ministério da Defesa onde ficou cerca de seis meses sob custódia do exército governamental, tempo que coincide com a morte do pai em Portugal.
Entretanto, diante ao clima de desconfiança que reinava, o mesmo abandonou Luanda e foi indicado representante da UNITA em Portugal e membro da missão externa. Em seu lugar foi indicado um novo médico pessoal de Savimbi, o Dr Leon, de origem congolesa.
Mais tarde em Fevereiro de 1995, Carlos Morgado foi ao Bailundo participar no VIII Congresso da UNITA tendo tratamento VIP com direito a cadeira ao lado do Presidente e do SG do partido, denotando reiteração da confiança de Savimbi. Enquanto membro da Missão externa (ME) em Portugal passou actuar como “head center” de uma rede de inteligência, da UNITA neste espaço europeu.
Jonas Savimbi que se encontrava refugiado no Huambo mostrava-se preocupado com a situação do seu médico pessoal. A 9 de Março de 1993 fez uma mensagem “a nação” exigindo a libertação do mesmo: “Exigimos imediatamente a libertação do Dr. Morgado que, por uma questão de humanidade, seja dada liberdade ao Dr. Morgado, para abraçar a sua mãe, que perdeu o marido".
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL XI - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3638 – 29.10.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
O Canal do Panamá, inaugurado em 1914 deu à América um estatuto de vantagem decisiva em qualquer conflito regional, tanto do lado do Oceano Atlântico como do Pacifico. Com a politica do “Big Stik”, o presidente Roosevelt, mesmo assim, foi o primeiro americano a receber o Nobel da Paz.
Fazendo sucesso com essa prática de «falar com doçura brandindo um grande pau», o grande porrete bem atrás das vistas e orelhas, foi eficaz. Suas iniciativas, levaram os Estados Unidos da América a ter a maior frota naval, tornando-se uma Polícia Internacional, tendo mudado o curso da história e evitando a destruição do legado cultural e político da Europa.
Coube a Harry S. Truman, presidente dos USA, concretizar a ideia de uma organização internacional a que foi dado o nome de Organização da Nações Unidas. A carta fundadora assinada em São Francisco em 1945, combinava duas formas d deliberação internacional.
A qualidade de membro da Assembleia Geral era Universal e baseada na doutrina da igualdade dos estados – um estado, um voto. Um pequeno - grande senão, foi a inclusão do direito a veto às grandes potências de USA, China, França, Reino Unido, Rússia, os chamados de P5, tornando uns mais iguais que todos os demais.
O Conselho de Segurança, tem como “membros permanentes” com direito a veto às cinco grandes potências acima referidas. Este Conselho foi investido na responsabilidade especial de «manter a paz e a segurança internacionais». E, foi um Plano chamado de Marschall que em 1948, lançou um programa de recuperação que viria a restabelecer a saúde económica da Europa.
Foi Dean Acheson, secretário de Estado de Truman que presidiu à cerimónia comemorativa da fundação da NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte, pedra angular da nova ordem internacional patrocinada pelos americanos. A NATO, representa hoje uma nova via para a consolidação da segurança europeia.
O pesadelo que sempre assombrou os aliados durante a chamada Guerra Fria, foi o colapso da União Soviética no ano de 1990. As nações que se filiaram na NATO, contribuem com alguma foça militar, mas o grande significado disto era, e é, um bilhete de entrada para o abrigo do guarda chuva nuclear da América.
Tudo o que Truman edificou com garantia unilateral sob a alçada da NATO, corre o perigo de se desmantelar neste ano de 2024 (5 de Novembro), se porventura nos Estados unidos da América ganhar as eleições o aventureiro anárquico chamado de Trump. Tomara que esse senhor Trampas, não tome as rédeas daquele “povo escolhido”, como polícia do Mundo. Estou fazendo figas porque, o tempo “ruge”…
Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger, consulta em Wikipédia e ligeirezas do Soba …
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na diáspora e após a “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3635 – 17.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
::::1
Aconteceu que sempre escapei a este assedio por parte de dinamizadores do tal MDP-CDE. Como disse não estava disposto a desalojar patrões chamados de fascistas pelos ganhões. Havia gente próxima que me esclarecia a contornar este procedimento mas, o certo é que andava com minha moral muito nas lonas pois que não via bons auspícios futuros.
Em Portugal, havia gente do PCP a fazer triagem na colocação dos regressados do Ultramar Português em Órgãos de Administração. Faziam listas, procuravam-nos e colocavam-nos nos lugares mais aprazíveis a contento destes. Que me fuzilem se estou a dizer uma inverdade!
Os revolucionários do Pós-25 do PCP e MDP-CDE e o magote de gente que lideravam tomaram de assalto os Serviços de Educação, da Reforma Agrária, na Industria, Comércio e Sindicatos. Diziam; era o PREC.
:::::2
Recordo que o Sindicato da União de Autarquias Locais - do Sul, STAL a dado momento recusou o ingresso de técnicos em suas estruturas. Foi quando me senti relegado para a masmorras dum barco que passou a ser a minha pátria, lugar aonde guardei minhas mágoas, meus desaires num baú: - O NIASSA…
Falo por mim, mas muitos outros tiveram que trilhar caminhos muito iguais. Para não me mentir, terei de continuar esta senda até que julgue estar ressarcido em parte dos desmandos, assim seja para desabafar porque, outra coisa não posso esperar. Este arquivo vai ficar morto como coisas do passado tal como o vapor NIASSA que se tornou sucata!…
As assembleias de trabalhadores eram mais que muitas e tudo se decidia de punho no ar e isto assombrava-me de todo. Inscrevi-me para uma organização em Lisboa, CIME, Comissão Internacional de Migração Europeia e pouco tempo depois fui chamado pois tinha colocação na Venezuela mas, teria de ir de barco.
:::::3
Eu vou sim, disse! Nem que seja de barco à vela e, aconteceu: fui mesmo! Foi o melhor que poderia ter feito. Levei uns doze dias a curtir férias no paquete Flávia cheio de turistas saídos de Itália, destino Caracas com descida em La Guaíra.
Entretanto na Jamba da UNITA com o seu famoso e único sinaleiro que todos os jornalistas fotografavam, era a capital das chamadas Terras Livres de Angola, espécie de região autónoma que Savimbi instituiu em 1979 no sudoeste angolano e onde a ajuda americana chegava através da África do Sul. A Jamba resistiu às ofensivas do exército angolano de 1976 a 1994. Ficaram famosos os “Jamba Tours” com políticos portugueses.
:::::
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Na diáspora e após a “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3633– 10.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Após o ano de 1994, haveria que manipular os espíritos inseguros, carregar nos botões certos das almas inocentes, com o fígado incompleto, candengues sem estrutura para os virar monstros desapiedados com o nome de pioneiros… Eram ideias desfibrilhadadas numa antiga dor sem sentimento nem culpa.
O Sol não tinha como se abraçar a nós, nem se poderia esperar isto. O tempo escasseia-me muitas vezes, para poder redigir antigas histórias escondidas, que até posso antever reais a tempo inteiro. Nessas alturas levanto voo, plano como um albatroz e por aí vou fora, sem parágrafos ou pontos finais, com diálogos que de dinâmicos, só o serão na ficção!
Para que conste: No M´Puto, naquele então e após o voo grátis de “Lualix” sem volta, as solicitações de trabalho para os municípios e outros organismos através do IARN (Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais) iam-se fazendo. As colocações de funcionários, de forma dissimulada por vezes, já tinha um nome para uma tal pessoa a destacar…
E, no desvario da revolução, as colocações eram feitas preterindo amiudadamente os refugidos conotados como anticomunistas; com os respingos de ideologia do PREC - Processo de Revolução em Curso do M´Puto, muitos o eram por vezes preteridos por gente conotada à esquerda (pró MPLA). Hoje posso ver com mais claridade o que era essa força do Partido Comunista com suas células e comités de intervenção.
Dando um salto à frente, anos mais tarde Alcides Sacala da UNITA, na Diáspora, deu-me posse de Coordenador da Zona Sul de Portugal e isto trouxe-me inúmeros problemas tais como escutas telefónicas; houve sim, outros contratemos, mas que, não cabe aqui referir.
Recuando um pouco, minha base era a Caála chamada de Robert Williams, uma pequena cidade que ficou com o nome de um abnegado dirigente dos Caminhos de Ferro de Benguela. Só muito mais tarde e a partir do 11 de Março de 1976 as coisas começaram a tomar novo rumo. Tive a sorte de ser colocado como destacado em um município tendo na presidência um elemento do MDP-CDE.
Passados que são cinquenta anos, ainda anda por aqui e ali, muita gente com quem temos amizade, que dão um encolher de ombros às lembranças de então. Por isso, nesta descrição andarei um pouco mais à frente ou atrás no tempo, para inserir o essencial dos problemas que afectavam milhares de seres como eu, com iguais circunstâncias - retornados; gente que quis esquecer e, acabou mesmo por assim o ser, só que alguns entretanto defuntaram-se…
Convém aqui dizer que os gestores do MDP-CDE do Município em que fui destacado no Ribatejo, jogavam na perspectiva de obterem em mim um técnico a ser moldado ao seu jeito na reforma agrária. Quiseram sim levar-me para o Alentejo a dar animo a uma reforma da qual nada me dizia. Dias-a-fio, era assediado para ingressar em suas fileiras e ir comandar as tropas de insurrectos dessa reforma agraria no Alentejo – Os moirões, os levanta telhados dos montes, propriedade de latifundiários fugidos para o Brasil…
:::::
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Depois da “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3632– 06.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Mugabe e Mandela disseram que estariam dispostos a encontrar-se com Savimbi. Mandela pediu que ele fosse à África do Sul, mas Savimbi não foi. O acordo criou uma comissão conjunta, composta por funcionários do governo angolano, da UNITA e da ONU, com os governos de Portugal, Estados Unidos e Rússia como observadores, para supervisionar sua implementação
Havendo violações nas disposições do protocolo serão discutidas e revisadas pela comissão. As disposições do protocolo, integrando a UNITA nas forças armadas, um cessar-fogo e um governo de coligação, eram semelhantes às do Acordo do Alvor, que concedeu a Angola a independência de Portugal em 1975.
Àquele acordo subsistiam muitos dos mesmos problemas ambientais, descon-fiança mútua entre a UNITA e o MPLA, falta de supervisão internacional, importação de armas estrangeiras e ênfase excessiva na manutenção do equilíbrio de poder, levariam ao colapso do protocolo…
Recordando: - Passados já uns cinco anos dos recontros da Batalha do Cuíto Cuanavale, é dado a conhecer pelo toxicologista criminal belga Dr. Aubin Heyndrickx, o uso de gases na guerra. Ele, estudou supostas evidências, incluindo amostras de "kits de identificação" de gás de guerra encontrados após a batalha em Cuito Cuanavale…
E disseram: alegando que "não há mais dúvida de que os cubanos estavam usando gases nervosos contra as tropa Jonas Savimbi" - As tropas cubanas foram neste então acusadas formalmente de terem usado gás nervoso contra as tropas da UNITA durante a guerra civil.
O envenenamento por aquele agente nervoso leva a contracção de pupilas, salivação profusa, convulsões e micção e defecação involuntária, sendo que os primeiros sintomas aparecem segundos após a exposição. A morte por asfixia ou parada cardíaca pode ocorrer em minutos devido à perda do controle do corpo sobre os músculos respiratórios e outros.
Os agentes nervosos também podem ser absorvidos através da pele, exigindo que aqueles que provavelmente sejam submetidos a tais agentes usem uma vestimenta completa, além de um respirador. Os agentes nervosos são geralmente líquido insípidos de coloração que varia entre o incolor e o âmbar e podem evaporar para um gás.
Os agentes sarin e VX são inodoros; o tabun tem um odor ligeiramente frutado e o soman tem um leve odor de cânfora. Os jovens não conhecem esta história. E, a paz e reconciliação em Angola nunca se conseguirão com base na mentira”. Assim se recorda Mário Pinto de Andrade: “ninguém pode negar a História, mas tem de se falar com realismo.
Iluustrações aleatórios de Assunção Roxo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Antes e Depois da “SEXTA-FEIRA SANGRENTA”
Crónica 3631– 03.10.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
A UNITA tentou retirar o controlo de Cabinda ao MPLA em Janeiro de 1993. Edward De Jarnette, chefe do Gabinete de Ligação dos Estados Unidos em Angola para o governo Clinton, alertou Savimbi que, se a UNITA impedisse ou interrompesse a produção de Cabinda, os Estados Unidos encerrariam seu apoio. Aqui, deu para se entender que os piores amigos eram mesmo, os americanos.
A 9 de Janeiro, a UNITA iniciou uma batalha de 55 dias contra Huambo, a "Guerra das Cidades". Centenas de milhares fugiram e 10 mil foram mortos antes que a UNITA assumisse o controlo a 7 de Março. O governo engajou-se em uma limpeza étnica kikonga e, em menor grau, de ovimbundos e, em várias cidades, principalmente Luanda como o de 22 de Janeiro, o já referido massacre da Sexta-Feira Sangrenta.
Recordar que os chamados rebeldes da UNITA e os representantes do governo encontram-se cinco dias depois na Etiópia, mas as negociações em restaurar a paz falharam. O Conselho de Segurança das Nações Unidas sancionou a UNITA através da Resolução 864 a 15 de Setembro de 1993, proibindo a venda de armas ou combustível para a organização.
Talvez a mudança mais clara na política externa estadunidense tenha surgido quando o presidente Bill Clinton emitiu a Ordem Executiva 12865 em 23 de Setembro, rotulando a UNITA como "uma ameaça contínua aos objectivos de política externa dos Estados Unidos" em Angola.
O Protocolo de Lusaka de 1994 veio reafirmar os Acordos de Bicesse. Savimbi, não querendo assinar pessoalmente esse acordo, enviou o ex-Secretário Geral da UNITA Eugénio Manuvakola representando em seu lugar, o partido. Manuvakola e o Ministro das Relações Exteriores de Angola, Venâncio de Moura, assinaram o Protocolo de Lusaka em Lusaka, Zâmbia, em 31 de Outubro de 1994, concordando em integrar e desarmar a UNITA.
Ambos os lados assinaram um cessar-fogo como parte do protocolo em 20 de Novembro. Sob o acordo, o Governo e a UNITA cessariam as hostilidades e desmobilizariam 5 500 membros da UNITA, incluindo 180 militantes, que se uniriam à polícia nacional angolana, 1200 membros da UNITA, incluindo 40 militantes, que se uniriam à força policial de reacção rápida e os generais da UNITA, que se tornariam oficiais das Forças Armadas Angolanas.
Mercenários estrangeiros retornariam aos seus países de origem e todas as partes parariam de adquirir armas estrangeiras. O acordo estipulou dar aos políticos da UNITA casas e uma sede. O governo concordou em nomear membros da UNITA para chefiar os ministérios de Minas, Comércio, Saúde e Turismo, além de sete vice-ministros, embaixadores, governos de Uíge, Lunda Sul e Cuando Cubango…
Tambem destinou vice-governadores, administradores municipais, vice adminis-tradores, e comuna de administradores. O governo, libertaria todos os prisioneiros e amnistiaria todos os militantes envolvidos na guerra civil. O presidente do Zimbabwé, Robert Mugabe, e o presidente sul-africano, Nelson Mandela, reuniram-se em Lusaka a 15 de Novembro de 1994 para aumentar o apoio simbólico ao protocolo.
:::::
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL IX - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3630 – 30.09.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
De tudo o que foi dito, fica-se com a convicção de que o certo, é os israelitas nunca baixarem a guarda! À medida que os armamentos nucleares alastram em mais mãos, os cálculos de dissuasão tornam-se cada vez mais efémeros e cada vez menos fiáveis. E, assim sendo só me resta dizer: “Cristo, vêm cá abaixo ver isto”; mas, que venha armado!.
Sim! O que na realidade tem acontecido é verificar-se o progresso constante da capacidade nuclear iraniana, enquanto a postura do mundo Ocidental vai ficando mais frouxa O que se pode saber é que o Irão vai ignorando as resoluções da ONU, construindo centrifugadoras perante a apatia permissiva dos países da linha da frente…
No recente ano de 2013, o Irão reconheceu possuir sete toneladas de urânio com baixo grau de enriquecimento, quantidade que pode gerar em escassos meses o equivalente a dez bombas do tipo de Hiroxima. Perante o grupo negociador do controlo nuclear P5+1 o Irão afirmou que seu programa de pesquisa nuclear, o é, para fins civis e pacíficos…
Os países do grupo P5+1 são: Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino unido e Rússia. De todas as negociações já levadas cabo, a consequência prática tem sido a aceitação de um programa iraniano de enriquecimento de urânio sem se saber ao certo de qual será a sua dimensão.
Em verdade, quem vai conter as vagas de jihadistas, sunitas ou xiitas em seu extremismo militante, que ameaçam hoje a região. Quem é que vai acreditar!? Se o Irão conseguiu construir duas instalações secretas de enriquecimento de urânio sob vigilância (inspecção) internacional. Na visão do aiatola Khomenei, a jihad não tem fim, porque satã e a frente satânica são realidades eternas…
Ali, o equilíbrio de poder nunca é estático; seus factores fluem permanentemente. Decorridas duas décadas sobre a devastação da Segunda Guerra Mundial, o Japão reconstruiu-se como grande potência económica mundial. Quanto à India e depois da resistência passiva de Mohandas Gandhi pela sua espiritualidade de Mahatma que combateu o poderoso império Britânico pela astucia humilde…
E, seguiu-se-lhe como primeiro ministro Jawaharlal Neru e, mais tarde Indira Gabdhi, também como primeira ministra de 1966 a 1984, conseguindo ambos, alcandorar sua jovem nação a uma força destacada na ordem internacional depois da Segunda Guerra Mundial.
A essência de sua estratégia tem permitido à India obter apoios em ambos os lados da chamada Guerra Fria, conseguindo assistência militar e cooperação diplomática do bloco soviético, enquanto lhe é dado apoio moral m meios intelectuais e auxilio ao desenvolvimento económico por parte dos EUA; uma opção sábia para uma nação emergente.
:::::
Ilutrações aleatórias de Pombinho
Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL VIII – “Contradições do Império”
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS - Escritos boligrafados na desordem actual
- Crónica 3626 - 15.09.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Lgoa do M´Puto
Esse foi o primeiro grande conflito impulsionado pelas ideias do Destino Manifesto (coisa vaga), ou seja, na crença de que os Estados Unidos tinham o direito, dado por Deus, de expandir suas fronteiras por toda a América, civilizando-a. Os Estados Unidos ampliaram o seu território em cerca de um quarto (25%), em 2,3 milhões de quilómetros quadrados.
Enquanto o México perdeu aproximadamente metade do seu (50%). Os EUA tomaram ao México partes do Colorado, do Kansas, do Wyoming, do Alabama e do Texas. Toda essa área soma mais do que a França, a Grã-Bretanha, Alemanha, Espanha e Itália juntas. A liberdade aos escravos dada por Santa Ana comprometia a manutenção dos estados do Sul com suas vastas culturas de algodão feitas exclusivamente por escravos.
PANCHO VILLA - O México foi invadido com o bloqueio dos portos de Vera Cruz e vencido numas quantas batalhas, levando o México a um tratado sem honra. No tratado de “Guadalupe Hidalgo” a 2 de Fevereiro de 1848, com a troca por 15 milhões de pesos. Os Estados Unidos anexam uma área de dois milhões de quilómetros quadrados, os territórios do Texas, Novo México e Califórnia, que compoêm hoje os estados de California, Nevada, Utah, Arizona, Colorado, Novo México e Texas.
A anexação do México levou a que o poeta e escritor Walt Whitman afirmasse: -“Como o México é miserável e ineficiente – com sua superstição e sua burlesca liberdade…”. O México, não mais se livrou desse lado burlesco, tão visionado nos filmes de cowboy. Há a acrescentar aos territórios, o Alasca comprados aos Russos uma vasta região fria com mais de um milhão de quilómetros quadrados.
Em 1901, cinquenta e dois anos depois da aquisição do México por meia dúzia de garrafas de “tequilla” Theodoro Rosevelt abre a guerra com a Espanha tomando-lhes Cuba, Filipinas e Porto Rico. As ilhas de Guam já tinham sido tomadas de assalto em 1898 e em seguida tomaram o Havai e o Haiti aos Franceses…
Do Haiti só sairam após a entrega das ilhas a um fantoche chamado de Duvalier que governou em ditadura; seguiu-se-lhe o Papa-Doc com sua feróz gendarmeria através dos seus “Tom-Tom Macutes”. No seu impulso de guerreiros guardiões do globo e, com Franklim Roosevelt entram na segunda guerra mundial proporcionando-lhes uma saída à forte recessão de 1939 (ler vinhas da ira) com o envio de géneros alimentícios, maquinaria de guerra e ajuga militar, ajuda paga com juros pelos Europeus através do plano Marchal.
Em 1953, Lyndan Johnson entra em guerra com a Coreia com um falso pretexto de serem ameaçados nos mares de Nanquim, uma inventada tramoia de um hipotético ataque; sempre, sempre queixando-se de serem “o fardo branco” na preservação do mundo.
A presidência Norte Americana é o trono do homem comum. De uma lista de mais de 40 presidentes até hoje eleitos, tiram-se uns cinco deles como tendo personalidade verdadeiramente relevante. Os ricaços Rockefeller, J.P.Morgam, Henry Ford ou Bill Gates jamais ambicionaram ir morar para a Casa Branca. Governar a América cercada de burocratas em geral inoperantes, não é para eles uma boa tentação em comparação com o seu bem mais proveitoso, o mundo dos negócios. Chegados aqui com estes exclarecimentos é tempo de voltar ao livro de Henry Kissinger – A Ordem Mundial
:::::
Bibliografia consultada: América - A história e as contradições do império por Voltaire Schilling
(Continua...)
O Soba T´Chingange
A ORDEM MUNDIAL VII – “Contradições do Império”
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3622 - 06.09.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
EXPANSÃO DA AMÉRICA - A Compra da Louisiana, concluída em 1803, foi negociada por Robert Livingston, durante a presidência de Thomas Jefferson, o território foi adquirido da França por US $ 15.000.000. Uma pequena parte deste território foi cedida ao Reino Unido em 1818 em troca da Bacia do Rio Vermelho.
Mais desta área foi cedida à Espanha em 1819 com a compra da Florida, mas depois foi readquirida pela anexação do Texas e a Cessação Mexicana. Para terminar haverá a tecer duas importantes considerações a levar em conta: Fé e política, não se impõe nem se prescrevem porque mesmo recomendadas, ter-se-á em conta que ninguém que esteja privado de as possuir representará a verdade. É isto a democracia!...
A 30 de Abril de 1803 mais de 1300 quilómetros quadrados, duas vezes maior do que a França, passa ao controle dos Estados Unidos. Napoleão Bonaparte vendeu por 15 milhões de dó lares esse vasto território da Louisiana. Este vasto território inclui os estados actuais de Louisiana, Arkansas, Oklahoma, Missouri, Kansas, Iowa, Nebrasca, Dakota do Sul, Wyoming e Minesota.
Os Estados Unidos com Thomas Jefferson, dobrou a extinção do país sem queimar uma só libra de pólvora. Um ano depois daquela compra a Napoleão, num Maio de 1804 no rio Wood, os Capitães William Clark e Lewis, com mais de trinta homens formando o “Corps of Discovery“ desbravam o Noroeste alcançando o grande Oceano Pacífico em Janeiro de 1806.
Desta expedição resultou a anexação dos estados de Oregon e Idaho por conversações com os índios em troca de bugigangas e promessas. Os estados de Washington e Montana foram-lhes cedidos por seus primos Canadianos, tudo acordado com a Grã-Bretanha pais colonizador; um começo grandioso…
A expansão gringa com o tal “sonho Americano” vem desde 1806 quando Aarom Burr à revelia de Thomas Jefferson queria conquistar o México. Burr, o homem que queria ser rei pois, “ele tinha um sonho” recrutou uma numerosa milícia em Ohio mas foi barrado em seus intentos pelas forças da União a mando de Jefferson que não desejava nesse então problemas com as guarnições Espanholas da Nova Espanha.
Aquela ambição de Aaron Burr, veio a ser concretizada em 1844 que, a pretexto de proteger o Texas de Pancho Villa, num aberto repúdio ao decreto do General Santa Ana do México, que abolia a escravidão em terras mexicanas, o invade. Assim, os EUA são um país com 50 estados que cobrem uma vasta faixa da América do Norte, com o Alasca ao noroeste e o Havaí no Oceano Pacífico, estendendo a presença do país.
As principais cidades da costa atlântica são Nova York, um centro financeiro e cultural global, e a capital, Washington, DC. Chicago, uma metrópole do centro-oeste, que é conhecida por sua importante arquitectura, enquanto Los Angeles, na costa oeste, é famosa pelas produções cinematográficas de Hollywood…
:::::
Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
Bibliografia consultada: América - A história e as contradições do império por Voltaire Shillings e na Google
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* . ELEIÇOES - “OS 3 DIAS DAS BRUXAS”
- Crónica 3620 – 31.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Recorde-se: De 29 e 30 de Setembro de 1992 diz Filomena Lopes líder do Bloco Democrático, partido da oposição angolana: “foram naturalmente três dias horríveis", data em que se interrompeu o processo de paz em Angola. Fui apanhada de surpresa, sobretudo numa altura em que se tentava encontrar soluções políticas para o problema.
Filomena diz: - “Matava-se tudo. Matavam-se todos os que tivessem alguma ligação com a oposição. ”Milhares de apoiantes e dirigentes da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) são assassinados em Luanda e em outras localidades do país. Também há vítimas da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). “É a primeira vez, na história da guerra civil angolana, que políticos morrem em combate”, escreve o jornalista Emídio Fernando no livro Jonas Savimbi, “No Lado errado da História”.
Savimbi chamou a situação de "crise mais profunda" da UNITA desde a sua criação. Estima-se que talvez 120 mil pessoas tenham sido mortas nos dezoito meses após a eleição de 1992, quase metade do número de baixas dos dezasseis anos anteriores de guerra. Ambos os lados do conflito continuaram a cometer violações generalizadas e sistemáticas das leis de guerra.
