CONHECER MELHOR O BRASIL – CANDOMBLÉ
1ª Parte - Crónica 3407 – 29.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Na passagem do século XIX para o XX, os etnólogos definiam o Candomblé como sendo a única forma organizada baseada na mitologia Jeje-ioruba, do que se conhecia do fetichismo africano na Bahia. Numa nova perspectiva poder-se-ia definir o candomblé como uma das maiores instituições religiosas criadas pelos afro-brasileiros na Bahia desde o início do século XIX quando pela primeira vez foram feitas referências à expressão em documentos policiais.
Em certos bairros das cidades, aonde contavam com a cumplicidade dos vizinhos próximos a quilombos urbanos e cortiços de libertos ou fujões associados a líderes de rebelião, que podiam estar relacionados a irmandades católicas, inicialmente formadas por africanos.
Era surpreendente a extraordinária resistência e vitalidade dessas crenças chamadas de africanas, especialmente depois da abolição de escravidão no ano de 1.888. Observou-se ainda que os candomblés em geral atraiam pessoas importantes a despeito de constantes reclamações da imprensa e medidas repressivas das autoridades.
Gente ligada a questões sociológicas, afirmavam nesse tempo que os candomblés, iriam permanecer por longo tempo, mesmo depois do desaparecimento dos velhos cotas africanos. No século XX, ressurgiram velhos candomblés modificados, confirmando as previsões tornando-se até uma das maiores manifestações de religiosidade afro-brasileira e uma das bases de afirmação de uma identidade especificamente afro-baiana.
Se os candomblés partilham muitas características comuns, como o culto aos orixás e santos católicos, a execução de uma série de festas, iniciações, incorporação de santos e obrigações através de seus ritos, ritmos, cânticos e tambores sagrados. Ritos que cada qual possuía vida e história própria, assim como segredos invioláveis.
Embora o termo candomblé apresente evidente filiação linguística ao mundo africano banto, os seus terreiros podiam identificar-se como herdeiros de diferentes tradições africanas, apresentando certas fontes culturais comuns como o “queto” pertencente ao que se costumava chamar de cultura “nagõ”; a mais influente nos candomblés.
A tradição de Daomé originou o “Jeje” enquanto Angola fez sobressair a cultura banta. Por muito tempo, os antropólogos e membros do “povo santo”, defenderam a tese de que os candomblés nagõs, foram os que mantiveram a forma mais autêntica das tradições africanas na Bahia. Isto implicou a construção de uma hierarquia entre os candomblés com alguma desvalorização de outras práticas religiosas afro-brasileiras.
Estas, foram relegadas ao campo das “ inferiores misturas” por veze rotuladas de sincréticas – que combinam princípios de diversas doutrinas ou de concepções heterogéneas. Entretanto diversos estudos evidenciaram o quanto esta auto-identidade “pureza” resulta de uma recriação de identidade do próprio grupo, fundamentais para legitimarem seu prestigioso culto, assim como para a solidariedade da “família-de-santo”.
(Continua)
O Soba T´Chingange
A NUDEZ DA VIDA – O MPLA DA LUUA inventava a maka!
Crónica 3406 – 28.05.2023 na Pajuçara de Maceió - Brasil
Por T'Chingange – (Otchingandji)
A história é fundamental para a compreensão de nós mesmos enquanto imaginamos constantemente como tudo poderia ser diferente, melhor no futuro. Tem a função de nos fazer lembrar o tempo todo do que fomos e somos capazes; do que aconteceu de uma certa forma e que nunca deveria ter acontecido daquele modo. Compreender a história requer o minucioso trabalho de reconstrução dos factos e, escalpelizar por meio de estudos de documentos, tratados, acordos, actas, crónicas, decretos de lei, e posturas, para daí não se enveredar pelo pendor especulativo ou inventivo para outras periclitãncias.
Quantos e quantos tratados ou acordos assinados pelas partes não foram depositados logo no dia seguinte no caixote do lixo – e, tudo feito por gente dita responsável. Militares de alta patente que garantiram quase com juras, que tudo; tudo seria feito em conformidade. Estou a lembrar-me do Acordo de Alvor assinado pelos intervenientes da descolonização na Penina (MFA,MPLA, UNITA e FNLA) obedecendo às cláusulas desse tal de MFA – Movimento das Forças Armadas do M´Puto. Nada foi cumprido como estava formatado na Angola de há 49 anos atrás…
As feras foram largadas das jaulas com a lei 7 barra 74 do MFA. E, agora vamos fazer o quê para o M´Puto!? As NT - Nossas Tropas já não eram nossas. Davam cunhetes, canhões e até carros de combate numa perfeita cooperação de entreajuda FAP- FAPLA mandando prólixo os acordos de Alvor, assinados na Penina. O MPLA da Luua inventava a maka! Inventava os pioneiros! Depois o Poder Popular! E surgiu o Kaporroto, o kuduro e a victória é certa. Eles já tinham inventado o monstro Imortal, o Valodia e o Monacaxito. Por fim o MPLA ficou com o poder e a guerra sangrenta, de onde eu e minha família saímos.
Tudo foi largado ao desbarato destruindo a vida a mais de um milhar de cidadãos, juntando nesta desventura a Província Ultramarina de Angola do mar Atlântico e a de Moçambique no Oceâneo Indico. O tempo passou, aparentemente curou feridas, muitos morreram com esse desgosto a fazer de câncer, sem o ser. Os perseverantes trilharam caminhos na terra matriz ou na diáspora; um pouco por todo o mundo. Eu, por exemplo, acabei por ir para a Venezuela na alçada do CIME – Comité Internacional de Migrações Europeias. Felizmente, dei-me bem naquele então em que governava o país Carlos Andrés Peres.
Foi um momento alto da minha carreira! Foi ali que realizei o meu pé-de-meia e que originou meu trilho de vida digna. Não obstante sempre mantive o sonho de voltar a Angola mas, a guerra civil que durou mais de trinta anos não o permitiria. E, o resumo é este: eu, saí de África, mas África não saiu de mim! Estando em Venezuela de Andrés Peres, entretanto no M´Puto o lema era "a terra a quem a trabalha". Na Rádio Renascença os trabalhadores avançam para a greve. O Conselho de Estado fazia reuniões atrás de reuniões.
A bem do povo e em nome da Junta de Salvação Nacional e do MFA, o almirante Rosa Coutinho, ligado ao PCP, aparece aos conselheiros de Estado, civis e militares, a sugerir legislação revolucionária. Qual? "Que o MFA não seja a expressão de um simples levantamento militar". De igual modo, o almirante Pinheiro de Azevedo que não lidava bem com aquela revolução, em tom jocoso levanta-se, esbraceja. "Os Srs. conselheiros civis assinaram a sua sentença de morte! Puseram em causa a Revolução!"
Na imprensa, na televisão e na rádio destacam-se notícias denunciando a sabotagem económica, a fuga de capitais para o estrangeiro. Esta breve estória da história deve funcionar como uma âncora mas, neste meu caso tive a sorte de seguir os atalhos certos na hora que o tinha de ser. Esta âncora não me deixou naufragar sob a ilusória segurança de pretensões e crenças, lamentando todo o mal.
Recorrendo agora à história sem a pretensão de esmiuçar casos mais específicos de regimes, governos que adulteraram regras na ideal linha civilizadora, num mundo em que me considero “Cidadão do Mundo” antes de tudo. E, sempre, sempre submetido de esperança de um mundo mais livre e justo. Sim! Porque a memória consiste na capacidade em trazer de volta ao presente as representações construídas no passado. A ilusão permanece mas, meu sonho esvai-se…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DA GLOBÁLIA
Crónica 3405 de 27.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…
O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO… 4ª Parte
Por Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson
Por escolha de:T´Chingange (Otchingandji)
Dos mais de trinta países devedores à CHINA, maioritariamente africanos, sobressaem: 1º- Angola com US$ 42,6 bilhões: 2º - Etiópia com US$ 13,7 bilhões; 3º- Zâmbia com US$ 9,8 bilhões e Quénia com US$ 9,2 bilhões. Não demorará que parte de seu património passe a ser gerida directamente pela China…
Este tipo de característica deveria dar às empresas americanas uma pausa quando elas consideram trabalhar com corporações chinesas como a Huawei - e deveria dar a todos os americanos uma pausa, também, quando confiam nos dispositivos e redes de uma empresa deste tipo. Como o maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações, a Huawei tem amplo acesso a muito do que as empresas americanas fazem na China. Também tem sido acusada nos Estados Unidos de conspiração de extorsão e, como alegado na acusação, tem repetidamente roubado propriedade intelectual de empresas americanas, obstruído a justiça e mentido ao governo dos EUA e seus parceiros comerciais, incluindo bancos.
As alegações são claras: Huawei é um ladrão de propriedade intelectual em série, com um padrão e prática de desconsiderar tanto o Estado de Direito quanto os direitos de suas vítimas. Devo dizer que certamente chamou minha atenção a leitura de um artigo recente que descreve as palavras do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, sobre a mentalidade da empresa. Em um centro de pesquisa e desenvolvimento da Huawei, ele disse aos funcionários que, para garantir a sobrevivência da empresa, eles precisam - e cito: “avançar, matando à medida que avançamos, para deixar um rastro de sangue”. Ele também disse aos funcionários que a Huawei entrou, para citar, “num estado de guerra”. Certamente, espero que ele não possa ter significado isso literalmente, mas não é um tom encorajador, dado o comportamento criminoso repetido da empresa.
Em nosso mundo moderno, talvez não haja perspectivas mais ameaçadoras do que a capacidade de um governo estrangeiro hostil de comprometer as infraestruturas e os dispositivos de nosso país. Se empresas chinesas como a Huawei tiverem acesso irrestrito às nossas infraestruturas de telecomunicações, elas poderão colectar qualquer informação sua que atravesse seus dispositivos ou redes. Pior ainda: eles não teriam outra escolha senão entregá-la ao governo chinês, se lhes fosse pedido - as protecções de privacidade e do devido processo que são sagradas nos Estados Unidos são simplesmente inexistentes na China.
Respondendo Com Eficácia à Ameaça - O governo chinês está envolvido em uma ampla e diversificada campanha de roubo e influência maligna e pode executar essa campanha com eficiência autoritária. Eles são calculistas. Eles são persistentes. Eles são pacientes. E não estão sujeitos às restrições justas de uma sociedade aberta e democrática ou ao Estado de direito. A China, liderada pelo Partido Comunista Chinês, vai continuar tentando se apropriar indevidamente de nossas ideias, influenciar nossos formuladores de políticas, manipular nossa opinião pública e roubar nossos dados. Eles usarão uma abordagem de todas as ferramentas e de todos os sectores - e isso exige nossa própria abordagem de todas as ferramentas e de todos os sectores como resposta.
Nossos funcionários do FBI estão trabalhando todos os dias para proteger as empresas de nossa nação, nossas universidades, nossas redes de computadores e nossas ideias e inovações. Para fazer isso, estamos utilizando um amplo conjunto de técnicas - desde nossas autoridades policiais tradicionais até nossas capacidades de inteligência. E vou notar brevemente que estamos tendo um sucesso real. Com a ajuda de vários de nossos parceiros estrangeiros, prendemos alvos em todo o mundo. Nossas investigações e os processos judiciais resultantes expuseram a experiência adquirida e as técnicas que os chineses usam, aumentando a conscientização da ameaça e as defesas de nossas indústrias. Elas também mostram nossa determinação e capacidade de atribuir esses crimes aos responsáveis.
Uma coisa é fazer afirmações - mas em nosso sistema de justiça, quando uma pessoa ou uma corporação é investigada e depois indiciada por um crime, temos que provar a verdade da alegação além de uma dúvida razoável. A verdade é importante - e assim, estes indiciamentos criminais são importantes. E vimos como nossos processos criminais uniram outras nações à nossa causa - o que é crucial para persuadir o governo chinês a mudar seu comportamento.
Também estamos trabalhando mais do que nunca com agências parceiras aqui nos Estados Unidos e com nossos parceiros no exterior. Não podemos fazer isso, sozinhos; precisamos de uma resposta de toda a sociedade – de todo o mundo. É por isso que nós, nas comunidades de inteligência e segurança pública, estamos trabalhando mais do que nunca para dar às empresas, universidades e ao próprio povo americano as informações de que precisam para tomar suas próprias decisões e proteger seus bens mais valiosos.
Confrontar esta ameaça efectivamente não significa que não devamos fazer negócios com os chineses. Não significa que não devamos receber visitantes chineses. Não significa que não devamos receber estudantes chineses ou coexistir com a China no cenário mundial. Mas significa que, quando a China violar nossas leis penais e normas internacionais, não vamos tolerar isso, muito menos permitir. O FBI e nossos parceiros em todo o governo dos Estados Unidos responsabilizarão a China e protegerão a inovação, as ideias e o modo de vida de nossa nação com a ajuda e a vigilância do povo americano.
Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson.- Obrigado por me aceitarem aqui, hoje…
FIM
O Soba T´Chingange
TEMPO COM CINSAS – Aquela coceira no dedão, será mesmo uma bitacaia?
Crónica 3404 – 26.05.2023
Por T´Chingange (Otchingandji…) Na Pajuçara de Maceió - Brasil
Nesta vida, o que tiver que acontecer, acontece! E, ninguém está a salvo de ser o carrasco de si mesmo sem falar dos outros. Independentemente da ideologia que se defende, seja de esquerda, de direita ou do centro, sempre criaremos voluntariamente, jaulas; amaremos e, até por vezes idolatramos. Sim! Idolatramos até que nos devore.
Engana-se quem pensa que já sabe tudo; o risco será permanente se a mente não for fortalecida com o bastante raciocínio, numa busca de sabedoria a que podemos chama de “filosofia”. A radicalidade de se pensar estar certo a partir de crenças constituirá a chave de compreensão de sangrentas catástrofes políticas. Antes de se ser uma vontade, antes de se ser um movimento, antes de se ser um partido, antes de se ser poder, a mente alimenta o desejo.
Com o desejo reduz o corpo e o templo (cabeça) prosseguindo essa ideia tentadora até verificar que essa verdade, é totalitária. A nossa verdade pode assim morrer de desilusão segundo uma qualquer crença, ter um epílogo de morte daquela que era a grande verdade. E, como num livro escrevinhado por nós, em que se deu tudo por tudo, após um vistoso prólogo dando voto, dando veto e, definhando-se se defuntou só e, assim mesmo sem mais nem porquê.
Durante a escritura do seu texto de vida fez correr um boligrafo por um tal de trajecto dizendo de si para si que assumir que a política, bem pode ser compreendida de muitas maneiras; que não implicará aceitar todas as suas formas. Não pode o meu boligrafo negligenciar suas, minhas convicções em nome de um suporte de almejada imparcialidade.
Os chavões estão aí para serem alardeados ou pisoteados por gente que pensa que tudo sabe tal como: stalinismo, maoismo, fascismo, salazarismo, socratismo, selfismo, costismo, cavaquismo ou sampaísmo entre muitos outros edecéteras. São fenómenos políticos que sempre o serão a dado momento, conhecidos como totalitarismo (imposição de alguém).
Num cala-te a boca, acabei de emudecer o que em mim já estava arrependido. Estando eu na varanda do Conde do Grafanil vendo a praia da Pajuçara de Maceió, boligrafei isto com tal força de afeição que até as nuvens escureceram o céu. Depois de ligar a TV na Globo, tomei uns goles de pensamento passando as mãos ao de leve pelo templo e, assim embuído, cocei o aviso em minhas fontes dizendo cá para mim: Esta vida está muito cheia de ocultos mistérios.
Peguei no livro “O Princípio de Peter”, ou o “princípio da incompetência” e pude ler: Num sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência. Aí pude dar-me por satisfeito - de entre os exemplos indicados pude inserir os personagens reais conhecidos do M´puto relacionando-as com outras fictícias: - Macbeth foi um eficaz chefe militar, mas um rei incompetente; Adolf Hitler por sua vez foi um competente político, mas encontrou seu nível de incompetência como general; O Sócrates grego foi excepcional filósofo, mas péssimo advogado de defesa, O Sócrates Tuga, foi simplesmente um fracasso; O Marcelo actual foi um bom comentador mas revela-se um mau presidente pois actua como uma rolha a boiar ao sabor dos ventos.
Claro que não vou detalhar os níveis de incompetência dos governantes supra mencionados; considerando este Laurence Johnston Peter, o "pai da administração moderna", desde os tempos de Júlio César que vinga a máxima: "o soldado tem direito a um comando competente". O cidadão também noé!? As pessoas são promovidas até ao ponto no qual se tornam realmente incompetentes para a função; está explicado o busílis que vivenciamos no nosso mundo. Como vêem estou no desamparo de minha vergonha e, de novo irei mostrar meu dedão do pé ao doutor do SNS para ver se aquilo que me dá coceira no pé é uma bitacaia, na firme convicção de que para se morrer basta estar vivo. Juro! Fui…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DA GLOBÁLIA
Crónica 3403 de 25.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…
O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO… 3ª Parte
PorT´Chingange (Otchingandji)
Dos mais de trinta países devedores à CHINA, maioritariamente africanos, sobressaem: 1º- Angola com US$ 42,6 bilhões: 2º - Etiópia com US$ 13,7 bilhões; 3º- Zâmbia com US$ 9,8 bilhões e Quénia com US$ 9,2 bilhões. Não demorará que parte de seu património passem a ser geridos directamente pela China…
(…) A vingança! Isso só por si, é ruim no suficiente. Mas o Partido Comunista Chinês muitas vezes não para por aí; ele não pode parar por aí se quiser permanecer no poder - por isso usa sua influência ainda mais perniciosamente. Se a campanha de influência mais directa e ostensiva da China não surtir efeito, eles às vezes se voltam para esforços indirectos, dissimulados e enganosos de influência. Para continuar com a ilustração da autoridade americana com planos de viagem que o Partido Comunista Chinês não quer, a China trabalhará incansavelmente para identificar as pessoas mais próximas a essa autoridade - as pessoas em quem ela mais confia.
A China trabalhará então para influenciar essas pessoas a agir em nome da China como intermediários para influenciar a autoridade. Os intermediários cooptados poderão então sussurrar no ouvido do oficial e tentar influenciar os planos de viagem ou posições públicas do oficial sobre a política chinesa. Estes intermediários, é claro, não estão dizendo à autoridade americana e as demais Ocidentais, que são instrumentos do Partido Comunista Chinês - e pior ainda, alguns destes intermediários podem nem perceber que estão sendo usados, porque, também eles foram enganados. Em última análise, a China não hesita em usar a fumaça, os espelhos e a má condução para influenciar os americanos e os demais pelo Globo. Da mesma forma, a China frequentemente empurra académicos e jornalistas à autocensura, se eles quiserem viajar para a China.
E vimos o Partido Comunista Chinês pressionar a mídia global e, em especial a americana e, os gigantes do desporto a ignorar ou reprimir as críticas às ambições da China em relação a Hong Kong ou Taiwan. Este tipo de coisaS está acontecendo repetidas vezes, em todo o Mundo. Infelizmente a pandemia não conseguiu impedir nada disso - de facto, ouvimos de autoridades federais, estaduais e até mesmo locais que os diplomatas chineses estão insistindo agressivamente no apoio à China para lidar com a crise da COVID-19.
Sim, isto está acontecendo tanto em nível federal quanto estadual. Não há muito tempo, tivemos um senador estadual americano que, recentemente foi até solicitado a incluir uma resolução apoiando a resposta da China à pandemia. Ameaças ao Estado de Direito na América - O ponto principal é este: Todas essas pressões aparentemente inconsequentes somam-se a um ambiente político no qual os americanos se vêem à mercê do Partido Comunista Chinês. Durante todo esse tempo, o governo chinês e o Partido Comunista violaram descaradamente normas bem estabelecidas e o Estado de Direito.
Desde 2014, o secretário-geral chinês Xi Jinping, tem liderado um programa conhecido como “Caça à Raposa”. Agora, a China descreve a Caça à Raposa como um tipo de campanha internacional anticorrupção – e, não é assim. Em vez disso, a Caça à Raposa é uma oferta abrangente do Secretário-geral Xi para atingir cidadãos chineses que ele vê como ameaças e que vivem fora da China, em todo o mundo. Estamos falando de rivais políticos, dissidentes e críticos que procuram expor as extensas violações dos direitos humanos na China. Centenas de vítimas da Caça à Raposa que eles visam moram aqui mesmo nos Estados Unidos e muitos são cidadãos americanos ou portadores de “Green Card”.
Bem!? Em Portugal será o “Golden Card” com direito a cidadania sem sequer saberem dizer um “Bom Dia” ou “Obrigado”. O governo chinês quer forçá-los a voltar à China e as tácticas chinesas para conseguir coisas chocantes. Quando não for possível localizar um alvo da Caça à Raposa, o governo chinês envia um emissário para visitar a família do alvo aqui nos Estados Unidos ou lá aonde o seja, por esses países, seja na Europa ou África. Qual a mensagem que eles mandaram transmitir? O alvo tinha ou tem duas opções: voltar à China imediatamente ou cometer suicídio. E o que acontece quando os alvos da Caça à Raposa se recusam a retornar à China? No passado, seus familiares, tanto fora quanto na China, foram ou são ameaçados, coagidos e os que voltarem à China são até presos para serem usados como influência ou enviados para um campo de reabilitação.
Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson: -Vou aproveitar esta oportunidade para observar que, se você acredita que o governo chinês está visando você - que você é uma vítima potencial da Caça à Raposa - por favor, procure o escritório do FBI mais próximo de você. Compreendendo como uma nação poderia se engajar nestas tácticas, chego à terceira coisa que o povo americano precisa se lembrar: que a China tem um sistema fundamentalmente diferente do nosso - e está fazendo tudo o que pode para explorar a abertura do nosso, ao mesmo tempo em que aproveita seu próprio sistema fechado. Muitas das distinções que têm grande significado aqui nos Estados Unidos são ténues ou quase inexistentes na China - estou falando de distinções entre o governo e o Partido Comunista Chinês, entre os sectores civil e militar e entre o estado e o sector “privado”.
Por um lado, um grande número de grandes empresas chinesas são empresas estatais - literalmente de propriedade do governo e, portanto, do Partido. E, mesmo que não sejam, as leis da China permitem que seu governo obrigue qualquer empresa chinesa a fornecer qualquer informação que solicite - inclusive dados de cidadãos americanos. Por certo o mesmo acontecerá pelos países da América do Sul, África e Europa. Além disso, as empresas chinesas de tamanho significativo são legalmente obrigadas a ter “células” do Partido Comunista dentro delas para mantê-las alinhadas. Ainda mais alarmante é o facto de que células do Partido Comunista têm sido estabelecidas em algumas empresas americanas que operam na China como um custo de fazer negócios lá…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – BATUQUES
3ª Parte - Crónica 3401 – 23.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Nestes encontros, celebravam identidades étnicas e até mesmo ensaios de levantes (revoltas). Algumas revoltas aconteceram ou foram planeadas para os dias de festa, como o grande levante dos Malês da Bahia no ano de 1835; esta aconteceu com o ciclo das festas de Nossa Senhora do Bonfim e com a celebração muçulmana do ramadão. A disposição que os escravos apresentavam para realizar os batuques, dificultavam as autoridades pelo efeito de dissimulação, bem à madeira moderna da política chinesa...
Isto indica que em volta da subordinação e resistência havia sempre reticências pela forma ordeira com que tudo faziam por sequência da disciplina laboral, uma forma de treino permanente que dava motivos de preocupação nas alturas dos batuques: dali poderia advir sempre algo de surpresa ou espanto. Nos municípios do Império sempre procuravam estar estabelecidos com preocupação mas nem sempre havia anuência ou unanimidade entre os detentores do mando.
O controlo sobre a festa negra, sempre requeria cuidados reforçados. No Rio de Janeiro, capital do Império eram proibidos os ajuntamentos de pessoas, mais propriamente de escravos; com “tocatas, danças e vozerias” facilitavam-se os “batuques, cantorias e dança de pretos dentro das casas e xácaras”, desde que não perturbassem os vizinhos.
Em uma das principais áreas da cafeicultura chamada de Vassouras, no século XIX, as posturas permitiam “ danças e candomblés” apenas para escravos de uma só fazenda; sobre o caxambu (um derivado de batuque), existiam proibições nas ruas e casas das cidades mas, era autorizado pela polícia no meio rural. Em Porto Alegre, o código se posturas, não abria excepções, proibindo “batuques, zungus e candomblés” em qualquer local e hora.
As posturas das cidades de Pernambuco, também seguiam esta linha mais dura do sul do Império proibindo as “danças de pretos escravos ou maracatus” nas ruas e praças, os “sambas ou batuques de caixa” em casas públicas ou particulares, assim como a “farsas públicas” – origem do bumba-meu-boi. As diferentes restrições por posturas municipais, longe de controlarem os batuques, revelavam um impasse entre senhores e autoridades sobre a melhor forma de se lidar com aqueles…
Na Bahia quando os indícios de rebelião chegavam a vias de facto, na década de 1830, os “batuques lundus” de negros foram terminantemente proibidos em qualquer hora e local, Surpreendentemente, com seus contínuos ressurgimentos, a Assembleia Provincial, em 1885, determinou a proibição de “batuques e vozeiras em casas públicas”.
Ao longo do período Imperial, do “Brasil, do mundo Luso, Oriente, Timor, África, Algarves e edecéteras de escambau”, o batuque sempre haveria de encontrar um espaço como o candomblé, nas negociações entre autoridades que vigiavam e, a liberação para a diversão, ainda a melhor forma de controlar os conflitos entre os senhores coronéis e os escravos. Relembrar que os Povos Lusófonos eram comandados a partir do Rio de Janeiro.
Registe-se neste epílogo do assunto batuques, que na Colonia de Angola, o procedimento era análogo e, posso ainda lembrar-me do controlo feito por auxiliares da Administração do Posto, em Luanda, os cipaios africanos que exerciam sua autoridade usando bastões chamados de cassetetes. Era normal vermos estes polícias de Bairro, africanos com um chapéu de cofió enfiado na cabeça, cor vermelha e, tendo uns fios a penderem para os lados. Estávamos então no inico da segunda metade do século XX. A jurisdição da Maianga era o Posto de Belas e, nesse então, era o famoso chefe Poeira que mandava na cipaiada.
FIM
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – BATUQUES
2ª Parte - Crónica 3399 – 21.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
As cavalhadas de batuque na colónia de Angola, do outro lado do Atlântico tiveram maior impulso nos fins do século XIX saindo dos seus nichos habituais dos vários musseques e, tendo maior expressão na marginal de Luanda que então tinha o nome de Diogo Cão, em meados do século XX. Os grupos eram patrocinados dela Organização de Turismo Colonial. Também tinham grande expressão as manifestações na Cidade do Lobito mais a Sul.
Em ambas as cidades havia magotes de gente brincando o carnaval com batuque e lançamento de farinha uns aos outros, ficando todos mascarados de brancos. Tal como o jogo da bassula originária de Lândana de Cabinda, a acompanhar o batuque era usada a dança de uma forma acrobática como um jogo de pega e larga para enganar a proibição das autoridades.
Em dias de carnaval tudo era tolerado; os batuques de tambores ecoavam por toda a Luanda suburbana. O batuque para além de acentuar indecências, sua licenciosidade era ciente de sua imoralidade com o caracter selvagem e grotesco, pelo movimento das ancas, o trepidar do mataco, (bunda) na presença de instrumentos inebriantes e de sempre surgirem apelo de contenção da elite, dos nobres e outros suspensórios sociais.
No Brasil e em Angola os métodos de abordar o entrudo era bem tolerado. O batuque em realidade era uma forma de proporcionar ambientes de bebedeira, muito vinho a martelo, baptizado pelos comerciantes locais com água e outras catchipembas fermentadas em barris situados lá no fundo de quintal da venda para disfarçar cheiros fortes.
Tanto em Luanda como no Rio ou São Paulo do Brasil, os ambientes curtiam-se do mesmo jeito. Em Loanda ainda me lembro do vinho comprado em garrafão da marca Camilo Alves, uma zurrapa que subia rápido ao cérebro e cerebelo. No Brasil havia a particularidade de se jagunçar a festa com matanças; havia crimes sem se desvendar o móbil do acto e também um desperdício do trabalho dos escravos, sobretudo nos encontros propícios a movimentos revoltosos.
Posso imaginar o que se poderia dizer das actuais danças tão incentivadoras ao sexo e de uma forma abusada e tolerada por todos – gestos obscenos de “kuduro”, de fazer corar donzelas virgens… Enfim, destes ritmos bizarrocos de fazer espichar o vermelho do mais puritano do que não é bonito, banalizado no ridículo que ironicamente se banaliza numa de “pois é moda” deitando o ridículo na lixeira para tudo terminar num jogo amistoso.
Relatos antigos referem imagens da época permitindo rever algumas marcas do género com coreografia de danças em círculo movimentos ati-relógio, de anti vergonha ajustando ao gosto da bunda, mataco e obscenidades. Obscenidades ao jogo com versos e desafios, contestação a tudo com dançarinos rebolando sós ou em pares, improvisando-se em sexualidades estranhas.
A moderar tudo surgiram novos conceitos a que chamaram de “festas juninas” de cariz social evitando as umbigadas, massembas e, usando o bater de mãos associado ao canto. Danças com cariz religioso de acalmar famílias tradicionais de costumes bem conservadores. Em torno do batuque, no tocar de bombo e, a partir destes, tornava-se possível fugir ao trabalho tecendo relações de solidariedade entre escravos e libertos, entre africanos e crioulos…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
TEMPOS CUSPILHADAS . O Espírito da China! Eles já chegaram …
Crónica 3398 – 19.05.2023 - (publicado um dia antes… estou viajando)
Por T´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió do Brasil
Chegado recentemente a Portugal, vindo de Angola na ponte LUALIX no ano de 1975, 48 anos atrás, assisti em pleno Alentejo a uma acção da reforma agrária. Em casa de Maria, via seu marido atarefado andando nervoso de um para outro lado. Fui ficando por ali curioso - seria uma caçada à raposa, perdizes ou coelhos mas, apercebi-me bem rápido que não era nada disto. Era o chamado PREC – Processo de Revolução em Curso…
Ele e um grupo organizado desse tal de PREC, iam caçar fascistas nos montes vizinhos de Escanchados, Daroeira, Buena Madre entre outros montes e mesetas daquela estepe. Tudo era um espanto para mim, atordoado que andava com uma saída apressada da Luua e tendo só de património em mãos, uma máquina de costura Oliva. Sem sítio certo para ficar ali ficaram meus dois filhos até que eu e minha mulher tivéssemos nosso rumo de vida em acção!
Não vou entrar em muitos pormenores para me não magoar muito. Naquela acção de caça aos fascistas e depois de ter vivenciado coisas de esquecer, fiquei aturdido com esta pseudo milícia que de forma voluntária lá iam caçar gambuzinos com caçadeiras e máquinas subtraídas ao patrão; as máquinas retroescavadoras substituíam tanques de guerra – supunha eu inocente na condição de assim ser, por conveniência pois, de nada resolveria apagar qualquer fogo com um bochecho de angústia.
Interrogando-me do que poderiam ir fazer em prol duma mudança só desconsegui obter uma razão plausível. Estamos em 2023, 48 anos depois com um Portugal de uns dez milhões de cidadãos e o estado, continua sugado por políticos que usam a falácia para nos entorpecer. Mesmo sem haver esse tal de PREC sempre haverá um plano novo para dar directivas ao leque de ousadias, assim se chame um PRR - Plano de Recuperação e Resiliência.
Mas, como tudo está de bradar aos céus assim iremos ficar porque nem o Costa morre nem a gente almoça. Além do mais o presidente anda demasiado atarefado com sua colecção de selfies – por alguma razão todos o conhecem por Selfito. Não se nota desenvolvimento, uma lástima de saúde, administração desmilinguida e, educação aos gritos. Uma cambada de gente que nem sabe o que fazer com o dinheiro despifarrando as resiliências pelos amigos, compadres e filiados do partido que se chama de PS.
Naquele ano, as conquistas do vinticinco do povo pelo PREC foram direitinhas para o ralo; as chapadas de trigo, nos lameiros, os montes foram ficando desventradas, sem telhado, ruínas a gritar desespero aos vindouros. Uns fugiram para Trás-os-Montes, outos foram para o Brasil e alguns até escolheram a Argentina ou a Austrália para iniciar vida. Afinal, de nada valeu aquela caça aos fascistas da qual João Cailogo fez parte. Ainda hoje me arrepio de tal façanha.
Ultimamente deram guarida ao negócio de chineses! Agora queixam-se de que estes querem tomar conta não só de nós como de todo o Ocidente. Até há bem poucos anos atrás, o ocidente fechou as portas à possibilidade de compreender a China. Hoje, buscam formas de se entender diplomaticamente com estes, permitindo-lhes a entrada em seus territórios com obtenção de benesses e isenções em sua actividade comercial – vistos GOLD e outros edecéteras.
Tome-se em conta que o peso de impostos que os demais cidadãos nacionais são obrigados a pagar, é bem menos vantajoso do que o oferecido a estes empresários vindos do outro lado do mundo. Deduzir-se assim que os donos disto tudo, só o serão com os países de capital que nos compram divida. Um dia o futuro chega e quase sem se saber, as instituições que eram estatais formam-se de um conjunto de accionistas sem rosto e, dum qualquer país. Se neste futuro vamos ter de ficar entregues a um dragão, teremos de saber um pouco que seja, do que não nos une e divide!
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – BATUQUES
1ª Parte - Crónica 3397 – 18.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Batuque, é dança com acompanhamento de tambores. Era ao longo do século XIX, genericamente, para designar danças, músicas e tambores negros de características populares. Em criança, candengue e, na ainda colónia de Angola, capital de Luanda, morando eu no subúrbio (Maianga) e perto de alguns musseques (favela aquilombada), podia ouvir o toque de tambores durante as noites de sábado para domingo. Fui influenciado por esses firmes traços do povo banto que legou ao mundo e em especial ao Brasil, além da música, a forma de nutrição, folclore e a sua mística.
Enquanto em São Tomé, mulheres com lenços amarrados na cabeça como baianas desfilam seus longos e largos vestidos coloridos, com os seus balangandans, com seus tabuleiros à cabeça, com doces, batendo os pés com os bons sapatos que Deus lhes deu, exibem a sua dança do Kongo ao som do batuque. Isto da Lusofonia, aqui descrito, não é mais do que o auto do Cucumbi ou Kongo na forma de cavalhada ou Folia de Reis, relembrando as batalhas de funantes em que prenderam a irmã da rainha N´Zinga. Pois assim, foi em terras de N´Dongo, no bastião dos nobres de Pungo Andongo numa batalha chamada de M´bwila do outro lado do Atlântico.
Foi, a raiva dançada ao estilo de capoeira que os escravos de N´Gola levaram para o Brasil, encrespada nos tempos, de fedorentos porões de navios, lembranças do chicote no poste da sanzala, dos grilhões, da canga e infortúnio; era a camangula e a bassula com finta e a esquindiva que depois de transferida foi cantada com um fio e um pau, instrumento chamado de berimbau. Sim! Foi aí em Lândana do enclave de Cabinda, com os originais povos imbindas, que tudo começou. No centro da paliçada chamada de terreiro (sambódromo), o Rei traja gibão e calças brancas e manto azul bordado, tendo na cabeça uma coroa dourada tal e qual como o rei N´Zinga-a-N´Kuvo, baptizado em 1509, o primeiro rei a ser cristianizado pelos Tugas.
Esse rei, N´Zinga-a-N´Kuvo tomando o nome de Dom Afonso I deu a seu filho, o nome cristão de Henrique; foi mandado para Portugal estudar as artes da magia da Cruz, tendo dali regressado em 1521 padre de estola com todos os rituais. Vale a pena referir essa luta da bassula, finta ou esquindiva utilizada pelos pescadores imbindas do Kongo (Cabindas e Boma do N´zaire).
Foram também os Muxiloandas da ilha da Mazenga da baia de Loanda e Mussulo (Kaluandas ou Camondongos) da região dos Dembos e foz dos rios Dande, Bengo e Kwanza que como escravos, levaram isso para o Brasil derivando na Capoeira, uma forma de dança para ludibriar o patrão fazendeiro, usando a falsa ginástica de dança como luta com um dá e um larga sem agarrar, usando a força do adversário com suaves e mágicos “toques de bassula” ou “toque de finta”. A “negralhada” seminua dançava e cantava alegremente, livre do senhor do engenho e do feitor com seus ralhos (era assim que diziam seus patrões)
E o batuque veio junto, com as galinhas d´Angola, o pregão que surgiu já depois da proibição do tráfico de escravos. Dizia o pregoeiro mazombo, indo de fazenda a fazenda, de engenho a engenho; não quer comprar, coronel? Esta festa negra chamada de batuque, poderá ser vista como sinonimo de Lundus, sambas, caxambus e maracatus, segundo as variações regionais. As posturas municipais do Rio e São Paulo, documentam discussões nas câmaras, jornais e relatos de viajantes como sendo os batuques uma reunião de negros – escravos, africanos ou libertos, em variadas ocasiões.
Aos domingos e dias santos, nos locais, nas fazendas, nos cortiços da periferia das cidades, podem observar-se momentos altos desse costume. Surgem associações de batuques conhecidos como “danças de pretos” ou “baile do Kongo” que reafirmam o quanto esta prática estava envolvida com valores culturais trazidos de África, expressando nesse então, uma identidade muito distante das marcas alcançadas pela “civilização” europeia salientando-se visões preconceituosas.
Embora não se referisse nessa época, o termo de preconceito, veio no correr do tempo a se relacionar com o racismo. Por outro lado, foi a partir destas associações que surgiram as “escolas de samba” originando o carnaval - evento tão afamado no mundo cujas características deram ao Brasil a quase exclusividade. De lembrar que tendo sido os europeus, mais propriamente os portugueses, a levarem o entrudo com cavalhadas para as colónias de Angla e Moçambique, estes, por sua vez - os indígenas locais, deram largas a seus teatros de fingir, terminando nestes batuques.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DA VIDA
Crónica 3396 de 17.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…
O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO… 3ª Parte
Por T´Chingange (Otchingandji)
A China, mais propriamente o Partido Comunista Chinês usa para manipular os americanos, o que chamamos de influência estrangeira maligna. Agora, a influência estrangeira tradicional é uma actividade diplomática normal e legal, tipicamente conduzida através dos canais diplomáticos. Mas os esforços malignos de influência estrangeira são tentativas subversivas, não declaradas, criminosas ou coercivas de influenciar as políticas de nosso governo (USA), deturpar o discurso público de nosso país e minar a confiança em nossos processos e valores democráticos. Isto é a prática em todo o Ocidente.
GRÈCIA DA EUROPA – PORTO DE PIREU - Percorrendo a costa em uma pequena lancha, encontramos uma fila de enormes navios porta-contentores alinhados no horizonte aguardando ancoradouro. Um gigantesco estacionamento aquático, cheio de centenas de milhares de toneladas de mercadorias chinesas, que em breve serão enviadas para todos os cantos da Europa. O boom no Pireu! Incluindo oportunidades de emprego para os habitantes locais, isto reflecte uma transformação mais ampla nas fortunas financeiras da Grécia. Por agora, o país tem uma das economias da União Europeia que mais crescem.
Mas, não é só na Grécia que os chineses estão investindo bilhões; tudo começa assim - o dinheiro que vai volta para se multiplicar. Na Sérvia em uma colina com vista para a cidade de Bor é possível pensar que fomos transportados para uma província chinesa. Há gritos em mandarim, as bandeiras são vermelhas e, estão colocados em casarões que lembram templos chineses. A mina de cobre que define a projecção cultural do local, está a ser inundada de dinheiro. Devido à extracção do metal, a água de alguns lagos e reservatórios locais, apresentam um tom carregado de ferrugem. Da fábrica de pneus Ling Long, organizações sem fins lucrativos, denunciaram a condições que ali se praticam: “é visível o tráfico de pessoas com exploração de trabalhadores, coisa nunca vivenciada por ali”. Esta prática deverá servir de alerta para o resto da Europa, diz um responsável local dessa ONG Sérvia.
Apesar de todas as críticas dirigidas à China, há quem na Croácia, dê boas referências a esta cooperação entre o Ocidente e a República Popular da China. Pode observar-se em um Domingo haver grande azáfama na ponte de Peljesac, camiões que passam colocando vigas no tabuleiro da mesma. O maior projecto de infraestruturas da Croácia que unirá a península de Peljesac ao continente Croata. Actualmente o percurso faz-se através da vizinha Bósnia. A maior parte da conta desta nova ponte foi paga por Bruxelas, capital financeira da Europa da qual a Croácia é membro! Para espanto, esta ponte foi construída em Pequim, até o último parafuso. Como se a Europa não tivesse as condições requeridas para a executar – brada aos céus! E, o exército de trabalhadores na obra, é todo Chinês! Sério que estou escandalizado e seriamente preocupado.
A licitação da estatal chinesa The China Road and Bridge Corporation, foi 20% mais barata que seu concorrente mais próximo. Rivais europeus, acusaram irregularidades, mas não conseguiram impedir o negócio. A Casa Branca de Biden herdando uma guerra comercial com a China do governo de Donald Trump, não suavizou sua postura sobre Pequim em muitas áreas e pediu à Europa que se afaste do financiamento da China. Houve diligências para recolher dados sobre o que pensa Pequim, a nível de alto escalão, mas nenhum dos cinco embaixadores chineses abordados, estavam disponíveis; nos momentos certos; eles, sabem gerir silêncios.
Seja dentro da UE, como a Servia e a Croácia ou em sua periferia, como a Servia e Montenegro, as nações europeias, terão que pesar os prós e os contras de firmar acordos com os chineses. As análises por parte de Bruxelas têm de o ser mais firmes em defesa da Europa; com eles, todo o sofisma não será suficiente para acalmar sua dissimulação. Isto, já é uma guerra branca e, poucos se encorajam a fazer valer seus pontos de vista. Eu, que sou um pé-de-chinelo, vejo isto! O facto de o melhor amigo declarado do presidente Xi Jinping ser Vladimir Putin, o homem que mergulhou a Europa em sua maio crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial, é um factor que pesará em todas as decisões tomadas! Fiquem atentos…
Os diplomatas chineses usam tanto a pressão económica aberta e crua, como intermediários aparentemente independentes para pressionar as preferências da China sobre as autoridades americanas. Quanto a Taiwan, a China não quer ver os Estados Unidos a planearem qualquer aproximação a este território por modo a legitimá-lo, algo naturalmente contrário à política chinesa de “Uma só China”. E, Então, o que faz a China? Bem, a China tem influência sobre os constituintes daquela autoridade - empresas americanas, académicos e membros da mídia em que todos têm razões legítimas e compreensíveis para querer ter acesso aos parceiros e mercados chineses – Hipocrisia!
E, devido à natureza autoritária do Partido Comunista Chinês, a China tem imenso poder sobre aqueles mesmos parceiros e mercados. Irá tentar influenciar as autoridades americanas e de Bruxelas da UE de forma ostensiva e directa. Pode advertir abertamente que, se um mandatário, funcionário americano prosseguir e, fizer viagem a Taiwan, ela, irá descontar em uma empresa do estado de origem dessa autoridade; irá reter a licença de fabricação da empresa na China o que, pode ser economicamente desastroso para uma qualquer suposta a empresa… A vingança serve-se fria!
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
Estado = Marcelo x Costa² - REINVENTANDO O FUTURO DO *M´PUTO
Crónica 3395 – 16.05.2023 – A EQUAÇÃO ATÓMICA
Por T´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió do Brasil
Ainda não fui ao futuro! Ando só a vislumbrá-lo. O primeiro LAR, conhecido do homem nos primórdios, muito antes do AC - Antes de Cristo, foram os montes, os rios, os bosques e o firmamento. Progressivamente sua táctica recolectora mudou, fixando-se num espaço encurtado, domesticou lobos e outros animais que foram suporte de sua resiliência, coisa ainda desconhecida nesse então. Domesticaram ovelhas e vacas agasalhando-os próximo de seu lar para lhes proporcionarem aquecimento. As grutas e cavernas foram sendo abandonadas na procura de novos pastos para alimentação de seus animais domésticos; buscaram terras mais férteis para cultivar hortas e macieiras. Para além doutros indígenas, havia um tal de Adão umbigado com a Eva e, foram estes os percursores do futuro.
Este prólogo de vida teve mau inicio porque cometeram logologo o pecado original; a única coisa que lhes foi proibida! Lixaram tudo. Saltando este prólogo, todos tiveram de se disciplinar criando regras. A partir dai a ligação ao LAR requereu ajudas extras, recursos de vizinhos, tornando-se no traço distintivo psicológico de criatura humana. Nesses tempos ele, era ele e, ela era ela. Ele tinha um caroço no pescoço por castigo daquele tal erro e, que por isso ficou a “maça de Adão” e ela, castigada com dois contrapesos de procriação com o nome de seios ou mamas.
Bom! A partir desse pecado, surgiu o stresse, a inveja, a mentira, o egoísmo e um sem número de coisas ainda desconhecidas mas, sempre com o sentido de melhorarem relações entre si, tornando-se até afáveis, solidários mas e também, raivosos ao ponto de usarem coisas afiadas e que, espetadas causavam morte. Utensílios em cobre, em ferro em madeira e até ossos como por exemplo tíbias.
Dentro dos lares meteram lajedos aonde queimavam lenha para aquecimento pois o frio era muito e, foi quando e porque dali saia fumo, passaram a se chamar de “fogos” – porque em verdade, não há fumo sem fogo! Ali havia gente. No decorrer dos anos e séculos, abriram clareiras pelo abate de árvores. Inventaram a enxada, fizeram canais, faziam monturos perto dos fogos com restos de comida e ramos juntando-lhe esterco dos animais. Esta compostura melhorava suas colheitas de legumes vários menos a batata porque se desconhecia tal tubérculo.
Passaram a viver em lugares cada vez mais seguros protegendo-se nos píncaros das fráguas com ameias a que chamaram de castelos. A roda já era usada em cangulos, carros de mão e carretas puxadas por bois cornudos dando lugar ao ciclo da vida organizada com estratégias e segredos. As ervas daninhas foram arrancadas, nasceram cactos, folhas e raízes comestíveis, foram defumados fogos com arruda para espantar maus-olhados, outras para curar maleitas.
Os raizeiros testaram cascas de árvore como o ipê roxo, o doutor e o doutorzinho que tudo cura mais o samba caetá, a salsa e o coentro para dar cheios e sabores, outras para delas se fazer azeite, pomadas ou lamas de curar. Exterminaram bichos rastejantes, roedores, baratas e centopeias de mil pés. Das peles fizeram canoas a servir de sapatos, chapéus e alforges. Higienizaram com rudimentos de folhas com mamona, amaciaram as carnes com folhas de mamão. Com tudo isto, criaram ilhas artificiais.
Fizeram artefactos e acumularam conhecimentos com tralhas fazendo vassouras de giestas e baldes pintados a verniz natural, cabazes entrançados com arte, fizeram cajados e bengalas e um sem número de coisas que hoje dão dinheiro a artesãos e no qual nem damos o real valor tais como agulhas feitas em madeira ou ossos, linhas entrançadas saídas de cascas. Foram tempos de superstição, ainda nem se falava em um Deus omnipresente ou omnipotente. É quando surge um homem que apregoa, faz milagres , das pedras saem peixes e pães para matar a fome.
E num mundo estranho aparecem astrólogos e outros cientistas a dizer que o mundo não tem bordos, não tem nem cinco nem quatro linhas, não tem fim, estudam as estrelas a anos-luz de distância. Entretanto matam aquele homem com o nome de Cristo que por coisa pouca cruxificam pregado numa cruz e com pregos artesanais de muito comprimento. E num repente um homem sábio e matemático, descobre a fórmula do epílogo com o nome de Albert Einstein. É ela: E=mc². Entre o início de prólogo e o fim de epílogo decorrem nossas vidas na espectativa de que Deus é forçoso que exista e, que por favor, venha cá abaixo meter ordem nisto…
Notas - * M´Puto é Portugal
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DA VIDA
Crónica 3393 de 14.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…
O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO…2ª Parte
Por T´Chingange (Otchingandji) - No Nordeste Brasileiro
(…) Em um dos aspectos mais desagradáveis e flagrantes do esquema, os conspiradores realmente patentearam na China o próprio processo de fabricação que tinham roubado, e então ofereceram à sua empresa americana vítima uma joint venture usando sua própria tecnologia roubada. Estamos falando de uma empresa americana que gastou anos e milhões de dólares desenvolvendo essa tecnologia, e a China não poderia replicá-la - então, em vez disso, pagaram por a terem roubado.
E recentemente, Hao Zhang foi condenado por espionagem económica, roubo de segredos comerciais e conspiração por roubar informações proprietárias sobre dispositivos sem fio de duas empresas americanas. Uma dessas empresas passou mais de 20 anos desenvolvendo a tecnologia que Zhang roubou. Estes casos estão entre mais de mil investigações que o FBI tem sobre roubos reais e tentativas de roubo de tecnologia americana pela China. Na Europa acontece o mesmo panorama - o que não quer dizer nada diante de mais de mil investigações de contra-inteligência em curso, de outros tipos periclitantes relacionados com a China.
Estamos conduzindo esse tipo de investigação em todos os nossos escritórios. Na última década, vimos casos de espionagem económica ligado à China aumentar em aproximadamente 1.300%. As apostas não poderiam ser maiores, e o potencial dano económico para as empresas em geral e a economia como um todo, desafia qualquer cálculo. A China, também está fazendo uso liberal de hackers para roubar nossos dados corporativos e pessoais - e eles estão usando hackers militares e não-estatais para fazê-lo. A intrusão da Equifax que mencionei lá atrás, que levou ao indiciamento de militares chineses, não foi a única vez que a China roubou as informações pessoais confidenciais de um grande número do público americano.
Por exemplo, algum de vocês tinha seguro de saúde da Anthem ou de uma de suas seguradoras associadas? Em 2015, os hackers da China roubaram os dados pessoais de 80 milhões de clientes actuais e antigos da empresa. O Ocidente que alimenta o Dragão tem o dever de progressivamente os mandar para os seus próprios guetos; seus campos de reabilitação que mais não são do que campos de concentração com escravos anti regime a trabalhar de borla. As coisas sucedem na calada entre o prólogo e o epílogo sem se saber o conteúdo. Talvez você até seja um funcionário federal - ou costumava ser um, ou se candidatou a um emprego no governo uma vez, assediado por um membro da família ou um colega de quarto. Bem, em 2014, os hackers da China roubaram mais de 21 milhões de registos do OPM, o Escritório de Gestão de Pessoas do governo federal (Nos EUA).
E, porquê estão fazendo isso? Em primeiro lugar, a China tornou a liderança mundial em inteligência artificial como uma prioridade, e esses tipos de roubos alimentam-se apenas no desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial. Adicionando à ameaça, os dados que a China roubou são de valor óbvio enquanto tentam identificar pessoas para colecta secreta de informações. Nessa frente, a China está usando plataformas de mídia social - as mesmas que os americanos ou europeus usam para se manter ligados ou de encontrar empregos - para identificar pessoas com acesso a informações confidenciais dos vários governos e, em seguida, focar-se nessas mesmas pessoas para as tentar roubar.
Só para citar um exemplo, um oficial de inteligência chinês, passando-se por “headhunter” (Caçador de cabeças) em uma plataforma popular de mídia social recentemente, ofereceu a um cidadão uma quantia considerável de dinheiro em troca dos chamados serviços de “consultoria”. Isso soa benigno o suficiente até você perceber que esses serviços de “consultoria” estavam relacionados a informações confidenciais, que o alvo americano, teve acesso como especialista em inteligência militar dos EUA. Agora essa história em particular tem um final feliz: o cidadão americano fez a coisa certa relatando o contacto suspeito, e o FBI, trabalhando em conjunto com nossas forças armadas, tirou-o de lá. Será bom afirmar que todos esses incidentes terminaram assim.
Por meio de programas de recrutamento de talentos como o Programa Mil Talentos já mencionado, a China paga aos cientistas das universidades americanas para levar à China o conhecimento e inovação - incluindo pesquisas valiosas, financiadas pelo governo federal. Falando claramente, isto significa que os contribuintes OCIDENTAIS estão efectivamente pagando a conta do desenvolvimento tecnológico da própria China. A China, aproveita seus ganhos ilícitos para prejudicar as instituições de pesquisa e empresas ocidentais em geral, e as americanas em particular. E, estamos vendo este tipo de casos cada vez mais; somente em Maio, prendemos Qing Wang, um ex-pesquisador da Clínica Cleveland que trabalhava em medicina molecular e genética de doenças cardiovasculares, e Simon Saw-Teong Ang, um cientista da Universidade do Arkansas que fazia pesquisas para a NASA.
Aqueles dois pesquisadores, supostamente cometeram fraude ao ocultar sua participação em programas de recrutamento de talentos chineses, enquanto aceitavam milhões de dólares em fundos de financiamento federal americano. Nesse mesmo mês, o ex-professor da Universidade Emory Xiao-Jiang Li declarou-se culpado de ter apresentado uma falsa declaração de renda, por não ter relatado a renda recebida através do Programa Mil Talentos da China. A investigação, descobriu que, enquanto Li estava pesquisando a doença de Huntington na Emory ele, também estava embolsando meio milhão de dólares não declarados provenientes da China…
(Continua…)
As escolhas do Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – CORTIÇOS
2ª Parte - Crónica 3392 – 13.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Nos cortiços dos puxadinhos, era comum haver mutirões (voluntários ajudando) para fazer esses puxadinhos de varandas e espaço para mais um filho, fazer gatos de luz sem contador nem gastos adicionais, a amizade fabricava-se como família, havia trocas e baldrocas entre eles, permutava-se para além do feijão, a alegria e tristeza quando era necessário recorrer à solidariedade.
A água escassa, era armazenada em caixas redondas e azuis no topo e bem junto à antena da emissora da rádio (nos anos mais recentes). Havia calor humano à mistura com zumbidos, cheiros partilhados e zangas repartidas; havia namoros farfalhados e ensaios para o carnaval com a marchinha cantada no banheiro, raivas deslizantes untadas a boato e de deitar fora aparafusando uma profusão de gambiarras, uma geringonça com muitos estralhos e desaforos. O beija flor aparecia com encanto nas manhãs de sempre.
Também havia vasos com avencas, samambaia e pé de goiabeira nascida só átoa porque Deus é grande. Acho até que vivia ali! Também havia uma orquídea alimentando-se do ar húmido. Havia redes colgadas zoando um agudo persistente, um raspar de olhal de baloiço, a zoada do relato de futebol com aqueles golos de espantar pardais, goooooolo. Mais vasos na beirada do terraço com coentros, salsa, doutor e doutorzinho.
Um feijão-maluco que trepava por qualquer lado fazendo comichão ao toque e acasalando com o feijão de corda e até chá caxinde ou capim doce ou cidreira, para fazer o chá da tarde a juntar a dona Alzira e a dona Josefa; Isso! Que contando novidades daquela outra que roubava descaradamente o marido da outra, outra! Línguas de trapo, visse!
Um forrobodó giro como dizem os Tugas recém-chegados, os caramurus excêntricos fumando erva do diabo, tranças de tabaco de cheiro forte, de efeito forte, droga pela certa. Queixas de um vizinho que anda a fazer uma máquina de avoar, faz chinelos, faz vassouras com uma máquina inventada por ele mesmo e, arranja sapatos na hora. Bem! Um outro fazia química de onde saiam cheiros fortes para limpar chão, sanitas e espantar bichezas rastejantes mais calangos das paredes sem reboco ou encrespadas de ranhuras com plantinhas a nascer.
Em principios de 1870, o termo cortiço, adquiriu um sentido cada vez mais estigmatizado das habitações colectivas servindo para dar nome de enfase aos defensores do higienismo. Modernamente, temos os condomínios, as vilas muradas, os alojamentos locais e hoteleiros com regras bem definidas, uma outra coisa com cheiros caos e mais diferentes!
Mas, voltando ao ano de 1873, foi feito um edital em Dezembro que proibia expressamente a construção de cortiços nas áreas centrais de Rio de Janeiro e São Paulo. As controvérsias em torno dos critérios desta tipologia de construção e habitação tornaram-se confusos, pelo que fortalecia os interesses dos pequenos e médios investidores, que controlavam a exploração daqueles.
Associados às epidemias, à malandragem, promiscuidade e desordem social, as habitações populares de um modo geral e, em particular os cortiços passaram a constituir o lugar privilegiado para a identificação entre classes pobres e classes perigosas, bem à semelhança do que sucede hoje na favela brasileira, musseques de Angola ou bairros de lata da Amadora, cidade cercana a Lisboa em Portugal…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
::::::::::::
NAS FRINCHAS DA VIDA
Crónica 3391 de 12.05.2023 - Na Pajuçara do Brasil
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…
O PERIGO É AMARELO – Vêm lentos e, com DISSIMULAÇÃO…1ª Parte
Por T´Chingange (Otchingandji) - No Nordeste Brasileiro
Dos mais de trinta países devedores à CHINA, maioritariamente africanos, sobressaem: 1º- Angola com US$ 42,6 bilhões: 2º - Etiópia com US$ 13,7 bilhões; 3º- Zâmbia com US$ 9,8 bilhões e Quénia com US$ 9,2 bilhões. Não demorará que parte de seu património passem a ser geridos directamente pela China…Também na Europa há Bilhões de dólares em dinheiro chinês impulsionando algumas economias - Dos acordos que estão sendo fechados há um problema - muitos projectos são "ARMADILHAS DE DIVIDA", em que a China tem poder para decidir o que acontece quando os empréstimos não são pagos. Vivi isto no Zimbabwé… No dia de abertura de seus próprios Jogos Olímpicos de Inverno, a China declarou uma parceria "sem limites" com a Rússia e prometeu colaborar mais em uma posição contra o Ocidente. Desde então, a China se recusou a condenar o ataque do presidente Putin à Ucrânia seguindo-se-lhe outros líderes bajuladores como por exemplo o do Brasil. O maior cego será sempre aquele que não quer ver…
O destino da humanidade repousa irremediavelmente e, cada vez mais que nunca, sobre as forças morais do homem. A China está engajada em um esforço de todo seu Estado ditatorial para se tornar a única superpotência do mundo por qualquer meio. Entram mansamente e, irão com tempo, conseguir dominar o Ocidente se, se não abrirem os olhos! Christopher Wray, Director do Departamento Federal de Investigação Instituto Hudson, alerta na evidente tentativa da China influenciar instituições dos EUA e do resto do Mundo. Um caso ocorre no porto grego de Pireu, Europa, perto de Atenas. É um daqueles momentos de câmaras de segurança em que logo se percebe que um desastre está prestes a acontecer; mas há mais e parece que Bruxelas não está aí… Em toda a Europa, enquanto os governos se preocupam com a invasão da Ucrânia pela Rússia no pós-pandemia, Pequim está expandindo seu portfólio. Gerindo portos e minas na Europa, construindo estradas e pontes e investindo onde outros não investem.
Numa abordagem diversificada diz: A maior ameaça a curto prazo à informação e propriedade intelectual das nações Ocidentais, e suas vitalidades económicas, é a contra-inteligência e a ameaça de espionagem económica da China. Uma ameaça à segurança económica do resto do mundo - e, por extensão, à própria segurança usando a dissimulação. Disse em suas recentes observações: não podemos fechar os olhos e ouvidos para o que a China está fazendo - e hoje, à luz da importância desta ameaça, são aqui dados mais detalhes sobre a ameaça chinesa do que o FBI já apresentou em um fórum aberto. Essa ameaça é tão significativa que o procurador-geral e o secretário de Estado também abordaram muitas dessas questões. Mas se vocês acham que estas questões são apenas um caso de inteligência, ou um problema do governo, ou um incómodo para grandes corporações; vocês não poderiam estar mais errados.
São as pessoas dos Estados Unidos que são vítimas do que equivale ao roubo chinês em uma escala tão massiva que representa uma das maiores transferências de riqueza da história humana. Se você é um adulto americano ou outro, é bem provável que a China tenha já roubado seus dados pessoais. Em 2017, os militares chineses conspiraram para hackear a Equifax e fugiram com as informações pessoais confidenciais de 150 milhões de americanos - estamos falando de quase metade da população americana e da maioria dos adultos - e como discutirei em alguns momentos, este não foi um incidente independente e casual. Nossos dados não são a única coisa em jogo aqui - assim como nossa saúde, nossos meios de subsistência e nossa segurança.
Chegamos ao ponto em que o FBI está abrindo um novo caso de contra-espionagem relacionado à China a cada 10 horas. Dos quase 5.000 casos activos de contra-inteligência do FBI, actualmente em andamento em todo o país, quase metade está relacionada à China. E neste exacto momento, está trabalhando para comprometer organizações de saúde americanas, empresas farmacêuticas e instituições académicas que conduzem pesquisas essenciais em vários itens. Mas antes de continuar, deixem-me ser claro: isso não é sobre o povo chinês, e certamente não é sobre chineses; quando falo da ameaça da China, quero dizer do governo e do Partido Comunista Chinês.
O Mundo livre deve lembrar-se de três coisas: 1º - Precisamos ser claros sobre a ambição do governo chinês. A China do Partido Comunista Chinês - acredita que está em uma luta geracional para superar o Ocidente. Isso já é preocupante o suficiente. Mas, está travando esta luta não através da inovação legítima, não através da concorrência justa e legal, e não dando aos seus cidadãos a liberdade de pensamento, discurso e criatividade que valorizamos aqui nos Estados Unidos e no mundo dito civilizado; 2º - A segunda coisa que todos precisam saber é o de que a China usa uma gama diversificada de técnicas sofisticadas - desde invasões cibernéticas até corromper insiders confiáveis envolvendo-se até em roubo físico. 3º - Eles foram pioneiros em uma abordagem expansiva para roubar inovação através de uma ampla gama de actores - incluindo não apenas serviços de inteligência chineses, mas empresas estatais, empresas ostensivamente privadas, certos estudantes de pós-graduação, pesquisadores, e uma variedade de outros actores trabalhando em seu nome.
Para alcançar seus objectivos e superar o mundo livre, a China reconhece que precisa dar saltos em tecnologias de ponta. Mas o facto triste é que, em vez de se envolver no trabalho duro de inovação, rouba a propriedade intelectual usando-a depois para competir contra as próprias empresas americanas e no resto do mundo, que vitimou. Estão mirando pesquisas em tudo, desde equipamento militar a turbinas eólicas e até arroz ou sementes de milho. Por meio de seus programas de recrutamento de talentos, como o chamado Programa Mil Talentos, o Partido Comunista Chinês, atrai cientistas para levar secretamente nosso conhecimento e inovação à China, mesmo que isso signifique roubar informações ou violar controlos de exportação e regras de conflito de interesses.
Veja-se o caso do cientista Hongjin Tan, por exemplo, um residente permanente legal chinês e americano. Ele se inscreveu no Programa de Mil Talentos da China e roubou mais de US$ 1 bilhão - ou seja, com um “b” - em segredos comerciais de seu antigo empregador, uma empresa de petróleo com sede em Oklahoma, e foi preso. Há alguns meses, ele foi condenado e enviado para a prisão. Ou, o caso de Shan Shi, uma cientista do Texas, também condenada à prisão no início deste ano. Shi roubou segredos comerciais sobre espuma sintética, uma importante tecnologia naval usada em submarinos. Shi, também, se aplicou ao Programa de Mil Talentos da China, e se comprometeu especificamente a “digerir” e “absorver” a tecnologia relevante nos Estados Unidos. Ela fez isso em nome de empresas estatais chinesas, que finalmente planeavam colocar a empresa americana fora do negócio e assumir-se no mercado.
(Continua…)
As escolhas do Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – CORTIÇOS
1ª Parte - Crónica 3390 – 11.05.2023 - N´Guzu é força (Kimbundo)
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
C.A. CORTIÇOS – Era como se chamava às habitações colectivas que de forma desordenada faziam um conjunto de casebres, aonde viviam os segmentos mais pobres da população, sobretudo nos aglomerados existentes no centro do Rio de Janeiro a partir de meados do século XIX. Num cortiço de abelhas, havia melhor organização! Nesta época o aumento populacional vinha-se incrementando desde 1808 com a chegada da Corte portuguesa tornando-se cada vez mais expressiva, pela ampliação crescente dos fluxos migratórios, sobretudo de portugueses e italianos.
Emigrantes portugueses que na metrópole, já faziam trabalhos para os senhores do reino, em trabalhos auxiliardes como costureiras, padeiros, cozinheiras e condutores de coches ou cuidadores de animais domésticos dos nobres. Eram os chamados condomínios de hoje só que, sem as condições de boa habitualidade pois que nem havia os instrumentos de lei, nem humanos, para tal; tudo era feito ao jeito e necessidade de cada um, puxadinhos anexos, desenrasca com os materiais mais díspares, normalmente mais económicos.
Já no século XX, pude vivenciar em jovem, esta forma de trabalhadores sem formação especial, que assim viviam na Luanda em expansão, do outro lado do Atlântico, a capital de Angola e, que em tudo se parecia com o Brasil. Mais tarde também verifiquei haver cortiços em Argentina em um lugar conhecido por “Barrio el Caminito” junto ao porto de Buenos Aires. Todo colorido, alegre, com construções diferentes e inusitadas. Antigo lugar de bodegas aonde se dançava o tango na gesta italiana. Em todas estas áreas de cortiço viviam imigrantes analfabetos. Ser-se pedreiro, calceteiro ou marceneiro era já de um razoável estatuto social.
Mesmo com a tendência à diminuição do número de escravos por motivo da extinção do tráfico africano, ano de 1850, apesar da crescente ampliação na estrutura urbana, mantendo ainda, as oportunidades de emprego reduzidas; isto, agravava as condições de vida da maior parte da população. Para álem das dificuldades no acesso à alimentação, o problema habitacional tornava-se cada vez mais grave. O relatório do Ministro dos Negócios do Império relativos a 1868, registou a presença de 642 cortiços na cidade do Rio de Janeiro distribuídos por várias paróquias sendo a de Santana a que tinha maior número delas, 154 almas, seguida da Glória com 107,
Havia muitas mais em várias paroquias que funcionavam em paralelo com estalagens ou cómodos, casas de pasto e barracas de livres, libertos pobres e também escravos ao ganho, que vendiam seu trabalho como carregadores, recolectores, artesãos, ambulantes camelós, ficando obrigados a pagar por percentual ao seu proprietário ao qual haviam obtido de seus senhores a autorização de “viverem sobre si”- fora do tecto de seus senhores.
Em realidade ainda hoje existem estes tipos de cortiços na maior parte das cidades e de Norte a Sul, estando a maioria incridos em favelas ou musseques ou bairros de lata e bidonvilles - (Brasil e Angola, Portugal e França), aonde os camelós entre outros trabalhadores como empregados de baixas tarefas, vivem; lugar bem perto das grandes urbes como São Paulo ou Rio de Janeiro ou uma qualquer outra cidade aonde vivem outros cidadãos mais cotados e recebendo melhores vencimentos mas, necessitados de alguém para as várias tarefas domésticas.
Na Europa há nos dias de hoje cortiços sofisticados para turistas designados de AL – Alojamento Local e AT – Alojamento turístico. Tudo adaptado às normas de vida moderna com exigente regulamentação com fiscalização de organismos estatais ou municipais que dão garantias de segurança tendo para o efeito passado por um crivo apetado de normas como sistemas de aquecimento, águas correntes e esgotos, protecção contra ruidos e efeito térmico funcional e, segundo normas de higiene e segurança com piscinas colectivas individuais ou colectivas vigiadas; tudo sujeito a impostos de imoveis entre outras alcavalas que garantem o andamento das muitas actividades circunscritas ao efeito do turismo.
Os governos sempre encontram uma pernafernália de instrumentos para no fim do ano levarem à vontade 50% dos eventuais ganhos; os políticos sempre se encarregam de juntar mais uma vírgula com cheiro a dinheiro vivo. Mas no Cortiço original que surgiu no Brasil, não tendo nesse então uma esmerada atenção por parte do fisco, havia contacto entre vizinhos, entreajuda com solidariedade que hoje é bem rara. Raras porque, em blocos de habitação da urbe, nem se cumprimentam; fogem de contactos encharcados na televisão. Passam-se anos sem se relacionarem ou com uma saudação de bom dia e edecéteras arrancados à pressão…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
CHERNOBYL . 2 - Crónica 3389 – 10.05.2023
A democracia portuguesa está a ficar uma imperfeita equação atómica a copiar o E=mc²
– Estado está igual a Marcelo.Costa elevado ao quadrado…kiákiákiá
Por T´Chingange (Otchingandji) Na Pajuçara de Maceió
Não fui lá mas, também não quero ir a cuspir fogo - torna-se perigoso manusear ali, factos em artefactos vaporizados. Poderei fazê-lo como “nómada digital” informado que estou que, por ali a quietude é fantasmagórica. Mesmo antes do desastre na central nuclear, o facto de haver letreiros a dizer “carne”, “leite”, “queijo”, entre outros – não queria dizer que os houvesse.
Tratava-se da União Soviética ou URSS, onde o fosso entre a imagem projectada pela propaganda governamental e a realidade, só era ultrapassada pelas anedotas. Uma delas dizia: “Se quiseres encher o frigorífico de comida, liga-o á telefonia”. A rádio espalhava a estória em como o nível de vida melhorava constantemente enquanto a geleira vazia mostrava uma outra estória, bem diferente.
Nos dias de hoje este tipo de falas mentirosas, passam nas televisões lá na Rússia em substituição das rádios por escritos de vendedores de assinatura pagos a preço de oiro. “Quer ter a casa cheia, ligue a TV directamente ao frigorífico”. Comentadeiros mentirosos, que mesmo fora desta URSS/ Rússia e, também no Portugal de Costa & Selfito, Isso! Com as canetadas esquerdistas de jornaleiros pseudo resilientes que só o são para serem custeados pelo Fundo de Recuperação do Banco Central – É assim como uma pescadinha de rabo na boca.
Os de lá e os de cá, os jornaleiros, são pagos ao tal preço de oiro para serem bons pintores. E, ou é da minha vista ou este processo de usar falácia nos meios de informação, generalizou-se por muitos nómadas digitais, jornaleiros que cospem fogo até pelas orelhas, consagrando-se no progressismo dito socialista, talqualmente como os comunistas - é moda ser-se assim, esquerdista. Artistas de “cospe fogo” só consagrados na arte de defraudar a sociedade em proveito próprio.
Quando tudo está mal, só pode ficar pior, é quando se dá o caso de aparecerem legiões de desmilinguidos vendendo a alma ao diabo.Torna-se lamentável que nos dias de hoje não haja uma verdadeira RD - Revolução de Dignidade que acabe com essa ilusão, de que sim! Ser-se de esquerda é subir na cotação; não vejo em quê, juro! Estou sim incomodado! Porque Democracia portuguesa está a ficar uma imperfeita equação atómica a copiar o E=mc² – Estado está igual a Marcelo x Costa elevado ao quadrado…kiákiákiá
Como é possível que todos se calem desses secretismos, das muitas manigâncias nascidas do KGB, amachucando nossos valores, escamoteando factos. Valores pisoteados que adulteram as constituições instituídas; E, feito executada com gente que deveria ser guardiã da lei e da ordem, mantendo cativas ou açambarcadas a justiça que sempre se propuseram ser céleres.
O permanente uso da máquina estatal para nos plastificarem o pensamento, coisas inauditas a serem vivenciadas no mundo Lusófono. Tudo o dito, usando influenciadores, também uma forma de proporcionarem radiações que tal como reactores causam no tempo, problemas de tiróide, e formas outras imprevistas que inevitavelmente sacrificam nossa saúde, uma fusão com profusão de maleitas congénitas.
Nas minhas narrativas de vida sempre haverá uma perspectiva de desastre nestes efeitos nefastos sociais e culturais desses ventos de Leste. O peso dessas ideologias colectivas tendem para o ódio, o desprezo pela vida alheia como o que se observa nessa guerra da Ucrânia, vencer a qualquer preço, eliminando aleatoriamente gente inocente de todo, sem um pingo de humana compreensão, disfunção feita barbárie gratuita, uma imperfeita equação…
Nota*: E=mc² é uma equação da física moderna utilizada como parte da Teoria ou Princípio da Relatividade, desenvolvida pelo físico alemão Albert Einstein.
O Soba T´Chingange
FRINCHAS DO AGORA
- Em tempo de prescrições e outras procissões … ora toma!
Crónica 3385 – 07.05.2023
Por Soba T´Chingange (Otchingandji) na Pajuçara de Maceió
Por vezes é necessário ficar de longe para perspectivarmos melhor o quadro, a foto ou a cena porque de perto, tudo fica desfocado, não temos o alcance para ver tudo com nitidez pois o campo focal não o permite. Assim teremos de, no salão de exposições, retroceder uns quantos passos até tudo se harmonizar ficando com os raios de visão descruzados. No espaço de imagens e em fusos diferentes, também isto acontece!
Depois sim! Aproximamo-nos para ver ao pormenor aqueles fungos encortiçados entalados entre a unha e a carne, levantando a mesma de um lado e encravando-a do outro. Olhado ao pormenor podemos imaginar a seguir a dor que aquela personagem pintada ou em esqueleto de osso poderá sentir, essa dor ao calçar um sapato na justa dimensão e no padrão da moda.
Na foto do governo do M´Puto, aqui de longe e com quatro horas de diferença, posso ver todos os políticos latinos, a querer alcançar o saco do dinheiro ainda recheado de ajudas à resiliência; esse tal de PRE - Plano de Recuperação Económica da UE que assenta em dois instrumentos de apoio financeiro principais: o Próxima Geração UE (750 mil milhões de euros para o período 2021-2024) e o Quadro Financeiro Plurianual (1 074,3 mil milhões de euros para o período 2021-2027). É muita prata!
Vejo os socratistas socialistas e outros esquerdistas, um ou outro desvirtuado de direita com pinças arreganhadas para se coligarem num programa de interesses; comandar a engenharia financeira socratista para desfrisar os muitos fechos ecleres do saco, um baú de contentar amigos, família, camaradas e outros urubus especializados com unhas de falcão. Essa é a arte muito própria redistributiva dos amigaços do partido socialista. Eles, até enganam! Só que não o conseguem fazer a toda a gente, todo o tempo.
Tenho observado que o povo que também é interesseiro, joga sim na não perca de reforma ou vencimento apegados ao quinhão manuseado pelo partido-estado. Partido que sempre se assenhora dessa prática ao invés do Passos Coelho que num dado momento teve de castigar a todos. Depois, e com a maioria absoluta adulteram a ordem das coisas, corrompem-se no poder estimulando as ideias já absurdas tipo estalinistas. Sim! E, que desta feita deram cabo do Serviço de Saúde, da educação, dos valores de nossa cultura, corromperam as infraestruturas com gente incompetente, boys do partido! Bordam e pintam em tons rosas – sempre parecendo!
As instituições descumprem-se na missão, sobrepõem-se a tudo pisoteando as próprias leis. A justiça protela-se, não tem papel, tudo quando lhes interessa, prescreve! O povo nas redes sociais fala e fala mas, tudo fica na mesma. Seus amigos da geringonça põem seus cachorros sindicalistas a perturbar a ordem e organizações a dar prejuízo grosso entram em semanas de paralisação, entende-se esta democracia!? E o presidente? O presidente nada - anda a nadar, isso mesmo!
A palhaçada é generalizada, o presidente assobia pró lado ficando sem poder de manobra, as instituições não funcionam, a carestia de vida sobe, a saúde mazela-se. Quebram sigilos, dizem e desdizem, enganam-nos descaradamente, demitem-se ou são demitidos! Portam-se eles e elas, ministros ou ministras, como putos de escola, mau preparo, fazendo bosta. Já não há estadistas como antigamente. Não mais teremos honra à altura do Aio Egas Moniz do nacimento de nossa nacionalidade.
Para os novos governantes, o que importa mesmo é sobressair, fazer-se notar no estágio do partido político, saber dizer mentiras e circunscrever-se de gente que diz sempre ámen, sim senhor, e após chegar ao topo como cereja no topo do bolo, distribuir benesses, altos vencimentos, altas percentagens, sobrevalorização das comissões, seguir a máquina redistributiva ao jeito jeitoso de Sócrates. Já não há mais figuras de gesta-Lusa, só mesmo de borrada-Lusa, uma cambada. Lembrar-me agora dum tal prócere chamado de D. João de Castro, quarto Vice-rei da Índia no século XVI que empenhou suas barbas para salvar Diu. O Vice-Rei da Índia, correu o risco de ficar com a cara escanhoada. Uau! Valeu…
O Soba T´Chingange
ANGOLA DOS MWENE-PUTO
MAIANGA - Tempos de FANTASMA - Crónica 3384 – 06.05.2023
Por:T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió - Brasil
Marianita e Pombinha - Com um jeito de riso mole, Pombinha, com sua preguiçosa lealdade, pedia a Marianita algo que despertou em mim uma total curiosidade. Quero que você me dê um feitiço para prender meu homem! Disse ela. Com um saco de sisal cheio de capim seco fazendo de travesseiro que, esperava a quitandeira que sabia ir passar por ali a vender maças-da-índia enquanto lia achaparrado nos refolhos dos loandos, mesmo ao lado da venda do Senhor Cruz as comiquitas de Mandrake e seu auxiliar gigante, o negro Lohtar.
Ali estava eu, dissimulado e despercebido ouvindo com curiosidade as falas das duas amigas. Aquelas mulatas sacudidas em assanhamento, fumegavam num cheiro de suas roupas, prazer de fogo fervente refogado de mocotó fresco. Pelas frestas das aduelas, podia ver seus torneados pés morenos enfiados em chinelos coloridos que quase iguais, só diferiam nas flores; uma era nitidamente uma hortense e a outra quase jurava ser uma flor-de-lis.
Espevitado na curiosidade, espreitando mais acima nas frestas das aduelas de barril do vinho do m´puto, pude ver melhor o perfil de Pombinha. Tinha um farto cabelo, tipo juba de leoa, crespo com um molho de manjericão seguro de lado por um gancho a imitar uma joaninha; aquilo deu-me uma sensação e odor sensual de trevos verdes e caxinde com outras plantas aromáticas.
Pela conversa entendi que Marianita não queria cativeiro prolongado com homem nenhum porque a dada altura protestou! Casar, eu? Para quê? Um marido é pior que o diabo! Pensa logo em escravizar a gente! Deu para entender que a cafuza Marianita no delírio de enriquecer, adornou-se de todo à labutação de amigar com homem; homem que dispusesse de algum pecúlio ou patrimónios de baús de couros trabalhados com tachas de ouro ou até prata.
Pombinha, babada de amores anotou como fazer um chá de pulgas saltitantes à mistura com brututo e urtigas apanhadas na kúkia do sol nascente num dia de intenso cacimbo e, após uma noite com lua de quarto crescente. Comprometido pelos ouvidos, eu, que por ali estava lendo um livro de bolso de cowboyadas no remanso da solidão, como sombra, esgueirei-me quase rastejando para o capinzal dos fundos da venda. Por algum tempo, ali me mantive dissimulado em um tufo de bananeiras e, foi quando um meu vizinho de nome Alex, o travesti do choupal, amaneirando-se, dirigiu um bom dia àquelas damas e, lá foi botando cheiro de madressilvas na direcção da paragem do maximbombo número três, na rua da Maianga.
As duas, pelo adiantado da hora, ficaram comentando o tardio cumprimento, do porte de bichinha, louro e esbelto homem. Um desperdício! Remata a assanhada Marianita. Era normal encontrar-me ali com Rente, filho do senhor Cruz, Braga, Chiquito, Zorba, Guerra, Necas e o Almeida, mulato do cortiço das Vacas bem perto da oficina de tornos do Paulino Branco, um futura meu cunhado.
Era ali que desfolhávamos avidamente os livros de quadradinhos do homem de borracha, do Fantasma, do Tarzam e Lampião mas, nem eles nem a quitandeira das maças-da-índia surgiram naquela biblioteca de aduelas, ao ar-livre do Rente Cruz. É sempre emocionante ler as mokandas de amigos mesmo que tenham nomes estranhos como N`dapandúla, nas falas genuínas dum kamba dum Rio Seco! Dum Rio que só o é na lembrança antiga que até tinha areia sem cacos velhos.
E, um amigo sempre tem missangas para enviar, por apitos ou estalidos ou mesmo muxoxos com uma máquina de fazer “alegria” para comemorar os kambas que cada qual tem; essa máquina é capaz de produzir arco-íris pra deslumbrar cazumbis mas, também duplos e triplos, e até alguns invertidos ou enrolados nas pontas para animar banga ninita. Até posso desvendar que o último protótipo é parecido com uma foice! Quero sim venerar meu culto crente, sem coisas desatinadas dos dias comuns do Malhoas antigo pois, sempre haverá um amigo que me vai tentar convencer que sushi é a melhor comida do mundo!
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – ALFORRIA
2ª Parte - Crónica 3381 - N´Guzu é força (Kimbundo) – 03.05.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Pois então, havia as alforrias concedidas pela Coroa a seus próprios escravos, sobretudo pela lei de 11 de Agosto de 1837 que tornou mais fácil a compra da liberdade e da emancipação dos escravos das fazendas, que ocorreu em 1866. Os escravos que tinham mais hipótese de conseguir alforria, viviam nas cidades ou exerciam funções domésticas com relações estreitas com a família de seus senhores ou socialmente, com outos escravos libertos.
Sobrepunha-se a isto, a constituição de vínculos familiares dentro ou fora do cativeiro, que muitas vezes, resultava na libertação de mulheres e crianças, por conta do pagamento de seus valores por cônjuges e pais. Era por isso, muito maior a dádiva de libertação a mulheres. De facto, mulatos e pardos (termo oficial para definir uma pessoa multirracial no Brasil), tinham mais possibilidades de libertação do que os escravos negros e as mulheres, sempre tinham mais possibilidades de consegui-la do que os homens.
E, principalmente porque em cidades como o Rio de Janeiro e São Salvador, perfazendo 60% do conjunto de libertos, embora só 40% fossem escravos. Muitos desses libertos eram Africanos habituados ao trabalho braçal, em mercados e nas profissões urbanas, portanto mais aptos a acumular pecúlio para poder comprar sua liberdade ou negociar uma alforria condicional. Embora as alforrias tenham ocorrido em todo o território nacional e ao longo de todo o século XIX, a forma de como era conseguida e a maior ou menos possibilidade de obtê-la, variou muito conforme a época e o local…
Na Corte, por exemplo, cerca de 20% da população era composta de libertos em 1799; em 1834, a proporção era já de 6%, chegando a cair em 1849 para 5%; isto deve-se a que ao longo do século, as possibilidades para a obtenção de alforrias mais comuns, como a compra da liberdade e a prestação de serviços, tornaram-se mais restritas na medida em que eram tomadas providências para restringir o tráfico atlântico de cativos, abolido em 1850.
Uma das principais consequências da política de restrição ao tráfico foi o aumento do preço dos escravos que triplicou entre 1840 e 1860, dificultando a estes, acumularem seu próprio valor, especialmente se fossem homens adultos, os mais valorizados. Por essa razão, somente até cerca de 1850, predominaram as alforrias compradas, desde esse então e, cada vez mais raras seguidas pelas condicionantes e pelas gratuitas, concedidas sobretudo a crianças mas, também a idosos.
Porem, depois de 1850, o número absoluto de libertos, começou a aumentar no Brasil tanto por causa da intervenção do governo na abolição do tráfico e na promulgação de leis emancipacionistas, quanto por conta da própria acção dos escravos que começaram a questionar do poder moral de seu senhores. Até então, embora fosse de interesse fundamental dos escravos, a alforria também exercia uma função importante para os senhores que por meio dela, controlavam seus cativos obrigando-os a anos de serviço obediente, em troca da concessão da futura liberdade.
A alforria exercia papel central na ideologia senhorial, representando segundo Hebe Martos “o principal recurso moral dos senhores na efectivação da denominação esclavagista” por via de erros cometidos na história. Na descrição destes muitos pormenores tão cheios de amarguras, tanto descaminho e desgraça relembro que quando o almirante holandês da Companhia das Índias Ocidentais tomou Luanda de N´Gola aos Tugas, estes fugiram para Massangano, e por ali permaneceram durante a ocupação, até à chegada do luso-brasileiro Salvador Correia de Sá e Benevides, que reconquistou a Fortaleza de S. Miguel, na baía de Luanda em 1648.
Nesta onda do tempo e do outro lado do Atlântico, vim a saber que a construção daquele forte de Massangano tinha para além da natural defesa das redes comerciais de mercadorias tais como cera, peles, dentes de marfim, pedras preciosas, mas, e especialmente da venda de escravos às Américas, aos engenhos de açúcar do Brasil para além de também o ser, lugar de prisão para criminosos saídos da metrópole, o M´Puto e do Brasil; os chamados degradados. José Alvares Maciel era um dos nomes de entre aqueles degredados que veio mais tarde a ser solto para divagar como pombeiro (vendedor ambulante) nos matos da Matamba de N´Gola e, acabando por morrer lá para os lados de N´Dalatando, deixando uma prole de filhos com o nome de Alvares.
Ilustrações de Pombinho da EIL da Luua
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
Metáforas com ALGORITMOS - Crónica 3380 – 01.05.2023
PAJUÇARA - Em Maceió como Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola…
Por: T´Chingange (Otchingandji)
As metáforas, ajudam a expressar conceitos abstractos de maneira que se entendam com mais facilidade. Só que, por vezes são tão poderosas que nos levam a algo desconhecido como o buraco negro do qual ainda temos bastante para conhecer e entender. O mundo das plataformas de comunicação digital está cheio disso, dos algoritmos, porque funcionam frente a temas tecnológicos difíceis.
Um exemplo, que pode ser menos agressivo que uma nuvem de algodão em uma nuvem útil. Aí é onde as plataformas nos pedem que guardemos copias do que fazemos, um lugar acolhedor, mas, obviamente, o que nos estão dizendo, é em verdade um conjunto de aplicações que essas entidades estão criando para que todos os nossos arquivos fiquem alojados em suas gigantescas gavetas de servidores, de modo a que possam fazer actuar os algoritmos desenhados ou formatados por essas mesmas empresas.
O objectivo real é obter milhares de milhões de dados para uso comercial ou para fins políticos em campanhas ou até eleições, forçando os instrumentos a seguir suas mecânicas previamente balizadas em suas directivas; uma nítida adulteração a regras de transparência a que, democraticamente são chamadas de fraude. Não transijam, os responsáveis das plataformas são magníficos criadores de metáforas que deturpam o nosso rumo e nossa mente sem deixar rasto…
Pude ser informado por uma recente literatura que a constituição do algoritmo, supostamente, adverte-nos sobre a necessidade de se actuar no mundo digital, para que haja compatibilidade de nossos direitos de cidadania nos sistemas constitucionais. A instrumentalização dos algoritmos que desenham ou esboçam problemas constitucionais por um modo de viés, tanto em sua utilização como em seu próprio desenho originam uma plena incidência sobre direitos fundamentais dos cidadãos.
O problema também é bem polémico quando se formaliza o uso desses algoritmos na administração pública. Dir-se-á ser óbvio seu uso porque facilita enormemente o trabalho o que parece acentuar a objectividade de se tomarem decisões e, porque sempre se abrirá uma interrogação sobre se o serão, uma fonte de direito. Em qualquer caso exigiria decidir se matematicamente realizam as funções assertivas.
O Facebook, por exemplo, fez frente às queixas dos usuários que pediam uma certa moderação em seus conteúdos criando para o efeito uma Junta de Supervisão que se encarregará de analisar essas queixas mas?!… Como se conhece popularmente a essa Junta!?... Como uma “Corte Suprema” do Facebook! Que é que pode despertar mais respeito do que um Tribunal Supremo?! La empresa ficará até encantada, noé!?. Mas o Facebook, ainda que pareça, não é um Estado, felizmente.
Levamos anos falando de uma prodigiosa, utilíssima e revolucionaria Inteligência artificial (IA), máquinas com capacidade de aprender e de elaborar processos inteligentes por si, próprias. Inteligência artificial é também uma metáfora maravilhosa: não dá a entender em nenhum momento que esteja exigindo que centenas de milhões de pessoas se dediquem horas y horas a fio, em países pobres, ao aborrecido trabalho de colocar as etiquetas que essas máquinas possam reconhecer.
Depois do dito supra, segue-se sem haver consciência clara da necessidade de proteger directamente os direitos fundamentais, tal como se configura na Constituição. E, isto é válido para todos os países do Mundo. Durante anos observamos com alegria o como alguns jovens empreendedores davam, uma bola, vendendo por quantidades superbilionárias suas inovadoras empresas a essas grandes corporações. Era pois, a metáfora perfeita do êxito, mas essas brilhantes aquisições.
Francisco Balaguer, Catedrático de Direito Constitucional na Universidade de Granada, afirmou que as Constituições, deveriam ser submetidos por modo a dar garantias ao cidadão. Então, que se pode fazer às Constituições Nacionais para evitar lesões graves em direitos básicos? A esta pergunta o professor afirmou: Até agora tem-se feito bem pouco; entre outras coisas, pela natureza contractual da relação entre as companhias que oferecem seus serviços e seus usuários. A tendência será por agora, intervir em essas questões, não em defesa de direitos constitucionais, mas sim dos direitos do consumidor com a protecção de dados. Esse será o caminho que marcará a inovadora e interessante normativa europeia sobre o tema…
Nota: Há alguns detalhes extraídos de uma crónica de “El Pais” – Espanha.
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – ALFORRIA
1ª Parte - Crónica 3379 - N´Guzu é força (Kimbundo) – 29.04.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Ao longo do século XIX, no Brasil, várias foram as diligências buscadas pelos escravos para conseguir sua liberdade. Muitos tentaram a fuga refugiando-se em quilombos. O sonho da liberdade não se desvanecia, contudo a fuga do engenho, seu normal lugar de trabalho, só era possível em direcção ao agreste e depois sertão. Quase sempre os escravos fujões, voltavam ao engenho, normalmente ao fim de alguns dias, debilitados e até feridos pelas dentadas dos cães de fila que acompanhavam o guardas nas buscas. Vinham carregados de ferros!
Regressados ao engenho, eram submetidos a castigos no tronco. Eram chicoteados e por vezes ou quase sempre era-lhes aplicado um ferro em brasa na cara gravando-lhes um “F” de fugitivo. Os que não regressavam eram possivelmente capturados pelos índios selvagens e, nalguns casos, certamente comidos. Todos eles se interrogavam por muitas vezes sobre qual seria a situação do seu reino do outro lado da kalunga. Sempre que chegavam novos escravos ao engenho, procuravam saber por eles, notícias da Matamba, do seu Kongo de N´Dongo.
Mas, nem sempre obtinham os resultados desejados, pois que ou eram de Minas, gente do Zaire, Benim ou Muçulmanos e, muito raramente da sua etnia. Assim, metidos num atoleiro aparecia o capataz, um encorpado mulato mazombo que por via deste empate e quebra no rendimento, logo o ameaçava levar ao pelourinho, o tal tronco das calamidades. Alguns até obtinham sucesso, escondendo-se nas cidades; outros participavam em rebeliões e alguns optavam por saídas mais drásticas assassinando senhores, feitores ou cometendo seu suicídio.
Mas, um grande número obteve a liberdade pela via institucional, por meio de formas de libertação previstas em lei legitimadas pela sociedade que geria as alforrias. Assim como no período Colonial, antes de 1822, ano do início do Brasil Imperial, os veículos legais de alforria eram a “carta de liberdade ou alforria”, registada em cartório, o registo de baptismo em que o senhor libertava a criança, a denominada “alforria na pia”, a disposição testamentária do senhor ou de um seu representante legal ou por procuração.
A alforria poderia ser de dois tipos: a gratuita ou a incondicional. Nesta última, quando o senhor dono dava a seu escravo carta de liberdade que doravante, como se dizia então e, que passava a dispor de si e do seu tempo como bem entendesse; também da compra da alforria, quando escravos ou terceiros interessados em sua liberdade, pagavam determinada quantia aos senhores pela troca; da restrição em que se condiciona ao escravo um tempo determinado para trabalhar por sua conta e assim, perfazer o valor previamente estipulado.
A alforria condicional, pressupunha a prestação de serviço ao senhor por tempo alternado ou até à morte deste. Um dos problemas causados pela concessão desses dois últimos tipos de alforria, era a definição jurídica dos filhos das mulheres libertadas condicionalmente ou, pela coarctação, pois havia os que entendiam que elas ficavam livres, desde que se estabelecessem condições para a liberdade, enquanto outros, defendiam que as mulheres só ficariam libertas de facto e, com elas o seu ventre ao receber sua carta de alforria.
Teoricamente, todas as alforrias podiam ser revogadas caso houvesse ingratidão, por parte dos escravos, possibilidade que se foi tornando remota ao longo do tempo e, não mais admitida a partir do ano de 1860. Para além dessas alforrias concedidas de comum acordo entre o senhor e o escravo, havia outra cuja libertação era concedida contra a vontade do senhor.
Em primeiro lugar, a liberdade obtida por meio de acções judiciais quando os escravos procuravam a justiça reclamando escravidões ilegais, ou argumentar que seus senhores haviam descumprido acordos previamente estabelecidos. Em segundo lugar, as alforrias mediante serviços militares, nas quais escravos fujões, procuravam o exército A fim de servir como soldados e, assim conseguir a tão almejada carta de alforria ou pelo simples recrutamento para as fileiras por via de guerras em curso. Esta prática da instituição militar foi exercida na Guerra do Paraguai.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
Crónica 3378 – 29.04.2023 - PAJUÇARA - Em Maceió como Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola…
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na da Ponta Verde de Maceió
O boi, está entre os animais mais infelizes do planeta terra. Contemporaneamente, um vitelo em uma exploração industrial de carne, logo depois do nascimento, é separado da mãe e trancado numa jaula minúscula, pouco maior do que seu próprio corpo. Passará ali toda a sua vida, em média, cerca de quatro meses.
Nunca deixa a jaula nem lhe é permitido brincar com outros vitelos ou mesmo andar. E, para que os músculos não se tornem demasiado fortes – músculos fracos, significará que a carne fica mais macia e suculenta. A primeira vez que o vitelo tem uma hipótese de andar, esticar os músculos e tocar noutros vitelos é a caminho do matadouro.
Em termos evolutivos, o gado bovino representa uma das espécies animais mais bem-sucedidas no respeitante à sua evolução. Deveria ser assim mas, está entre os animais mais infelizes do globo. Tudo o aqui descrito, provem de uma forma de dizer, uma linguagem que nem sempre o é eficientemente comedida por obedecer a uma fórmula baseada em factos demonstráveis.
Depois, com as metáforas damos arranjo à justificação para tudo. E, se nós de repente fossemos vistos e tratados como bois, no criar normas de como acabar os dias, regularizar a morte pela eutanásia, a vida pelo uso do desagravo ao aborto, fazer conferências de conhecimento usando palavras mais carregadas de sentido por supostos especialistas ou científicos.
Obrigarem-nos a substituir a lei natural, a que nos foi legada pela natureza com Deus no topo da pirâmide ou hierarquia do entendimento. Tudo se torna muito complicado com derivações no culto da mentira e, sabendo de antemão que não sabemos tudo acerca de nós próprios. Este mundo de celebridades, da futilidade da bisbilhotice, romances e falta de justiça com negócio de assinaturas…
Também um estado cada vez mais estado, cuidando das regras, ajustando e regulando as leis a seu contento e dando origem a prescrições a contento de suas vontades ou pancadas ideológicas. Como todos podem verificar, andam a retirar-nos a capacidade de sobrevivência de grupo, deturpando e dividindo-nos na via normal de raciocínio.
Se os deuses da tradição grega da antiguidade estivessem a observar-nos, olhariam decerto para o erro humano, do mesmo modo que o fizeram em relação às comédias e às tragédias. Sim! Que diriam esses nossos antepassados ao observar nossas fraquezas, nossas muitas falhais que nos deixam constrangidos.
Do como somos orientados por governantes de alto coturno, do topo da hierarquia, a tomar atitudes que fazem de nós gatinhos, sempre jovens, a balouçar, correndo e saltando atrás de um novelo de fio que se arrasta pelo chão. Bem! Nesta crónica sempre é melhor ser gato que boi! Não é boiada!?
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – QUEM FOI BAQUAQUA
1ª Parte - Crónica 3375 - N´Guzu é força (Kimbundo) – 25.04.2023
Por T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
Hoje irei contar em primeiro episódio o que foi a vida de um escravo entre muitos mais, muçulmano de nascimento, que se libertou do esquecimento por via de ter escrito sua biografia. Sendo assim começo pelo princípio. Seu nome era de Mahommah Gardo Baquaqua que porque se autobiografou, podemos hoje reconstruir sua trajectória, com detalhes desde sua captura em África até à sua ida para Inglaterra.
Baquaqua, passando pelo cativeiro no Brasil descreve diversos aspectos de sua captura em sua terra natal, a cidade de Djougou no interior de Benim. Convém recordar que Benim é um pequeno país situado no Golfo da Guiné encravado entre a Nigéria, o Gana e Burkina Faso. A economia mundial de então, facilitou que se estabelecessem, na costa denominada de Costa dos Escravos, entrepostos comerciais de ingleses, dinamarqueses, portugueses e franceses.
Aquele interposto comercial ficava situado entre Asante e o Califado de Sokoto. Baquaqua, deu-nos a conhecer a forma de governo, da religião, dos costumes, sistemas de alambamento (casamento), procedimentos fúnebres e até economia. Não virá mal ao mundo dar a conhecer os rascunhos dele, membro de uma família muçulmana de comerciante, cursou a escola corãnica e participou de caravanas comerciais sendo capturado pelo exército Ashanta; foi resgatado por seu irmão mas, caiu de novo prisioneiro, sendo enviado a Ouidah no início de 1845; exactamente cem anos antes do meu nascimento.
Foi aí vendido ao Brasil para um engenho de Pernambuco. E, estando já na recta final do tráfico negreiro, então muito combatido por Ingleses e um crescendo de abolicionistas. Nesse mesmo ano seria decretada a Bill Aberdeen, a mais expressiva das leis anti tráfico. Sua vida de escravo no Brasil, que durou três anos e após a travessia do Atlântico nas insalubres condições no porão do navio negreiro, foi comprado por um traficante que o levou até o interior de Pernambuco, vendendo-o depois a um padeiro.
Padeiro que era um “patife com feições humanas”, segundo sua descrição. Recebeu nesse porém o nome de José da Costa (só faltou o Lopes para ser meu irmão de verdade…). O aprendizado em fazer pão, amassador de farinha, deu-se na base de surras de porrada e chicotadas, resultando em uma constante insubordinação como é evidente.
Fugiu por várias vezes e até pensou em matar o seu senhor; em dado momento embriagou-se e tentou o suicídio, que lhe valeu ser vendido a um traficante que o revendeu em seguida a um comandante de navio mercantil. E, do porto de Rio de Janeiro, fez viagens para o sul do Brasil sempre sujeito a surras de pancada com chibatadas.
Na autobiografia, descreve esse período em linguagem muito próxima à do discurso abolicionista, de que só posteriormente tomaria consciência. Em 1847, o navio partiu para os Estados Unidos com carregamento de café. Baquaqua, relatou a alegria que sentiu quando soube que ia para uma terra aonde não havia escravidão! Sabe-se da história que nos Estados Unidos não havia assim essa total liberdade. Lembrar a Ku Klux Klan, da roupa macabra, uma organização terrorista que surgiu nos Estados Unidos, no século XIX, e ficou marcada por ser a maior organização do tipo na história desse país.
No contexto em que foi criada, essa organização perseguia negros libertos e pessoas que apoiavam a concessão de maiores direitos aos negros no sul dos Estados Unidos e, que chegou a contar com quatro milhões de membros em meados da década de 1920. Quando Baquaqua descreveu aquela terra como libre, referia-se a NewYork, mas não foi assim tão simples. Membros da Vigilante Society, consideraram que havia escravos ilegais a bordo do navio pelo que iniciaram uma quezília judicial…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
A NUDEZ DA VIDA – MULOLAS DO TEMPO 34
- O MUNDO ESTÁ ENGRAVIDADO DE PROMESSAS...
Crónica 3374 - 24.04.2023 na Pajuçara de Maceió
Por T'Chingange – (Otchingandji)
Eufemismo, é a maneira de falar pouco clara para confundir a realidade de um facto, adulterando a realidade - ideia de não falar claro e simples para ver se as pessoas não entendem. Talqualmente, uma expressão que suaviza também o sentido reduzindo sua carga negativa como o dizer-se que alguém está já vivendo no reino da glória em vez de dizer que aquela tal pessoa morreu. Por isso digo para alguém que complica: Diga logo quem morreu! Deixe-se de trololós …
A inconfidência, por outras nuances é a falta de lealdade para com alguém indo mais além do eufemismo por ser ou parecer uma mentira camuflada. Pode bem ser uma forma de expressão para com alguém mas que normalmente é o estado ou o representante de uma soberania. Tudo são sofismas na forma de falácia e, associei aqui uma coisa com a outra complicando-me o lado racional e porque uma grande parte dos líderes mundiais actuais, usam esta forma para baralhar-nos…
Pensando nas quenturas da vida com ou sem atrito escorregado, sentado sobre meu silêncio num corrido banco de ripas, volvidos uns bons quinze minutos e, olhando o pisca-pisca do farol da Ponta dos Corais bem no meio do recife, desperto a um chamamento de um já homem simplório nos procedimentos e sem feição dum aparente mal, dirige-me a palavra sem um mais nem um porquê: O senhor está bem? Sim! Respondi que estou! E, de novo perguntou: O senhor está com Deus?
E de novo respondi que sim, até no intuito de evitar delongas em desconformidades. Ao invés de me fazer uma nova pergunta, estendeu-me a mão e, dei-lhe a minha em cumprimento integral, com os cinco dedos. Assim e do nada o silêncio voltou em pensamento calado, qual seria o mal deste já senhor. Deduzi que o casal próximo seriam ou seus pais ou seus avós pois que insistiam ser já horas de tomar os remédios e para tal teriam de voltar para casa. Pacientemente insistiam perante a teimosa vontade de ver a maré secar e poder ii até o farol bem no meio dos recifes , já noite feita…
E, perante tanta teimosia e azedume num vamos que vamos, um rapaz feito homem ou o inverso disto – quero ir ao farol! Por ali ficaram nesta periclitante diversão Saí para regressar pensando cá para mim que aquele mal seria uma anomalia do género do cromossomo 21 que causa um progressivo atrofiamento intelectual ou outra qualquer anomalia no desenvolvimento citogenético, o que conhecemos por síndroma de Dawn ou então uma já adiantada esquizofrenia.
E, porque já sofri uns bons sessenta dias andando com alguém com esta suposta doença invisível, atravessando áfrica, cenas de “Paracuca”, posso apreciar a calma necessária, que eu não tive, para suportar um destino de amizade que acabou em Johannesburg, graças a Deus. Pois assim é, assim foi! A escassos quilómetros de Nelspruit de Mpumalanga havia em tempos, gente refugiada nas grutas que tinham um kazumbi tão forte que até guardavam a morte no sovaco. O último senão foi com a recusa peremptória de irmos até às grutas de Sudwala Caves. A negativa foi peremptoriamente muxoxada em edecéteras – ali não havia bichos! Ponto final.
Mas e porque já lá tinha ido posso lembrar. Bem! Quando lá entrei, uns anos antes desta peripécia havia realmente um forte cheiro a catinga. Catinga que já cheirava a cadáver mas aquilo eram estromatólitos colados ao tecto, um pouco diferente das estalactites ou estalagmites. Mas o certo é que havia sim, uma imagem em um grande salão com o nome de Nossa Senhora da Muxima. Para uns já era de Lourdes e para outros de Nossa Senhora de Fátima. Bem! Descrevo isto porque fui lá. Ele, o “melhor condutor de áfrica” não me quis como cicerone… Foi o ponto final…
Esta crónica seria a ultima da série “Paracuca” mas, desta feita vai ficar assim em moamba que é o nome de uma comida típica angolana mas, e aqui no Brasil é termo conhecido como algo feito à margem da lei, coisa duvidosa própria de um candongueiro. Bom! Para dar término ao tema esquizofrenia direi que as causas exactas da esquizofrenia não são conhecidas, mas uma combinação de factores, como genética, ambiente, estrutura e químicas cerebrais alteradas, que podem influenciar neste mal. Ela, a esquizofrenia é caracterizada por pensamentos ou experiências que parecem não ter contacto com a realidade, fala ou comportamento desorganizado e participação reduzida nas actividades cotidianas. O tratamento costuma ser necessário por toda a vida e geralmente envolve uma combinação de medicamentos, psicoterapia e serviços de cuidados especializados. (Esta, seria em verdade a última PARACUCA . LXIII, das MULOLAS DO TEMPO 34 . Cinco anos depois do caso…)
O Soba T´Chingange
TEMPO DE FRINCHAS – Pajuçara
Crónica 3373 - 20.04.2023 – Havia carros de churros, camelós vendendo nuvens de açúcar e cozinhas volantes de acarajé …
CAZUMBI: É feitiço…
Por Soba T´Chingange (Otchingandji) - Na Pajuçara de Maceió
No último domingo percorri a pé o espaço de calçadão entre os Sete Coqueiros e a Ponta dos Corais da Ponta Verde, lugar conhecido antigamente como o Gogo da Ema, lugar aonde gerações de gente iam fazer camping no espigão de areia com muitos coqueiros sendo um deles retorcido e, que deu origem a este nome. O Coqueiro, morreu faz tempo mas, naquele seu lugar fiou um monumento moderno a recordar o seu retorcido desenho.
A Ponta dos Corais está assente em uma já existente estrutura aonde funcionava um clube náutico, ficando bem ao lado do farol que avisa a navegação dos perigos de ali arribar; Farol que assenta no início do recife que forma a piscina natural da Pajuçara indo até ao Poto do Jaraguá. Este percurso estava apinhado de gente que por ali foi acampando entre a água e o asfalta da via da orla impedida ao trânsito. Havia carros de churros, de gente ambulante vendendo desde farrapos de nuvens de açúcar, o acarajé de cheiro forte a óleo de palpa, dendém.
E havia caixas térmicas de isopor carregadas de cerveja frias levadas por cada qual, carros a vender espigas cozidas de milho e pasteis vários e espetadas de corações de galináceo ou muelas. Uma feira sem o ser aonde uns andavam de patinetes, havia bicicletas, carrinhos com bebes, gente ouvindo musica ou dançando e outros só sentados a receber o vento fresco do mar, vendo os outros ou a maré com cheiro de algas. Os camelós eram muitos e até usavam luvas no manuseio dos paus e guardanapos. Também havia sorvetes e açaí entre outros que se borrifavam de skol cerveja nas bordas das pistas verdes ou vermelhas para peões e bicicletas.
Uma azáfama barulhada em conversas, gritos de ais e uis e, com rádios vomitando musica a gosto. No regresso e já noite passei pelo quiosque da Pedra Virada com música ao vivo, pela barraca do Pirata com animação dum grupo forro, no quiosque da Lopana com música de aguçar vontades e também na barraca quiosque Kanoa com a animação ao rubro. Não houve tempo para me sentar a apreciar os jogadores de FutVolei e, ali permanecer meus minutos de silêncio. Era por assim dizer tudo junto um forro pé de maré; isto é Brasil, gente!
Agora que passo estes memorandos a limpo, cheguei à quarta-feira; o tempo correu aproximando-me do feriado de vinte e um a recordar que de novo vai haver esta azáfama, uma cortição permanente bem ao jeito brasileiro porque um feriado à sexta-feira é pela certa um fim-de-semana alargado. Pois é, dia 21 é dia de “Tiradentes” – feriado que faz alusão à morte do mineiro mais conhecido na história por Joaquim José da Silva Xavier.
As vidas são assim, intemporais e fui ao ano de 1790 chamado desde a vila de São Vicente observar revoltosos capitaneados por Joaquim José da Silva Xavier, conhecido pela alcunha de Tiradentes. Reclamavam contra o pesado pagamento de um tributo em ouro cobrado aos mineiros brasileiros pela coroa portuguesa e, vai daí e para exemplo, enforcaram o Alferes por liderar aquela insurreição. Em verdade era um militar às ordens régias; verdadeiramente era um funcionário do reino de Portugal.
O curioso disto são os contornos que dão às conjuras para aproveitamento político e, vai daí o pobre alferes viu-se metido em alhadas pelos ideólogos políticos que conjugaram o facto, tal como sendo uma revolta a favor da independência do Estado de Minas Gerais. A tal revolta, quase uma inventação a que chamaram de Inconfidência Mineira. Reinava então a rainha D. Maria I e, ainda estou para saber por que carga de água, me escolhi como nomeado para lembrar isto, quando um sargento ou cabo-de-guerra o poderia fazer sem algum transtorno para a administração.
Construindo história na fantasia e utopia, a nação Brasil, aparece ao mundo como justa, fraterna com um futuro a trote, senhores duma cultura diversificada; o Brasil está condenado a ser uma civilização original e rica até aos carnavais do terceiro milénio. A terra “em que se plantando, tudo dá”, uma quase profecia do cronista Vaz de Caminha, que se tornou na graça de Deus, um povo mestiço na carne e no espírito, sua maior valia. Brasil de românticos escritores como Machado de Assis e Jorge Amado e a gente de veredas de Graciliano, do vasto sertão tendo como modo de justiça e vida a vingança açoitada com as próprias mãos na lei do cangaço; do Lampião fazendo poeira nas cavalgadas e, suas rezas nas preces do padre Cícero de Juazeiro seu “paínho” com os bailes ferfumados, com as histórias de dizer: -“Deus mesmo, se vier, que venha armado!”.
O Soba T´Chingange
MULOLAS DO TEMPO – NA PAJUÇARA DO BRASI. Milagres da vida com talassoterapia …
Crónica 3369 de 16.04.2023 - Com farrapos de imagens de *candengue na *LUUA
PorT´Chingange (Otchingandji) em Maceió das Alagoas
Estando hoje longe no tempo, uns setenta anos atrás, com 7anos de idade pude assistir a um milagre lento. Um amigo chamado Álvaro, paralítico, pouco a pouco começou a andar como se fosse um robot nos primeiros anos mas, depois, já sem apoio e com as pernas esticadas, começou a andar; com algumas dificuldades mas, andando. De uma cadeira de rodas passou a ser quase auto-suficiente e, por este motivo, acho que o banho de mar nas primeiras horas da manhã faz acontecer maravilhas a nossos ossos. Para sobreviver à vida depois da guerra de 39 a 45 meu pai Manel resolveu sair daquela terra de frios do M´Puto, tendo chegado à Luua de N´Gola levado pelo velho vapor Mouzinho de Albuquerque.
A Dona Arminda minha mãe, algum tempo depois e, após ter recebido carta de chamada, saiu do M´Puto vertendo choros no cais de Alcântara. Da amurada daquele vapor com o nome de Uíge, pouco a pouco via Lisboa e o Tejo ficarem lá longe tapados pela neblina. Dito e feito! Ele, meu pai, estava cansado de explorar volfrâmio para enrijar os canhões de Hitler, de cavar as terras dum sítio chamado Cornelho, duma Pereira e um Vinagre, lugares vistosos de verde que no correr do tempo ficaram silvas e tojos pelo abandono. Muito mais tarde apreciei a beleza que ele nunca teve tempo para apreciar; o vale profundo enevoado com o rio Dão a correr para Alcafaxe e, lá longe a brancura de persistentes manchas de neve dispersas.
Os tamancos de pinho não eram suficientemente quentes para animar o dia que se seguia naquela terrinha e, vai daí, meu pai tentou a Venezuela e o Uruguai mas as facilidades só lhe surgiram para a África, Terras Ultramarinas de Portugal. Deram-lhe passagem de colono após preenchimento de impressos timbrados com a esfera armilar. Através da Companhia Nacional de Navegação zarpou no tal vapor Mouzinho de Albuquerque por volta do ano de 1949 ou talvez 1950. Nós, família Monteiro, ficamos a morar no Rio Seco da Maianga, início do Catambor e Senhor Lázaro, um amigo, instalou-se em uma casa de madeira em um bairro chamado de Bungo que mais tarde chamaram de Boavista. Ficava mesmo à beira mar da baia de S. Pedro da Barra, uma faixa de terra entre a linha do Caminho-de-Ferro e o mar.
Estes barracos foram surgindo em áreas do domínio público e cada qual fazia seus puxadinhos até a areia e, bem no término das marés altas. Era assim que viviam os colonos pobres, paredes meias com cortiços, quase musseques tendo por vizinhos pretos e mulatos. Esta crónica foi pensada para falar do milagre a que assisti já em Angola; milagre que durou os anos de minha juventude, do que eu presenciei nas visitas que meu pai fazia a um antigo sócio do volfrâmio chamado Lázaro pai de Álvaro, um menino que comecei por ver paralítico e numa cadeira de rodas.
Enquanto meu pai foi trabalhar para as brigadas do caminho de Ferro de Luanda, antiga Ambaca, Lázaro foi colocado como capataz de estiva no porto de Luanda. Isto para dizer que da varanda que dava para o mar, Álvaro o moço paralítico rojava-se até às águas espelhadas da baia e ali ficava quase todo o santo dia. Sempre que meu pai visitava seu amigo Lázaro eu, também aproveitava ficar ali nas mornas águas sacolejando-nos em jogos variados. Por vezes, até dormia lá a pedido de Dona Micas mãe de Álvaro, a fim de ter companhia; embora tivesse mais irmãos, ele e eu dávamo-nos bem ou, de um outro jeito. Eu era bem tolerante com os esgares e caretas que Álvaro fazia no esforço de pronunciar falas; até nos entendíamos por gestos e vontades telepáticas.
Desta forma o Tonito da Dona Arminda (euzinho) por lá ficava uns dias com seu amigo Álvaro o paralítico, coitadinho. Sentíamo-nos peixes na água mergulhando como golfinhos ou boiando como bogas, roncadores e mariquitas. Por vezes e dentro de água fazíamos grandes pescarias daqueles peixes e até carapaus, agulhas ou garoupas. Bom! Agora vamos ao tal milagre. Álvaro começou gradativamente a andar, primeiro titubeante agarrado a bordões e mais tarde solto destes, andando como um boneco de circo, pernas esticadas e bamboleando, mas andando!
Estou a ver seu sorriso ao longo do tempo quando fazia uma qualquer outra avaria; um sorriso babado com descontrolo muscular mas sortido de alegria. Pouco a pouco foi deixando a cadeira de rodas e até já ia só, até o transporte que o levava à escola do Kipacas do Ferrovia! A razão por que falo disto é a de que se há qualquer coisa que reabilite nossos ossos, músculos e rijeza ao organismo é mesmo o iodo das manhãs nas águas quentes do mar; uma tal de vitamina D que nenhuma pilula nos pode dar. Como kota, sinto isto desde 2006 pela ida muita frequente à praia, aqui no nordeste Brasileiro. Entre as 6 horas da manhã e as nove horas, lá estou metido até o pescoço na água da Pajuçara. E, olhem que é bem notório o bem que me sinto.
Agora minha talassoterapia nas águas quase paradas e quentes da Pajuçara de Maceió é prioritária tal como o foi quando nadava no útero de minha mãe dona Arminda loureiro. Os resultados são lentos mas eficazes para quem persiste e, porque a natureza só por si dá-nos recursos. Recursos que a maioria das gentes desaproveita. É por isto que não me posso ver longe do mar tropical por muito tempo. Todos os dias faço movimentos os movimentos recomendados pelo meu próprio “personal treiner”… Eu, próprio. Agradeço assim sem protocolos à mãe natureza e seu dirigente chamado Deus sem outras felpudas falas e, porque os homens mais dignos de penas serão aqueles que transformam seus sonhos em prata e ouro. Faço os possíveis! Do Álvaro e depois do “setentaecinco” nada mais soube…
O Soba T´Chingange
Notas:* Candengue: rapaz, menino, jovem; Luua: Diminutivo de luanda;
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
Crónica 3367 – 14.04.2023 - PAJUÇARA - Em Maceió como Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola…
Por:T´Chingange (Otchingandji) – No San Lorenzo da Ponta Verde.
Já sentado na cadeira emprestado pelo Conde do Grafanil, olho o buraco-casa do meu amigo cirí e, nada de ele aparecer. Só mesmo o buraco aberto, escancarado e virado ao céu com um montículo de areia mais avermelhada retirada bem do fundo da sua caverna e, disposta em volta do buraco como se o fosse uma cratera de vulcão.
Coloquei um bago de jinguba bem na entrada, fui fazer no mar a minha ginástica habitual e, quando regressei o bago de jinguba estava bem no sopé exterior da escarpa da cratera – rejeitou-o, simplesmente; sundiameno! De vez em quando olho o buraco bem do lado direito e tudo está igual. Neste entretanto e por acaso passa a mulher caranguejo, explico: na ginástica dela percorre alternadamente e repetidamente para trás; anda de marcha-a-ré para fazer recuar a velhice.
Assim, mesmo sentado vou lambendo a fantasia dela de afinal quando é que a velhice começa surgindo de dentro da mocidade. Descaminhando ginástica de para trás, ela que já é um pouco kota, agarra a juventude nesta prática exercitada. Eu sou o que sou mas ela, mesmo andando à ré, continua a ser ela… A mulher caranguejo já nem me via há dois anos mas, reconheceu-me; quis saber notícias das balelas que todos já sabem.
Quis saber da senhora Ibib, quedê ela? De novo aos olhos da minha vazante, a maré já começava a subir, falei que minha senhora ficou no M´puto disse, em tratamento de paludismo. Falei só assim por falar pois já quase eram horas de regressar ao meu mukifo, passar na farmácia e comprar um negócio de eliminar a flor-do-congo que já dava coceira nas partes de entre o saturno e plutão e também nos braços, minha herança de Angola; eu saí dela mas ela, não saiu de mim…
Acho que é uma filária que anda passeando férias no meu corpo como se estivesse em Acapulco e até por vezes desce às matubas do meu descontentamento perturbando o plim-plau do Kwanza. Ela, a mulher Caranguejo após minha intrincada explicação com edecéteras muito periclitantes acabou por dizer: A vida é mesmo assim…
As melhoras para ela, inté! Agradeci-lhe com a convicção de que nem sabia o que era isso de paludismo; isso pouco interessa pois que nem havia verdade na conversa de simpatia… Chegado ao mukifo do conde do Grafanil, tomei o meu café da manhã “santa clara” e provei a canjica de milho branco com umas sementes de girassol com erva-doce porque a memória que Deus me deu não foi para palavrear às arrecuas; andando assim como a mulher caranguejo.
Todos iremos morder o pó ou o fogo consoante a forma como desejarmos dispor do nosso bem-amado esqueleto. E falo isto agora, porque ainda me é permitido, porque eventualmente, em um futuro próximo já não me permitirão mais dizer o que penso. A vida anda muito perigosa; minha mente não rebuscou os estudos escatológicos da marca da besta que para mim é a mesma coisa.
Comecei esta crónica sem saber como ia acontecer e lendo um artigo de Majo Sacagami fiquei a saber que não é bom fazer amizade com um caranguejo e, assim matutando desconsegui concluir meu raciocínio perturbando até meus fios de cabelo já extintos do cocuruto da cuca. É bem verdade, o buraco negro está a cinquenta anos-luz, que se lixe… Pelo sim pelo não, o Sundiameno cirí, amanhã está prometido: vai ser tooparioba (com dois ós para se ler u) Como o mexilhão do mar, dentro duma concha dura, tenho de viver entre pedras, como a escolopendra (que deve ser caranguejo, lagartixa ou bicho com mil pés) entre as fendas da lava. Que até tem pedras a toda a volta, de lado e por cima. Fui!
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
Crónica 3366 – 13.04.2023 - PAJUÇARA - Em Maceió como Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola…
PorT´Chingange (Otchingandji) – No San Lorenzo da Ponta Verde.
Remexendo-me na água ligeiramente agitada da Pajuçara de Alagoas do Brasil, ia pensando em terras longínquas do Calahári da Namíbia que visitei por várias vezes e, aonde pude ver árvores mortas, petrificadas há 900 anos; muitas, ainda de pé. Foi a norte e em lugres chamados de Khoixas, Kamanjas e Otjo no Deadvlei. A Sul vi dunas gigantes no Park Naukluft de Sossusvlei. O clima ali é tão seco que aquelas árvores não puderam decompor-se normalmente, petrificando-se coisa difícil de entender. O contraste do céu azul com as dunas vermelhas renderam-me belas fotos - foi um registo de imagem para nunca mais esquecer. O curioso é o de que algumas árvores, continuam inteiras, como esqueletos retorcidos, sem folhas. O nome Deadvlei significa “pântano morto” e remete à época em que esta área, era um lugar fértil banhado pelo rio Tsauchab.
Uma mudança brusca de clima secou a área e, as dunas cresceram bloqueando a passagem do rio - um território de outro planeta. Deadvlei tem um solo composto de sal e argila branca e é rodeada por grandes dunas de cor avermelhada – tão altas que estão entre as maiores do mundo. Uma delas tem 325 metros de altura. Eu levei quase uma manhã para subir a duna da milha 45. A cor avermelhada vem da areia, que é composta de óxido de ferro e tem cerca de 5 milhões de anos, segundo estimativas. Mesmo no cacimbo (tempo frio), o clima é tão extremamente quente, que se recomenda aos turistas levarem no mínimo dois litros de água por pessoa, além de ter de usar protector solar, chapéu, óculos de sol e blusa com manga comprida. Aqui e agora, o vento surge no momento em que o pescador de nome Ambrósio lança as duas redes na água da piscina natural da Pajuçara.
Ambrósio espeta um pau na areia quando já está com a água pelo peito e depois vai dispondo a rede com as bóias brancas flutuando e assim dispõe-na por completo numa longitude de talvez uns vinte e cinco metros. Depois repete a mesma tarefa com a outra e em seguida bate a água agitando as duas mãos para assustar peixes que surjam por ali e, de modo a que fiquem presos na rede. O resultado para mim que observo é de defraudar vontades, pois nestes últimos dias só o vi apanhar uns poucos vermelhos, uns peixes parecidos com o cachucho.
Uma vez que recordei séculos lá para trás no tempo, recordo também que depois do homo sapiens e da morte de animais gigantes no tempo dos mamutes e dinossauros, das viagens dos vikings em barcos de papiro amarrado dum certo jeito e outros edecéteras, que foram os portugueses, os primeiros a chegar à Austrália. Segundo o historiador e filólogo Carl von Brandenstein, os portugueses teriam naufragado no noroeste da Austrália Ocidental, perto da ilha de Depuch, entre 1511 e 1520, tendo sido os primeiros europeus a tocar a Austrália, de onde não puderam sair.
A história refere como responsável oficial na descoberta da Austrália na visão da Coroa do Reino Unido, que no dia 21 de Agosto de 1770 o Capitão James Cook chegou a Nova Gales do Sul – nome que atribuiu àquele vasto território mas, novos achados vieram demonstrar que os portugueses já ali tinham chegado bem mais de duzentos anos antes. Porém, e sem contar com a colonização aborígene verificada há cerca de 40 000 anos, a viagem do Capitão Cook foi apenas o corolário de várias expedições exploratórias aos mares do Sul em busca do mítico continente do Sul.
Nestas viagens, a Austrália teria sido visitada, segundo alguns investigadores, por portugueses. Assim refere-se que no ano de 1522, Cristóvão de Mendonça e cinco anos depois, em 1525 Gomes de Sequeira ali aportaram deixando canhões que o tempo enterrou na areia – canhões que tinham as datas bem conservadas. Assim, o primeiro contacto europeu com o continente do Sul teria sido efectuado por navegadores portugueses, embora não haja referências a esta viagem ou viagens nos arquivos históricos de Portugal. É sabido que naquele tempo havia segredos e coisas de diplomacia que nem podiam ser referidas em documentos devido ao trato com o Reino de Castilha.
Sempre estava em causa o tal Tratado de Tordesilhas que definia latitudes a serem respeitadas. Foi nesse tempo que o mundo ficou dividido entre Espanhóis de Castilha e Portugal – Isto, quando tudo era reconhecido pelos vários Papas que definiam o que era deste ou daquele. Por isso o Tratado de Tordesilhas foi alterado por várias vezes! A principal evidência para aquelas visitas Tugas não declaradas, foi a descoberta de dois canhões portugueses afundados ao largo da baía de Broome na costa noroeste da Austrália. A tipologia dessas peças de artilharia indica serem de fabricação portuguesa, podendo ser datadas entre os anos de 1475 e 1525.
É o historiador australiano Peter Trickett que afirma que duas expedições portuguesas realizadas nos mares da Indonésia no primeiro quartel do século XVI teriam chegado ao território australiano: a expedição do referido Cristóvão de Mendonça a partir de Malaca para o sul em busca das "ilhas de ouro" (1522), mas e, sobretudo a de Gomes de Sequeira em 1525 que supostamente teria atingido a Península de York. Para reforçar esta tese evoca-se o estabelecimento pelos portugueses em 1516 de um entreposto comercial em Timor, que fica a cerca de 500 quilómetros da Austrália. Acredito que assim tenha sido…
Notas: *Sonhajando: Viajar com sonhos.
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – *SONHAJANDO A VIDA*
Crónica 3363 – 08.04.2023 - PAJUÇARA - Em Maceió como Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola, feito *Kalundu
PorT´Chingange (Otchingandji) – No San Lorenzo da ponta Verde.
Ontem, ouvi referir pela televisão que no território de Bielorrússia, um estado fantoche na dependência da Rússia, os militares estão recebendo instruções para poder lidar com engenhos de cariz nuclear. Por este motivo, recordei o desastre de Chernobil, um acidente nuclear catastrófico ocorrido entre 25 e 26 de abril de 1986 no reactor nuclear nº 4 da Usina, perto da cidade de Pripiat, a norte da Ucrânia Soviética, próximo da fronteira com a Bielorrússia Soviética.
Os ventos seguiram a direcção para ocidente, conduzindo as nuvens encharcadas de material tóxico. O reactor aberto e lançando grande quantidade de material radioactivo na atmosfera, espalhou-se em várias direcções. Parte deste material encapsulado nas nuvens e por via das chuvas, descarregaram parte desse material numa vasta zona da cidade de Viseu em Portugal. Aconteceu que a acidez de esses compostos atómicos, caíram com as águas nos vinhedos da região destruindo as colheitas e, eliminando ganhos a muitos e, em especial, a meu pai que tinha sua vida, não tão bem estabelecida.
Pois, meu pai que ainda era vivo, queixou-se desse desastre referindo os muitos inconvenientes pela perca de toda a colheita, sem qualquer tipo de ajuda das instituições estatais. Já se passaram 37 anos e, de novo surge no ar a estupidez de maluqueira saída do nada, por um dirigente terrorista chamado de Putin, sem parecer lhe pesar na consciência a infeliz situação para o mundo ocidental. E, até para eles próprios se desencadearem nessa ideia de autêntico holocausto.
Usar esses nefastos artefactos repetindo o que há milénios sucedeu com a destruição de Sodoma e Gomorra transformando a mulher de Ló em estátua de sal quando quis ver o clarão atómico. Ninguém até hoje disse ter sido essa explosão de natureza atómica mas o facto de termos um ciclo de vida curto, o tempo esmoreceu teorias ao ponto de hoje podermos comparar com o que sucedeu em Hiroxima ou Nagasáqui e acreditar que houve uma outra civilização avançada que cometeu os mesmos erros dos dias hodiernos.
E, se uma hecatombe dessa envergadura acontecer, os arqueólogos do futuro nada revelarão sobre alianças politicas forjadas à volta de um louco seguido por com muitos outros lideres descuidados e incompetentes ou sem caracter que na hora incerta, não souberam fazer determinar o fim de uma guerra parva. Os espíritos dos mortos que abençoaram alianças e políticas de torpitude, não oferecerão segredos de como foi o que aconteceu e de quantos curandeiros garantiram a bênção desses espíritos. Haverá cortinas de situação a cobrir milhares de anos de história.
Neste futuro de longos milénios será difícil descortinarem os testemunhos, dos movimentos, alianças ou revoluções nas palavras com teorias filosóficas nem sempre de virtude. Até compararão o Napoleão conquistador com Putin, e outros fabricantes de múltiplas malazengas referindo Cristo, Maomé ou Alá. Surgirão académicos feitos professores e gurus colocando questões com ou sem razoabilidade no trato da verdade.
E, o mais provável é o de que nunca se saberá pelas normais ferramentas de investigação todos os dramas experimentados. Se não somos donos deste capítulo actual, como irão então explicar se o mundo já teve há milhões de anos atrás, uma explosão atómica e, que tudo teve reinício a partir do mada. Não é de estranhar dizer-se que o verdadeiro Deus antes do David foram uns quantos ET´s e, que nós todos descendemos deles.
Nossa singularidade ainda anda a ser descoberta pelo que, ainda nos andamos a reconstruir. Por isto e aquilo, não será de estranhar andar a interceder amizade com um caranguejo cirí juntando montanhas de teorias sobre os muitos montículos de relíquias, pinturas rupestres com dentes cariados e intrusar tudo com investigação criminalista de como foi, que tal criatura morreu, que tipo de arma foi usada e até qual foi o motivo de facto.
:::::
Notas: *Sonhajando: Viajar com sonhos; **kalundu – É uma divindade ou espirito justiceiro, presente na natureza
O Soba T´Chingange
CONHECER MELHOR O BRASIL – QUEM ERAM OS AFRICANOS
1ª Parte - Crónica 3362 - N´Guzu é força (Kimbundo) – 07.04.2023
PorT´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió
AFRICANOS. No Brasil, a escravidão foi sempre marcada por uma intensa dependência do tráfico atlântico caracterizando-se mais do que em qualquer outra sociedade esclavagista das américas, fundamentalmente africana. Não obstante, gente, homens e mulheres trazidos de África para o Brasil como escravos, possuírem varias origens linguísticas, étnicas ou religiosas e, não raro o eram inimigos no próprio lugar de onde foram desgarrados. Eles, nem sabiam ou se reconheciam como africanos por dali serem originários.
No período colonial, esses africanos eram identificados pela região ou porto aonde teriam embarcado. Surgem assim, africanos de Minas, do Congo, de N´Gola, da Matamba, de Benguela, Guiné ou Moçambique. A designação por procedência foi assumida por eles mesmos, enraizados num conceito de “guarda-chuva”; preservavam isso, para assim se identificarem, permitindo a novas levas de gente chegada, organizar-se de uma forma mais eficiente no relacionamento entre eles e, os outros.
Nesse comportamento, a história esclavagista, regista a existência de nítidas fronteiras entre os escravos no Brasil formando verdadeiras nações e, muitas vezes organizadas assim separadamente, mais por contexto de irmandades religiosas. Como exemplo os escravos de Luanda de N´Gola entendiam-se no dialecto kimbundo, alguns originários do N´Zaire, falavam em kioco, enquanto os de Benguela usavam o dialecto umbundo mas tinham por comum a base bantu, como por exemplo seu deus era designado por todos, de N´Zambi.
Nas primeiras décadas do Brasil monárquico eram nítidas as divisões entre os oriundos da Costa Ocidental de África chamados genericamente de Minas mas, também designados como Jejes, Bancás e Nagôs. As muitas nações provenientes da região do Congo, Guiné e N´Gola ou N´Zaire, Lândana e Matamba com gente Imbinda ou cabindas, de Rebolo Cassange ou Benguela reuniam-se sob a denominação genérica de “Os Angolas”. Aos nascidos no Brasil chamavam-nos de crioulos, não deixando de ser diferentes dos demais e, eram designados igualmente de “Africanos”. E, foi no contexto das lutas pela independência e afirmação monárquica brasileira que, pela primeira vez a tradicional oposição entre recém-chegados do tráfico e os crioulos se apresentaria de feição mais geral, nos assumidos conteúdos políticos.
Nesta descrição, o Brasil apresenta-se em três distintas épocas a saber: a da colonização brasileira; a da época do Brasil Monárquico e a Monarquia Imperial com sede na capital em Rio-de-Janeiro, reino alargado de Portugal, Algarves e terras Ultramarinas em África e Oriente com a Índia de Goa, Damão e Dio e Timor, na Indonésia. As primeiras décadas do Brasil Monárquico foram marcadas por um “boom” de produção agrícola por via do tráfico negreiro. Nesta data, na capital da Colonia de Angola, havia um edifício chamado de Palácio de Dona Ana, pertença de Joaquina dos Santos Silva, a negreira (mestiça), que teve a maior relevância na sociedade luandina ou camundonga.
Esta ilustre senhora de então, chegou a ter um quintalão em frente à escadaria do Palácio por onde passaram milhares de escravos endereçados para Porto de Galinhas em Recife. Os cálculos da Atlantic Slave Trade dizem que entre 1501 e 1866, aproximadamente 5,7 milhões de escravos saíram dos portos de áfrica para as américas. No Brasil, os pregoeiros iam às roças anunciar que tinham chegado galinhas ao porto. Era uma forma de enganar as autoridades do reino perpetuando a venda de gente depois de 1850 – ano final da proibição. E, é por este motivo que Porto Galinhas, um lugar de veraneio brasileiro é assim chamado. Dona Isabel sancionou a Lei Áurea, na sua terceira e última regência, estando o Imperador D. Pedro II em viagem ao exterior, às três horas da tarde do dia 13 de Maio de 1888.
No início do século XIX, delinearam-se duas grandes áreas de comércio negreiro para o Brasil destacando-se as rotas entre os traficantes baianas e, o reino de Daomé na Costa Ocidental da África, e as dos traficantes de Angola e do Rio-de-Janeiro e Recife com a África Central-Ocidental e a chamada contracosta de Moçambique. Nas áreas açucareiras do Recôncavo Baiano entre os fins do século XVIII e as primeiras décadas do XIX, a rasão de africanidade das populações dos engenhos era de dois para um, raramente somando menos de 60% do conjunto da escravaria. Nas primeiras décadas, já no período Imperial, com o tráfico ilegal, os falantes de língua banto alcançaram até os 90% da escravaria das fazendas de café da região, às vésperas da extinção definitiva ao tráfico atlântico, em 1888.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – *SONHAJANDO A VIDA*
Crónica 3358 – 01.04.2023 - PAJUÇARA - Em Maceió curtindo férias de Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola, FEITO KALUNDU
Por T´Chingange (Otchingandji) – No San Lorenzo
Enquanto espero a inspiração muito cheia de novidades desconhecidas, dou voltas ao miolo em como irei dar solução ao enredo da estória intrincada e, que no capítulo seguinte virá a ter o número de ordem 24º. Para o efeito tive de recordar o último Missosso do Kimbo elaborado a 03 de Dezembro de 2022 e, pois sucede que chegando ao fim da página, depois de ler: **Esta é uma estória inventada só no que concerne às mentiras, segue-se a explicação do que quer dizer a palavra kalundu no dialecto kimbundo de N´Gola. **kalundu – É uma divindade ou espirito justiceiro, presente na natureza (A entrevista com o Brigadeiro N´Dachala, continuará lá mais para a frente - depois das eleições previstas neste ano de 2022…). Até aqui tudo nos conformes mas, eis que se segue um comentário ainda não lido por mim, pelo que o vou transcrever talqualmente como está inserido no Blogue. Motivo mais que relevante para destravar a minha própria tranca letárgica e pegar de novo na estória de Fala Kalado
Comentário: De Patrícia C. Neto a 3 de Dezembro de 2022 às 23:46
Olá, sou Patrícia C. Neto, estou aqui para espalhar esta boa notícia para o mundo inteiro sobre como recuperei o amor do meu marido. Eu estava enlouquecendo quando meu amor me deixou por outra garota no mês passado, mas quando conheci um amigo que me apresentou ao Dr. WAVA o grande mensageiro (entenda-se feiticeiro kimbanda ou t´chingange)…
Narrei meu problema ao Dr. WAVA sobre como meu marido me deixou e também como eu precisava conseguir um emprego em uma empresa muito grande. Ele apenas me disse que vim ao lugar certo, aonde obteria meu desejo do coração e, sem nenhum efeito colateral.
Ele me disse o que eu precisava fazer; depois que foi feito, nos próximos (sequentes) 2 dias, meu amor me ligou e pediu desculpas por me matar antes de agora e também na próxima semana. Depois que meu amor me ligou para estar implorando por perdão, fui chamada para uma entrevista na empresa desejada, aonde precisava trabalhar como supervisora.
Estou tão feliz e emocionada que tenho que contar isso ao mundo inteiro sobre como o Dr. WAVA me ajudou a realizar o desejo do meu coração. Dr. WAVA é um especialista em todo tipo de feitiço e boa magia. Se precisar de qualquer tipo de ajuda, entre em contacto com Dr. WAVA no seguinte endereço de e-mail: drwava3@gmail.com, você também pode ligar ou whatsapp/Viber +66992602953 se precisar de sua ajuda. https://www.drwavaofspirituallovespells.com
RESPONDER A COMENTÁRIO:
Desta feita, verifico ser este “Kimbanda” muito superior ao Primeiro-Ministro de nome António Costa. Deveria ser seu assessor para acudir às mazelas do M´Puto pois que sua “propaganda” é bem oleada nas muitas difíceis engrenagens do optimismo… Suas entidades vibram nas matas, cemitérios e encruzilhadas, com o "Povo da Rua" abrangendo os mensageiros ou guardiões (é dos livros…). Estou a ver-me tirando uma senha a fim de ficar depenado nos trinques, talqualmente fazem os muitos políticos do “M´Puto” rectângulo. Mas, ele, há coisas…
Afinando as pestanas denota-se que o Dr. WAVA é para além de um bom candidato a politico, um homem de ética apurada, enfim, um bom republicano. Perante esta mokanda, acho que o espírito da gente é cavalo que relincha e até escolhe estrada. Que quando numa de para tristeza, e morte, vai não vendo o que é bonito e bom; seja!? Contando assim este episódio de quase resiliência, coloco até minha sobrada amizade, assim mesmo, um pouco para ele singrar, pois que surge do nada em criatura de simples coração que em verdade, me fez desacreditar que o inferno é mesmo possível! Ainda estou *sonhajando…
*Nota: Sonhajando: - Viajar com sonho…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DA VIDA
Crónica 3356 de 28.03.2023Na Pajuçara do Brasil
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada…
Por T´Chingange (Otchingandji) - No Nordeste Brasileiro
O destino da humanidade repousa irremediavelmente e, cada vez mais que nunca, sobre as forças morais do homem. Se se quiser uma vida livre e feliz, forçosamente haverá necessidade de se restringir ao essencial e renunciar a muitas tentações; daqui dizer-se estar-se sempre na mesma - só que com outros nomes! As maneiras de estar no mundo mudaram, ou foram forçadas a mudar - seus hábitos, atitudes ficaram algo periclitantes por força de novas imposições sociais, maneirismos, vaidades ou futilidades.
Uma grande parte de nós mente a si mesmo por conveniência, laxismo ou “deixa andar” e, nem se dá conta disso. Em tempos idos (tenho quase 78 anos) havia criados, contínuos, serventes, ajudantes, acessoristas ou aprendizes de qualquer coisa. Hoje o destino da humanidade repousa sobre os valores morais que conseguem suscitar em si mesma por indução, por convicção, por instrumentalização ou por coisas ordeiras no ponto de vista sindicalista.
Nessa forma de estar com “Maria, vai com as outras”, no descaso da prática, nada mudou – só sofisticações para criar escalões de coturno ou por maluqueira dum qualquer visionário político que se ache, que “quer mudar o mundo” com as inaltecências e edecéteras bizarronas. Aos criados chama-se desde algum tempo, cuidadores com múltiplas variantes como apoio da terceira idade. Aos contínuos, auxiliares da acção escolar e, técnicos ecológicos aos antigos varredores ou qualquer outra função segundo uma escala de ascensão e parâmetros de carreira com exclusão da 3ª classe porque esta é altamente vexatória.
Ser-se assim duma tamanha desclassificação não pode! Assim, vem auxiliar de segunda classe que sobe para primeira, segue-se técnico de 2ª, depois 1ª, depois principal, especialista e edecéteras que por aí vai. Ora um ascensorista que só tem de saber carregar um botão com um único dedo, como então, vai seguir na subida da vida chegando a especialista funcionário! Isto traz-me muita confusão ao ponto que, até me tem fundido as lâmpadas do meu ego cerebral.
Todos, ou quase, percebemos que o livre jogo das forças económicas, governos e governistas com afins circunscritos, interesse da causa, o esforço desordenado e sem freios dos indivíduos para dominar e adquirir a qualquer custo um poleiro digno - problema que, simplesmente deveria ser de cacaracá. Um barbeiro sempre será um fulano que corta cabelos nué? Tanto roubo, tanta hipocrisia e corruptela têm de ser misturados nestes entretantos que ocupam montes de psicólogos, psicanalistas e desclassificados a fingir que o são: Competentes ou comentadores; também estes, especialistas; se for assuntos de guerra sempre vai aparecer um major general de nem sei quantas estrelas. O mundo está doidão!
Um apanhador de lixo não pode ser um técnico superior de ecologia nué? Ou Noé? O estado deverá ser permanentemente inovador nas áreas de educação na pesquisa séria e com substância. Será com novas áreas de modernidade e novos paradigmas que se alcançará o bem-estar social. Só que não basta mudar o nome da treta para mudar-se a atitude. Também se na vida económica de um povo, o egoísmo e corrupção persistirem - o “monstro”, inevitavelmente derrotará a democracia a papelocracia, a burocracia e coisas inúteis tal como a conhecemos e concebemos.
A política tornar-se-á tão nefasta que no dia-a-dia perigará a condição em se ser um cidadão honesto. Os estragos serão cada vez mais atrozes ao entendimento da gente que cada vez mais detestará a política e os políticos. Detestará também os sindicatos e sindicalistas manobradores. A menos que os homens descubram e bem depressa, os meios de se protegerem deste desequilíbrio ético, caminhando rapidamente para guerras internas…
E, a dúvida de todos ou de uma grande parte subsistirá porque, quando se trata de ser ou não ser, as regras e compromissos, nada valem. Sei-o por experiência própria em um tempo não tão distante: 1975 – Um tal de acordo de Alvor – lugar do M´Puto! Aonde então, se meteram os estadistas? Diriam como salvaguarda posterior serem medidas revolucionárias! A evolução dos últimos anos põe em foco o facto de termos muito poucas razões para confiar nos governos; em confiar na ética e responsabilidade desses tais de gente impoluta – 5 estrelas.
As dispersões de opinião serão cada vez mais vincadas, originando uma incerta forma de governo e, proporcionando, o aparecimento de associações do tipo geringonça. Estas terão pela certa jogos de sociedade respeitando escrupulosamente sua visão ideológica, suas regras, suas normas, seus interesses. A confiabilidade dissolver-se-á assim, em permanentes duvidas e, nisto de assim ser, não há objectores de consciência. Na verdade trata-se de uma prática desigual ou ilegal; um combate pelo direito real dos homens contra seus governos já que estes, exigem de seus cidadãos actos criminosos de demasiados e injustos impostos, demasiadas e desadequadas leis.
O Soba T´Chingange
TEMPO DE CINZAS. 12.03.2022 na Pajuçara – Republicação a 24.09.2022 em AlGharb do M´Puto
Crónica 3254 - Lendo a “TEORIA DA INCERTEZA” no 7º dia da guerra em Ucrânia
MALAMBA: É a palavra.
Por T´Chingange, na Pajuçara de Alagoas e Lagoa do M´Puto
Alain Delon, o donatário de dez paços de areia na praia Pajuçara chega por volta das sete horas da manhã fazendo um grande alarido em minha direcção, eleva as duas mãos, diz bom dia patrão e finca os dois polegares no ar abanados e virados ao céu para me desejar saúde. Estando eu a fazer movimentos de talassoterapia respondo do mesmo modo, com água até o pescoço, de óculos e chapéu quico branco do Palmeiras. Entrei na água pelas 5,45 horas, tépida, serena e espelhada como é normal na maré baixa. As calemas esbatem-se lá atrás nos recifes na forma de espuma branca; pode ouvir-se o barulho.
O Alain ganhou comigo o sobrenome de Delon em memória ao artista de cinema que me transmitiu alegrias na juventude Luandina, no antigo cine do bairro Maianga, meu clube, ou em uma outra qualquer das muitas salas ou esplanadas existentes na Luua de Angola tai como o Miramar, Império ou Avis. Aqui as sesmarias de posse d´areia são contadas em dez passos segundo uma direcção já estipulada e segundo duas referências como se fossem faróis ou bandeirolas, um poste alinhado com uma equina e, bem vertical à língua de praia.
Como chego muito cedo, a vastidão é só minha mas, porque conheço as balizas destes donatários sempre faço os possíveis para aqui ficar, sentar-me depois da hidroginástica, dizer umas larachas de soberania, comer uma peça de fruta à sombra do meu sombreiro com gravuras de peixe-agulha e flores, pegar no livro do dia para fazer a leitura hodierna; ainda ando mastigando o livro Veredas de Guimarães Rosa, triturando lentamente as falas intrincadas, parar e fazer-me entender envolto na riqueza de tantos vocábulos estranhos e, inusuais na literatura de hoje.
Sendo assim Alain deu paz à minha ideia congeminada entre o bracejar, rodar, remar e saltar abstraindo-me do olhar co contorno das cérceas que em curva se dispõem ao longo da marginal, calçadão, passeio e pista de ciclovia que ondula a marginal desta orla. Hotéis e edifícios residenciais que bordeiam esta grande piscina natural na forma de uma pequena baía. Estou bem em frente ao pavilhão de artesanato; posso vê-lo por entre os coqueiros e amendoeiras de um frondoso verde. É o lugar de Sete Coqueiros mas, em realidade são muitos mais.
Tenho agendado fazer compra de prendas neste artesanato, oiro de capim das chapadas de Tocantins; pequenas lembranças a levar para o M´puto. Por via da guerra da Ucrânia, embora longínqua, terrível, estupida e medonha, tudo me perfaz num quanto baste provocando-me desagasalhadas alegrias. O Alain passa e, mete-se comigo enquanto acaba de espetar seus grandes chapéus quadrados e vermelhos, num total de nove na sua sesmaria, dizendo:- Hoje é dia de escrita, patrão!? Sem esperar resposta, que nem era para isso, num entretanto acode a dois casais acomodando-os bem ao lado preenchendo assim a frontaria da maré…
Ver a praia desnuda e, do nada virar coisas, chapéus de múltiplas cores, cadeiras, mesas e arrepios de vida, se o quiserem resiliência também. Assim vi! Num repente veio um relance que também me arrepiou ideias. Minha rasa opinião sucumbe no braço d´armas da guerra que mata gente como quem mata coelhos. Putin, o dono da caça, ele tem olhos muito incertos e vesga-os sem sair qualquer suor pestanejado, cara de cera, sem lágrimas nas beiradas de sua testa, o filho da puta! Vou dizer mais o quê, apetece-me chamar-lhe nomes.
Cada um com a casa atrás da parede, tijolos desfeitos, atrás do nada, um zumbido, muitos mais, um estrondo e muitos mais, fragmentando mortes, o crepitar de labaredas, caibros que caem, muitos e mais muitos rebentamentos só átoa com cheiros, com fumos – ninguém tinha esperado – ninguém tinha pensado. E, depois, um silêncio tremido de medo com choro abafado e de novo, um segundo que vira século, aquele outro silêncio pior que um alarido, que dói…
No buraco escuro, escutando a rádio, opiniões, muitas até em que não me assopro, hipocrisia. Que crime? O homem veio guerrear com todo o mundo. Guerra! Crime que sei, de fazer traição; não cumprir a palavra, não a ter: Uma arte de intrujice, nunca vista, nunca sentida, nunca cheirada. E o resto do mundo? O resto do mundo ficando agachados, molengados, por nivelar sem diferir. Na ponta dos olhos da gente sai uma raiva, outra e mais outra, feitas lágrimas. Ideias que vão e vêm – a gente empurra para trás, mas a todo o momento elas voltam a rodear-nos nos lados. E o mundo, no mundo a gente que pode, tem muitos mais lados! E, não há lá no sítio da URSS, um filho da mãe que lhe ofereça um como de cicuta…
O Soba T´Chingange
SETE COQUEIROS DA PAJUÇARA - “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso - a palavra foi feita para se dizer”- Crónica 3238 - 05.02.2022 – Republicada no KIMBO a 30.08.22 no AlGharb do M´Puto…
Por T´Chingange – (Na Pajuçara de Maceió no Nordeste brasileiro)
Hoje (05.02.2022) apreciei de dentro da água tépida de 28 graus o nascimento das capitânias d´areia – concessão aos empresários que vivem da venda de sombra aos turistas, uns cocos frios e pasteis feitos na hora e debaixo de uma amendoeira e também o açaí de Tocantins ou skol em lata. O empregado do capitão d´areia risca a areia segundo uma direcção já estipulada, depois conta dez passos para o lado concessionado e, com o pé risca na areia o término correspondente ao seu patrão, Seu Baldo.
Entretanto o moço vai cantando uma lengalenga e, intercalando a mesma, mete-se com o vizinho, também mocambo do Comprido, nome de seu patrão; imagino que seja alcunha pois que ele é mesmo alto. O dito-cujo chegou mais tarde botando ordem na algazarrada feita forró de pé-de-serra da dupla sertaneja Chitãozinho e Chororó… Pode assim imaginar-se a divisão do Brasil em capitânias medidas em léguas no tempo em que os prémios de marear mares por Portugal lá pelas Índias, eram ficar com lonjuras de terras desconhecidas até seu limite e segundo o Tratado de Tordesilhas, seguindo uma linha paralela aos paralelos ou equador.
Recordando a história, temos que as capitanias hereditárias eram uma forma de administração do território colonial português na América. Basicamente eram formadas por faixas de terra que partiam do litoral para o interior, comandadas por donatários e cuja posse era passada de forma hereditária. Por motivos de melhor aproveitamento para a administração da colónia, a Coroa Portuguesa delegava a exploração e a colonização aos interesses privados, principalmente por falta de recursos de Portugal em manter tais territórios.
As capitanias iam do litoral até o limite estipulado pelo Tratado de Tordesilhas, um modelo de colonização que tinha obtido sucesso na Ilha da Madeira e em Cabo Verde e África. A iniciativa de colonização utilizando este modelo respondia à necessidade de protecção contra invasores, sobretudo franceses que deixaram algum legado pois não me situo muito longe da Praia do Francês onde vivi por oito anos (de 2006 a 2014) . Os escolhidos eram membros da baixa nobreza portuguesa que a Coroa acreditava terem condições para a empreitada de colonização ou gente que se destacou na odisseia em descobrir o caminho marítimo para a índia.
Martim Afonso de Sousa
Esses nobres foram denominados donatários e representavam a autoridade máxima da capitania. O donatário não era dono, mas deveria desenvolver a capitania com recursos próprios, responsabilizando-se por seu controle, protecção e desenvolvimento. Juridicamente se estruturava o controlo da capitania através de dois documentos: Carta de Doação e Carta Foral. Tomemos por exemplo a capitânia de Paulo Afonso bem a meio do curso do Rio São Francisco que deu origem há agora grande cidade com seu nome, lugar que visitei na peugada de Lampião, um dos meus heróis da banda desenhada lá pelos anos de 1960 em Luanda (Angola), conjuntamente com o Mandrak, Homem de Borracha, Tarzan, Zorro ou O Fantasma… Minha cultura advém daqui e do cinema…
A Carta de doação dava a posse da terra ao donatário e a possibilidade de transmitir essa terra aos filhos, mas não a autorização de vendê-la. O documento dava também uma sesmaria de dez léguas (50 Km.) da costa onde se deveria fundar vilas, construir engenhos, garantir a segurança e colonização através do povoamento. Nela definia-se que o donatário era a autoridade máxima judicial e administrativa da capitania. As capitanias hereditárias existiram até 1821. À medida que iam fracassando, voltavam às mãos da Coroa Portuguesa e eram redimensionadas, gerando novas estruturas de administração. O acto de redimensionar as fronteiras das capitanias hereditárias moldou alguns estados litorâneos actuais.
Não obstante o sucesso administrativo, o sistema de capitanias sofreu com a falta de recursos, algumas foram abandonadas e em outras jamais seus donatários estiveram ali. Igualmente sofreram ataques indígenas, os quais lutavam contra a invasão de suas terras.
Desta maneira, o empreendimento das capitanias hereditárias fracassou. Somente duas foram bem-sucedidas a saber: A Capitania de Pernambuco, comandada por Duarte Coelho, responsável por introduzir o cultivo da cana-de-açúcar e a Capitania de São Vicente, comandada por Martim Afonso de Sousa, graças ao tráfico de indígenas que realizavam naquelas terras.
O foco da Coroa portuguesa na sua colónia da América Portuguesa era a extracção dos recursos da terra, como o pau-brasil. Isso devia-se ao facto de não terem sido encontrados metais preciosos como foi o caso dos espanhóis em suas possessões. Após a inviabilidade das Capitanias Hereditárias, a colónia do Brasil, passou por uma reforma administrativa sendo instituído o cargo de Governo-Geral, prática também iniciada nas possessões africanas de Angola e Moçambique.
Convém aqui nesta leitura da história do M´Puto – Portugal, falar de algumas curiosidades sobre as Capitanias Hereditárias. Elas impulsionaram o crescimento das vilas, que aos poucos se transformaram em províncias e, mais tarde constituíram alguns estados brasileiros. A herança dos sistemas de capitanias hereditárias pode ser sentida até hoje através do coronelismo e das famílias que seguem mantendo o poder em certos estados. Martim Afonso de Sousa permaneceu pouco tempo em sua capitania, pois foi deslocado para ocupar um posto nas Índias. Quem administrou a terra foi sua esposa, Ana Pimentel. Ando a rever isto vendo a novela “Escrava Isaura” que foi escrita pelo romancista Bernardo Joaquim da Silva Guimarães…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
PAJUÇARA - SETE COQUEIROS - “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso - a palavra foi feita para se dizer”- Crónica 3235 - 01.02.2022 em 7 coqueiros da Pajuçara
Republicada a 17.07.2022 do AlGharb
Por T´Chingange (Otchingandji )– No AlGharb do M´puto
Eram 5 horas e 45 minutos quando furei a areia para colocar meu chapéu-de-sol na praia de Sete Coqueiros. Fui o primeiro a colocar um chapéu naqueles 4 quilómetros de areal e bem em frente do Pavilhão de Artesanato. Após dispor as duas cadeiras bem aselhadas e, muito próximo do máximo espraiar das águas em maré decrescente, meti-me na água até meus ombro serem cobertos por esta.
O início de minha hidroginástica começa bem aqui, virado para a orla marítima e apreciando a azáfama matinal que é bem diversificada. Daqui posso ver como num anfiteatro todos os movimentos, sentir cheiros e os muitos sons que vão subindo ao longo do passar do tempo. Observo uma senhora que percorre a linha de ondulação da máxima maré com um saco de plástico e abaixando-se amiudadamente apanha algo com sua luva transparente; pareceu-me ser pequenos objectos, utensílios feitos em plástico como garfos, facas e canudos de plástico.
Pode até ser conchas mas tudo indica andar a cumprir uma promessa de limpar a praia de desperdícios deitados no bota fora na óptica do quero lá saber. Deve ser mesmo um compromisso de sonho de limpar os maus hábitos. O mesmo homem de sempre passa em corrida de passos ou pulos pequenos em direcção ao porto do Jaraguá. E, passa um tal de Mateus, um quase atleta de futvolei, conhecido de há anos e dizendo adeus, some-se na lonjura com suas passadas enérgicas.
As ondas à medida da descida da maré vão ficando menos altas pois que suas antecedentes ficaram lá atrás retidas nos arrecifes. É um lençol de água de cor esmeralda, que depois, no meio e antes dos recifes vai fiando azul e mais escura a caminho do horizonte. Estranho não voltar a ver uma velha senhora que caminhava na via ré, andando às arrecuas para ganhar mocidade. Ou então, andará envolvida nos rolos do medo covidesco na progressão de delta para ó-mi-com ou, na pior análise já foi nessa leva abalroada para o jardim das tabuletas.
Posso ver daqui o trilho que sei estar pintado de vermelho, pista de bicicletas e aonde se cruzam donzelas de justas pregas e todos os demais e, até vendedores de café da manhã que com seus zingarelhos de caixas, de pastéis bem dentro de outras caixas de isopor, esferovite de onde se pode divisar as tampas dos termos com café, com leite e outras garrafas com suco e quenturas de caldo de feijão; tudo numa ordenação estudada na resiliência. Ao lado, a gente correndo no calçadão vão dando colorido por entre os muitos chapéus de praia que vão surgindo a partir das sete e meia…
Contornando o calçadão, há dispostos altos coqueiros a emparceirar com as largas copas verdes de amendoeira, do figo da índia como eu conhecia em Luanda, capital de Angola. E, pela marginal posso acompanhar com os ouvidos o andamento de um carro discoteca que lança uma música tracejada de comprimido, mistura de kuduro com pera abacate. Parece, não haver noção dos decibéis enfiados a contragosto em todos os demais e, tudo numa boa, ninguém parece importar-se. A batida correu na avenida soando em tracejado ao meu ouvido já de si dolorido e carecido…
E, passa junto á beira da água molhada o mesmo general, caricaturado por mim já lá vão uns três anos e, sem jeito de baixar sua proeminente barriga de ginguba. Com suas flanelas protectoras do rei sol lá vai variando do amarelo fosfórico ao azul reluzente, tudo num passo rápido e convincentemente só. Pelas sete e meia surgem os trabalhadores empresários de chapéus no suficientemente largos para cobrir uma família. Fazem rasgos com os pé na areia a condizer com o seu licenciamento de capitania de praia e depois com uns negócios de enxadas gémeas fazem buracos o suficientemente fortes para aguentar sua estrutura.
Num rápido, já tudo está enxameado de cadeiras multicolores, mesinhas e chapéus; bem na berma do calçadão estão seus carros cangulos gigantes de serem levados por mão ou empurrão, depósito de todos aqueles trastes de artelhos com corotos e também caixas com gelo e bebidas para vender ao povão, cocos, cerveja e licores de jenipapo a misturar com iguarias de suco de ananás, acarajé de dendém e doces mixórdias de animar um qualquer ateu.
Bem perto duas mulheres com chapéus de palas largas em suas cabeças, rezam e cantam com as mãos elevadas para a kalunga ou iemanjá; mais longe saem as balsas dos jangadeiros levando turistas para as piscinas naturais; lugar do recife aonde a água transparece mostrando variedades de peixes que acostumados, vêm picar e debicar restos de pão, bonito de ver aqui e em qualquer lugar que tenha este jeito de recifes.
Escrevendo em verde o que vai por aqui, sei que lá fora todos andam inquietados com as movimentações, canhões de Putin na Ucrânia, ameaças da UE e a NATO, enfim. Desde a estória do Adão e a Eva que andamos assim em permanente transgressão. A culpa é mesmo da EVA que comeu o fruto proibido quando tinha tantos outros para se lambuzar… mais logo vou comer canjica e queijo de coalho no meio da tapioca, ver pela TV pela segunda vez “A escrava Isaura” e depois … Depois, amanhã será outro dia - FUI!
O Soba T´Chingange
TEMPO COM CINZAS – 27.01.2022 - No Nordeste brasileiro
E, aqui na PAJUÇARA - Se Deus salva as almas, e não os corpos, teremos de ser nós a resguardarmo-nos porque nem sempre é necessária a culpa para se ficar COVIDADO…
Crónica 3233. Republicada a 13.07.2022 no M´Puto
Por T´Chingange (Otchingandji) no AlGharb do M´Puto
Embora o Senhor esteja em toda a parte, é de ter em conta de que Ele às vezes parece não nos ver, fazendo-nos sofrer por culpa de outrem. Na Praia da Pajuçara leio a notícia que é coisa que se tira a desejo, do fim do Sol espojando-se para o sono da noite. Foi um ontem transladado para hoje como um espelho preto. Da tristeza que sempre é notícia de toda a hora, o gráfico da ó·mi·cron que corresponde à letra “O” do alfabeto latino, subiu aqui e ali e, mais gente morreu.
Neste meio tempo de escrita, vou sendo rodeado de chapéus coloridos, cadeiras e mesas, caixas térmicas isopor ou esferovite com estampas de cerveja a estalar de frio, gulosas que chega, gente gira com barulhos de linguajar de Gravatá. Mais logo virão a música de forró e anedotas de repentistas caboclos, matutos e gente gira de cu-ao-léu, sereia mostrando a barbatana, os fios entalados na alegria dos olhos e cheiros de entaladinhos mais coxinhas de galinha e o acarajé da tia Alzira.
E, assim e aqui na praia com algum aperto de desânimo aproveito para olhar para a banda de onde ainda se praz qualquer luz da manhã. Posso ver as velas enfornadas ao vento que vem do horizonte fazendo nadar as jangadas. Assim, mesmo sentado vou lambendo a fantasia de afinal quando é que a velhice começa surgindo de dentro da mocidade. Coisa endoidada de lembrar ao espaço pensamento em minha cabeça…
Lamber a maldição é castigo, mas a noticia que sempre a há, a gente tem de ir por ela, com ela e, entrar assim num mundo para buscá-la. A mulher caranguejo passa caminhando, bem, descaminhando ginástica de para trás, agarrando juventude na prática exercitada. Andando assim para trás diz-nos bom dia! Conhece-nos por temporada! Eu sou o que sou mas ela, mesmo andando à ré, continua a ser ela…
A mulher caranguejo já nem nos via há três anos mas, reconheceu-nos; quis saber notícias das maldades do mundo e, foi-lhe dito as balelas que todos sabem. Aos olhos da minha vazante, a maré já começava a subir, teria tempo de falar algo tal com falei e, eram 8 horas e 20 minutos, estava a meia hora de regressar ao meu mukifo no PortVille já ginasticado com a dose habitual de talassoterapia, escrever depois a minha crónica número 3233 para a Kizomba (esta).
Passar a limpo a mesma no computador, tomar o meu café da manhã “santa clara” e provar a canjica de milho branco com umas sementes de girassol e erva-doce porque a memória que Deus me deu não foi para palavrear às arrecuas; andando assim como a mulher caranguejo. E, sou mesmo forçado a criar tabus no meu espírito para me manter são na guerra da vida.
Ou fico em silêncio, ou falo dizendo impropérios à falta do fervor alheia. De todo o modo, assim ou assado, com este ou aquele, no M´Puto ou aqui em terras de Vera Cruz, terei de aceitar o meu posto de cidadão, mesmo faltando-me a confiança; mesmo que daqui advenham tempos sombrios e confundidos. Terei de ir mandando pontapés aos espíritos, às arrecuas e de costas, pois!
Todos iremos morder o pó ou o fogo consoante a forma como desejarmos dispor do nosso bem-amado esqueleto. Toda a vez que vejo ou ouço "todo mundo usando máscara" impossível que minha mente não rebusque os estudos escatológicos da marca da besta que para mim é a mesma coisa. E falo isto agora, porque ainda me é permitido, porque eventualmente, em um futuro próximo já não me permitirão mais dizer o que penso. A vida anda muito perigosa...
O Soba T´Chingange
MOKANDA DA LUUA – KAPIANGO - Luanda do Mu Ukulu… Era uma vez … O temp ruge.
Da Luanda actual - Crónica 3177 – 09.08.2021
- Kinguilas, as fugitivas da Independência - II de IV
Por T´Chingange no AlGharb do M´puto
Do BCI não é o urinol da esquina, que não funciona, nunca funcionou. Importado a peso de ouro do Brasil, a “casa de banho” faz parte de outras talvez centenas espalhadas pela cidade que nunca funcionaram. Ninguém conhece os contornos do negócio, apenas se sabe que nunca funcionaram, nem se conhece ninguém que tenha lá dentro urinado. O Rialto já não existe, só ficaram as saudades dos apetitosos pregos com jindungo e os finos tirados com a pressão exacta. Em seu lugar, recentemente, foi construído um alvo Monumento ao Soldado Desconhecido.
Os jovens não sabem o que isso seja, imaginam, segundo me disse um deles na rua, ser um soldado sem registo de nascimento. Ali ao lado estão os Correios, já centenários, mas de que ninguém parece tirar utilidade. Perguntámos a um jovem, vagabundeando por ali, o que são os correios. Ele olhou, tranquilo e respondeu muito sereno “não sei, pai”. Ninguém sabe nada, aqui nesta cidade. Também não precisam de saber. O tempo parou, sitiado entre a madrugada das 6 horas e o pôr-do-sol das 18 horas, vaivém, a cidade se povoa e despovoa, aqui se faz tudo, mas ninguém é daqui, as pessoas desabitam aqui, por isso não há tempo.
As kinguilas, fugitivas da Independência e da puliça, andam nos extremos da extensa avenida N´Zinga ou Ginga dominadas pelo banco estatal BPC, a agência Kaponte e a agência lá do fundo perto do Eixo Viário, ao lado da Unitel. Ninguém sabe o que é Kaponte, os jovens, desempregados, não sabem nada, não lhes diz respeito. Mas Kaponte pode ser uma pequena ponte, aquela ponte que liga à Praia do Bispo e onde se mataram, dizem, brancos desesperados com dívidas ou com desamores, naqueles tempos remotos antes do setentaecinco, tudo junto…
Lá dentro do BPC, para onde os mais velhos espreitam, diz-nos o jovem M´Bambi, nunca há sistema nos computadores, especialmente, reforça, depois das 14h - 14h30. Os funcionários querem ir para casa e não toleram mesmo, ser retardados por clientes sem dinheiro, mas com problemas complexos deles, de primos e tios que obrigam a consultas demoradas. Lá fora, um mundo mudo, ninguém fala, toda a gente parada sentando-se onde pode ou polindo esquinas…
É o mundo das kinguilas, as cambistas de rua, as verdadeiras bancárias do sistema, que também vendem recargas da Unitel, são dezenas largas de mamãs opulentas, vigilantes, carregadas de kwanzas e de divisas, inexistentes nos Bancos. Usam um balaio de mateba ou de plástico colorido; cada uma usa sua própria cor. A operação “Transparência” não lhes toca, parecem da família, tudo mancomunado com a grande máquina de lavar dinheiro; as purificadoras do sistema com adestramento no antigo “tira biquíni!” e mais suprimentos e até complementos do tal tão falado de “Roque Santeiro”. Um ar adstringente com cheiro a maboque derramado com mistura de tamarindo…
Só dão berrida nas pobres zungueiras que povoam a Baixa durante o dia, sempre com um olho aqui outro ali, já estrábicas, tipo ciganas na Europa, prontas a correr em defesa da mercadoria. São as fugitivas da esquindiva, da finfia com finta no aprendizado da Independência.
Mas é também o mundo dos pensionistas, centenas, ou milhares todos os dias desde manhã cedo, ainda quase escuro e ao som dos primeiros pio-pio dos agora raros pardais, seres ainda vivos se abeirando do óbito, tentando ver se a pensão já caiu…
O tempo clareou obscuridades trazendo o lixo na corrente da estória que os fez junto com os saídos de Angola involuntárias marionetes – a tal de dipanda do tundamunjila. Podia já ter esquecido todo este assunto, um tema deprimente para muita gente e descendentes matutos de mescla escura com mazombos e virgula no entretanto mas, eu mesmo prometi não esquecer este lado negro em terra que por via da descolonização se branqueou… O dólar tem de ser com o tal George de cabeça grande. O próprio George Washington…
Num aiué, todos os mitos em torno da “Nação de N´Gola”, as coisas mudam na percepção independente, tudo mudou mesmo muito nos anos da dipanda. Na Luua num repente também passou a ter também pretos de primeira e de segunda só que não querem que isto se saiba por ser assim muito tão cruelmente cruel. A preocupação com a etnogénese podia e pode ser muito bem motivada com a preocupação na degenerescência racial, da “eugenia positiva”, tem mwangolés de primeira e gente de chinelo do pé, tipo rafeiros mas isto, nunca passarão dum tal mito de que África dos trópicos de Capricórnio nunca vai querer analisar com profundidade …
(Continua…)
T´Chingange do kapiango na Diáspora dos AlGharb`s do M´Puto
KIBOM . I – É um sorvete gostoso
TEMPOS BRABOS DE CALOR… 16.01.2020
Por
T´Chingange – No Nordeste do Brasil
Espetei meu chapéu verde e branco bem junto à Kanoa na pequena enseada da Pajuçara da Ponta Verde. Ainda não eram seis horas da manhã e, meu chapéu era o primeiro a ser fincado na areia de cor amulatada. Um homem bem moreno, cambuta de baixote no atarracado, mas ágil nos movimentos, espeta na areia bem junto de mim e no final da borda do beijo molhado da maré cheia, suas canas de genuíno bambu.
Galho recto e nodoso de simples natureza quanto baste, um escasso metro e meio de seda de nylon enrolada a partir do fino extremo e presa com um atilho saído dum vulgar pneu de bicicleta. Nada de sofisticados carretos a dar ares de pescador abastado. Ajustou seus dois baldes com letras de tintas de pintar paredes bem ao lado das esguias canas, meteu seus chinelos de dedão junto dos trapos dentro das mesmas e deu-se aos preparos finais.
Calçou sua cabeça com um chapéu camuflado de cobrir orelhas, pescoço e pala saliente a encobrir seus olhos e, em actos contínuos de mestria conhecedora, entrou na água de mansidão verde, cor de esmeralda, iscou seu ínfimo anzol na ponta dos cento e cinquenta centímetros, mais coisa menos coisa e, apontou a água num indefinido ponto de horizonte bem na curva como se fora num longínquo paralém. O pedaço de quase nada penetrou na água.
Assim e num repentemente, daquele lençol aguado, não demorou muito a puxar da água um peixe reluzindo pintura de prata chamado de xexéu. A cada lançada, novo peixe metido em seu pequeno balde pendurado no pescoço com um baraço de tira larga. Não demorou a ficar bem cheio com outros pequenos variados peixes daqueles que depois de fritos na forma crocante fazem babar vontades de apetite.
No transbordo do peixe da lata pequena para a outra grande na areia e, muito perto de mim, o senhor olhando para minha ansiedade falou: - Moço, quer pescar? - Quero! Foi a resposta. Já com meio corpo dentro de água, apercebi-me da pequenez do anzol na forma de unha de gato quando enfiei um pedaço de camarão cru passado na pega entre os grossos polegar e indicador do senhor pardo matuto.
Enfiando pedacitos de camarão cru, fui lançando frustrações seguidas de ansiedade do vai ser agora e, bolas, pica, pica e num lança e tira e mete o isco, dá repelão e fugiu o filho da peste; assim num nadica de nada de só mesmo a picada, talvez por falta de jeito ou mesmo sorte fui lançando muxoxos de sundiameno aos pequenos roncadores. Assim apontando o horizonte fui ficando cansado dos pedaços frustrados de coisa nenhuma até que resolvi dar continuidade à minha talassoterapia.
Num meche perna, num torce e estica e roda, alonga braço e salta endurecendo músculos meus aperreados de tempo, idade e moleza, ele o senhor fala de novo: - Como é seu nome? À pergunta feita e respondida iniciámos falas de aproximação, nome de peixes, este é bom, este é espinhoso e assim por diante sem recta definida.
Meu nome é Isaac, estou meio aposentado e ainda vou mexendo com minha macarronaria, sabe! Deduzi que isto tinha algo que ver com macarrão, massa de comer mas e, entretanto enquanto lança o caniço acrescenta: - Macarronaria do Isaac! Fica ali mesmo na paralela da Durval Guimarães, depois do Bom Preço, vira à direita, vira à esquerda e, é logo ali.
Negócio na parte baixa e residência no lado de cima. Hoje tenho de levantar dinheiro no banco para pagar aos meus seis empregados, visse! Agora, eu só fico entre as dezoito e vintiuma horas – meu tempo já foi, noé!? Pois! Disse eu poupando as falas entre outras ouvidas bem mais interessantes. Vá até lá seu António – vá provar minha macarronada de camarão, gostosa de roer vontade! Acredito seu Isaac, irei sim senhor!
Já quase no ir, foi-me dizendo que voltaria sábado a horas de maré alta que é quando o peixe pega. Hoje é quinta-feira e, talvez no sábado próximo lhe pergunte pelo biónico personagem, o tal de General Emérito Fala Kalado, meu amigo de velhas antiguidades; quem sabe não é seu freguês lá na sua venda tasca ou lá o que seja, talvez restaurante. Quem é chambeta de pena falsificada e tem uma orelha plastificada decerto, sempre ficará preso na retina da ideia.
Sabendo eu das particularidades de FK, dos gostos de matumbola reciclado em gente, dissimulado nas manhas e sempre prazeroso no trato, que gosta de whisky puro como quem só é fanático de água, bem pode ser um seu dissimulado cliente mesmo que o seja no incerto pois que, o personagem não é muito de usar roteiros rotineiros, um defeito desses propícios modos de surtidas com tocaias. O hábito faz o monge talqualmente os tempos sangrados servem para assossegar segurança. Tomei um gelado Kibom com sabor a graviola e segui o rumo de casa a pensar de como vai ser o futuro, dos altos prazeres…
Muxoxo é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de contrariedade. No M´puto costumam chamar de “chocho", com o sentido de beijo.
O Soba T´Chingange
“Olha a cabeça do Zezé, será quele é!?” … Será que ele é? Há problemas, trauteei!? Reconheci-o pela cicatriz que baixa da sua falsa orelha até ao meio do queixo papudo – Há batalhas que não adianta ganhar e outras que vale a pena perder. - 03.03.2019
Escrito por – José Eduardo Agualusa
Por
T´Chingange, vulgo António Monteiro . No Nordeste brasileiro
Livros em cima do criado mudo (mesa da cabeceira)
1 - A minha Empregada - Editorial Estampa de - Maggie Gee
2 - O ano em que Zumbi tomou o Rio - Quetzal - José E. Agualusa
3 - O Último Ano em Luanda - ASA - Tiago Rebelo
4 - BURLA EM ANGOLA – Burla em Portugal - Guerra e Paz – Susana Ferrador
5 - História da riqueza de brasil – Estação Brasil – Jorge Caldeira
6 - GLOBALIZAÇÃO de Joseph E. Stiglitz
7 – VIDAS SECAS – Graciliano Ramos
8 - A viagem do Elefante – José Saramago – Da Caminho
9 - O Livro dos Guerrilheiros de José Luandino vieira - Da Caminho
10 – O CORTIÇO - Romance de Aluísio de Azevedo – IBEP – S. Paulo, Brasil
:::::144
Eram 5.55 horas deste dia. O telefone tocou!... Preparava-me para ir à Praia da Pajuçara - deposito a xicara de café Santa Clara ainda muito quente no balcão de granito preto. Surpreso pela hora tão matinal e com o carnaval a desfilar na televisão tão cheio de cor no sambódromo de São Paulo penso: Quem será!? Vou atender pensando ser a Margarida a dizer que afinal, mesmo depois de passar a noite na refrega do samba do Jaraguá, sempre vai à praia. Atendo com um alô, alô! … Num espanto de quase susto, ouço: Sou o José Agualusa, o dono do Zumbi!... E, segue-se um espaço descolorido em cima dum branco fosforescente… Caramba é ele, o próprio! - Mas que prazer, disse assim meio tremendo de emoção com um formigueiro nos gémeos das quinambas. O José Agualusa!?
:::::145
Mas que prazer, repeti de forma escusada, meio encafifado e, ainda tendo na cabeça a musica “Olha a cabeça do Zezé, será quele é!?” … Será que ele é? Há problemas,… trauteei!? Não! Diz Agualusa meio a rir-se de meu titubear feito bobagem de susto! Não, diz ele do outro lado da linha… (uma pequena pausa, creio que um gole de whisky, dum surdo e insuspeito gluk…gluk…)… É para te agradecer pela propaganda que tens feito do meu livro do Zumbi!
:::::146
Também para te desejar um bom carnaval!... Estou em Curitiba num “Work Shop literário” e ontem vi alguém que tu descreves nas tuas mokandas do Kimbo! Também na Kizomba! Alguém que anda por aqui a farejar negócios - reconheci-o pela cicatriz que baixa da sua falsa orelha até ao meio do queixo papudo, disse isto como se eu apreendesse a mensagem vendo a figura. Não sei do que falas nem de quem falas! Disse eu, muito verdadeiro na surpresa. Nem tampouco conheço quem tenha uma orelha postiça. Pois, eu assim disse: - Não sei de quem falas amigo? Ele, o Agualuza, tinha sido meu vizinho lá no Huambo, podia dar-me a estas íntimas aproximações… Afinal quando ele cresceu, eu estava na Caála (Robert Williams).
:::::147
Resposta rápida: Do teu personagem Coronel Fala Kalado, o morto vivo! Pópilas… (eu, no discurso directo) nem sabia que assim era! Às tantas até tem uma perna de pau que vira metralha ou catana em casos de periclitãncias e, eu sem saber. Pois é! O cara andou por aqui rondando. Não fosse eu saber de vossas relações e nem te iria perturbar a esta hora! Assim, como quem demonstra estar muito ocupado e após um Hic…Hic… xuk…xuk…krás…krás disse: - Fui! E, foice, digo foi-se mesmo!
:::::148
E, eu que fazia o Coronel emérito das FALA estar bem perto de Poconé a traficar armas em troca de pó feito chocolate de canábis lá para os lados da Bolívia. Assim confuso, resolvi desvendar um pouco mais de sua escrita matrix das guerrilhas do Morro da Rocinha, lendo e relendo sem conseguir atinar na quietude do desassossego. Como é que descobriu meu telefone deste mukifo? Coisas por desvendar. E, que quereria ele dizer-me com esta descrição do cara ter na cara uma cicatriz bem por debaixo da orelha esquerda que era falsa. Vou-te contar (disse de mim para comigo mesmo!)
:::::149
RIO DE JANEIRO, IPANEMA, CLUBE FRANCÊS, NOITE – Na zona do CV – Comando Vermelho; Euclides, o jornalista, levanta a voz: Ouviste o que te disse? – Ouvi. O Presidente baicou… (morreu…) - E não te interessa? Francisco Palmares franze as sobrancelhas. Toda a sua atenção está concentrada no grande mapa da sala de comandos. Coloca e retira alfinetes. Desenha círculos a tinta vermelha em redor de determinadas posições. Enlaça os dedos e estala-os. Finalmente volta-se para o jornalista: - Então o velho baicou? Morreu como? – Faleceu durante o sono, enquanto fazia a sesta, ele era do tempo em que ainda se fazia a sesta. Ataque cardíaco. Foi Monte quem o encontrou… (parecem referir-se ao JES, o dono d´Angola)
:::::150
- Monte? O nosso amigo tem um talento especial para encontrar defuntos… Diz isto distraído e retoma o trabalho. O destino de Angola já não o entusiasma. Euclides senta-se numa cadeira. Abana a cabeça. Afaga perplexo o farto bigode. Aborrece-o o alheamento do outro: - Pensei que te agradaria a notícia. A morte do Velho vai abrir caminho para a democracia plena. O regime está a viver os seus últimos dias. Se a vossa aventura tiver um final feliz, entendes?, se o Governo aceitar as vossas condições … (este governo, é referente ao Brasil do tempo do PT - José Inácio, ainda liberto…) Pois tu não entendes, coronel?!...
:::::151
Se o José Inácio amnistiar toda a gente, podes depois regressar à Luua (Luanda). Francisco Palmares enfrenta-o de novo. Desta vez olha-o com intensidade. Pousa a mão nos ombros dele. Euclides sente-lhe a febre. Uma serena tristeza: - Eu já não volto meu kota. Não terei a alegria de morrer na Luua. Primeiro porque encontrei o meu destino. E depois, talvez nem se chegue a um acordo com o Governo (de novo o Brasil), talvez não haja um final feliz. A coisa aqui está a ficar preta (feia)… - O que dizes? Tu sabes que temos problemas…
:::::152
Começa a faltar comida na cidade e, como dizia a minha avó, em casa que não tem pão todos ralham e ninguém tem razão… Há divisões no movimento (do CV-Rio - Comando Vermelho), tem gente que quer assaltar os supermercados, os armazéns…Está a ser difícil lidar com algumas pessoas… O jacaré!?... Olha, por exemplo, o Jacaré. Muito destes mwadiés não têm formação politica. Em Angola vivemos um processo semelhante, não foi?, em setenta e cinco, quando o partido do M decidiu recrutar o lumpens (?), a bandidagem dos musseques, gente habituada a fazer tiros… Mas não eram militares, faltava-lhes a disciplina… (refere-se aos pioneiros e outros desclassificados). E a seguir, ainda por cima, para saldar a dívida, deram-lhe cargos de responsabilidade… (de cabos fizeram generais num piscar de olhos).
:::::153
- Pareces o teu pai… O meu Pai? O erro do meu pai, kota, aquilo que o perdeu, foi nunca ter sido capaz de passar das palavras aos actos. Democracia plena em Angola? Não, não penses nisso. Vai ficar tudo na mesma. (já Agualusa feito osga, estava a ver o filme bem afrente, com o laranja JL…). Há batalhas que não adianta ganhar e outras que vale a pena perder. Como assim? – Em Angola talvez seja possível derrubar o regime, mas não vai mudar nada. Aqui (Referia-se ao Brasil), ao contrário, podemos até perder esta batalha. Mas, depois da nossa derrota, acredita, nada será como antes. Mesmo derrotados, teremos vencido.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA