Terça-feira, 3 de Agosto de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXXV

ANGOLA – DA LIBERTAÇÃO À INDEPENDÊNCIAXII

INDEPÊNDÊNCIA DIVIDIDA Crónica 3172- 31.07.2021 - Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha, mesmo não sendo “preto”… Afinal, não o era e, continuo “branco”…

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Por   soba k.jpgT´Chingange, no AlGharb do M´Puto

A “Ponte LuuaLix” tem a participação de varias companhias de aviação tais como a soviética Aeroflot que se dispuseram a retirar um grande número de gente que até ali, só atrapalhava as directivas do MPLA. A criação do Quadro Geral de Adidos na Metrópole - Lisboa, veio acelerar o processo de escoar este elevado número de gente que detinha o controlo da Administração; tudo pensado para provocar a debandada. Era forçoso retirar os brancos pois seus lugares de direcção, teriam de ser ocupados pelos novos senhores. “Branco vai para a tua terra” era o que mais se podia ouvir, nas ruas, nas escolas e aonde quer que o fosse e se estivesse…

fotografo1.jpgEnquanto o controlo de Luanda se fazia ouvir pelo crepitar das armas, “desperdiçando” milhares de balas tracejantes para o ar, com o intuito claro de amedrontar a população acossada por comunicados das rádios ao serviço do MPLA, em Nova Iorque, o ex-agente da CIA Philipe Agee e o jornalista Steve Weisman, denunciam que a “Central” destinara 32 milhões de dólares “para apoiar o anticomunismo em Angola”. Os primeiros cubanos desembarcam no “país”. Uma coluna da FNLA, com mercenários e seus guerrilheiros, é derrotada às portas de Luanda.

Sul-africanos praticam a primeira invasão da Província do Cunene. A UNITA inicia a fuga para Sudeste. A República do Zaire invade o Enclave de Cabinda. O futuro estava terrivelmente comprometido. A 11 de Novembro festejam-se as duas independências no país que Portugal colonizou por quatro séculos, mas de onde nunca retirou o grosso da fatia das suas riquezas. O MPLA proclamou a República Popular de Angola em Luanda e, a UNITA e FNLA uniram-se no projecto da República Democrática de Angola, que veio a falhar. Antes de se falar da Batalha de Luanda, vai aqui recordar-se de forma breve a estória a partir de 18 de Junho do ano de 1974.

fuga6.jpg Nessa data, Silvino Silvério Marques é nomeado governador de Angola. Cerca de um mês depois, é substituído por Roa Coutinho, como Alto-Comissário. O “almirante vermelho” foi exonerado em Janeiro de 1975, sob pressão da UNITA e da FNLA, que o acusavam de beneficiar o MPLA. Neste meio tempo Rosa Coutinho traçou toda a trajectória para o MPLA alcançar a victória; foi ele o mestre das políticas que se seguiriam fornecendo àquele movimento todo o tipo de armas armazenadas nos paióis, mais logística e facilidades consideradas de “traição à pátria mãe” e aos outros dois movimentos que faziam parte do famigerado “Acordo de Alvor”.

A 27 de Julho de 1974, em Lisboa, Spínola reconheceu “o direito à independência dos territórios africanos”. Entretanto Joaquim Pinto de Andrade, fundador e presidente de honra do MPLA, adere à “Revolta Activa”. O Congresso, que visava a união das três facções do MPLA, fracassa. A caminhar muito rápido para a Batalha de Luanda, em Janeiro de 1975, dão-se três acontecimentos, a saber: Cimeira de Mombaça, Quénia, onde o MPLA, FNLA e UNITA acordam no reconhecimento mútuo; Acordos de Alvor que fixam a datam da independência para 11 de Novembro do mesmo ano; tomada de posse do Governo de Transição quadripartidário.

fuga8.jpg Em Fevereiro de 1975, a facção Agostinho Neto, dissidente do MPLA, expulsa de Luanda os membros da “Revolta do Leste”. Daniel Chipenda, seu presidente, vê-se forçado a aderir à FNLA. Pela primeira vez, entra em acção apoiando Neto, o “Pode Popular” uma criação do sempre presente Rosa Coutinho que, mais tarde é constituído na ODP – Organização de Defesa Popular, uma cópia politizada à esquerda, constituída por civis, OPV – Organização Provincial de Voluntários, de civis enquadrados por oficiais do Exército e que, na prática, funcionava nos territórios ultramarinos como uma milícia de defesa. Esta criação engloba os “pioneiros” enquadrados por guedelhudos do M´Puto que lhes dão treinos com armas de madeira a fingir metralhadoras.

Em Kampala, o presidente da OUA, idi Amim, insistia para que a data da independência fosse mantida sendo Portugal a responsabilizar os nacionalistas por um não acordo. O Secretário-geral da UNITA presente à conferência acusou as FAP de não se oporem à entrada de armamento e mercenários a ajudarem o MPLA no Lobito, Sá da Bandeira e Pereira D´Eça. Em Pereira D´Eça o comandante português entregou o aquartelamento a elementos do MPLA tendo-os vestido com camuflados do exército português, uma clara desobediência e afronta por ser esta região afecta à UNITA.

fuga7.jpg Este procedimento foi de uma nítida e grosseira degradação moral para as autoridades portuguesas. Manuel Resende Ferreira disse neste então: -Ainda havia esperança e soldados que não nos abandonavam. Referia-se ao Tenente Fernando Paulo e alguns dos seus homens que resolveram desobedecer ao comando para protegerem um grupo de refugiados no Chitado. Para o efeito criaram ali uma zona de segurança. São estes os heróis esquecidos, soldados de Portugal que abandonam o exército comunista Português para protegerem cidadãos e, lutar contra a anarquia comunista. E, que foi feito do Tenente Fernando Paulo?

As feras foram largadas das jaulas com a lei 7 barra 74 do MFA. A Luua eclipsava-se! Tarde piaste! E, agora vamos fazer o quê para o M´Puto? As NT - Nossas Tropas já não eram nossas. Davam cunhetes, canhões e até carros de combate numa perfeita cooperação de entreajuda FAP- FAPLA mandando prólixo os acordos de Alvor, da Penina… O MPLA tendo como mentor Rosa Coutinho, na Luua inventava a maka! Inventava os pioneiros! Depois o Poder Popular! E surgiu o Kaporroto, o kuduro e a victória é certa. Eles já tinham inventado o monstro Imortal, o Valodia e o Monacaxito…

gad2.jpg As makas organizadas com o objectivo de criar o caos, originar pancadaria e depois a vitimização já tinham características de sofisticada mentira; meter tudo no barulho, pressionar psicologicamente e criar condições de favorecimento por parte dos militares do MFA, as NT, o CCPA – Comissão de Coordenação do Programa do MFA e o Alto-Comissário…Já se fazia tudo às claras. Em um encontro de Melo Antunes com Henry Kissinger, aquele responsável português e a pedido do Secretário Americano disse que era difícil de lidar com Neto; que era difícil de o classificar politicamente como um comunista ortodoxo! À coisa dada (Angola) teve a desfaçatez de dizer que a liberdade, não se recebe, arranca-se! Com estes laivos de poeta, Neto, dava dicas torpes de mau agradecimento aos militares revolucionários do M´Puto. Bem feito, cambada! Alguns não gostaram…

(Continua…)

O Soba T´Chingange   



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:50
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Sexta-feira, 30 de Julho de 2021
CAZUMBI . LXVII

MOKANDA DA LUUA – Luanda do Mu Ukulu, era uma vez . I de IV

A realidade da Luanda actual. Crónica 3171 – 30 de Julho de 2021

Mu Ukulu02.jpeg

kimbo 0.jpgAS ESCOLHAS DO KIMBO

Publicado a 5 de Outubro de 2019… Fonte Jornal de Angola

Ao domingo, entre o largo do Baleizão e a Lello, a avenida Rainha N´jinga, antiga avenida dos Restauradores, transforma-se numa pista. Apesar da sua proximidade com a principal esquadra da Polícia Nacional, a larga via não é patrulhada nem possui qualquer sinalética horizontal, num vasto percurso, nem passadeiras para peões. Quando cai a noite, um grande troço mergulha na escuridão por ausência de iluminação pública, mas ao lado do degradado e agora entaipado Baleizão a iluminação funciona sempre em quatro postes, dia e noite. No lado oposto, há troços sem iluminação, que só surge lá no fundo, nas imediações da empresa francesa Total. Não é raro ver-se, aos domingos, carros e motorizadas a alta velocidade e jovens a patinar nas faixas, tudo num zigue-zague despido de temor no meio de centenas ou milhares de jovens que vão ou vêm da Ilha a pé e passam rapidamente pela “cidade” ao encontro dos seus bairros.

Mu Ukulu52.jpg É a rua que liga a Fortaleza de S. Miguel, hoje Museu Militar, e anfitriã do centro comercial Fortaleza, ao centro da cidade. A encosta da fortaleza já foi poiso de macacos nos tempos idos do colonialismo e a rua que a circunda lugar de namoro romântico. O centro de Luanda onde imperam os altaneiros e novéis prédios da Sonangol, em vias de ser privatizada, a antiga livraria Lello, hoje fantasmagórica, o largo da Portugália, onde os portugueses faziam câmbio paralelo, com as suas duas árvores-avós, o prédio da Biker - ainda com alguns serviços, como a Foto N´gufo, e com um “restaurante típico", fechado com chapas e onde ratos e insectos convivem com o povo real que aí almoça por mil kwanzas, num ambiente “apocalíptico” -, que já albergou mesas de snooker e ambiente de tertúlia de jornalistas, outros tempos, pré-históricos, de que não restam escritos. Ali ao lado destruíram o largo e edificaram dois blocos de vidro com dezenas de andares, onde trabalha uma classe burocrática nacional-expatriada.

Mu Ukulu46.jpg Mas a grande avenida não se detém, na esquina onde era a Sonylândia e hoje é um banco, estreita-se, a Moviflor portuguesa substituiu o luxuoso Quintas & Irmão, cujo dono permaneceu na Independência, mas viu a sua casa ocupada ilegalmente, e o fundo da rua desemboca no Eixo-Viário, uma obra feita pelo colonialismo português, que liga o Kinaxixi à Marginal e ao Miramar, hoje quase toda castanha e sem verdura, com iluminação aqui e ali. As árvores começaram a ser arrancadas em 1975, quando começou a faltar o carvão para cozinhar, e o Largo do Ambiente é frio, nada acolhedor, quase escuro e sem presença humana. Eixo-Viário do antigo Benfica de Luanda do Victorino Cunha, onde os portugueses plantaram verdura nas barrocas e a Independência construiu arranha-céus da Sonangol e de outras empresas estatais majestáticas.

Mu Ukulu49.jpg Os abandonados e degradados edifícios coloniais, com janelas com persianas, são na maioria “fantasmas” mudos e quietos, desafiando o futuro da capital. Um mundo novo. Os colonos foram embora e o Estado tomou conta das suas propriedades, expropriou e começou a vender a si próprio ao desbarato. Os elevadores foram destruídos e transformados em contentores de lixo, os corrimãos das escadas desapareceram, divisões e mais divisões foram construídas sem qualquer plano ou segurança para albergar familiares vindos dos bairros e do mundo rural, nada oferecido, tudo pago. Os quintais foram apropriados por quem chegou primeiro e transformados em autênticas “pensões residenciais” surreais, com divisões precárias e sujas alugadas a bom preço, 40-50 mil kwanzas mensais, porque estão na cidade e Luanda é a cidade mais cara do mundo.

Os quintais, ou melhor, os cubículos mukifos, também são alugados ao dia às zungueiras para guardarem as mercadorias que não conseguem carregar para os seus casebres nos bairros. Mas não só, os quintais são pontos de grande tráfego comercial, sobretudo, de bebidas alcoólicas, quem os detém há mais tempo usufrui de tudo o que pode acrescentar dinheiro sem muito trabalho. Os terraços não existem. Em seu lugar surgiu uma miríade de cubículos, muitos de chapa, sem água e quase sempre com luz puxada de gatos e paga mensalmente a alguém, alugados por quem chegou primeiro ao prédio e se diz “dono”. O luandense é manso. Quando lhe falam “o dono”, se cala, se ajoelha, submisso, e paga, mesmo que o dinheiro não seja o seu, e depois diz em voz baixa “está mal”.

Mu Ukulu51.jpg Sem árvores… Só se encontram árvores com troncos muito grossos, sinal de longa vida, árvores coloniais, no Largo do Atlético, hoje largo sem nome definido, mas que 44 anos após a proclamação da Independência continua a celebrar a batalha de Ambuíla, que ditou a perda da soberania do Reino do Congo e a decapitação do rei, cuja cabeça foi transportada para a ermida da Nazaré, na Marginal, que este ano comemora 355 anos. Um largo agora fechado e em obras sem prazo. As vendedoras dizem-me que passou para a propriedade do banco BCI, "se apropriaram", diz-me um jovem que todos os dias me pede dinheiro para comer.

(Continua…)

O Soba T´Chingange (o relator)



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:20
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Sábado, 24 de Julho de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXXIV

ANGOLA DA LIBERTAÇÃO - XI

- A INDEPENDÊNCIA DIVIDIDA… Crónica 3169 - 22.07.2021

-Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha, mesmo não sendo “preto”… Afinal, não o era e, continuo “branco”…

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Por   t´chingange2.jpgT´Chingange, no AlGharb do M´Puto

Com botas de michelin ponta de ferro, calções de ganga, camisola de flanela e chapéu quico com os big-five, curto o calor do dia enquanto o sol se põe a pique com uns agradáveis vinte e dois graus no zénite. Ao cair da noite os chacais miam não muito longe e até posso ver seus olhos amarelos quando dirijo o farolim da varanda em sua direcção. As noites têm sido escuras, o céu fica todo a descoberto e posso ver com perfeição as estrelas do cruzeiro do Sul.

No M´Puto os ratos saiam das tocas! As divergências na CCPA - Comissão Coordenadora do Programa em Angola, atingiram seu clímax! A linha progressista partia nozes com o nariz! Entretanto, Otelo Saraiva de Carvalho chegava ao seu gabinete COPCOM com a prometida ajuda de Havana ao MPLA. Este militar, visto como o novo Ché Guevara, encontrava-se em Cuba desde o dia 21 de Julho para assistir no dia 26 à celebração do ataque ao quartel de Moncada. Isto era o que se fazia constar para não se depararem com embaraços diplomáticos em relações internacionais. Mas, afinal como é que Costa Gomes, o presidente de todos os portugueses alinhava nisto!? Lá iremos…

kianda05.jpg No M´Puto o ordenado mínimo nacional era de 3.300 escudos. Apesar disso os cinemas enchiam-se para ver dois filmes até então censurados: “Bob e Carol” e “A grande farra” Nestes dias em Angola era a aflição, fazendo caixas e caixotes a prever a debandada pelo “ forçado abandono”. Vejam bem esta grande preocupação de nossos “manos metropolitanos” que no M´Puto viam filmes incentivadores de ”Swing” - uma suposta terapia de grupo de todos na cama curtindo o sexo em conjunto – um novo tipo de relacionamento com os quatro, fazendo uma orgia para combater a velha moral. Uma coisa de levar as mãos à cabeça num “balha-me Deus”…

No M´Puto andava-se muito a pé pois que a gasolina estava racionada, devido ao embargo de petróleo pelos países árabes e, em retaliação ao apoio de Portugal aos Estados Unidos, aliados de Israel na guerra do Yom Kippur. Os jornais esgotavam-se rapidamente e, nos cafés e esplanadas falava-se do derrube iminente do regime, comentava-se o livro do general Spinola “Portugal e o Futuro”. Lançado a 22 de Fevereiro de 1974, também esgotou rapidamente. Existiam siglas políticas para todos os gostos: MIRN, LUAR, MRPP, MDP-CDE, e edecéteras. Fizeram-se saneamentos nas empresas. Foram os anos das fugas para o Brasil e de vendas ao desbarato das vivendas do Estoril e Restelo.

guerra12.jpg Silva Cardoso o Alto-Comissário depois do Acordo de Alvor, era constantemente atacado pelo MPLA em comunicados via rádio e panfletos por não ser suficientemente revolucionário. Afirmavam que já não servia à revolução Angolana. Em dado momento, Silva Cardoso perante a constante insistência do MPLA de que teria de ser substituído, sugeriu à Direcção do mesmo movimento que classificassem o seu sentido de revolução ao referirem claramente que os brancos não eram queridos em Angola; isto para que assim, Lisboa evacuasse essa etnia alvo de “um ataque sistemático” por eles. Era só um jogo de palavras para fazer actuar o CR do MFA de Lisboa…

Havia apropriação abusiva de veículos e instalações pertencentes ao Estado; já havia dificuldade em distinguir se aquele organismo antes estatal o era efectivamente, ou não. Em Malange quase toda a população civil se refugiara no quartel das NF e, em N´Dalatando verificou-se o total abandono de todas as lojas e residências que foram alvo de pilhagem pela população africana apoiada por elementos das FAPLA, forças armadas do MPLA.

Agostinho Neto, escudado pelo apoio militar de Brejnev, do marechal Tito e de Fidel de castro, já não necessitava de ser afável com grande parte dos militares portugueses; alguns, poucos deram-se conta mas, já era tarde para fazer marcha-à-ré. O MPLA iria liquidar os outros dois Movimentos fazendo tábua rasa da presença portuguesa e dos acordos que tinha estabelecido com todos. Neto era um salafrário e já era demasiado tarde para recuar o processo. Entretanto, na confusão de Angola e pelas suas estradas os angolanos fugiam levando apenas malas com roupa, fugindo das fazendas para as cidades.

spi3.jpg Famílias portuguesas, brancos de condição, alguns com três gerações de filhos africanos, como formigas kissonde tresmalhavam-se à procura de uma solução; uns iam para sul, outros para este e até para o Norte até que a PONTE- AÉREA começou a pairar como sendo a solução mais válida. Diversas companhias de aviação tais como a soviética Aeroflot, dispuseram-se a retirar este grande número de gente que, até então laborava em normalidade. Também ouve aqui, em Angola, saneamentos, ocupações selvagens, marchas silenciosas e “manif´s” de júbilo para milhares de negros a receberem Agostinho Neto e Jonas Savimbi.

Municípios foram ocupados formando comissões administrativas desastrosas, Liceus a serem ocupados por jovens guedelhudos brancos e negros de carapinhas ornadas com tranças, copiando Ângela Davis que personificava o movimento “black power”. A euforia transformou-se em crescente preocupação, com discursos agressivos dos supostos “pais da independência” e luto ditado pelo crepitar das armas na batalha pelo controlo de Luanda. Costa Gomes, conhecido popularmente por “o rolha”, aceitou a demissão de Silva Cardoso nomeando interinamente Alto-Comissário Ferreira de Macedo, o homem que Rosa Coutinho e a CCPA queriam para este cargo.

silva p0.jpg Este General e mais outro chamado de Carlos Fabião e um outro major de nome Canto e Castro iriam a Luanda estudar a situação. Nesta altura, as notícias eram desconexas e o tempo comia as palavras de ordem ventilando-as em desordens. Ninguém entendia o que se passava e quando sabia já aquilo que parecia ser, tinha alterado para coisa-outra. Não havia como gerir este estado de coisas pois o descomando era verificado naquele agora. Tudo se configurava para a fuga e neste entretém de ordens e alterações a estas, começa a configurar-se a “Ponte LuaLix”. Diversas companhias de aviação tais como a soviética Aeroflot dispuseram-se a retirar este grande número de gente que até ali só atrapalhava as directivas do MPLA. “Branco, vai para a tua terra” era o que mais se podia ouvir…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 04:35
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Segunda-feira, 19 de Julho de 2021
N'GUZU . XL

Crónica 3167 – Sábado, 17. 07.2021

FRAGRÂNCIA DA VIDA - Minha fragância é de CATINGA, da pura...

-N'GUZU em kimbundo quer dizer força...

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Por   tonito15.jpg  T'Chingange, no AlGharb do M'Puto

Tomando um café de cheiro longínquo de Timor, posso adivinhar toda a gente de pés varridos, lavando as mãos com água sanitária na forma de lixivia, de quarto em quarto de hora, esfregando com sabão macaco ou outro de cheiro para eliminar uma doença invisível que se agarra às pessoas...

Por via dessa praga invisível, esfrega-se a mesa, besuntam-se as mãos com gel, passa pano, borrifa as batatas, tira e põe-se a máscara para afugentar o invisível e vem a pergunta ao jeito de indefinida postura tal e qual é, de quem quer viver dono de si mesmo: - o mundo pode parar assim átoa!?

aramis2.jpg Um bom perfume tem a capacidade de atrair as pessoas. Inconscientemente, elas se deleitam com a subtil delicadeza de seu aroma se desejam estar por perto de quem o está usando. Por falta do "ARAMIS" uso um barato perfume feito de alecrim mas, seu efeito logologo se transforma nesse tal de "Catinga".

É exactamente isso que se pode extrair da metáfora que o apóstolo Paulo usou ao afirmar que somos o “Bom perfume de Cristo”. E, sendo assim como fico com minha genuína catinga exalada das próprias axilas...

aramis1.jpg Ser perfume de Cristo significa ter em nós o que há de mais atraente em Jesus. Nós, ao carregamos em nossa vida, se as pessoas são atraídas por sentirem que há um perfume especial em nossa maneira de ser, pois então que o seja: "CATINGA".

Não é necessário haver nenhum esforço de nossa parte para que se ACHEGUEM. Ao se relacionarem connosco, elas, as pessoas, perceberão no tempo e hábito que somos diferentes. Até os moscardos feitos besouros nos roçarão!

aramis0.jpg  Quem o suporta, sentir-se há feliz em nos conhecer como se pregássemos o evangelho mesmo sem palavras; só esse tal PERFUME! E, quando assim é com este requinte, nem precisamos de estratégias artificiais de aproximação. Nossas feromonas impregnadas desse suor perfumado, serão abençoadas com nossos actos de bondade...

As pessoas que querem estar ao nosso lado, simplesmente esperam ouvir nossas palavras, desfrutar nossa companhia e sê-lo na forma certa de permitir que se exale esse perfume legado por nossa singularidade; na fragrância de vida acertada com àqueles que se nos acerca.

aramis3.jpg Em resumo, “se o amor de Deus, Alá, o Sol ou Buda" estiver em seu coração, assim se manifestar em sua vida. Esse suave ou intenso perfume nos envolverá, e nossa influência será o perfeito enlevo e bênção dos que nos cercam”. Pude ler isto na Bíblia de um outro jeito. Por isso, poder dizer-se que não é difícil ser-se um missionário se o quiser ser; basta o querer!

Não precisamos ser pregadores nem saber muitas coisas para impressionar as pessoas, porque somos e temos essa mensagem de perfume. E, porque só mesmo quem trabalha exala esse auspicioso perfume chamado de CATINGA. Se permitirmos que Cristo exale Seu perfume por nosso intermédio, seremos fragrância de vida naqueles com quem convivemos... Comecei sem saber o que, e como o dizer e, aconteceu...

Feliz semana.

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:19
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Domingo, 18 de Julho de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXXIII

ANGOLA – DA LIBERTAÇÃO À INDEPENDÊNCIA - X

Crónica 3166 - 17.07.2021“SE BEM ME LEMBRO” - Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha, mesmo não sendo “preto”… Afinal, não o era e, continuo “branco”…

O carro de fumo da lua2.jpg

Por soba002.jpg T´Chingange, no AlGharb do M´Puto

Ainda mergulhado na embriague do passado, o meu amigo Camundongo, Comando do Maculussu de outros passados, tem uma lança no estandarte da Kizomba e, assim, foi seu baptismo na cubata de Albandeira do M´Puto e, mesmo sem se lhe ver os cascos, os dentes, as unhas e as orelhas fizemos dele um afinadíssimo preto. Afinal tinha mesmo bitacaias nas orelhas! Tratando-o por tu, mandei-o pentear macacos com afinidades ao MPLA. Mas, no finalmente, ele, tal como eu, vivia e vive ainda no Ontem com quase 50 anos de intervalo…

O mwadié mulungo, continua um hoje cohabitando com os Mucubais - um sonho perene cheio de cacimbo pelas manhãs e, com aquela tremulina das quenturas tropicais que fazem tremelicar dedos. Enfim! Só que, eu tenho as coisas contadas de outro jeito, sem aquelas bravatas de Kifangondo aonde roubaram as culatras dos ”tirabikines”… Ondulando assim miragens das anharas, pasto de facocheros, mabecos e bandos de galinhas do mato feitas capotas, arranhando seu disco partido – tou fraca, tou fraca, estou fraca, conto sem lhe dar bola, a minha estória! Ué…

toledo20.jpg Kafundanga Neves é seu nome de branca alvura. Refém do seu ADN penetra na vida um dia de cada vez, penosamente candongando chinguiços como num conto insuficiente; Sendo assim, passo a contar meu capítulo. O padre António de Araújo Oliveira, um fervoroso defensor da UNITA, só o foi até tomar conhecimento de alguns crimes na Jamba. Em 1973, Savimbi volta a quebrar o segundo pacto com os Tugas, atacando de surpresa a guarnição de Santar em Moxico… As “NT – Tropa do M´Puto” reagem àquele ataque. O general Bettencourt Rodrigues é retirado de Angola para substituir o general Spínola na Guiné.

O novo comandante da Zona Militar do Leste, general Ferreira de Macedo, passa a atacar a UNITA sem piedade. Em Agosto, depois da realização do seu 3º Congresso em Lungwé-Bungo, a UNITA dispersa seus homens da guerrilha pelo Cuando-Cubango. O maior ataque daquele movimento contra os portugueses, é saldado em 19 baixas do lado das “NT -Tugas” no lugar de Alto Kuito N´honga, já depois do VINTICINCO de Abril de 1974, apanhando desprevenidas as novas tropas, magalas guedelhudos com a cabeça cheia de devaneios comunistas e, com a “vitória é certa” no cocuruto da mona.

zeka1.jpg Assim chegados a 1974, o Exército português, domina totalmente o território angolano já dotado de magnificas estradas construídas dela JAEA e Engenharia Militar. O território dito Ultramarino estava dotado de todas as infraestruturas como escolas com ensino para todos, universidade, hospitais, carreira aéreas e rodoviárias unindo todas as cidades e domínio administrativo. Havia também uma rede sanitária de apoio às muitas pecuárias de Norte a Sul e uma pesca e agricultura florescentes; Angola estava nos países do topo em África, com uma boa situação económica e, fornecendo à Metrópole os bens essenciais para manter sua economia em crescendo.

Lisboa estava em condições de negociar o futuro, algo que, anos antes, havia sido defendido por Kenneth Kaunda, ao enviar a Salazar um manifesto pedindo “uma solução multirracial para Angola” e contestando as teses integralistas que defendiam Portugal do Minho a Timor. Assim e abruptamente o ano de 1974 e 1975 é vivido com intensidade em Lisboa e alguma apreensão em Luanda. O Tempo diz-nos que se Portugal tivesse aceita aquela intermediação de Kenneth Kaunda, muito possivelmente a história de Angola seria outra. Entra-se assim em um outro capítulo: A INDEPÊNDENCIA ADIVIDIDA.

zeka15.jpg Em Lisboa desmantelava-se a PIDE. A televisão enche as cabeças do cidadão com novas ideologias e, os angolanos brancos a cada dia que passa, sentem que aquelas políticas do MFA precipitam a normalidade da vida em toda Angola e, em especial sua capital – Luanda. Começa aqui a “odisseia dos retornados” - saber como dar solução a uma nova vida largando tudo e todos. Começam aqui as noites mal dormidas com pressão e afastamento de nossos supostos irmãos do M´Puto. Estávamos sendo paulatinamente destinados ao abandono. As notícias chegadas de Lisboa até nós na dita “Província Ultramarina” eram por demais alarmantes; os comunistas tinham tomado as rédeas do comando na Metrópole – estávamos fritos! Trata de fazer caixotes e pôr passaportes em dia…

A 29 de Novembro de 1975, forma-se a DISA, Direcção de Informação e Segurança de Angola, Polícia política do MPLA, formada pelos soviéticos e alemães do Leste. A UNITA viria a criar a BRINDE – Brigada de Informação e Defesa, treinada pelos Sul-Africanos. O preparo de ambas as criadas instituições com gente autónoma era simplesmente nula. Os angolanos estavam a ser jogados às feras e da Metrópole sabia-se: A TV, iniciava as suas emissões ao meio-dia com desenhos do Pato Donald e do Rato Mikey, preenchendo as tardes com a Telescola. O saudoso Vitorino Nemésio acalentava os serões semanais com o programa “Se bem me lembro…”.  

luis33.jpg Nicolau Breyner e Simone de Oliveira subiam ao palco do Teatro Monumental do Saldanha, com a peça “ A menina Alice e o inspector”. Amália continuava suas viagens em digressão pelo mundo; o fado era levado ao Japão que, sem entender patavina de português, deliciavam-se com as farpas e lamúrias do canto nacional. No Parque Mayer, o Capitólio anunciava a estreia de Marco Paulo.  Em Angola abundavam as canções de intervenção do Rui Mingas com “porrada se refilares!” e peixe podre, fuba ruim com edecéteras de fazer raivas e makas – estávamos feitos!...

No M´Puto os guedelhudos e barbudos surgiram aos milhares a imitar o Ché Guevara, juntando-se no Coliseu dos Recreios, “hippies” aplaudindo de punhos fechados, bem ao jeito do símbolo do PS e entre pensamentos de Lenine com Marx e Mao, surgindo os desaparecidos Zeca Afonso e Ary dos Santos em espectáculos organizados pela Casa da Imprensa e, com as direcções das gentes ditas vanguardistas afectas ao Partido Comunista do Álvaro Cunhal. Em Angola numa ida de Zeca Afonso a Nova Lisboa, actual Huambo, a multidão era tanta para ver o Zeca Afonso que eu, fui literalmente rodado no ar para poder entrar no pavilhão descoberto. Nesta altura eu, que pertencia ao Comité da Caála da UNITA com o cargo de Secretário de Relações Públicas, fui convidado e, lá fui em minhas tarefas…

(Continua...)

O Soba T´Chingange    



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:42
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Sexta-feira, 16 de Julho de 2021
MUGIMBO . CXXV

OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO  - Crónica 3165 - 16.07.2021

- FORMAS ENGANOSAS... CICATRIZES DO TEMPO - NEM SEMPRE É O QUE PARECE...

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Por   soba k.jpgT'Chingange . No AlGharb do M´Puto

Há algum tempo, no jornal "San Francisco", Georg relatou que um menino de sete anos de idade se aproximou da proprietária de uma mercearia, apontou um revólver para ela e exigiu que lhe entregasse o dinheiro contido na caixa registadora...

A mulher conhecia o menino e supôs que ele, estava brincando. Ela achava-se completamente enganada. Como se recusou a entregar o dinheiro, ele a matou! No inquérito, o menino, ainda incapaz de compreender a enormidade de seu acto, explicou que ele só o fizera assim, por ter visto na televisão cena igual...

mocanda12.jpg  Não é preciso dizer que a televisão era desconhecida no tempo do bíblico David; contudo, o verso certamente enuncia um princípio que deve ser adoptado em nossos lares como se o fora, uma metáfora de PARÁBOLA...

Numerosos estudos científicos demonstram, além de qualquer dúvida razoável, que há uma estreita correlação entre o que a televisão mostra, violência, crime, despeito por alguns valores e, das racionalizações no sentido oposto num sem fim de vicissitudes reais.

elvira4.jpg  Somos transformados pela contemplação! Sobre muitos de nós, gente comum, professores, comentadeiros, historiadores, advogados e políticos, na generalidade, exercem uma fascinação hipnótica sobre nós, ouvintes. E, tudo é feito a propósito com forma e jeito pensado.

Para nós ouvintes, ela, a TV, em si mesma, não é boa nem má para proclamar mensagens. Só que bons e maus cidadãos em número de milhões de pessoas, nem sempre têm o preparo para discernir no que é ou o não é, porque tal coisa, tal assunto o foi dito na TV.

MIRAN5.jpg Tal como Deus, Satanás também a usa, a TV para insinuar-se em lares que aparentemente são cristãos, ateus, agnósticos, ou de um outro pensar. Podemos estar certos de uma coisa: o inimigo continuará a praticar seus enganos por intermédio destes meios com a crescente eficácia e, à medida que nos aproximamos dum evento, uma eleição, tudo se agudiza! Por mim, já nem confio nas sondagens! Tornei-me assim, um descrente militante...

Também e, principalmente na politica nos tentam cativar deturpando a verdade ou omitindo o essencial. E, neste palco de vida fazem-se incestos nos interesses. Mas, haverá sempre um MAS, aonde se torna possível que todos, assim apegados à mídia percam a força de vontade para resistir à "TENTAÇÃO"...

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:25
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Segunda-feira, 12 de Julho de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXXII

ANGOLA – DA LIBERTAÇÃO À INDEPENDÊNCIA - IX

Crónica 3164 - 10.07.2021 - Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha, mesmo sendo “branco mazombo” Afinal, não o era e, juro que não o sabia…

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Por soba24.jpgT´Chingange, no AlGharb do M´Puto

Mergulhado numa embriaguez de galinheiro, bocejada de silêncios na forma de galo capado, entrecortados pelos sussurros dela, a embriaguez, pude discernir uma repentina agonia sobrenatural dum anjo violentado por uma catrefada de diabos, uma vermelhidão de labaredas de inferno, tentáculos apertando-me a garganta, o corpo a tremer-me dos pés ao cerebelo inesperando-me os sentidos. Uf! Acordei de boca aberta, seca, corpo tenso e dedos inteiriçados de brasa palpitante com o bicho do tempo a bulir-me coisas do passado; coisas de Angola…

Coisas atazanadas contra vontade no cerebelo com adjacências pontiagudas de hérnias covidescas, coisas hodiernas muito cheias de putrefactos factos e, já lá vão uns largos anos. O regime instaurado em Portugal a 25 de Abril de 1974 durante, após e agora, tudo tem feito e, assim continua, escondendo crimes contra a humanidade pelos quais é directamente responsável. A independência que era desejada pela grande maioria de gente “branca” que estava na Colónia, não viu nem de longe, nem de perto, respeitados os tratados do MFA, de Portugal e outras violentadas traquinices…

guerri3.jpg Assim, Portugal, promovendo por isso e, a propósito, o mito de que a Revolução dos Cravos foi uma “revolução sem sangue”, eu, como muitos milhares de rotulados e “silenciados retornados”, relembra-se o que se tenta esquecer passados que são 47 anos. Quando um alto mandatário do Governo do M´Puto – Portugal, mencionar este desaire que foi a “DESCOLONIZAÇÃO” e, pedir desculpas pelo facto de isto ter sucedido duma forma tão trágica eu, me remeterei a um defuntado silêncio, juro!…

No ano de 1970 e 1971 com o lançamento da operação “Siroco” e “Rojão RH” a região do Leste de Angola é completamente dominada após a realização de operações especiais aos quais participaram Comandos, Páras, Fusos e o Esquadrão a Cavalo estacionado em Silva Porto, actual cidade do Cuíto. As autoridades portuguesas instauram um prémio de 100 contos a quem entregasse Jonas Savimbi, vivo e, outro de 50 contos, pela cabeça de Antunes Kahali, um comandante da UNITA conhecido pela sua crueldade.

guerra5.jpg Kahali, decepava os órgãos sexuais dos militares portugueses abatidos, expondo-os com frases insultuosas nas aldeias e carreiros ali chamados de picadas. Diz-se que o major Vitor Alves arrecadou o prémio apresentando uma cabeça que não era a de Kahali  pois este soube-se ter falecido na Jamba em uma data posterior. Nesta mesma altura, o MPLA cria um grupo chefiado por Manuel Muti que tinha a obsessão de matar Savimbi. Fracassada essa tarefa, Muti adere à “Revolta do Leste” e acabando por mais tarde se entregar às “NT- Nossas Tropas” como se davam a conhecer as tropas do M´Puto em seus relatórios. Foi no lugar de Ninda que este aventureiro da guerrilha se entregou. Com o MPLA derrotado militarmente no Leste, Portugal desencadeia nova operação especial contra as bases de Savimbi, saldada por elevado número de baixas entre os guerrilheiros…   

Acontece a partir desta data a “Operação Madeira” por via de Jonas Malheiro Savimbi originar variadas tentativas na aproximação aos militares portugueses. Face ao domínio português no leste, o MPLA de Chipenda alia-se à FNLA. Em Kinshasa, estes, criam o Conselho Supremo de Libertação de Angola (CSLA), presidido por Holden Roberto. Esta criação foi efémera pois que nesta altura o MPLA dependia quase exclusivamente da ex-URSS e seus satélites. A FNLA , dependia dos Estados unidos da América e Europa e esta combinação não resultaria como é óbvio.

guerra13.jpg A tal de “Operação Madeira” teve como intermediários Jonas Savimbi e o general Bettencourt Rodrigues e, tendo como mediador o madeiro da povoação de Cangumbe chamado Duarte Oliveira. O tenente Sabino apareceu sempre como o negociador por parte da UNITA. A UNITA comprometeu-se a não atacar os madeireiros e a tropa instalada naquele vasto Leste. Por esta via reptícia ambas as partes faziam seu jogo do gato e rato. Á UNITA, era-lhe dado bens logísticos a fim de sobreviver em banho-maria como e vulgar afirmar. Este acordo beneficiava os madeireiros, a qum a UNITA com muita frequência, incendiava suas serrações e camiões de transporte.

Mas, Savimbi com a conhecida sua habilidade de manobra atacava por vezes e de surpresa; o diálogo entre as “NT do M´Puto” Savimbi, foi retomado numa segunda fase que é agora conhecida pelo “pacto de não-agressão”. Savimbi e o então Secretário-Geral do Governo da Província Ultramarina de Angola, coronel Soares Carneiro auspiciam-se em contactos tendo por intermediário o padre António de Araújo Oliveira, um fervoroso defensor da UNITA mas, só até este tomar conhecimento de alguns crimes na Jamba, nomeadamente pela queima de pessoas vidas.

guerra22.jpg E, foi aquele padre que da parte do “loby português, se levantou para lamentar  e condenar os assassínios das famílias Pedro N´Gueve Jonatão Chingunji, o “Tito” e Fernando Wilson dos Santos. Mais tarde o padre Oliveira, já director do Colégio Universitário Pio XII em Lisboa confessou: “-Reflecti muito e concluí que a UNITA se serve das pessoas para atingir os seus fins. Assim sendo, não posso deixar de os condenar”. O padre Antonio Araújo  não estava só  neste pensar!

O “pacto de não-agressão” confinava a actividade da UNITA a uma determinada zona, pré-estabelecida com os portugueses. O movimento recebia das NT – Exército Português armamento, com a condição de combater novas escaladas do MPLA do Leste. A própria FNLA pede uma coluna que tenta infiltrar-se na região. Holden Roberto conta que recebeu uma carta de Savimbi, advertindo-o para “não ultrapassar certa linha”; ignorando o aviso, a coluna do ELNA foi atacada e destroçada pela tropa portuguesa. Pressupõe-se assim que seguindo métodos de Mao Tzé Tung o  astuto Savimbi avisou as NT Tugas da sua localização. Em 1973, Savimbi volta a quebrar o segundo pacto com os Tugas, atacando de surpresa a guarnição de Santar em Moxico...       

(Continua…)

O Soba T´Chingange   



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:36
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Quinta-feira, 8 de Julho de 2021
MUJIMBO . CXXIV

SER OU NÃO SER COMENDADOR - FUNERAL SEM CHORO

- É costume ouvir-se dizer: " foi-se sem deixar de si saudades”...  Crónica 3063 - de 08.07.2021

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Por soba04.jpgT'Chingange, no AlGharb do M'Puto

Não me lembro de ter ouvido falar nem de ter assistido a alguma cerimónia fúnebre em que as faltas “ou pecados” da pessoa falecida tivessem sido destacadas pelos oradores. Elas podem até ser amplamente conhecidas, mas o bom senso manda que se realce só os aspectos positivos; afinal, todo mundo tem defeitos misturados nas virtudes e, nunca o inverso disto.

Certamente deixamos a marca do que fazemos positivamente, ou do que fazemos e que não deve ser imitado. Entretanto, é certo que ninguém quer imaginar ser mencionado em nenhuma ocasião, muito menos depois que tiver morrido ainda em vida, por causa dos seus defeitos ou procedimentos não usuais. Nem no livro sagrado da Bíblia, se escondem as falhas de nenhum de seus personagens, mesmo dos mais destacados heróis, entre os quais não está o rei mencionado em este nosso verso explanado em texto co o nome adulterado de Joe! A Joe, o que é de Joe… A Berardo o que é dele! Joe e Berardo são uma só pessoa…

soba21.jpeg E, lendo “ao calhas” ou aleatoriamente o livro dos livros camado de Bíblia, leio que Jeorão era filho primogênito de Josafá que reinou pouco tempo, mas deixou um histórico lamentável. Para começar, embora fosse rei e tivesse a maior parte no espólio deixado pelo pai, tão logo assumiu o reinado, de olho na herança dos irmãos, matou-os à espada. Já naqueles tempos havia formas bizarronas de tratar a vida...

A esposa de Jeorão, Atalia, filha dos ímpios Acabe e Jezabel, mais tarde tentou acabar com a linhagem de Davi. Jeorão rejeitou as advertências e promoveu a decadência moral e espiritual dos moradores de Jerusalém e de Judá. Finalmente morreu acometido de uma terrível enfermidade, que deixou suas entranhas expostas.

roxo135.jpg De acordo com um costume da época, os reis, ao morrerem, eram colocados em uma sepultura especial, em um local chamado “sepulcro dos reis”, algo como se fora um panteão. Não foi esse o caso de Jeorão. Quando morreu, não recebeu nenhuma homenagem por via de seus graves desvios às regras sociais de então.

O povo não lhe queimou incenso, ele não foi sepultado no sepulcro dos reis, e o cronista diz a respeito dele que “se foi sem deixar de si saudades”. Em contraste, Ezequias “foi sepultado na colina onde estão os túmulos dos descendentes de Davi. Todo Judá e o povo de Jerusalém lhe prestaram homenagens".

berard1.jpg Os bons exemplos, por norma, eram e ainda o são, enaltecidos pela sociedade. Por vezes leio a Biblia e, fico com vontade de não mais a ler porque são muitos desaires e até comportamentos bárbaros no meu entender. Em verdade, nem carece estarem esparramados no livro dos livros! Vejo no estágio de um qualquer curriculum, não ser pecaminoso desejar ser estimado, mas isso é resultado do bem que a pessoa espalha ou espalhou, difundiu ou influiu em seu meio, noé!? Será que posso entender este caso tão antigo com o de JOE BERNARDO, um ilustre cidadão português que, num repente, MORREU, estando vivo…

berard2.jpg Morreu, por fruto da hipocrisia dum povo que o bajulou, de governantes e gente com poder nas instâncias bancárias, que o embalaram e subsidiaram; mesmo de altos dignatários que lhe deram guarida e ajudaram, com dolo para todos NÒS, ao ponto de merecer medalhas de mérito e comendas como se o fora: um exemplo a seguir… Isso! Do amor e perdão que reparte, da acolhida que oferece e do serviço prestado, com altruísmo e lealdade - supostamente!

berard3.png Acima de tudo, é importante que sejamos conhecidos e lembrados por nossa fidelidade aos nossos com o beneplácito superior... Ele, Bernardo, lá terá a sua fé... O filme continuará com este e outros ilustres TRAPACEIROS… Com o suceder de TANTOS ERROS E AZARES, corremos o risco de ver O M´PUTO cair novamente, engolido num culto de personalidade com ataque á já frágil democracia…

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:51
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MALAMBAS . CCLX

PÁGINAS SOCIAIS - CENSURA NO FB! – QUEM ORDENA?

-Neste PAÍS chamado M'PUTO Crónica 3162 - 08.06.2021

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Por soba k.jpgT'Chingange no AlGharb do M'Puto

Malamba é a palavra - origem do dialecto KIBUNDU. Não partilhei nada que justifique o BLOQUEIO e, creio andarem a limitar-me  no uso da malamba. A maioria dos portugueses ainda está muito longe de conseguir enxergar que há uma ditadura instalada neste PAÍS chamado M'PUTO. Há muito que há censura no FB - Facebook ,mas agora, estão a apertar o cerco conforme as ordens dos governos para garantir que Cabritas e outros GOVERNANTES ao mais alto nível, façam desmandos e, fiquem impunes de suas asneiras. É assim que me obrigam a pensar.

sacag9.jpgO coração humano é uma fábrica de desejos. Nem sempre discernido, o desejo é um poder que motiva, uma força que leva à acção, um ímã que atrai; é o que eu quero ter, fazer e experimentar em liberdade... Não quero algemas. O desejo, "janela da alma", mostra para onde estamos indo e, qual será seu destino. Obsessão por objectos, coisas e pessoas; o desejo é a tentativa de conseguir algo para preencher um vazio na vida. Segundo os psicólogos, os desejos não devem ser confundidos com as emoções, nem as emoções com os sentimentos, que estão para elas assim como as ondas para o oceano.

step6.jpg Enquanto a emoção nasce na mente, o desejo está enraizado na estrutura corporal; digo isto porque andei a ler umas coisas periclitantes. Por isso, romancistas e roteiristas o exploram em profusão, e os publicitários elaboram estratégias para criar um senso de necessidade e seduzir os consumidores – NÓS. E, em geral, a publicidade associa algo ou alguém com atributos ou indícios desejáveis ao produto. Procurar satisfazer os desejos do coração não é errado, pois essa é uma necessidade universal mas, o problema é contentarmo-nos com superficialidades ou vulgaridades. Querem fazer-nos de bobos, robôs sem vontade próprio! Está mal!

Há quem afirme que o verdadeiro conhecimento deriva daquilo que pode ser comprovado por meio da observação. Sim! Mas, como é que as pessoas reconhecem algo verdadeiro? Todos reconhecemos que existem várias fontes de conhecimento disponíveis. Uma delas é o mundo ao redor, que revela as digitais do Universo, ainda que estejamos em uma realidade de pecado pela já vulgar mentira. Outra razão, nos convida a sermos racionais e mantermo-nos dentro da lógica da experiência. Em verdade, mandam as boas regras que as fontes, devam ser analisadas sob as lentes do bom senso, um bem escasso no Mundo actual...

SACADURA2.jpeg Dinheiro, sexo, comida, conhecimento, popularidade, status, poder, desporto, influência, carros, aparelhos e milhares de itens! Não devemos negar os desejos, mas avaliá-los, hierarquizá-los e aprofundá-los. Cortá-los é uma má punição porque diz quem sabe que, assim como as células precisam do oxigénio, o girassol precisa do astro-rei e os pássaros precisam do céu - Haja Deus. Todos temos conhecimento de muitos e, de megas processos que se arrastam na justiça, tanto que até a vontade prescreve seu entendimento. Uns são rasgados, outros cortados a tesoura por republicanos procuradores e muitos outros, omitidos por conveniência de uma das partes. Por vezes, todos somos lesados e, a bem da Nação, assim ficamos, entenda-se…

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:44
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Domingo, 27 de Junho de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXIX

ANGOLA – DA LIBERTAÇÃO À INDEPENDÊNCIA - VI

Crónica 3159 - 27.06.2021 - Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha… Afinal, não o era e, juro que não o sabia…

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Por soba0.jpeg T´Chingange, no Algharb do M´Puto

Jogando búzios na zuela do feitiço, com algum esforço intelectual, remexo panelas de caldeirada da estória, muito me convencendo da inutilidade das bagatelas que nos preenchem o dia-a-dia, refugiando-me atrás do balcão de minha modesta venda de vaidades. Metendo num pão que vai ao forno os trocadilhos e chouriço e, enquanto espero, vejo os estudos feitos por organizações internacionais que apontam uma estatística mundial como havendo 300 milhões de pessoas, de todas as idades, com depressão, considerando ser este o mal do século…

Algum tempo atrás, desconhecia que podíamos fechar o tempo dentro de casa e, atazanado, comecei a beber dez gotas de cannabis para truncar as vicissitudes misturando o gosto estranho com kefir, um pouco de café pilão e um pouco de mel com um ou dois croissants para entulhar a malga. E assim, lá pela tarde, na kúkia do sol, meto também num pão tipo da avô os trocadilhos com chouriço, por vezes morcela, a fim de sentir algum prazer de viver matabichando resiliências e, outros desmandos com tantas maleitas sociais.

Mu Ukulu56.jpg Escrevo isto olhando para as roupas manchadas do tempo a abanar no quintal com os pássaros charnecos e melros a alegrar-me com seus voos, saídos de uma árvore gigante de meu vizinho alemão da Alemanha que também saiu de Angola, tal como eu. E, lá estão as duas máscaras que foram lavadas com sabão macaco, encharcando-se do sol tão necessário para queimar azedumes e bichezas, sem saber ao certo quanto tempo o capeta diabo pode ficar naquela superfície de pano definhado pelo hálito do hábito. Estamos no ano de dois mil e vinte e um e, a cinquenta e nove anos do surgimento em Angola do Movimento chamado de FNLA.

Nestas contingências relembro o Janeiro do ano de 1962, em que surge a FNLA. No exterior de Angola, os movimentos pró-independência desencadeiam forte campanha contra o M´Puto – Portugal, que segundo dados da Cruz Vermelha Internacional, denunciam a existência de quase meio milhão de refugiados angolanos no Congo, Zaire e Zâmbia. Em Dezembro de 1962, Agostinho Neto assume a presidência do MPLA em Leopoldeville, actual Kinshasa, durante aquela que foi a 1ª Conferência Nacional. Joaquim Pinto de Andrade, no final da década de 60, chanceler da Arquidiocese de Luanda, era nesse então o presidente de honra do Movimento, mantendo-se no cargo até 1973.   

mud7.jpg Neto, cria o “Grupo Tlemcem”, nome da cidade argelina, onde fizeram recruta os primeiros guerrilheiros do MPLA. Portugal por via desta postura, cria os Comandos, Tropas Especiais, Grupos Especiais e Grupos Especiais Pára-quedistas. Acontece que em Junho de 1963, o MPLA debate-se com problemas graves, entre os quais a expulsão de Viriato da Cruz, “por actos de indisciplina tendentes a minar a unidade”. Este, viria a falecer em Pequim, dez anos depois. Nesse então ocorre dentro do embrionário partido perseguições e prisões aos seus membros e apoiantes na República do Zaire, por ordem de Cirille Adoula, então primeiro-ministro e apoiante de Holden Roberto.

Aqueles acontecimentos levam o presidente ganês N´Krumah, a organizar uma conferência de “reconciliação e unidade”, na qual participam o MPLA, UPA e PDA (Partido Democrático Angolano). Holden Roberto abandona as discussões fundindo a UPA com o PDA dando assim origem à FNLA – Frente de Libertação Nacional de Angola, que mais tarde é apoiada no GRAE – Governo da República de Angola no Exilio e ELNA – Exército de Libertação Nacional de Angola.

savimbi1.jpg O MPLA reage patrocinando a criação da FDLA – Frente Democrática de Libertação de Angola. Esta criação morreu à nascença, pois que nem sequer foi apoiada pela Organização de Unidade Africana – OUA. Em Junho de 1963, o MPLA abre a Frente de Cabinda sob o comando militar de Manuel Lima, o operacional político de Agostinho Neto, Iko Carreira, Hoji-ia Henda, Lúcio Lara, Aníbal de Melo e Daniel Chipenda. A guerrilha do MPLA de imediato entra em confrontações com a FNLA. Este Movimento, estava apostado em evitar o avanço do MPLA no Enclave Norte de Cabinda, parte integrante de Angola.

Há um episódio de que Holden Roberto jamais poderá lavar as mãos pois que tendo aprisionado várias guerrilheiras em um ataque a uma coluna do MPLA, estas virão a ser fuziladas sumariamente numa base da FNLA, em Kinzuzu da República do Zaire. E, é em 1963 que Jonas Malheiro Savimbi surge como Ministro dos Estrangeiro do GRAE. Holden Roberto, envia Savimbi a Moscovo, na mira de obter apoio para a FNLA, mas o objectivo fracassa. É nesta altura que Jonas Savimbi começa a ser notado como uma figura carismática, de um grande poder dialéctico, diplomático e de grande força persuasora.

mud20.jpg Na capital soviética Savimbi acusa peremtóriamente Álvaro Cunhal de ter bloqueado todas as suas diligências; Álvaro Cunhal, tudo fez para tirar de cena Savimbi. O encontro de Savimbi com Gamal Nasser é também anulado por via da intervenção contra, do líder do PCP – Partido Comunista Português. Lembrar-se que neste então Nasser dominava a senda Politica internacional, especialmente por ter imposto a nacionalização do Canal de Suez, na qualidade de chefe supremo das Forças Armadas da extinta República Árabe-Unida.

niassa6.jpg Savimbi, como Ministro do Estrangeiro do GRAE, terá dito a Nasser que os israelitas treinavam militarmente a FNLA apesar de saber que aquele, era inimigo de Israel e que apoiava Holden Roberto. Depreende-se haver já alguma dissidência entre os elementos da FNLA pois que no ano de 1964 o Chefe do Estado-Maior do ELNA, José Kalundungo, abandona o movimento acusando Holden Roberto de “não favorecer a verdadeira unidade nacional, quando ataca os irmãos de luta”. Nesta mesma altura as cúpulas políticas do GRAE acusam o seu Ministro da Guerra, Alexande Tati, de pretender organizar um golpe contra Holden. Tati entrega-se com um numeroso grupo de homens ao Exercito Português passando a lutar com estes contra os demais movimentos nacionalistas, no intuito de apaziguamento com formação de um governo próprio para o Enclave de Cabinda por força e conforme o Tratado de Simulambuco (actual FLEC).  

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:47
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Sexta-feira, 18 de Junho de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXVIII

ANGOLA – DA LIBERTAÇÃO À INDEPENDÊNCIA - V

Crónica 3158 - 18.06.2021 - Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha… Afinal, não o era e, juro que não o sabia… 

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Por   soba0.jpegT´Chingange, no Algharb do M´Puto

O ano de 1961, ficando a uma distância de sessenta anos, convêm relembrar mesmo de forma sucinta o que aconteceu na Colónia chamada de Província de Angola. O padre Franklin da Costa que não concordava com a politica colonial e, que foi mais tarde bispo do Lubango sofreu dissabores por admoestação ao longo de sua vida pastoral pela PIDE, tendo o militar operacional Neves Bendinha, nesse então, morrido às mãos dessa policia na Cadeia de S. Paulo de Luanda. Os intelectuais Belarmino Van-Dúnen, Noé Silva Saúde, Francisco Santana e Virgílio Sotto-Mayor foram presos e condenados, cumprindo pena no Campo Prisional do Tarrafal. Naquele período de entre 04 a 12 de Fevereiro de 1961, disse-se haver entre mortos e feridos e de parte a parte, um total de cinco mil …muilas3.jpg A Fortaleza de S. Pedro da Barra e a Cadeia de S. Paulo, encheram-se de presos. Pinto de Andrade foi desterrado para a ilha do Príncipe e Agostinho Neto é envido, primeiro para Lisboa e, mais tarde para Santo Antão e Santiago de Cabo Verde; Aqui, Neto, continuou a exercer medicina sob vigilância policial; viria a ser transferido para o Aljube e libertado no ano de 1962 com a condição de ficar com residência fixa em Portugal de onde consegue fugir clandestinamente com a família, refugiando-se em Leopoldville.

O ataque da UPA contra os fazendeiros brancos do Norte de Angola, abrangeu uma faixa extensa que vai desde a fronteira com o Congo Zaire até bem perto de Luanda, a maior parte do Distrito do Congo, Províncias do Uíge e Zaire, uma parte do Cuanza Norte e a região de Nambuangongo. Centenas de brancos e trabalhadores Bailundos, contratados, são barbaramente assassinados, incluindo mulheres e crianças. Nem os missionários escapam a esta onda contando-se entre estes os bem respeitados padres Lázaro e Pedro João; o primeiro morto na povoação de Pângala e, o segundo, na Damba.

mud23.jpgNo ataque a Quitexe, então Concelho de Ambaca com sede em Camabatela, foram assassinadas várias crianças. Podem ver-se muitas fotos com seus corpos seminus ou nus, retalhados por catanas; fotos que correram o mundo indignando na forma tão violenta de fazer terrorismo. A violência destes acontecimentos de quinze de Março e sequentes dias, motivou dos bispos angolanos, a publicação de uma “Exortação Pastoral” condenando as acções de terror de um e outro lado, apelando às autoridades não esquecerem as leis de justiça e caridade por forma a aproximar os homens e não originar um crescendo de inimigos. O texto da Pastoral enviado para Lisboa a ser publicado no jornal “Novidades” é desautorizado a sua publicação…

Salazar, detém a pasta da Defesa, por via da tentativa de golpe de Estado por Botelho Moniz. É neste então que prefere o tão propalado discurso em que diz: “ para Angola, rapidamente e em força”. Inicia-se imediatamente o envio regular, por via aérea e marítima. O primeiro contingente de militares embarca no navio Niassa, no cais de Santa Apolónia, em Lisboa. O império português estava ameaçado de morte como nunca em cinco séculos e, a resposta possível foi o envio imediato de um corpo expedicionário. O envio acontece a 21 de Abril, em reacção ao levantamento supostamente do MPLA em Luanda e aos massacres da UPA no Norte.

mugi4.jpg Ninguém imaginava que a guerra duraria mais de uma década terminando logo após o vinticinco de Abril de 1974. No cais de Santa Apolónia, em Lisboa, as famílias juntaram-se para a despedida aos militares. Estes embarcaram em fila ordenada no Niassa e da amurada gritavam "Viva Portugal". O Diário de Notícias de 22 de Abril dava honras de primeira página ao embarque das tropas. "Aclamando Portugal e o exército e cantando o hino nacional partiu ontem para Angola uma força expedicionária" - era o título, mostrando optimismo sobre uma rápida solução do conflito. Só que a Guerra Colonial duraria até esse ano de 1974, e seria combatida em três frentes africanas – Angola, Moçambique e Guiné Bissau. Entretanto na rádio cantava-se “Angola - é nossa”

Hoje, pode encontrar-se em Portugal, mais de 300 monumentos dedicados aos que combateram por um país que estava condenado a ser de novo só europeu. Angola e mais quatro nações africanas de língua portuguesa, são hoje independentes mas, terei aqui de me focar só a Angola a rainha do Império Luso. Os paquetes Niassa, Santa Maria, Vera Cruz, Pátria e Infante D. Henrique levam sucessivos contingentes sendo recebidos euforicamente pela população branca em grandiosos  desfiles ao longo na Avenida Marginal de Luanda com o nome de Diogo Cão e agora, com o nome de Avenida 4 de Fevereiro… Na Angola de 1961, a situação é crítica; cidades, vilas e pequenos lugares do Norte são saqueadas pelos guerrilheiros chamados por “Turras”, diminutivo de terroristas. Estes Turras, à sua passagem, destruíam as estruturas das fazendas de café, que até então eram o principal abastecedor do mercado internacional. Até 1974 saiam daí 330 mil toneladas por ano; hoje que são passados sessenta anos, esta produção decresceu para números muito inferiores.

mud26.jpg Pode ler-se actualmente (ano de 2021) que a produção do café ainda contínua irrisória e longe de alcançar lugares cimeiros em África, em particular, e no mundo em geral, devido ao fraco investimento e falta de políticas concretas para os produtores, segundo especialistas em agronomia. Em consequência do fraco investimento neste sector, tem sido variável e nivelada por baixo, comparativamente ao tempo colonial, período em que a Colonia, foi o terceiro maior produtor mundial desse “bago vermelho”. Voltando àqueles tempos em que aquela era a minha terra – assim o pensava, o Ministro do Ultramar Adriano Moreira desloca-se com frequência à Colonia adivinhando-se mudanças.  

O Governador Silva Tavares é substituído pelo General Venâncio Deslandes que acumula o Comando-Chefe das Forças Armadas. Face aos acontecimentos na Baixa de Cassange, o Ministro Adriano Moreira põe fim à desumana política da cultura compulsiva do Algodão e sua venda obrigatória à “Cotonang”. O general Deslandes inicia a retomada do Norte de Angola em Junho de 1961, pelo posto de Lucunga. Em Novembro, Deslandes anuncia o apaziguamento do Norte, saldado por 121 baixas de militares oriundos do M´Puto. Em Dezembro de 61, já se encontrava em Angola mais de 30 mil soldados magalas do M´Puto. Em 1966 já eram 60 mil e, em 1974 chegaram a mais de 65 mil. Diga-se que as guerrilhas do MPLA e FNLA eram quase inexistentes no ano de 1974 mas, urdia-se pela calada e, no M´Puto outras diligências singularizadas pelo Partido Comunista e suas células com mistura de traidores…

mud29.jpg As comunidades corporativas e intelectuais da Província em consonância com uma boa parte significativa de grande parte de comerciantes conceituados como Venâncio Guimarães, chegaram a propor a Venâncio Deslandes um golpe do tipo de Ian Smith da Rodésia tornando o território independente ou com uma autonomia progressiva mas, não houve a vontade necessária para tal. Perdeu-se uma grande oportunidade de mudar o rumo em Angola de uma forma controlada a favor de gente que se veio a revelar desclassificada, impreparada e ladra. Recorde-se que Ian Douglas Smith, foi um político, fazendeiro e militar que serviu como primeiro-ministro da colónia britânica da Rodésia do Sul entre 13 de Abril de 1964 e 11 de Novembro de 1965 e depois primeiro-ministro da Rodésia, depois da Declaração Unilateral de Independência, em 11 de Novembro de 1965, até 1 de Junho de 1979.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:47
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Sábado, 5 de Junho de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXVI

ANGOLA – DA LIBERTAÇÃO À INDEPENDÊNCIA - III

Crónica 3156 – 03.06.2021 - Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha… Afinal, não o era e, juro que não o sabia… 

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Por soba24.jpg  T´Chingange, no Algharb do M´Puto   

E, porque não sou só ossos dispersos, penso em kimbundo da Luua recordando as falas de nossa terra, também da deles, meus filhos e filhos dos outros também; assim repeti “ki tuexile tu ngó ifuba iatujunkura” - ainda não somos só ossos dispersos, “ifuba yetu iokune kala jimbuta” - Nossos ossos serão semeados como sementes… Assim no quizango, feitiço do livro de capa amarelecida, recordo aos mwadiés camundongos fingindo ser sapientes, que só mostram o Sputnik de Agostinho Neto, o que já passou! Assim, num jeito de perfumar ranço seboso, engraxando as cores sem conseguir dizer nada de novo, relembro caligrafias antigas. Falei!

O MAC - Movimento Anti Colonial, integrava membros estudante de todas as colónias portuguesas. Em 1960, autoridades políticas e militares do M´Puto, efectuam reuniões de emergência à porta fechada, no Comando da Região Militar, temendo a possibilidade de um ataque armado ao Norte de Angola, ainda nesse ano. A ordem pública era mantida nas cidades, pela Polícia de Segurança Pública; nas povoações do interior de menor importância, pelos cipaios às ordens das autoridades administrativas.

cipaios.jpg O Exército regular, então composto por cinco mil africanos e mil e quinhentos europeus, aquartelavam-se nas principais cidades - Luanda, Lobito, Nova Lisboa, actual Huambo, Sá da Bandeira, actual Lubango e pouco mais. Em 1960, a PIDE – Policia Internacional e Defesa do Estado, volta a prender Agostinho Neto, no seu consultório de Luanda. Como consequência o povo da Circunscrição vizinha de Icolo e Bengo, organiza uma manifestação de protesto em Catete, a escassos quilómetros da capital, a terra natal de Neto. Era eu nesse então, estudante na Escola Industrial de Luanda tendo como companheiro de turma Avelino Said (Dias) Mingas que mais tarde viria a ser o primeiro-ministro das Finanças, um dos criadores da moeda Kwanza - Angola.  

Naquela manifestação de Catete, a multidão é metralhada originando daí 30 mortos e 200 feridos. Conta-se que no seguinte dia se inicia o ataque a Icolo Bengo originando a destruição de várias aldeias. A prisão de Agostinho Neto motiva o MPLA, então aquartelado na Guiné-Conacry, a propor negociações a Portugal. Em resposta, 29 activistas do Movimento são fuzilados no pátio de uma prisão; simultaneamente, o general Monteiro Libório assina o “Primeiro Plano de Acção Psicológica do Comando Militar de Angola”.

cipaio4.jpg Em Dezembro de 1960, Mário Andrade, Viriato da Cruz e Américo Boavida, face ao fracasso negocial com Portugal, comunicam à Câmara dos Comuns de Londres, ”passarem à acção directa”, supostamente em nome do MPLA e por via destas manobras internacionais, no mesmo mês de Dezembro o Conselho de Segurança da ONU deixa de reconhecer as Provinciais Ultramarinas como sendo parte integrante de Portugal. Foi talvez a primeira pedra a ser lançada ao charco do processo descolonizador do “Império Luso”. Por via destas movimentações, o MPLA anuncia a sua primeira direcção no exterior formada por Mário Pinto de Andrade, Viriato da Cruz Hugo de Meneses, Lúcio Lara, Azevedo Júnior, Matias Miguéis, Eduardo Santos, Daniel Chipenda e França N´Dalu.

Eduardo Santos foi médio de futebol da equipa da Associação Académica de Coimbra que não obstante ter passado para a “Revolta Activa” conjuntamente com Daniel Chipenda e França N´Dalu assistiu como cardiologista Agostinho Neto até à sua morte. A figura de Agostinho Neto, jamais teve unanimidade dentro do movimento anticolonial. As fortes divergências que teve com Viriato da Cruz, em 1963, levaram Neto a torturá-lo e humilhá-lo diariamente numa prisão, somente saindo (quase morto), por intervenção de aliados externos da Argélia e China.

mud14.jpg Outra figura que questionou fortemente Neto, foi Matias Miguéis, sendo que este acabou morto após humilhantes torturas ordenadas por Neto, em 1965; foi enterrado vivo somente com a cabeça para fora, onde lhe jogavam secreções ao mesmo tempo em que recebia golpes. Historiadores, como William Tonet, apontam que nem mesmo os portugueses cometeram tais atrocidades. Houve graves conflitos internos no MPLA que puseram em causa a liderança de Agostinho Neto.

Entre estes, o mais grave consistiu no surgimento, no início dos anos 1970, de duas tendências opostas à direcção do movimento, a "Revolta Activa" constituída no essencial por elementos intelectuais, e a "Revolta do Leste" com Daniel Chipenda, formada pelas forças de guerrilha localizadas no Leste de Angola; estas divisões foram superadas num intrincado processo de discussão e negociação que terminou com a reafirmação da autoridade de Agostinho Neto.

mud10.jpg Seguindo a cronologia dos acontecimentos, em Janeiro de 1961, a capital angolana fervilha de jornalistas que aguardam a chegada do paquete “Santa Maria”, tomado de assalto por Henrique Galvão. Semanas depois, as atenções desviam-se para os três acontecimentos que marcaram o início da luta armada e, que conduziu à independência: A Revolta na Baixa de Cassanje de “4 a 11 de Fevereiro” e, “ a “15 de Março”. Impulsionados pela UPA, a Revolução na Baixa de Cassanje iniciou-se no posto do Milando da Circunscrição de Holo e Jinga, alastrando às circunscrições vizinha de Bondo e Bângala.

mud15.jpg Simão Toco, fundador do “Tocoismo” pertencente à igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, por ter influenciado aquela onda de terrorismo, foi desterrado para os Açores com residência fixa naquela congregação. Milhares de trabalhadores abandonaram seu trabalho nas fazendas algodoeiras que alimentavam a empresa monopolista “Cotonang”; armados de paus, canhangulos, catanas e azagaias, matam gado e destroem outros bens de brancos. Estes acontecimentos são relatados pelo “missionário” António José Nunes Frade que constam dos arquivos da Administração da Circunscrição de Bondo e Bângala do Distrito de Malange…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:47
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Segunda-feira, 31 de Maio de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXV

ANGOLA – DA LIBERTAÇÃO À INDEPENDÊNCIA - II

Crónica 3155 – 29.05.2021 - Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha… Afinal, não o era e, poucos  o sabiam…  

Mu Ukulu37.jpg

Por   soba 01.jpgT´Chingange, no Algharb do M´Puto

Cada um, chamado á razão, responde afirmativamente ao que pensa ser o certo, em uma terra que sempre pensou ser também a sua, Angola e, sem ter a certeza de nada nem do futuro, recorreu a N´Zambi - Deus, presumindo que a concórdia e a misericórdia seriam um factor a esperar mas, assim, o não foi. Tantos que foram para Angola, tantos que se situaram, se amigaram, enamoraram ou umbigaram, julgando que deveriam reinar sobre a dissensão e razoável desentendimento, harmonizar o essencial, perdoar nos pequenos costumes; eliminá-los, seria assim o futuro plausível.

mud4.jpgmud5.jpg Puro engano em nosso advir; aglutinar-se-iam raças, honrar-se-ia desta feita pais, avós, tetravós e, ene avôs mas, nada disto assim o foi. Já estamos longe daquele tempo, ano de 1958 de quando a PIDE se instalou em Angola. Esta, mereceu do arcebispo de Luanda, D. Manuel Nunes Gabriel, o seguinte comentário: “A PIDE estendeu agora sua actividade a todo o país, agindo de maneira arbitrária e demasiado severa, tornando-se temida, mas não respeitada”; tomar em conta a menção de país, englobando o Portugal Ultramarino numa mesma plataforma territorial.

Na Lisboa do M´Puto, pouca importância se dá ao aparecimento da UPNA, União dos Povos do Norte de Angola e, daquele manifesto de Viriato da Cruz, o tempo, o congeminou como sendo o primeiro evento de valia e, paulatinamente o foram atribuindo como afecto ao MPLA. Com dados aleatórios no tempo aqui se descrevem situações que agora nem interessa saber se foram antes ou depois. Aconteceram! Ainda no ano de 1958, no próprio dia em que concluiu o curso, Agostinho Neto casa com a portuguesa transmontana, Maria Eugénia.

MUD1.jpg Nada mais que a irmã de António Rosa Coutinho, um nome a destacar por ter sido o principal “pivot sinistro” no período da descolonização posterior, e figura preponderante por ter incitado à violência física e sexual contra mulheres e crianças portuguesas e angolanas - estratégia para obrigar os brancos a abandonar Angola. Agostinho Neto aceitava todos conselhos do cunhado como se fossem ordens.

Agostinho Neto sabia que seria Presidente de Angola com ajuda dos portugueses porque tinha um cunhado no seio da política Portuguesa! Rosa Coutinho nos momentos cruciais do futuro de Angola no após “Abril de 1974” veio a ter o papel de “mediador” falando com os Líderes do MPLA, FNLA e UNITA, mas dava ou vendia armas ao MPLA oferecendo a este, a logística de guerra suficiente na tomada ao poder à revelia de quase toda a sociedade angolana. Era um corrupto que envergonha todos políticos, e infelizmente, é mais um que não pagou pelos crimes cometidos.

Mu Ukulu49.jpg A imunidade é a mãe da impunidade, e Rosa Coutinho, apesar de ter sido o autor moral de vários crimes cometidos em Angola nunca foi responsabilizado por nenhum governo dos PALOPS. Pelo que ocorreu de forma silenciosa, cumpre aqui alertar aos governos de Angola e Portugal que o “vosso silêncio”, para que conste, significa cumplicidade. O que aconteceu em Angola provocou distúrbios mentais a muita gente, e deixou cicatrizes nos corações de todos envolvidos, por isso e, assim demonstramos solidariedade com todos aqueles que o foi, directa ou indirectamente afectados; gente de todas as cores e credos.

mud7.jpg Voltando a Neto, já casado com a irmã de Rosa Coutinho, ambos tomam o rumo de Luanda aonde chegam a 30 de Dezembro de 1959 já com um filho. Neto passa a ocupar a chefia do MPLA em Angola, numa altura em que os mentores do Movimento se encontravam exilados na República da Guiné-Conakry. 1958, foi também o ano em que, em Accra, capital do Gana, Holdn Roberto participa na 1ª Conferência dos Povos Africanos retirando à UPNA seu carácter regionalista, substituindo-a pela UPA, União dos Povos de Angola, supostamente de cariz nacional.

Em 1959, a PIDE inicia uma vaga repressiva no meio estudantil e intelectual luandense, no que ficou conhecido como por “Processo dos 50” e, alarga sua acção ao Sul, às Missões Protestantes, Baptistas e Metodistas. Era nestas Missões que os supostos nacionalistas beneficiavam de sua protecção. Apesar das prisões e perseguições, o fenómeno fermento da independência, leveda por todo o país de N´Gola. A partir da independência do Congo a 30 de Junho de 1960, os ânimos redobram com a realização da segunda Conferência dos Povos Africanos.

Mu Ukulu59.jpg E, foi na Conferência dos Povos Africanos que Lúcio Lara, Viriato da Cruz e Holden Roberto apresentam o Movimento Anticolonial MAC e, em cuja formação, participam Agostinho Neto e Amílcar Cabral, este último, natural da Guiné-Bissau e, que foi um dos fundadores e Secretário-geral do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC. Amílcar Cabral e Agostinho Neto nutriam um pelo outro grande amizade, alicerçada nos tempos de estudantes em Portugal, onde foram entusiastas participantes na revitalização da “Casa dos Estudantes do Império”.

moka22.jpg A Casa dos Estudantes do Império integrava membros de todas as colónias portuguesas, os agora chamados povos dos PALOPS, de fala portuguesa; organizações legais de jovens estudantes que em convívio fermentavam sonhos. Como uma república estudantil, albergava os vários estudantes das colónias portuguesas que vinham estudar na metrópole, M´Puto. Foi criada em 1944, pelo regime salazarista, para fortalecer a "mentalidade imperial e do sentimento da portugalidade entre os estudantes das colónias", respondendo igualmente a uma necessidade de congregar num único espaço de convivência os estudantes das até então colónias portuguesas, que não possuíam instituições de ensino superior ou para auxiliar àqueles que necessitavam complementar os créditos académicos em Portugal. Foi fechada pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) a 6 de setembro de 1965.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:35
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Sábado, 1 de Maio de 2021
MISSOSSO . XLII

ESTÓRIAS EQUECIDAS – 01.05.2021

Crónica 3144 - CHE GUEVARA NO CONGO BRAZZA - "A estória de um fracasso". Eu Furriel MIKE, estava ali tão perto de Dolisie, no lugar de Miconge  Velho a comer javali com os TE´s a comer macaco… Dolisie, também conhecida como Loubomo, é uma cidade da República do Congo, capital da região de Niari QUE FICA PERTO DA FRONTEIRA Norte de Cabinda…

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Por soba15.jpg T´Chingange no AlGharb do M´Puto

O General cubano Victor Dreke que acabou parceiro de Che Guevara na frustrada guerrilha do Congo, ainda em vida recordou: O guerrilheiro Ché, continuou a ter fãs na agora República Democrática do Congo Brazzaville. Dreke passou pelos quartéis da região; no mesmo dia da chegada, foi levado a uma casa onde estavam José María Tamayo, o "Papi", e o novo chefe da missão “Ramón” que era Che Guevara. Dreke, até ali, servia no Exército Central, na cidade de Santa Clara.

guevara5.jpg E, foi em Santa Clara de Cuba que recebeu uma proposta que o levaria a África. Aceitou participar sem saber do que se tratava. O pedido veio directamente de Fidel Castro: comandar uma missão especial recrutando 100 jovens soldados que seguiriam para um destino ainda desconhecido. O veterano Greke frisa que a adesão à guerrilha era voluntária. Quem aceitava deveria dizer à família que iria para um treino na União Soviética. Durante algumas semanas, os cem homens prepararam-se numa zona de mata sem acesso a energia eléctrica recebendo visitas frequentes de Fidel.

guevara1.jpg Naquele primeiro encontro, ele, o Ché "usava um corte de cabelo muito conservador, um grande bigode negro e um fato de tecido escuro, com uma gola dura de banqueiro e uma gravata de cores fortes", assim descreveu o escritor colombiano Gabriel García Márquez na revista Algarabía, num raro relato sobre o disfarce de Ché na ocasião”.

Sentado em um tronco feito banco, Dreke tentava entender o que se passava, enquanto "Ramón" remexia papéis na companhia de Osmany Cienfuegos, irmão de Camilo – terceiro maior nome da Revolução Cubana. O irmão de Camilo insistiu que o novo comandante não era um estranho. "Você conhece-o, “coño", exclamou! - "Companheiro, eu nunca o vi", respondeu Dreke. Foi então que Guevara se apresentou e chamou o subordinado pelo sobrenome…

guevara2.jpg Sem perceber, o futuro General passara por um teste imposto por Fidel aos homens que melhor conheciam Guevara. Era importante que nem eles conseguissem reconhecê-lo no disfarce. Com o ex-ministro prestes a entrar na clandestinidade, o regime temia que ele fosse capturado, executado e a sua morte atribuída ao Governo.

guevara3.jpg A 1 de abril de 1965, o trio formado por Ramón, Dreke e Tamayo iniciou o périplo rumo ao Congo em voos comerciais. Com passaportes falsos, passaram por Moscovo, capitais da Europa Oriental, Argel, Cairo e Nairóbi, até chegar a Dar-es-Salam, então capital da Tanzânia. De lá, seguiram para o Lago Tanganica, rota de travessia para o Congo. Com onze combatentes que se juntaram ao grupo ainda na Tanzânia, desembarcando no sudeste do Congo, a 24 de abril de 1965. O chefe, Guevara seria o "Doutor TATU", médico e tradutor.

Não foi uma escolha gratuita. Era ao contrário, confortável para Che. "Ele não ficou famoso ali como guerrilheiro, mas como médico. Como fazem os nossos na ilha e outros países, saía pela manhã visitando os lugares e distribuía os poucos medicamentos que tínhamos", relata Dreke. Nas primeiras reuniões, ele traduzia o que eu dizia. Sem entender o idioma, eu pensava: não falei tudo isso", conta Dreke, aos risos - "Ché falava francês e um pouco de outros dialectos.

guevara4.jpg Depois de sete meses, após constatar a pouca unidade dos soldados africanos e a perda de apoio internacional, Ché decidiu, contrariado, encerrar a primeira missão internacional do regime cubano. Mandou uma carta a Fidel Castro dizendo que Victor Dreke "era um dos pilares em que confiava". É assim que Che Guevara, inicia o seu relato sobre o movimento guerrilheiro que ajudou a organizar na República Democrática do Congo, em 1965, dois anos antes de ser morto na selva boliviana.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:12
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MUXOXO . XLIV

MONAMGAMBA - TEMPO CREPUSCULAR COM FRINCHAS

Nós, também produzimos fruto na estação apropriada, pois afinal, para isso fomos plantados...

Crónica 3145 – (30.04.2021 em Kizomba) – 01.05.2021 no KIMBO

– Hoje, ninguém parece ter consciência de nada; por usucapião, estamos feitos ao bife 

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Por soba24.jpg T'Chingange no AlGharb do M'Puto

As árvores que conheço desde sempre, são variadas pois que, aqueci nos trópicos como as acácias do Calahári e por vezes tentei até abraçar o imbondeiro mas, desconsegui fazê-lo sozinho. Também consegui aqui no M'Puto  ter um imbondeiro que subiu protegido mas, por descuido meu, veio o frio de Nosso Senhor dando-lhe fim.

Meu vizinho alemão da Alemanha tem uma nespereira que este ano carregou de frutas. Já saltei o muro para lhe roubar uns quantos balaios como indemnização pela sugeira que seu choupo do Canadá faz no meu quintal virado a Sul. Costumo conversar com o loureiro mas, para além de dois rebentos nascidos do meu lado, assim sobranceiro, nada me diz nem contesta.

muxoxo1.jpgCada espécie, daqui ou oriundas de outros lados, são distintas e admiráveis à sua própria maneira. Os luendros que fazem fronteira entre mim e o carcamano, têm várias cores mas o vermelho é o de que mais gosto. Na minha concepção o altaneiro choupo tem uma linhagem nobre, mas excede a todos em altura  retirando-me o sol de inverno por ter crescido de forma desmedida.  Se a expressão “crescer em graça” se aplicasse a árvores, este choupo o exemplificaria melhor, só que não é árvore para um quintal citadino. Como pode alguém, nem mesmo sendo um especial amante da natureza, olhar firme e refletidamente a uma árvore assim e, deixar de apreciar a mesma por não estar no sitio apropriado...

piram3.jpg As sequoias da Califórnia são também um espetáculo inspirador mas só são sustentáveis numa floresta. E, se o choupo do carcamano já me causa transtorno pelo avanço das raízes no largar de folhas e sementes pelo meu património, posso imaginar como seria se o fosse, uma Sequoia.

Bom! Algumas oliveiras já existiam havia muito tempo quando Davi escreveu seu texto bíblico; eram mais antigas ainda quando Jesus andou pela Galileia. Nem se fala de outras espécimes quando Colombo descobriu o Novo Mundo! Nações e impérios vão e vêm; contudo, muitas destas arrojadas árvores ainda vivem e crescem, sequoias, oliveiras e, o imbondeiro com mais algumas variantes de acácias.

Bem! Diz-se que um cristão deve ser como uma árvore plantada junto a correntes de águas ou mulola, sempre a crescer. Pois então, esta figurada linguagem representará de certa forma aquela sequoia ou imbondeiro, que indiferente ao tempo marcado no relógio, continua crescendo...

muxoxo3.jpg Apesar de muita gente afirmar que os imbondeiros podem viver milhares de anos, tal não pode ser comprovado, pois que o seu crescimento não leva à formação de anéis anuais. Suas flores são de cor brancas, muito grandes e pesadas. São vistosos pedúnculos com um grande número de estames com um cheiro peculiar a carniça...

Há quem diga que a flor de imbondeiro (baobá) surge a cada 40 anos, mas das controvérsias ficam-nos as lendas bordadas a múcua, seu fruto. Sua flor dura pouco; murcha e cai em um ou dois dias depois de desabrochar. O crescimento de uma árvore e sua estabilidade simbolizam a vida dum cristão submisso; podemos comparar assim noé!? Desde a minúscula plantinha até uma árvore espantosamente gigantesca, que quase toca o céu, seu crescimento sempre o é, um contínuo processo de receber e crescer.

muxoxo4.jpgEm resumo, nós todos so mos recipientes de nutrientes temporários e espirituais não obtidos por nossos esforços. Sem a fonte de força e poder rapidamente murcharíamos e morreríamos. Contudo, com o auxílio da Natureza, nossa alma pode ser semelhante à força duradoura de uma árvore.  Podemos produzir fruto na estação apropriada, pois, afinal, para isso fomos plantados mas, os homens andam a querer tudo mudar e, nisto, as regras não podem ser alteradas...

Muxoxo é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de desdém ou contrariedade. No M´puto costumam chamar de "xoxo", com o sentido de beijo; Monamgamba é trabalhador desclassificado (perjurativo) - por vezes traduz-se em asneira ofensiva

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:05
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Sábado, 17 de Abril de 2021
MOKANDA DO SOBA . CLXII

HÁ 47 ANOS TEVE INÍCIO UMA LIMPEZA ÉTNICA - 16.04.2021

Crónica 3140O HOLOCAUSTO PORTUGUÊS ACONTECEU!  E, porque estamos a 9 dias do VINTICINCO – Nossas vidas têm muitos kitukus (mistérios) - 2ª de 3 partes

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Por soba0.jpeg T'Chingange - No Al-Gharb do M'Puto

fuga2.jpg Rosa Coutinho, o marinheiro, foi o oficial de aviário mais verdadeiro na história recente dos Tugas do M´Puto pois que teve o seu início de famoso, numa gaiola amarrada com lianas do N´Zaire. Terá sido Holden Roberto como patrulheiro da fronteira do Congo que o fez passear em uma jaula como se o fora, um macaco. Esta figura, o contemporâneo “maior traidor militar português”, deveria estar em maior destaque nesse mausoléu “Sputnik” da capital Angolana – Luanda, pois que, foi ele que forjou toda a táctica de “libertação”.

Ele estará para Angola como Simon Bolivar o está para a Venezuela - a chave basilar nas guerras de independência da América Espanhola - (…Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela) Pois, foi este o monstro “Vice-Almirante e Alto-comissário” que para todos nós brancos da Luua e todos os demais espalhados pelos matos do sertão e cidades, proporcionou ao MPLA ficar na governação deste território. Agostinho Neto, o primeiro presidente, só o foi em verdade, uma testa de ferro daquela figura detestável com nome de Rosa…

guerra22.jpg Como poeta e, ainda em vida, Neto, deixava muito a desejar pois só com forçada simpatia se poderia admirar suas poesias. Rosa Coutinho - o traidor, aliado às artimanhas do “glorioso PREC” - Processo de Revolução em Curso, do MFA – Movimento das Forças Armadas do M´Puto, combinado unha com carne com o glorioso MPLA, fez o que quis: pintou e bordou a preceito e, conforme as directivas comunistas. Nós, os brancos (ditos colonos), ficamos como pulgas entre unhas de dois polegares, sem armas, sem qualquer ajuda, num abandono quasequase total; pronto para o serem: mortos!

Os Cubanos, pelo que consta, só a cinco de Outubro do ano de 1975, é que chegam a Angola. Foi o que sempre se soube; quanto à ajuda pela União Soviética através de Cuba - Pois, (...) vocês sabem o que Rosa Coutinho e os estafermos do MFA queriam que se soubesse. A grande maioria da população de Portugal estava em conformidade com esta postura, desinformado até ao tutano pelos órgãos de informação, controlados pelos guedelhudos militares pseudo revolucionários. Dizia-se: Os brancos eram definitivamente uns exploradores, uns fascistas e racistas da pior espécie. Nossos familiares do M´Puto aceitaram-nos com desdém manuseando crachás com a Catarina Eufémia ao peito.

gad3.jpg E, foi na praia de Sangano um pouco a norte de Cabo Ledo que desembarcaram os primeiros homens comandados pelo General Raul Diaz Arqueles. Ali descarregaram os primeiros complexos móveis de defesa antiaérea “Strela”. Os instrutores deste equipamento sofisticado, estavam a ser coordenados pelo Coronel Trofimenko que a partir da Republica do Congo Brazaville enviavam numa primeira fase, pequenos aviões para aterrizar na pequena pista de aviação da Kissama em Cabo Ledo. Terei deste modo, de dar estes poucos laivos de recordação para que assim possam espairecer vossos cerebelos, já muito torturados.

Rosa Coutinho, já como Alto-Comissário escreve uma carta timbrada do antigo Gabinete do Governo Geral de Angola a Agostinho Neto, presidente do MPLA nos seguintes termos: “ Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do processo: Aterrorizar por todos os meios os brancos, matando, pilhando, e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos.” A Carta é datada de 22 de Dezembro de 1974, terminando com saudações revolucionárias, a vitória é certa, seguindo-se a assinatura, Alves Rosa Coutinho, Vice-Almirante.

guerra14.jpg As NT - Nossas Tropas, já não eram nossas; com o beneplácito do “Almirante Vermelho” davam cunhetes, canhões, paióis inteiros e até carros de combate numa perfeita cooperação de entreajuda FAP- FAPLA mandando prólixo os acordos de Alvor dando-nos boas falas a fazer-nos de boiada. Em verdade, praticamente, os brancos eram maioritariamente os quadros com a necessária preparação para governar e gerir a vida económica. Salvo raras excepções não havia entre estes, empatia com esse tal de Marxismo e Leninismo constituindo por isso um forte travão aos interesses soviéticos. Teríamos assim de ser expulsos ou mortos tal como o foi afirmado por esses “patrícios” de tuji e militares do famigerado CR – Concelho da Revolução… 

A revista The Economist, considerou a fuga dos portugueses brancos, como sendo “ o maio êxodo da história de África”. Nem no Congo onde entre Janeiro e Julho de 1960 a população branca caiu de 110.000 para apenas 18.000 pessoas, e se viu tamanho movimento populacional como aquele que foi observado na África Portuguesa. O governo de esquerda portuguesa, criminosamente adiou até ao último momento qualquer ajuda ou apoio substancial aos refugiados. Se compararmos estes episódios com os refugiados actuais de que chegam de todo o lado à Europa, em lanchas vulcanizadas, nós os “retornados” fomos socialmente, pior recebidos; foi a comunidade Internacional e principalmente os Estados Unidos da América que tiveram de interceder no marasmo de catafonia nos ecos de dirigentes do MFA. 

fuga6.jpg Ficamos assim abandonados à mecê dos guerrilheiros armados dos “movimentos de libertação” que intoxicados em drogas e ideologias enviesadas, com o cérebro envenenado pela propaganda marxista, estavam dispostos a massacrar todos os brancos em África. Cidades inteiras, outrora prósperas e bem cuidadas, como Carmona (Uíge) e Malange foram abandonadas devido à fuga de quase toda a população. Malange acabou por se transformar em um imenso cemitério a céu aberto com milhares de pessoas mortas, em sua maioria africanos, que ainda estavam insepultas quando se abandonou a cidade.

fiat1.jpg Alguns brancos tentaram resistir em Luanda, mas a esmagadora maioria rapidamente se apercebeu que a limpeza étnica de que estavam a ser vítimas era para ir até ao fim e que, a única opção viável que o regime de Abril lhe havia dado, era a de fugirem deixando para trás toda uma vida de trabalho. Sob todos os pontos de vista do direito internacional, o que se passou na África Portuguesa em consequência do VINTICINCO de Abril de 1974, constitui um crime contra a humanidade e, como tal o deve ser considerado. Não obstante termos passado pelo purgatório, continuamos a relembrar com saudade a MUTAMBA, que vem de “mu”, que significa árvore em Kimbundu. Que Tamba é o Tambarino – e que ali, havia um tambarineiro gigante a dar dignidade ao largo. Que antes se chamava "N'Dange ia Rosa"", que quer dizer "rua larga e arenosa" em Kimbundu. Que havia uma "Mayanga" porque esse é o nome para poço de água, cacimbas mandadas construir pelos Tugas para prover a água à cidade (LUUA). Como poderemos apagar tudo isto de nossas memórias!

(Continua…)

O Soba T´Chingange.



PUBLICADO POR kimbolagoa às 23:09
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Quarta-feira, 14 de Abril de 2021
XICULULU . CXXXVI

FALAS VADIAS E ATRAVESSADAS – (12.04.2021) - 14.04.2021

Crónica 3138JUSTIÇA - De vergonha alheia, me fiz em raiva…

Xicululu: - Olho gordo; Avareza

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Por: soba001.jpgT´Chingange – No Al Gharb do M´Puto

Neste agora do ano de dois mil e vinte e um, o futuro pode sem novidade de espanto, agarrar por inteiro nosso esqueleto sem ver rebrilhar a kúkia nas águas do Tejo, do Tamisa, do Reno ou o Okavango que sempre levam a vida feita água aos ecossistemas e outros pântanos. Charcos aonde a vida prolifera sem distinguir o seu passado porque ali as palavras, como terra, viram bolachas ressequidas como se o fossem, chocolates. E, desse lodo germinam peixes à mistura com batráquios, lagartos e muitos rastejantes.

Tomando um café de cheiro longínquo de São Tomé ou Timor, posso adivinhar toda a gente de pés varridos, lavando as mãos com água sanitária na forma de lexivia, de quarto em quarto de hora, esfregando com sabão macaco ou outro de cheiro para eliminar uma doença invisível que se agarra às pessoas; por via dessa praga invisível, esfrega-se a mesa, besuntam-se as mãos com gel, passa pano, borrifa as batatas, tira e põe-se a máscara para afugentar o invisível e vem a pergunta de quem quer ganhar seu sustento, dono ou empregado, porque o mundo não pode parar assim átoa.

justiça2.jpg E, assim pronto a tomar o café, primeiro ou antes, lá vem o bom dia, a boa tarde e, o que vai tomar? Tira máscara e responde, uma bica e um pastel de belém. Noutra mesa comem cachapa de milho, uma tortilha ou o que quer que seja, assim se tenha dinheiro para reanimar a economia; assim a medo, ora reabrem ora refecham, ora criam a forma de um postigo. Mas, antes de tudo isto, apontam-nos uma pistola de plástico mesmo no templo das frontes salpicando no ecrã números. Se passa os trinta e oito, isso é febre, não pode entrar - o perigo espreita nele, quarentena pela certa…

Assim com este tempo tão perigoso, só me sobra tempo para cuidar do jardim, falar com as hortenses e ver as alfaces crescerem, colocar veneno para matar as lesmas e caracóis porque senão tiram-me nacos de salada. Retirar as flores do sabugueiro, colocá-las à sombra a fim de depois fazer aquele chá que ameniza a tensão, o stresse e o escambau. As missangas deste tempo estão periclitantemente desoladas. Assim como que se o fora brasileiro, pergunto: - Cadé o meu futuro?

justiça4.jpg Abro a televisão e é só malazengas da justiça, das estratégias de fuga, do gráfico da economia, empréstimos a fundo desperdiçado, mais dinheiro para o banco, para os aviões, enfim… Como coisa ruim nunca vem só, cativam os números do orçamento a fazer engenharia financeira . Engenharia da mentira para evitar os picos da divida abaixo da tona de água: A paz e os anjos apaziguam-se chamando nomes aos bois, aos juízes que desperdiçam o trabalho da procuradoria, achincalham acusações com investigação, deitam por terra trabalho de outros traduzido  em anos muitas hora de escutas e tandos edecéteras…   

No dia de “La Liz - 9 de Abril”, ouvindo de novo a TV, a vontade de chegar a nenhuma parte definiu meu rumo, nosso rumo afinal, também o do M´puto ficando assim e, desconcertadamente no mais incerto sem ter confiança nenhuma em mais ninguém. Um tal de Ivo, Juiz, assim falando coisas pernoitadas, desprocedeu fazendo permanecer a acção escorregadiamente aflitiva no suficiente para fazer espairecer ou desaparecer as substâncias narráveis. Em verdade, já não tinha qualquer decente esperança. As forças feias do processo, do mega assunto, ficaram assim de muitos punhais com muitos aços, todos, mas todos mesmo, trouxados numa só bainha.

socras2.jpg O assunto vem de Sócrates, o ex-primeiro, mas, com altos e baixos e algumas prescrições nem as maiores asperezas me deram toda a consideração aumentando o desamparo e, de vergonha alheia, me fiz em raiva. Tudo aquilo que ouvi molhou minha ideia sem procurar caçar desculpas. Que país é este!? O certo é de que, antes de poder ouvir e ver, eu já pressentia. Este Juiz com nome de Rosa, é um homem de tão injusta regra, e de tão visível incorrecto parecer, que nem o estado poupou. E, o Estado, somos todos nós. Afinal isto parece ser assim como jogo de baralho, verte e reverte. Tudo muito entrançado… Valha-nos Nosso Senhor – pelo andar da bagunça é quase certo que ainda vamos indemnizar o dito cujo ex-primeiro…

O Soba T´Chingange            



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:00
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Domingo, 11 de Abril de 2021
MUJIMBO . CXX

TRAJE DE GALA - FACTO E FATO ... 

Na dúvida, ando de pijama listrado quase à um ano sem ter feito mal a alguém. Pópilas! Meu escapulário é quase um pano às riscas...

Crónica 3137 (08.04.2021*)11.04.2021

sorte2.jpg

Por   soba k.jpg T'Chingange - no M'Puto

Ninguém discute o facto de que a utilização de roupas é parte do bom senso, da ética humana e dos valores sociais, sendo indispensável a todas as pessoas. Algumas se esmeram no factor atractividade, outras se limitam ao aspecto protector ou à simplicidade. Essa diferença tem suscitado, às vezes, tratamento discriminador entre dois grupos, ao ser atribuída condição superior de importância às pessoas que se vestem sofisticadamente em detrimento das outras.

sorte1.jpg Embora devamos condenar essa excepção, é verdade que ocasião, tempo, lugar, aspectos culturais, simbolismos religiosos, equilíbrio, bom gosto e recato, são alguns factores que definem a pertinência ou não de uma vestimenta. Neste processo de desmudar os costumes, uns ficarão vestidos mais iguais e outros, logicamente, mais desiguais a indicar a todos que afinal ainda não fomos terminados, andamos em execução; a ser costurados…

pfizer1.jpg É aquela velha estória que de novo aqui explicito: Era uma era e, não era; andava lavrando com dois carrapatos! Veio-lhe a notícia que o pai era morto e a mãe por nascer. Pôs o burro às cotas e o arado a comer… Hem! Hem! Hem!…O que mais penso e tento em explicar: Todo o Mundo, é louco - o quanto baste…Pegando na Bíblia pude ler em Tiago 2:2-4: -  Suponham que, na reunião de vocês, entre um homem (ou mulher) com anel de ouro e roupas finas e também entre um pobre com roupas velhas e sujas. Se vocês derem atenção especial ao homem (ou mulher) que está vestido com roupas finas e disserem: "Aqui está um lugar apropriado para o senhor/a", mas disserem ao pobre: "Você, fique em pé ali", ou: "Sente-se no chão, junto ao estrado onde ponho os meus pés", não estarão fazendo discriminação, fazendo julgamentos com critérios errados? Ando confuso, noé!?

sorte5.jpg Fala-se que entrando, o rei para ver os que estavam à mesa, recordo: notou ali um homem que não trazia veste nupcial e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? Ele emudeceu... Tal como eu que ando bem desmilinguido, falando com o gato tobias... Há sempre uma razão de ser no uso de vestes. Elas podem servir como cartão de apresentação de uma empresa, quando uniformemente usadas por servidores, ou como factor de igualdade social nas escolas.

pfizer2.jpg Profissionais de saúde usam vestes brancas. No Antigo Testamento, as vestes sacerdotais eram carregadas de significado. Em nossos dias, clérigos costumam vestir paramentos solenes e cores sóbrias. Cobrir-se alguém com pano de saco era nos idosos tempos expressão de grande humilhação. Não é para menos, seja homem ou mulher! Despojado de Suas vestes, Cristo recebeu um “manto vermelho” por zombaria. O filho pródigo, ao voltar para casa, foi agraciado com roupas de justiça e perdão. No clímax da história da redenção, os remidos estarão enfileirados, usando vestes brancas de pureza e santidade...

sorte6.jpg Andamos assim a viver parte de parábolas antigas sem bodas nem convites para vestirmos a gravata na falta de outros paramentos. A vida humana é frágil como uma flor; hoje é, amanhã não o será mais - como um capim murcha como qualquer erva do campo; E, na dúvida da resiliência com ou sem investigação descobriu-se que alguém, não estava devidamente vestido para a ocasião e, morreu sem até, ter comido tabaibos com picos e tudo. Nesta via-sacra de espera pela vacina conta a malazenga COVID, vivemos num período como se o rei nos fizesse revista, assim como convidados encontrados ou escolhidos no livro da vida singelamente chamado de lita telefónica... Pelo sim pelo não, ando permanentemente em pijama esperando um SMS dum bata branca: -Venha tomar a pfizer…

Nota* - Publicado em Kizomba do FB

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:04
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Quinta-feira, 11 de Março de 2021
XICULULU . CXXXV

FALAS VADIAS 11.03.2021

kimbo 0.jpg As escolhas do Kimbo - Crónica 3127

Por medica-683x1024.jpgPaula Helena Ferreira da Silva (Assistente Graduada de Ortopedia, Chefe de Equipa do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar do Baixo Vouga)

Os insultos de MAMaDOU BA ao povo português e à sua História…”Se um branco dissesse que se devia matar o homem negro, era logo preso, chamado de racista, nazi, ‘white supremacist ‘ etc. etc.”

 Fonte: O Observador

Mantenho gravado o choro de despedida de quem me criou e a isso, Sr. Mamadou, chama-se amor. Nós, Africanos brancos, sentimos amor pelos nossos conterrâneos, mas sei que para si não é amor, é racismo.

mamadou1.jpg Tal como o Sr. Mamadou, nasci em África. Não me corre sangue africano nas veias, mas a alma moçambicana habita em mim. Fui expulsa do meu país sem hipótese de escolha, sem justificação, tão-somente pela cor da pele, arrancada à força da minha família, da minha casa, dos meus conterrâneos. Fui expulsa por pessoas como o senhor e os seus comparsas do SOS Racismo. Roubaram-me o resto da infância e da adolescência, forçada a viver em hábitos e costumes diferentes onde só a língua me unia.

Durante décadas, senti-me deslocada, fui barbaramente vítima de bullying, mandada para a minha terra vezes sem conta apenas e só por ser retornada…A ignorância não tem limites e retornada não sou, refugiada talvez, pois a nada retornei. Nasci em África com muito orgulho e mantenho orgulho na História que me proporcionou que assim fosse. Nasci na maravilhosa cidade de Lourenço Marques, a pérola do Índico, no fantástico continente africano, rico nas gentes e nos recursos, destruído por décadas de governos ditatoriais que o senhor tanto defende.

dia142.jpg O senhor não sabe, mas em 1974, Moçambique era o produtor número um do mundo de algodão e cana-de-açúcar. Hoje, é um dos países mais pobres do mundo! Os retornados foram a maior lufada de ar fresco a entrar em Portugal. Ao contrário de si, os retornados e refugiados das ex-colónias, apesar de apenas trazerem a roupa do corpo e a alma carregada de tristeza e mágoa, trouxeram também a resiliência e transformaram a mágoa em trabalho e não em ódio e raros são os que não singraram.

Nada trouxemos na bagagem a não ser memórias. Tudo foi confiscado, queimado, dizimado. Mas ao contrário de si, a quem tudo foi dado de mão beijada, não nos vitimizámos, não nos encolerizámos, apenas trabalhámos! Trabalhámos e honrámos a Terra e as gentes que nos acolheram! Não hostilizámos, não ridicularizámos, não confrontámos os Portugueses da metrópole! Apenas trabalhámos, com a resiliência que nos caracteriza, porque ao contrário de si, as nossas feridas não estão putrefactas e não destilam ódio, antes pelo contrário, emanam tolerância e compaixão.

guerra01.jpg Ao contrário do senhor, não recebemos subsídios, não recebemos apoios, o único apoio foi e continuam a ser as doces memórias. Memórias de países maravilhosos ao qual um dia ansiávamos voltar (Moçambique, Angola, Guiné e outros dos Palops), de gente humilde de sorriso largo e alegria sem fim, memórias do cheiro da terra molhada, do cheiro das gentes, das cores, de vidas simples.Mantenho gravado o dia da partida e do choro de despedida de quem me criou e amparou e a isso, senhor Mamadou, chama-se Amor. Nós, Africanos brancos, sentimos amor pelos nossos conterrâneos, mas sei que para si não é amor, é racismo. Sim, senhor Mamadou, ainda hoje sinto amor pelos meus conterrâneos, choro por eles e pelos vis ataques que sofrem em Cabo Delgado, que curiosamente nunca o ouviu defender.

GUERRA25.jpg Em si só vejo ódio, intriga e difamação. O racismo não se combate com racismo! O ódio não se combate com ódio! Humildade e gratidão é coisa que não lhe assiste. E trabalho Sr. Mamadou? Não será por interesse que move esse ódio? É que esse ódio dá-lhe tachos e tachinhos e trabalho? As suas mãos não parecem ter calos e o seu sobretudo de caxemira não me parece “second hand”. Senhor Mamadou, o senhor pode ter instrução, mas não tem educação.Sou de uma geração em que fui educada a respeitar o meu país, Portugal, a minha bandeira, o meu hino, as minhas gentes, os meus heróis.

guerra18.jpg Tenho orgulho em Afonso Henriques, Vasco da Gama, Luiz Vaz de Camões, Padre António Vieira, Pedro Álvares Cabral e tantos outros que escreveram a nossa História. A História não se apaga, não se reescreve, é um legado dos nossos antepassados, goste-se ou não, é a nossa História. Quem é o senhor para a destratar? Ou será que pertence ao grupo daqueles, que por não gostarem dos pais e avós também os apagam? Respeito, senhor Mamadou! Respeito! Em casa alheia não se diz mal do pão que é oferecido, porque, um dia, o pão pode acabar.

Fonte: O Observador



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:01
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Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2021
XICULULU . CXXXIII

FALAS VADIAS E ATRAVESSADAS 25.02.2021

Crónica 3119Minha vizinha anda com medo de viver; ela não está nas listas VIP…

Xicululu: - Olho gordo; Avareza

Por 

araujo158.jpg  T´Chingange – No M´Puto

silas3.jpg Na mitologia Grega era de mau sinal olhar para trás mas, em realidade nunca ninguém mediu o tempo de duração desse mito. Assim, com incompleta confiança embrulhada em metades medrosas, pergunto: O que está a acontecer com toda uma multidão que feito país, protesta calada em casa!?

Sabe-se que há problemas que surgem com as tosses cheias de pulmões nas palavras mas, afinal que está a acontecer? É a pergunta de qual, quando e como, vai ser o rendimento mínimo a atribuir para um cidadão continuar vivo! Pópilas! Lá teremos de sufocar ou sufragar as regras e os mitos sem obedecer aos muitos minutos andando às voltas pelo quintal olhando as nuvens, negras cheias de água num chove, não chove.

way4.jpg A mulher de Ló sabia que não deveria olhar para trás para poupar a própria vida (Gn 19:17), mas mesmo assim olhou! Ver assim os ramos do loureiro árvore, tombar a indicar de onde vem o vento e, se vem triste, húmido, feliz ou de jacto. As noites mal dormidas a ampliarem coisas e loisas que passam em nossa cabeça e, porque na generalidade dos sentimentos o medo não tem um interruptor para os ligar e, desligar.

Se estás mal da bexiga, irás ficar mal dos sentimentos; em verdade quem tem cu tem medo; isto também se aplica ao baço, ao fígado, outros sistemas do esqueleto e, vai por aí… É que numa malazenga destas, só se consegue saber tudo dela quando a mesma acabar.

xiricuata4.jpg  Assim, andando em círculos, passando pela décima vez pelo canteiro das hortenses, lá pela décima terceira, paro e pergunto; pergunto, não! Afirmo-lhe: Este Mundo está perdido, noé? A fazer perguntas sem respostas com a natureza tão honrosa, tal e tanta que nem eu que sou feiticeiro, tenho ânimo de mentir, nem de me caber calado.

Mas, sei o que é importante, viver em estado de emergência é marcar consulta por computador, esperar a hora certa ou renovar a receita por meios digitais. Minha vizinha Augusta, recentemente disse que anda com medo de viver. Num enfim mas também, o que é que vale, o que é que não vale? Como assim! Estou falando demais.

xinguila4.jpg No que é que a velhice faz. Juro! Estou querendo ser cincerro… mas hoje, ou até hoje, representando os meus olhos, acho até que tenho de aprender a estar alegre e triste em simultâneo rindo das próprias folhudas pestanas muito parecidas com as de Cunhal. Assim fixamente, digo a mim: Em cada dia, de cada hora, a gente aprende uma nova qualidade de medo.

Com mais de oitenta anos, minha vizinha Augusta, deveria estar na área VIP. Bem! Poderia fazer como a conhecida Ana Gomes do PS do M´puto que fez candonga comprando, nem se sabe como, uma vacina à Conxinhina. O medo é que guarda a vida noé? Não é bem assim o tal ditado; o medo é que guarda a vinha. É mesmo um escambau - (…mandam eles é o escambau, aqui mando eu…).

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:17
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Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 2021
MISSOSSO . XXXIX

DO TITANIC AO NIASSA

Crónica 3116 - Kifufutila - Quarta-feira de Cinzas, 17.02.2021

- O poder da oração é importante! Kifufutila é farinha de mandioca grada, com açúcar...

Por   tonito15.jpgT'Chingange. No AL-Gharb do M'Puto

 titanic.jpgNo dia 10 de abril de 1912, ainda eu nem era projecto de vida, o famoso navio TITANIC partiu da Inglaterra para Nova Iorque. Era sua primeira viagem, e ninguém imaginava que também seria a última. Os técnicos estavam enfeitiçados de auspiciosos poderes e, as gentes assombradas com tanto avanço tecnológico, quase adorando o mostrengo bonito...

Em 14 de abril, às 23h40, o navio chocou-se contra um bloco de gelo, um iceberg desgarrado da grande calote gelada do Polo. Abriu-se um enorme buraco em seu casco, e a embarcação começou a afundar lentamente. De repente, desapareceu nas águas frias.

titanic2.jpgMais de 1.500 pessoas morreram naquela noite; pude ver no filme as aflições, um ai-jesus de quem nos acode. Posso imaginar o cagaço meu, caso lá estivesse e, do quanto seria difícil ter os zingarelhos todos cientes e bem definidos nos estralhos dum cérebro em aflição aflitiva... Às vezes os sonhos andam por perto...

O coronel Archibald Gracie era um dos passageiros. Sua esposa o aguardava a milhares de quilómetros do local do acidente. Porém, naquela noite, ela não conseguia dormir. Uma estranha sensação pairava no ar. Por isso, resolveu orar, mal sabendo que seu esposo lutava entre a vida e a morte nas águas do Atlântico Norte.

modas4.jpg Finalmente, a senhora Gracie sentiu paz. Mais tarde, ela disse: “Foi como se os braços de Deus me envolvessem. Voltei para a cama e dormi.” Naqueles momentos, quando o coronel pensou que ia morrer e, sem forças, já estava desistindo de lutar, quando um barco salva-vidas apareceu, como se viesse do nada.

Em desespero, ele agarrou-se ao barco e sentiu braços fortes a puxarem-no para dentro. Deus responde às orações de sua esposa. Feliz é a família cujos membros oram uns pelos outros. A oração intercessória é bíblica. Quando fui para a guerra do Massabi e Miconge do Maiombe de Cabinda, minha mãe Arminda Topeta, colou uma lengalenga responso dirigida à Nossa Senhora do Parto e, os mistérios, foram acontecendo. Eu, lá na Luua, desconhecia!

ISI0.jpg Em verdade, tenho andado um pouco esquivo a isto mas, desde que ressuscitei na Curva da Morte em Kaluquembe, na Guerra do Tundamunjila de Angola, por via de uma armadilha montada em meu Renault "major", fiquei enkafifado nestes mistérios misteriosos.

Refugiando-me no porão do NIASSA... Posso agora ver o galo pintado no capot do carro que ficou em cinza de churrasco mas eu, só pude ver mais tarde essas cinzas. Até o macaco se fundiu em nada! Isto, foi visto já com a clavícula atada ao peito e, ao jeito do Dr. Roy Parson e filho David, da Missão do Bongo no Kipeio, Longonjo, do Huambo...

Os anjos e arcanjos perseguem minhas alvíssaras e, a miúde, belisco-me, para confirmar que dói; ando por isso e, desde então assim a modos de acreditar em milagres e, desta feita acho que acreditar na fé é coisa supranumerário que nos  transcende...

REPU6.jpg  Paulo, o apóstolo, acreditava na oração. Ellen White também acreditava no poder da intercessão. Ela nos incentivou a orar mais ao escrever: “Não apreciamos como devemos o poder e a eficácia da oração. A oração e a fé farão o que nenhum poder da Terra conseguirá realizar!” (A Ciência do Bom Viver, p. 509).

Mesmo os ateus, agnósticos, semterra e, semnada mais derivados, quando se sentem à rasca dizem: "Valha-me Deus". Por vezes são ouvidos mas, por vezes a sorte passa ao lado, porque decerto as minudescências esdrúxulas do seu cerebelo entopem-lhe a visão estereoscópica. Assim sua dimensão 3D fica disforme porque as fotos não emparelham na perfeição...

Pelo sim pelo não ando calculando minha visão ortogonal para que as t'xipalas não saiam muito distorcidas, meto um calço de cortiça nos óculos de tartaruga, bifocais, adstringentes e antinuvem para ver as fosforescências colaterais. Um espectáculo, como diz meu amigo SP do Cafumfo de cima...

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:10
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Sábado, 6 de Fevereiro de 2021
KANIMAMBO . LXXI

REGRAS DE VIDA – O TESTEMUNHO da CONSCIÊNCIA - 05.02.2021

Crónica 3111Kanimambo é obrigado em dialecto Changana de Moçambique

Por soba24.jpg   T'Chingange  No Barlavento do Al-Garbe do M'Puto

 dia123.jpgComo é!? Como foi? Hoje mesmo, não estou para ter confiança nenhuma em ninguém – Eu explico: Assim, sem mais de pensamento, sem até ter substância narrável, ouço o que não quero ouvir, leio o que nem quero ler e num cala a boca, desconcentro-me em trapalhadas governamentais. Amiudadamente encontro gente que diz confiar na própria consciência. Quase sempre, quem diz isso, nem mesmo sabe o que é isso de consciência. Ela, a consciência, é um impulso interno que nos dá a percepção do que está acontecendo à nossa volta.

arau44.jpg Com tão grossa PANDEMIA o todo confunde o tudo e, sem querer ferir susceptibilidades, mantenho minha fraca esperança sem conformes, nem outro nenhum decente fingimento. Com tanta sirene de ambulâncias, meus beiços, desconfio que já nem sei se dão para os fazer assobiar... Deveria mostrar que as exigências da Lei estão gravadas em meu consentimento - deveria! Mas, também aqui a consciência me barafunda os pensamentos e, ora os defendo, ora os acuso. Afinal, a consciência que é a nossa base de dados interna, baralha-me na tomada de decisões... Em Outubro do ano findo telefonei vezes sem conta para o Registo Civil por via de renovar meu passaporte. Levou quase quatro meses para ir ao aprazado agendamento e levou mais um mês para me entregarem o dito cujo.

dia69.jpg Marquei passagem, anulei, adiei e, mala feita, não senhor! Voos cancelados. Os espaços de tempos ficaram calados num fica assim-assim, como jogo de baralho. Nisto e aquilo, a questão é, o quê- quiékie!? Qual é mesmo, a fonte que está alimentando nossa consciência? Coisa nebulosa. A consciência testemunha nossas acções e as expõe, avaliando-as com base em seus critérios éticos, noé!? O que faz uma testemunha? Ela conta o que viu e ouviu. A consciência ora acusa, ora defende. Ela nos acusa quando fazemos algo errado. Pois sendo assim, estou todo eu no gerúndio dessa palavra: “testemunhando” com a língua agarrada aos dentes, rilhando...

DIA 157.jpg Nossa consciência não é infalível. Ela pode estar errada; pode também endurecer. Ah hó xíí, poispois... Quem assim procede fica sábio no gerúndio, com a intenção de mostrar que ela está activa o tempo todo - desconfiando... Para cada indivíduo, a função da consciência depende, em certo grau, de sua experiência, maturidade e, principalmente, da quantidade de verdade que está guardada em sua mente. Portanto, nosso maior desafio é fornecer à nossa mente informações verdadeiras nas quais ela se possa basear. É aqui que nossa regra de fé entra em prática para definir CONFUSÃO. Sem ela, a FÉ como um suplantado padrão, a consciência pode se perder nos descaminhos deste mundo. Pelo sim, pelo não, passei a andar com um ÁS DE PAUS no bolso direito. Falei!

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:17
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Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 2021
MOKANDA . CCLIV
A RACIONALIZAÇÃO DO MEDO - 04.03.3021
"ELES" atiram primeiro a AGULHA da decisão e só depois traçam os círculos da racionalização.
Crónica 3110 - Tenham cuidado para não fazerem o mesma que ELES...
Por    T'Chingange - No Algarve do M'Puto...
   Qual é seu objectivo na vida? Você tem decerto um alvo bem definido; aliás, todos temos: - VIVER! Li certa vez que um homem, ao entrar pela primeira vez numa aldeia, viu uma porção de alvos com uma flecha no centro de cada um deles. Ele deduziu que deveria haver um bom atirador nessa aldeia e pediu informações a seu respeito. Disseram-lhe que aquilo fora efetuado por um TOLO. Ao encontrar o responsável por aquela proeza, o visitante o cumprimentou: – Você deve ser um bom atirador.
  Como consegue acertar sempre bem no centro do alvo? – Oh, isso é fácil, replicou o TOLO. Atiro a flecha primeiro e, só depois traço os círculos! Foi neste TOLO que pensei assim que tive conhecimento de que gente com algum poder institucional, exacerbou sua astúcia furando a prioridade na VACINA PFIZER...
Pois então! Não é assim que muitos procedem na vida? Que fazem primeiro o que bem entendem e, traçam depois círculos de racionalização em suas acções pondo-as ao jeito; convencendo-se de que acertaram no alvo fazendo-nos de gente dismilinguida (tola..)
  A racionalização neste item, é um membro dissidente de uma sociedade respeitável. É bom ser-se racional, mas é perigoso racionalizar desta forma tão torpe e por demais, quando se toma alguém por responsável. Furar regras de ética não o é de bom senso - Nem um pouco...
Racional significa: “Que faz uso da razão; que raciocina; que se concebe pela razão; conforme a razão; aquilo que é de razão.” Por sua vez, racionalizar também quer dizer “inventar explicações ou desculpas" superficialmente racionais ou plausíveis para certos actos, crenças, desejos, etc.
As justificativas insatisfatórias que apresentamos para se ser melhores cidadãos constituem em grande parte uma racionalização. Razões são uma coisa; desculpas são outra bem diferente. Tive um exemplo aqui bem perto de mim na pessoa de Presidente de um Município de nome Isilda... que titubeou minha moleirinha...
  Um bom exemplo serão as respostas dos dez milhões de convidados do M'Puto, que como parábola, também não querem morrer antes da hora. Agora, idealizar tentativas para ocultar a triste realidade em que todos estamos metidos boas ou falsas desculpas, não são as melhores razões para escapar à ordem! Tentativas para ocultar a triste realidade é crime... Ou não o será!?
À semelhança do homem TOLO desta estória - narrativa, ELES atiram primeiro a AGULHA da decisão e traçam então os círculos da VERDADE. Tenhamos cuidado para não fazermos a mesma coisa noé!? Esse Senhor da tal Task Force "Francisco Ramos" também tem o dever de não parecer ser tolo...   :::::    PS... Este senhor do Task Force, de ontem para hoje, já se demitiu deste cargo. Falta demitir-se da Cruz Vermelha! Entretanto espera-se a decisão da Presidente do Município de Portimão que tudo indica vai passar na FARSA . Engana-me que eu gosto...
O Soba T'Chingange


PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:18
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Terça-feira, 2 de Fevereiro de 2021
MALAMBAS . CCLIII
A importância da PALAVRA CERTA - Segredo das três palavras - Lá tive de ler os PROVÉRBIOS para quase virar SANTO - 02.01.2021
Crónica 3109 - Malamba é a palavra...
Por    T'Chingange - No Algarve do M´Puto
 
::::: Muitos acontecimentos que nos foram ou nos estão AFECTOS em vida fracassaram por causa de agressões verbais com palavras precipitadas. Amigos íntimos, já foram separados por causa de palavras inoportunas.
De facto, uma verdade incomoda para todos nós é a de que, muitas vezes, sabemos exactamente o que precisa ser dito em diversas situações, mas não dedicamos tempo suficiente para pensar na maneira como as coisas devem ser ditas.
::::: De acordo com um dito popular, há três coisas que são irrecuperáveis: a FLECHA atirada, a OPORTUNIDADE perdida e a PALAVRA falada. O filósofo e matemático francês Blaise Pascal, afirmava que “a maior parte dos problemas do ser humano é decorrente da incapacidade que ele tem de ficar calado”. Eusinho, tenho este problema!
Nos dias que correm até fico transtornado só de pensar ser acutilante na palavra e, contra gente que nos governa, sabendo de antemão que eles não fazem o melhor. Mas, eu faria melhor? Pergunto-me. E, os dias repetem-se vendo e ouvindo coisas desastrosas da PANDEMIA.
::::: Supostamente apresentamos a nossa verdade; porém, muitas vezes, desprovida do óleo do bom senso. Alguns de nós, dizem o que julgam ou precisa ser dito ou feito, com tanta altivez ou prosápia que os ouvintes ou leitores, nem ligam à mensagem (pensam ser por despeito...).
Sabe-se que, durante a infância, muitos de nós, desenvolvemos uma personalidade por vezes complexada e recalcada ao ser estigmatizada com termos pejorativos. Cada qual terá a sua própria estória - é só uma suposição!
::::: Não haveria tantas reputações destruídas se a palavra maledicente não fosse dita. Há tanta gente que poderia ser curada de suas feridas emocionais e espirituais se tivesse encontrado alguém que lhe dissesse a palavra certa! Então, quanto a política, vou ali e já venho - falo por mim!
Sendo assim, lá terei de referir o livro de Provérbios. tão repleto de conselhos a respeito da palavra oportuna: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” - “A morte e a vida, estão no poder da língua”. Enfim, hoje, final de Janeiro, a caneta veio para este outro lado do azimute... Hoje certamente, encontraremos em nós estas particularidades...
O Soba T'Chingange
 


PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:22
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Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2021
N`GUZU . XXXVI
CINZAS NO TEMPO - Andamos com o credo na boca, motivo de causas alheias e à revelia da nossa vontade30.01.2021
N´Guzu é força (Kimbundo) Crónica 3108
Por    T´Chingange – No Algarve do M´Puto
Ache ou não ache, tenho de aprender a estar alegre e triste em simultâneo, justamente porque num deveras dum ai, num calhas dum entretanto dum agora, se vê que o nosso viver não é assim tão certinho. Orabolas! Mesmomesmo sendo promessa de só assim se poder vislumbrar cantarolando o verbo sarar! Há dias para tudo…
    E, hoje que é o dia do croissant, gostaria de ensanduichar numa prensa essa tal doença com pestanas feitas flores que se apegam, cruzam e recruzam voando átoa. Que avermelhando-se em forma de picos pegajosos, ziguezagueiam nossa quietude sordidamente. Que sem avisar, pode chegar desatravessado de rumo e caridade.
Sendo cristianizado, pode assim mesmo vislumbrar-se a cura sem formalizar um responso feito promessa no tempo e nas voltas dum rosário feito terço com cinco partes de dez avé-marias, antes dos sinos tocarem naquele repique de arrepiar.
  Fazendo da gente um numero como se fora um algoritmo do álem que numa hora, cada qual, num deve de ver e ser – um judas de cada vez, porque o grosso do resto maior, só mesmo com Deus… Pois! Num lamber frio de que o senhor já sabe – viver, é um etcétera, ponto final. Afinal qual é o caminho certo da gente? Foi assim mesmo que perguntei ao Nosso Senhor.
Nem para a frente, nem para trás, foi o que ouvi dum auxiliar acólito, sacristão, coroinha de gasosa sem vulto nem bata ou paramentos, só feito assombração como santo gordo invisível, flutuando, muxoxando na orelha direito - repetir o já ouvido; nem para a frente nem para trás, só para cima!
 Assim mesmo - Pópilas! Disse-me: De agora em diante vou só ser Ah-Oh-Ah; Cumcamano! Cada hora, cada dia, a gente aprende uma qualidade nova de medo. Numa calma pior que sisudez das escuras, engulo cuspo revendo quenturas nas ideias; revendo muito por cima de minhas capacidades: Viver assim, bolas, é um descuido prosseguido.
  Falando assim de atravessado senti que o melhor mesmo, é nem pensar em sentir ficar pior da sorte, assim que nem pulga entre dois dedos. A coisa está das caraças; a gente vive no repetido, no repetido e escorregável, com um minuto empurrando outro, caté que me perguntei: - Pensar na vida. Penso?
E, não dá para entender se o penso é verdadeiro, se falso. Que vida esta de mais ou menos, esponjosa. Bom! Tudo corre e chega tão ligeiro e, o tempo aquietando-se de vagareza; Bom! Sózinhozinho, não estou. Para concluir, revejo-me assim: As pessoas, não nascem para sempre…
O Soba T´Chingange


PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:27
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Quinta-feira, 24 de Dezembro de 2020
A CHUVA E O BOM TEMPO . CXVIII

“CONSOLADOR” EM GREGO, DIZ-SE PARAKLĒTOS ... 24.12.2020

- Cronica 3094 - Controlando minha missão de aguentar a austeridade, disponho-me a gozar mais um dia de sol no M´Puto, nesta beirada sul dum país que já foi metrópole dum Império.

Por

soba24.jpgT'Chingange - no Algarve do M'Puto...

capta0.jpg Nesta quadra natalícia do ano de 2020, aproveito falar um pouco do entrelaçado de malambas (palavras) já faladas entre nós a fim de arrumar os eventos vindouros para que se compreenda o desfecho de nossa estória; nosso futuro mussendo (estória longa). A palavra aqui traduzida como “Consolador” vem do termo grego Paraklētos, relacionando-se ao verbo PARAKALEŌ e, cujo significado é “chamado para estar ao lado de alguém”. Em latim, a palavra correspondente é ADVOCATUS (advogado) - Tudo a condizer...

DIA73.jpg E, na qualidade de Primeiro Ministro do M´Puto, António Costa deu as alvíssaras de Bom Natal ao lado do Presidente Marcelo como se fosse um ET, talqualmente como um Espírito Santo, PARACLÊTUS, vindo duma galáxia distante numa nave "COVID" ... Veio que nem um pirilampo como suposto defensor, conselheiro, consolador, intercessor e mediador das manigâncias em tamanho natural e, metido numa caixa de TV delgada de fina... Que nem um Flash Gordon feito astronauta aterrissa no Palácio de Belém como se estivera no planeta Mongo e, de onde um déspota vírus, ataca a Terra por puro tédio. Com a ajuda de alienígenas, Flash e seus pares, lutam para salvar seu país atacanhado no planeta Terra…

ET2.jpg Assim como numa das passagens do Evangelho de João em que Jesus fez referência ao Espírito Santo, este “Consolador” Primeiro-ministro, parece surgir como o “Espírito da Verdade”. Embora haja textos bíblicos referentes ao Espírito como agente divino de transformação, a ideia de “Consolador” neste evento de diplomacia, trâmites da cortesia portuguesa, nos remete a outros aspectos da função de ADVOCATUS em nosso suposto favor ou desfavor, na vertente de político...

Mesmo com sua ausência física, nós não estaremos entregues à própria sorte porque nos momentos mais difíceis de nossa experiência covidesca sempre surgirá o Marcelo feito Cristo, o homem estrela STAR, Senhor-mor das t´xipalas “selfie”. E, assim o PM-PARACLETO sofredor com seus discípulos se disporá a desafios incontáveis com o beneplácito dele - o Presidente. Isso! Também este, uma entidade, agente de PARACLETO, que veio como como se fora JESUS super STAR.

luua27.jpg Se a consciência me acusar, eles, os dois PARACLETOS, terão de me convencer de algum pecado, para assim me guiar rumo à confissão, arrependimento e, ou perdão! Cá para mim, com estes, estaremos feitos ao bife...

Tenham um Bom Natal!

Publicado em KIZOMBA (Versão I) do FB a 23.12.2020

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:32
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Sábado, 14 de Novembro de 2020
MISSOSSO XXXVI

MEDITAÇÃO DO T'CHING

Crónica 3082Kiçondeando o OLHAR DA FÉ - 13.11.2020

Por 

soba24.jpg T'Chingange -  no M'Puto

sacag9.jpg O que não fazem os seres vivos, mesmos os irracionais, pela própria sobrevivência? Com o passar do tempo, cabras que habitam áreas desérticas de Marrocos tiveram que aprender a subir em grupos na árvore de argan, em busca do fruto para sua alimentação. Na Itália, cabras selvagens foram vistas tentando subir 50 metros de um paredão em busca de alimento. Como seres humanos, também não nos renderemos à possibilidade de morte. Enquanto houver hipótese de viver, não a descartaremos!

picasso3.jpg Kissondeando* sobre muitas picadas percorridas, revejo-me nas vivências porque não o sou, só ossos dispersos. Pensando em kimbundo da Luua recordo falas da terra que afinal não era minha; repeti assim: “ki tuexile tu ngó ifuba iatujunkura” - ainda não somos só ossos dispersos, “ifuba yetu iokune kala jimbuta” - Nossos ossos serão semeados como sementes…

Em 2003, Fernando Ivan Ostrowski tinha 18 anos e estudava na Rússia. Em certa madrugada de Novembro, ele foi acordado pelo som da sirene e, pelos gritos que anunciavam um incêndio no residencial da universidade aonde morava.

deserto1.jpeg Foi o último a acordar, mas, com muita serenidade e acalmando os demais, ele não hesitou em pular do quinto andar. Tendo a queda amortecida pela neve, mesmo assim sofreu alguns ferimentos. Com essa atitude, escapou da morte, que ceifou 36 estudantes nessa ocasião...

E, foi em um barco prestes a ser tragado pela tempestade que John Newton se libertou da vida imoral em que havia mergulhado. Na ocasião, clamou por socorro e foi ouvido. A força da fé tem milagres inexplicáveis; decerto, cada um de nós tem passagens desconcertantes em sua vida...

Mas, a incerteza faz parte de nossa natureza! "Senhor, se és Tu, manda-me ir ter Contigo, por sobre as águas!” Era este o clamor de Pedro, o pescador, discípulo de primeira linha de Jesus, o Nazareno.

intifada0.jpg Assim está escrito na Bíblia e, não se tratava de um teste! Ao convite de Jesus, Pedro começou a andar como em terra firme, até que o erro de desviar o olhar para a força do vento por pouco não o destruía. Eu, que já tive muitos kixibus, entendo que as dificuldades de meus, nossos ancestrais também kubasularam lumbus mal explicados e, conhecendo bem a ciência dos calundus, espantaram  maus olhados desses defuntos espíritos da Yanda.

Sem o olhar de fé, morreremos afogados no mar do medo e da dúvida. Claro que ao longo dos anos, as falas e os desafios mudaram; uma grande parte de nós não quer seguir estas parábolas e, todos se julgando sábios ou descrentes, atiram por terra ensinamentos úteis...

dia32.jpg Podemos assim rever isto para e, como aquele ditado popular que diz: "querendo, os homens movem montanhas". É certo que Pedro, o pescador, corria o risco de naufrágio no caminho proposto mas, ao convite de Jesus, começou a andar como em terra firme...

Repito: Sem o olhar da fé posto em nossa vida, morreremos afogados, não na água mas num mar do medo; medo da dúvida, medo de tudo... Creia ou não num qualquer Deus em que acredite, faça a sua parte e, não ponha em dúvida que o que tiver que acontecer vai acontecer... Mas e, sobretudo, não coloque outros em risco... Senão o bicho pega!

Glossário

Kiçondeando: andar como a formiga quiçonde; kixibus:- cacimbos, estação fria; kubasular:- passar bassula, dar a volta por cima; lumbu:- descendente por parte do pai; kalundu / kilundu: cerimónia de chamar os espíritos ao culto; Yanda: lugar especial, região pambun´jíla   

O Soba T'Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:16
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Sábado, 7 de Novembro de 2020
A CHUVA E O BOM TEMPO . CXIV

MEDITAÇÃO DE T'CHING

Cronica 3077 - Nós e, o deserto... 06.11.2020

Por

soba24.jpg T'Chingange, no Algarve do M'Puto

step6.jpg É na escola do deserto que aprendemos as mais profundas lições de vida. Já tive oportunidade de atravessar o Calahári e senti a profundidade dessa vastidão; senti um milagre acontecer quando o carro que conduzia foi deslocado não sei como para o lado certo, evitando um acidente de morte e, éramos cinco - a família mais um...

A palavra hebraica para deserto é midbar e tem a mesma raiz da palavra dabar, que é “falar”. Isso é muito interessante, porque o deserto é um lugar em que a Natureza fala... Não vem mal ao mundo, dizer que a Natureza é Deus...

nauk01.jpg Revendo o tempo antigo, Moisés sabia bem do que estava falando, porque passou muito tempo no deserto. Não sei explicar direito mas, meditando nas distâncias sem vivalma, um qualquer de nós se sentirá confuso feito um pequeno grão de areia, um nada na imensidão, uma ilusão...

Você já deve ter escutado falar que a vida de Moisés foi dividida em dois períodos de 40 anos. Ele passou 40 anos aprendendo com os homens no Egipto: 40 "desaprendendo" no deserto e aprendendo com a Natureza; 40 conduzindo um povo difícil e obstinado pelo deserto. Portanto, ele passou 80 anos no deserto. Eu, pouco mais que 8 X 8 dias...

nauk9.jpgO Eterno nos leva ao deserto para nos humilhar, nos provar e nos dar entendimento tal como a Moisés que sabia bem do que estava falando... No deserto, o silêncio é tão profundo que somos capazes de ouvir a própria respiração. Ali, a Natureza consegue cativar nossa atenção para as coisas mais simples. Lá você aprende a calar-se e, ficar a sós esperando para ouvir o que ela lhe quer dizer.

Eu, ia a uns 180 kms em contramão, estrada de areia com terra quase feita pó e, naquela recta a perder de vista surge outro carro. Terra solta de difícil manobra de direcção e, inexplicavelmente sou levado para a esquerda, lugar certo na condução. Não sei como - aconteceu!

nauk3.jpg Agora, tantos anos passados, relembro o deserto como sendo o lugar da acção de Deus na vida de Seus filhos; assim leio e, assim recordo! Para Moisés, o propósito é nos deixar humildes. Algumas vezes, a Natureza tem que passar a rasteira em uma pessoa a fim de que ela seja capaz de olhar para cima.

0 destino põe-nos no deserto para nos refinar e não para nos destruir. Será este o Deus a que chamo de Natureza? No deserto, Moisés teve que aprender que não era ninguém. E, a partir daí também eu, senti isso mesmo. No Egipto , Moisés  achava que era alguém importante, respeitado, admirado.

nauk2.jpg Ele passava, e todos se inclinavam diante dele. Ovelhas não fazem isso; diz-se até que elas são animais pouco inteligentes. No deserto, ele teve que aprender a viver com pouco. Suas roupas luxuosas que usava nas cidades não combinavam com a simplicidade de seu novo trabalho de pastorear.

Se você está passando hoje por um deserto, provavelmente também pensarará “Não aguento mais isso!” - Entretanto, será bom não perder de vista a principal lição do deserto:  *0 destino põe-nos no deserto para nos refinar e não para nos destruir*

charula.jpgFoto: Angola - Revista 'NOTÍCIA', n. º 381, de 25 de Março de 1967 (A morte de João Charrula de Azevedo)

Nota: O título destas crónicas começaram faz muito tempo pela mão de Charulla de Azevedo na revista Notícia da Luua – a Luanda doutros velhos tempos,  Mu Ukulu esquecido no tempo... 

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:40
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Terça-feira, 3 de Novembro de 2020
FRATERNIDADES . CXXIX

ANDO ENKAFIFADO – OPÇÕES DE VIDA

Crónica 3076VIVÊNCIAS DE CANHOTO 03.11.2020

kimbo 0.jpgAs escolhas do Kimbo

Por: António José Canhoto

mulata1.jpg Uma traça invisível corrói a minha mente fazendo-me perguntas às quais não sei responder porque para as respostas às verdades com as quais sou questionado não as tenho, e as poucas que conheço são relativas. O paraíso celestial não existe é uma ilusão, e quando alguém o atinge é sempre na terra e por breves momentos, e não depois de morto. O eterno, é tudo aquilo que dura uma fracção de segundo, mas que nos violenta com tal intensidade que se petrifica, e nenhuma força jamais resgata esse eterno da nossa mente ou coração que pode ser conseguido a solo ou partilhado. Se eu pudesse ter aprisionado em cativeiro os momentos mágicos e inesquecíveis que vivi para os reviver seria pura magia. Morrer é comoventemente difícil, mas a ideia de ter de morrer sem ter vivido deve ser insuportável.

Há alturas em que não me importo que me roubem o mundo desde que me deixem saborear e viver o momento. Atingi um estatuto na minha vida que já não me preocupam os grandes atractivos e sedutores corpos, mas sim as grandes mentes. Como a palavra é muda para quem não quer ouvir, não perco o meu tempo a dialogar com quem pensa já tudo saber. Muitos me criticam por ser diferente, mas eu gozo com isso por estes serem todos iguais. Loucos como eu vivem pouco mas vivem intensamente como não houvesse amanhã, pois eu apenas herdei a vida e não a eternidade.

balba1.jpg De repente tudo na vida vai ficando simples quando atingimos um determinado estágio mental. A gente vai perdendo grande parte das nossas qualidades e necessidades e ter apenas saúde, paz de espírito, independência e liberdade já me deixa feliz e contente. Reduzimos a bagagem, as opiniões dos outros tornam-se irrelevantes. Vamos abrindo a mão de certas certezas, pois já não temos a certeza de nada, bem como de certas verdades que depois de uma vida constatamos serem mentiras. Paramos de julgar, pois já não existe certo e errado, cada um escolhe o seu caminho desde que o percorra sorrindo e feliz. Por fim acabamos por concluir que o mais importante na vida é, vivê-la sem medos em independência física e mental fazendo apenas aquilo que nos dá gozo e prazer.

O sistema educacional religioso e académico foi inventado por esta sociedade medievalista e apodrecida para servir os seus próprios propósitos de cumplicidade entre ambos. O sistema perpetua-se não para nos ajudar, e esclarecer, mas sim, para nos manter na servitude humana. Sejam quais forem a origem dos mitos e lendas cujas raízes remontem á antiguidade, ou ao aparecimento de humanos programados com fins obscuros, manipulativos e com dons oratórios de persuasão e o poder populista de influenciar os nossos sentimentos, emoções, pensamentos e actos, explorando as nossas fraquezas é assustador.

ximbica2.jpg A linguagem política e religiosa destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e os crimes e assassinatos cometidos se tornem respeitáveis. Aconteceu com o catolicismo na época da inquisição e acontece hoje com os radicais Islâmicos. Aceitar opiniões e teorias sem evidências é o mesmo que entrar num táxi conduzido por um cego e dizer-lhe que o destino é a verdade. Todos nós nascemos, puros, livres e imaculados, aquilo que nos deixa nódoas para a vida inteira são as escolhas que terceiros fizeram sem a nossa permissão e nos manchou o cadastro.

A impermeabilidade da estupidez humana e da ignorância que com ela viaja atrelada, leva-nos a pensar que estes deficientes mentais, sofrem de uma patologia de não conseguirem viver com a realidade, enquanto que, a ilusão se agiganta dentro das suas mentes levando-os a conceberem realizar actos inconsequentes morrendo com eles como mártires. Só podemos prometer acções, mas não sentimentos pois estes são involuntários. Quem faz promessas de amar, odiar ou ser fiel para a vida inteira mente descaradamente pois promete algo que não está no seu poder controlar. Nunca brinque, hostilize ou ignore o tempo; com ele nós amadurecemos mas também apodrecemos bem depressa e quando caímos da árvore tornamo-nos em lixo descartável. Na solidão só existe um risco: é nos apaixonar por ela e tornarmo-nos celibatários ou misantropos. A grande maioria das pessoas tem um preço para se vender por notoriedade, amor, carinho, respeito, sucesso ou dinheiro, olhe para si e veja qual o seu preço de mercado se é que pensa ter algum que interesse a terceiros.

dia95.jpg Há uns anos que fugi refugiando-me na solidão, pois comecei a sentir-me uma ilha por estar rodeado de tantos idiotas e estúpidos que me cercavam por todo o lado picando-me com as ferroadas da sua ignorância e dependências mentais que os escravizavam a mitos demasiado pequenos e anões para o meu gosto. Seres superiores exigem muito de si, enquanto seres medíocres exigem muito dos outros. Pessoalmente não gostaria de me sentar numa sala e ver o filme de tudo o que fiz ao longo da minha vida, muito possivelmente vomitaria ou sairia a meio do filme nauseado, especialmente durante o período dos 25 até aos 50 anos. Sempre desvalorizei as críticas ou argumentos sobre determinados temas especialmente os religiosos que desqualificam as pessoas por não terem um conhecimento profundo sobre o assunto em debate.

Invariavelmente a grande maioria das pessoas formam as suas crenças não baseadas em evidências mas sim como resultado da sua doutrinação. Daí todas elas não passarem de marionetes puxados pelos cordelinhos da religião, ideologia política ou fanatismo clubista. Pense que na vida quem não é verbo, não tem sujeito, passando a ser objecto do verbo alheio. Em crianças engolimos de uma vez inteira a mentira religiosa disfarçada de verdade que nos acompanha até ao caixão, enquanto durante a vida as gotas da verdade se tornam amargas e difíceis de engolir. E para terminar o texto de hoje aqui vos deixo para meditação o seguinte: Nós todos somos luz e escuridão em maior ou menor escala, e quem não compreender esta dualidade, desconhece-se a si mesmo.

António José Canhoto. - 20-8-2020

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:29
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Segunda-feira, 2 de Novembro de 2020
A CHUVA E O BOM TEMPO . CXIII

MEDITAÇÃO DE T'CHING

Cronica 3075 - PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS - 31.10.2020

Por

soba002.jpg T´ChingangeNo Algarve dp  M´Puto

cinzas4.jpg Hó gente -  guardai-vos dos que gostam de andar com vestes escapulárias nos lugares de banquetes e, devorando a palavra para justificar seus princípios. Isso! Da malamba (palavra) de dissimulada aparência de piedade sem lógica plausível. Daqueles que para seu "ego" buscam impressionar pessoas pelas aparências. Falácias políticas - de quem tem o poder ou, de outros com recursos a o poder ter.

Pois! Também das pessoas que nada têm com que chamar a atenção, para além do mero barulho que fazem, semelhante ao de uma lata vazia que só raspam sons, que fazem barulho...

helder12.jpg Sons que rolam na contramão da vontade daqueles que, supostamente, apenas ensejam conquistarem a simpatia do povo. Povo que só quer ficar submisso às suas tradições.

É aqui que nos deparamos com a "vaidade" - vaidade ostentada até por líderes religiosos contraponto o brilho da autenticidade do escrito: “Aprendam de Mim, porque sou manso e humilde de coração”...

A propósito, o termo “vaidade” tem origem nas palavras latinas vanitas, vanitatis, significando vacuidade, vazio. “Como espuma de sabão” que, “quando circula pelo ar, se mostra preciosa'.

duardo0.jpg Vaidade - a luz externa que imprime brilhos fantasiosos, atractivos e bonitos mas que dentro, nada contém. Em um instante, “plaf”, rebenta, desaparece. Converte-se no que sempre foi: - “nada”.

E, há infelizmente, muita gente assim. Gente que ocupa os primeiros lugares em eventos honoríficos; gente condecorada, que recebem saudações como se o fossem: ilustres. Não! Não sigam aqueles que adoptam esses comportamentos...

dia63.jpg Tão enganoso é o coração, que precisamos atentar para os reais motivos de nossos actos, de modo que não escorram por entre os dedos motivações secretas, impróprias, que normalmente, até tentamos esconder...

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:13
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Sexta-feira, 25 de Setembro de 2020
FRATERNIDADES . CXXVII

ANDO ENKAFIFADO – OPÇÕES DA VIDA

Crónica 3061 - MEDITAÇÃO DO T'CHING - 24.09.2020

soba002.jpg T'Chingange - no Al Garbe do M'Puto

rosa 1.jpg A ambiguidade e a incerteza, foram sempre características do ser humano e, só os poetas transformam estas minudências em força. Eles, os poetas, acalentam sonhos e planos para a nossa sociedade utópica mas, e, ao invés de verem, eles usam o olho do seu templo, o olho de sua intelectualidade.

Com sua fantástica estrutura, o olho foi definido pelo neurocientista Mark Bear, em seu livro Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso, como um “órgão especializado para a detecção, localização e análise da luz”...

roxo3.jpg Pelos olhos se identifica o caminho pelo qual as imagens se transmitem ao cérebro. Nessa interacção olho-cérebro, somos capacitados a ver todas as coisas. Desde a antiguidade que o poeta intelectual, assumiu esse papel em nossa sociedade.

E, é assim que entram em nossas vidas formatando nossa vulgar e comum vida em um "mercado público de ideias" usando sonhos, até por vezes o sofisma transcendendo ideias e, como se o fizessem na mágica proporção, por amor à verdade e à justiça...

roxo79.jpg Porém, há riscos. Que tipo de imagens, das incontáveis entre as captadas, permitimos serem gravadas no excepcional computador que é nosso cérebro? Eles, os poetas, socorrendo-se por vezes de um sentido crítico, recusando por norma as formas simples...

Recusam ideias prontas, feitas para consumir e colaborações complacentes com as acções daqueles que detêm o poder ou mesmo outros espíritos, não se esfarelando em pacifismos também por o serem, testemunhas críticas do seu tempo... Sim! Tudo parece uma contradição...

roxo81.jpg O verdadeiro intelectual, é um fabricante de consensos nos quais nós nos demoramos em admiração? Pois! Certa ocasião, o Padre Antônio Vieira disse que “a maior graça da natureza, e o maior perigo da graça, são os olhos. Duas luzes do corpo,  dois laços da alma”...

Quem tem dois olhos encherga a profundidade  por estereoscopia. Por uma fresta apenas pode ver um plano sem profundidade. Nessas duas “janelas da alma”, pode também entrar o brilho embaçado convidativo ao desvario; o padre Vieira defenia isso por pecado mas, eu que estudei trigonometria, ângulos e rectas, sei que o pecado, ou a graça da luz divina, cabe-nos na decisão de usar o cérebro, o templo, o tal olho invisível que se diz ter cor púrpura...

roxo94.jpg Agora, com ou sem pecados, travamos um combate incessante contra os poderes das trevas (um tal de vírus cvid 19 ). A mente é o campo onde a batalha será decidida para o bem ou para o mal. Mas, o problema vem dos outros  que nos transmitem  a treva e, aí estamos ou estaremos tramados, mesmo sabendo que a hipotenusa é a raís da soma do quadrado dos catetos... Isto pró vírus, já era! E, os poetas só podem vaticinar...

Nela, todos os dias se processam milhares de pensamentos e pequenas decisões que determinarão através de que mecanismos intrincados, tudo o que os sentidos captam (odores, sons, imagens) causa impressões indeléveis na mente. Essas impressões que comandam os sentimentos, ditarão nossa escolhas direcionando as decisões... Impressões que comandam hoje os sentimentos e, queiramos ou não, ditam  a actual Intoxicação Digital...

roxo53.jpgIlustrações de Assunção Roxo

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:20
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Domingo, 13 de Setembro de 2020
CAFUFUTILA . CXXX

TEMPOS DE 100KIBOM. O Pão, a vida e NOÉ ... Divagações do T'Ching – Crónica 3058

– PARALÉM DA JUSTIÇA... Dois pesos e duas medidas

Por

soba002.jpg T´Chingange No M´Puto, Al Garbes

Cafufutila / kifufutila: Farinha de bombô com açúcar; Kibom é um sorvete do Nordeste brasileiro…

roxo3.jpgÀ expressão “dois pesos e duas medidas”, frequentemente mencionada no contexto dos negócios e relacionamentos do dia-a-dia, atesta que as pessoas em geral estão muito distantes desses nobres princípios... “Usem balanças de pesos honestos, tanto para cereais quanto para líquidos, foi dito no capítulo de leis do livro dos livros, que visavam proteger os direitos dos pobres, trabalhadores, surdos, cegos e estrangeiros lá no antigo mundo com Moisés anunciando ordem ao povo...

roxo10.jpg2 Assim como nesse tempo, também hoje nenhum privilégio concedido à nação justificará o tratamento discriminatório de qualquer cidadão – A distância mínima de dois metros serve para não se lançar kifufutila nos olhos, boca, nariz e orelhas dos outros. Assim o deveria ser mas, na prática, a verdade fica debilitada logologo na acção da justiça hodierna... A missão de justeza naqueles idos tempos, incluía a todos. Pessoas de qualquer origem deveriam ser amadas e acolhidas pelos donos do mando a fim de que fossem atraídas ao verdadeiro exemplo. Eram valores a respeitar...

ROXO18.jpg 3 Havia uma razão pela qual os israelitas e outros senhores, governadores e imperadores, deveriam ser honestos no trato com o semelhante: Isso era tudo para um povo que desejava fazer diferença e honrar seu nome em libertado. Não podemos hoje esquecer-nos desse princípio de valores. Se entre nós não pudermos encontrar justiça e integridade, onde e aonde poderemos considerar haver condições no mundo global em que, não desprezem esses valores? Sim! Aonde…

ara3.jpg4 Afinal, quando é que iremos ter "uma boa medida, calçada, sacudida e transbordante? Isso! Quando é que que esses “Paraísos Fiscais” serão alento para perpetuarmos a raça humana e, não somente, alguns. Usando esse antigo linguajar, qual a medida a usar para todos nós, que somos tantos, muito mais que muitos!? Como nos vamos medir... Alguns acreditam que a medida original do pé inglês era a do rei Henrique I da Inglaterra, que tinha um pé de 30,48 cm. Pois então, teremos em dois metros, 78,777 polegadas ou 2,18 jardas. Mas, será pelos pés, pelas mãos, pelo pensamento pelas acções? Não! Talvez pelo dinheiro, que tudo tende a comprar...

arau162.jpg5 A expressão comum no comércio oriental, “medida calçada, sacudida e transbordante” indicando que aquilo que fosse pesado ou medido deveria ser prensado, sacudido e, de modo que transbordasse do recipiente para benefício de quem receberia... Esses antigos tinham sua forma de pensar com retorno garantido: “A medida que usarem também será usada para medir vocês.” Pois! Eu, em tempos calçava a medida de sapato 73 mas, minguando, já só calço o 72 e, de unhas cortadas...

araujo102.jpg6 Normalmente, associamos estes princípios às questões materiais mas nesta fotografia falada teremos de não esquecer que para além de negociar, trocar, comprar e vender coisas, há virtudes e valores espirituais e fraternos a compartilhar de justiça e generosidade... Coisas dadas ao abandono! No choque do presente, um mundo imperfeito, também muito redondo nos silêncios, acho melhor nem referir o nome do patrão, do chefe ou do presidente. Eles são políticos e comem na mesma gamela… As circunstâncias medrosas não permitem que abra uma frente de guerrilha sem haver razões independentistas.

Ilustrações de: Assunção Roxo -1.2.3 e Mano Corvo Costa Araújo - 4.5.6

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:16
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Sexta-feira, 21 de Agosto de 2020
FRATERNIDADES . CXXVI

ANDO ENKAFIFADO – OPÇÕES DE VIDA

- O tempo não passa pela amargura mas, a amargura passa pelo tempo… 21.08.2020

- Os humanos de hoje são bem piores que seus antepassados. Põem os filhos nas creches, os pais nos asilos e vão passear os cães para os porem a cagar e mijar nas ruas…

 t´chingange 0.jpgAs escolhas de T´Chingange

Porcanhot3.jpg António José Canhoto (Diniz Costa) a 20-08-2020

arau44.jpg (C.A.)OPÇÕES DE VIDA - O ter-se liberdade já é um direito à desigualdade, pois a pior desigualdade e fazer duas coisas diferentes iguais. Em princípio a igualdade repugna o homem, pois o maior empenho de cada um é distinguir-se e notabilizar-se para se desigualar. A igualdade pode ser um direito democrático e constitucional, mas não existe poder algum sobre a terra capaz de a tornar numa realidade. Em teoria podemos concordar que todos somos iguais, contudo na prática, só alguém insano pode pensar ser possível aplicar essa igualdade.

Deixe de pensar como o escritor Alexandre Dumas no seu livro os 3 Mosqueteiros os quais tinha a máxima: “Um por todos e todos por um”. Nesta nossa vida e mundo de antropofagia cada um tem de ser por si próprio num salve-se quem poder, numa selva em que os mais fracos são “comidos” e escravizados pelos mais fortes economicamente. Ninguém virá ajudar a levantar aqueles que tropeçam e caem ou salvar, se estiverem a afogar-se. Saia da sua torre de marfim pela porta ou pule pela janela, mate o dragão que o atormenta, acorde sem um beijo ou um abraço, faça-se refém de si mesmo e arreganhe os dentes, vá bem armado para a luta e mostre ao mundo quem é o lobo mau, mate a avozinha e faça amor com a netinha.

Avillez2.jpg - As nossas existências resumem-se a um período que se prolonga entre a nascença e a morte, ou dito de outra maneira, é um lapso de tempo que acontece entre duas eternidades de escuridão. A primeira acontece desde a data da inseminação dentro do útero das nossas mães, e a outra quando fisicamente deixamos de existir e de novo partimos para a eterna escuridão. Aprenda a fazer falta e a sentir-se desejado. Nunca lute por espaços na vida de ninguém e muito menos se diminua para lá caber.

O maior medo da humanidade é abrir a cortina do conhecimento e descobrir que tudo o que acreditava nunca existiu. Tudo o que ouvimos são opiniões e não factos comprovados. Tudo o que vimos são perspectivas, não são verdades ou realidades. Não perfilho da filosofia niilista como resposta adequada para a vida quando a mesma foi celebrizado pelo filósofo Friedrich Heinrich Jacobi. Contudo o seu conceito da negação de qualquer crença religiosa, social ou política agrada-me quando a sua finalidade se destina a obter um estado de consciencialização pessoal maior, mais adulto e evoluído.

roxo91.jpg(A.R.)Pessoas certas e perfeitas não existem. Todos nascemos mais ou menos errados e imperfeitos, mas só os conscientes e racionais procuram ao longo dos tempos ter consciência dos seus aspectos negativos e aperfeiçoá-los. Todos somos os lapidadores do nosso próprio diamante em bruto tal como nascemos. Há uns milhares de anos atrás, éramos apenas humanos ou em evolução para a obra de arte que hoje somos.

 A partir do momento que evoluímos e permitimos que a raça nos tenha desligado, a religião separado, a politica dividido e o dinheiro classificado, passámos a ser mais imperfeitos devido aos preconceitos que adquirimos do que à inocência que nos caracterizava há milhares de anos atrás. Os humanos de hoje são bem piores, põem os filhos nas creches, os pais nos asilos e vão passear os cães para os porem a cagar e mijar nas ruas e muitos dos energúmenos dos seus donos nem os dejectos apanham. Um amigo meu dizia com alguma propriedade, a vida é um cu, e cada um tem o seu.

araujo172.jpg (C.A.)Uns sujos outros limpos. Mas nenhum é perfeito pois todos fazem merda mais tarde ou mais cedo. Se alguém matar para roubar um automóvel é errado. Mas se alguém matar o ladrão para o recuperar já é legítimo. O direito de matar para recuperar a nossa propriedade torna-se mais valioso do que a sagrada vida do ladrão. Ando a pensar em comprar uma bicicleta mas pensando bem, isso será um desastre para a economia do meu país. Evita que eu compre carro, faça financiamento ao banco e pague juros, não compre gasolina que o governo taxa de forma injusta e insana, não precise de alimentar mecânicos pagando-lhes 50 euros por hora de mão-de-obra.

Não preciso de seguro nem de pagar estacionamento. Não fico obeso devido ao exercício físico, antes pelo contrário, fico saudável, não pago a médicos privados nem às farmácias, medicamentos que não preciso. Faça a experiência de tentar mergulhar dentro de si mesmo e veja se morre afogado em conhecimento ou de sede pela ignorância e consoante o seu diagnóstico reabilite-se fazendo os ajustamentos necessários. Deve ser tremendamente triste e sentindo dó de nós próprios quando se nasce, vive e morre com a sensação de nunca termos existido, porque quando olhamos para trás ao rasto que deixamos na nossa passagem pela vida apenas encontramos vazios e espaços brancos e, longos demais porque nunca foram vividos. 

roxo90.jpg (A.R.) - A vida não condiciona nem coloca barreiras a ninguém; é como um mundo sem fronteiras, e os únicos limites que você pode encontrar são os pensamentos limitativos dentro da sua mente os quais se podem tornar nos seus piores inimigos. Evite as pessoas que para lhes explicar algo precisa de desenhar, mas mesmo assim ainda necessita de explicar o desenho e finalmente para que a compreensão seja feita ainda terá de desenhar a explicação. Existem duas coisas importantes na nossa vida que moram dentro de nós: O motivo e o momento. Teremos várias vezes o mesmo motivo, mas nunca o mesmo momento, pois estes são irrepetíveis quer seja para nos deixarem recordações inesquecíveis ou por serem tão negativas que sentimos a necessidade de as obliterar da nossa mente de imediato.

arau1.jpg (C.A.) -E para terminar este meu texto aqui vos deixo uma história que me foi contada há muitos anos mas que jamais a esqueci. “Dizem que antes de um rio entrar no mar, ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada que percorreu, para os cumes, montanhas, planícies e vales sinuosas que trilhou através de países, cidades e vilas e vê á sua frente um oceano vasto e profundo onde vai desaguar e desaparecer para sempre. Não há maneira de o rio poder retornar para a nascente, assim como ninguém pode atravessar a água do mesmo rio duas vezes duas vezes. Voltar atrás é impossível na existência de um rio ou pessoa. O rio precisa de aceitar a sua natureza e entrar no oceano. Somente ao fazê-lo o seu medo se irá diluir, porque apenas nessa altura o rio saberá que não se trata de desaparecer, mas sim, em ele se tornar em oceano também.

Ilustrações de: Assunção Roxo (A.R.) e Mano Costa Araujo (C.A.)

António José Canhoto… 20-8-2020

 



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Quarta-feira, 1 de Julho de 2020
XINGUILA . I

FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA - Foi em Olinda de Pernambuco no Brasil que vivi o MARACATU 01-07.2020

Crónica 3034 - Li algures que KALUNGA é o plural de lunga ou malunga mas, tanto quanto pesquizei, Kalunga é um elemento sagrado do Candomblé de Pernambuco…

Por

soba03.jpg T´Chingange – No Sul do M´Puto

- Xinguilar: Palavra angolana que significa entrar em transe em um ritual espiritual, geralmente ligado aos cultos nativos dos ancestrais e Nkisi / Mukisi. 

olinda2.jpg Xinguilado assim, qualquer um de nós pode ser qualquer outra coisa mas, quando é então que nossos comportamentos transvazam a fronteira da vida em uma excêntrica mentira? Porque há quem nunca mate a criança que existe dentro de si e, que por vezes rompe seu equilíbrio de propósito sem um qualquer filtro ou sem se aperceber.

Se me raparem as sobrancelhas com o pretexto de extinguir a caspa, minha cabeça pode muito bem transformar-se numa espécie de volume branco de manequim, aonde sobre esta, se pode pintar uma qualquer outra figura que não a minha.

olinda4.jpg Posso alisar meus cabelos untosos ao jeito de malandro lá dos finais de 1930, fingir-me num boi sagrado, coisas do “bumba meu boi”, com sua inebriada e sagrada figura mudando disto de ser-se homem para mulher como quem muda de camisa, puteando-me como as madames de fina estirpe e, sempre nessa sua estrema segurança que no tempo se transparecem de arrogância ou egoísmo. Nem importa porque num repente sou Eva a mulher de Adão, o mesmo casal que mutilou a única condição de vida que Deus lhes impôs, não comer uma tal fruta, poderiam faze tudo o mais e, eles desrespeitaram comendo o fruto proibido. Haka! Nosso mundo começou mesmo muito mal!

Foi em Olinda de Pernambuco no Brasil que tomei de novo, contacto com o termo genuinamente angolano. As expressões culturais ameríndias e afros diluídas no sangue latino e africano, colonizadores e escravos cozidos no grande caldeirão genético do Brasil com os pretos, pardos, mulatos, cafusos, caboclos, matutos e mazombos.

araujo114.jpg Também há mamelucos e mazombos que originaram um maracatu muito característico no carnaval de Olinda, altura mais certa para extravasar coisas incubadas nas frinchas do tempo. No espectáculo carnavalesco surgiram ao longo dos anos nomes que mais pareciam ser dos Dembos ou do Kwanza de Angola tais como "os Xurimbas", "os Muximas" ou " as capotas ou o papa-angu"

Tanto o quanto pesquizei, Kalunga é um elemento sagrado do Candomblé de Pernambuco, Brasil, e simboliza uma rainha morta, talvez a N´Zinga mas, simbolizada em verdade numa "boneca de cera do Maracatu". Em 1932 surgiu um grupo Kalunga com o nome de "Homem da meia-noite", fruto do maracatu nação; algo inspirado a partir do culto Bantu, da língua Kimbundu e Xhosa. No carnaval esta figura é feita de barro, palha, madeira ou cera.

monangambé.jpgReferem alguns pesquisadores que pode ser o nome dado a carregadores desclassificados de carrinha de caixa aberta mas, eu a estes chamo de monangambas ou monangambés. Este termo de Calunga, significa irmandade, fidelidade, a amizade feita divindade, uma boneca de encantar a quem se quer bem. Este misticismo colado com superstição, foi trazido de áfrica pelos milhares de escravos.

Conforme o "baque" ou batida, existem dois tipos: Baque Virado (Maracatu Nação) e Baque Solto (Maracatu Rural). O primeiro, bastante comum na área metropolitana do Recife, é o mais antigo ritmo afro-brasileiro; e o segundo é característico da cidade de Nazaré da Mata a Norte de Pernambuco.

Com ritmo intenso e frenético, teve origem nas congadas (que vem de Congo), cerimónias de coroação dos reis e rainhas da Nação Negra. Na percussão chama-se a atenção os grandes tambores, chamadas alfaias que são tocados em baquetas especiais para o instrumento. Estes dão o ritmo ou o baque da música e são acompanhados pelos caixas ou taróis, ganzás e um gonguê ou agogô.

periferia.jpg Há poucos anos houve um movimento sociocultural em Recife que fundiu o ritmo maracatu com a influência da música electrónica. Assim surgiu o movimento Manguebeat, criado por Chico Science, um maracatu moderno. Outras referências são a Nação Zumbi, a Mundo Livre, a Mestre Ambrósio, entre outros seguidores do movimento.

O Soba T´Chingange

 



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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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