A UNITA, em particular, foi culpada de bombardeios indiscriminados de cidades sitiadas, o que resultou em um grande número de mortos civis. As forças do governo do MPLA usaram o poder aéreo de maneira indiscriminada, provoando muitas mortes de civis…
O tema ainda é tabu em Angola e até desconhecido por muito jovens. Daí a importância de uma boa estratégia de reconciliação, desde que não se branqueie a verdade, defende Orlando Castro: “Estes massacres são os mais visíveis, quer os de 27 de Maio de 1977, quer os de 1992; são os mais visíveis pelo número de vítimas, mas o MPLA tem muitas outras histórias porque ao longo da guerra – embora a UNITA obviamente também tenha cometido grandes erros – o MPLA, até pelo poder militar que tinha, massacrou muita gente inocente.
“Foi uma nova tentativa de decapitar a UNITA”. Orlando Castro conta: "Na história do MPLA, os massacres, ou as purgas, ou o que se lhe quiser chamar, são uma regra estratégica do regime, mesmo até para os próprios simpatizantes do MPLA”. Essa prática vem-se verificando até aos dias de hoje (2024) segundo muitas versões contadas aqui e ali, em livros ou crónicas nos jornais e redes sociais.
Contadas até por gente fugida ao sistema, que sempre acusam o MPLA na utilização de venenos para eliminar parceiros ou amigos considerados insuspeitos. Quem lê o “Fórum de Liberdade” nas redes sociais de Fernando Vumby exilado na Alemanha, um antigo elemento da DISA - a polícia política do governo de Agostinho Neto, fica com os cabelos em pé...
Até hoje – ano de 2024, permanece por esclarecer quem ordenou o massacre após s eleiçõea. O número de vítimas também nunca foi confirmado, mas estima-se que tenham morrido entre 10 mil e 50 mil pessoas. Outros gráficos, baseadas em números da Igreja Católica, estimam que foram mortos de 25.000 a 40.000 partidários da UNITA e da FNLA…
:::::
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto …
(Continua…)
O Soba T'Chingange
A ORDEM MUNDIAL VI - Henry Kissinger*
FRIVOLIDADES CONTEMPORÂNEAS
- Escritos boligrafados na desordem actual - Crónica 3618 - 27.08.2024
Por: T´Chingange (Otchingandji) - O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Todos se lembram do Aiatolá Ruhollah Musavi Khomeini, falecido em Teerão a 3 de Junho de 1989; que foi essa autoridade religiosa xiita iraniana, líder espiritual e político da Revolução Iraniana de 1979 e, que depôs Mohammad Reza Pahlavi, na altura o Xá do Irã, Xá Reza Pahlavi até a sua morte.
Existe porém a diferença entre Xeque, aquele que estudou a Xaria em uma universidade islâmica, e o Aiatolá. Este último, Aiatolá significa "sinais de Alá" ou "sinais de Deus". Ou seja, o Aiatolá é o expoente do conhecimento dentro do Islã Xiita. Xeque ou sheik é um "ancião; chefe, soberano" é um fórmula honorífica em língua árabe, com o significado de "líder" ou "governador".
Normalmente, uma pessoa é conhecida por Xeique quando se especializou nos ensinamentos do Islão, podendo ter à sua responsabilidade os cuidados de uma mesquita, conduzir orações, realizar casamentos e outras funções. "Xeque", com este significado, é uma pessoa versada no Islã, um erudito.
Xeque é comumente utilizado para designar o chefe de uma tribo que herda esse título de seu pai, ou um estudioso islâmico, que alcança esse título depois de se formar na escola básica islâmica. Seu papel, do Xeque ou Xeique, nas antigas tribos de beduínos era a de um líder espiritual-político e, em certos casos, militar (equivalente a um capelão).
Dando um salto em frente, temos o “imperativo de revolução islâmica” que em Teerão, a capital e principal cidade da República Islâmica do Irão, de forma a permitir cooperação transfronteiriça entre Sunitas e Xiitas em nome de interesses antiocidentais mais amplos, nomeadamente o armamento pelo Irão do grupo Sunita, jihadistas Hamas contra Israel e, também segundo alguns relatos, dos Talibãs do Afganistão.
O Al-Qaeda também encontra aqui margem para actuar a partir do Irão. Sunitas e Xiitas estão geralmente de acordo em derrubar a ordem mundial vigente. Ao longo do século XXI em todo o Médio Oriente, os ideários são idênticos ao que é proposto pelos aiatolas políticos do Irão. No Irão as ideias dos políticos sempre se reconfiguram como fonte da revolução religiosa.
No discurso do aiotolá Ali Khamenei, sempre descrevem que «o futuro pertence ao islão». A enfâse destas posturas não deverão ser postas nas disputas ideológicas, mas na conquista ideológica e, sempre se colocam como sendo os campeões dos povos oprimidos mantendo o que afirmam ser uma luta épica contra a “América, o saqueador mundial”… E, contra o “sionismo e Israel”.
Nestas narrativas, sempre afirmam «A paz é só para aqueles que seguem o caminho da verdade». Maomé, o profeta, já assim o dizia no século VII. Todos seremos vitimas da guerra santa islâmica, assim é dito, abertamente mas, os ocidentais, para alguns observadores, tentam passar-nos a mensagem de como sendo só de cariz “metafórico”…
:::::
Nota*: Com alguns extractos do livro “A Ordem Mundial” de Henry Kissinger e consulta em Wikipédia…
(Continua, com intercaladas Viagens …)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - CAMPANHA CONFLITUOSA…
- Crónica 3616 – 23.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
No segundo dia de campanha eleitoral, soldados da UNITA atacam o Governo Provincial do Kuito. Com os governantes a reagir, o incidente salda-se por 20 militares e 10 civis mortos. Nesse mesmo dia e no Huambo, numa emboscada à caravana automóvel de Kundy Payama, director da campanha do MPLA, falece o Secretário Provincial da Juventude do MPLA e, cinco pessoas, ficaram feridas com gravidade.
Aqueles acontecimentos motivaram um comunicado dos Observadores Internacionais e membros da Missão das Nações Unidas UNAVEM II. Recorde-se que a UNAVEM I, fiscalizava a retirada das tropas cubanas expedicionárias. E, ambas Missões, condenaram as atitudes da UNITA e do MPLA.
A oito de Setembro de 1992, Eduardo dos Santos e Savimbi, acordam no principio de criação de um governo de Unidade Nacional, independentemente do resultado das eleições. Ambos se comprometem na extinção dos seus exércitos antes do escrutínio. Dez dias depois Margaret Anstee e Butos Ghali na qualidade de representantes em Angola, enviam um relatório ao Conselho de Segurança ONU.
O relatório denunciava que apenas 41% das forças amadas da UNITA tinham sido desmobilizadas e, apenas 19% das Forças Armadas Unificadas tinham sido constituídas. O mesmo documento menciona que foi mais rápida a formação pelo lado das forças governamentais sendo de 45% do lado do MPLA e 24% do lado da UNITA.
Aquele percentual correspondia à soma de cerca de 72 mil militares; um número àquem do total. Nesse então e no Huambo, mais de uma centena de homens fortemente armados da UNITA, mantêm-se posicionados ao redor da residência de Jonas Savimbi. A CCPM - Comissão Conjunta Político-militar, interfere. A UNITA confirma dizendo que são homens”da segurança pessoal de Savimbi”…
A CMVF – Comissão Mista de Verificação e Fiscalização do cessar fogo, apura que o contingente e respectivo material de guerra, havia entrado na cidade do Humbo sem o conhecimento da UNAVEM. À medida que decorria a campanha eleitoral, tropas da UNITA tomam posições de salvaguarda no Centro e Sul de Angola expulsando o MPLA de vários municípios.
Em Caxito, a poucos quilómetros a Norte de Luanda, soldados da UNITA, envolvem-se com a polícia. É notória a tendência da informação/fonte dita governamental e de jornalistas enfeudados na ideologia marxista, fazerem tendencialmente descrições negativas ao Partido do Galo Negro e, “passando de lado “ quando o caso envolve gente, militares e governantes afectos ao MPLA.
Essa dita midia colada aos ditames do MPLA dá conhecimento de que a UNITA ataca uma caravana do Fórum Democrático Angolano em Benguela; afirmam que em ambos os casos, Caxito e Benguela, causaram dezenas de feridos entre a população civil. População que continuava armada pelo MPLA formando milícias treinadas por seus militares coadjuvados por mercenários portugueses e descendentes mazombos de colonos. Também é notória a postura da UNAVEM que sempre diz ter “havido provocações da UNITA” e, sempre adicionando o adjectivo “exagerado” na descrição. Quanto ao MPLA, nadica de nada…
Ilustrações aletórias de Costa Araùjo
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - A RECONCILIAÇÃO – TENTATIVAS…
- Crónica 3615 – 21.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
Com vista à transição de um Estado de partido único para uma democracia multipartidária iria realizar-se no ano de 1992. eleições em Angola destinada a escolher um chefe de Estado, um presidente e uma legislatura. Durante a campanha, notou-se alguma moderação em Eduardo dos Santos que assumiu alguns erros de má governação, passando a defender o regresso de invetidores estrangeiros, privilegiando desta feita as relações com Portugal.
A Assembleia Nacional (que substituiria a Assembleia do Povo) seria composta por 220 membros, eleitos para um mandato de quatro anos, 130 por representação proporcional e 90 em distritos provinciais. A UNITA representada por Jonas Savimbi, optou pelo endurecimento na defesa de “uma Angola autentica” ameaçando os netos dos portugueses e dos mafulos holandeses e até, do próprio Dos Santos chamando-o de “sãotomense”.
No processo de Paz, Savimbi acusou Portugal e seus dirigentes de estar má-fé, bem como a Butrus-Galhli e Margaret Anstee - ambos “comprados com diamantes”, descurando-se num efectivo apoio ao processo de paz através das eleições. (nota-se neste artigo do Expresso do M´Puto uma excrescente descrição a beirar a pura inventação, uma postura habitual na mídia de então – uma desacreditação "ad hoc" do candidato ***)
Entre as referências à colonização e missionação efectuadas no Congo a Norte, referiu os funantes aventureiros, que a Sul ousaram fazer comércio entre o mato, o kimbo e no batuque, desafiando a malária, as bilioses mas, e também, fabricando mulatos. Savimbi afirmaria que só a partir das primeiras décadas do século XX, com Norton de Matos, se iniciou a real colonização do Sul angolano.
E, que mais tarde, o foi incrementada por Oliveira Salazar com a criação de colonatos a saber; da Sela, Sá da Bandeira e Matala entre outras. Refere que salvo raras excepções, e devido ao envio de famílias inteiras do M´Puto para esse locais agrícolas, não houve a Sul tão grande miscigenação como efectivamente, o foi mais a Norte.
Quem veste e fala como os brancos são os “sãotomenses”, genericamente gente do Norte, também chamados de “calcinhas”. Os insultos a Eduardo dos Santos aliados às noticias de crimes contra os direitos humanos cometidos na Jamba, já relatados pela Amnistia Internacional, dizem os fazedores da estória e a mídia global, custaram talvez, a Savimbi e à UNITA a derrota das urnas (uma narrativa nebulosamente confusa).
E, num talvez, a UNITA tenha motivos para contestar as eleições e, por pressões variadas, o Dr. Malheiro Savimbi acabará por aceitar a segunda volta eleitoral. O Papa João Paulo II visitou Angola e São Tomé, em 1992. A visita começou a 4 de Junho e se estendeu até ao dia 10 de Junho, altura em que deixou Luanda para regressar ao Vaticano.
Desta visita foi criada uma profecia com os dizeres deste: “ Que tenha definitivamente terminado para ti, querida Angola, o tempo do teu desamparo” … Logo no dia a seguir à partida do Papa João Paulo II de Angola, MPLA e UNITA, envolvem-se em violento combate verbal, só apaziguado com interferência de Herman Cohen.
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: ***”Ad Hoc” - Um meio acadêmico, o revisor "ad hoc" tão comum nesse então, que é o pesquisador ou pseudo “qualquer coisa” que executa a revisão de um trabalho submetido para publicação em um periódico ou revista sem, contudo, participar como membro permanente do corpo editorial ou de revisores. Um tendencioso influenciador
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RESENHA DA BATALHA DO CUITO-CUANAVALE E RETIRADA CUBANA
- Crónica 3613 – 17.08.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
…«Claro - continua o general soviético - que eu compreendia o estado dos meus amigos que certamente viam em mim um homem que estava categoricamente contra a retirada de tropas. E, de súbito, fazia tudo ao contrário. Mais, até incentivava a fazer isso mais rapidamente.»
Após longa retórica, Valentin Varennikov apresenta o seu plano, que não passa de uma espécie de compromisso entre soviéticos e cubanos: «A defesa deve ser profundamente escalonada. Para que o adversário, concentrando realmente grandes forças na direcção escolhida e, desse modo, conseguindo uma superioridade três ou quatro vezes maior do que os angolanos, não rompa a unha defensiva e depois dela não haja nenhuma resistência.
Por isso é que o camarada Fidel nos diz que é preciso fazer recuar - tem-se em vista uma parte determinada das tropas - para a retaguarda até ao Caminho de Ferro de Benguela***. Consideramos que poderíamos deixar cinquenta por cento das tropas a defender as linhas que ocupam agora e a outra metade destas tropas poderíamos deslocar em pontos de apoio, nos caminhos até à linha do Caminho de Ferro de Benguela inclusive.
Além disso, na zona da frente e nos flancos deverão ser amplamente colocados obstáculos de engenharia. Por fim, ter uma reserva para manobras. E todas as forças situadas na retaguarda em posições preparadas devem ser prontas a manobrar.
Desse modo, fazendo recuar uma parte determinada de tropas para a retaguarda, até à linha onde se encontram as tropas cubanas, instalando-as em pontos de apoio e preparando-as para manobrar, teremos uma defesa activa profundamente escalonada, na linha final da qual intervirão as tropas cubanas.
Se o adversário quiser avançar, afundar-se-á nesta defesa e jamais conseguirá o seu objectivo». Os cubanos aceitaram este plano e, no fim da reunião, «o camarada Risket - escreve o general soviético - disse-me: "Eu sabia que tudo acabaria bem.
Os camaradas soviéticos sabem encontrar saída mesmo onde ela não existe".» Este plano estratégico permitiu estabilizar a situação na frente de combate, mas a guerra continuou. Para os conselheiros militares soviéticos que combatiam em Angola, o pior estava ainda para vir. «Semelhante coisa não aconteceu, nem no Afeganistão»,
O «estalinegrado angolano» - afirmam os soviéticos que já tinham passado pela guerra do Afeganistão sobre a batalha por Cuito-Cuanavale, que começou em Julho-Agosto de 1987. É agora tempo de se falar nas múltiplas tentativas de reconciliação, em uma altura em que elementos do governo de Luanda, já cansados, assumiam alguns erros de governação e, defendiam abertamente num governo de consenso nacional…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, do Blogue História da Guerra Civil de Angola, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto e Wikipédia…
Nota 3: *** Caminho de Ferro de Benguela, também chamada de Caminho de Ferro Catanga-Benguela, é uma linha ferroviária que atravessa Angola de oeste a leste,...
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - RETIRADA CUBANA DE ANGOLA
De Gbadolite a Bicesse - 1988/1991 - Crónica 3600 – 23.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
A UNITA contra-ataca desencadeando focos de luta por quase toda a Angola, obrigando as FAPLA governamentais a dispersarem e a abandonarem Mavinga. Poucos dias depois, pela primeira vez na história da guerra civil, aviões da FAPA, Força Aérea popular de Angola, bombardeiam a Jamba.
Em retaliação a UNITA corta água e luz a Luanda, através de sabotagem nos postes de alta tensão de Cambambe e conduta central de água de Kifangondo. Em Dezembro de 1990, no 3º Congresso do MPLA em Luanda, Eduardo dos Santos anuncia: “Teremos multipartidarismo no primeiro trimestre de 1991”.
Três meses antes, após o encontro de Gbadolite, no Congresso Extraordinário da UNITA, Jonas Savimbi falara de negociações directas com o MPLA, governo de unidade nacional, revisão constitucional e eleições. Pode supor-se que ambos os beligerantes compreendem que a vitória militar de um deles é impossível, em um território com a extensão de Angola.
Iria assim, começar a placa giratória que conduziu à assinatura dos acordos de Bicesse. Entra-se assim no capítulo de “TENTATIVAS DE RECONCILIAÇÃO”. Nos anos de 1990 a diplomacia portuguesa entra em acção pela mão de Durão Barroso enquanto Secretário de estado dos Assuntos Externos e Cooperação de Portugal, tendo como Presidente da Republica, Cavaco e Silva.
O propósito de levar a paz e reconciliação a Angola começa a ter luz diplomática no final dum túnel que parecia não ter fim . Neste meio tempo, anos de 1990/1991, fala-se em esperança mas, na passagem do tempo falecem dois vultos da luta pela libertação: Mário Pinto de Andrade, em Londres e António Jacinto em Lisboa
Bicesse foi o nome por que ficou conhecido o Acordo de Paz firmado a 31 de Maio de 1991, no Estoril (Portugal), entre o presidente da República Popular de Angola, José Eduardo dos Santos, e o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Jonas Malheiros Savimbi.
O Acordo de Paz, que tem a mediação portuguesa liderada por Durão Barroso tem a cooperação de Observadores por parte dos Estados Unidos da América (EUA) e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Neste acordo - fim à guerra civil angolana, o seu texto estabelecia que o cessar-fogo devia ser inteiramente controlado pelo Governo angolano e pela UNITA.
Para tal, deveria ser formada uma Comissão Conjunta Político-Militar (CCPM) constituída por representantes do Governo angolano e da UNITA, tendo como observadores externos delegados de Portugal, dos EUA e da URSS. Neste acordo, ficou ainda agendada a realização de eleições, entre 1 de Setembro e 1 de Outubro de 1992, depois das quais, cessariam os poderes da CCPM…
Ilustrações de Costa Araújo
Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto, RTP-Notícias e Wikipédia…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - DO VII ao XII CONGRESSOS DA UNITA
- Crónica 3594 – 11.07.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Amieiro do M´Puto
9. VII CONGRESSO
“O Congresso da Mudança” ocorreu em Março de 1991 na base Presidente Kwame Nkrumah, no extremo oriental da Província do Cuando Cubango. O VII Congresso preparou o Partido para a batalha política que se vislumbrava com o desfecho das negociações que decorriam em Portugal. Por delegação Fernando Rocha de Olhão representou-me na qualidade de Coordenador da Zona Sul do M´Puto na Diáspora, (eu próprio – T´Chingange)…
Os delegados escolheram unanimemente o Dr. Savimbi como Candidato da UNITA às eleições presidenciais que viriam acontecer em Setembro de 1992
10.VIII CONGRESSO
Teve lugar no Bailundo, Província do Huambo de 7 à 11 de Fevereiro de 1996. A busca de unidade entre os membros do Partido com vista a implementação do Protocolo de Lusaka foi o maior objectivo.
O aquartelamento, desarmamento e desmobilização das forças e a entrega do território administrado pela UNITA à administração central do Estado, foram as decisões tomadas durante o evento, contemplando ainda a incorporação dos generais nas FAA.
Ocorreu entre os dias 20 à 27 de Agosto de 1996, no município do Bailundo – Província do Huambo. Versou fundamentalmente sobre a recusa da oferta da segunda vice-presidência ao Dr. Jonas Malheiro Savimbi que reafirmou o engajamento da UNITA na implementação do Protocolo de Lusaka.
Este Congresso Ordinário, teve lugar em Viana, Luanda, de 24 a 27 de Junho de 2003 e, depois do memorando do Luena e, que teve dois momentos marcante:
Este Congresso Ordinário, teve lugar em Viana, Luanda de 16 à 19 de Julho de 2007 tendo dois candidatos: Isaías Samakuva e Abel Chivukuvuku. Desta feita Isaías Samakuva é reeleito à Presidência da UNITA. Este Congresso debateu vários aspectos com maior realce na realização das segundas eleições em Angola, 16 anos depois das eleições de 1992, sendo estas, as primeiras eleições gerais.
Este Congresso Ordinário teve lugar em Viana, Luanda de 13 à 16 de Dezembro de 2011 com dois Candidatos; Isaías Samakuva e José Pedro Kachiungo, tendo sido reeleito Isaías Samakuva para o seu terceiro mandato.
Este Congresso Ordinário, teve lugar em Viana, Luanda de 3 à 5 de Dezembro de 2015com três candidatos: Isaías Samakuva, Lukamba e Abílio Kamalata Numa, tendo sido reeleito Isaías Samakuva para o seu quarto mandato.
:::::
Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto…
(Continua…)
O Soba T'Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* A HISTÓRIA DA JAMBA
- Crónica 3588 – 21.06.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Organização Administrativa e territorial da Jamba: BI (Batalhão de Instrução militar) - começou por ser o local aonde eram treinados militares para os primeiros batalhões; lugar aonde se faziam as principais demonstrações públicas internas e, ou viradas para o diálogo com o mundo. Passou mais tarde a ser habitado por famílias ligadas à instrução, preparação e ensino de tropas (parecido ao actual Cabo Ledo)…
Centro Integral de Formação da Juventude – CENFIN: Lugar onde eram recebidos, formados e educados jovens/adolescentes órfãos ou que não tivessem familiares directos na região da Jamba - Era dirigido pelo ex-deputado, ex-Secretário-geral da JURA Piedoso Tchipindu Bonga; - Foi dos melhores sítios onde foram formados ilustres cidadãos que hoje são políticos, oficiais das FAA e professores… O destaque vai para o Mestre e Professor Álvaro Tchikuamanga, David Tchipassu (Professor Universitário), Nataniel N´Dondo (Engenheiro em empresas de Petróleo e ex-bolseiro na Costa do Marfim).
VORGAN - Era neste local onde eram emitidos em ondas curtas a voz da resistência do galo negro (com equipamentos sofisticados para época e concorrente da RNA); - Toda a acção de comunicação e propaganda era feita na VORGAN com destaque na rádio, boletins informativos, agência Kwacha UNITA Press (KUP) que era a concorrente da Angop…
Muitos destes profissionais estão hoje a trabalhar em Angola e na diáspora. Destaque para Clarice Kaputu, Deolindo Kaputu, Inês Cardoso (TPA), N´Guida Paulo (RNA), Manuela Kazoto (Despertar), Bela Malaquias (Ex-Administradora da RNA), Raul Danda (RNA, actor e Deputado), Emanuel Kapanda (ex-locutor infantil e agora na Assembleia Nacional);
Esquadra de Polícia - Como qualquer estado, a esquadra de polícia servia para ajudar e disciplinar eventuais condutas fora da lei; havia o código penal e regras claras para todos. Dirigiram a polícia pública destacáveis profissionais como o Comissário Madaleno Tadeu, os falecidos Evaristo Ramon Tchitumba e o Comissário Isaías Tchingufu (co-fundador em 1975 do primeiro corpo de Polícia de Angola Independente e, que chegou a ser nos anos 90, Director Nacional de Ordem Pública da Polícia Nacional de Angola).
Hospital Central da jamba - Já falou dele; também o OFICENGUE que eram as oficinas Centrais que ajudavam a reparar material de guerra e outros artefactos; Alfaiataria Central - Dirigidas pelo mítico Trinitá que tinha a obrigação de confeccionar vestuário e fardamento para TODOS; Aeroporto Internacional Comandante Kazombuela que cumpria com os objectivos dum aeroporto permitindo a entrada e saída de bens e pessoas para o diálogo com o mundo.
Quartel General – QG: Era a estrutura administrativa principal onde funcionava o Governo, o Liceu Nacional da Jamba, as TRMS (comunicações militares), os Serviços de informação militar e civil, O Estado Maior General das FALA, a UIREAL, o SINTRAL, o Secretariado Geral do Movimento/Partido e suas organizações de Massa LIMA e JURA…
:::::
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e relatórios da Jamba - Agência Kwacha UNITA Press (KUP)
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA* - A HISTÓRIA DA JAMBA
- Crónica 3587 – 18.06.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
No sistema escolar da Jamba, o domínio de Francês e Inglês era obrigatório, por isso TODOS os ex-alunos pelo menos, falam e escrevem uma língua nacional, escrevem e falam bem português e falam pelo menos uma língua estrangeira; Um aspecto importante: Era obrigatório nos liceus a escolha pelo aluno duma língua nacional e a obrigação de apreender sem titubear matemática e português.
Havia um ensino mais ovacionado para relações internacionais e, para isso, tinham em seu curriculum outras incidências técnicas dirigidas para o esforço militar sobretudo. Para o efeito, alguns eleitos, por via de suas capacidades, iam para Bona (Alemanha), África do Sul, Marrocos, Portugal, França, Inglaterra, EUA e lá onde existia cooperação firmada.
No tocante à saúde, todos os lugares e comunas, tinham postos médicos tendo no topo o hospital central da Jamba dirigido por médicos Angolanos; estes hospitais funcionavam tanto para civis, crianças como militares e dependentes dum Ministro da Saúde que coordenava a estrutura de saúde em todo país, gratuitamente. Dos médicos destacam-se Anastácio Sikatu (foi Ministro em Luanda e actualmente deputado), Manassas (foi Ministro em Luanda), Albertina Hamukuaya (foi Ministra em Luanda);
Serafina Gama Paulo (irmã do cantor Mário Gama), Raimundo (foi deputado), etc.; . - Destaca-se ainda o grande cirurgião de nome Tenente que formou grandes cirurgiões e, que são hoje, dos melhores nas FAA e, em vários hospitais públicos e privados. Também Carlos Morgado, antigo médico pessoal de Jonas Savimbi, que morreu em Outubro de 2013, em Lisboa Ex-militante e dirigente da UNITA, Carlos Morgado acompanhou Abel Chivukuvuku, na saída da UNITA e que esteve envolvido na fundação da coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), terceiro maior partido angolano.
O paludismo não matava crianças e era impossível existir endemias porque para além do aspecto sanitário os programas de vacinação e saúde preventiva sempre funcionaram. Aspectos sociais: Como os recursos eram escassos, a administração dos mesmos eram feitos com disciplina, sem desvios/roubos, distribuição equitativa, entre outras boas práticas.
Roupas, detergentes e bens materiais eram distribuídos protegendo os mais desfavorecidos (crianças, órfãos, velhos, doentes) premiando a excelência; . Desporto e cultura - O desporto com destaque ao futebol eram obrigatórios e existia campeonato nacional onde se destacavam os clubes Estrela Negra, Estrela Vermelha, Mártires da Liberdade, UREAL, etc.
Ainda vivem muitos destes protagonistas como o Genial Wambu (Chegou a Presidente da Federação de futebol), Lito Kandambu (actualmente Deputado e antigo jogador do Estrela Negra, Vermelha e UREAL), Tito Marcolino (Jornalista do Folha , Félix Miranda, Jessé, Zé Manel, Camilo, Satchiambo (Quadro Do Mirex), Tchituku, Beto Tchindombe, Tony Tchivemba, etc;
Havia o Movimento Sindical e Estudantil - Destaque para o SINTRAL (sindicato dos trabalhadores de Angola Livre) cujo primeiro presidente é Franco Marcolino Nhany (actual Deputado e Secretário Geral da UNITA), da UREAL (União Revolucionária de Angola Livre) cujo primeiro Presidente é o actual Deputado Estevão José Pedro Katchiungo e antigo bolseiro em Portugal e, por algum tempo representante da UNITA no M´Puto…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e relatórios da Jamba - agência Kwacha UNITA Press (KUP)
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA*“ - Crónica 3583 – 29.05.2024
“FRACCIONISTAS DO MPLA DA LUUA – O 27 DE MAIO DE 1977”- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Justino Pinto de Andrade, elemento da Revolta Activa, preso antes do 27 de Maio, conta na primeira pessoa, “Na noite de 23 de Março levaram, para nunca mais voltarem, inúmeras pessoa: Ademar Valles, irmão de Sita Valles, o engenheiro Rosa, que nada tinha a ver com o 27 de Maio, o Cachimbo, um laranja do MPLA que havia assassinado o engenheiro Betencourt Faria, em seu Observatório da Mulemba…
Também o comandante Bogalho, combatente do MPLA, que se juntou a Chipenda em Lusaka… O Bogalho foi trespassado pelas balas ou então, como se ouviu dizer, pelas baionetas dos seus algozes. Foi uma verdadeira “noite das facas longas”. Para muitos e em demasia, foi mesmo o fim! E,, só depois de se localizar o local do enterramento de seus corpos, só então, se poderá cicatrizar essa ferida de tamanho descomunal…
A frase proferida por Agostimho Neto que ficou para os vindouros foi a de: “amarrem-nos aonde forem encontrados”. Manuel Ennes Ferreira um preso político do processo OCA, torturado, relembra: “Às 07h 30 do dia 27 daquele Maio, cheguei ao liceu N´Zinga M´Bandi para dar aulas. As movimentações na rua e os tiros, colocaram os alunos e os professores em polvorosa”.
Dali por três dias, voltei e fui à cantina da universidade para almoçar. O general N´Donzi chegou e, da porta apontou para o Fuso e o Jorge Basófias; como estava na mesma direcção, gelei! Alguns dias depois segui o mesmo caminho, São Paulo e Campo do Tari”
As mulheres detidas eram alvo de violência psicológica e sexual. Nos interrogatórios os agentes e guardas apareciam e, “sobre os seus corpos desnudos despejavam a mais torpe violência” revela Américo Cardoso Botelho, em “Holocausto em Angola”. A comandante do Batalhão Feminino, que tinha conduzido o ataque à cadeia de São Paulo para libertar os apoiantes de Nito Alves, que impedira depois o fuzilamento dos militares da Revolta Activa e da OCA pelas forças revoltosas, acabou por ser detida.
Quando a situação mudou e as tropas fieis a Neto passaram a controlar os acontecimentos, deixaram que aquela , porque estava grávida, tivesse a criança mas, depois, espancaram-na durante três dias e três noites, segundo o livro “Purga em Angola no 27 de Maio de 1977” de Dalila e Álvaro Mateus . Disseram: “ Ela cantava sem parar – a voz enlouqueceu-lhe mas, nunca parou de cantar até ser fuzilada”
Os interrogatórios eram feitos com as detidas nuas ou seminuas . Usavam os mais variados instrumentos para penetrar as vaginas das detidas. A uma portuguesa branca, obrigaram-na a despir-se para limpar com a roupa o sangue nas selas onde decorriam os interrogatórios. Os guardas voltavam a atirar aquela água suja para o chão , obrigando a limpar de novo.
Enquanto isso lançavam impropérios e davam-lhes pontapés aonde quer que fosse. A uma das prisioneiras, massacraram-lhe tanto os joelhos com uma tábua que doente meses ficou desvalida, quasequase sem conseguir andar. Outra foi colocada no centro de um grupo de agentes e militares, inteiramente nua, sob uma forte iluminação, “sendo alvo dos piores insultos com apreciações jocosas de seu corpo, seguida de agressão física”– conta Américo Botelho…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange, de outros referidos em texto e da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3551 – 18.02.2024
“A LONGA MARCHA COM SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Entretanto recorda-se (Via Wikipédia): O Presidente da Guiné-Conacri, Ahmed Sékou Touré, foi quem fez a proposição de reconhecimento da RPA na reunião da Organização da Unidade Africana (OUA) de 10 de janeiro de 1976 em Adis Abeba. A 11 de Fevereiro de 1976, a OUA, então presidida pelo Presidente do Uganda Idi Amin Dada, reconheceu a RPA como legítimo governo de Angola, aceitando-o como o 47º. membro da organização.
O General Kamalata Numa da UNITA anos mais tarde em resposta a uma pergunta esclarece ter havido actuação de tropas congolesas ao lado das tropas ditas regulares do MPLA: - É verdade! À coligação MPLA/cubanos juntam-se tropas congolesas com um total aproximado de 10 batalhões que passam a actuar no Centro/Sul de Angola…
Continuando com a descrição do que foi a grande marcha de Savimbi e, ainda muito longe do seu termo, a coberto da escuridão, Savimbi dividiu em três grupos inteiramente novos, os seus próprios seguidores, os de Samalambo e os do capitão Chimbijika, que os oficiais de Savimbi descobriram ter montado uma base da UNITA com 100 guerrilheiros. Cada um dos grupos partiria durante a noite em direcções diferentes.
Esperavam iludir os pisteiros do MPLA, levando-os a acreditar de que a maior coluna, a de Samalambo, era a que protegia o líder Saviambi. Os três grupos tomaram o rumo das matas mais densas, afastados tanto quanto possível das margens dos rios, estradas e povoações. Os oficiais de Savimbi observaram que os cubanos patrulhavam regularmente ao longo do curso dos rios e das estradas, na sua busca pelos homens da UNITA. Aventuravam-se pouco nas zonas de matas que se estendiam pelas áreas rurais e, com as quais, só os guerrilheiros da UNITA estavam familiarizados.
Às primeiras horas da noite, homens e equipamentos movimentaram-se para cá e para lá, entre os três grupos, através dos muxitos das matas. Savimbi transferiu o seu rádio e operador para Samalambo, que poderia vir a precisar mais deles: ele deveria dirigir-se a uma área sob muito maior controlo por parte do inimigo e estabelecer uma base da UNITA perto do Caminho de Ferro de Benguela.
Savimbi disse aos seus guerrilheiros que dormissem, porém, passou a noite a dar instruções aos oficiais superiores das três colunas. Ele disse: «Como homens do exército, poderiam querer desesperadamente combater o inimigo. Em vez disso, porém, tinham de com firmeza e depressa actuarem, afastando-se do problema». Para conseguirem o que se propunha, teriam de conciliar a necessidade de uma rigorosa obediência por parte de seus homens, com a capacidade de lhes demonstra compreensão numa situação de desespero.
Foi bem peremptório ao dizer-lhes que existiam razões de sobra para terem esperança. O inimigo mostrava que a sua estratégia era fraca. Estavam a actuar como estranhos: Não conheciam o terreno nem tinham o apoio da população, pois, de outra forma, nessa altura já Savimbi teria sido capturado. Estava bem claro, agora, para os oficiais, que a população estava com a UNITA. E Savimbi disse-nos: «Se o povo não desiste, porque razão desistiria eu?».
Nesse mesmo ano, após um veto por parte dos Estados Unidos, a Assembleia Geral das Nações Unidas admitiria Angola como membro 146º, em 1 de dezembro de 1976. Mesmo reconhecendo a independência angolana deste 10 de Novembro de 1975, o Governo Português somente reconheceu a autoridade do MPLA, sob o comando do Presidente de Angola Agostinho Neto a 22 de dezembro de 1976.
Nota: - “Transcrições de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3543 -28.01.2024
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
A CARAVANA.4 – A FUGA - Escritos boligrafados da minha mochila
- Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Aprendi, nessa época, que tudo o que está ruim pode piorar. Minha familia deixou Nova Lisboa, assim como meu namorado e a mãe dele. Eu fiquei. Aguardava minha mãe, que tentava sair de Luanda. De repente me vi sozinha, aos 16 anos, num país que se esfacelava e numa cidade em que os grupos guerrilheiros se enfrentavam para dominar o território. Agora havia tiroteios em toda parte. Passei a morar na sede da Cruz Vermelha.
Finalmente minha mãe chegou e conseguimos uma carona para Sá da Bandeira, mais ao sul. Fomos de camião, minha mãe na boleia com o motorista e a esposa dele; eu e os filhos dele no meio da carga de batata. Até hoje, meu senhor, o cheiro de batata me agonia. É cheiro de fuga, de desesperança e perda. Em Sá da Bandeira reencontramos meu namorado e a familia dele, com quem tinhamos combinado sair de Angola. A confusão era enorme.
Gente andando de um lado pro outro, tentando encontrar familiares ou arrumar um jeito de sair dali, gente sem um centavo até para comprar água. Faltava comida, além de esperança. Não lembro exatamente da data em que finalmente saímos em caravana (onze carros e um camião) à noite pelo meio da mata, com destino à fronteira com a África do Sul. Sei que era início de Agosto. Durante a viagem encontramos duas patrulhas de guerrilheiros.
A primeira foi mais tranquila, aceitaram o suborno de cigarros. Já a segunda foi apavorante: queriam nos prender de qualquer jeito. Segundo eles, éramos ladrões das riquezas de Angola. Todo aquele zelo patriótico não resistiu à propina. Além de cigarros e bebida alcoólica, demos dinheiro para que nos deixassem seguir. O sol começava a nascer quando encontramos uma coluna do exército da África do Sul.
Ainda estávamos em território angolano, a cerca de 10 quilômetros da fronteira, mas eles nos escoltaram até um campo de refugiados já em território sul-africano. Foi o primeiro campo em que ficamos. Eu sentia raiva, meu senhor. Muita raiva! Uma revolta surda contra os brancos portugueses de Portugal, que nos exploraram durante séculos e agora nos viravam as costas dizendo que éramos brancos de segunda classe.
Revolta contra os negros, por acharem que a diferença na cor das nossas peles fazia que fôssemos diferentes deles. Éramos todos angolanos, mas apenas nós estávamos sendo expulsos de nossa terra e não tínhamos para onde ir. O acampamento era feito de barracas de campanha. Sabes como é, senhor, aquelas barracas verdes do exército? Na nossa barraca dormiam seis adultos e duas crianças.
Cada um recebia um um cobertor e três refeições por dia. Comida pouca, ninguém ficava saciado, mas matava a fome. Estávamos agradecidos, pois os sul-africanos faziam mais por nós do que o governo de Portugal. Esse acampamento – destinado a angolanos e moçambicanos – era um local de filtragem. A alguns era vedada a possibilidade de ficar no país. Esses eram logo encaminhados ao grupo consular português e enviados ao aeroporto, onde aviões da África do Sul os levavam para Portugal. Outros eram mandados a outros campos de refugiados.
Nós, graças a meu futuro cunhado, que era engenheiro agrícola e já tinha uma promessa de emprego, fomos para outro campo. Escoltados por uma coluna do exército, seguimos para Tsumeb. Na estrada para Windhoek, havia uma cidadezinha. Avistamos gente nos esperando. Abordaram o oficial do exército que nos conduzia e pediram para nos dar abrigo naquela noite. Desconhecidos encharcados de solidariedade, que queriam nos oferecer o alimento mais precioso, esperança…
(Continua…)
(Texto corrigido de Sonia Zaghetto)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3538 – 17.01.2024
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila - Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Eu, era um dos que preparava essas listas de embarque – Guias de Marcha para o M´Puto, sem retorno - GUIAS DE DESEMBARAÇO. Naquela Luanda, pairava no ar promessas de morte, vinganças avulsas; continuavam as manifestações com mortos transportados em macas reclamando por insegurança e coisas variadas agitadas com catanas de furia.
Tudo o era feito, para seguir as novas técnicas de meter medo com horror; instrucções seguidas pela cartilha de Rosa Coutinho. No aeroporto de Belas já neste início de Agosto de Setentaecinco, podia ver-se milhares de famílias pernoitando de qualquer jeito junto aos seus haveres no largo frontal da zona do check-in e jardins do aeroporto, malas, caixotes e bugigangas.
Ali permaneciam dia e noite protegidas com cobertos de lonas presas a caixotes usando como banheiro áreas improvisadas ou as bissapas, arbustos circundantes do jardim; o cheiro era nauseabundo. É confrangedor só de pensar em estas turbas de gente que às pressas colocaram umas peças de roupa, uns agasalhos, umas fotos de recordação prontos a ir ao encontro dum desconhecido maior que o mundo.
E, as despedidas de gente serviçal, vizinhos ou até um amigo próximo que por ali iam ficando – na Luua: toma lá a chave do meu carro, da minha casa, cuida dos animais meu amigo João, Napumoceno, num catravês de incógnitas, num porque não sei quando voltarei, nem se volte. Na mira de voltar havia mesmo falas muito penetradas de sonhos…
Olha pelos meus cães, o aspirina mais o tarzan que ficam na casota lá junto ao gerador e perto do galinheiro. Doeu e ainda dói! Coisas de partir o coração aconteciam como sendo coisa pouca – a frieza das pessoas, do governo, da Metrópole em um todo, afligiam-nos sobremaneira. Minha revolta era imensa!
No dia 4 de Agosto de 1975, na cidade da Gabela os partidos entram em confrontos e a população organiza uma caravana; com mais de duzentos veículos, serão acompanhados por militares portugueses e da UNITA, escoltados até à cidade de Nova Lisboa (Huambo). Savimbi mandava retirar o seu pessoal político e militar d Luua. Pediu à Marinha e à Força Aérea para que evacuassem todos os seus militares das FALA e apoiantes na via para o Sul - de todos os que se mantinham para além de Luanda, Carmona, Ambriz, Cabinda e santo António do Zaire.
A partir do dia 9 de Agosto de 1975 o Governo de Transição de Angola ficava reduzido ao MPLA e à parte portuguesa. Ainda faltavam 94 dias para o dia da independência, o 11 de Novembro de 1975. O novo Ministro dos Negócios Estrangeiros no V Governo Provisório (1975) de Portugal, Mário Ruivo, reconhecia oficialmente o Óbito do Acordo do Alvor.
Para tal proclamaram o estado de emergência com a criação de uma Junta Governativa para substituir o defunto Governo de Transição que só durou cerca de seis meses. Neste molho de brócolos, o Governo de Transição foi extinto mesmo sem que para tal estivesse autorizada a sua substituição em caso de incapacidade. Mais uma medida no âmbito revolucionário feita em cima do joelho pelos generais e políticos de aviário. E, o Mundo assistia a isto!
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3537 – 09.01.2024
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila
- Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
António Gonçalves Ribeiro, foi em Angola, no posto de tenente-coronel, nomeado Secretário-Geral do Alto Comissariado até 10 de Novembro de 1975. Foi ele que Coordenou e dinamizou a Ponte Aérea e também Marítima garantindo aos cidadãos portugueses radicados em Angola e não só, o regresso a Portugal com parte dos seus bens.
Gonçalves Ribeiro, publicou em 2003 o livro “a Vertigem da Descolonização” que convem ser tomado em conta nas análises que hoje se possam fazer … Em verdade, a ponte LUUALIX, só se resolveu em pleno quando mais de cinco mil pessoas se juntou no Largo fronteiro ao Cinema Miramar da Luua pedindo a todas as embaixadas que mandassem transportes aéreos ou marítimos a os tirar daquele inferno.
Nas horas daqueles dias a vida não valia um vintém; tudo ficava ao sabor da sorte. Remexendo no meu baú encontrei o único e último documento que tenho do ESTADO DE ANGOLA e do Governo de Transição assinado por António da Silva Cardoso – General das F.A. Trata-se de um Salvo-Conduto para transitar pela Cidade de Luanda e Bairros Suburbanos. Revendo o mesmo, este refere que na condição de deslocado exercia a função de Colaborador na Comissão de Repatriamento.
Aquele salvo-conduto, está assinado pelo Alto-comissário de Angola, em Luanda, aos 29 de Julho de 1975 – Nove dias antes do meu Voo LUUALIX. Naquele então do ano de 1975, António Gonçalves Ribeiro, o pai da “Ponte LuuaLix” fazia alarde ao mundo da periclitante situação em retirar todos os deslocados por via da descolonização, entenda-se uma anárquica guerra com vários intervenientes, movimentos emancipalistas impreparados para se governarem a si próprios.
Naquele então, ainda faltava ir buscar algumas pessoas a áreas do território aonde não havia qualquer segurança – gente metida no mato (…). Minha missão interinamente provisória, era dar a conhecer via telefone à gente deslocada de seus sítios tais como Administradores, Chefes de Posto entre outros funcionários, qual o vôo que lhs estava destinado por meio de GUIA DE DESEMBARAÇO para o embarque aéreo.
Era gente deslocada ou desalojada de seus sítios, alguns deles perseguidos de morte prometida, fugidos dos movimentos, mais propriamente dos rufias feitos revolucioários pelo MPLA e que, se encontravam confinados em hotéis, pensões ou abrigados por amigos ou familiares – normalmente funcionários ou comerciantes previamente cadastrados nesta repartição governamental criada à força e a propósito de dar alguma ordem às muitas anomalias…
Via telefone dava-lhes a conhecer qual a sua hora de embarque na ponte “LUUALIX”; para assim ultimarem sua presença ou esperar transporte ido do Palácio que os levaria ao aeroporto Craveiro Lopes, também conhecido por Belas. Confirmo que assim era porque estando eu destacado como “adido” no Palácio do Governo da Cidade Alta da Luua, podia vivenciar o que por ali se passava.
Tinha por missão e, a partir dali, Palácio da Cidade Alta – Comissão de Repatriamnto, dar a conhecer via telefone qual o número de vôo, data e hora a sair do Aeroporto Craveiro Lopes. Deste modo recolherem a guia de marcha para embarcar. Aos que não tinham modo próprio de se deslocar ao aeoporto, iriam ser recolhidos em transporte proporcionado pelo Alto Comissariado. Como digo, eram estes por norma, administradores e gente perseguida pelo tal braço armado de Poder Popular e Pioneiros…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3535 – 05.01.2024
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Os novos mandantes do M´Puto, a reboque do PCP, mudariam funcionários, quadros e militantes com acções reais no terreno. Preparava-se mais uma cimeira no Quénia mas ninguém acreditava nisto; Nem os próprios intervenientes! Face à situação, quatro presidentes africanos reúnem-se numa mini-cimeira em Dar-Es-Salaam, capital da Tanzânia, país surgido da fusão das antigas Tanganica e Zanzibar.
Nenhum acordo é conseguido. Julius Nyerere da Tanzânia e Samora Machel de Moçambique, defendiam o domínio do MPLA de Neto sobre Angola. Kaunda da Zâmbia e Sir Seretse Khama do Botswana, eram partidários de um governo de unidade nacional que incluísse representantes da FNLA e UNITA. Era chover no molhado… Nas três primeiras semanas de Junho a FNLA e MPLA tinham aprisionado mais de duzentas pessoas, a maioria brancos, nalguns casos com seus familiares. Os edifícios públicos eram simplesmente ocupados pelos Movimentos; coisa sem lei nem roque! A cintura à volta de Luanda erguida pelo MPLA era uma realidade!
Irão dizer que não pois que em realidade parece uma grande peta feita mas, o certo é a de que militares pagos pelo M´Puto e inteiramente destacados naquele Movimento como se dele fossem, com fardamento próprio do MPLA; gente seleccionada pelo PREC de Otelo Saraiva (o Ché tuga…) Ainda ninguém trouxe isto às claras porque o sigilo estava por demais resguardado e, só alguns oficiais o sabiam.
Até surgiu um selo mentiroso do M´Puto alusivo ao MFA. A mim sempre me pareceu muito feito a propósito por o ser verdadeiro! Nakuru era folha morta! “Numa situação de guerra em Angola, como e a quem se ia entregar a sua governação?”. Era o próprio Silva Cardoso, Alto-Comissário, que se interrogava falando baixinho para que os demais ouvissem.
Neto reclamava a saída deste! Ele, Neto, o poeta, queria que assim fosse e, isto era o bastante! A maioria dos oficiais portugueses andava a assobiar ao vento! Triste ironia desta nítida má-fé e, de quem ainda anda por aí recebendo benesses e até medalhas de bom comportamento, tornados heróis como se isso o fosse de forma “avulso”.
O MPLA venceu a Batalha de Luanda expulsando a UNITA e a FNLA com a inequívoca ajuda do glorioso MFA do M´Puto (isto sempre o será repetido…). Em verdade a Batalha de Luanda resumiu-se ao duelo entre MPLA e a FNLA, enquanto os soldados e militantes da UNITA, sem armas para retaliar, se tinham simplesmente resignados a fugir.
Os que não puderam fugir, foram simplesmente massacrados aos milhares (maioritariamente negros mas e também, alguns brancos). Recordem-se do massacre na sede Pica-Pau em que abateram homens quase desarmados, mulheres e muitas crianças… Angola era a nossa terra, nossa capital era a Luua, o nosso rossio era a Mutamba e o M´Puto estava lá longe…
Mandavam-nos os magalas, o azeite, os carros, as modas e uns quantos gozavam de quatro em quatro anos férias graciosas. De volta levavam chouriços, salpicão, enguias em potes especiais e sardinhas gostosas! Negros e brancos seguiam seus sonhos, suas ambições.Uns pensavam em mudar tudo e de catanas nos pensamentos julgavam o que lhes parecia o mais certo para a terra deles, que também era a nossa! Pensávamos nós!
(Continua…)
O Soba T´Chingange
A CHUVA E O BOM TEMPO - NO M´PUTO
ENTRE O NATAL E O NOVO ANO – Crónica 3533 - 30.12.2023
- No intervalo de viagens nem sempre é necessária a culpa para se ficar culpado…. Um chapéu de chuva, sempre dá geito…
Por: T´Chingange . Em Arazede do M´Puto
Os sintomas do mal, revelam-se em características inquietantes pelas instabilidades politica e laboral na mistura do flagelo das guerras e da caristia da vida envolta em desemprego prolongado. O mal fermenta-se na psicose gerada pela instabilidade apontada adicionada a outros males como a precaridade quase instituída; isto para não entrar no capítulo da educação, formação, investigação, assistência na doença e lóbis incestuosos nas várias frentes da governação.
Avós, pais e filhos têm de se organizar nestes inteiros condicionamentos de vida. Ninguém está certo da vitória no que concerne à nossa liberdade em nossa existência. Estamos sempre pendentes das medidas dos poderosos que por nossa mão (entenda-se o povo), alcançaram o poder; refiro-me aos políticos. No final, a culpa não é de ninguém e morre sempre solteira…
Não poderemos libertar-nos dos sintomas conhecidos e de outros por conhecer, se não atacarmos a moléstia pela raiz sabendo que mesmo estas continuam a crescer de uma forma imprevisível! Nem sempre os diagnósticos estabelecidos pelos especialistas dão a necessária confiança à convicção de que um homem independente é honesto.
O clã familiar, cada vez mais tem de se organizar como e, para harmonizar sua existência humana tendo de partilhar sua reforma com um filho, com um neto, a um mais próximo a fim de se superar nas sucessivas crises. E uma crise não é singularmente diferente das precedentes porque dependem de circunstâncias novas. Isso! Condicionadas pelo fulgurante progresso da corrupção, da cunha e, aonde o homem, mulher, a família se vê neste tipo de economia dita liberal.
A lei da gasosa, sim! Obrigado/a no retirar migalhas ao salário sem sempre conseguir garantir as vitais necessidades. Dos ganhos, sessenta por cento, vão direitinhos para pagar a máquina estatal que subsidia partidos, fundações, observatórios e tantos outros afins de e a bem da nação… Balelas! Uma guerra de impostos taxas e sobretaxas; incestuosas atribuições…
O desemprego aumenta e a confiança no patronato diminui; diminui a confiança nos bancos, da participação pública nestes e depois… depois os bancos irão ser obrigados a sessar seus pagamentos, a diminuir os juros. E, dirão porque o público retira os depósitos, a economia fica bloqueada e edecéteras complicadíssimos de entender…
Eles, os bancos convencionam-se em garantir seus fundos de prevenção dando-nos 0,01 por cento nos depósitos ao ano, cobrando-se de todas as tarefas inimagináveis. O que não nos dão, vai direitinho para o seu fundo de garantia, para pagar a trafulhices de venderem peidos de velha como se fossem ovos moles. Agora, dão-nos 3,5 por cento para tapar fendas da inflação que anda lá muito mais acima.
As crises decerto darão dinheiro a alguém! Algum país, algum grupo ou contas de paraísos fiscais ficarão a abarrotar! Até no M´Puto há superávite - o termo genérico que se dá a uma conta de balanço de entidades com finalidades econômicas ou da administração pública que, em geral, corresponde à conta "lucro do exercício" dos balanços .... E, andamos todos a chiar – que a vida está cara!?. As crises são preparadas de tempos, a tempos para nos esfriarem os bolsos. Os donos do Mundo, os donos disto tudo sempre estarão amparados pelos políticos eleitos. A inteligência é a capacidade de nos adaptarmos a tudo isto aceitando o roubo, a taxa, o imposto e alcavalas como coisa clara e instituída. Esforcem-se para não ter um Novo Ano periclitante! Fui…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3531 – 20.12.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Convém agora relembrar o que alguns notáveis do M´Puto afirmaram em seu tempo, já após os acontecimentos no qual tomaram parte - Nos escritos de Pesarat Correia em Histórias de Abril pode ler-se: Sem o 25 de Abril Portugal teria falhado o seu encontro com a descolonização. No livro editado pela BKC – Book Cover Editora, Lda pôde confirmar que “até julho de 1974”, a guerra não só prosseguia morna como se suavizava em alguns teatros de operações.
Só a UNITA aceitou negociar nas condições inicialmente propostas por Portugal. Acresce, que os movimentos de libertação eram apoiados pela ONU e OUA nas exigências que faziam a Portugal. Assim, só com a “Lei n.º 7/74 Portugal reconhece o direito das colónias à autodeterminação e independência.” – Portanto, é a lei n.º 7/74 que conduz, digamos assim, às negociações para o acordo de cessar-fogo e, mais tarde, às transferências de soberanias.
- O MFA e os militares estiveram sempre na liderança do processo que, evidentemente, contou com a participação de civis, nomeadamente, Almeida Santos e Mário Soares, em virtude das funções políticas que ambos desempenhavam. Os dois tiverem papéis importantes inseridos num contexto geral que era “determinado por militares”.
– Os membros da Junta de Salvação Nacional e todos os militares que, no seu conjunto, representavam uma emanação do MFA; a Comissão Coordenadora do MFA que tinha uma força política determinante; o primeiro-ministro Vasco Gonçalves, o ministro sem pasta e depois dos Negócios Estrangeiros que passou a ser Melo Antunes; e ministros e secretários de Estado com influência decisiva, caso de Vítor Crespo que foi o primeiro ministro da Cooperação.
– Quem teve a maior importância nas transferências de poderes em Angola foi Melo Antunes - primeiro como ministro sem Pasta, depois como ministro dos Negócios Estrangeiros. – Na altura da transferência de poderes do colonizador para os representantes das antigas colónias que então se tornaram novas nações, meio milhão de portugueses regressou à “Metrópole”, número onde se destacam os oriundos de Angola que representam 61 por cento desse universo.
Em sua tese, Pesarat Correia diz que Portugal foi ultrapassado e não teve capacidade para evitar a derrapagem do processo. Via Wikipédia pude saber do surgimento do Grupo dos Nove, um grupo de oficiais liderados por Melo Antunes pertencente ao MFA de tendência moderada. Publicaram em 7 de Agosto de 1975 um documento que ficou conhecido como "Documento dos Nove". Em realidade Rosa Coutinho e Otelo Saraiva de Carvalho do PREC, já tinham deteminado tudo; pintaram e bordaram como bem o quizeram. Tudo a contento emudecido dos ilustres camaradas da Abrilada e Costa Gomes, o presidente Rolha mancumunado com Castro de Cuba e Cunhal do PC da URSS... O homem do pingalin, botas de cano alto, luvas pretas e monóculo da banga de nome Spinola, já era carta fora do baralho...
Este documento tinha em vista a clarificação de posições políticas e ideológicas opondo-se às teses políticas do documento "Aliança Povo/MFA”, apresentado a 8 de Julho de 1975. Os nove conselheiros da revolução foram: Melo Antunes, Vasco Lourenço, Pedro de Pezarat Correia, Manuel Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves, Sousa e Castro, Vítor Alves e Vitor Crespo.
Os pressupostos do Acordo do Alvor nunca foram cumpridos, a guerra civil instalou-se e foi agravada ainda por interferências externas. Com os EUA muito presentes no terreno e a URSS a apoiar a intervenção cubana, contribuiu para que a guerra civil se reacendesse mais intensamente e arrastasse as intervenções externas. Por motivos desvirtuantes ao processo, o MPLA foi tendo a preponderância consentida e auxiliada pelas NT (digo eu) acabando por retirar do processo os outros dois movimentos: UNITA e FNLA…
(Continua…)
O Soba T´Chingange - (Otchingandji)
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3527 – 12.12.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
(…) O Batalhão do Luso, o de “pé descalço ou em cuecas” (Segunda comp.ª do Cart/Bart 6221/74), deixou armas, rádios, munições e até material cripto. O comandante deste batalhão disse ter preferido ser enxovalhado do que pôr em risco a vida de 600 civis, deslocados com mulheres e crianças. Uns dias depois a UNITA apresentou oficialmente desculpas a Ferreira de Macedo, o interino Alto-comissário.
Este procedimento das tais NT, foi uma nodoa negra que se justifica talvez porque só tinham 3 meses de comissão; deduz-se que os instrutores seriam esses tais do PREC do CR que foi mandada para uma Angola desconhecida. Recordar que a UEC – União Estudantil Comunista chefiada por Zita Seabra tinha por função em Portugal de provocar a tal de IPA – Inssurreição Popular Armada que logologo, se estendeu até às hostes do MPLA em Angola.
Eu próprio (T´Chingange), vi na Caála – Robert Williams, estudantes da UEC a darem instrução milirar aos candengues pioneiros do MPLA – jovens com seus 10 a 12 anos carregando armas de fingir feitas em madeira. Alguns militares daquele Batalhão do Luso, vim a saber que eram estudantes daquela leva da UEC e. que por este facto, ao regressarem tiveram passagens administrativas nos cursos que acabaram por concluir.
Muitos destes, passaram a gerir serviços técnicos nos organismos camarários e outros oficiais sem estarem minimamente preparados. Saíram arquitectos quando nem desenhadores se poderiam considerar e, por aí! Outros técnicos de aviário fizeram e fazem carreira sem terem a correcta aptidão para além de o serem uns abnegados militantes da esquerda, da onda do Ché Guevara via Zita Seabra (…) - gente preparada átoa, com devaneios por ideologias e, sem apego ao brio e ética.
Aquele despontar sem preparo de oficiais de aviário espetando os peitos abrilescos, heróis de cinco minutos, o suficiente para a fotografia, fizeram a merda que fizeram. O baixar de guarda desta feita foi demasiado humilhante para um exército que se preze! Dá para entender todas estas ocorrências entre Agosto e o 11 de Novembro com escandalosa ajuda ao MPLA. Alguém disse e eu terei de concordar - “tropa de cáca”.
Nunca cheguei a saber se o Furriel indignado que deu uma chapada a um soldado das FALA foi ou não fuzilado como já li em qualquer parte! As fontes só dizem que foi levado para ser fuzilado ao qual o comandante afirmou: Fiquem com tudo, mas não façam mal a ninguém! Só quem lá esteve, poderá confirmar e acrescentar se sim, ou se não; se o Furriel foi mesmo fuzilado!
As confrontações em Sá da Bandeira tiveram início no dia 21 de Agosto pelos militares das FAPLA do MPLA acantonando as FALA e ELNA no quartel português; no dia 22 de Agosto, Costa Gomes, o presidente rolha do M´Puto, pediu formalmente o auxílio dos EUA. Precisava de ajuda para evacuar os restantes 330.000 refugiados que queriam sair de Angola. Carlucci reiterou as instruções chegadas a ele desde Washington para não negociar com o Governo de Vasco Gonçalves.
O auxilio dos EUA só se tonaria viável com a remodelação do governo do M´Puto com a saída de Vasco Gonçalves “o doidinho da esquerda” e, também as FAP em Angola não darem apoio ao MPLA (o que não se verificou…). Nós “retornados ou refugiados!” fomos a moeda de troca para virar Portugal para a direita pró USA! Fomos manipulados por nossos supostos irmãos do M´Puto… Fomos uns milhares de carneirinhos despojados de tudo; do periclitante direito à cidadania, do direito aos seus haveres, do direito à dignidade. Isto, nunca irei deixar de dizer, nem que me matem de morte morrida…
(Continua…)
O Soba T´Chingange - (Otchingandji)
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3525 – 07.12.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
(…) - Um Deus nos acuda com um salve-se quem puder! Entretanto as tais Nossas Tropas já eram poucas para controlar quem quer que fosse. A UNITA boicotava enquanto os homens de Chipenda, agora da FNLA, escoltavam com pagamento de 3000 contos os refugiados até à fronteira Sul. Oshakati era o ponto de encontro das caravanas saídas de Malange, Uíge, Nova Lisboa, Lobito, Novo Redondo ou Benguela e mesmo da Luanda já tão martirizada.
Um pouco de todos os lados, em grupos ou deslocados como formigas sem tino, fugiam simplesmente. Alguém lhe desfazia o carreiro do rumo acertado. E, o rumo era a paz, a fuga aos tiros, às atrocidades gratuitas, regra geral para o Sul e para a costa Atlântica. O destino era Grootfontein com a supervisão de militares e autoridades Sul-Africanas.
Era ali que se situava o campo de recepção aos refugiados. Ali chegavam camiões, automóveis e veículos de toda a ordem e também máquinas de terraplanar, caterpílares e tractores com alfaias. Em uma destas caravanas seguia meu compadre José Matias que resultado de um desencontro, ele foi e eu fiquei! Tinha-me deslocado a Luanda a fim de levar minha sogra para casa de um outro filho que vivia na Maianga da Luua.
Pois aconteceu que o que vi nesta viagem por terra, desvaneceu-me por completo a vontade de ficar na N´Gola que tanto queria. E, vi casas queimadas, povoações abandonadas, gente deambulando de um lado para outro sem uma precisa orientação. Em Muquitixe estive encostado a um muro velho com minha sogra idosa!
Não se sabia o que poderia sair daqueles drogados que revistavam o autocarro aonde seguíamos. Podíamos ter sido ali, metralhados, como num filme de revolução, cuja morte parece sempre surgir junto a um já esburacado muro! Simplesmente isto, não aconteceu. Ninguém se culparia e nem haveria de jurar a alguém! Parecia não haver esse tal de alguém; simplesmente, assustador!
Estes comboios de refugiados eram escoltados por norma pelas tropas portuguesas e também do MPLA numa já perfeita parceria de zelo de estado. Criou-se assim um autêntico corredor entre as cidades do Centro e Norte a Namacunde pela estrada principal do Sul. A falta de gasolina, água e alimentos tornava-se cada vez mais dramática pela carência.
Trocavam-se contos ao desbarato por tambores de gasolina. A tropa portuguesa assistia agora à fuga de milhares de ex-colonos e naturais com um sentimento de impotência, coisa confrangedora para alguns. Não haveria desculpas para esses militares (a maioria) que obedeciam cegamente a seus comandantes de aviário, os cérebros do Concelho da Revolução com muitos civis que se ufanavam deste feito como sendo coisa exemplar.
Prometi a mim próprio recordar estas tristes passagens, tempo de tão mau augúrio para um Império que ruiu da pior forma, sem dignidade; tudo feito por empedernidos fanáticos que a troco de uma centelha ideológica empederniam-se num regime despótico e anárquico entregando as gentes à sua guarda ao descaso, aos entretantos …
(Continua…)
O Soba T´Chingange (Otchingandji)
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3524 – 05.12.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Havia uma junta Governativa em Angola mas o MPLA fazia tábua rasa desta, assumindo suas antigas funções ministeriais, assinando diplomas sem respeitar a restrição imposta pelo Decreto-Lei de 14 de Agosto de a 1975. O Ministro Said Mingas (Dias Mingas), um meu antigo colega de carteira na E.I.L. por uns bons cinco anos, introduzia restrições à exportação de viaturas, só autorizando a saída de uma viatura ligeira por agregado familiar.
Em verdade o MPLA estava a proceder como um governo sem cumprir os acordos preestabelecidos com as demais partes do Acordo de Alvor - Penina. Seria obrigatória a verificação aduaneira rigorosa de todas as bagagens e mercadorias com destino ao exterior de Angola. O curioso de todas estas medidas foi ver mais tarde gente que fazia o controlo de bagagens nos portos e Aeroportos inscreverem-se em Portugal no Quadro Geral de Adidos e ocuparem até lugares públicos no aparelho de Estado Português.
Não se verificou nenhuma retaliação ou marginalização a estes caras-de-pau que dizendo-se uns mwangolés de primeira apanha, fugiram também para a segurança da Metrópole. Outros houve destes pseudopatriotas mwangolés que nem sendo funcionários no Ultramar arranjaram testemunhas e por declaração integraram-se como funcionários no M´Puto; a mesma que eles tanto abominavam.
Não vou aqui denunciar este ou aquele nominalmente embora me tivesse inteirado desta irregularidade grave; gente com quem lidei e que ainda anda por aí. Uma grande parte de quem lê esta Viagens, sabe que isto é uma verdade. Pode dizer-se assim que os carrascos, os mesmos que nos retiraram os anéis, ainda tiveram o gozo de usufruir benesses quando mereciam o inverso - ficar confinados às suas masmorras. Para estes vou só dizer: “Usukula mundué ú hima kujibha nzapá...” (lavar a cabeça ao macaco é desperdiçar sabão!)
Nenhum destes que retornaram a Angola, agora bem acomodados por lá e, alguns pertencendo à nomenclatura do governo podem dizer que foram destratados no M´Puto. Entretanto as FAP (Forças Armadas Portuguesas) limitavam-se só a garantir a integridade dos refugiados sem actuar na gestão da governação. Em meados de Agosto, Mingas, assinou o Decreto que limitava os levantamentos de depósitos bancários a vinte contos por mês em vez dos quinze contos semanais permitidos e, passava a ser interdita a saída da moeda angolana do país bem como a loteria premiada.
Leonel Cardoso, o novo inquilino como Oficial Superior do sinistro C.R. mais Ferreira de Macedo, o Alto-Comissário interino, mantinham-se encerrados no Palácio da Cidade Alta servindo os interesses do MPLA por imposição do Concelho da Revolução, em verdade o auto intitulado governo - os genuínos donos de Angola por afronta permitida. Forneciam a estes dados estratégicos e fotografias aéreas para desmantelar tanto a FNLA como gente descontente.
Muitos portugueses foram parar às prisões da Boavista ao Bungo e praça de toiros do Bairro Caputo. Muitos saíram de lá metidos em lençóis para as covas do Cemitério de Catete ou para os jacarés do Lifune, Kifangondo ou Panguila. No Caxito, havia avanços e recuos da FNLA e MPLA; O ELNA controlava a 13 de Agosto a Barra do Dande tendo reconstruido a ponte e mantendo três colunas militares em suas margens e um outro menor grupo na estrada do Cacuaco.
As FAPLA recuavam para Sul da picada da Barra do Dande-Kifangondo. Em Cabinda as FAPLA eram donas da situação em todo o enclave. O alargamento da guerra para Sul leva milhares de pessoas a efectuar uma penosa epopeia, romaria sem retorno em direcção ao deserto do Namibe com muitas e variadas peripécias de chantagens como garantia de protecção, isto ate chegarem ao Sudoeste Namibiano.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3522 – 30.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
O Presidente do Congo Brazaville N´Gwabi aceitando as propostas do MFA do M´Puto na pessoa de Otelo Saraiva mancumunado com o Presidente rolha Costa Gomes (o sempre em pé…), e solicitação de Fidel de Castro, dá apoio com hospedagem a mais 142 instrutores cubanos, declarando-se oficialmente apoiante incondicional ao MPLA de Neto.
Este apoio tinha sido concertado em uma viagem que N´Gwabi fez a La Havana. Havia fortes indícios de que o MPLA estivesse a preparar uma declaração de independência unilateral, sem consulta a Portugal e aos outros dois movimentos conforme o estipulado no Tratado de Alvor. No M´Puto, pode entretanto, apreciar-se um comportamento de insubordinação de má-fé entre os colaborantes militares de aviário de Abril.
Enquanto que tudo faziam numa óptica de práfrente camarada, avante, Costa Gomes via-se em palpos de aranha agradando aos mais resolutos. Aqueles revolucionárias imberbes, maioritariamente estudantes enquadrados por Zita Seabra* e comunistoides militares do PREC, estavam a mijar nitidamente, nas boas graças dos estrategas. Pois sim! Aconteciam permanentes assaltos aos organismos opositores e embaixadas. Estávamos em inícios de Outubro de 1975…
À margem das negociações, os retornados, cidadãos nacionais e da Província Ultramarina de Angola, estavam a ser moeda de troca no fornecimento de aviões para a ponte LuuaLix poder realizar-se no tempo aprazado. Nesta guerra de tundamunjila (brancos, fora - para a vossa terra) a estória ainda anda a ser fabricada! Sempre teremos de rebuscar os caixote e baús para refazermos verdades que se deitaram a propósito no lixo e, porque assim interessava à esquerda, aos interesses obscuros acobertados pela midia…
Quanto às justificações que surgem, há sempre um misterioso MAS: "Mas, uma facção dos comunistas, pressionados pela URSS, queria controlar o processo". Em Angola, as N.T. já nem saíam dos quarteis! Tinham sim um enorme desejo de serem rendidos e regressar à Metrópole do M´Puto. Nem pareceria ser relevante acudir a casos graves em defesa de gente Lusa. As teses do PCP vingavam em Portugal e Angola. Foi só no 25 de Novembro de 75 que se repôs alguma legalidade; no entanto, muitos lugares chaves da governação já estavam tomados por ideias de principios tóxicos…
Os novos mandantes a reboque deste PCP mudariam funcionários, quadros e militantes com acções reais no terreno. A toxicidade foi tão bem aparelhada que perdura ainda nos dias que correm (estamos no ano de 2023)! Preparava-se mais uma cimeira no Quénia mas ninguém acreditava nisto; Nem os próprios intervenientes! Face à situação, quatro presidentes africanos reúnem-se numa mini-cimeira em Dar-Es-Salaam, capital da Tanzânia, país surgido da fusão das antigas Tanganica e Zanzibar.
Nenhum acordo é conseguido. Julius Nyerere da Tanzânia e Samora Machel de Moçambique, defendiam o domínio do MPLA de Neto sobre Angola (ideias de URSS a funcionar em plenitude…). Kaunda da Zâmbia e Sir Seretse Khama do Botswana, eram partidários de um governo de unidade nacional que incluísse representantes da FNLA e UNITA. Era chover no molhado…
Nas três primeiras semanas de Junho a FNLA e MPLA tinham aprisionado mais de duzentas pessoas, a maioria brancos, nalguns casos com seus familiares. Os edifícios públicos eram simplesmente ocupados pelos Movimentos; coisa sem lei nem roque! A cintura à volta de Luanda erguida pelo MPLA era uma realidade! E, tinha gente treinada na Metrópole (Lisboa), propositadamente preparada para fazer parte deste MPLA.
NOTA*: Zita Seabra, liderou a fundação da União dos Estudantes Comunistas (UEC) antes e depois do 25 de Abril. Escreveu para diversas publicações clandestinas do PCP, como o Avante, O Militante, o Jornal das Camaradas das Casas do Partido e os jornais da UEC…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3521 – 28.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
BATALHA DE LUANDA - A coluna da FNLA consegue atingir Caxito, onde é dizimada com a entrada em acção dos “Órgãos de Staline” aos quais os angolanos passaram a chamar de “Mwana Caxito” (filhos de Caxito); exactamente por terem sido utilizados pela primeira vez, na capital do Bengo. Esta arma capaz de disparar simultaneamente vários morteiros, foi construída no tempo de Staline…
Os “Órgãos de Staline” permitiram aos russos resistirem contra os alemães na Segunda Grande Guerra Mundial. Nesse então ganhou o nome de “katiusha”- querida Katia, palavra de código utilizada entre os comandantes das frentes. Nos EUA, chamam-lhe “Tio Sam”. Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo. No M´Puto, a 9 de Março de 1975, Spínola foi informado por oficiais amigos da operação matança da páscoa.
Era aquele, um plano do Partido Comunista Português e os militares mais radicais do COPCON e da 5ª Divisão, apoiados pela União Soviética, para realizar uma campanha de assassinatos políticos, onde Spínola e seus apoiantes constavam como alvos, como parte de um golpe de estado para tomar o país.
O herói do monóculo e pingalim e luvas de coiro preto chamado de Spínola, escapa-se de helicóptero para Talavera de La Reina, em Espanha levando com ele a valentia que num repente enferrujou na apatia medrosa, com mofo e atitudes encardidas de vergonha. Entregues ao acaso, na Luua, as Forças Militares dum exército que deveria ser de conjunto, ao invés de apagar o fogo como o deveria ser, ateavam ainda mais os incêndios.
Lopo do Nascimento mentia com todos os dentes dando força ao tal exército popular do seu MPLA – “victória ou morte” – Aiué, Nossa Senhora da Muxima nos acuda!... As FAPLA, atacaram e destruíram com blindados o quartel da FNLA em Kifangondo. Ninguém se insurgiu neste uso de blindados! Deveriam ser apreendidos pelas NT. mas, ou as ordens se perderam no caminho ou lhes faltou coragem para actuar.
Podemos acreditar em tudo porque nada foi feito! Era mais fácil desconhecer tal gravidade. Nova Lisboa (Huambo), Lobito, Benguela e Sá da bandeira eram agora as cidades refugio dos deslocados de guerra idos do Norte, Malange Luanda, Uíge e muitas outras localidades. Num desespero e abandonando tudo, as gentes fugiam simplesmente daquele inferno. Era o preconizado por Rosa Coutinho e seus guedelhudos do MFA.
Guedelhudos do MFA.- os urubus ou corvos, como queiram; Tropa fandanga nunca reconhecida traidora pelos muitos governantes de Portugal no após 1975. Com três semanas de combates arrasadores, nunca o MPLA acudiu aos apelos de Paz faltando a todas as reuniões do comando unificado da Luua. A Emissora Oficial de Angola era simplesmente ignorada pelo MPLA.
Em N´Gola - Não dava para esperar! As escolas já não funcionavam, os dispensários médicos iam ficando sem gente capacitada, as instituições iam ficando desertas de gente com poder de decidir. O “lar do Namibe” uma cooperativa de construção comunicou-me que já tinha direito à tal casa mas, esta carta por ali ficou em cima duma estante a desaguardar num tempo que se esfumou. O PCP da metrópole na colónia, "tentou a sua sorte para poder desempenhar um papel determinante na evolução do país”. A verdade é que a descolonização de Angola estava a ser executada ao acaso…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3520 – 25.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Nestas finchas do tempo, relembrado o 25 de Novembro*, no M´Puto, meus sentimentos, pensamentos e actos, têm uma única finalidade: falar a verdade à minha comunidade para que a história não se esmoreça; minha atitude determinará o juízo de bom ou de mau que há sobre os factos. Quero assim ser livre, criador e sensível o quanto baste sem pactuar com a imbecilidade que como dança infernal leva as massas sociais ao embrutecimento; algo que sistematicamente corrompe o bom senso dos homens.
No M´puto, Costa Gomes, o presidente rolha, titubeando indecisões, acabou por retirar o Brigadeiro, esse tal de José Valente, comandante da 2ª Região Aérea e que vivia em relações tensas como a CCPA (Conselho Coordenador do Programa do MFA para Angola e que, incluía o CCPA e o Estado maior de Angola). Entretanto os vapores Vietnam Heróico, o Coral Island e o La Plata, chegariam antes do fim de Setembro de 1975 em Brazaville e Porto Amboim -- Angola, levando a bordo mais de 1000 toneladas de gasolina, 300 instrutores para os quatro CIR do MPLA e ainda dois aviões cubanos.
Leonel Cardoso continuava apreensivo pedindo apoio a Lisboa e mantendo as FAPLA em suspense com uma hipotética chegada de tropas especiais, Comandos e Pára-quedistas. Leonel Cardoso perante este cenário blefava e, era só o que lhe restava porque Lisboa andava afanada com os sindicalistas das “Manif” de civis e militares guedelhudos. Leonel Cardoso andava sem saber como fazer na entrega do poder a 11 de Novembro de 75.
Com muxoxos de boca pequena sabia-se que Leonel Cardoso se queixava de estar rodeado de traidores à pátria ou à causa; a confiança, ruía-lhe algum aprumo. Ética, era uma coisa quase nefasta e os heróis das NT em sua maioria só viam o MPLA. A estes, o MPLA, entregavam tudo de mão beijada sem fiáveis contrapartidas mas, sempre havia uns quantos que buliam sua própria consciência. Aquilo não lhes parecia lá muito bem… Eram muito poucos, quase nenhuns. Em Angola, estávamos entregues à fé e ao acaso, à bicharada.
Entretanto Samora Machel de Moçambique e Július Nyerere da Tanzânia, perfilam-se também ao lado do MPLA. Otelo em viagem a Havana garantia a Fidel de Castro não retaliar com suas frotas e tropas, entenda-se como as NT (Nossas Tropas) a “invasão de Angola” em apoio ao MPLA. No M´Puto, pouco a pouco, Carlucci o embaixador Americano, ia alegando algum favoritismo para o MPLA.
O Gringo Carlucci da USA, com a nobre ajuda de Vasco Gonçalves, o primeiro-ministro português, um ex-doente mental da casa dos malucos de Luanda - sector militar. Este afiançava a pés juntos perante o Gringo que, não senhor, o MPLA não é comunista! Era uma boa base aos ditames de Frank Carlucci; a este, interessava-lhe sobremaneira o controlo do petróleo de Cabinda. Não era por acaso que já Cabinda estava inteiramente nas mãos do MPLA.
Podem ver agora e com clareza de 48 anos já passados que os retornados tiveram um desfecho muito parecido com o sucedido no Irão, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e aonde quer que houvesse petróleo, a moeda americana suporte de sua supremacia. Costa Gomes, com esta decisão sentia-se agora mais confortável. Naquele então o segredo era manter tudo em banho-maria até o 11 de Novembro.
Muitos ou quase todos dos “libertadores” afectos ao MPLA, sonhavam com a casa, o carro, os privilégios e as posições dos colonos. Conquistaram-nas e tornaram-se piores do que aqueles gestores da Administração Ultramarina do tempo colonial. Desculpar-se-ão com a guerra. Só que a guerra, que matou tantos e estropiou, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas…
Nota*: O 25 de Novembro de 75, foi o golpe que retituiu a democracia a Portugal, apòs a rebelderia do PREC e a descolonização, em que se destacram Jaime Neves dos Comandos e Ramalho Eanes que forçaram Costa Gomes a mudar de rumo bem como o PCP com Álvaro Cunhal, na liderança…” O antigo Regimento de Comandos, na Amadora, evoca todos os anos, de um modo especial, dois dos seus combatentes, o tenente José Coimbra e o furriel Joaquim Pires, mortos no 25 de Novembro de 1975, numa acção militar para submeter o quartel da Polícia Militar, na Calçada da Ajuda, em Lisboa.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA