Sábado, 26 de Novembro de 2022
GUARARAPES - 6

A SAGA DO AÇÚCAR – AS AGRURAS DE OLINDA COM OS MAFULOS

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA

Crónica nº 3305 de 19.05.2022Republicação a 26.1.2022 em Lagoa do M´Puto

Por araujo 29.jpgT´Chingange (Ochingandji)Em Arazede do M´Puto

A figura pública de Figueiroa, revista como herói na tomada de Pernambuco -  Brasil

matias20.jpg  Matias de Albuquerque, 1° Conde de Alegrete, nasceu na Vila de Olinda, sede da Capitania de Pernambuco, no Estado do Brasil, da qual seu irmão era donatário, na última década século XVI.

Em tempo de D. João IV. Este monarca, deu ordens a Figueiroa que recrutasse 500 infantes da ilha da Madeira e Açores para tal envolvimento militar em terra de Pernambuco… Determinou aos oficiais de primeira linha fidalga, que “a gente vadia, ociosa, e de pouca utilidade à Coroa, fossem arregimentadas e levados à luta do Brasil” porque “ He grande o aperto e necessidade daquelle estado”. Convém dizer-se que não é verdade que o reino se tivesse esquecido dos revoltosos de Pernambuco; o que sucedeu foi de que não se tinha reunido toda a diplomacia para ter sucesso e só reactivou à pressa após Inglaterra* ter declarado guerra à Holanda.

Aqui D. João IV actuou rápido em força e a todo o custo sobrecarregando o povo em taxas de guerra adicionais. O açúcar fazia-lhe falta para custear tudo isso e ainda salvaguardar as fronteiras Ibéricas da impetuosidade dos vizinhos Castelhanos. Em 1647, Francisco de Figueiroa chega à Bahia. Em 4 de Agosto de 1648 reúne-se às tropas sob o comando de Francisco Barreto de Pernambuco e, é a 19 de Fevereiro de 1649 que toma parte na segunda batalha de Guararapes com o posto de Mestre-de-Campo do seu terço de guerra.

matias21.jpg Francisco Barreto, após aquela grande batalha, escreveria ao rei a 11 de Março de 1649 enaltecendo os três Mestres-de-Campo, Vieira, Figueiroa e Vidal da seguinte forma: - “Procederão com tão assinalado valor que depois de Deus, foram eles a causa de alcançar vitória pelo que merecem as mercês que justamente podem esperar tão “leaes vassalos”, por seus merecimentos”.

Figueiroa, tendo sido soldado, capitão, almirante, governador de Cabo Verde, ouvidor em Angola e Mestre-de-Campo na batalha de Guararapes, por rogo seu foi designado de fidalgo com a comenda da Ordem de Cristo depois das formalidades das “provanças” para a sua admissão na Ordem de Cristo e, após a consulta da Mesa da Consciência e Ordens o ter aprovado a tal merecimento. Coisas tiradas a ferros, sabe-se lá do porquê!

Recorde-se que em 1630, tropas mercenárias da Companhia das Índias Ocidentais invadem a capitânia de Pernambuco dominando toda a região do Nordeste do Brasil por vinte e quatro anos, ou seja, até ao ano de1654. Insatisfeito com a situação, os naturais da terra sob a liderança de João Fernandes Vieira, um senhor de engenho, nascido no Funchal, inicia em 1645 a reconquista do território devolvendo-o à soberania Lusa em 1654.

matias23.jpg Em Olinda sede da Capitânia de Pernambuco governava Matias de Albuquerque; este, procurava concertar os esforços da defesa no porto de Recife só que, o General Mafulo Theodoro Waerdenburch, seguindo o plano traçado com os mandatários da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, desembarcou suas forças na praia de Pau Amarelo a Sul do Recife num total de 3000 homens. Marchou sobre a vila de Olinda tendo vencido Matias de Albuquerque no combate de fogo à Vila de Olinda queimando nobres edifícios avaliados em milhares de cruzados.

Matias de Albuquerque, perante tamanha força, impossibilitado, e de coração esfrangalhado retirou para o lugar de Capiboaribe a uma légua de distância do Recife, fortificando o sítio com 4 peças de canhão e 200 homens de armas. Inicia-se assim a guerra da resistência pernambucana com a fundação da Arraial do Bom Jesus aonde permaneceram por cinco anos utilizando tácticas de guerrilha aprendidas com os indígenas (Índios da região)...

bruno27.jpg Naquele Arraial do Bom Jesus, compareceram com seus comandados, Luís Barbalho, Martins Soares Moreno, Filipe Camarão com seus índios e Henrique Dias com seus negros quilombolas resolutos a manter uma guerra de vinte e quatro horas por dia no espírito de todos com um sentimento nativista. Mas, entretanto há o revés de em Abril de 1632, Domingos Fernando Calabar, um mestiço cazucuteiro, dado ao embuste, com o desprezo dos demais, é acusado de contrabando, passando-se assim por acossado para o lado dos invasores Mafulos…

NOTAS: *INGLESES – observe-se aqui a interferência desta nova potência na Europa e Globália, estabelecendo regras de fiscalização DESDE ENTÃO aos demais países entre os quais PORTUGAL, que sempre manteve subserviente aos sus caprichos e, ao longo da história

 (Continua…)

O Soba T´Chingange (Ochingandji)



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:56
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Quinta-feira, 17 de Novembro de 2022
GUARARAPES - 5

RECIFE – A SAGA DO AÇÚCAR – TOMADA DE LOANDA PELOS MAFULOS

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA

Crónica nº 3297 de 10.05.2022,em Arazede do M´Puto – Republicação a 17.11.2022 em Lagoa do M´Puto

Por soba40.jpgT´Chingange (Ochingandji)  

A figura pública de Figueiroa foi contestada quando ainda era governador de Cabo Verde mas, na saga Atlântica, como herói na tomada de Pernambuco, passou a ter uma forte ligação com a história…

suku0.jpg Na sua relação com Angola, interessa descrever o seu trajecto de vida. A vinte e dois de Janeiro de 1639, Filipe III, rei de Portugal sob o domínio de Castela, nomeou Pedro César de Mendonça Governador e Capitão-General dos Reinos do Congo e N´Gola. Francisco de Figueiroa que já era um destacado homem, reivindicador de seu posto de fidalgo da corte, foi nomeado Almirante, o segundo posto depois do de General e simultaneamente Ouvidor da Colónia, um alto cargo nesse então.

Nesta expedição a terras de África embarcou como soldado António de Oliveira Cadornega que mais tarde, entre 1860 e 1861, se reactivaria a história das guerras Angolanas escritas por si, em três volumes da Agência Geral do Ultramar. As duas naus “Rei Dadid e Santa Catarina” chegariam a Loanda em 18 de Outubro desse ano de 1639.

madeira01.jpg No dia 30 de Maio de 1641, parte do Recife uma expedição de 21 navios comandada por Cornelis Cornelis Zonjil com 3000 homens, marinheiros Mafulos (Holandeses) e infantes mercenários de várias nacionalidades da Europa de então a soldo da Companhia das Índias Ocidentais, todos eles experimentados nas guerras de Flandres e Alemanha.

Estas forças de guerra tinham por objectivo tomar Loanda, ocupar N´Gola e dominar o mercado de escravaria da região, importante mão-de-obra para os engenhos de Pernambuco em seu poder. Ao largo da baia de Loanda, a 23 de Agosto desse ano, esta esquadra é avistada de terra, do lugar sobranceiro de fortaleza de São Miguel e parte alta do insípido caserio daquele esboço de cidade já com quase 4000 almas.

maful1.jpg Os moradores com seus governantes, arraia-miúda de desterrados e escravos evacuaram a cidade levando os haveres possíveis, refugiando-se no arraial de Kilunda do Bengo. Esta fuga teve redobradas dificuldades por terem à-perna os nativos descontentes flagelando os mwana-pwós e o governador Pedro Cézar. Este governador tinha-se revelado um homem de má índole, inepto no mando de gente e detendo haveres por corruptas e enganosas tramóias.

No dia 25 de Agosto de 1641 os Mafulos com toda aquela gente de olho azul, vestida de ferro, tomam posse de todo aquele caserio e fortaleza sem grande contratempo. Na manhã de 17 de Maio de 1643, dois anos depois, os Mafulos, contrariando acordos de relação comercial dúbia por parte de alguns portugueses, atacam por isso mesmo, de forma inesperada, o arraial do Bengo.

maful2.jpg A usura do governador Pedro Cézar tinha transbordado em traquinices resultado daqui a morte de alguns dos defensores. O próprio governador e o Ouvidor Francisco de Figueiroa foram presos e levados para Loanda. Estes “ilustres desclassificados” na visão de pontos de vista dos cronistas de então, foram embarcados para o Recife; estes, com mais alguns destacados comerciantes negreiros, compraram a sua liberdade a troco dos seus baús carregados de jóias, ouro e património de indevida apropriação à igreja e seus pares, ricos negreiros não colaborantes.

A soltura de Figueiroa ficou-lhe em mais de 15 mil cruzados pelo que, pode assim regressar ao Brasil tendo-se instalado em Bahia de todos os Santos por algum tempo. Figueiroa regressa à Madeira em uma escolta de navetas a cinco navios que regressavam da Índia aportando no Funchal para reabastecimento. D. João IV, tendo notícias de que a holanda preparava uma armada destinada a reforçar as guarnições holandesas de Pernambuco e Bahia; sabendo disso, deu ordens musculadas para que Portugal enviasse tropas de infantaria para tais destinos pois que se estava a tornar demasiada tardia a ajuda solicitada por Pernambuco. Em Lisboa formaram-se 100 infantes em 2 caravelas; no Porto, outras tantas de Viana do Minho, Aveiro, Algarve, e Setúbal. Ao mesmo tempo dava ordens a Figueiroa que levantasse 500 infantes da ilha da Madeira e Açores para tal envolvimento militar…

madeira3.jpg

GLOSSÁRIO: Mafulo: - Holandês em dialecto kimbundo de Angola

NOTA: A reconquista de Angola virá logo a seguir, pois que foi do Recife que saiu Salvador Correia de Sá e Benevides com uma frota de naus, que libertou Loanda do jugo Mafulo - * Pode agora entender-se a importância destas ligações entre a Metrópole, Brasil, Ilhas Atlânticas e Angola… Factos quase desconhecidos no mundo português da aqui referida Globália

(Continua…)

O Soba T´Chingange (Ochingandji)



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:15
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Sábado, 12 de Novembro de 2022
GUARARAPES – 3

RECIFE – A SAGA DO AÇÚCAR

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA - O bodo dos pobres na “Folia do Divino” - ILHA DE SANTA MARIA nos AÇORES

Crónica nº 3293 de 03.05.2022 – Republicação na Lagoa do M´Puto a 12.11.2022

Por açores1.jpgT´Chingange (Ochingandji)

praia3.jpeg Saíram deles MADEIRENSES, os canaviais com seus canais de rega, engenhos e rodas motrizes. O seu contributo na feitura do Brasil teve início com a libertação do Maranhão (S. Luís) que se deu no ano de 1642 tendo António Teixeira de Mello como libertador enquanto em Pernambuco e, pelo ano de 1645, João Fernandes Vieira organizava resistência armada aos Holandeses (Mafulos); para tal, em 1646, recebeu do rei D. João IV a carta de patente de mestre-de-campo para chefiar um terço da Infantaria formada nas Ilhas.

Ficaram a seu comando, 500 homens recrutados na Madeira, Ilha do Pico, S. Miguel, Faial e Graciosa no Arquipélago dos Açores. Este terço era constituído por quatro companhias de 125 homens. Os combatentes Madeirenses que se bateram nas campanhas de Bahia e Pernambuco contra os Mafulos, receberam tenças ou cargos administrativos como recompensa pelos serviços prestados; assim, se alicerçou as instituições régias de soberania local defendendo-a de corsários franceses, castelhanos e os aqui referidos Mafulos.

madeira2.png Por via do novo Tratado de Madrid que substituiu o já desusado trato de Tordesilhas, constituiu-se como primordial, a efectiva ocupação do território por gente Lusa. Em 1746 foram enviados casais Açorianos para terras do Sul; estava em curso o estancar de gente de Castela que ao longo dos anos se tinha instalado na foz do Rio Prata, actual Uruguai, uma parte da grande Cisplatina.

Florianópolis passou a ser nesta corrente migratória a 10ª ilha dos Açores em terras do Brasil. É curioso dizer-se agora, ano de 2022, estarem as evidências culturais de sua origem mais vivas do que em sua terra mãe através das festas do Espirito Santo e os mistérios em honra do “Divino”, festa de Pentecostes que no calendário católico têm lugar cinquenta dias após a celebração da Pascoa. A tradição foi difundida nas ilhas por influência da Rainha D. Isabel (1276 a 1336).

açores2.jpg Tive oportunidade de assistir anos atrás à coroação de um Imperador na Ilha de santa Maria dos Açores e, nesse dia fui ao bodo dos pobres; ”folia do divino” que ocorre em toda a Ilha e que foi transposta para Santa Catarina do Brasil. Em S. Vicente, persiste a tradição do bodo, mesa farta no dia do Divino Espírito Santo aonde ninguém paga e ainda leva merenda ou bolo para suas casas.

Na ilha de Santa Maria comprovo porque vi, em Santa Barbara e Vila do Porto, aos fins-de-semana andarem uns mordomos com vestimentas brancas como as das irmandades, fazendo peditório para esta época de quermesse. Por vezes gente vinda da diáspora da globália saudosa desses costumes dá alvissaras ofertando tudo para esta festa e, são inúmeros os voluntários a ajudar nas muitas actividades.

açores4.jpg Neste triângulo Europa (Portugal), África (Angola) e Américas (Brasil), no que concerne ao conjunto de países dos PALOP´s (Países ou estados autónomos de língua oficial portuguesa), a Madeira e os Açores, estão no princípio de singularidade dos usos como um laboratório experimental da sociedade Atlântica. Há neste conjunto de tradições laivos de cultura Guanche levadas das ilhas Canárias de Tenerife e Gomera tais como bordados e trabalhos manuais com uso de madeira… Convém aqui lembrar que no mundo Mediterrânico, crescente fértil e em África em geral existia de há muito tempo a escravidão entre tribos como coisa natural, mão-de-obra barata entre etnias branca e preta.

Isto aqui referido está descrito nos testamentos da Bíblia, no livro do Géneses em que os vencidos eram tornados à condição de escravos, em troca de suas vidas; gente da tribo de Canã; este gesto era tomado como “humanitário” e, fez parte de todos os códigos da antiguidade como o de Hamorábi, e o direito Romano que serviu de referência ao mundo Português, mas não só, até o século XIX. Entender-se assim a forma de servilidade tão característica nestes grupos de gente Lusa ancestral com origens diversificadas. Tudo isto para concluir que a escravidão foi introduzida na América em 1492 pelo próprio Colombo e conquistadores que se lhe seguiram pois que, em suas naus já levavam escravos. Foi, no entanto, a partir de 1501 que os introduziram em São Domingos. No Brasil, só se comprova a existência de escravos a partir de 1531, na Capitânia de São Vicente.

açores3.jpg 

GLOSÁRIO: Mafulo: - Holandês em dialecto kimbundo de Angola

NOTA: A reconquista de Angola virá logo a seguir à Saga do Açúcar pois que foi do Recife que saiu Salvador Correia de Sá e Benevides com uma frota de naus, que libertou Loanda do jugo Mafulo

O Soba T´Chingange (Ochingandji)



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:29
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Terça-feira, 8 de Novembro de 2022
GUARARAPES – 2

RECIFE – A SAGA DO AÇÚCAR

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA

Crónica nº 3289 de 23.04.2022 na Pajuçara de Maceió, de Alagoas, Brasil

– Republicação a 08-11.2022 em Lago do M´puto

Por palops1.jpgT´Chingange (Ochingandji)

vieira1.jpg O governo do Brasil Holandês (Mafulos*) capitulou a 26 de Janeiro de 1654 tendo sido então o mais importante registo da História Militar de toda a América do Sul; depois deste acontecimento há a salientar de relevante saga, a libertação dos cinco países americanos por Simon Boliver. Após a capitulação de Recife, os moradores aclamaram a liberdade contra a dominação holandesa e, a 7 de Outubro de 1645, os homens de guerra de Pernambuco lavraram certidão de aclamação a João Fernandes Vieira como Governador da liberdade.

Chegado aqui, terei de retroceder no tempo a fim de conhecer a saga do açúcar nas então capitanias, nomeadamente a de Pernambuco. Em 2009, numa das celas da prisão para políticos, em Recife do Brasil, “A praça das cinco pontas”, agora transformada em casa da cultura, comprei um livro que fala da saga do açúcar - como tudo começou na relação histórica entre as ilhas da Madeira, Açores e o Brasil. O açúcar vingou no Nordeste Brasileiro por força da intervenção madeirense tendo, entre outros pioneiros o nome destacado de João Fernandes Vieira, um mestiço que em 1645, já era o maior proprietário de engenho do açúcar em Pernambuco.

vieira2.jpg Deve-se principalmente a ele, Vieira, a restauração de Pernambuco com a retirada do Conde de Nassau, o governador Holandês que a partir de Olinda geria o império da Companhia das Índias Ocidentais. Vieira assumiu o Brasil como terra sua e as suas atitudes tomaram foros do que se veio a designar “o nascimento do conceito brasileiro”. Antes de continuar a descrição da Saga, convém dizer que O Mafulo Maurício de Nassau foi em verdade muito importante na história do Brasil de então pois que introduziu novos processos de gestão de uma visão mais avançada para a época. O mercantilismo e o atributo de subsidiar o investimento, fez crescer vários negócios no Nordeste brasileiro.

A Madeira, foi o início - As ilhas da Madeira e Açores tiveram na introdução do açúcar no Brasil e, a implícita emancipação pelo conceito em se ser brasileiro. Esta gesta de gente que lutou pela liberdade contra os Holandeses por alturas de 1640, enfrentou do outro lado do Atlântico – Angola, os mesmos Mafulos* que em paralelo com a rapina de Olinda, se apoderaram da cidade de Loanda. Esses intervenientes salientaram-se como heróis que a história quis esquecer; muitos morreram em prol de terras que escolheram para ser suas; supostamente, uns em Brasil, outros, no reino de N´Gola, uma esquina nesse então, esquecida do mundo.

madeira2.png A descoberta da Madeira aconteceu em 1420 e, a 8 de Maio de 1440 o infante D. Henrique lançou a base de estrutura no conceito de posse, dando a Tristão Vaz carta de Capitão de Machico. Esta foi a primeira capitânia a ser atribuída a gente que por feitos se tornou de “linhagem Lusa” defendendo-se assim um sistema institucional que deu corpo a novas terras. A formação do Brasil colonial, foi à semelhança de Machico, também, partindo da atribuição da capitânia, a de S. Vicente, ”a Nova Madeira” na costa Atlântica das terras de Vera Cruz. Aqui nasceu a grande metrópole que é hoje, São Paulo com mais de vinte milhões de almas.

Na capitânia de S. Vicente foram construídos os primeiros engenhos açucareiros; mestres madeirenses às ordens dum senhor governador de nome António Pedro Leme, terá sido o pioneiro no plantio das primeiras socas de cana oriundas da Madeira. Com aquelas primeiras mudas de cana-de-açúcar, se formaram os primeiros canaviais dando-se início à saga do açúcar na faixa litorânea Paulista. Os Madeirenses, foram assim, os primeiros colonizadores e, isto, foi só o início. No decorrer dos anos, foram até às imensas regiões do Sul aonde se situa agora o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; mais tarde e com maior impacto tomaram raízes mais afincadas no Nordeste Brasileiro

madeira1.jpg O facto de a Madeira ter sido modelo de referência para o espaço global da Lusofonia Atlântica, não tem sido reconhecido ou, divulgado. Esta migração humana que arrastou consigo um universo de conceitos, tecnologia, usos, costumes, cultura e novos conhecimentos e até pesquisa no campo da flora, silvicultura em geral, teve um impacto de evidente progresso. Não é sem razão atribuir-se a Portugal o início do conceito de globalidade; em verdade este mérito tem tudo a ver com os genes Lusa.

Nesta primeira pedra da gesta Lusa em terras mais além de Sagres, houve impactos negativos mas, os de mais-valias para o Mundo valorizaram o arco-íris final. A pequenez da Ilha Atlântica e sucessivas crises naquela tão difícil empinada topografia levou os ilhéus a buscar outros destinos menos trabalhosos e mais auspiciosos; primeiro foram para os Açores e Canárias mas, mais tarde, em precárias embarcações quinhentistas sulcaram com gentes continentais terras longínquas como Curaçau, Venezuela, Brasil, Angola e África do Sul, levando consigo um modelo de virtude social, político e económico.

GLOSÁRIO: Mafulo: - Holandês em dialecto kimbundo de Angola

O Soba T´Chingange (Ochingandji)



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:09
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Quinta-feira, 8 de Julho de 2021
MUJIMBO . CXXIV

SER OU NÃO SER COMENDADOR - FUNERAL SEM CHORO

- É costume ouvir-se dizer: " foi-se sem deixar de si saudades”...  Crónica 3063 - de 08.07.2021

monteiro2.jpg

Por soba04.jpgT'Chingange, no AlGharb do M'Puto

Não me lembro de ter ouvido falar nem de ter assistido a alguma cerimónia fúnebre em que as faltas “ou pecados” da pessoa falecida tivessem sido destacadas pelos oradores. Elas podem até ser amplamente conhecidas, mas o bom senso manda que se realce só os aspectos positivos; afinal, todo mundo tem defeitos misturados nas virtudes e, nunca o inverso disto.

Certamente deixamos a marca do que fazemos positivamente, ou do que fazemos e que não deve ser imitado. Entretanto, é certo que ninguém quer imaginar ser mencionado em nenhuma ocasião, muito menos depois que tiver morrido ainda em vida, por causa dos seus defeitos ou procedimentos não usuais. Nem no livro sagrado da Bíblia, se escondem as falhas de nenhum de seus personagens, mesmo dos mais destacados heróis, entre os quais não está o rei mencionado em este nosso verso explanado em texto co o nome adulterado de Joe! A Joe, o que é de Joe… A Berardo o que é dele! Joe e Berardo são uma só pessoa…

soba21.jpeg E, lendo “ao calhas” ou aleatoriamente o livro dos livros camado de Bíblia, leio que Jeorão era filho primogênito de Josafá que reinou pouco tempo, mas deixou um histórico lamentável. Para começar, embora fosse rei e tivesse a maior parte no espólio deixado pelo pai, tão logo assumiu o reinado, de olho na herança dos irmãos, matou-os à espada. Já naqueles tempos havia formas bizarronas de tratar a vida...

A esposa de Jeorão, Atalia, filha dos ímpios Acabe e Jezabel, mais tarde tentou acabar com a linhagem de Davi. Jeorão rejeitou as advertências e promoveu a decadência moral e espiritual dos moradores de Jerusalém e de Judá. Finalmente morreu acometido de uma terrível enfermidade, que deixou suas entranhas expostas.

roxo135.jpg De acordo com um costume da época, os reis, ao morrerem, eram colocados em uma sepultura especial, em um local chamado “sepulcro dos reis”, algo como se fora um panteão. Não foi esse o caso de Jeorão. Quando morreu, não recebeu nenhuma homenagem por via de seus graves desvios às regras sociais de então.

O povo não lhe queimou incenso, ele não foi sepultado no sepulcro dos reis, e o cronista diz a respeito dele que “se foi sem deixar de si saudades”. Em contraste, Ezequias “foi sepultado na colina onde estão os túmulos dos descendentes de Davi. Todo Judá e o povo de Jerusalém lhe prestaram homenagens".

berard1.jpg Os bons exemplos, por norma, eram e ainda o são, enaltecidos pela sociedade. Por vezes leio a Biblia e, fico com vontade de não mais a ler porque são muitos desaires e até comportamentos bárbaros no meu entender. Em verdade, nem carece estarem esparramados no livro dos livros! Vejo no estágio de um qualquer curriculum, não ser pecaminoso desejar ser estimado, mas isso é resultado do bem que a pessoa espalha ou espalhou, difundiu ou influiu em seu meio, noé!? Será que posso entender este caso tão antigo com o de JOE BERNARDO, um ilustre cidadão português que, num repente, MORREU, estando vivo…

berard2.jpg Morreu, por fruto da hipocrisia dum povo que o bajulou, de governantes e gente com poder nas instâncias bancárias, que o embalaram e subsidiaram; mesmo de altos dignatários que lhe deram guarida e ajudaram, com dolo para todos NÒS, ao ponto de merecer medalhas de mérito e comendas como se o fora: um exemplo a seguir… Isso! Do amor e perdão que reparte, da acolhida que oferece e do serviço prestado, com altruísmo e lealdade - supostamente!

berard3.png Acima de tudo, é importante que sejamos conhecidos e lembrados por nossa fidelidade aos nossos com o beneplácito superior... Ele, Bernardo, lá terá a sua fé... O filme continuará com este e outros ilustres TRAPACEIROS… Com o suceder de TANTOS ERROS E AZARES, corremos o risco de ver O M´PUTO cair novamente, engolido num culto de personalidade com ataque á já frágil democracia…

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:51
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Quinta-feira, 17 de Setembro de 2020
KALUNGA . IX

MOKANDAS XINGUILADAS NO TEMPO. Crónica 3060

Moçâmedes / Baía dos Tigres /Angola - OS “NOSSOS” CÃES SELVAGENS – 14.09.2020

- Xinguilar: Palavra angolana que significa entrar em transe em um ritual espiritual… 

Por:

tigres1 Teresa Sá Carneiro.jpg Teresa Sá Carneiro

kimbo 0.jpg As escolhas do Kimbo

tigre01.jpg Tive uma infância feliz e muitos cães à minha volta como não poderia deixar de ser. Desde muito pequenos, eu e meus irmãos, vivemos entre eles. O nosso 1º, o querido Lumumba, um “vira-latas” rafeiro, amoroso que chegou a nossa casa no colo do meu pai (lembro como se fosse hoje) foi o nosso companheiro fiel até à adolescência. Acredito ter sido algum presente de um cliente pobre pois, era assim que meu pai, advogado, recebia o pagamento por trabalhos que fazia. Davam-lhe presentes lindos, sem qualquer sombra de dúvida. Ao chegar a casa e ao pousá-lo no chão da varanda, imediatamente, o Lumumba escondeu-se atrás de um vaso de flores. Tenho esta imagem gravada na memória tal como a do último dia que o vimos com vida, também em nossa casa, muitos anos depois. Algum tempo depois tivemos o Bobi, lindo, grande, de pelo grosso cor castanho-caramelo, que chegou a nossa casa acompanhando um amigo nosso de infância e, nunca mais quis ir embora.

tigres2.jpg Dócil e igualmente amoroso, ao contrário do que se dizia sobre o temperamento da sua raça, ele era um cão da Baía dos Tigres, região de cães selvagens. Por este motivo questionava-se se seria uma raça boa para conviver com crianças pequenas mas, a verdade é que ele foi o nosso fiel companheiro, e tal como o Lumumba, o grande amigo daqueles tempos de infância. A Baía dos Tigres era uma península isolada no Distrito de Moçâmedes, que depois se transformou em ilha nos idos anos de 1940, sem nada produzir nem plantar nas suas areias secas. Não havia água em nenhum lugar. Uma história ligava estes cães de raça " Cão Tigre" à minha cidade de Moçâmedes, outrora um dos maiores centros de pesca de Angola e, depois abandonada - vila fantasma. A pequena vila foi fundada por pescadores do Algarve, por volta de 1860, mas séculos antes já tinha entrado nos mapas de portugueses e ingleses pela invulgar quantidade e qualidade de peixe, que lhe valeu a alcunha de "Great Fish Bay".

tigre5.jpg Conta-se que no inicio do século XX teria acontecido um surto de raiva em Moçâmedes, e que o governador da época teria dado ordem para se executar todos os cães da cidade. Muitos donos rebelaram-se contra aquela situação e não querendo perder seus animais de estimação, resolveram metê-los num navio na calada da noite e levá-los para um local longínquo onde não pudessem ser encontrados. Assim, rumaram até à Baía dos Tigres que consideraram ser o melhor lugar para deixá-los. Ali já existia uma raça selvagem de cães deixados pelos Holandeses, os Bóhers, quando da ocupação da África do Sul e com a chegada dos cães da minha cidade resultou no cruzamento que levou à raça “Tigres”. Imperava a lei da selva onde só os mais fortes sobreviveriam; tornaram-se uma raça diferente. Eram ferozes, naturalmente selvagens. Adaptaram-se ao meio e, sobreviviam.

tigre02.jpg Pelo hábito de nadar para encontrar alimento, tornaram-se excelentes nadadores. Eles bebiam água do cacimbo enquanto as gotículas não se misturavam com a água salgada. Era na crista das ondas do mar que encontravam essas gotículas adocicadas para matarem sua sede. E, assim esta raça, sobreviveu adaptando-se às condições agrestes daquele deserto, um canto das terras do fim do mundo. Viviam em matilhas, completamente isolados, alimentando-se de peixes e focas que vinham na Corrente Fria de Benguela desde a Costa dos Esqueletos - Cape Cross, aparentemente sem precisar de água para viver - ouvia meu pai dizer isso desde muito pequena, sobre aqueles cães.

tigre9.jpg Mas tudo não passava de uma cisma, acreditava eu! Viviam em nossas casas como qualquer outra raça, e não eram poucos, pela cidade. Realmente cães grandes (impunham um certo respeito) mas,  os domesticado, não faziam mal a ninguém.  Devo ao Bobi uma aventura da minha pré-adolescência; a minha guarda até altas horas de uma noite após ter chegado a casa depois de uma festa de aniversário de uma amiga. Meus pais tinham saído, meus irmãos já dormiam, e uma familiar que estava em casa com responsabilidade de me abrir a porta adormeceu; claro que fiquei do lado de fora. Sentei-me no chão da varanda sem saber o que fazer e já quase dormitando em cima da pedra, sinto o Bobi puxar-me pela roupa e, lá fui eu com ele. Levou-me até ao outro carro do meu pai que estava no fundo do quintal guardado na garagem da casa. Entrei, tonta de sono, deitei-me no banco de trás; ele sentou-se do lado de fora, de plantão. Sei que a porta do carro estava fechada mas não me lembro de ter sido eu a fazê-lo. Foi assim que meus pais me encontraram, já alta madrugada, mas só após terem ido àquela hora até casa da minha amiga aniversariante para saberem onde eu estava. Foi uma noite tensa! Este foi o Bobi o “feroz” cão Tigre que nos acompanhou por tantos, e tão felizes anos da nossas vidas.

tigre0.jpg Adenda 1 - Teresa Sá: Numa explicação mais detalhada acrescento o seguinte: de menor densidade, as gotículas de água doce ou seja, o orvalho da noite (o nosso cacimbo) depositadas em noites sem vento na crista das ondas, permaneciam por algum tempo sem se misturar com a água do mar. Era assim, logo pela manhã, bem cedo que os cães se jogavam ao mar para matarem a sede. Eram um relógio da natureza bem intrincado! Acredito que, em noites de vento esse orvalho não se depositasse e, eles quebrassem esse ritual lambendo as pedras roliças impregnadas desse cacimbo. É realmente muito interessante e estimulante pensar-se em tudo isto.

luderitz14.jpgAdenda 2 - José Augusto D. Ferreira: Conhecia a história dos cães "Baía-dos-Tigres". Eram, remotamente, descendentes dos "Cães d`Água" algarvios, levados de Portugal pelos pescadores que os utilizavam como auxiliares na pesca. À mistura com cães domésticos ou de estimação, foram levados clandestinamente para a Baía dos Tigres com a intenção de os resgatar mais tarde, por fazerem falta no trabalho. Pelo isolamento, cruzamentos sucessivos, e auto-selecção pela lei do mais forte, adquiriram características uniformizadas. Nos anos 50, o veterinário Dr. Abel Pratas, após a escolha e captura de vários exemplares selvagens, obteve o apuramento e a estabilização de uma nova raça de cães que, mantendo a designação "Baía-dos-Tigres", foi registada oficialmente. Tive a oportunidade de ver alguns deles em Luanda, numa das exposições realizadas para a divulgação da raça. Castanhos ou negros, pela pelagem e morfologia faziam lembrar os "Cães-de-Água", mas eram maiores. Julgo que a raça já não existe por vários motivos, entre eles a descolonização. É possível que os cães dos Bóers fossem da raça "Leão da Rodésia" (Ridgeback). Ver no Google em "Cães da raça Baía dos Tigres", na página "Gente do meu Tempo (Baú de Recordações)". O texto é longo mas interessante.

luandino2.jpg Adenda 3 - Anónimo: O nome de baía dos tigres deve-se ao facto de, por efeito dos ventos formarem-se nas dunas junto à praia listas a toda a altura das mesmas c/ alto e baixo-relevo, umas com a cor castanha da areia outras mais escuras, o que visto do mar lembrava a pele de um tigre.

A baía dos tigres tinha nos anos 60, administração e junta de freguesia, posto da guarda-fiscal, correios, hospital, delegação marítima escola primária, igreja de S. Martinho dos Tigres, um clube desportivo e recreativo, uma carreira aérea bissemanal. Inicialmente a vila era abastecida de água por navios da companhia portuguesa "Sociedade Geral" posteriormente com a conclusão das obras de captação na foz do rio Cunene, acabou o racionamento da água.

Foi uma festa a sua inauguração. Inúmeros habitantes dedicaram-se logo ao cultivo de pequenas hortas, plantio de árvores casuarinas. Tudo morreu, tudo foi abandonado com todas as incertezas antes e pós independência do país.

Foi pena pois muita gente, ainda hoje tem saudades daquela terra inóspita, difícil, que foi habitada por homens e mulheres, Madeirenses de coragem que ali investiram toda uma vida de trabalho e onde ficaram sepultados os seus antepassados.

Teresa Sá Carneiro - 14-9-2020



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:21
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Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
MU UKULU – XVIII

MU UKULU...Luanda do Antigamente12.04.2019 
MUXIMA E MASSANGANO - Uma visita à Fortaleza de S. Miguel. Saber do passado para melhor se entender o futuro...
Por 

soba15.jpg T´Chingange – No Nordeste do Brasil 

luis0.jpg Luís Martins Soares – No Rio de Janeiro 

Mu Ukulu48.jpg Serpa pinto e Hermenegildo  na travessia de áfrica

Cabe aqui fazermos uma pequena visita rápida à Fortaleza de S. Miguel para revermos a chamada "Lusíada do Kwanza" em um tempo muito recuado - Massangano. Fazermos a leitura dos azulejos azuis mostrando a história de Angola que foram recuperados em uma data recente. Em 1764 há uma mudança brusca com a chegada de um novo governador geral. Era o Capitão Geral de Angola Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho a mando do Marquês de Pombal “primeiro-ministro” em Portugal. 
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A cidade de Sumbe, antiga Novo Redondo, foi fundada por Sousa Coutinho em homenagem a ele mesmo, por ser o Conde de Redondo. Sousa Coutinho, conhecido como o “Pombal de Angola” começou, de imediato, os seus objectivos com a
ocupação sistemática da costa entre os paralelos 14º e 18º Sul, com reconhecimento do Cabo Negro, pois que só existia ocupação até à latitude de Lucira (14º 30´Sul), ao norte de Moçâmedes. 

Mu Ukulu47.jpg A nova costa, pretendida por Sousa Coutinho, diz respeito à actual Costa dos Esqueletos e, abrangia uma faixa que ultrapassava a foz do rio Cunene, faixa que hoje pertence à Namíbia, perdida porque os portugueses não tiveram meios e gente para tão exaustiva tarefa de ocupação. Já se tinha conhecimento da foz do rio Cunene, através dos relatos (1678) de um frade capuchinho chamado Cavazzi e, que viveu em Angola mas, a sua ocupação estava longe de ser considerada a ideal.
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A fixação de colonos direccionou-se para os planaltos de Bié e Huíla, provenientes de Açores, Madeira e Brasil por via de haver aí um clima mais propicio à sua fixação. Junto à costa tudo foi mais difícil porque as doenças dizimaram os poucos aventureiros que para lá iam. Novo Redondo era por este motivo conhecida por ser o "cemitério dos brancos".

Mu Ukulu46.jpg Sousa Coutinho, foi o único Governador a proibir a guerra do Kwata-Kwata (Agarra-Agarra), mas infelizmente, mal ele virou costas, recrudesceu com mais ferocidade. Essa guerra, era feita pelos caçadores de escravos que mandavam os seus capatazes agarrar tudo quanto fosse possível de escravizar. Kwata ainda é a palavra que se grita aos cães para agarrarem qualquer coisa.
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Devido à ausência de vitaminas, presentes nos vegetais e frutas frescas, em Luanda, morria-se com escorbuto. As Delegacias de Saúde surgiram muito mais tarde tal como o começo do cultivo de hortas para daí se obterem os produtos alimentícios, verduras e, cereais nos rios relativamente próximos da cidade, o Kwanza e o Bengo. 

Mu Ukulu49.jpg Como complemento, criar estabelecimentos e grandes armazéns de víveres para alimentar a capital, uma ancestral forma de Armazéns do Povo ou grandes superfícies que surgiram após a independência, por via do escoamento de comerciantes maioritariamente brancos expulsos ou recambiados para seus eventuais destinos de origem no ano de 1975...
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E, foi naquele então que se deu início ao desenvolvimento industrial local com extracção de enxofre em Benguela assim como o cobre, o sal e salitre e, até ouro. Os diamantes surgiram mais tarde originando em exclusivo de exploração a uma empresa majestática com o nome de Diamang...
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Criação das fábricas de cordoaria. Estabelecimento do presídio de Novo Redondo que se tornou no tempo, a capital da província do Cuanza Sul. Criação da manufactura de carnes secas, couros e sabões, macaco e outros. Finalmente, o empreendimento que marcou o seu mandato: a criação da fundição de Nova Oeiras, na confluência do rio Luinha com o rio Lucala, a 5 km a leste de Cassoalala.

mU uKULU42.jpg Fote presidio de Massangano

Chegou a ser extraído ferro, e exportado para a Metrópole, com grande sucesso. Trabalharam nas minas 400 africanos “livres e sem constrangimento” segundo o dizer de Sousa Coutinho. Teve o condão de ter acreditado na potencialidade dos africanos, tendo escrito: «Sempre os negros trabalharam o ferro das minas de Nova Oeiras e dos muitos outros lugares do mesmo reino; e têm tal propensão para aquele trabalho que se sobressaíram como bons ferreiros. 

Mu Ukulu45.jpg Para esta fundição, um embrião de uma futura siderurgia, se continuada, foram para Angola 4 mestres de fundição, oriundos da Biscaia mas saídos do Brasil. Estes,tiveram fins prematuros - um ano depois da chegada! Também foram para ali mestres da Bahia; este, desembarcaram em Benguela, tendo desembarcando mais tarde em Luanda quase mortos, acabaram poucas horas depois com o tal de paludismo. Mas apesar destes infortúnios a fundição prosperou. Quando Sousa Coutinho regressou a Portugal em 1772 a fundição era um sucesso.
(Continua...)
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:09
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Sábado, 18 de Novembro de 2017
CAZUMBI . XXXIV

O CHOQUE DO PRESENTE17.08.2017 - (Revisto a 18.11.2017)

- “O PRIMEIRO BRANCO” e a Higiene racial…II

- Antigamente os escravos dos cristãos eram muçulmanos e os escravos dos muçulmanos eram cristãos!

Por

soba 01.jpgT´Chingange

No século XV, os mapas foram queimados, as informações escondidas porque era urgente provar uma superioridade da civilização ariana. São modas ou maneiras de estar! Antigamente os escravos dos cristãos eram muçulmanos e os escravos dos muçulmanos eram cristãos! Não dava para se dizer “vamos evangelizar os africanos, tornar os negros escravos e baptizá-los.” E, isto sucedeu ou foi sucedendo!

kota0.jpg No século XV decidiu-se que os africanos faziam parte da descendência de Cham, filho de Noé e deviam viver uma vida de sofrimento para afastar o castigo, padecer a Paixão de Cristo, o que lhes permitia entrar no paraíso; foi isto recuperado da Bíblia por conveniência, creio eu. Apesar de a mestiçagem constar no discurso harmonioso da lusofonia, visionam-se razões ao dar um carácter de excepção ao colonialismo português. Mesmo entre negros, era preferível importar mais escravos de África do que manter seus filhos.

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Rebuscando novas, soube que Cristiano Ronaldo nasceu na ilha da Madeira; que Isabel Rosa da Piedade é natural da ilha de São Vicente, em Cabo Verde. Os pontos em comum entre eles não são apenas o facto de ambos terem nascido numa ilha. Segundo o "Diário de Notícias da Madeira", Isabel Rosa é bisavó de Ronaldo, o que faz com que o Jogador do Ano FIFA em 2008, ou o melhor jogador do Mundo em 2017, tenha no seu ser um ADN de Cabo-verdiano.

bruno27.jpgClaro que vão ficar todos surpreendidos porque as ideias concebidas em cada qual são confusas em si! Não há aqui nada de extraordinário! Aos 16 anos, Isabel abandonou a sua terra natal para tentar a sorte noutra ilha do oceano Atlântico, a Madeira. A jovem Cabo-verdiana acabou por casar com José Aveiro, natural do Santo da Serra, e bisavô de Ronaldo. Da união entre o casal, nasceu Humberto, que viria a casar com Filomena.

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Humberto e Filomena, avós do futebolista do Sporting de Portugal e agora no Real Madrid, tiveram seis filhos. Dinis, um dos rebentos do casal, acabaria por casar com Maria Dolores, natural do concelho de Machico. Dinis (que faleceu em 2006) e Maria tiveram três filhos entre 1974 e 1976. Nove anos mais tarde, o casal volta a conceber e, nasce Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro.

ariano0.jpg Poucos poderiam adivinhar que este filho, 23 anos mais tarde, se tornaria no melhor jogador de futebol do Mundo. E, que aos 32 anos (nasceu a 5 de Fevereiro de 1985) ainda continuava a ser o melhor do Mundo! E, se todos sabem que Ronaldo é português, mais concretamente madeirense, as origens cabo-verdianas da sua família permanecem ocultas.

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A informação já foi difundida na imprensa de Cabo Verde, suscitando grande curiosidade no arquipélago. Isto foi contado ao Expresso por um jornalista do diário "A Semana". Portanto, naqueles idos tempos os brancos entravam no caniço e tinham a negra que quisessem.

ariano1.jpg Na Luua de N´Gola (Angola) era no BO - Bairro Operário em plena cidade de Luanda e, em São Romão do Sado do M´Puto era no canavial do rio Tejo, uma das aldeias existentes no Ribatejo. Mas também poderia ser em Coimbra, Mirandela ou Tavira do Algarve. A diáspora Lusa tornou Paris de França na segunda cidade portuguesa pois que o número de falantes da língua de Camões, é superior à cidade do Porto. E, por lá também há canaviais.

ariano3.png Quem agora for passear pela Ribeira do Sado, já não verá gente verdadeiramente negra, de lábios grossos e carapinha. A cidade de Alcácer do sal, decorreu do tráfico de escravos entre os séculos XV e XIX. Em verdade, somos uma caldeirada de gente de cores diversas e de todo o Mundo; Os portugueses foram os iniciadores da globalidade no mundo moderno e, haverá muita gente que pensa ser um puro ariano quando afinal tem em seu ADN sangue preto.

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Esta miscigenação tornou-nos em realidade seres diferentes; os turdetanos, os suevos, romanos, cartagineses ou zulus estão no sangue de todos nós. Recentemente, encontrei na Cidade do Cabo, muitos mestiços de cor mais morena com nomes de Oliveira, Pereira e Silva descendentes de portugueses; gente zebra ou mazombos como eu. Quando no futuro vierem a habitar a Lua, talvez todos fiquem bem surpresos ao encontrarem lá num qualquer buraco taberna um Tuga a vender peixe frito aos marcianos.   

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:18
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Sábado, 4 de Agosto de 2012
BRASIL EM 3 PENADAS . XXXIV

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

       “MADEIRA – BRASIL”

  Funchal . 2012

A terminar a série de crónicas sobre João Fernandes Vieira faz-se aqui uma revisão dos momentos mais destacados deste madeirense que se fez líder da insurreição de 1645 pós a partida de Maurício de Nassau do Recife, passando a opor-se aos invasores, com a ajuda de frei Manuel Calado, que do seu púlpito convocava o povo à luta contra os "hereges" de Olinda e mafulos de Angola. Em 1639, Vieira já era uma pessoa importante na sociedade pernambucana, tendo sido indicado para o cargo de escabino (membro da Câmara Municipal) de Olinda. Posteriormente, foi escabino de Mauricia (Recife) de Julho de 1641 a Junho de 1642, sendo reconduzido, no exercício de 1642 a 1643. Em 1643, casou-se com Maria César, filha do madeirense Francisco Berenguer de Andrade e de Joana de Albuquerque, descendente de Jerónimo de Albuquerque. Com o casamento, João Fernandes Vieira ingressou definitivamente na aristocracia rural pernambucana.

  Olinda . 2012

Vieira foi o primeiro signatário do pacto selado em 1645 no qual pela primeira vez, figura em terras brasileiras o vocábulo pátria. Era já o conceito de nação que bulia nas gentes, mazombos, mulatos e luso-brasileiros na generalidade que sentiam a terra como a sua. Na função de mestre-de-campo, comandou o mais poderoso terço do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes (1648 e 1649). Por seus feitos, foi aclamado Chefe Supremo da Revolução e Governador da Guerra da Liberdade e da Restauração de Pernambuco. Além de Vieira, André Vidal de Negreiros, António Filipe Camarão, à frente dos índios da costa do Nordeste; Henrique Dias, no comando de pretos, crioulos e mulatos e o capitão António Dias Cardoso, tornaram-se os heróis do imaginário nativista pernambucano. A "guerra da liberdade divina", nas palavras do padre António Vieira, durou nove anos, sendo de assinalar que o governador de Pernambuco, António Teles da Silva, dava apoio encoberto à revolta, enquanto os holandeses pensavam que se tratava apenas de uma sublevação na capitania de Pernambuco.

 Luanda . 2012

É de destacar a diplomacia de D. João IV de Portugal, que entretanto, pela mão do seu Embaixador Sousa Coutinho tentava, na Europa, não indispor a Holanda. O que ocorria no Recife como manobra ágil de diversão, não tinha o apoio oficial da Coroa, “para holandês ver” e, por isso, existir uma mentira de conflito entre o governador e os colonos revoltados. Na primavera de 1646, o governador António Teles da Silva chegou a ser mandado regressar a Lisboa, onde esteve detido em São Gião como colaborador dos revoltosos de Pernambuco. Aproveitando a vitória de Tabocas, foi possível recuperar outras zonas em poder dos holandeses: os fortes de Sergipe, do rio São Francisco, do Porto Calvo, de Serinhaém e de Nazaré. Com a paz, após 1654, Fernandes Vieira recuperou seus bens e, entre outros cargos, foi nomeado Governador e Capitão-Geral da Capitania da Paraíba (1655-1657). Foi mais tarde, nomeado governador e Capitão-general de Angola (1658-1661). Exerceu também o cargo de Superintendente das Fortificações do Nordeste do Brasil, de 1661 a 1681.

Mafulos: Nome porque eram conhecidos os Holandeses em Angola nessa época

Nota: Ter em atenção que as descrições, às vezes se repetem de forma aleatória ao tempo, de forma a poder descrever-se alguns detalhes que complementam os planos principais do cenário.

Referência Bibliográfica: RESTAURADORES DE PERNAMBUCO de José António Gonçalves de Mello (1967)

FINAL

O Soba T´Chingande              



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:21
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Terça-feira, 17 de Julho de 2012
BRASIL EM 3 PENADAS . XXXIII

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        “MADEIRA – BRASIL”

 Fortaleza de S. Miguel -Loanda

O Padre António Vieira em 29 de Julho de 1648, transmitia por carta ao Marquês de Niza as notícias do sucesso da primeira batalha de Guararapes do seguinte modo: “… de maneira Senhor, que temos Pernambuco vitorioso, o Rio-de-Janeiro socorrido, a Bahia com armada e Angola com a esquadra de Salvador correia (….), todo o debate agora é sobre Angola e, é matéria em que os Mafulos, não hão-de ceder, porque sem negros, não há Pernambuco e sem Angola não há negros e, como nós temos o comércio do sertão, ainda que eles tenham a cidade de Loanda, temem que nós tomemos outros portos”. O poder da Holanda unido ao da Companhia faz índias era o maior da Europa, pois a história mostrava que a Espanha sem guerras externas, abundante de dinheiro e armas e agora, em paz com toda a Europa tendo ainda Portugal sobre sua sujeição. Por este acontecido que durou sessenta anos com os reinados dos Filipes I, II e III, Portugal, perdera soberania que tinha sobre o Ultramar. Em pouco tempo os Mafulos ficaram com as possessões daquele Portugal debilitado perdendo muitas praças nas Índias Orientais, na costa africana, na Bahia, e por último Pernambuco. Os danos para Portugal pela perda de soberania a favor de Espanha e por via daquela companhia das Índias, foram-no na índia, Ceilão, Angola, S. Tomé, Maranhão, Bahia e Pernambuco.

 O Padre António Vieira interrogava-se de como poderia Portugal prevalecer contra Holanda e Castela? Nesse então os Holandeses tinham onze mil navios de gávea mais outros três mil navios e duzentos cinquenta mil marinheiros adiantando: “…os dois nervos da guerra são gente e dinheiro; e que gente e que dinheiro temos nós hoje? A gente é tão pouca, que para qualquer rebate de Alentejo é necessário tirar os estudantes das universidades, os oficiais das tendas e os lavradores do arado. Pois com que gente havemos de acudir às quatro partes do mundo, e em cada partes destas a tantas partes? Os Mafulos em Holanda têm quatorze mil barcos; nós em Portugal não temos treze. Na Índia têm cem naus de guerra de 24 até 50 peças; nós na Índia não temos uma só. No Brasil têm mais de sessenta navios na maior parte poderosos vasos de guerra e nós temos sete, se ainda os temos”. Os Holandeses estão livres do poder da Espanha; nós, temos todo o poder de Espanha contra nós.

 Forte das 5 pontas . Recife
É curioso ler os relatórios e missivas do padre António Vieira por sua arguta visão mostrando ser um observador mais militar do que a maioria dos mestres de guerra de então e refere “Os holandeses em Europa não têm nenhum inimigo; nós não temos nenhum amigo. Eles têm mais de duzentos mil marinheiros; nós em Portugal não temos quatro mil”. Reconhecia que “um sucesso quase milagroso” a saber da vitória de Guararapes em 1648, tinha mudado a opinião de muitos até então favoráveis à entrega, mas ninguém deveria contar com milagres, “pois os milagres é sempre mais seguro merecê-los que esperá-los; e fiar-se neles, ainda depois de os merecer, é tentar a Deus”. Reconhecia que a companhia estava economicamente exausta mas, a melhor solução era a da entrega de Pernambuco, pois os Holandeses não admitiam a proposta de compra. Os documentos mostram porém que a memória erudita do Padre Vieira traiu o Jesuíta. Felizmente que a propaganda desse triste alvitre não teve eco em Fernandes Vieira e essa saga de Luso-brasileiros, os verdadeiros próceres do Brasil.    

Mafulos: Nome porque eram conhecidos os Holandeses em Angola nessa época

Nota: Ter em atenção que as descrições, às vezes se repetem de forma aleatória ao tempo, de forma a poder descrever-se alguns detalhes que complementam os planos principais do cenário. Se assim não fosse, as lacunas tornar-se-iam frestas de caruncho ou
vicissitudes do cupim, salalé, aranha de carpinteiro ou térmitas da Globália.

Referência Bibliográfica: RESTAURADORES DE PERNAMBUCO de José António Gonçalves de Mello (1967)

(Continua…)

O Soba T´Chingande



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Sábado, 7 de Julho de 2012
BRASIL EM 3 PENADAS . XXXII

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        “MADEIRA – BRASIL”

 D. João IV na proclamação da Restauração - O rei e senhor nosso, dos Algarves, daquém e além-mar, da Etiópia, Índia e dos Brasis, sabia que havia entendimentos de paz entre Holanda e Portugal, mas era também certo que dissimulada e aleivosamente, tinham os flamengos, huguenotes mafulos invadido Angola, São Tomé e o Maranhão e tomado embarcações nesta costa. Estes factos davam esperanças aos revoltosos de Pernambuco de que o rei lhes não faltasse com ajuda, não só pelos motivos de justiça como de natural razão e ainda de estado. Dentro desta convicção o madeirense João Fernandes Vieira e seus companheiros de revolta continuavam em segredo a recolher armas e prevenir munições, quando os holandeses, suspeitosos, pretenderam prendê-lo para matá-lo; obrigado a defender-se tomou armas com cinquenta companheiros, contando em poucos dias com mais de mil homens. Fernandes Vieira em apuros de perseguição teria escrito ao rei que “espero no Santiçimo Sacramento general do meu exçercito de antes que esta (missiva) chegue à Bahia, ter restituído o Recife às quinas de Portugal, para glória e onrra de Deus, serviço de Vossa Magestade e merçe que seus serviços têm feito e fazendo vão”. Nesse então planeavam tomar de assalto a capital do Brasil Holandês, a cidade Mauricia, como passara a ser chamada.   

 Recife - Mauricianópolis em tempo de Mafulos

Distribuídos os postos, trataram de ficar dispersos o suficiente para não serem tocaiados; Camarão ficou nas terras da Piranga e Henrique Dias no sítio que fora de João Velho. Pelos caminhos de tropeiros e carreiros dos mazombos estenderam-se as companhias saídas da Bahia, tropas formadas com os moradores de Pernambuco e gente de Apipucos, “pessoas caritativas, mui compassivas para acompanhar os enfermos e os ajudar a bem morrer”. Por instrução secreta D. João IV como já foi dito, tinha encarregado o seu Embaixador Sousa Coutinho a ter negociações diplomáticas quanto à restituição das colónias propondo aos holandeses a compra dos territórios por eles ocupados, especialmente os Brasis.

 Cruzado no reinado de D. João IV

Convêm frisar aqui, que neste então as terras de Vera-Cruz eram a jóia da coroa. Num memorial escrito pelo cronista Gaspar Dias é dito: “…eu, o chamo o jardim do reino e a albergaria de seus súbitos. Outrora, deliberou-se em Portugal, como consta de sua história, elevar o Brasil a Reino, indo para lá o rei, tão grande é a capacidade daquele país. Portugal não tem outra região mais fértil, mais próximo, nem mais frequentada, nem também os seus vassalos melhor e mais seguro refúgio do que o Brasil; o português a quem acontece decair de fortuna  ou desiludido com o compadrio, é para lá que se dirige”. É curioso ler esta passagem de há quase 400 anos atrás para
entender o paradigma que se perpetuou no tempo fazendo do Brasil o refúgio por excelência do desiludido ou desencantado com a mãe pátria, por muitas e variadas razões. A D. João IV parecia-lhe razoável oferecer 3 milhões de cruzados pela restituição do Brasil, “uma vez que fique salvo à Companhia das Índias o direito às dividas dos moradores, cujo pagamento ela, pode exigir deles, o que monta a uma soma considerável” comprometendo-se a retirar a artilharia e munições que lá tenha, para onde lhes aprouver. Isto, a propósito, era só para entreter diplomáticamente até que as forças das roças, seus mazombos, mamelucos, matutos, quilombolas, índios e escravos fujões, se fortalecessem nas sombras da mata atlântica e mais além do agreste e sertão.

Mafulos: Nome porque eram conhecidos os Holandeses em Angola nessa época

Nota: Ter em atenção que as descrições, às vezes se repetem de forma aleatória ao tempo, de forma a poder descrever-se alguns detalhes que complementam os planos principais do cenário. Se assim não fosse, as lacunas tornar-se-iam frestas de caruncho ou vicissitudes do cupim, salalé, aranha de carpinteiro ou térmitas da Globália.

Referência Bibliográfica: RESTAURADORES DE PERNAMBUCO de José António Gonçalves de Mello (1967)

(Continua…)

O Soba T´Chingande



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Domingo, 1 de Julho de 2012
BRASIL EM 3 PENADAS . XXXI

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       “MADEIRA – BRASIL”

 Bandeira da Madeira

No dia 6 de Outubro de 1645 o Governador-geral, António Teles da Silva, nomeou João Fernandes Vieira Mestre de Campo de um Terço que mandava formar em Pernambuco de todas as Companhias de Infantaria constituídas para a guerra da restauração. Neste meio tempo Sousa Coutinho foi nomeado embaixador plenipotenciário junto aos Países Baixos de Haia a fim de diplomaticamente refazer a nação perante os Holandeses e a santa Sé; O facto de este diplomata ter sido paciente no trato com os Mafulos protelando iniciativas destes, deu oportunidade aos restauradores pernambucanos a possibilidade de se organizarem pelo que todas as negociações foram alteradas em virtude das vitórias conseguidas em Guararapes, a primeira a 19 de Abri de 1648 e a segunda em 19 de Fevereiro de 1649. Havendo a possibilidade de derrotar os holandeses e expulsá-los do Brasil pela força das armas, não obstante Sousa Coutinho não acreditar nessa hipótese tudo fez para ludibriar a diplomacia no sentido de nada pagar em restituição das antigas terras portuguesas; foi mal interpretado pelos governantes de então que não vislumbraram as ardilosas manobras de deixa correr para holandes ver.

 Entretanto era enviada para Angola uma frota sob o comando de Salvador Correia de Sá a partir da Bahia. A 29 de Dezembro de 1648, chegou a Haia a notícia de que Salvador Correia de Sá havia tomado Luanda aos holandeses em 26 de Agosto anterior, o que indispôs ainda mais os holandeses contra o Embaixador. Cinco províncias votaram por uma declaração de guerra contra Portugal. Sousa Coutinho evitou que os Estados de Holanda enviassem socorros quando estes podiam salvar a causa da Companhia das Índias tendo dado o tempo necessário para que os colonos, luso-brasileiros auxiliados pela metrópole, ficassem em condições de alcançar a vitória. Assim e de acordo com o já dito, João Fernandes Vieira comandou o principal terço de infantaria em companhia de André Vidal de Negreiros, brasileiro de origem portuguesa, Felipe Camarão, índio brasileiro da tribo potiguar e Henrique Dias, filho de escravos.

 Bandeira de Angola

O Padre António Vieira ciente da força Holandesa não acreditava que fosse possível obter pelas armas a posse dos territórios na posse dos Mafulos pelo que sugeriu o suborno para conseguir o intento na compra de Pernambuco; Uma quantia elevada de cruzados foi posta ao dispor do Embaixador Sousa Coutinho com esse propósito.  Era tanta a inquietação de D. João IV que lhe ocorreu retirar-se para o Brasil, constituído-o em reino autónomo, entregando Portugal ao Príncipe herdeiro D. Teodósio, ainda de menoridade, ficando na regência do Reino o futuro sogro deste, da corte francesa. Este episódio é pouco relatado nas crónicas de então mas o certo foi de que mais tarde o Brasil veio a ser refúgio de D. João VI com toda a corte fugindo às forças invasoras de Napoleão; estes pormenores acabam por ter influência no destino dos países e até o condenado suborno era subestimado pelo clero. Este afinco de atitude patriótica não era apanágio dos Huguenotes e foi desta falha que ditou a história do grande Brasil.

Mafulos: Nome porque eram conhecidos os Holandeses em Angola nessa época

Referência Bibliográfica: RESTAURADORES DE PERNAMBUCO de José António Gonçalves de Mello (1967).

(Continua…)

O Soba T´Chingange



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Quinta-feira, 14 de Junho de 2012
BRASIL EM 3 PENADAS . XXIX

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
       “MADEIRA – BRASIL”
 D.João IV
O baixo preço do açúcar, os altos juros cobrados pelos Mafulos e as enormes dívidas contraídas pelos luso-brasileiros foram apontados como a causa maior da insurreição contra o domínio flamengo. Em verdade, ainda durante a guerra, foram as dívidas, a causa do levante. O Padre António Vieira escreve a propósito que “os principais insurrectos tinham tomado muito dinheiro aos Holandeses e não puderam ou não lhes quiseram pagar”. Nada chegava a ser pago porque os juros a mais de trinta por cento levavam consigo toda a ganância.  Neste meio tempo de dificuldades e escravaria desfalcada por via de muita morte com o mal de bexigas (varíola), os israelitas, judeus ou cristãos novos mais ricos, arrematavam em leilão os lotes de “galinhas de angola e das guinés” para vende-los depois a crédito a preços extorsivos. Não eram somente os judeus que cobravam preços escorchantes; os negociantes Mafulos vendiam também a prazo, fazendo-se assim credores de avultadas quantias.
 O Padre António Vieira
João Fernandes Vieira conhecia a cupidez dos holandeses e, por ser um fervoroso católico, tendo horror aos calvinistas e negociantes judeus favorecidos pelo governo, conciliou a fome com a vontade de comer e tomou armas contra estes e aqueles junto com Francisco Berenguer, seu sogro e António Cavalcanti. Entretanto a rebelião estava a contento do rei D. João IV que dissimuladamente e através de André Vidal de Negreiros estimulava a insurreição. Todo aquele que quisesse roubar e queimar na campanha de Pernambuco contra os Mafulos tinham o beneplácito dos mandantes do reino; Salvador Correia de Sá e Benevides propôs às cortes do reino tal procedimento a quem ele chamou de ladrões alevantados. Padres e frades pregavam nos sermões a rebelião e animavam os tíbios nas confissões. 
 Batalha do Monte das Tabocas
Os moradores aceitaram o plano de revolta com os conjurados nas matas do rio Tejipió, aonde Fernandes Vieira possuía terras e currais. Aqui se tornou firme a participação de D. António Filipe Camarão comandando seus índios e Henrique Dias no comando do povão, um misto de gente mazomba, mamelucos, matutos, quilombolas, pardos e mestiços fujões. Em um jogo de fingir, agarra que é ladrão para enganar Olandes, o Mestre de campo André Vidal de Negreiros dirigiu uma carta ao Governador da Bahia e Brasil António Teles da Silva comunicando que Henrique Dias fugira da fronteira do Rio Real com toda a sua gente em direcção a Pernambuco e que em sua perseguição mandara Filipe Camarão com os seus índios para que o trouxessem preso. Essa missiva, com toda a seriedade seguiu os trâmites da justiça e fazenda, tendo decidido que “sendo preciso mandar mais gente em seu seguimento” assim se proceda, dando aviso aos holandeses que Dias vai levantado e fugido, pelo que se o poderem prender, o castiguem como a lei determina. Esta, talvez tenha sido a maior manobra de diversão no campo militar do qual resultou posteriormente as técnicas de contra-informação de forma a enganar o inimigo.
Mafulos: Nome porque eram conhecidos os Holandeses em Angola nessa época.
Referência Bibliográfica: RESTAURADORES DE PERNAMBUCO de José António Gonçalves de Mello (1967).
(Continua…)
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:46
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Terça-feira, 22 de Maio de 2012
BRASIL EM 3 PENADAS . XXVI

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

“MADEIRA – BRASIL”

:Igreja de N. Sra do Pilar situada na Praça Nossa com o mesmo nome no Bairro Recife, foi construída em 1680, sobre os alicerces do Forte de São Jorge. A capela-mor do templo tem o formato de uma abóbada semi-esférica, e é revestida de azulejos lusos raríssimos.

João Fernandes Vieira, senhor de cinco engenhos, querendo ascender na sociedade pernambucana e, porque lhe faltam atributos por nascimento, vê no casamento uma saída para se incorporar à “nobreza vaidosa”, uma característica tão peculiar entre senhores de engenho e lavradores de canaviais ricos que mais não fazem senão dar ênfase às histórias de suas famílias: Os Albuquerque, os Cavalcanti, os Holanda, os Berenguer de Andrade e tantos outros. Em 1643 veio a casar com a jovem D. Maria César Berenguer de Andrade, que com a idade de 14 anos fornece a Vieira o brilho de linhagem nobiliárquica.

 Mural em Olinda

Fernandes Vieira, não obstante prestar serviços notáveis aos holandeses vai procurando tirar o máximo benefício pessoal nesta relação sem contudo, se desligar com a gente mais prestigiada da região, opositores aos invasores, com inclusão dos eclesiásticos sempre renitentes a este. Fundamentalmente, foi devido à sua fé religiosa que o impediu de se ter transformado de colaborador em colaboracionista; servindo-se muitas vezes da amizade com os Mafulos ajudou os seus conterrâneos despendendo sem retorno patacas e florins. Contribuindo para igrejas e irmandades, auxiliou clérigos e soldados portugueses, os prisioneiros “Luso-angolanos” do Arraial do Gango, chegados o Recife em 1643.

 Fortaleza de S. Miguel em Luanda

Recorde-se que o Reino de N´dongo e N´gola com capital em S. Paulo de Assunção de Loanda estava em posse dos Holandeses, Mafulos e, estes prisioneiros foram os que não conseguiram fugir para Massangano, às margens do rio Kwanza aonde se concentraram os restantes moradores de Loanda conjuntamente com os Negreiros, militares e arraia miúda de mocambos e escravos. Loanda foi tomada pelos Mafulos a 26 de Agosto de 1641, seguindo-se a ocupação da Ilha de s. Tomé em Outubro e da cidade de Benguela em Dezembro desse mesmo ano. Os portugueses que ficaram fazendo resistência em Massangano, viriam a juntar-se às forças de Salvador Correia de Sá e Benevides que vindo do Recife, libertou Loanda com a tomada da Fortaleza de são Miguel, um baluarte sobranceiro à baia de Loanda. Convêm recordar que Fernandes Vieira na sua prática de dupla personalidade arriscava a sua posição de poder pois que, era escabino de Maurício, ou seja um magistrado adjunto municipal dos Holandeses em Olinda (Vereador).

Referência Bibliográfica: RESTAURADORES DE PERNAMBUCO de José António Gonçalves de Mello (1967).

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:09
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Quinta-feira, 17 de Maio de 2012
BRASIL EM 3 PENADAS . XXV

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

       “MADEIRA – BRASIL”

 Bandeira da Companhia das Índias Ocidentais

Após a rendição do forte de São Jorge em Junho de 1625, Fernandes Vieira estabeleceu ligações estreitas com o holandês Jacob Stachouwer e, por mútuos interesses aprofundaram relações comerciais num crescendo notório. Stachouwer acompanhou o cerco do arraial na qualidade de conselheiro político da Companhia das Índias Ocidentais. Segundo escritos de gente ligada ao clero, Fernandes Vieira teria servido de informante da soma que cada um dos moradores rendidos no Arraial Velho do dito forte de São Jorge, poderia pagar pelo seu resgate e, até teria apontado os possuidores de ouro e prata. Daí ser apontado pelo “Capelão” como homem pouco escrupuloso e, com uma grande ambição de fazer fortuna. Vieira, perspicaz como era, deveria ter-se apercebido das possibilidades de fazer fortuna em negócios ou serviços prestados aos invasores; outra forma de proceder, seria ficar sem apoio para que e,  em surdina no momento próprio, poder  dar volta à situação que lhe aprouvesse.

 Maurício de Nassau

O que de início não passou de mera prestação de serviços, depois associado nos negócios, veio a ser mais tarde verdadeira colaboração com os mafulos dominadores, o que explica a grande animosidade que contra ele manifestavam seus patrícios, que à socapa, se empenhavam na campanha da restauração. A terra, estava devastada, engenhos queimados, a escravaria fugida, oficiais e lavradores dos engenhos emigrados e desorganizados. Insurrectos campanhistas percorriam as terras em poder dos mafulos incendiando e matando. A aversão aos invasores holandeses era forte. Os engenhos em posse dos mafulos clamavam por negros de Angola que não chegavam. Faltando a estes a experiência necessária para fazer tocar os engenhos, e porque não estava na política da companhia organizar colonatos, não tiveram outra saída senão dar feitorias aos antigos donos e, é na qualidade de feitor de Jacob Stachouwer a que Vieira ascende; primeiro como feitor dos engenhos e mais tarde procurador do mesmo.

 Dominio holandes no Nordeste Brasileiro
Por parte da Companhia das Índias Ocidentais, não só não houve qualquer iniciativa séria em favor da colonização rural, como não se tentou interessar a arraia-miúda, os Huguenotes, no ofício dos engenhos; estavam todos virados para a o cabo Sul da África aonde vieram a instalar-se com sucesso. Os flamengos, escoceses, franceses, ingleses e israelitas judeus, cristãos novos, aventureiros que passaram então no Brasil, fizeram-se em grande número negociantes de comércio e profissionais burgueses; refaziam assim, a sua periclitante vida em prosperidade tolerada. A vida rural, continua assim na inteira dependência dos luso-brasileiros, não obstante estarem os mafulos cientes da “má fé dos portugueses”. Foi pelos serviços prestados a Jacob Stachouwer que Fernandes Vieira conseguiu ascender na confiança dos próprios mafulos do governo. Convêm fazer referência que, entretanto em Angola na posse dos holandeses, negreiros flamengos e portugueses iam prosperando, comprando negros com n´zimbos, conhas de fazer zingarelhos, recebendo em troca baús de florins e patacas bem cotados nas praças de Amesterdão e Antuérpia.

Referência Bibliográfica: RESTAURADORES DE PERNAMBUCO de José António Gonçalves de Mello (1967).

Mafulo: Nome dado aos Holandeses em Angola (N´Gola).

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:39
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Quarta-feira, 2 de Maio de 2012
BRASIL EM 3 PENADAS . XXIII

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

       “DA MADEIRA AO BRASIL”

: O Luso Brasileiro João Fernandes Vieira

Este tema já foi abordado superficialmente em uma série de crónicas com o titulo de “Brasil – a saga do açúcar” mas agora, mais informado, terei de regressar ao tema, salientando a pessoa de João Fernandes Vieira, reconhecido como restaurador de Pernambuco pela sua reconquista aos holandeses que capitularam em 1654. Provocando a debandada destes a partir da derrota na batalha de “Guararapes”, o exército Brasileiro tomou-o como seu patrono a partir  da marca meta e, em seus feitos na contagem do tempo militar. Os Montes Guararapes, em Pernambuco, foram palco da vitoriosa batalha contra o invasor holandês a 19 de Abril de 1648. A Força Terrestre do Brasil forjou-se ali integrada por índios, brancos, negros e mestiços, cimentando as bases da nacionalidade.

 Ilha da Madeira

Esses momentos épicos ali vividos, encerraram profundo significado para a formação do Exército: o movimento que expulsou os holandeses do Brasil, integrando as forças lideradas pelos senhores de engenho André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, pelo afro-descendente Henrique Dias e pelo indígena Felipe Camarão. A região do Nordeste Brasileiro, sob domínio da Companhia das Índias Ocidentais tendo Maurício de Nassau no comando, foi substituído em sua administração. Os novos administradores da companhia passaram a exigir a liquidação das dívidas aos senhores de engenho incumpridores, política que conduziu à Insurreição Pernambucana de 1645 culminando com a extinção do domínio neerlandês após a segunda Batalha dos Guararapes.

 Cidade do Funchal

A rendição formal foi assinada em 26 de Janeiro de 1654, na campina do Taborda, mas só provocou efeitos plenos, em 6 de agosto de 1661, com a assinatura da Paz de Haia, onde Portugal concordou em pagar aos Países Baixos oito milhões de Florins, o equivalente a sessenta e três toneladas de ouro. Este valor foi pago aos Países Baixos, em prestações, ao longo de quarenta anos sob a ameaça de invasão da sua Marinha de Guerra. De acordo com a corrente historiográfica tradicional em História Militar do Brasil, o movimento estimulou o gérmen do nacionalismo brasileiro, pois que brancos, africanos e indígenas fundiram seus interesses na expulsão do invasor. João Fernandes Vieira, era filho do português Francisco de Ornelas Moniz, descendente do capitão de Machico, sendo sua mãe mulata ou negra de nome Antónia Mendes, nascido na cidade do Funchal da  ilha da Madeira no ano de 1613.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:41
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Segunda-feira, 16 de Abril de 2012
INVENTAÇÕES DA HISTÓRIA . V

{#emotions_dlg.meeting}AS ESCOLHAS DO KIMBANDA*

PEDIDO DE EMPRÉSTIMO BANCÁRIO - 3ª Parte

Pedido efectuado por Barach Hussein Obama II
KIMBO

Christovam Colon, morreu em Valladolid (Espanha) em 1506, tendo os seus ossos sido transladados, para Sevilha em 1509, contudo em 1544, foram para a Catedral de São Domingos, na época colónia espanhola, satisfazendo a pretensão testamental do prestigiado navegador. 

SalvadorGonçalves Zarco ou Chritovam ColonCristóvão Colombo?

A odisseia das ossadas não ficaria por aqui, porque em 1795, os espanhóis tiveram de deixar São Domingos, tendo os ossos sido transferidos para Cuba (Havana), para em 1898, depois da independência daquela ilha, sido depositados na Catedral de Sevilha. Coincidência ou não, em 1877, os dominicanos, ao reconstruírem a Catedral de São Domingos, encontraram um pequeno túmulo, com ossos e intitulado “Almirante Christovam Colon".
João Gonçalves Zarco

Existem na Ilha da Madeira e nos Açores, pessoas da famílias Zarco, descendentes directos de João Gonçalves Zarco e, consequentemente da mãe (Isabel Gonçalves Zarco) de Christovam Colon, disponíveis para darem uma amostra do seu cabelo aos cientistas, para analisar o seu DNA e, para comparar os seus resultados nas ossadas do navegador, se, efectivamente forem as pretensões deste Banco para certificar-se da origem do navegador. Quanto a Deus, ainda não tenho sua biografia, somente sei que caso a conseguisse, até o maior e mais potente computador do planeta não seria suficiente para comportar um resumo do resumo da mesma, por isso sugiro-vos educadamente e após muito pensar, que, por serem banqueiros e, portanto poderosos, tentem por vossos meios. Agora, que está tudo esclarecido, será que podemos ter o nosso empréstimo?
Barack Hussein Obama II – Advogado.

O empréstimo, claro,… foi concedido!

* Helder Neves - kimbanda do Kimbo e Zelador-Mor Ninja da Torre do Zombo do Reino de Manikongo.

(Final)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:12
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Quinta-feira, 29 de Março de 2012
INVENTAÇÕES DA HISTÓRIA . IV

{#emotions_dlg.meeting}AS ESCOLHAS DO KIMBANDA*

PEDIDO DE ENMPRÉSTIMO BANCÁRIO - 2ª Parte

 KIMBO

* Helder Neves - Na qualidade de kimbanda do Kimbo e Zelador-Mor Ninja da Torre do Zombo do Reino de Manikongo, resolvi propor ao soba T´Chingange dar a conhecer esta bela matéria. Saber o verdadeiro identidade de Cristovão Colombo.

Por Barach Hussein Obama II

Esperamos que, para vossa inteira satisfação, os senhores consigam encontrar o pedido de crédito original feito por Deus. Senhores, se perdurar algumas dúvidas quanto a origem e feitos do descobridor destas terras, posso adiantar-lhes que desta dúvida, certeza mesmo, só Deus a terá por que Inúmeros historiadores e investigadores, concluíram baseados em documentos que, Cristóvão Colombo, nasceu em Cuba (Portugal) e, não em Génova (Itália), como está oficializado: Segundo eles, Em primeiro lugar, Christovam Colon, adoptou o nome de Salvador Gonçalves Zarco, escolhido para persuadir os Reis Católicos de Espanha, a financiar-lhe a viagem à Rota das Índias, pelo Ocidente, escondendo assim a sua verdadeira identidade. Segundo, este pseudónimo não aparece por acaso, porque Cristóvão está associado a São Cristóvão, que é o protector dos Viajantes (existe inclusive uma ilha batizada de São Cristóvão)

Salvador Gonçalves Zarco ou Chritovam Colon

Cristóvão, que também deriva de Cristo, que propaga a fé, por onde anda, acresce que Cristo, está associado a Salvador (1º nome verdadeiro do ilustre navegador). Colon, porque é a abreviatura de colono e derivado do símbolo das suas assinaturas"." (Duas aspas, com dois pontos no meio). Terceiro, Salvador Gonçalves Zarco, está devidamente comprovado, nasceu em Cuba ( Portugal) e, é filho ilegítimo do Duque de Beja e de Isabel Gonçalves Zarco. Quarto, era prática usual na época, os navegadores darem às primeiras terras descobertas, nomes religiosos, no caso dele, foi São Salvador (Bahamas), por coincidência ou talvez não, deriva do seu primeiro nome verdadeiro, a segunda baptizou de Cuba (Terra Natal) e, seguidamente Hispaniola (Haiti e República Dominicana), porque estava ao serviço da Coroa Espanhola. Quinto, a "paixão" pelos mares, estava no sangue da família Zarco, nomeadamente em, João Gonçalves Zarco, descobridor de Porto Santo (1418), com Tristão Vaz Teixeira e da Ilha da Madeira (1419), com o sogro de "Christovam Colon", Bartolomeu Perestrelo.

 Bartolomeu Perestrelo

Por fim, em sexto, existem ilhas nas Caraíbas, com referência a Cuba (além da mencionada Cuba; São Vicente, na época existia a Capela de São Vicente, da então aldeia de Cuba). Posteriormente (Sec-XVI), foi edificada a actual Igreja Matriz de São Vicente. São coincidências (pseudónimo, nome das ilhas, família nobre e ligada ao mar, habitou e casou em Porto Santo, ilha que fica na Rota das Índias pelo Ocidente), mais do que suficientes, para estarmos em presença de Salvador Gonçalves Zarco e, consequentemente do português Christovam Colon.

Nota do Soba: É bastante curiosa esta pesquisa e, mais ainda por ter sido feita por Obama, enquanto exercia advocacia. Para melhor análise aconselho a ler as crónicas anteriores sob este tema, ilha de Porto Santo, arquipélago da Madeira, mais a ilha de Gomera nas Ilhas Canárias que, em loco, o soba T´Chingange recolheu.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:18
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Sábado, 24 de Março de 2012
INVENTAÇÕES DA HISTÓRIA . III

{#emotions_dlg.meeting}AS ESCOLHAS DO KIMBANDA*

        PEDIDO DE EMPRÉSTIMO BANCÁRIO1ª Parte

Por

 Barach Hussein Obama II

Nascida 4 de Agosto de 1961 -  É o 44º e actual presidente dos Estados Unidos, É o primeiro americano Africano com esse cargo. Nasceu em Honolulu, Havai. Obama é um graduado da Universidade de Columbia e Harvard Law School. Era um organizador comunitário em Chicago antes de ganhar seu diploma de Direito. Trabalhou como um dos direitos civis em Chicago, advogado e ensinou direito constitucional na Universidade de Chicago Law School entre 1992-2004.

* - Muito sinceramente há já algum tempo, recebi este mail que acho excepcional, não por falar de Barack Obama, mas porque vem à luz do dia a história de Portugal e os Portugueses no Mundo. Porque vi nisto algo de extraordinário, na qualidade de kimbanda do Kimbo e Zelador-Mor Ninja da Torre do Zombo do Reino de Manikongo, resolvi propor ao soba T´Chingange dar a conhecer esta bela matéria. Saber o verdadeiro nome de Cristovão Colombo - Helder Neves
Pesquisa de Helder  Neves

 O KIMBANDA DO  KIMBO* (Na anterior geração)

Um advogado de nome Barack Hussein Obama II, na época, 1995, líder comunitário, membro fundador da mesa directora da organização sem fins lucrativos Public Allies, membro da mesa directora da fundação filantrópica Woods Fund of Chicago, advogado na defesa de direitos civis e professor de direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago, Estado de Illinois (e actual presidente dos Estados Unidos da América) numa certa ocasião pediu um empréstimo em nome de um cliente que perdera sua casa num furacão e queria reconstruí-la. Foi-lhe comunicado que o empréstimo seria concedido logo que ele pudesse apresentar o título de propriedade original da parcela da propriedade que estava a ser oferecida como garantia. O advogado Obama levou três meses para seguir a pista do título de propriedade datado de 1803. Depois de enviar as informações para o Banco, recebeu a seguinte resposta: "Após a análise do seu pedido de empréstimo, notamos que foi apresentada uma certidão do registo predial. Cumpre-nos elogiar a forma minuciosa do pedido, mas é preciso salientar que o senhor tem apenas o título de propriedade desde 1803. Para que a solicitação seja aprovada, será necessário apresentá-lo com o registo anterior a essa data."

 Cristovan Colombo

Irritado, o advogado Obama respondeu da seguinte forma: - Recebemos a vossa carta respeitante ao processo nº.189156. Verificamos que os senhores desejam que seja apresentado o título de propriedade para além dos 194 anos abrangidos pelo presente registo. De facto, desconhecíamos que qualquer pessoa que fez a escolaridade neste país, particularmente aqueles que trabalham na área da propriedade, não soubesse que a Luisiana foi comprada, pelos EUA à França, em 1803. Para esclarecimento dos desinformados burocratas desse Banco, informamos que o título da terra da Luisiana, antes dos EUA terem a sua propriedade, foi obtido a partir da França, que a tinha adquirido por direito de conquista da Espanha. A terra entrou na posseda Espanha por direito de descoberta feita no  ano 1492 por um navegador e explorador dos mares chamado Cristóvão Colombo, casado com dona Filipa, filha de um navegador de nome Perestrelo. Este Colombo era pessoa respeitada por reis e papas e até ouso aconselhar-vos a ler sua biografia para avaliar a seriedade de seus feitos e intenções. Esse homem parece ter nascido em 1451 em Génova, uma cidade que naquela época era governada por mercadores e banqueiros, conquistada por Napoleão Bonaparte em 1797 e actualmente parte da Região da Ligúria, República Italiana.

 Rainha Isabel, a católica . Espanha

A ele, Colombo, havia sido concedido privilégio de procurar uma nova rota para a Índia pela rainha Isabel de Espanha. A boa rainha Isabel, sendo uma mulher piedosa e quase tão cautelosa com os títulos de propriedade como o vosso Banco, tomou a precaução de garantir a bênção do Papa, ao mesmo tempo em que vendia as suas jóias para financiar a expedição de Colombo. Presentemente, o Papa – isso, temos a certeza de que os senhores sabem - é o emissário de Jesus Cristo, o Filho de Deus, e Deus – é comummente aceito - criou este mundo a partir do nada com as palavras Divinas: Fiat lux que significa "Faça-se a luz",  em língua latina. Portanto, creio que é seguro presumir que Deus também foi possuidor da região chamada Luisiana por que antes, nada havia. Deus, portanto, seria o primitivo proprietário e as suas origens remontam a antes do início dos tempos, tanto quanto sabemos e o Banco também.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:04
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Quarta-feira, 21 de Setembro de 2011
PUTO . XIX
 AS ESCOLHAS DO KIMBO

         "O BURACO DA MADEIRA" 1.800 MILHÕES DE EUROS


 "Estamos com as baterias contra o dr. João Jardim (...), mas temos muita  gente que à frente dele devia sentar-se no banco dos réus. As pessoas que  puseram este País no estado em que está deveriam ser julgadas", disse Medina  Carreira, durante uma tertúlia na Figueira da Foz.  Questionado por Fátima Campos Ferreira, anfitriã da tertúlia Conversas do Casino, sobre se o caso madeirense devia ser do foro penal, Medina Carreira  respondeu: "Não só a Madeira. Quem pôs o País de pantanas como está, se  houvesse lei aplicável, também devia ir aos tribunais". Defendeu ainda que uma eventual ação judicial deveria incidir sobre  os governantes dos últimos 10 anos. "Era seleccioná-los, porque houve uma data de mentirosos a governar",  argumentou.  

  Fumando Liamba

Alberto na praia 

Medina Carreira alegou que o caso da Madeira "só existe" porque Portugal "chegou ao estado de abandalhamento completo" e que a questão só foi tornada  pública dado o período eleitoral na região autónoma. "É fruto muito de haver eleições agora. Se não houvesse isto passava  relativamente bem", afirmou. Segundo Medina Carreira "antes da Madeira, houve várias Madeiras" em  Portugal. "Por toda a parte se nota que falta dinheiro aqui e ali. Rouba-se aqui. Rouba-se acolá. Nunca ninguém é julgado. Nunca ninguém presta contas. Eu  atribuo uma importância relativa à Madeira", sustentou. Sobre eventuais novas "surpresas" em termos de dívida escondida, Medina Carreira disse que em Portugal "tudo é possível em matéria de dinheiro"  num Estado "onde realmente não há rigor, não há seriedade, não há verdade", sublinhou.   

Lusa



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:42
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Sexta-feira, 15 de Julho de 2011
DO BRASIL AO NAMIBE . VI

{#emotions_dlg.xa}FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

"Colonização do Namibe e Planalto central de Angola"

Piratas

Convem recordar que do fim do século XV a metade do XIX, o contacto dos navegantes europeus com o Continente Negro, serviu apenas como uma grande reserva de mão-de-obra escrava, a ser extraída e exportada pelos comerciantes para o resto do mundo, mais própriamente para as Américas do Norte e Sul sendo no Norte usados como mão-de-obra nas culturas de algodão (E.U.A.) e do Sul e mar do Caribe para trabalharem no plantio e manuseamento de cana de açucar. Traficantes de quase todas as nacionalidades montaram feitorias nas costas da África fazendo incursões no interior do território a recolher "peças" humanas a serem negociadas como gado. Havia também piratas que atacavam de surpresa o litoral apresionando o maior número de gente. Este procedimento de ataque rápido era mais frequente nas ilhas de cabo Verde e Açores aonde podiam ter um dominio total do espaço com cães amestrados na busca de gente como se fossem coelhos.

 Serra da Chela

Os cães de fila brasileiros por exemplo, que têem no genes por constante ensinamento a busca de pessoas, foram usados na procura de "fujões" escravos que ousavam fugir dos engenhos de açucar. Mercadores negreiros europeus, com o crescer da procura por mão-de-obra escrava, associaram-se militarmente e financeiramente com sobas e régulos africanos dando-lhes em troca o poder das armas, pólvora e cavalos por forma a estes se afirmarem como autoridade. Os prisioneiros das guerras tribais eram encarcerados em “cubatas” na costa Atlântica, aonde esperariam a chegada dos navios negreiros que os levariam como carga humana pelas rotas transatlânticas.

 Fundador de Mossâmedes (Namibe)

Bernardino Freire de  Castro

A partir da metade do século XIX as costas africanas passaram a não ter interesse ao comércio de negreioros por via do término da escravatura pelo que, passou a ser vista como saída para encaminhar gente desavinda de outras paragens juntando-se-lhes os degradados para ali enviados por castigo penal; na maior parte dos casos eram rúfias da sociedade que a todo o custo tinham de ser afastados da metrópole. Alguns dos novos colonos, idos do Brasil e Ilha da Madeira para Mossâmedes buscaram lugares mais frios e de terras férteis subindo o plananto após galgar as Serras da Leba e Chela; gradualmente, e enquanto decorriam batalhas a conter sublevação de alguns sobas mais a Sul, a colónia ia-se formando ao redor de barracões num lugar que se veio a chamar de Sá da Bandeira, o actual Lubango. Falar destas odisseias é recordar a missionação dum povo, duma gente que não deixou de peregrinar a vida. Nestes folhetins de ordem temporal, aleatória, recorde-se essa estirpe de gente miscigenada a quem chamaram de Chicoronhos (Xi-colonos), oriundos das ilhas da Madeira e Açores, após estarem alguns anos na Olinda brasileiro.

Referência de consulta: Blog Mossâmedes do antigamente

(Continua...)

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:33
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Domingo, 26 de Junho de 2011
ANGOLA – O PAÍS DA BANGA .IX
{#emotions_dlg.xa}CRÓNICA DO SOBA T´CHINGANGE

            "Minguito....A arte da sanfona"

 Minguito  

Minguito, acordeonista de raro talento, invisual desde os 14 anos após ter contraído sarampo, viveu tacteando o teclado, introduzindo novos acordes na música popular. O cancioneiro de Angola a partir do Bengo potenciou a humildade músical do batuque em uma eloquente interpretação, jamais vista nos meios Luandinos. A entrega plena com afeição à concertina acompanhou-o até à sua morte prematura. Bem cedo, foi influenciado pelo merengue de Luís Kalaff, um compositor de intervenção dominicano, cujo lema era: "Cantar em Liberdade". Os processos de assimilação da cultura portuguesa, são os responsáveis pela introdução do acordeão, sanfona, gaita, harmónica ou concertina nas tonalidades da musica angolana dando à rebita um folgo diferente, história que não deve ser desvirtuada por arrogância ou soberba pelas novas gerações como se tudo tivesse sido parido do nada ou em uma singela esquina do Sambizanga. O acordeão emigrou da música folclória portuguesa para a massemba ou rebita entrando a gosto no panorama da música popular angolana.

:

Um militar do exército colonial português, vendo todo o potencial musical de Minguito, ofertou em 1964 um acordeão e, não se enganou porque como ninguèm, Minguito introduziu este instrumento de origem Oriental na crioula música Angolana que marcou um momento alto, que perdura. A primeira apresentação pública de Minguito foi numa sessão musical do “Dia do Trabalhador”, no emblemático N´gola Cine, bairro do Caputo de Luanda, em 1967. A pose com o acordeão e a sua invisualidade, conferiram a Minguito uma personalidade própria que o fazia distinguir dos demais artistas, numa época em que o uso deste instrumento bem como o da concertina estavam circunscritos ao tango de Gardel, ou figuras emblemáticas de Fançony e Firmino e outros como Eugénia Lima que tocavam concertina na música ligeira e folclórica portuguesa.

 

O Gaúcho Teixeirinha, fazia sucesso com suas músicas usando a sanfona tão ao gosto dos carreteiros e tropreiros das pampas do Sul e matutos do sertão; nesse então todo o brasileiro tinha em casa um disco de Teixeirinha com seus passos de bolero e marchas juninas tão popularizadas em todo o Brasil com especial enfoque nas principais cidades Nordestinas. São famosos os arraiais nos estados de Sergipe, em Aracaju, o de Alagos em Maceió e Marechal Deodoro do Brasil, em estilo de forró, lembrando as festas-marchas de Santo António, São João e São Pedro com baile de mastro, bem à maneira das terras do Sul de Portugal e nas cidade de Natal do Ceará e Olinda de Pernambuco no Brasil. O arrasta-pé Nordestino, ao som da sanfona fazem peregrinar milhares de foliões aos bailes pé-de-serra no Cariri e Araripe, alegrando o adro do Padre Cícero, bem ao geito das rebitas de Angola ou os arraiais com mangerico nas faldas da Serra de Monchique no Algarve, nas Serras do Marão e Alvão em Trás-os-Montesou ou nos bairros Alto, Benfica, Alfama, Restelo ou Alto do Pina em Lisboa. No espaço da Lusofonia não podemos esquecer as festas floridas em homenagem aos Santos no Funchal da Ilha da Madeira ou entre milhares de hortenses em Ponta Delgada dos Açores e demais ilhas com seus mistérios beira de estrada.

 Teixeirinha

(Continua...)

O Soba T´Chingange




PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:55
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Sexta-feira, 5 de Fevereiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . XVI

 


FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        O apetrexamento urbano

 

 Mapa Brasil | Agrupación de ...  BRASIL

Os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, atingiram os melhores niveis de vida do Brasil no século XXI graças a esse povoamento de redefinir franteiras além do Tratado de Tordezilhas segundo o “Uti-possidetis” do novo Tratadod Madrid de 1750.

Santa Catarina, estratégicamente situada no Atlântico Sul, com 428 km quadrados, é em termos culturais, a décima ilha dos Açores e, foi a lei de provisão de 1747 de D. João V que ao alistar toda a gente que se oferecece para se transladar para esta ilha, que proporcionou a sociedade actual.

Povoar, colonizar e guarnecer militarmente a ilha de Santa Catarina, foi o baluarte na defesa contra piratas europeus, principalmente holandêses, inglêses e uns tantos francêses.

A custas da Fazenda Real, do recenceamento voluntário, resultaram companhias formadas por cinquenta homens cada uma, tendo no mando um capitão, dois alferes e quatro sargentos. Mas, não foram só estes os intervenientes na história do Sul do Brasil; à semelhança do nordeste Brasileiro, os Angolanos foram também os primeiros escravos a irem para Santa Catarina tendo também chegado ali, gente ida de Cabo Verde e da Guiné.

 

VIII – O TRAÇADO URBANO

 

As casas no seu todo, tinham acabamentos com ângulos nos extremos dos telhados, quatro águas e telhas de goiva ou calha portuguesa, que recebiam nas linhas de cunhal uma forma de pomba pousada. Esta pomba em olaria ou cerâmica cozida junto com a telha de arremate, trata-se e segundo a tradição do símbolo da pombinha do Espírito Santo abençoando a casa e seus moradores. Os Açoreanos têm uma predileção especial com o culto ou festas do Santo Espírito.

Havia também o refinamento das beiras ceveiras como os bordados, ou de cortinado em cimalha e outras platibandas com desenhos ou adornos enfeitando o alçado ou fachada principal. Com as canaletas de drenagem aproveitavam as águas no desaguar de drenagm de beirados e algeróz em uma cisterna algures situada por baixo do logradouro posterior. As carências de chuvas em suas terras de origem, levaram-nos a seguir os velhos métodos de armazenamento árabe ainda em uso nas ilhas açoreanas, na província do Algarve no Portugal Europeu ou todo o Sul de Espanha e Itália e também no sertão de Pernambuco.

Os beirados enfeitados dava ao seu senhor “status”, posição social altiva de poder e dai, dizer-se que as casas pobres eram de “gente sem eira nem beira”.

 

O traçado urbano das vilas tem algo a ver com as directivas de base: “- no sítio (de citadino ) destinado para o lugar de povoação, assinalará um quadrado para uma praça d quinhentos palmos de face e em hum dos lados se porá a igreja. A rua ou ruas se demarcarão ao cordel com largura ao menos de quarenta palmos, e por ellas, e nos lados, se porão as moradas em boa ordem deixando entre humas, e outras, e para detras, lugar suficiente e repartido para quintaes, atendendo assim ao comodo prezente como a poderem ampliarse as cazas para o futuro”.

A língua dos novos colonizadores com sotaques e modos diferênciados deram no correr do tempo uma mistura de linguajar a que se pode chamar a prosódia que domina hoje todo o extenso território do Brasil.

Muita coisa foi legada pelos Portuguêses continentais ou insulares e, para terminar a escrita da saga, relembra-se uma dança com letra, levada pelos povoadores de Florianápoles chamada de “A jardineira” que fez furor e ainda é cantada nos momentos altos de farra ou eventos carnavalescos.

 

 

O Jardineira porque estás tão triste?

Mas, o que foi que te aconteceu?

Foi a Camélia que caíu no no galho

Deu dois suspiros e depois morreu

( estribilho – bis )

 

Vem Jardineira, vem meu amor!

Não fique triste que esse mundo é todo teu,

Pois és muito mais bonita

Que a Camélia que morreu!

 

( Fim da saga do açucar e povoamento)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 23:33
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Sexta-feira, 29 de Janeiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . XV

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        A habilitação de herdeiros

 ITAPURIBÁ  itapirubá-laguna-brasil ...

                                 A LAGUNA DE ORNELLAS

 

Aos vinte dias do mês de Janeiro de 1771, na fregueseia do Senhor Bom Jesus do Triunfo, Jerónimo de Ornellas, faleceu com a idade de oitenta anos.

È interessante descrever aqui o inventário de Jerónimo de Ornellas Meneses e Vasconcelos por ser de mais valia a sua descrição para se perceber melhor os conceitos de posse de então na distribuição de bens e partilhas.

 

Assim, descreve-se de forma suscinta os ítens que compõem a habilitação de herdeiros:

« - 1º Bem: Títullo de prata, descrevendo “suas colheres de prata com o peso de 74 oytavas avavaliada quada oytava a noventa reis, somam seis mil seiscentos e sessenta reis 6#660.

- 2º Bem: Títullo dos escravos, entre vários Inácia Crioulla de idade de doze annos avaliada em 76 mil e oytocentos reis s Domingos Angolla de idade de 60 annos avaliados em 12 mil e oytocentos reis, 12#800 e um possivel filho de nome Christovão Crioullode idade de quinze annos avaliado em 51 mil e duzentos reis, 51#200.

- 3º Bem: Títullo de animais, entre vários, cento e sessenta e seis vacas de rodeyo avaliado cada hua a seiscentos e quarenta reis; Setenta e sete egoas de cria de burros avaliada cada egoa a mil quatrocentos e quarenta reis; Tres burros Echores avaliado cada hum a trinta e oyto mil e quatrocentos e quarenta reis.

- 4º Bem: Titullo de movens, entre alguns outros, Humoratório com varias imagens avaliado em quatro mil reis (4#000) / Hua toalha de guimarãens nova de meya marca com seus guardanapos avaliada em três mil e duzentos reis (3#200rs.) / Duas Bacias de Arame de ourinaravaliadas ambas por seiscentos e quarenta (640rs.) / Quatro pratos de lonça de Veneza, seis com seis pires avaliado tudo por tres mil e duzentos reis (3200rs) / Hua fisga avaliada em duzentos reis (200rs) / Hua foice e hu Machado avaliado tudo por novecentos e secenta reis (960rs.); Três foucinhas de cegar trigo avaliadas por novecentos e secenta reis (960rs.).

- 5º Bem: Titullo casas, onde se lê: Huas casas nesta Freguesia cobertas de capim avaliadas em trinta e oyto mil e quatrocentos reis (38#400 rs.) / Hua chácara cita no subúrbio desta Freguesia avaliada em trinta e oyto mil e quatrocentos reis (38#400 rs.).

- 6º Bem: Adenda de “gado vacum”: No ano de 1755 houve marcação de “dezoito Bestas muares que avaliaram cada hua a mil e siscentos reis e todas a soma e quantia de vinte mil e oitocentos reis  (20#800)” / “quatro potrancas que avaliaram cada hua a seis centos e quarenta reis e todas a soma e quantia de dois mil quinhentos e sesenta reis (2#560)” / quarenta e oyto terneiros e terneiras que avaliaram cada hua a oito centos reis e todos a soma e quantia de trinta e oito mil quatrocentos reis (38#400 rs). »

 

Na separação dos bens à viuva Lucrécia Leme Barbosa coube o escravo de nome Gregório, avaliado em 90#600rs e mais outros 4 escravos que aqui não referimos.

Os dados de partilhas apresentados em resumo sobre Jerónimo de Ornellas e Vasconcelllos, serve para demonstrar à sociedade, o seu papel no Brasil – Meridional.

Como pioneiro desbravador de territórios até então não explorados, Ornellas, quer tropeiro, quer orgnizador de comunidade, tem-se em conta a “estância” ou fazenda como núcleo civilizatório; a sua “casa grande”; a sua sanzala; a sua capela, cemitério e a igreja ladeada de casas sociais ou comerciais na rua principal. Frontarias de edificios de administração ao estilo português como qualquer outra urbe do reino distante de Lisboa.

Outros interesses sociais como a justiça, arquivo e administração económica, cuiltura e política não foram descuradas pela mão de Ornellas.

 

( Continua... As heranças... XV I )

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:44
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Quarta-feira, 20 de Janeiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . XIII

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        A emigração contemporãnea

 

  MULHER RENDEIRA DE NITEROI

 

V – A EMIGRAÇÃO CONTEMPORÃNEA NO ESPAÇO LUSO

 

Já com o rasto da saga do povoamento distante, é interessante analizar entre os madeirenses “o mito da ascenção social” pelo trabalho árduo com privação sistemática. Efectivamente, a maioria dos emigrantes entre 1940 e 1960 idos para o Estado do Rio de Janeiro, o trabalho árduo e a poupança de aforro, forma meios, tanto de ascenção social como de integração à sociedade de acolhimento, os Fluminenses (nascidos no Rio de Janeiro).

Esta ideologia dos madeirenses “trabalhar e trabalhar”, define uma fronteira para com os demais grupos de emigrantes e, em especial os Portuguêses do Continente que eram mais cultos e conhecedores de novas relações humanas. Os madeirenses, numa esmagadora maioria eram analfabetos, impreparados no tracto, outras éticas e posturas de vida moderna, já bem acentuado no povo Fluminense. Esta maneira de estar na vida, foi motivo de ao longo do tempo, rebaixar ou “cotucar” a condição de se ser Português, denegrindo-o ao estigma de parolo ou caboclo de pé-de-chinelo.

A mulher madeirense impresiona pela tenacidade que, após um dia estafante de trabalho em casa, cozinhando,lavando ou passando roupa para fora ou no balcão, substituindo os maridos ou criando os filhos, dedeicam-se à noite ao bordado,ofício de muita criatividade e precisão. A jornada de trabalho da mulher, supera em muito o labor do homem pois que se prolonga do amanhecer às magrudadas, quando sobrava tempo para bordar.

 

ILHA DA MADEIRA   Ilha da Madeira - Fotografia ...

 

As bordadeiras da ilha de de Niteroi, reprodução do quotidiano das bordadeiras da ilha d Madeira, trabalham sem sessar para fregueses ou lojas do Rio de Janeiro. Foram estas actividades do bordado, fortes vínculos de solidariedade na tradição do bordado transposto da Camacha ou ribeira Brava.

A maior parte dos homens madeirenses a viver em Niterói eram leiteiros,”para trabalhar neste ramo, só portuguêses da Ilha da Madeira” porque eram quase todos analfabetos. Alguns, ao chegar da Madeira iam trabalhar para chácaras sem qualquer condição, descalços saiam cortando com facões o capim e cuidar de vacas que davam leite ao senhor e tornava-se difícil amealhar dinheiro para pagar uma passagem de regresso ou mandar vir da Ilha a sua família; família que desesperava, esperando anciosamente por carta. E, os poios lá da ilha não eram suficientes para suportar os encargos da família. As mulheres naquelas encostas de Curral das Freiras ou Camacha, rezavam à vela trepidante “para que ele, o marido, nunca se esquecesse da gente”; e cobria-se com um xaile escuro para encobrir surradas vestimenta e os choros,... era um sinal de sina triste, sem vivacidade, até que um dia, um compadre acena um papel, uma carta de chamada do seu Manel, seu Joaquim; passados anos de angústia e choro, embarca com seus filhos no porto do Funchal  para  juntar-se ao seu amor.

 

E, tantos outros anos passando com a saudade da avó ainda viva lá na Ilha; mas,... um dia aconteceu voltar por algum tempo a rever a já velhota avó : - “Ela vinha com um feixe de folhas de inhame, sabia que eu ia mas não naquela hora. O inhame p´ra fazer p´ros porcos,... lá me viu, parou de espanto, jogou p´ro lado o inhame, assimm,...para se abraçar comigo,... foi,... foi a coisa mais dolorosa da minha vida toda, ter de deixar a minha família,...  e voltei de novo”.

O vizinho, também leiteiro diz: - “A minha vida lá, era trabalhar na fazenda, catar lenha, catar areia p´ra ganhar roupa. Era uma vida muito difícil, acordar de madrugada para ir p´ra serra, cortar lenha e durante cinco horas andar com ela às costas p´ra ganhar 6 ou 7 tostões a arroba. Por isto tudo, eu saí dali; já o Continental, eles eram diferentes, eles era, o ramo deles era mais assim, fazer horta, chácara,... quase 70% deles. Depois que eles arrumavam dinheiro, era padaria,... era bar”.

- “Os nascidos e criados aqui, e a gente, e no caso eles depender da gente. Ah,...você vem de lá,... chamam de galego, chamam de,... burro,... isso ofende, doi, mas tem que engolir”.

- “ No negócio quantas noites eu não conseguia dormir. A gente ia fechar a casa  e sempre tinha aborrecimento, era xingado. Uns comia e não pagava já de propósito já ia magoado,... aquilo foi magoando,... ( a gente )  sofre muito, até se controlar sofre muito!!!”.
( Continua... AÇORES  - A emigração dos Ilheus... XIV )

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:28
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Terça-feira, 12 de Janeiro de 2010
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . XI

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        A colonização da Amazónia

 AMAZÓNIA  Amazonia Imagens e Recados ...

 

Quando em 1641 os Malufos (Holandêses) dominavam grande parte do Nordeste Brasileiro, aportaram a São Luis do Maranhâo e, tomaram a fortaleza cometendo atrocidades de guerra raiando a pirataria de saque; prenderam as autordades, destruiram prédios públicos e exilaram os civis notáveis. Segundo descrições, 150 dos mais notáveis cidadãos, foram deportados para a Ilha da Madeira em um navio podre e mal aparelhado, que por merçê de de Deus, foi arribar à ilha de São Cristovão, nas mãos de administradores piratas inglêses e francêses.

Para se ter ideia dos procedimentos e negócios de então, temos que em 1764 o rolo de pano e o fio de algodão serviam para pagar pré aos soldados e governadores. Por esta data em Angola, do outro lado do Atlântico acontecia o mesmo geito de negócio de permuta, sendo os libongos os tais panos com que compravam escravos aos chefes tribais. Estes libongos substituiram a moeda de conchas, bivalves n´zimbo e caurins, apanhadas nas costas marítimas de África e Brasil.

O dinheiro moeda, só começou a ser cunhado em princípios de Maio de 1749. Um decreto de 12 de junho de 1748, mandava substituir os novelos de algodão ou rolos de pano, por moedas de ouro, prata ou cobre, tendo na inscição de faces, o valor, a lei e o tipo. Desse então em diante, os governadores passaram a receber o soldo de seis mil cruzados.

A colonização portuguêsa no Maranhão teve início só em 1615, depois de se expulsarem os francêses.

São Luis do Maranhão é uma cidade singular do antigo império português; o seu traçado rectílineo com uma ocupação ordenada, permitiu com base nas plantas urbanas do século XVII, sob a tutela do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Mello, que a Unesco em 1997, a defenisse como património da Humanidade.

 

III - A COLONIZAÇÃO DA AMAZÓNIA

 

Quando da subida ao trono de D. José I, na Amazónia Brasileira decorria uma virulenta epidemia de variola entre os índigenas. Por este motivo, dimínuiu de forma drástica a percentagem demográfica, afectando assim os moldes prescritos no novo acordo de Madrid, “Utis Possidetis”. Quarenta mil índios terão perecido desse “mal de contágio” e, havia que tapar esta lacuna, pois que a posse, exigia gente na Amazónia. Assim, manda D. José I na pessoa de seu ministro, o Marquês de Pombal, que se transporte com a maior brevidade o maior número de gente para as Capitânias de Maranhão e Pará. Esta ocupação teria de ser feita em articulação com as forças militares na fixação efectiva de colonizadores.

Naquela onda e, com a expulsão de outras praças do Oriente pelos mouros, como Mazagão, vêm estes, a ser encaminhados para o Amapá, onde se viria a fundar a Vila Nova de Mazagão. O preço do transporte e sustento desde as ilhas de Madeira, Açores, ou do Continente até ao Pará, ficava ao encargo da Fazenda Real. O valor da passagem era de 19.350 Reis por cada pessoa acima dos três anos. Esse transporte marítimo, só seria pago após conferência das pessoas à chegada, fosse Pará ou outro qualquer destino da costa bresilerira.

Aquele pagamento era referente só a pessoas vivas como garantia de bom trato na travessia e, por forma a evitar perdas. Só para Maranhão, no ano de 1576, foram levadas 480 famílias que ali se estabeleceram.

À nova condição de colonizadores, era dito que “não iriam na mira de virem a ser senhores de escravos, devendo consciencializar-se de que teriam de cultivar as terras que lhes eram dadas nas sesmarias pelas suas próprias mãos, tal como o faziam em seus locais de origem”. Daqui dizêr-se que a colonização Portuguêsa foi “Sui-genéris” sem igual e, por isso terem sidos os ultimos a ceder as suas posseções; a última foi Macau em 1999.

 

( Continua... O Povoamento... XII)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:59
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Sábado, 12 de Dezembro de 2009
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . IV

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        Os caixões de açucar

Olinda - PE Papel de Parede ...   OLINDA

 

Os Tugas, resgataram a prática do uso escravo podendo de forma sintética mencionar o padre António Virira quando refere “ Sem açucar não há escravos e sem escravos não há açucar”.

A Madeira como berçário de novas práticas sociais foi nos primordios  da expanção Lusa, o primeiro e mais importante mercado receptor de escravos aficanos. À illha chegaram os primeiros escravos guanches, marroquinos e africanos que contribuiram para o arranque económico do arquipélago e a diáspora Lusa.

Depois, foi o pau brasil, e os caixotes de nobres madeiras que serviam para transporte do ouro branco.

 

Nos dias de hoje, ainda se pode apreciar mobilias feitas de boas madeiras levadas do Brasil como o jatobá, jacarandá, sucupira ou angico; estas madeiras, curiosamente eram tão somente a estrutura dos “caixões” para transportar  300 quilos de açucar. Talves por isso se designe aos contadores ou administradores das remessas de “caixeiros” pois, mais não eram tão somente do que zeladores dessas caixas de açucar.

Os maiores e melhores organizados destes caixeiros eram os imigrantes ou colonos de ascendência judaica, essa grande diáspora unida à semelhança dos Ilheus que por via da inquizição levaram famílias inteiras a se refugiarem nas praças do Norte da Europa como Amstedão, Antueérpia, Rochela, Londres ou Bordeus. Por iniciativa própria e por sobrevivência, estabeleceram redes de negócio familiares que vieram a ser considerados como o principal suporte da rede comercial resultante dos descobrimentos. Esta rede comercial é em realidade uma verdadeira contradição com os comportamentos da expanção cristã, o que me leva a salvar a teoria de que em negócios tudo é possivel. Nesta rede comercial, Angola, aparece como principal consumidor de vinho da Madeira a par com o Brasil, país irmão.

 

Há escritos de caixeiros referindo fornecimento de 100 pipas de vinho da Madeira no ano de 1651, poucos anos após Salvador Correia de Sá e Benevides ter escorraçado os Mafulos de Loanda.

No Funchal, em São Vicente do Brasil, Pernambuco, Bahia, Luanda e Santiago de Cabo Verde por via do negócio do vinho, há novas apetências surgindo por isso uma chusma de pequenos burgueses. São estes os vértices do mundo Português, a Lusofonia actual que dá agora importância com consciência  às praças dum antigo recheio colonial.

Muitos de nós de genes mestiça, somos o fruto deste fado chamado de diáspora; o fruto desses antigos mestiços, capitães, mestres e serviçais, escravos duma sanzala qualquer, servindo sempre um senhor. O senhor do engenho ou navegador aventureiro da rota do cabo.

 

A rectórica com manipulação de novos discursos, para serem históricos, terão de se basear nessa evocações, fundamentos na reposição da verdade. É para  isso que servem os grandes homens, a que  vulgarmente chamamos de estadistas.

 

( Continua... A batalha de Guararapes... V)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:59
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Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009
RECIFE – A SAGA DO AÇUCAR . III

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

O bodo dos pobres na “Folia do Divino”

 

 ILHA DE SANTA MARIA

 

 

 

Aos combatentes Madeirenses que se bateram nas campanhas de Bahia e Pernambuco contra os Mafulos, receberam tenças ou cargos administrativos como recompensa pelos serviços prestados; assim, se alicerçou as instituições régias de soberania local defendendo-a de corsários franceses, castelhanos e os referidos Mafulos.

Por via do novo tratado de Madrid que substituíu o já desuzado trato de Tordesilhas, constituiíu como primordial a efectiva ocupação do território por gente Lusa. Em 1746 foram enviados casais Açoreanos para terras do Sul; estava em curso o estancar de gente de Castela que ao longo dos anos se tinha instalado na foz do rio Prata, actual Uruguai, uma parte da grande Cisplatina.

Florianópolis passou a ser nesta corrente migratória a 10ª ilha dos Açores em terras do Brasil; as evidências estão mais vivas do que na terra mãe atravês das festas do Espirito Santo e os mistérios em honra do “Divino”, festa de Pentecostes que no calendário católico têm lugar cinquenta dias após a celebração da Pascoa. A tradição foi difundida nas ilhas por influência da Rainha D. Isabel  (1276 a 1336).

 

Tive oportunidade de assistir anos atrás à coroação de um Imperador na Ilha de santa Maria dos Açores e, nesse dia fui ao bodo dos pobres; ”folia do divino” que ocorre em toda a Ilha e que foi transposta para Santa Catarina do Brasil.

Em S. Vicente, persiste a tradição do bodo, mesa farta no dia do Divino Espírito Santo aonde ninguém paga e ainda leva merenda ou bolo para suas casas.

Na ilha de Santa Maria comprovo porque vi, em Santa Barbara e Vila do Porto, aos fins de semana andam uns mordomos com vestimentas especiais como os das irmandades, fazendo peditório para esta época de quermesse. Por vezes gente vinda da diáspora da  globália saudosa desses costumes dá alvissaras ofertando tudo para esta festa e, são inumeros os voluntários a ajudar nas muitas actividades.

Na triângulação Europa, África e Américas, principalmente a Madeira mas, também os Açores, estiveram no princípio dos usos como um laboratório esperimental da sociedade Atlântica.

Convêm desmistificar de que não é verdade terem sido os portuguêses que estiveram na origem da escravidão do negro e a criação desse mercado. No mundo Mediterrânico, crescente fértil e na África em geral já existia há muito tempo a escravidão entre tribos como coisa natural, mão-de-obra barata; isto está descrito nos testamentos da Bíblia, no livro do Gênises em que os vencidos eram tornados à condição de escravos, em troca de suas vidas; gente da tribo de Canã; este gesto era tomado como “humanitário” e, fez parte de todos os códigos da antiguidade como o de Hamorábi, e o direio Romano que serviu de  referência no mundo Português, mas não só, até o século XIX.

 

A escravidão foi introduzida na América em 1492 pelo próprio Colombo e conquiatadores que se lhe seguiram pois que, em suas naus já levavam escravos. Foi, no entanto, a partir de 1501 que os introduziram em São Domingos.  No Brasil, só se comprova a existência de escravos a partir de 1531, na Capitânia de São Vicente.

( Continua... Os caixões de açucar... IV)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 00:59
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Terça-feira, 8 de Dezembro de 2009
RECIFE . A SAGA DO AÇUCAR . II

 

FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO

        A Madeira, foi o início

 

 

 MADEIRA MADEIRA

 

Saído da casa da cultura do Recife, antiga prisão politica, é agora tempo de falar da influência que as ilhas da Madeira e Açores tiveram na introdução do açucar no Brasil e, implícita   emancipação com o surgimento do conceito de se, ser brasileiro.

Esta gesta de gente que lutou pela liberdade contra os Holandeses por alturas  de 1640, enfrentou do outro lado do Atlântico os mesmos Mafulos que em paralelo com a rapina de Olinda, se apoderaram da cidade de Loanda em Angola. Esses alguns intervenientes, salientaram-se como heróis que a história quiz esquecer; muitos morreram em prol de terras que passaram  a ser  as suas; supostamente, uns em Brasil, outros, no reino de N´Gola,... Uma esquina esquecida do mundo.

A descoberta da Madeira aconteceu em 1420 e, em 8 de Maio de 1440 o infante D. Henrique lançou a base de estrutura no conceito de posse, dando a Tristão Vaz carta de Capitão de Machico. Esta, foi a primeira capitânia a sêr atribuida a gente que por feitos se tornou de “linhagem Lusa” defendendo-se assim um sistema institucional que deu corpo em novas terras.

 

 A formação do Brasil colonial, foi à semelhança de Machico, também, partindo da atribuição da capitânia, a  de S. Vicente, ”a Nova Madeira” na costa Atlântica das terras de Vera Cruz. Aqui nasceu a grande metropole que é hoge, São Paulo com quase vinte milhões de almas.

Na capitânia de S. Vicente foram construidos os primeiros engenhos açucareiros; mestres madeirenses às ordens dum senhor governador de nome António Pedro Leme, terá sido o pioneiro no plantio das primeiras socas de cana oriundas da Madeira.

Com aquelas primeiras mudas de cana-de-açucar, das quais se formaram os primeiros canaviais deu-se início à saga do açucar na faixa litorânea Paulista.

Os Madeirenses, foram assim, os primeiros colonizadores e, isto,... foi só o início. No decorrer dos anos, foram até às imensas regiões do Sul aonde se situa agora o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; mais tarde e com maior impacto tomaram raizes no Nordeste Brasileiro.

O facto de a Madeira ter sido modelo de referência para o espaço global da Lusofonia Atlântica, não tem sido reconhecido nem divulgado. Esta migração humana que arrastou consigo um universo de conceitos, técnologia, usos, costumes, cultura e novos conhecimentos e até pesquisa no campo da flora, sivicultura em geral, teve um impacto de evidente progresso e, daqui atribuir-se a Portugal o início do conceito de globalidade; em verdade este mérito tem tudo a ver com o génes Luso.

 

Nesta primeira pedra da gesta Lusa em terras mais além de Sagres, houve impactos negativos mas, os de mais-valias para o Mundo valorizaram o arco-iris final.

A pequenês da Ilha Atlântica e sucessivas crises naquela tão dificil empinada topografia, levou os ilheus a buscar outros destinos menos trabalhosos e mais auspiciosos; primeiro foram para os Açores e Canárias mas, mais tarde, em precárias embarcações quinhentistas sulcaram  com os continentais terras longinquas como Curaçau, Venezuela, Brasil, Angola e África do Sul, levando consigo um modelo de virtude social, político e económico. Saíram deles os canaviais com seus canais de rega, engenhos e rodas motrizes. O seu contributo na feitura do Brasil teve início com a libertação do Maranhão (S. Luis) que se deu no ano de 1642 tendo António Teixeira de Mello como libertador enquanto que em Pernambuco e, pelo ano de 1645, João Fernandes Vieira organizava resistência armada aos Holandêses; para tal, em 1646, recebeu do rei D. João IV a carta de patente de mestre-de-campo para chefiar um terço da Infantaria formada nas Ilhas, 500 homens recrutados na Madeira, Ilha do Pico, S. Miguel, Faial e Graciosa no Arquipélago dos Açores. Este terço era constituido por quatro companhias de 125 homens.

 

( Continua... O bodo dos pobres... III )

O Soba T´Chingange




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MAIS SOBRE NÓS
QUEM SOMOS
Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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