Quarta-feira, 2 de Agosto de 2023
VIAGENS . 44

NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA  (HOODIA)

- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3454 – 02.08.2023

- Boligrafando estórias em Brukkaros e Hardap Game Park. – Em direcção a Ondundozonanandana mais a Norte… Foi no ano de 1999

Por Brukkaros1.jpg T´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto

brukkaros01.jpg Já que ficava em caminho fizemos um desvio para ver um vulcão extinto que o mapa indicava com o nome de Brukkaros. Devido à ausência de água potável e ao difícil acesso rodoviário, houve um certo receio em ir àquela montanha que se avistava de longe naquelas infindáveis rectas mas, aventurámo-nos; a viagem à Montanha do Vulcão Brukkaros também é difícil por ser demasiado pedregoso. Qualquer avaria, forçar-nos-ia a regressarmos a pé pois que ali não havia telefones e, os celulares ainda nem existiam; bola para a frente e, vamos ver no que dá.

A montanha é um grande vulcão extinto, um cone vulcânico com um diâmetro de cerca de 4 km2 tendo sido formado por uma explosão quando o magma ascendente encontrou as águas subterrâneas e as superaqueceu. É formado por uma pequena brecha castanha, acentuadamente avermelhada com leito indistinto e, composta por rochas fragmentadas que foram ejectadas daquela chaminé vulcânica de há cerca de 80 milhões de anos.

brukkaros02.jpg Eu, Ricar, Marco e Tilinha, tivemos de alcançar o topo do anel na forma de montanha, uns quinhentos metros verdadeiramente escalados até bufar todas as asneiras conhecidas mas, com dificuldade lá chegámos. A cavidade é drenada por um riacho que corre para o sul através da montanha circular até um vale estreito – quando chove. À sua cabeceira encontra-se uma cascata seca sobre a qual o ribeiro desce cerca de 45 metros.

Isto só imaginado pois só o é coisa real após a chuva, acredito que sim, sendo o leito do rio imediatamente abaixo da cascata a principal fonte de água (água que não vimos) mas, notou-se um brilho de humidade sim! E, porque avistamos macacos deduzimos que ali, haverá água; só que não descemos. Já chegava a loucura de subir até quase ao céu para vermos penedias pintadas a ferrugem e umas soltas árvores a que chamam de Quiver´s que crescem ao longo da base da cratera na forma circular tipo funil invetido.

café anton1.jpg Já refastelados nas instalações da barragem Dam Hardap Game fico atento á chaleira que fumega por cima do fogão eléctrico. O sol entra pela janela da kitchenette que liga à sala aonde estou sentado, melhor, afundado numa poltrona cuja tábua deve ter fundeado no acostamento de matacos de um quilómetro quadrado. Aqui há muita gente gorda e o melhor mesmo é nem repararmos porque, senão os contratempos surgem de soslaio vindos dum desconhecido lugar cheio de biltong, boerewors e coldrinks de coca-cola…

Os vapores do meu chá trazido do M´Puto serpenteiam até ao tecto de pinho em desenhos enrolados e fazendo uma cortina com raios digitalizados. Trata-se de uma velha cura legada pelo meu tio avó de nome Guerra, um composto de barbas de milho, pés de cereja, ipê-roxo, também conhecido como pau de arco e rooibos indígena. Curiosamente, a osga gorda instalada no canto do tecto lambuza-se de contentamento pois que é suposto os mosquitos aparecerem para se banharem no vapor quente, que ali se concentra.

aug9.jpg Num espaço etéreo de virtual roxismo, o fumo enlaça visões de índios sioux, astecas ou apaches. O termo roxismo derivada de Roxo, o nome de uma senhora que pinta seus sonhos no computador metendo as pestanas em escandaloso verde e fazendo de óculos com adjacências estapafúrdicas, com madeixas de cabelo ruivos como se todos fossemos assim, vindos duma galáxia distante muito cheia de bolinhas translucidas e, numa forma espantada de arco-íris a condizer exataqualmente com a ideia de que efectivamente, somos uma ilusão.

Hoje mesmo, vou-me ensinando a ser gente tomando aqui e acolá, por onde calha, o saber dos mais sábios para ficar esperto. Nem sempre homem, nem sempre jovem, já mais velho, nos intervalos, aprendo a aprender a ser grande graças a esta aguda perspectiva de também ver e ler as coisas da frente para trás e tal como o camaleão, ter um olho aqui e outro mais longe para poder fazer selfies de mim mesmo (isto é só imaginação futura porque, a selfie surgiu anos depois…), bem ao jeito de Picasso. Lá fora as árvores têm formas de cactos pré-estóricos, aloe dichotoma (as tais Quiver´s)…

(Continua...)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:02
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Terça-feira, 20 de Dezembro de 2022
KAZUMBI DE BURUNDANGA . III

A INTERNET - A ditadura digital e os mecanismos de manipular o cérebro

Crónica 3330No AlGharb do M´Puto a 20.12.2022

Por roxo10.jpgT'Chingange - no M'Puto

roxo2.jpg A Internet a partir da última década do século XX mudou o Mundo; os políticos ainda andam a descobrir as novas tecnologias tentando perceber as muitas aplicações que rápidamente mudam o sistema democrático. Andam agora a enfrentar os combates da liderança com esta revolução da chamada inteligência artificial. 

O prémio Nobel da Literatura Yuval Harari coloca em causa se os políticos conseguirão gerir esta crise antes de ficarem sem dinheiro. Citando-o: “se os mosquitos nos zumbirem nos ouvidos e nos perturbarem o sono, saberemos como matá-los, mas se um pensamento zumbir na nossa mente mantendo-nos acordados durante a noite, a maioria de nós, não saberá como matar esse pensamento”. 

roxo213.jpg Hoje já se aprende a conceber o cérebro, sabe-se que a alma afinal tem peso na casa de mícrones e, também de prolongar vidas congelando até no lado do álem; também de matar pensamentos à nossa vontade. Verificamos na actualidade que as mudanças verificáveis não devem manipular o nosso mundo reconfigurando-nos a seu belo prazer mas, é isto que vivenciamos duma forma nua e crua, e como não entendemos sua complexidade, baralhamos nossas mentes.

As mudanças que aí vêm em um futuro próximo poderão afectar o nosso sistema mental e, até entrar-se em falência. Custou-me entender até recentemente de qual era o interesse em comprar uma divida mas tanto que pode, que andamos todos a nadar no molhado e, isto até nem é calote! Sempre há uns poderosos oligarcas que vivem dos juros! Quando entendi esta mecânica emprestei dinheiro a prazo ao Estado através dos CTT e a cada seis meses dão-me uns trocos; o mais certo é todo o lucro ser comido pela inflação, mas parado, seria maior a perca.

Roxo221.jpg As eleições brasileiras ficaram emaranhadas numa engenharia electrónica como se o fora um laboratório com algoritmos mentirosos usando a tecnologia da informação até nos rasparem todo o tutano da compreensão. Menos mal que surgiu o tal de PIX que é um meio de pagamento electrónico instantâneo e gratuito oferecido pelo Banco Central do Brasil a pessoas físicas e jurídicas, sendo o mais recente meio de pagamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro – salvé!                                 

Verifica-se também o arredondamento da mentira que chutada até à exaustão vira verdadeira; um colapso na perca da fé, da narrativa liberal que adultera todo o processo democrático, desmultiplica multidões dando-nos a liberdade de pressentir que há fraude sem burla e burla sem fraude; tantas manobras que nós gente comum, que o futuro está a deixar-nos de lado. Num paulatino repente que se repete, todos ficamos robotizados, feitos numoito e cada vez mais irrelevantes. Surgem até misteriosas palavras, novas no suficiente mistério com difícil interpretação! Aló meu irmão…

roxo222.jpg E, agora e num repente que já dura em demasia, surge vindo do inferno um tal de Vladimir Putin com manias de que é deus mas, que não passa dum grande filho da puta que quer acabar com a lógica das coisas. Cumpre-me avisar ao Nosso Senhor, meu tio por parte de mãe, que se vier à terra sanar este desarranjo, por favor que venha armado, muito bem armado, senão pode lixar-se! Fui…

Ilustrações de Assunção Roxo

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:05
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Domingo, 13 de Novembro de 2022
KALUNGA . XXXIV

KIANDA COM ONGWEVA NAS FRINCHAS DO TEMPO - XIX de várias partes…

– Crónica 3294 de 04.05.2022 – Segredos de sua tetravó Zachaf Pigafetta Roxo no Museu do Prado em Madrid…

Republicação a 13.11.2022 em Lagoa do M´Puto

Ongweva é saudade

Por zedu4.jpgT´Chingange (Ochingandji)

tukya13.jpgCA - Quase tudo que vou dizer é mentira mas, tende a ser verdadeira. Como disse, foi graças à insistência do Conde de San German que ela, tetravó de Roxo se decidiu a abrir comigo: Sua mãe (de Roxo) kianda negra foi Redufina Kabasa Tsvangirai que se umbigou com um tal de Morgan Tsvangirai. Que nasceu preta-preta retinta mas, no correr dos dias foi ficando assim branquela como o é hoje. Ela a kianda Assunção Roxo deu seu primeiríssimo alerta de vida nas águas do lago Chivero, que fazia fronteira com a fazenda farm de Morgan Tsvangirai.

Pois, tranquilamente disse-me que sua mãe era preta retinta, casada com esse tal de Morgan Tsvangirai, que ganhou a primeira volta nas eleições em confronto com a múmia Mugabe, após vários dos seus apoiantes terem sido assassinados. África é assim mesmo, inconstante, de revoltas permanentes e, aonde o poder vira tribal, mesmo brutal. Zimbabwé era um território farto em acontecimentos irreais (confirmei isto mais tarde a duras penas no lago Kariba). Foi isto que os motivou a transladarem-se para o Kwanza e ficar ali bem perto de Massangano, também um lugar de muita magia, da antiga.

paradi2.jpg Massangano, aonde os espíritos ainda conferenciam muxima por ser um pambu-n´jila (lugar de afectos especiais com bwé Muxima). A múmia Robert Mugabe venceu as eleições convocadas para o dia 28 de Junho de 2008, sendo reconduzido mais uma vez ao poder, desta feita pela sexta vez consecutiva, por desistência do pai de Roxo. Esses foram momentos conturbados mesmo para Morgan Tsvangirai*, e até para kiandas como nós, disse sua tetravó Zachaf Pigafetta Roxo. Com o apoio internacional, houve uma partilha de poder que durou cerca de quatro anos.

Este Governo de Unidade Nacional revelou-se ineficaz para acabar com as fortes tensões e evitar confrontos sangrentos entre os apoiantes de Mugabe e Tsvangirai. Em 30 de Junho de 2013 Robert Mugabe foi novamente reeleito, apesar da oposição adocicada.

massangano1.jpg Talvez seja a sina de África ter gente que nunca chega a crescer em definitivo – são na grande maioria crianças até quase morrer e morrem até, sem curriculum vitae… Ficam sábios quando recebem a estrema unção dum quimbanda credenciado nas bocas do Mundo. Acho que Nosso Senhor não andou por ali e ficaram só abençonhados por aquele branco chamado de Livingstone. Em 2018, passei por lá e vi que a nota, dinheiro de maior valor tem três pedras empilhadas no lugar da esfinge dum possível estadista – Vale zero! Os kinguilas vendem-nas aos magotes para malucos coleccionadores, a preço de banana podrida…Aiué!

Posso agora entender do porquê esta kianda Roxo andar assim tanto de um para outro lado irrequieta, sem saber desta sua dupla vida mas, compartilhando xispanços de tinta com maestria. Xispanços de pinceis electrónicos na forma de gigabaites que se traduzem em cores holográficas, fosfóricas e ate cibernéticas; pinturas do paralém de assombros que só kiandas podem executar. A surrealidade está-lhe no equinócio de singularidade primaveril.

muxima1.jpg Pois! Com tantas nuances – de cada uma das diferentes gradações pode ter uma cor entre o seu claro e o escuro periclitante que, teria mesmo de acabar esta intrincada estória no equinócio de primavera, uma óptima sinalização para quem vive no lugar dos espantos, fenómenos dum Entroncamento. Convém lembrar que o primeiro dia da primavera, o que ocorre todos os anos entre os dias 20 e 21 de Março, este ano, aconteceu no dia 20 de Março de 2022 às 15h33. Pude ver isto nos astros…

Equinócio é uma palavra em latim que aglutina dois termos com significados diferentes. Aequus significa "igual" e nox, "noite". O termo quer dizer literalmente "noites iguais", isto porque nessa altura a noite e o dia têm sensivelmente a mesma duração, 12 horas. Nesta altura da estória tenho de confessar que a kianda Oxor nunca foi vista por mim ao vivo mas, estive lá bem à sua porta no lugar do Entroncamento, terra de fenómenos e assombrações – Se estava com uma nevralgia ou artrite, não pude perceber o cheiro intenso da canfora, dos cremes usados para aliviar dores como o diclofenaco ou dietilamônio. Mas, falando com “Humberto Delgado” durante o almoço das enguias, senti que havia um torcicolo para decifrar com a kianda gémea de Roxo… Assim, ao invés de fataça comi enguia, bem boa!

zebra1.jpg NOTA*: - Morgan Richard Tsvangirai já desfaleceu, quersedizer, morreu em 2018! Foi em verdade, um sindicalista, activista de direitos humanos e político do Zimbabwé, antigo primeiro-ministro do país, depois do acordo de divisão de poder que foi estabelecido com o então presidente Robert Mugabe depois das eleições presidenciais, em Setembro de 2008…

(Continua com “fricção ficção”…)

O Soba T´Chingange (Ochingandji) – Na Lagoa do M´Puto

Equinócio é uma palavra em latim que aglutina dois termos com significados diferentes. Aequus



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:00
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Quarta-feira, 28 de Setembro de 2022
KALUNGA . XXX

KIANDA COM ONGWEVA NAS FRINCHAS DO TEMPO - XV de várias partes…

– Crónica 3257 de 16.03.2022 na Pajuçara de Maceió – Republicada a 28.09.2022 em AlGharb do M´Puto

Episódio em Madrid com Jerónimo Pieter e, um tal de Conde de Sant German.

Ongweva é saudade  

Por  soba002.jpg T´Chingange (Ochingandji) – No PortVille da Pajuçara em Alagoas do Brasil e Lagoa do M´Puto

cafu15.jpg  Museu do Prado em Madrid com a kianda Zachaf Pigafetta, o irmão Januário Pieter, mais o Conde de San German. Não fosse o ipad e o andróide e, nos teríamos perdido entre tantos turistas a laurear a pevide, tanta gente sem fazer nada, a consumir o erário para verem pinturas e mais pinturas. Eles tinham compromissos no aquietar de almas desavindas e por isso acho que nem saborearam tanta arte. A todo o momento falavam com estalidos desassossegos com gente de longe, Talvez Orândia, Ovoboland, terra de khoisans Niassaland ou lá no Kwazulu…   

Aproveito por isso falar um pouco do entrelaçado de malambas já faladas entre nós a fim de arrumar os eventos vindouros, do futuro mesmo, para que se compreenda o desfecho da estória-mussendo. Sendo assim, relendo a origem de Saint Germain, sabe-se muito pouco pois ainda hoje é desconhecida, mas o que sabemos é que marcou presença a partir do século XVlll pelas cortes da Europa destacando-se como diplomata em Génova, Paris, Londres, São Petersburgo, Índia, África, China e outros lugares.

silva7.jpg E, logologo tinha de aparecer um cara de pau a fim de me atezanar a estória que até estava tão bem delineada de verosímil, pópilas… Ele, com frequência refere ser filho de um príncipe oriental talqualmente como eu ser Niassalês. O certo é de que sua idade tal como as demais kiandas, sendo indefinidamente falíveis, têm a particularidade de quando necessário tornar-se numa normal figura de gente.

Niassalândia (actual Malawi) foi assim denominada por causa do Lago Niassa de onde originaram Januário e Zachaf Roxo – tinha mesmo de o ser! Um carapau não anda só, tem seu cardume. Em setembro de 1859, o explorador e missionário escocês David Livingstone torna-se supostamente o primeiro europeu a avistar o lago*, o terceiro maior da África. Um dos encontros foi exactamente com o Conde de San German, que por ali se envolvia em actividades missionárias e comerciais britânicas.

silva p2.jpg Na década de 1880, Portugal reivindicou o território em virtude de sua presença na colónia vizinha de Moçambique mas a Grã-Bretanha, uma secular nação amiga da onça, resistindo às reivindicações portuguesas, a 14 de maio de 1891 proclamou um protectorado sobre Niassalândia. E, assim se tornou parte da Federação da Rodésia e Niassalândia em 1953. Após a dissolução da federação, alcançou independência total a 6 de julho de 1964 como a República do Malawi.

Acho que não vou ter tempo de dar meu parecer acerca do Museu do Prado porque esta gente só nas apresentações, perdem-se nos entretantos das suas reminiscências e assim e agora por intermédio destas três kiandas é-me é dado conhecer toda a arte de velhacaria que invadiu o dito mundo moderno através dos arautos da verdade. Vou-vos falar, a estória é toda ela muito mentirosa: Os primos Ingleses e Americanos que continuam a ditar leis aos outros povos, sabendo à partida que é tudo uma utopia ou farsa comem-nos a moleirinha.

silva00.jpg Nós, que estamos vivendo os problemas que nos cercam, podemos dar a importância devida ao que engloba este nosso recente passado para nos rectificarmos ou ponderarmos sobre o nosso futuro. Sabemos bem o que ocorre hoje nestes territórios de uma gestão catastrófica de puros ditadores. Terei de falar, o Prado ficará lá para o fim. A Grande Traição é o título das memórias publicadas em 1997 por Ian Smith, último primeiro-ministro da Rodésia.

Sua obra oferece um interessante panorama da história desta importante parte da África austral e relata minuciosamente como os nossos “amigos” britânicos e Estado-Unidenses não descansaram enquanto não lançaram o calvário naquele pedaço de chão. Fez-se luz! A requerida paz, lei e ordem, factores fundamentais para qualquer evolução autêntica e segura, foram sacrificados em favor da hipocrisia, da irresponsabilidade, da expediência.

cafu32.jpg As nossas três kiandas (Zachaf Pigafetta, Januário Pieter e Conde de San German) andavam por ali fazendo seminários, tentando introduzir nas mentes pensares pacifistas tendo sido logrados em toda a linha. A mais interveniente foi o Conde de San German mas mesmo esta, esfumou-se. Foram as memórias de Iam Smith que interessaram particularmente aos portugueses, euro-africanos genuínos e pioneiros, escandalosamente imolados e esbulhados pela traição doméstica a soldo de uma conspiração internacional - tragédia odiosa que brada aos céus e clama por justiça! Bem! Já estou no item oito e tenho de acabar por hoje…

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Nota* O sertanejo português Silva Porto já era conhecedor do lago Niassa e das Cataratas Vitória do Rio Zambeze pelo que deu posteriores indicações a David Livingstone! O feito de Silva Porto não ficou registado em papel tendo resultado nesta nova convicção de que foi Livingstone o primeiro europeu a lá chegar. Em interpretações posteriores àquele feito e dando resposta a um jornalista que mencionou Silva Porto como tendo sido o primeiro descobridor daquelas topografias, a isto respondeu que nunca dissera ter sido o primeiro homem a ali chegar mas sim que foi o primeiro branco europeu. Foi nítida a sua prosápia no rebaixar Silva Porto, colocando-o como um assimilado de segunda categoria; algo que os anais da história tentam relegar dando alvissaras aos sempre altivos ingleses, as cinco estrelas do Mundo… As novas leituras fazendo justiça à verdade já referem «« David Livingstone foi um missionário e explorador britânico que se tornou famoso por ter sido um dos primeiros europeus a terem explorado o interior da…»»»

(Continua…)

O Soba T´Chingange (Otchingandji)



PUBLICADO POR kimbolagoa às 09:08
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Segunda-feira, 19 de Setembro de 2022
KALUNGA . XXVIII

NAS FRINCHAS DO TEMPO - XIII de várias partes…

- KIANDA COM ONGWEVA – Em Córdova com Zachaf Pigafetta Roxo, kianda tetravó de Roxo e Oxor, seu mano Pieter e, um tal de Conde de Sant German - Crónica 3249 de 28.02.2022 Republicado a 19.09.2022 

Ongweva é saudade  

Por soba24.jpg T´Chingange (Ochingandji) – Na Pajuçara em Alagoas do Brasil e Lagoa do AlGharb do M´Puto

roxo168.jpg Recordo que este mussendo – saga, teve início no lugar de Guaxuma com a Kianda sereia Roxo; depois sua irmã vista ao espelho Oxor e Zé Peixe o marinheiro prático que levava grandes barcos desde alto mar até Aracaju de Sergipe. A estória foi evoluindo diluindo-se nas brumas do tempo com gente holográfica, muito antiga, conhecida de outras andanças como o Januário Pieter que nasceu em 1712, tendo agora seus 310 anos. Em Granada tendo Alhambra por perto, houve um encontro muito ansiado em "El Pátio Riconcillo" com a tetravó da Sereia Assunção Roxo.

Ela, a tetravó de Roxo chamava-se Zachaf Pigafetta e, em princípio, era visível só por mim e Januário Pieter. Foi de alguma cautela que falamos de coisas muito antigas do lago Niassa que antes era conhecido por seu primeiro nome de Zachaf; daquelas águas misteriosas tinham saído enredos que me prometeram contar de forma concisa pois que haveria que descrever com mais pormenor suas vidas nas águas do Kwanza, estórias de Massangano com Tugas e Mafulos. A surpresa das surpresas deu-se num repentemente, quando Januário disse: Eu e Zachaf Pigafetta somos irmãos!

roo124.jpg Podem imaginar a minha admiração de espanto quando ouvi isto. Andei tanto tempo subindo e descendo calçadas empinadas de Toledo, esperando que o concílio das Kiandas no palácio de Alcázer acabasse, eu ali com seu mano Pieter que nada me disse. Estes mistérios de kianda nunca se entenderão por completo e, foi necessário ir a Granada para retirar um pouco mais destas kalungas. Não esquecer que o mestre pintor Costa Araújo na sua ancestral passagem por ali, foi testemunha destas falas. Eu explico: Este mestre pintor em uma geração ida e lá paratrás foi ajudante de El Greco.

Tenho de rever estes episódios para não me mentir. Foram dias de maravilha, mas só em Granada e, tempos depois, é que Pieter me apresentou à irmã Zachaf. Falámos entre várias coisas das suas itinerâncias a partir de Cabo Ledo e Massangano, sua segunda terra, ficando no ar promessas de novas e velhas notícias. Sendo estes, uma junção de espíritos na forma de água, divindades abstractas tudo lhes é possível. Em pensamento navego com eles de vez em quando mas não me é permitido decidir quando e aonde.

roxomania1.jpg Minha mana tem outras estórias que decerto te encantarão, disse naquele então o irmão de Zachaf Pigafetta. Estamos aqui para isso; mungweno! Foi assim que nos despedimos. Passou algum tempo! Recentemente, visitei de novo Toledo com passagem por Córdova. Fiquei por aqui, Córdova, dois dias no Hotel Boston, um lugar bem aprazível e, aproveitei ver a toalha de água do rio Guadalquivir logo depois da cascata; via dali a ponte romana, Alcázar, a Mesquita com Catedral e o bonito Arco do Triunfo.

E, foi quando remexia as quinambas, pés descalços nas águas meio turvas do rio, que senti um ligeiro sopro na orelha direita. Vindo do espaço, seu duilo feito céu, com todos os seus anéis relampejantes, ali estava meu conselheiro das profundas angústias. Vinha carregado de magnetismo, feitiços de contraluz cintilando um desassossegado arco-íris. E, foi quando reparei um pouco mais atrás sua mana Zachaf acenando sua mão muito pintada com caracteres meus desconhecidos como se tivesse vindo de Marrocos. Naquele sopro inicial deu-me um arrepio de furto; não fosse uma cigana romena vendendo flores com seu umbigado capianguista de mão ligeira.

roxo107.jpg Um turista tem de andar sempre meio desconfiado porque as mochilas atraem mãos estranhas. Não era o caso mas, vi acontecer! Levantei-me saltitante entre pedrinhas afiadas e dei um grande abraço a ambos. Também andavam fazendo turismo e sabiam lá do seu jeito que eu, estaria por ali. Calcei-me e fomos direitinhos a uma esplanada aonde nos sentamos em El Campo de Los Martires. Conversamos coisas fúteis para preencher muxoxos suspensos.

Nunca mais voltei a ver o antigo Araújo mas o novo cidadão, o herdeiro dos pinceis daquele mais velho estava em Brácara Augusta do M´Puto naquele então. Nem foi necessário explicar aonde era esta Brácara; estava sabedor que ficava numa terra escandalosamente verde do Minho! Este meu “Guru”, já me tratava como se fosse da família, um cipaio do seu arimo (lavra, horta, n´nhaca). A Kianda Zachaf que até ali se tinha mantido calada queria saber novas de sua descendente Kianda Assunção Roxo. - Anda numa boa, curtindo a vida com suas psicadélicas pinturas, coisas de cores vistosas muito belas, virtuais ou digitais, disse eu. Vi nela os olhos arregalados de contentamento.

roxo135.jpg GLOSSÁRIO

Minkisi: - Agente de ligação entre seres humanos e o físico, elementos de fogo, água, ar e terra; N´si: - Terra, o feiticeiro pintado com farinha vermelha (maiaca kianguim) que guarda os pórticos; Kianda: - Fantasma, assombração das águas das lagoas, rios e mares ou Kalungas; Simbis: - Espírito ancestral de origem do Kikongo e Zaire; Kamba: amigo; Matumbola: um morto-vivo, tipo de assombração. Kazucuta: Trambiqueiro, aldrabão, que vive de expedientes; Muxiloanda: O mesmo que kaluanda, natural de Luanda (Luua); Mafulo: nome dado aos Holandeses (Brasil); Mussendo: Um conto ou longa estória, biblioteca oral, conto dos mais-velhos ou kotas.    

Ilustrações de Assunção Roxo

O Soba T´Chingange (Otchingandji)



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:38
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Sexta-feira, 2 de Setembro de 2022
KALUNGA . XXVI

NAS FRINCHAS DO TEMPO - XI de várias partes…

Crónica 3240 de 10.02.2022Republicada a 02.09.2022 em Lagoa do M´Puto

- KIANDA COM ONGWEVASalaam Aleikum. Continuamos em terras de “Castilla La Mancha” – tentando encontrar a Zachaf Pigafetta Roxo a kianda tetravó de Roxo e Oxor vinda do Lago Niassa…

Por Soba T´Chingange brasil.jpg T´Chingange – No PortVille da Pajuçara e, em Alagoas e AlGharb do M´Puto

sorte2.jpg Repito o já dito para dar continuidade (..)  Dizia meu Mano Corvo, mestre Araújo: Os bispos através destas gravuras impõem o respeito ao povo e, sempre querem que nós façamos o que mandam as regras de não roubarás, não matarás, não cobiçarás a mulher do vizinho e, por ai! Os medos, as lendas aqui, têm de ficar sempre presentes… E, continuou: Faço isto nas horas vagas para ganhar uns trocos, umas patacas extras.

O Mestre, El Greco Doménikos Theotokópoulos, não nos paga e somos nós, eu e uns mais, que pintamos os mantos, as nuvens, as árvores mais os rios, os montes, o pôr-do-sol raiado nas incertezas, da chuva ou trovoada e, sempre após os traços rabiscos que ele, El Greco, traça daquela sua forma esguia. Houve uma cor em especial que me chamou a atenção e porque mostrei interesse ali fiquei especado a ouvir o meu Mano Primeiro a descrever que aquela cor purpura era só usada para determinadas figuras.

sorte6.jpg Era um roxo que ia dos matizes entre o vermelho e o azul. Esta cor ainda é obtida através de algumas espécies de moluscos nativos do Mar Mediterrâneo! Pela dificuldade na sua obtenção e seu alto preço, esta cor era um dos mais importantes e mais caros pigmentos naturais da Antiguidade, disse ele. Em Roma só os imperadores a podiam usar em vestes e, quem ousasse usa-las pagava com a morte ou ficava no cadafalso a apodrecer! Háka, exclamei no muxoxo habitual, akimbundando suas malambas sábias…

Neste entretém, deu para meditar sem nada falar da estória que estava obrigado a descrever sobre as kiandas Roxo e Oxor. Uma preocupação trazida do futuro, lá da América do Sul, um lugar chamado de Brasil e duma praia chamada de Guaxuma que já descrevi por aqui! As coisas não são assim tão fáceis de explicar porque neste retroceder do tempo esqueci-me de muitos pormenores. Por isso recorro à kianda Januário Pieter que me aviva a mente e, curiosamente até mostrando meus próprios escritos do século XXI.

toledo5.jpg Em verdade, nem sei bem porquê, só me dá a ver! Também, se não fosse assim, quereria voltar rápido para junto da minha TV o futuro e ver o futebol, o M´Puto com a Coxinchina, o golo do Ronaldo repetido vezes sem conta ou o Palmeiras do Brasil tentando ganhar aos Ingleses do Chelsea e, o outro pé de Quaresma a colocar na cabeça do Ronaldo um outro golo com um tal chute de trivela…

Sentado no meu silêncio mastigando perguntas e respostas caladas, Pieter deu dois passos calçados no meu sobreconsciente. Num cadavez mais eufórico, Pieter falava todas as suas razões, falava de seus muitos tios e edecéteras. Eu só fingia que entendia e ele, sabia-o, subentendia-o, mas também ficava moita-carrasco, armado em kianda finória!

socie2.jpg Eu só disse, simplesmente: - Tá bem! Ele via o meu desespero em saber das coisas vindouras mas, só pude obter dele a promessa de que ele, levaria ao final do Concílio de Alcázer a tal antiga progenitora, tetravó de Roxo, a tal kianda Zachaf Pigafetta Roxo vinda do lago Niassa, (Zachaf) bem nos caminhos que levavam às terras de Prestes João. Afinal, o futuro surgiu-me numa odisseia, atravessei a áfrica por muitos dias permanecendo no local de meu escolhido nascimento – Niassa.

Mas - Teremos de ir primeiro a Albayzin de Alhambra um Pambu N´jila especial, porque só lá, ela pode aparecer a gente do futuro como tu e eu que sou um aleatório andante nestes caminhos do senhor, dos caminhos minkisi! Na minha ideia, já cruzava os ares, as ruelas estreitas de aroma de mijo com tapetes molhados; misturas de cheiros de churros, las tapas de argolas de lulas e vendo do outro lado do vale as muralhas e torres de Alhambra. E, o rio Darro ali ao pé. Teria de esperar! O que não tem remédio remediado está! São as percepções que trago do futuro que me suportam as angustias simbis… Tenhamos paciência, pouco a pouco lá chegaremos.

 roxo122.jpg AR    sacag11.jpgMJS

Glossário:

N´zimbo: - concha, dinheiro antigo do reino de N´gola da ilha Mazenga; Pambu N´jila: - Agente de ligação entre o espaço físico e o místico; lugar de veneração ou peregrinação; Lugar predilecto; kalunga: - espírito forte, divindade ou espírito das águas, iemanjá, mar, água no geral; Minkisi: - Agente de ligação entre seres humanos e o físico, elementos de fogo, água, ar e terra; N´si: - Terra, o feiticeiro pintado com farinha vermelha (maiaca kianguim) que guarda os pórticos e permanece até o toque do medo, adrenalina, guardador de caminhos com saber do ontem, do hoje e do amanhã; Simbis: - Espírito ancestral de origem do Kikongo e África central; Albayzin: - Bairro Mouro de Granada…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:39
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Sábado, 9 de Julho de 2022
A CHUVA E O BOM TEMPO . CXXII

MEDITAÇÃO DO T'CHING - Janelas para a VIDA com esse tal de Algoritmo.

-VOCÊ SABE O QUE FAZ? - 02.09.2020 em Kizomba em Alagoas do Brasil

Republicação a 09.07.2022 em Kimbo Lagoa, Crónica 3227A

Por Soba T´Chingange brasil.jpg T'Chingange, (Otchingandji) No AlGharb do M´Puto

ROXO197.jpgAR - A sabedoria do prudente é entender o seu próprio caminho. Uma pessoa prudente é sábia por saber o que fazer naquela hora e, da forma certa; ponderar naquela decisão e, por forma a não tornar sua vida um permanente conflito. A vida, não é só uma sucessão de acontecimentos casuais! Ela pensa, medita, avalia seu procedimento, corrige seu rumo quando necessário e recua quando percebe que está errada. O termómetro para medir a “temperatura de suas acções é a Malamba”, a Palavra - a tocha que ilumina o seu destino.

Não basta apenas saber “como” realizar bem o seu trabalho. Fazendo as coisas com eficiência, o prudente, sempre será um bom empregado porque no tempo, pára para pensar no que faz e, porque o faz! Assim, acabará sendo um líder. O caminho dos tolos é diferente; eles, acham que sabem tudo e em realidade apenas pensam que sabem. O resultado só pode ser de frustração, e desapontamento. Vós porventura sabeis o que fazer, porque e, como o fazer?

ROXO196.jpgAR -  Não tema em aprender, aconselhar-se, consultar até concluir. A receita para permanecer na ignorância sobre qualquer assunto da vida é ficar satisfeito com suas próprias opiniões e, contente com o que sabe - Pode ser pouco para atingir a perfeição. A vida se encarregará de lhe provar o óbvio... Faça deste dia, de todo os dias, um dia de avaliação. Revise os seus procedimentos, analise sua trajectória. Nunca é tarde para começar de novo; sempre é tempo de aprender. Tenho feito muita burrada e ando sim, a tentar corrigir-me, uma tarefa dificilíssima.  

Como andam seus relacionamentos? O seu casamento? Está separando o tempo necessário para dialogar com seus filhos ou espera que tudo aconteça por acaso? Reflicta nestas perguntas. Reflectir e meditar, é próprio de gente sábia. Eu próprio ando a tentar superar-me mas sempre ficarei incompleto analisando as muitas vezes que sou castigado pelo Facebook – Não tem remédio sempre andarei em conflito com esse tal de ALGORITMO!

ROXO195.jpgAR - Ser sábio ou insensato? Eis a questão! Se for o caso recorra ao seu Deus, pois decerto lhe mostrará um caminho melhor - com humildade no coração, sempre! Recorro ao meu tio Nosso Senhor mas nem sempre me saio bem… Mas, não esqueça: “A sabedoria do prudente é entender o seu próprio andar e, ter sempre em conta que a estultícia dos insensatos é enganadora”. Em momentos de aperto no tempo, ficamos contra, só por ficar! E, suprimimo-nos por vezes mas, muitas vezes somos suprimidos. Sim! Somo-lo por gente materialista, gente de meia-tigela, gente política flutuante. Ninguém é de ninguém, na vida tudo passa; vamos fazer o quê? Como gostamos de andar embalados! O tempo ruge…

Ilustrações de Assunção Roxo (AR)

O Soba T'Chingange...



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:15
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Segunda-feira, 27 de Junho de 2022
KALUNGA . XXI
UM HINO Á KALUNGA – VI
Crónica 3219 de 20.12.2021 em KIZOMBA - NAS FRINCHAS DO TEMPO
- KIANDA COM ONGWEVA … às margens do Tejo em Toledo…
– Com as kiandas Roxo e Oxor, algures na ânfora da nau do tempo …
Por soba0.jpeg T´ChingangeNo AlGharb do M´Puto

SOBA26.jpg Já era tarde naquele outro dia, Januário kianda fazia-se acompanhar com um personagem vestido de árabe bem ao jeito de Alibabá. Depois dos salamaleques ao jeito de confrades, logo após emborcar sua chávena de café Delta importado do M´Puto continuou: - Foi ela Isabel “la Católica”, que concedeu apoio a Cristóvão Colombo na busca das tão cobiçadas Índias ocidentais e, que o levou a descobrir as Américas, acontecimento que teve consequências na conquista dessas novas terras e a criação do Império Espanhol.

Estávamos noutras vidas, é verdade, mas desejosos que o rumo da conversa versasse coisas mais recentes e, por isso perguntei a Pieter o que é que ele pensava da nossa ida a Toledo a redescobrirmo-nos porque sei que pelos anais, também me formaram à sucapa “engenheiro espiritual” num lugar de Pambu N´jila da Fundação da Ordem da Imaculada Concepción, Palácio de Galiana. Neste mundo de Kalungas e Kiandas há coisas que sucedem  sem haver previsão;  esta minha ficha de espiritualidade caíu do nada... Enquanto isso e lá no palácio do Pambu N´jila, Costa Araújo I, seguiu as pisadas de um pintor Doménikos Theotokópoulos, mais conhecido como El Greco, pintor, escultor e arquitecto grego que desenvolveu a maior parte da sua carreira por ali.
  - TChingange meu amigo, falou Pieter: agora que nos reconhecemos avondo, pois que ambos o somos "engenheiros da kalunga" dir-te-ei que não será tão rápido que chegaremos à nossa N´Gola com  a banga fekula,  disse assim mesmo incluindo-se  nesta pretensão. E, continuou: Teremos de esperar até jorrar todo o petróleo pelo tubo ladrão. Falou assim para nós dois, ao qual nem dei  relevo na análise pensando referir-se ao seu assistente com nome de Petróleo (um aladino), e não àquele terra rica em alcatrão; era normal ele falar assim de coisas plasmosas com sofisticadas superstições, complicando-nos a veia pensadora! Nós, só ouvíamos!
Ele, a kianda, seguia para Cádiz com aquele coisa, seu adjunto Petróleo, mas decerto nos iria visitar a Toledo ou Alhambra de Granada para dias mais tarde. Assim falou sem definir datas com horas e minuto, se deste século ou qualquer outro como é vulgar nas kiandas ambulantes do espaço; Com dúvidas persistentes talvez aí pudéssemos pôr os assuntos em dia e saber dos nossos antepassados feitos em pó. Taciturnos, com um peso nos latifúndios, despedimo-nos de Pieter e seu adjunto Petróleo (O Alibabá aladino)… Nem sei como é que aquela coisa cheia de turbantes conseguia andar com aqueles sapatos kilométricos.

sapatos longos.jpg Sapatos do aladino Petróleio

As tágides, conciliavam-se aqui na vida espiritual íntima, trocando-nos resquícios, experiências com as novas tendências da Globália e, reciclando-se em congressos de cristandade, concílio, ouvindo Simbi e N´kuuyu. Aquele lugar ficava um Pambu N´jila como se estivessem na Mazenga, a ilha do descanso dos Muxiloandas, nas sombras de casuarinas e coqueiros. O exotismo dos trópicos espalmava-se ali, na Mancha de Cervantes.
O maneta Manuel de Cervantes y Saavedra autor da obra “Dom Quixote” desencantado com a guerra e as gentes, lutava com moinhos na vasta planície de “La Mancha” com muito Suko* e, associando-se a esta espiritualidade, retemperava os mudos intervalos divertindo a tertúlia com contos de ridículos cavaleiros e paródias de entretimento
Eram momentos retemperadores recuperando Mutalos* desavindos recorrendo por vezes à Kianda Koxo, uma verdadeira arte escangalhada por “El Grego” com mistura de Miró, eles também impregnados de muito Suko de cor - a Kianda do mestre Mano Corvo Araújo, o magnifico grego de nome Doménikos Theotokópoulos que nesta rota peregrina, cruzava também o caminho de Alicante. Imaginamos por isso Sancho Pança apaziguando seu amo dum ímpeto destemperado com moinhos de vento ridicularizando heróis da fancaria. Foi a partir daqui que se organizaram cursos de deformação (algumas grotescas), fantasias de mordaz parodia e ironia na escrita e cores com longos rostos na pintura, contrapondo aquilo que se passou a designar de burlesco.

dia186.jpgPetóleo - O Aladino

Pude admirar nesta terra de Aragão um quadro de “El Greco”, em que as Tágides ou Kiandas se contorcem em risos aéreos, vendo-se em fundo a cidade de Toledo, a “la puente de San Martin” sobre o rio “Tajo” e, um arco iris assinalando o local daquela reunião de espíritos. E ali andava eu T´Chingange um feiticeiro acomodado a novas tarefas de alforriado "engenheiro espiritual tirocinado", partilhando e recebendo conhecimentos avondo.
Mas, naquele dia de Maio estando eu na Igreja-Mosteiro de São João de los Reis católicos em pleno bairro Judio, parei o tempo para ler o que Santo António de Lisboa e Pádua escreveu lá para trás: “O grande perigo do cristão é predicar e não praticar; crer, mas não viver de acordo com o que se crê. Um cristão fiel, iluminado pelos raios da graça, é igual a um cristal; deverá iluminar aos demais com suas palavras e acções, com a luz de seu bom exemplo.”

toledo16.jpg  Lá em cima, nesse momento exacto a máquina do tempo solta um som metálico de bronze dando as doze badaladas do meio-dia. Um espírito bate num ferro que há lá dentro, fazendo-o ressoar. Noutro tempo as pessoas ajoelhar-se-iam; benzendo-se rezariam uma Ave-maria dando graças  de agradecimento. Aqueles momentos não poderiam ser analisados e vividos na primeira pessoa com as Kiandas Roxo e Oxor porque estavam em uma ânfora na nau da Kianda Pieter para retemperar reflexão pois que, iriam participar de um grande Concilio na tal Imaculada Concepción - Palácio de Galiana

:
Personagens da estória: A Sereia Roxo, (uma em duas - reflexo do espelho - Oxor que só vi em holograma); Mano Corvo - T´Chingange (O próprio); Mano Corvo I - Costa Araújo na 1ª encarnação; Januário Pieter - Uma kianda assombração dos mares, um velho amigo com mais de 500 anos de Cruz-Credo (criação do Soba); Petróleo Alibabá, assistente do Januário
GLOSSÁRIO:
KIANDA: - Espírito das águas na forma de sereia, ritos de Angola, fantasma, holograma; ONGWEVA: saudade em português; Pambu N´jila: - Espaço místico, agente de ligação entre o espaço físico e místico, encruzilhada elo que liga os seres aos Minkisi, os elementos fogo, água, ar e terra; Kalunga: - divindade abstracta podendo ter a forma humana que preside ao reino dos mortos, em Umbundo é um Deus, em Kimbundo é o mar, sereia na forma de homem musculoso tipo o Adamastor dos Lusíadas, quando alguém é levado pelo mar ou pela Kalunga faz Uafu (morreu nas águas), é uma jura de última instância apelando a kalunga; Banga fecula: Um especial estilo, de cunho próprio...
:::::
* Mutalo: - É o espírito das pessoas que são mortas pelos feiticeiros sem que N´Zambi mande. Este ordena-lhes que regressem aos seus corpos nas sepulturas, mas à noite dá-lhes a faculdade de matar quem eles bem entenderem.
* Suko: - de Sukuama, de muita admiração e surpresa…
Nota: nesta publicação a 27.06.2022 há pequenas alterações ao texto original publicado em  Facebook de Kizomba...
O Soba T´chingange
 
 


PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:35
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Quarta-feira, 22 de Junho de 2022
KALUNGA . XIX

UM HINO À KALUNGA – IV

Crónica 3217 de 01.12.2021 - NAS FRINCHA DO TEMPO

– Com as kiandas Roxo e Oxor, algures num recife, por vezes numa bóia…

Republicada no Kimbo Lagoa a 22.06.2022

Por Soba T´Chingange brasil.jpgT´Chingange (Ochingandji) – No AlGharb do M´Puto

araujo103.jpg CA ...Tudo teve início para a livrar Roxo do tormentoso “Princípio da Incerteza” que formata a matemática quântica no ano de 2016. Como em todas as novelas, os dramaturgos mudam no correr do suspense os episódios e, agora com este desafio de avançar com a estória de Zé Peixe e as Sereias Roxo e Oxor, vejo-me forçado a recorrer a um amigo tão, tão antigo, que anda por aqui e ali, volatilizado no tempo; chama-se Januário Pieter*.

Esta lendária figura, surge-me sem hora marcada nem outros entretantos, quando fico encafifado, descomplicando-me as verdadeiras vistas do paralém, paratrás e paracima com suas vertiginosas chiadeiras na fricção do tempo, subindo e descendo sem curvas, assim como se entrasse num portal muito tapado de cacimbo! Com o passar do tempo descubro que este espanto feito Holograma da Kalunga também vai ser o Tio ancestral das Kiandas; por agora ainda é uma suspeita…

sacag11.jpg Sac ...  Com ele, já será possível esticar a estória andando no espaço-tempo de forma aleatória e acrescentando mais episódios com sereias e kiandas da Kalunga com gente normalíssima da silva assim como um tal de Joaquim de Lisboa que em dada altura e para sobreviver em sua traineira teve de fazer uma caldeirada de peixe voador; que para variar o cardápio também fez uma mistela com solas variadas de sapatos mais quedes de pele de boi, marca macambira e umas cascas de mandioca que por norma serviam de isco na apanha desse tal peixe com asas.

Lá atrás expliquei que Sereias são Kiandas que fazem parte da Kalunga, "grande mar", entidades fortemente ligadas aos Orixás e Iemanjás das águas de um outro lado do mar, um poder regenerador no campo sentimental. Chamarei de kwangiadas às ninfas do Kwanza e de Zairiardes às do rio Zaire ou Congo em Angola. Lá mais para a frente iremos reencontrar as sereias ou kiandas de Guaxuma com quem tive a experiência mais recente e aonde pude ver sentada a Sereia Roxo, tetraneta daquelas, rogando socorro a um mortal como eu. Só mais tarde me dei conta de existir uma outra igual, uma kianda gémea vista por reflexo ao espelho.

roxo206.jpg Roxo ... Pois então, num pedaço de nada, acabado de cochilar na minha rede de Pambu N´jila a escassos metros da Kalunga, lugar de antigas Sesmarias do M´Puto jiboiando no sopro invernal ele, veio até mim. No cumprimento do sonho, dei-lhe um abraço de completo vácuo; era Januário Pieter, meu guia-surpresista. Quase chorei de comoção por uma tão grande e distinta deferência. Nós que vivemos no além (referindo-me a ele e, incluindo-me…), podemos fazer diversas coisas, mesmo sem entender como as realizamos tais como locomovermo-nos e plasmarmo-nos, disse em jeito de comovida explicação (pude ver isto pelo seu semblante e ruga de seu templo, testa).

Pieter falando: Neste meio tempo e depois de ter estado contigo em Zanzibar, formei-me “engenheiro espiritual” em Toledo; dizendo isto como se tudo tivesse acontecido escassos dias antes, disse que por via dessa formação e, através dos fluidos da natureza, conseguiria pelo pensamento, criar no espaço, paisagens de multicolores holografias. Só apareço porque as pinturas relampejantes de Assunção Roxo me chamaram a atenção – disse! Foi quando reparei no assunto embrulhado de cacimbo, em que nos metemos e, ainda nem sabia que era tio dela…

roxo79.jpg Roxo ... Desde que sou “engenheiro espírita”, explico o que custa a apreender às gentes desavindas mas, boas como tu (referia-se a mim) que nutres de paixões, orações e bons pensamentos. É um prazer, concluiu. Neste meu estado, luto contra atitudes de espíritos que não são evoluídos, que não possuem compreensão e que ainda estão arreigados em paixões inferiores. Apontando para o jardim, Januário foi falando: estás a ver aquele melro a esgadanhar tuas sementeiras, coisas que tu aprecias, e as gralhas que por aí vão passando em bandos?

São condicionantes a que eu recorri para teu exclusivo agrado e, porque agora estás virado às coisas terrenas de beira-mar, venho em tua ajuda. Conferenciaremos sobre esse tal de Zé Peixe e suas ancestrais gerações em conjunto com tuas amigas Roxo e Oxor que tu tanto referes quando te espraias nas reflexões de arco-íris, as cores de roxo.

Nunca antes, Januário Pieter, figura recriada por mim, se referiu assim tão directamente como um especial meu assessor. Enquanto isto, as notas de Dó a Si do espanta espíritos da varanda N´jila do pátio andaluz, saudavam-nos mas, creio que mais propriamente à kianda ilustre vinda do álem com ventos de futuras duvidas e dádivas.

araujo75.jpg  CA ...Sorrindo, indiquei-lhe o lugar da rede a meu lado, contente com sua desejada visita, dizendo-lhe que a minha principal procuração, era tentar ser útil, sentir a gratidão vendo sorrisos em olhares tranquilos, viver com dignidade e saber contribuir para alguém também ficar bem. Fabricando a felicidade com pouco mais que nada, ali estávamos prontos a desfrisar estórias de inventação, sem menosprezar a vontade de fazer ao querer fazer, sem sugar energias alheias.

GLOSSÁRIO:

KIANDA: - Espírito das águas na forma de sereia, ritos de Angola, fantasma, holograma; ONGWEVA: saudade em português; Pambu N´jila: - Espaço místico, agente de ligação entre o espaço físico e místico, encruzilhada elo que liga os seres aos Minkisi, os elementos fogo, água, ar e terra; Kalunga: - divindade abstracta podendo ter a forma humana que preside ao reino dos mortos, em Umbundo é um Deus, em Kimbundo é o mar, sereia na forma de homem musculoso tipo o Adamastor dos Lusíadas, quando alguém é levado pelo mar ou pela Kalunga faz Uafu (morreu nas águas), é uma jura de última instância apelando a kalunga

*Januário Pieter:- Um personagem amigo, um sábio que me assiste e complementa conhecimentos...Um fantasma feito guia Kalunga; o homem que nasce da morte metaforizada com mais de 300 anos. Tem no seu ADN a picardia cutucada até a exaustão, Cruz credo!

Ilustrações de Costa Araújo e Assunção Roxo ...

CA - Costa Araujo; Sac - Sacagami; Roxo - Assunção

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 05:29
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Sexta-feira, 12 de Novembro de 2021
KALUNGA . XVIII

UM HINO Á KALUNGA – III

Crónica 3215 de 12.11.2021 e, outras datas se Deus o quiser…

NAS FRINCHA DO TEMPO – Com Zé Peixe de Aracaju e as kiandas Roxo e Oxor, algures num recife, por vezes numa bóia…

Por tonito15.jpgT´Chingange – No AlGharb do M´Puto

Em 2016, prometi a Assunção Roxo que iria socorrê-la com uma lenda do mar, um verdadeiro golfinho feito homem; assim, surgiu esta parcial inventação falando do personagem que vi em vida e com quem falei algures em Aracaju de Sergipe. As ilustrações foram capiangadas por mim a ela, para suprir sua maldade, assim um ressarcimento por me impedir de ficar num pântano quântico procurando um chinelo, as sandálias do pescador… E, porque é quase uma odisseia vai ter muitas partes, como uma telenovela.

roxo43.jpg Num esforço de entender o Universo sublimei-me em filosofias com princípios inimagináveis fixados num jogo empírico lá nos extremos do pensamento aonde até as deduções têm afinidades matemáticas, com símbolos e caracteres radiactivos. No paradoxo de criativas imagens, enchia-me de habilidades quânticas sem cuidar dos ditames da razão. Nesta utopia de partículas surge uma sereia de nome Roxo Socorro a pedir ajuda, justificando seu próprio nome, como se nela tudo fosse uma calema de afincada afirmação.

Estava bem no topo de um recife no lugar de Guaxuma das Alagoas do Brasil, mais além de rio Doce, para norte. Nem sei bem porque pedia socorro porque assim de joelhos mexendo levemente a barbatana de cauda, suportava em sua mão direita uma forquilha tipo arpão daquelas que sempre ligamos ao mar, isso, como se saída de uma atlântida que se diz ter existido no meio do oceano. Jiboiando em minha rede, revivi esta cena lá atrás no tempo quando no pantanal de Sergipe vi uma sereia a deslizar das dunas para a água. Havia ali muitas lagoas no pequeno pantanal sergipano…

roo03.jpg Minhas companhias de viagem juravam que não, que era uma anta, talvez uma foca ou um peixe-boi. Rita até afirmava ter sido uma garoupa sarapintada de pedras tipo cracas mas, nada disto eu vi! Já que estávamos em Sergipe e muito perto de Aracaju, ali permanecemos por mais dois dias pois que teria de perguntar a Zé Peixe, o prático marinheiro se isto da sereia seria ou não uma fantasia nossa; uma cena tal e qual esta daqui, plantada em Guaxuma – a praia da sereia…

roxo22.jpg Pergunta aqui e mais ali, lá chegamos à casa pobre meio ripa, meio taipa feita de adobe, coberta a folhas de zinco com ramos de coqueiro já envelhecidos. Tivemos a sorte de o ver logo sentado num telheiro bem ao lado da casa, rodeado de picas no chão e outras galinhas de angola ciscando o fundo do quintal cheio de mamonas, com erva florida de doutor e doutorzinho em tufos enquadrados, coqueiros ao redor sombreado um limpo terreiro. Havia também pitangas, chá caxinde e, foi perguntando a este se era mesmo esse o nome com que iniciei a conversa. Claro que lhe dei uma larga saudação! Ele estava já habituado a ter visitas de estranhos…

(Continua…)

Nota: Ilustrações de Assunção Roxo, a kianda -Texto escrito em 2016 com o titulo de CAFUFUTILA...

O Soba T´Chingange

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:29
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Terça-feira, 14 de Setembro de 2021
FRATERNIDADES . CXXXIII

11 DE SETEMBRO e as TORRES GÉMEAS dos EUA

Crónica 3193 de 11.09.2021 - *Aonde estava Deus naquele dia?*

soba21.jpeg

Por soba02.jpgT´Chingange, no AlGharb do M´Puto

Nenhum atentado causou mais impacto no Mundo do que o do dia 11 de Setembro de 2001, quando duas torres em Nova Iorque foram atingidas por dois aviões sequestrados e pilotados por terroristas suicidas. O estrago foi imenso; o prejuízo em vidas, incalculável e o mundo passou a viver uma era sob o impacto do terror. Nessas horas, uma pergunta se fez a nós mesmos: Por que Deus permitiu aquela tragédia? Onde estava Ele? Por que não fez nada? Ele tem culpa por não intervir?

roxo135.jpg Bom! Dias depois do desastre, a filha dum pastor, Billy Graham foi entrevistada no programa Early Show, em Nova Iorque, e respondeu à seguinte pergunta: “Como Deus permitiu que isso acontecesse?” Anne Graham deu uma resposta extremamente profunda e sábia: Creio que Deus ficou muito triste com o que aconteceu naquele fatídico dia, tanto, quanto nós. Por muitos anos, temos dito a Deus para que não interfira em nossas escolhas, para que saia de nossas vidas. Sendo cavalheiro que é, creio que Ele, respeitosamente saiu. Como podemos então esperar que nos dê a bênção e protecção se exigimos que Ele não se se envolva connosco?”

Os políticos, em sua maioria, dizem-se ateus ou agnósticos, remetendo-O para o isolamento, uma prisão sem grades físicas ou temporais dispensando até seus valores; ao invés disto dizem-se gays com orgulho sem o parecerem, inibidos em quanto baste... De repente ficamos sem chão, porque num repentinamente corremos riscos de "anormalidade", isto no sentido de sermos diferentes...

roxo137.jpg Nossos filhos vão para as universidades, entram homens e saem mulheres ou entram mulheres e saem homens sem preservar aqueles valores enaltecedores. Claro que generalizo isto mas felizmente ainda não é um conceito maioritário (até ver…) mas, no entanto esta postura, inibe-nos por silêncio, para não corrermos o risco de nos chamarem de preconceituosos, antiquados e outros edecéteras...

O problema do ser humano é que deseja paz, amor, justiça e respeito ao seu jeito jeitoso de modo próprio; assim deve ou deveria ser, noé!? Ele, o tal de Nosso Senhor, também não quer violência, guerras nem egoísmo. No entanto, se essas coisas são alcançadas somente com Deus, então fica claro: o ser humano quer as bênçãos divinas, mas regeita-O em ensinamentos. Não quer reconhecer que necessita Dele; prosápia pura de alguém que o diz por altruísmo torpe.

roxo103.jpg A Bíblia nos alerta, de que “como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do homem. Pois nos dias anteriores ao Dilúvio, o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, portando-se como cachorros, sem lei-nem-roque e até ao dia em que Noé entrou na arca”…

roxo27.jpg Não há problema algum em comer, beber ou casar-se, o erro está em fazer isso longe dos conceitos de civilidade de Deus. Desejar as bênçãos Dele, implica em andar em seus caminhos. Envolver-se com Ele significa seguir Suas orientações, obedecer a Suas leis e submeter-se a Seus cuidados. Só assim daremos liberdade a Deus para nos proteger e agir como se deseja.

Imagens aleatorias de Assunção Roxo

Feliz Domingo e todo o resto de Setembro ...

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:03
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Domingo, 9 de Maio de 2021
MALAMBAS . CCLIX

NÃO É FÁCIL VIVER-SE EM TEMPOS FALACIOSOS

Crónica 3147 – (07.05.2021 em KIZOMBA DO FB) – 09.05.2021 no KIMBO

O CONHECIMENTO DA VERDADE... Malamba é a palavra no boligrafar de nossas vidas

roxo170.jpg

Porsoba0.jpeg  T'Chingange no M'Puto

Para se ser sábio, é necessário antes de mais ser-se humilde na justa medida. Alguns se embasam em tradições culturais, no senso comum ou em sua intuição. A existência de conhecimento por meio de dados sensoriais não pode ser negada, contudo, o perigo de abraçar estas abordagens é que os dados obtidos a partir dos sentidos humanos não são completos e incontestáveis. Há milhares de maus exemplos entre nós... Óh, se há...

Há quem afirme que o verdadeiro conhecimento deriva daquilo que pode ser comprovado por meio da observação. Sim! Mas, como é que as pessoas reconhecem algo verdadeiro? Todos reconhecemos que existem várias fontes de conhecimento disponíveis. Uma delas é o mundo ao redor, que revela as digitais do Universo, ainda que estejamos em uma realidade de pecado pela já vulgar mentira. Outra razão, nos convida  a sermos racionais e mantermo-nos dentro da lógica da experiência. As fontes, porém, devem ser analisadas sob as lentes do bom senso,  um bem escasso no Mundo actual...

roxo91.jpg Os cristãos procuram seguir os ensinamentos das Sagradas Escrituras, seu centro de busca pelo conhecimento do verdadeiro. Isso! Pois compreender a realidade sempre será uma premissa básica considerando a existência do mal; coisa comum no nosso meio originando um constante conflito narrado entre Cristo e Satanás!

Pois é! Talqualmente como aquela cowboiada "o mau, o bom, e o vilão" que atinge odiernamente a todas as pessoas deste mundo periclitante, noé!? Esta controvérsia é apresentada na Gênesis e Apocalipse  do qual depende nossa salvação, segundo Paulo. Esse tal de apóstolo...

roxo135.jpg Ele, Paulo, escreveu assim: “Toda a Escritura é inspirada por Ele e útil para, nosso ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem seja apto no suficiente e plenamente preparado para toda a boa obra” - Mas, poucos são os que traçam rumo por esta via. Muito menos os políticos militantes do M'Puto e dos ditos PALOPS.

Se você tem dificuldade em compreender o que lê, siga o conselho inspirado: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a, que a todos será dada livremente, de boa vontade e com fé; e lhe será concedida” - Quando se quer  ser sábio, noé!?  Você gostaria de crescer no conhecimento que conduz à vida eterna; então porque não acreditar? Abra o coração à sensatez usando-o um dia de cada vez, para não saturar...

roxo161.jpg Claro! O amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviam da fé e a si mesmos se atormentam com muitas dores. Pois ouçam: - Um banqueiro riquíssimo disse a Alexandre Dumas:

– Todos os escritores deviam viver na miséria, pois a pobreza aguça a inteligência.

– Bem se vê que o senhor tem muito dinheiro – respondeu Dumas, tranquilamente...

roxo157.jpg Não podemos condenar o dinheiro, mas adverte-se sobre o apego aos bens materiais, tão em moda. Um trato tão vulgar entre nossos políticos, nossos banqueiros, nossos gestores. Sobre isto, Ame Gorborg escreveu: - “O dinheiro por si só não tem o valor absoluto que lhe atribuem, mas é coisa boa para quem o usa bem"!  Com dinheiro pode-se conseguir tudo, assim se diz.

Isso, porém, não o é totalmente verdade. Com dinheiro pode-se comprar comida, mas não o apetite; medicamentos, mas não a saúde; almofadas fofas, mas não um sono reparador; paz com a sociedade, mas não a paz da consciência; distrações, mas não a alegria; ostentação e luxo, mas não a felicidade... Resumindo: Dinheiro e sapiência convém serem condimentadas com a suficiente honestidade....

sacag9.jpg Há mais: - Podes ter conhecidos interesseiros, mas não amigos desinteressados; empregados, mas não fidelidade; alegria, mas não tranquilidade de espírito. A casca de todas as coisas pode ser comprada com dinheiro, mas não a medula, a ALMA.

Hoje deu-me para aqui...

Ilustrações de Assunção Roxo

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:39
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Domingo, 11 de Abril de 2021
MUJIMBO . CXX

TRAJE DE GALA - FACTO E FATO ... 

Na dúvida, ando de pijama listrado quase à um ano sem ter feito mal a alguém. Pópilas! Meu escapulário é quase um pano às riscas...

Crónica 3137 (08.04.2021*)11.04.2021

sorte2.jpg

Por   soba k.jpg T'Chingange - no M'Puto

Ninguém discute o facto de que a utilização de roupas é parte do bom senso, da ética humana e dos valores sociais, sendo indispensável a todas as pessoas. Algumas se esmeram no factor atractividade, outras se limitam ao aspecto protector ou à simplicidade. Essa diferença tem suscitado, às vezes, tratamento discriminador entre dois grupos, ao ser atribuída condição superior de importância às pessoas que se vestem sofisticadamente em detrimento das outras.

sorte1.jpg Embora devamos condenar essa excepção, é verdade que ocasião, tempo, lugar, aspectos culturais, simbolismos religiosos, equilíbrio, bom gosto e recato, são alguns factores que definem a pertinência ou não de uma vestimenta. Neste processo de desmudar os costumes, uns ficarão vestidos mais iguais e outros, logicamente, mais desiguais a indicar a todos que afinal ainda não fomos terminados, andamos em execução; a ser costurados…

pfizer1.jpg É aquela velha estória que de novo aqui explicito: Era uma era e, não era; andava lavrando com dois carrapatos! Veio-lhe a notícia que o pai era morto e a mãe por nascer. Pôs o burro às cotas e o arado a comer… Hem! Hem! Hem!…O que mais penso e tento em explicar: Todo o Mundo, é louco - o quanto baste…Pegando na Bíblia pude ler em Tiago 2:2-4: -  Suponham que, na reunião de vocês, entre um homem (ou mulher) com anel de ouro e roupas finas e também entre um pobre com roupas velhas e sujas. Se vocês derem atenção especial ao homem (ou mulher) que está vestido com roupas finas e disserem: "Aqui está um lugar apropriado para o senhor/a", mas disserem ao pobre: "Você, fique em pé ali", ou: "Sente-se no chão, junto ao estrado onde ponho os meus pés", não estarão fazendo discriminação, fazendo julgamentos com critérios errados? Ando confuso, noé!?

sorte5.jpg Fala-se que entrando, o rei para ver os que estavam à mesa, recordo: notou ali um homem que não trazia veste nupcial e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? Ele emudeceu... Tal como eu que ando bem desmilinguido, falando com o gato tobias... Há sempre uma razão de ser no uso de vestes. Elas podem servir como cartão de apresentação de uma empresa, quando uniformemente usadas por servidores, ou como factor de igualdade social nas escolas.

pfizer2.jpg Profissionais de saúde usam vestes brancas. No Antigo Testamento, as vestes sacerdotais eram carregadas de significado. Em nossos dias, clérigos costumam vestir paramentos solenes e cores sóbrias. Cobrir-se alguém com pano de saco era nos idosos tempos expressão de grande humilhação. Não é para menos, seja homem ou mulher! Despojado de Suas vestes, Cristo recebeu um “manto vermelho” por zombaria. O filho pródigo, ao voltar para casa, foi agraciado com roupas de justiça e perdão. No clímax da história da redenção, os remidos estarão enfileirados, usando vestes brancas de pureza e santidade...

sorte6.jpg Andamos assim a viver parte de parábolas antigas sem bodas nem convites para vestirmos a gravata na falta de outros paramentos. A vida humana é frágil como uma flor; hoje é, amanhã não o será mais - como um capim murcha como qualquer erva do campo; E, na dúvida da resiliência com ou sem investigação descobriu-se que alguém, não estava devidamente vestido para a ocasião e, morreu sem até, ter comido tabaibos com picos e tudo. Nesta via-sacra de espera pela vacina conta a malazenga COVID, vivemos num período como se o rei nos fizesse revista, assim como convidados encontrados ou escolhidos no livro da vida singelamente chamado de lita telefónica... Pelo sim pelo não, ando permanentemente em pijama esperando um SMS dum bata branca: -Venha tomar a pfizer…

Nota* - Publicado em Kizomba do FB

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:04
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Sábado, 6 de Março de 2021
XICULULU . CXXXIV

FALAS VADIAS – 06.03.2021

Crónica 3124Pior mesmo é quando todo o dinheiro de promessas, nos engravidam o vazio de nossos bolsos …

Xicululu: - Olho gordo; Avareza; Cobiça

roxo92.jpg Por soba24.jpgT´Chingange – No M´Puto

Como jogo de baralho que trunfa e destrunfa, como só sendo coisa de menor importância, sinto-me Ás de Espadas amarfanhado no bolso direito das calças de pijama. Isto, num tempo normal, nem teria qualquer relevância mas, sucede que foi nesse Ás de Espadas que anotei a palavra passe do abracadabra INIMPUTABILIDADE. Sim! A palavra mágica contendo os meus muitos rascunhos e sentimentos de toda uma vida – desajuntados à balda em trechos curtíssimos.

O quê!? O senhor não me pergunte nada! Como assim! Isso, coisas assim tão de misteriosas, não se perguntam. Claro! Assim mesmo, porque quem pouco fala, fica com a sabedoria alheia sem despender nem depender dum ai ou ui. Deste feito e assim calado, posso crescer e minguar como pastilha de chwingame, chiclete de bolinha e crocante de mascar, que se mastiga no giro da memória inteira. Copiou?

ás espadas1.png Agora que a Pátria anda a ficar velha medrosa, madraça de males desgraciados e endividada por muitos vindouros anos e, até muito caloteira, dá-me vontade de gritar hó Evaristo!  Gritar de atravessado para espantar o medo medroso e, para não ficar pior que nem um “Deus me livre e guarde” como se fora uma carraça entre dois dedos e, tendo os dois, polidas unhas assassinas. Ué, poispois… Minha avó, era assim que matava piolhos nesse tempo de carraças…

Num lamber frio de que o senhor já sabe: - viver neste agora é um edecétera e tal. Afinal é isso?! Sem tirar nem pôr, é a possibilidade de capacitação que um qualquer por praticar certo acto, pode ou não cometer crime consoante o poder de sua penumbrosa acção, por ser de coturno hierárquico ou ainda porque está inserido numa certa função. Isso! Que tem em seu ADN essa tal palavra passe “password” de INIMPUTABILIDADE – (livre de culpas). Definido por lei e por via de certas peculiaridades …

roxo137.jpg  Ora, ora, filhos da truta. Não, não é isso! A bem da nação têm esse beneplácito de errar usando esse subterfugio de que aconteceu à sua revelia, porque “não o queria” e vai daí, algo mal feito, se desculpa de qualquer punição – fica isento de culpas. São ossos do ofício, sempre acabam por o dizer como desculpa de coitadinho ou coitadinha…

Essa espécie de egoísmo misturado com inimputabilidade que em Portugal dá frequentemente à costa em modo de chico-espertismo – coisas de politiquice… Então, se são incapazes de culpas, lá terão de ser incapazes de competência e serem substituídos. Não? Serão só coisas “ilícitas”, sem culpa formalizada…Ora, ora!

roxo146.jpg  Essa será uma lei oligofrénica, que afecta a capacidade intelectual de todo aquele que fica a seu mando, subordinado a… Issoisso! Prática de gente que tem deficit de inteligência também chamada de idiotice ou imbecilidade – alguém portador de bitacaias na ética, no cérebro ou seu perfume, um tal de QI. Agora, o senhor entende o porquê de eu mesmo sendo feiticeiro T´Chingange andar com essa carta Ás de Espadas no bolso? Olhe, o M´puto é pais de oito ou oitenta.

Pópilas! Antes de poder ver, já pressentia, sabe. Antes que me julguem, eu até que nem queria espiar. Será assim que a vida socorre à gente certos avisos, sabe. Olhe senhor: Os nossos governantes andam por demais enfolipados em cativações com foles mal costurados. Pior mesmo é quando todo o dinheiro de promessas nos engravidam o vazio de nossos bolso - os mesmos aonde cabem os Ás de Espadas…

Ilustrações de Assunção Roxo

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:13
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Quinta-feira, 21 de Janeiro de 2021
XICULULU . CXXX
PARÁBOLA DE PORTUGAL
O PREÇO DA GRATUITIDADE - Subsidiodependência
Crónica 3103 - Para os portugueses –02.01.2021
Por: T´Chingange - No M´Puto ( A partir dum texto de M. Oliveira...)
  Continuem a ficar em casa, continuem a ver os estádios de futebol pela televisão e a não tirem selfies àtoa para não ficar na estória do PAPALAGUÌ da Polinésia… Lembrem-se: Não existe plano social grátis… Cá por mim, já como a terra há muito tempo, antes que ela me coma - Argila feita comprimidos ...
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Este texto é baseado numa excelente análise de um aluno... Não existe plano social grátis. Na metade de uma aula, em uma universidade, um dos alunos, sem mais nem porquê, perguntou ao professor: - O Professor sabe como os porcos selvagens são capturados? O professor achou que era uma piada e esperava uma resposta engraçada. O jovem respondeu que não era uma brincadeira, e com seriedade começou a sua  fala feita dissertação depois de ver algures um persongem levar pela rua um marrano javali e, depois de se dizer que os cidadãos poderiam sair de casa a passear seu boby:
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- Para capturar porcos selvagens, primeiro  localiza-se um lugar na floresta aonde os porcos selvagens costumam ir, e lá nesse lugar, coloca-se diáriamente um pouco de milho no chão. Assim, os porcos selvagens vêm todos os dias para comer o milho "GRÁTIS" e, quando se acostumam a vir diáriamente, você - Tu,  mais tu e aquele,  (pode ser até uma instituição ou mesmo o goveno...) vai construindo uma cerca ao redor do lugar onde os marranos se acostumaram a ir comer, um lado por vez para não espantar...
  Quando eles se acostumam a ver um lado da cerca, voltam para comer o milho, e você (ou o dono da coisa...), constrói um outro lado da cerca... Eles, os marranos, voltam a se acostumar àquilo e voltam a comer. Você vai construindo a cerca ao redor; pouco a pouco, até instalar os quatro lados do curral ao redor dos porcos. Até aqui na visão dos javalis, tudo vai numa boa! No final, instala uma porta no último lado. Os porcos que já estão habituados ao milho fácil e às cercas,  começam a vir sozinhos pela picada, carreiro, fiote ou vereda. É  neste então quando você fecha o portão capturando todo o grupo de porcos, marranos javaliz. Simples assim, passo a passo, até que no último segundo, os porcos perdem a sua liberdade ou até a vida se for o caso. Até à cachaporrada podem ser mortos noé! Estão a ver o filme...
    Eles, os marranos, começam a correr em círculos dentro da cerca, mas, lixaram-se - já estão presos. Depois, começam a comer o milho fácil e gratuito. Eles acostumam-se tanto com isso que se esquecem de como caçar por si mesmos, e por isso aceitam a escravidão - Estão a ver o filme, noé! Mesmo, mesmo, até eles se mostram gratos com os seus captores e, durante gerações vão felizes ao matadouro.... Nem desconfiam de que a mão que os alimenta é a mesma que os mata. O jovem comentou ao professor que era exactamente isso o que ele via que acontecia no seu PAÍS, na sua província, na sua cidade, com o seu povo. Bom! Isto é um faz-de-onta.  Os governos populistas, em seus projectos ditatoriais, escondidos sob o manto "Democrático",  estiveram lançando milho gratuito durante o tempo suficiente para alcançar a mansidão sistemática. 
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E, assim talqualmente, cada novo "Governo Salvador" disfarça de "Programas sociais" as suas esmolas, dá dinheiro que tira do bolso do próprio trabalhador, realiza missões, planos, indulgências, leis de "protecção", subsídios para qualquer coisa, expropriações indevidas, programas de "Bem-estar social", festas, feiras ou festivais, luzes de Natal e muito, muito fogo armado, uniformes, pão e circo, transporte " Grátis " e, muitos outros edecéteras… Até com alguma condecorações pelo meio… Só nõ vê quem não quer...
  Todo esse "forrobodó" que nos oferecem tais golpistas, fantasiados de políticos, farta mão-cheia  de felicidade e, aí a desfelicidade acontece. Pois! Um povo mal acostumado, assim e tal e coisa, com as migalhas do milho fácil e "GRATUITO" feito "paracuca" (amendoim com assucar torrado...) nos ficará muito caro! Roubam-nos a capacidade de sermos críticos, pensantes e empreendedores. Em consequência: "NÃO EXISTE ALMOÇO GRÁTIS"! Pois! Cruze os braços, e coma também o milho... E, simplesmente, espere a matança...
M. Oliveira - 03.01.2020
T´Chingange - 21.01.2021


PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:34
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Domingo, 8 de Novembro de 2020
KALUNGA . XIV

MOKANDA DO EDU - Nós e os bichos - Crónica nº 3078

Eles, os Leões, não sabem o que é isso de “paradigmas”

HISTÓRIAS DE VIDA - SELVA - 08.11.2020

soba k.jpg As escolhas do Kimbo

Por: Eduardo Carvalho Torres – No Barlavento Algarvio do M´Puto

Leão7.jpg Estou a pensar no ser humano, no animal selvagem e na inteligência. E do animal selvagem, vou falar do leão, o rei da selva, e da leoa, sua companheira; das semelhanças e diferenças de procedimento entre um, o animal selvagem, e o outro, o ser humano.

Este, é dotado de inteligência, pensa, cria condições de vida, vive em sociedade organizada, estabelece um padrão de vida que evolui de acordo com o avanço da tecnologia, muda sistemas, cria interesses que muitas vezes se sobrepõem à vida para determinar a morte, tão depressa é um salvador como se torna num assassino!

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 edu43.jpgO homem tanto pode ser egoísta, como solidário, julga poder salvar o nosso planeta sendo que na maior parte dos casos está a destruí-lo. Fabrica guerras para conseguir a paz, e muitas vezes, arranja guerras porque não consegue viver em paz. E o animal selvagem? Como procede ele? Cuida do ambiente, do seu "habitat ", sabe que tem de preservar para poder sobreviver, destrói o indispensável, não polui o ambiente e procura viver de acordo com as suas conveniências.

Pratica sexo nos períodos indicados para o efeito, não é egoísta relativamente à fêmea e respeita os principios da sua própria criação. Será que ele pensa? Eu acredito que sim. O leão, mais a leoa que é verdadeiramente  a caçadora, quando estendida à sombra duns arbustos, com os olhos semicerrados, de boca entreaberta, que o calor abrasa, não estará ela a pensar porque deixou escapar a presa, no cerco prudentemente efectuado e que resulta quase sempre? Porque terá falhado então?

Leão4.jpg Será precisa uma nova estratégia? O animal que escapou, esse pensará decerto que foi um golpe de mestre, que conseguiu enganar a companheira do rei, por que foi mais esperto, usou a rapidez como o trunfo forte para combater a força e a técnica da opositora. É a lei sobrevivência. O leão, ou leoa, matam apenas para saciar a fome.

Não destroem indistintamente a vida, pelo prazer ou necessidade de destruí-la. Apenas por necessidade de comer. Respeitam as leis da selva, a leoa ensina as crias a caçar, para quando adultas, seguirem o seu caminho, defende-as enquanto sob a sua protecção; o leão cumpre uma das suas funções, procriando, num ambiente da liberdade e de respeito. E o ser humano, com a sua inteligência, a sua capacidade de criar e de inovar, quem será que vive verdadeiramente na selva?

roxo116.jpgBasta olhar em nosso redor, perceber de que é capaz o ser humano para atingir os seus objectivos, matar se para isso acontecer desimpedir o caminho que o leve a atingir determinada finalidade, e quantas vezes sem a certeza de o conseguir.

A nível individual ou colectivo pode ser solidário, criar associações humanitárias, mas pode matar, criar guerras por questões politicas ou comerciais, e destruir nações em nome de uma paz inventada. Não sei mesmo onde se situará a verdadeira selva de procedimentos.

ECT



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:35
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Segunda-feira, 2 de Novembro de 2020
A CHUVA E O BOM TEMPO . CXIII

MEDITAÇÃO DE T'CHING

Cronica 3075 - PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS - 31.10.2020

Por

soba002.jpg T´ChingangeNo Algarve dp  M´Puto

cinzas4.jpg Hó gente -  guardai-vos dos que gostam de andar com vestes escapulárias nos lugares de banquetes e, devorando a palavra para justificar seus princípios. Isso! Da malamba (palavra) de dissimulada aparência de piedade sem lógica plausível. Daqueles que para seu "ego" buscam impressionar pessoas pelas aparências. Falácias políticas - de quem tem o poder ou, de outros com recursos a o poder ter.

Pois! Também das pessoas que nada têm com que chamar a atenção, para além do mero barulho que fazem, semelhante ao de uma lata vazia que só raspam sons, que fazem barulho...

helder12.jpg Sons que rolam na contramão da vontade daqueles que, supostamente, apenas ensejam conquistarem a simpatia do povo. Povo que só quer ficar submisso às suas tradições.

É aqui que nos deparamos com a "vaidade" - vaidade ostentada até por líderes religiosos contraponto o brilho da autenticidade do escrito: “Aprendam de Mim, porque sou manso e humilde de coração”...

A propósito, o termo “vaidade” tem origem nas palavras latinas vanitas, vanitatis, significando vacuidade, vazio. “Como espuma de sabão” que, “quando circula pelo ar, se mostra preciosa'.

duardo0.jpg Vaidade - a luz externa que imprime brilhos fantasiosos, atractivos e bonitos mas que dentro, nada contém. Em um instante, “plaf”, rebenta, desaparece. Converte-se no que sempre foi: - “nada”.

E, há infelizmente, muita gente assim. Gente que ocupa os primeiros lugares em eventos honoríficos; gente condecorada, que recebem saudações como se o fossem: ilustres. Não! Não sigam aqueles que adoptam esses comportamentos...

dia63.jpg Tão enganoso é o coração, que precisamos atentar para os reais motivos de nossos actos, de modo que não escorram por entre os dedos motivações secretas, impróprias, que normalmente, até tentamos esconder...

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:13
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Sexta-feira, 25 de Setembro de 2020
FRATERNIDADES . CXXVII

ANDO ENKAFIFADO – OPÇÕES DA VIDA

Crónica 3061 - MEDITAÇÃO DO T'CHING - 24.09.2020

soba002.jpg T'Chingange - no Al Garbe do M'Puto

rosa 1.jpg A ambiguidade e a incerteza, foram sempre características do ser humano e, só os poetas transformam estas minudências em força. Eles, os poetas, acalentam sonhos e planos para a nossa sociedade utópica mas, e, ao invés de verem, eles usam o olho do seu templo, o olho de sua intelectualidade.

Com sua fantástica estrutura, o olho foi definido pelo neurocientista Mark Bear, em seu livro Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso, como um “órgão especializado para a detecção, localização e análise da luz”...

roxo3.jpg Pelos olhos se identifica o caminho pelo qual as imagens se transmitem ao cérebro. Nessa interacção olho-cérebro, somos capacitados a ver todas as coisas. Desde a antiguidade que o poeta intelectual, assumiu esse papel em nossa sociedade.

E, é assim que entram em nossas vidas formatando nossa vulgar e comum vida em um "mercado público de ideias" usando sonhos, até por vezes o sofisma transcendendo ideias e, como se o fizessem na mágica proporção, por amor à verdade e à justiça...

roxo79.jpg Porém, há riscos. Que tipo de imagens, das incontáveis entre as captadas, permitimos serem gravadas no excepcional computador que é nosso cérebro? Eles, os poetas, socorrendo-se por vezes de um sentido crítico, recusando por norma as formas simples...

Recusam ideias prontas, feitas para consumir e colaborações complacentes com as acções daqueles que detêm o poder ou mesmo outros espíritos, não se esfarelando em pacifismos também por o serem, testemunhas críticas do seu tempo... Sim! Tudo parece uma contradição...

roxo81.jpg O verdadeiro intelectual, é um fabricante de consensos nos quais nós nos demoramos em admiração? Pois! Certa ocasião, o Padre Antônio Vieira disse que “a maior graça da natureza, e o maior perigo da graça, são os olhos. Duas luzes do corpo,  dois laços da alma”...

Quem tem dois olhos encherga a profundidade  por estereoscopia. Por uma fresta apenas pode ver um plano sem profundidade. Nessas duas “janelas da alma”, pode também entrar o brilho embaçado convidativo ao desvario; o padre Vieira defenia isso por pecado mas, eu que estudei trigonometria, ângulos e rectas, sei que o pecado, ou a graça da luz divina, cabe-nos na decisão de usar o cérebro, o templo, o tal olho invisível que se diz ter cor púrpura...

roxo94.jpg Agora, com ou sem pecados, travamos um combate incessante contra os poderes das trevas (um tal de vírus cvid 19 ). A mente é o campo onde a batalha será decidida para o bem ou para o mal. Mas, o problema vem dos outros  que nos transmitem  a treva e, aí estamos ou estaremos tramados, mesmo sabendo que a hipotenusa é a raís da soma do quadrado dos catetos... Isto pró vírus, já era! E, os poetas só podem vaticinar...

Nela, todos os dias se processam milhares de pensamentos e pequenas decisões que determinarão através de que mecanismos intrincados, tudo o que os sentidos captam (odores, sons, imagens) causa impressões indeléveis na mente. Essas impressões que comandam os sentimentos, ditarão nossa escolhas direcionando as decisões... Impressões que comandam hoje os sentimentos e, queiramos ou não, ditam  a actual Intoxicação Digital...

roxo53.jpgIlustrações de Assunção Roxo

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:20
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Domingo, 13 de Setembro de 2020
CAFUFUTILA . CXXX

TEMPOS DE 100KIBOM. O Pão, a vida e NOÉ ... Divagações do T'Ching – Crónica 3058

– PARALÉM DA JUSTIÇA... Dois pesos e duas medidas

Por

soba002.jpg T´Chingange No M´Puto, Al Garbes

Cafufutila / kifufutila: Farinha de bombô com açúcar; Kibom é um sorvete do Nordeste brasileiro…

roxo3.jpgÀ expressão “dois pesos e duas medidas”, frequentemente mencionada no contexto dos negócios e relacionamentos do dia-a-dia, atesta que as pessoas em geral estão muito distantes desses nobres princípios... “Usem balanças de pesos honestos, tanto para cereais quanto para líquidos, foi dito no capítulo de leis do livro dos livros, que visavam proteger os direitos dos pobres, trabalhadores, surdos, cegos e estrangeiros lá no antigo mundo com Moisés anunciando ordem ao povo...

roxo10.jpg2 Assim como nesse tempo, também hoje nenhum privilégio concedido à nação justificará o tratamento discriminatório de qualquer cidadão – A distância mínima de dois metros serve para não se lançar kifufutila nos olhos, boca, nariz e orelhas dos outros. Assim o deveria ser mas, na prática, a verdade fica debilitada logologo na acção da justiça hodierna... A missão de justeza naqueles idos tempos, incluía a todos. Pessoas de qualquer origem deveriam ser amadas e acolhidas pelos donos do mando a fim de que fossem atraídas ao verdadeiro exemplo. Eram valores a respeitar...

ROXO18.jpg 3 Havia uma razão pela qual os israelitas e outros senhores, governadores e imperadores, deveriam ser honestos no trato com o semelhante: Isso era tudo para um povo que desejava fazer diferença e honrar seu nome em libertado. Não podemos hoje esquecer-nos desse princípio de valores. Se entre nós não pudermos encontrar justiça e integridade, onde e aonde poderemos considerar haver condições no mundo global em que, não desprezem esses valores? Sim! Aonde…

ara3.jpg4 Afinal, quando é que iremos ter "uma boa medida, calçada, sacudida e transbordante? Isso! Quando é que que esses “Paraísos Fiscais” serão alento para perpetuarmos a raça humana e, não somente, alguns. Usando esse antigo linguajar, qual a medida a usar para todos nós, que somos tantos, muito mais que muitos!? Como nos vamos medir... Alguns acreditam que a medida original do pé inglês era a do rei Henrique I da Inglaterra, que tinha um pé de 30,48 cm. Pois então, teremos em dois metros, 78,777 polegadas ou 2,18 jardas. Mas, será pelos pés, pelas mãos, pelo pensamento pelas acções? Não! Talvez pelo dinheiro, que tudo tende a comprar...

arau162.jpg5 A expressão comum no comércio oriental, “medida calçada, sacudida e transbordante” indicando que aquilo que fosse pesado ou medido deveria ser prensado, sacudido e, de modo que transbordasse do recipiente para benefício de quem receberia... Esses antigos tinham sua forma de pensar com retorno garantido: “A medida que usarem também será usada para medir vocês.” Pois! Eu, em tempos calçava a medida de sapato 73 mas, minguando, já só calço o 72 e, de unhas cortadas...

araujo102.jpg6 Normalmente, associamos estes princípios às questões materiais mas nesta fotografia falada teremos de não esquecer que para além de negociar, trocar, comprar e vender coisas, há virtudes e valores espirituais e fraternos a compartilhar de justiça e generosidade... Coisas dadas ao abandono! No choque do presente, um mundo imperfeito, também muito redondo nos silêncios, acho melhor nem referir o nome do patrão, do chefe ou do presidente. Eles são políticos e comem na mesma gamela… As circunstâncias medrosas não permitem que abra uma frente de guerrilha sem haver razões independentistas.

Ilustrações de: Assunção Roxo -1.2.3 e Mano Corvo Costa Araújo - 4.5.6

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 10:16
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Domingo, 30 de Agosto de 2020
MOAMBA . XLIV

É proibido ser POBRE? - 30.08.2020

- Crónica 3055... Juntando meus estralhos, para entender se os alhos com bugalhos são um remédio eficaz para eliminar um bicho feito gelatina. Mas, então porque não fazem uma vacina com água e sabão!?

Por

t´chingange2.jpg T´Chingange – No M´Puto

roxo68.jpg A década de 1930 foi marcada por muitas histórias interessantes no Brasil. Uma delas seria cômica, se não fosse trágica. Ela aconteceu na cidade de Fortaleza, capital do Ceará. No ano de 1932, foi construído o primeiro arranha-céu da cidade. Os jornais publicavam manchetes anunciando a inauguração do hotel Excelsior. Era o orgulho da classe rica de Fortaleza. Subir até à cobertura do edifício e admirar paisagens, desde o mar até as montanhas era a diversão comum.

Uma coisa, porém, ameaçava o clima de riqueza da cidade. Desde o início da década, estava acontecendo uma das piores secas de todos os tempos no interior do Ceará, e muitas pessoas estavam fazendo o conhecido êxodo rural em direcção à cidade de Fortaleza.

apocri3.jpg A classe mais rica exigiu uma atitude do governo, que imediatamente criou sete currais cercados com varas e arames farpados, para onde eram enviados todos os retirantes da seca. Lá, eles tinham as cabeças raspadas e eram vestidos com sacos de farinha. Naquela época, era crime ser mendigo em Fortaleza, e a pena era ser enviado para esses quase-quase campos de concentração. Tratar os necessitados com maldade é pecado, sejam quais forem os motivos.

Mais que doar roupas e alimentos, cuidar com amor dos mais necessitados envolve olhar nos olhos, ouvir as histórias de vida, ajudar nos problemas emocionais, não se preocupar apenas com o estômago, mas também com o coração; estes procedimentos, aprendemos no dia-a-dia com gente do bem, familiares e afins...

pica2.jpg Mas, diz o sábio do livro dos livros que quem age assim, empresta a Deus; isso não significa que o Céu tenha qualquer tipo de dívida connosco. O que a Bíblia está querendo dizer é que, quando ajudamos uma pessoa pobre, teremos como recompensa a felicidade como devolução pelo que fizemos em forma de bênção.

Por isso, o versículo respectivo enfatiza a recompensa divina. Isso não é teologia da troca, mas um incentivo para que tratemos bem aqueles que não têm nenhuma vantagem a nos oferecer... Quando esteve na Terra, Jesus deu muita atenção àqueles que passavam por qualquer tipo de necessidade, principalmente aos pobres de espírito. Faça o mesmo por seu próximo e colherá certamente a recompensa da Natureza...

papal1.jpg De novo, volto a remover os ossos do passado espreitando pelo postigo da memória antropológica e, só graças à debilidade desta, a memória, irei fazer do tudo um romance condescendente sem alvoroçar espeleólogos, ou os espíritos com malévolas insinuações, esquecendo as leis não cumpridas coisas rebuscadas em terras de promissão com tangas ou parras!

A nossa vida, de cada vez mais na mesma passando ao Deus me livre e valha-me o Santo António, com os sem etnólogos e outros afins descobridores de pegadas politólogas, os cheiros encarquilhados misturam-se com iões de densidade molecular dos anos na leitura de carbono e eteceteras muito antigos e complicadérrimos… Só sei, no fim desta lengalenga, que vamos cada vez mais ficar fritos, esperando migalhas!

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:44
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Sexta-feira, 21 de Agosto de 2020
FRATERNIDADES . CXXVI

ANDO ENKAFIFADO – OPÇÕES DE VIDA

- O tempo não passa pela amargura mas, a amargura passa pelo tempo… 21.08.2020

- Os humanos de hoje são bem piores que seus antepassados. Põem os filhos nas creches, os pais nos asilos e vão passear os cães para os porem a cagar e mijar nas ruas…

 t´chingange 0.jpgAs escolhas de T´Chingange

Porcanhot3.jpg António José Canhoto (Diniz Costa) a 20-08-2020

arau44.jpg (C.A.)OPÇÕES DE VIDA - O ter-se liberdade já é um direito à desigualdade, pois a pior desigualdade e fazer duas coisas diferentes iguais. Em princípio a igualdade repugna o homem, pois o maior empenho de cada um é distinguir-se e notabilizar-se para se desigualar. A igualdade pode ser um direito democrático e constitucional, mas não existe poder algum sobre a terra capaz de a tornar numa realidade. Em teoria podemos concordar que todos somos iguais, contudo na prática, só alguém insano pode pensar ser possível aplicar essa igualdade.

Deixe de pensar como o escritor Alexandre Dumas no seu livro os 3 Mosqueteiros os quais tinha a máxima: “Um por todos e todos por um”. Nesta nossa vida e mundo de antropofagia cada um tem de ser por si próprio num salve-se quem poder, numa selva em que os mais fracos são “comidos” e escravizados pelos mais fortes economicamente. Ninguém virá ajudar a levantar aqueles que tropeçam e caem ou salvar, se estiverem a afogar-se. Saia da sua torre de marfim pela porta ou pule pela janela, mate o dragão que o atormenta, acorde sem um beijo ou um abraço, faça-se refém de si mesmo e arreganhe os dentes, vá bem armado para a luta e mostre ao mundo quem é o lobo mau, mate a avozinha e faça amor com a netinha.

Avillez2.jpg - As nossas existências resumem-se a um período que se prolonga entre a nascença e a morte, ou dito de outra maneira, é um lapso de tempo que acontece entre duas eternidades de escuridão. A primeira acontece desde a data da inseminação dentro do útero das nossas mães, e a outra quando fisicamente deixamos de existir e de novo partimos para a eterna escuridão. Aprenda a fazer falta e a sentir-se desejado. Nunca lute por espaços na vida de ninguém e muito menos se diminua para lá caber.

O maior medo da humanidade é abrir a cortina do conhecimento e descobrir que tudo o que acreditava nunca existiu. Tudo o que ouvimos são opiniões e não factos comprovados. Tudo o que vimos são perspectivas, não são verdades ou realidades. Não perfilho da filosofia niilista como resposta adequada para a vida quando a mesma foi celebrizado pelo filósofo Friedrich Heinrich Jacobi. Contudo o seu conceito da negação de qualquer crença religiosa, social ou política agrada-me quando a sua finalidade se destina a obter um estado de consciencialização pessoal maior, mais adulto e evoluído.

roxo91.jpg(A.R.)Pessoas certas e perfeitas não existem. Todos nascemos mais ou menos errados e imperfeitos, mas só os conscientes e racionais procuram ao longo dos tempos ter consciência dos seus aspectos negativos e aperfeiçoá-los. Todos somos os lapidadores do nosso próprio diamante em bruto tal como nascemos. Há uns milhares de anos atrás, éramos apenas humanos ou em evolução para a obra de arte que hoje somos.

 A partir do momento que evoluímos e permitimos que a raça nos tenha desligado, a religião separado, a politica dividido e o dinheiro classificado, passámos a ser mais imperfeitos devido aos preconceitos que adquirimos do que à inocência que nos caracterizava há milhares de anos atrás. Os humanos de hoje são bem piores, põem os filhos nas creches, os pais nos asilos e vão passear os cães para os porem a cagar e mijar nas ruas e muitos dos energúmenos dos seus donos nem os dejectos apanham. Um amigo meu dizia com alguma propriedade, a vida é um cu, e cada um tem o seu.

araujo172.jpg (C.A.)Uns sujos outros limpos. Mas nenhum é perfeito pois todos fazem merda mais tarde ou mais cedo. Se alguém matar para roubar um automóvel é errado. Mas se alguém matar o ladrão para o recuperar já é legítimo. O direito de matar para recuperar a nossa propriedade torna-se mais valioso do que a sagrada vida do ladrão. Ando a pensar em comprar uma bicicleta mas pensando bem, isso será um desastre para a economia do meu país. Evita que eu compre carro, faça financiamento ao banco e pague juros, não compre gasolina que o governo taxa de forma injusta e insana, não precise de alimentar mecânicos pagando-lhes 50 euros por hora de mão-de-obra.

Não preciso de seguro nem de pagar estacionamento. Não fico obeso devido ao exercício físico, antes pelo contrário, fico saudável, não pago a médicos privados nem às farmácias, medicamentos que não preciso. Faça a experiência de tentar mergulhar dentro de si mesmo e veja se morre afogado em conhecimento ou de sede pela ignorância e consoante o seu diagnóstico reabilite-se fazendo os ajustamentos necessários. Deve ser tremendamente triste e sentindo dó de nós próprios quando se nasce, vive e morre com a sensação de nunca termos existido, porque quando olhamos para trás ao rasto que deixamos na nossa passagem pela vida apenas encontramos vazios e espaços brancos e, longos demais porque nunca foram vividos. 

roxo90.jpg (A.R.) - A vida não condiciona nem coloca barreiras a ninguém; é como um mundo sem fronteiras, e os únicos limites que você pode encontrar são os pensamentos limitativos dentro da sua mente os quais se podem tornar nos seus piores inimigos. Evite as pessoas que para lhes explicar algo precisa de desenhar, mas mesmo assim ainda necessita de explicar o desenho e finalmente para que a compreensão seja feita ainda terá de desenhar a explicação. Existem duas coisas importantes na nossa vida que moram dentro de nós: O motivo e o momento. Teremos várias vezes o mesmo motivo, mas nunca o mesmo momento, pois estes são irrepetíveis quer seja para nos deixarem recordações inesquecíveis ou por serem tão negativas que sentimos a necessidade de as obliterar da nossa mente de imediato.

arau1.jpg (C.A.) -E para terminar este meu texto aqui vos deixo uma história que me foi contada há muitos anos mas que jamais a esqueci. “Dizem que antes de um rio entrar no mar, ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada que percorreu, para os cumes, montanhas, planícies e vales sinuosas que trilhou através de países, cidades e vilas e vê á sua frente um oceano vasto e profundo onde vai desaguar e desaparecer para sempre. Não há maneira de o rio poder retornar para a nascente, assim como ninguém pode atravessar a água do mesmo rio duas vezes duas vezes. Voltar atrás é impossível na existência de um rio ou pessoa. O rio precisa de aceitar a sua natureza e entrar no oceano. Somente ao fazê-lo o seu medo se irá diluir, porque apenas nessa altura o rio saberá que não se trata de desaparecer, mas sim, em ele se tornar em oceano também.

Ilustrações de: Assunção Roxo (A.R.) e Mano Costa Araujo (C.A.)

António José Canhoto… 20-8-2020

 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:36
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Quinta-feira, 21 de Maio de 2020
XICULULU . CXXIV

VIVA SIMPLESMENTE! - MÊS DE ROSAS -21.05.2020

Tempos de “covidamento” – um termo novo demasiado repentista  

Por

soba002.jpg T´Chingange – A Sul do M´Puto

papoila0.jpgA simplicidade é uma virtude que anda de mãos dadas com outras. A ela, estão ligadas a franqueza, naturalidade e transparência dos nossos actos, embora nos dias de hoje nos deparemos com muita hipocrisia, muito faz de conta porque ser-se pobre, é doença. Infelizmente a sociedade e, num repente, vê-se ainda mais pobre e, medindo o tempo em uma nova medida: o “COVID 1,5 m” – a distância do medo em metros.   

Nada de lamúrias! Isto, até parece trafegar na direcção contrária ao pensamento hodierno, que nos impõe a ideia de que o melhor da vida se resume no acúmulo de coisas e na sofisticação do comportamento de parecer ser o que não se é... Agora, neste repente os paradigmas mudam por vontade alheia e ainda desconhecida.

papoila01.jpg Esta falta de paz, origina excesso de ansiedade a todos mas mais a quem se mente, a quem nos mente, originando prejuízos colaterais, que tendem a aprofundar-se em esquizofrénicas atitudes... Estes são apenas alguns resultados pouco queridos mas, que podem ser colhidos numa prática de uso e, num vulgarmente.

Estas pessoas, (talvez todos nós), necessitarão reencontrar o caminho da simplicidade que nos liberte dessa pressão consumista. Num qualquer dia, adentra-se permitindo tirar-lhe ou tirar-nos a paz de espírito e, de depressão em repressão, ficar-se com as ideias frouxas, passado dos carretos, correia de transmissão e pneus carecas… (uma comparação metafórica…)

papoila1.jpg Contudo, há o risco de se levar a simplicidade ao extremo, associando-a à conduta ascética, de renúncia dos recursos que conferem relativa qualidade à vida. Muitos moradores de rua não querem voltar para casa; incompreensível - mas, alguns, o dizem! Talvez por um orgulho demasiadamente pisoteado.

No livro dos livros é dito que o Senhor falou ao povo: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Estas falas eram no sentido de ajudar a colocar as coisas materiais em sua verdadeira perspectiva. Permitindo assim, possuí-las na medida em serem úteis para seu, nosso bem-estar e, sem deixar que elas nos possuam ou nos escravizem.

papoila2.jpg Portanto, segundo estes ditames, devemos exercer vigilância, a fim de que o interesse pelo material não seja um obstáculo em nossa corrida na busca do que nos satisfaz espiritualmente. Podemos sim, ser libertos do labirinto das coisas por modo a encontrar a verdadeira alegria na simplicidade que a Natureza nos transmite neste mês de rosas, cravos e papoilas confinados ao aperto da casa. Uns dirão: na providência que aquele Nosso Senhor nos conceder, mas talqualmente, cada qual tem de fazer sua parte. Porquê? Porque Aquele Senhor tem mais em que pensar!

papoila5.jpg Pois é! Mas a sociedade sempre é cobiçosa. Ele (alguém feito gente) está rico! Um outro - alguém o diz! Só porque comprou um carro novo e sempre gasta dinheiro na compra de dois sacos de pipocas para dar às pombas lá na praça do Restelo. Quanta dureza de má-língua nessa expressão de descontentamento nas coisas simples que podem fazer alguém feliz! Alguém já velho no suficiente do tempo. Precisamos aprender a viver contentes e agradecidos pelo que temos sem cobiçar o alheio! Sempre é tempo de se formatar num novo princípio…

Tenham um bom fim-de-semana!

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 08:37
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Quarta-feira, 20 de Maio de 2020
MONANGAMBA . XLVIII
RELEMBAR FRINCHAS DESTE TEMPO. Andamos a sorrir de forma desequilibrada. Nosso centro de gravidade já vê a casa assombrada...
Crónica 3025 - Meditação de 20.05.2020
Por:

soba15.jpgT'Chingange - A Sul do M'Puto

monangambé3.jpg Todos os dias, bem cedo, apanho folhas da minha anoneira, depois vou-as amontoando na churrasqueira para servir de acendalhas ao resto do madeirame, pedaços de troncos de chinguiços que corto e ali ficam feitos monos a secar ao sol com a finalidade de assar as sardinhas do meu mar! O objectivo é fazer brasas na suficiente quentura para assar o sável, um peixe de rio parecido com a sardinha, mas muito maior! É a primeira vez que irei provar tal peixe...

Pode parecer monótono mas é uma forma de tomar ao redor de mim, a vitamina D, tarefa bem mais proveitosa do que andar com um pau a dar tacadas até acertar num buraco. A isto chama-se golf e, noutra época, diriam ser esta absurda actividade, uma falta de tempo e até coisa desequilibrada curiosamente praticada por gente de muito cumbú, gente endinheirada que parece não saber o que fazer com tanto pilim... Um verdadeiro pecado!

MONA0.jpg Olhem! Todos esses anos tenho trabalhado pra caramba e tudo indica estar semi-pobre por nunca desobedecer às leis regentes. Afinal de que valeu não ter ficado com um frasco de diamantes, coisa da terra, só porque a lei determinava e até dava grandes punições a quem descumpria. Juro que se voltasse atrás seria também e agora, um descumpridor. Então, li que um certo homem muito influente na comunidade de fé caiu em pecado provocando um impacto tremendo entre sua família e gente conhecida! Não! Não é Socratas, esse tal que foi primeiro ministro do M´Puto.

Os tempos baralham a gente na forma de nele se estar e, vai daí os cidadãos ficarem perplexos, coisa que hoje é tomado por coisa banal e com bons auspiciosos do Espírito Santo expressos no silêncio dos tribunais que de maneira alguma se querem salgar... Nem todos acreditavam na mudança e acham até que as provas são suficientemente complexas para se não agilizar - Isto tudo mais o "covid" desequilibra-nos! Depois de muito pensar, concluiremos que o Mundo anda tão triste que, se não conseguirmos rir, afogar-nos-emos em lágrimas, Noé?

monangambé4.jpg Sempre há pessoas com critérios particulares de justiça no trato com pecadores. Muitas vezes, sentindo-nos superiores à luz dos próprios feitos, olhamos com desprezo aqueles que deveriam ser alvo do amor. Nós que somos feitos à imagem de Deus teremos de nos tapar, embora que parcialmente porque desobedecemos pela certa aos motivos sagrados. Só pode ser - andar de máscara como se fosse um Zorro salteador, noé!? Mas e afinal, nosso corpo não é só nariz ou boca, também temos pés; mas, a eles nem a sexta-feira se distinguirá do sábado ou domingo.

Baralhados no sistema como se fossemos todos incompetentes, ficamos assim pendentes de máscaras importadas da China com mais respiradores defeituosos. Um desafora pago a preço de oiro amarelo! Num repente olhamos para os lados, abrimos e fechamos janelas pensando que todos afinal seremos uns tontos... Mas que país é este? E assim de tontos, olhar para os políticos a dizerem coisas que já todos sabem... Num repente todos viramos macacos da selva , ou crianças de cinco anos ouvindo vá práli e olhe a seta! Sim, subitamente estamos todos na floresta.

monangambé1.jpg O perfeccionismo legalista em contraste com o sorriso da graça em conviadamente, palavras novas, viramos uma gota de tinta que cai e mancha. Na duvida todos seremos gente infectada que tem de obedecer ao parcelamento da fila. E, muitos nem sabem que são manchas e que na dúvida em um qualquer outro sitio aonde as carências são notórias haverá outras filas a somar quilómetros para receber comida, um cabaz - as novas distâncias comprimem a modos disciplinados as pessoas para receber sacos com comida!

Covid 1,5 é a medida métrica mínima para um vivo não ter medo de outro. Nunca o medo tinha sido assim medido, em metros! E, também algo de curioso nunca as notícias tinham sido algo como uma fogueira aquecendo uns quantos a ouvir noticias repetidas como labaredas de fogo a vomitar números de infectados, de salvados de mortos. Neste frenesim alguns até reparam que seu domínio dos músculos andam desatados com medo de sair à rua; às tantas dá~lhes uma

dia122.jpg Abro a janela, o loureiro cresceu, tem rebentos novos. O loureiro é árvore com quem falo, fecho a janela e noto na lesma em pijama entrar no meu domínio de casa! Tal como eu ela, a lesma parece falar comigo dizendo: amigo para quê a vaidade feita beleza se usamos pijama durante 24 horas! Mais acima uma osga repimpada, gorda com uma bicicleta ao lado como que me desafiando a dar uma volta... Pois, assim seria mas, o medo! Olha osga, não posso! Meu centro de gravidade está deslocado...

Segundo as regras de hospitalidade prevalecentes, talvez o bairro inteiro tivesse recebido convite neste tempo de osgas. Acho que até o presidente Marcelo aprendeu que uma lesma pode ficar três anos dentro de uma concha para se proteger do mau tempo. Ela, a osga não sabia apreciar a graça que busca, espera, recebe, abraça e restaura em nossa casa. Esta osga é uma zona cinzenta na minha clarividência. Ela, a osga, explicou-me que também merecia ter tudo na família da casa, “como concessões imerecidas do amor”, não como pagamento pelos serviços prestados mas de vocação. Temos mesmo de aprender muito com os animais... É um privilégio ter um presidente a ensinar-nos comportamentos como a osga e a lesma. Uma coisa de outro planeta...
O Soba T´Chingange


PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:58
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Domingo, 17 de Maio de 2020
MOAMBA . XL

NAS FRINCHAS DO TEMPO. Tempos de cinza

O risco da vida que, por coisa pouca muda nossas vidas…

Crónica 3024 - Meditação do T'Ching -17 de Maio de 2020

Por

soba02.jpgT'Chingange - A Sul do M'Puto

Acácia rubra1.jpg Em um desses momentos nublados, às vezes, olhando o Mundo pela janela, atribuo a intromissão de Satanás nos acontecimentos maus que nos afectam. E, assim vendo os loendros dando flores de cores variadas converso com os ramos da amendoeira, bonita de verde e com amêndoas inchadas.

Lá nas alturas ouço um helicóptero zumbindo suas pás na direcção do deserto glorificando a sapiência humana que cria métodos no seu poder,  de mudar as coisas, de estudar as lesmas, os ácaros e os  aparentes e frágeis fios que suportam a aranha.

favela1.jpg Aranha que ali fica horas a fio até que apareça o almoço. Acho que não foi Satanás que lhe concedeu estes poderes. Mas, então esta faculdade, foi lhe dada por quem? Conversando com meus botões, procuro no livro dos livros as metáforas ligadas por missangas de muitas falas...

Deus, já me havia concedido provas de que na natureza tudo tem um tempo e que este foi encaixotado numa máquina a que chamaram relógio. Não falei com Ele no discurso directo mas tive a premonição que ele tentava alinhavar meus zingarelhos do cerebelo.

arannha2.jpg Juntando meus estralhos, adjunto outras direcções  para entender se os alhos com bugalhos são um remédio eficaz para eliminar um bicho feito gelatina invisível e com esporos que furam nossa paciência, estragando os negócios do reino, parando tantas nações. O maldito COVID 19.

Uma minudescência que ninguém consegue matar na suficiente perfeição. Isto é obra de quem? Do homem, do Satanás, de Deus? É um castigo às nossas promíscuas relações entre gentes, entre ideias, entre ideais!?

aranha3.png Isto não é  pecaminoso? Embora advertido por falas silenciosas, sobre a resposta do desagrado divino sobre as nações, revejo - me um inocente  ser, indefeso quanto baste para me colocar numa duvida: “Pequei muito!” - pecamos muito, Noé!?

A David  do livro dos livros, foram dadas três opções de castigo: duas por meio de inimigos humanos mas, a terceira foi diretamente do Senhor. David, familiarizado com as guerras e a impiedade humana, entendia que, mesmo sendo castigando por Deus, Ele era infinitamente mais gracioso...

dia85.jpg É sempre assim! Para tudo Nós queremos ter uma explicação; se calhar não a merecemos, Noé!? Somos propensos a assumir o papel de juízes implacáveis em relação a nossos semelhantes, enquanto Deus mescla justiça e misericórdia em Seu trato com eles e connosco. Pópilas! Exactamente da mesma forma em como eu junto imbambas, estranhos com zingarelhos!

Estamos sempre julgando e condenando pessoas, sem nos preocuparmos em calçar seus sapatos e, de seu ângulo, avaliar tudo quanto as afecta. Bem! Cá para mim isto começou nos Chinocas, ponto final! Pois! Mas nós somos interesseiros em nossas atitudes, sim!

Professores não se lembram de que foram alunos, patrões se esquecem de que foram empregados e cortam na escassez. Mas, na abastança ficaram com o todo, Noé! Gente que apregoa aos ventos seu Deus, omnipotente e justo mas, na hora do "para mim", aDeus! Só seus interesses contam -   Hipocrisia, Noé!?

FK2.jpg Pais perdem de vista o tempo em que foram filhos. Em um conflito interpessoal, assumimos posição de um lado sem ouvir o outro. Mas então se somos moldados pela disciplina de Deus, deveríamos sentir o afago restaurador da misericórdia, Noé!? Vou ali, já volto...

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:53
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Quinta-feira, 9 de Abril de 2020
A CHUVA E O BOM TEMPO . CX

África e o COVID 19… Opinião do T´Ching... - 09.04.2020

Crónica 3015

Por

soba002.jpg T´Chingange - No Nordeste brasileiro em distanciamento social…

áfrica19.jpg África está a intrigar a comunidade médica por contrariar as previsões da OMS, com os seus baixíssimos números de casos de infecção e morte por coronavírus. Esperava-se que assim que surgissem os primeiros casos de coronavírus seria uma catástrofe sem igual; parece até ser humilhante para a midia ocidental, perceber que o coronavírus mata milhares de pessoas em países do primeiro mundo ao invés dos países africanos. Segundo especialistas, há factores que sopram a favor de África.

Os porquês:

a - É um continente maioritariamente composto por jovens.

b - A cloroquina que serve para o combate à malária, supostamente tenha imunizado os africanos, que aparentam imunização contra o coronavírus (vamos acreditar que sim embora sem provas!)

c - O clima quente de África faz com que o vírus seque rapidamente no ambiente natural, ao contrário da Europa, Ásia e partes das Américas que têm zonas frias.

d - Em algum momento da vida de um africano já sofreu infecções como malária, sarampo, febre-amarela, leishmaniose, dengue, paludismo, tifo, disenteria, bronquites, infecções renais e estomacais, enfisema, tuberculose, pneumonia. Eu próprio já tive paludismo várias vezes e como prevenção tomava como toda a gente: - Quinino, Camoquina e rezoquina …

e - Uns sem número de vírus, como o perigoso Ébola, já passaram por eles, sem esquecer as DST's e tantas outras que fazem parte do nosso dia-a-dia e, que de uma certa maneira no seu conjunto dificultarão a entrada em força do coronavírus.

cinzas8.jpg Os grandes países, como Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Itália, Suíça, sem esquecer os Estados Unidos que neste momento lideram em termos de infecções, nunca pensaram que alguma vez na sua existência iriam ser "castigados" dessa maneira, pensando até que só os outros estariam destinados a sofrer com este maldito vírus.

Vírus que atingiu em pleno coração as nações mais ricas e mais poderosas do planeta; é de admirar que em África seja diferente, embora lamentando profundamente que coisas dessas aconteçam no mundo... Algumas versões cientificas na imprensa internacional dizem que o vírus não foi criado artificialmente por ninguém, mas subsiste a duvida! Dizem ser uma versão do antigo SARS, que sofreu as devidas mutações impossíveis de replicar ou criar em laboratório – será!?

Que passou do mundo animal para o ser humano fruto da inapetência de alguns países nomeadamente a China em proibir o consumo de animais selvagens; pode ser até que seja uma oportunidade para se acabar de vez com a caça e o consumo de espécies exóticas. Mas, esse coronavírus, parece ser apenas o primeiro de muitas mais pandemias que segundo muitos, beira a aniquilação. Tal é a rapidez com que aparecem novas designações por via de mutações tais como: Pneumónica, SARS 1, MERS 2, H1N1 tudo num nome de INFLUENZA e, este COVID 19.

ama3.jpg Os números são assustadores, no momento em que o vírus está espalhado por mais de duzentos países do mundo - números confirmados pelas autoridades que segundo dizem rondam os 75% de margem de abrangência. Os países divergem nas estratégias a aplicar na luta contra a pandemia e, nem todos estão de acordo com as orientações dadas pela Organização Mundial de Saúde. Alguns criticam até a idoneidade do seu presidente! Há até quem reme contra a maré, como os exemplos de Trump e Bolsonaro, dizendo que o confinamento arrasa com as economias dos países e que ficar em casa é uma perda de tempo. É uma faca de dois gumes em verdade.

O presidente da Bielorrussa Lukashenko juntou-se aos já mencionados, tendo sido visto visto jogando hóquei no gelo e, num pavilhão a abarrotar pelas costuras. Numa vulgar linguagem afirmou que o vírus não é resistente ao frio e que a bebida vodka faz o favor de eliminar o malvado. Trump e Bolsonaro, aos poucos vão dando o braço a ceder, porque o número de mortos não para de aumentar em seus países, acabando por tomar medidas afectivas na contenção e prevenção. Esta tardia medida nos EUA originaram baterem o recorde de mortos em apenas um dia, 1186 falecidos em 24 horas (dia 6 de Março) – demasiado triste!

Como consequência, a economia mundial parou; a única que parece carburar é a chinesa, vá-se lá adivinhar do porquê!? Porque deduz-se ter aplicado o maior golpe da história mundial, levando os países ao colapso e apatia em sua reorganização com o beneplácito do presidente da OMS. A ordem mundial está virando o MUNDO do avesso. Os seus índices de desemprego chegam ao pico, milhões de pessoas foram dispensadas de seus empregos recorrendo aos serviços de segurança social, aonde os há! Os vários governos tentam proibir despedimentos multando as empresas que o façam, mas isso não trava o caos. O desemprego, só nos EUA ronda já mais de 10 milhões…

luderitz14.jpg As companhias de transporte aéreas e terrestres têm as suas frotas paradas, que sem gastarem combustíveis provocam a queda do preço do petróleo a preços negativos; agora são as companhias e países petrolíferos a pagarem para quem simplesmente pode armazenar os barris sem os comprar, as indústrias param de produzir. Umas foram obrigadas a produzir material médico por decretos presidenciais e outros fazem-no de livre vontade. As vendas e encomendas desceram na ordem dos 90% e, o comércio mundial actual, baseia-se apenas a materiais de consumo alimentar, electrónico ou de lazer e, todos recorrem à China para obter o material médico que precisam.

Os EUA recentemente enviaram 30 aviões à China para trazer de lá material hospitalar e, porque  pagaram a dobrar, a China cancelou encomendas de outros países. A Rússia ofereceu ajuda a América doando varias toneladas de material médico que o Trump agradeceu; outrora inimigos hoje amigos na salvação geral. Outros países como América do sul e África verão as suas dificuldades aumentadas… Num destes casos tão agudos na gravidade chega-se à conclusão que petróleo e diamantes não servem para comer.

alfa2.jpgA vacina demora a aparece, embora existam países que já anunciaram a cura mas ainda não provaram a sua eficácia, adoptando as medidas de confinamento e emergência, encerraram-se a sete chaves e fecharam as principais instituições da cada país assegurando apenas as que são imprescindíveis à sobrevivência geral, tais como hospitais, farmácias, supermercados, alguns transportes e alguns serviços para manterem minimamente a funcionar. Ficar em casa é a melhor medida para abrandar os contágios. Nem todos estão a cumprir com as regras, sem sequer respeitarem o esforço dos outros para atenuarem o sofrimento de todos.

O apelo agora é que todos nós façamos campanha nas nossas comunidades para que adoptem medidas que nos possam salvar. É com regozijo que se observa na maioria dos países africanos adoptarem as medidas de emergência e confinamento no combate ao vírus, fechando o país a estrangeiros, aeroportos e portos, controlando as entradas terrestres, adoptando algumas medidas de controlo social, sanitário, politico e económico.

ÁFRICA4.jpgInsistindo nas medidas de higiene geral e pessoal, controlando algumas pessoas nas entradas do país e forçando a quarentena da maioria pessoas não podemos deixar de saudar a o governos africanos, pelo menos estarem a tentar... Os africanos são um alvo porque pertencem a uma sociedade desorganizada, nem sempre unida e até desrespeitosa entre si. Como resultado, os ocidentais podem sim condenar por ainda não se ter feito o suficiente esforço para criar as instituições e condições necessárias no aspecto sanitário. Fique em casa, se o seu trabalho ou ocupação não seja imprescindível na manutenção da saúde ou sobrevivência geral. Sobreviver, é importante…

Kandandus

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 15:11
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Sábado, 14 de Março de 2020
MUJIMBO . CXIII

Meditação do T'Ching...13.03.2020

KIBOM é um sorvete!- BALEIZÃO era um gelado... KAICÓ é gelo com açúcar!

- Karl Marx também gostava de Kaicó! - Quarentena não é Quarteira nem Quarteirão...

Por

soba002.jpg T´Chingange – No Nordeste brasileiro

carcavelos em tmpo de COVID 19.jpg Quarentena não é Quarteira nem Quarteirão...

Não raramente, ouvimos dizer sobre pessoas que acabaram vítimas de um grande prejuízo simplesmente por estarem onde não deveriam estar, em um momento impróprio. Fecharam as escolas do M'Puto por via de não se contaminarem com o capeta vírus COVID19 e, eis que numa variante não pensada, uma grande parte desta juventude e, não só, resolveram ir matar o tempo na praia do mar...

Eu, aqui de muito  longe aflitinho da Silva e, os patriotas a curtir no bronze  como se aí, estivessem imunes ou, nem nisso assim pensaram!  Cumcamano, assim não brinco! Algumas, inclusive, curtiram farfalho de aconchego na curtição do beijo sem pensar que isso pode fazer perder a vida de alguém, que não eles - egoístas!

Carcavelos1.jpgA singularidade de alguém que finaliza por um desagradável egoísmo de gozo não ponderado de qualquer outro também tem de ser crime. Estes, alguns, muitos "estudantes" terão de limitar seus impulsos para certas conquistas... O bom senso aconselha que se recebem o grande benefício de pensarem, se atenderá que “nesta guerra surda com um invisível ser, não há lugar nem hora certa para o fim acontecer".

Sem preconceito no conceito, poderia ser até correcto dizer-se, se não estivesse em causa a VIDA como controle e, na direcção de todas as coisas num crer sem ver, num ser sem o sentir... Num secalhar que isto, é lá com os outros... Pensamento vago ou acto irreflectido num valha-me Deus com assombro no desassombro e, tendo os mais idosos a olhar o além nesta nefasta atitude! Atitude que haverá de se condenar porque, os filhos de hoje, serão os pais de amanhã, Noé!?

carcavelos2.jpg Assim não brinco! Usar um horário que não o é comum porque a lei o dito, ir à praia a tapear a vaidade dum impulso, não está certo... As pessoas normalmente trabalham no cultivo da existência, na cidade ou campo, aonde quer que o seja, durante o dia ou noite e, por uma ocasião atípica, encontram-se numa estranha procissão...

Quem morreu? Pergunta sem obter resposta. Não chegou em tempos idos e, num rebuliço, uma multidão seguir três homens que seriam crucificados: dois ladrões e um inocente. Com rosto ferido, Sua aparência frágil denunciava a tortura impiedosa a que havia sido submetido. A multidão O injuriava! E, Este também o era, inocente...

araujo 101.jpgCristo, vem cá abaixo ver isto!   Que país é este?

Que tipo de cruz nos vai ser imposto? Ninguém é sombra da graça para que tenha esse privilégio de espartilhar o peso do sofrimento aos demais, que somos NÓS TODOS!

O Soba T'Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 01:20
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Quarta-feira, 27 de Novembro de 2019
FRATERNIDADES . CXXIV

REVIVENDO ALJUBARROTA - NA BATALHA- Mosteiro do Leitão - 24.11.2019
Por

soba0.jpeg T´Chingange – LEIRIA, junto ao rio LIZ

batalha7.jpg A Kianda Januário Pieter de Assunção Roxo

O tempo não passa pela amizade e sendo assim, depois de mais de cinquenta anos o mistério da amizade volta a acontecer entre amigos kaluandas. Amigos de escola que em tempos idos desenharam corações num tronco grosso de abraçar, um imbondeiro que agora lá na Luua não existe mais. Era um lugar de estação, aonde os comboios saiam até à antiga Matamba; numa terra que sendo nossa nos foi retirada sem modos de civilidade num lugar chamado de Vila Alice, em um pátio de escola ainda por murar.

batalha1.jpg Os tempos rugiram e nós saímos voando para outros sítios e, revivemo-los agora como se ali estivéssemos; na EIL- Escola Industrial de Luanda. Em verdade, nos tempos que correm, os amigos cada vez mais se vêem menos mas, com a ajuda e beneplácito de uma Kianda chamada Roxo aconteceu encontrarmo-nos de novo a recordar coisas, umas já velhas, outras simplesmente, apodrecidas. Nas fotos que me chegaram fiz logo uma pequena síntese do que aqui iria descrever ao jeito de missosso:

batalha01.jpg A Kianda Pieter com  T´Chingange

- Gostei e irei comentar este nosso 24 de Novembro, vésperas do 25 Libertador de 75 e num sítio nobre - Perto de aonde se deu a Batalha de Aljubarrota no Concelho de Alcobaça. Nossa luta foi contra uns danados leitões que se vieram esparramar em fatias diante de nós. Nosso Nuno Alvares, foi o António Gonçalves que relembrou suas façanhas de quando era um sapador nos gorilas do Maiombe e eu, um atirador do Tando-Zinze no Chiloango...
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Nossa formação de guerra aqui no Mosteiro do Leitão foi em rectângulo, garfos de 4 pontas e facas serrilhadas a terminar em bico de lança. Januário Pieter, a kianda lendária da Terras do Nunca, não estava mas a substitui-lo e vivinho da silva estava o herói do Caio-Guembo de Cabinda que teve de lutar aqui com uma costela dum tal mirandês feito bifalhão... A Kianda ofertou-me a sombra do fantasma de Januário Pieter em um pequeno quadro. Ofereceu também rosas vermelhas e outras com abelhas zurzindo feromonas amarelas de empatia. A batalha estava a decorrer

batalha02.jpg Sentindo assim nas lonjuras da batalha Aljubarrota o pormenor do tilintar das armas e os barões com varões pontiagudos, fincado no querer, bebemos o sangue da veia, uva borbulhante derramado conforme manda a lei da gravidade com um Jinga-Malaia a relembrar tempos de catembe e galo-cantou da taberna dos matraquilhos. Um sangue morganheira com cheiros de ventos e vapores.
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Parece que era só quando éramos novos, trabalhávamos e bebíamos juntos que nos víamos as vezes que queríamos, sempre diariamente. Esta batalha, também era uma batalha real pois nos vimos nobres na vontade de assim querer, da nossa estória inovadora na táctica militar, permitindo que de armas apeadas fossemos capazes de vencer uma poderosa aliança – a amizade!

batalha03.jpg Calhou agora e no maior luxo de todos, aparentemente sem termos mais nada a fazer almoçarmos com amigos que há muitos anos não se viam. E, assim falando como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos, nada falhou! Na excitação de contar coisas e partilhar ninharias, disparamos novas versões como se nos estivera, e está, na massa do sangue; as risotas por piadas enfiadas em missangas, as promessas ou esperanças por realizar na cotação do Dólar com o Kwanza…

batalha2.jpg Achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é mais sensível à lembrança do que à repetição, posso concluir que o melhor que os amigos têm a fazer é verem-se cada vez mais, assim se possam ver, porque o tempo ruge. É verdade que, mesmo tendo passados mais de cinquenta anos, sente-se o prazer de reencontrar a quem já se pensava nunca mais ver… O tempo não passa pela amizade mas, a amizade passa pelo tempo. É preciso segurá-la enquanto existe!
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 17:50
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Quarta-feira, 28 de Agosto de 2019
XIPAMANINE . III

Vuzumunando a vida no Xipamanine – 3ª Parte

Moçambique - A diáspora lusófona28.08.2019

Escrito em Johannesburg a 10 de Fevereiro de 2005 – Reconstruido em Agosto de 2019

Por

soba0.jpegT´Chingange . Em Panoias do M´Puto

mano corvo.jpg Estava quase a chegar ao N´dumba Nengue quando um desempoeirado polícia vestido supra numerário a caqui azul e cinzento bamboleando o cassetete fez parar o carregador do t´xova xitaduma, Juka Lilás : -Que levas aí nesses garrafões camarada? Perguntou, sabendo de antemão que aquilo só podia ser água de defunto. Falava só de camarada porque assim recordava seus muitos dias passado na mata, na luta da libertação; por respeito mesmo.

Nos entretantos da averiguação o polícia queria mesmo adquirir aquela água milagrosa para adormecer a menina Josefa, já feita mulher e, de muitos atributos que lhe espicaçavam vontade. Era mesmo um costume dum pré alambamento, dos homens macho que tudo imaginavam para conseguir seus pacifistas fins - fazer amor. A vida sempre tem por detrás das calamidades de cada um, estórias fosseis feitas trilobites que por vezes aparecem e desaparecem em sonhos.

cipaio2.jpg Foi o que aconteceu neste caso do polícia Pancrácio da Silva a quem todos chamavam de Montanelas sem ser muito difícil saber dos porquês… Josefa desconfiava que isto bem podia acontecer com ela pelo que andava remexendo com sua tia Zéfinha um milongo de virar em luar as profecias negras que os búzios apontavam. Ché, num brincas, a vida não é para ser desperdiçada assim só átoa.

Ela que só desconfiava, nem queria nem deixava de querer mas e pelo sim pelo não tinha um preparo de milongo metido numa massala. Se porventura fosse atacada de supetão num agora estás lixada que te apanhei, ela sim que acederia a ele, esse tal de supranumerário polícia saído das matas e com a cabeça deslocada nas partes mais baixas de seus considerandos. Comigo estás mesmo maning de lixado.

Pois! Sim senhor que vou contigo para a cama mas, tinha um mas: - na condição de ele, autoridade, esfregar seu coiso com aquele milongo! O seguro morreu de velha; sim! A qui o seguro era uma velha estratégia simplificada no feminino. A razão com desculpa e entretantos, era de que tinha medo de sida, uma doença feia que por ali circulava com medo e que podia até levar à morte lenta! Uma moda bem corriqueiramente perigosa. Josefa na recusa permanente de curtir luar de janeiro porque não era gata de se entregar assim átoa para um qualquer sem prévia condição reflectia-se.

muralha7.jpg A ele, com a manobra de conquista difícil, só lhe deixava esta saída, usar o dormente dos espiríticos quânticos de água de lavar defunto ao redor de sua casa e de sua tia Zéfinha; Cubata meia chapa de zinco, meia bambu e paus chinguiços chapiscados de lama com palha e bosta de boi com cobertura de palha grossa do rio Limpopo.

Ele, Pancrácio da Silva, o supranumerário polícia, coisou daquele jeito jeitoso e teve até uma catrefada de filhos. O milongo da tia Zéfinha pegou mesmo e colou num amor muito fornicadeiro e, é agora, envolto numa nevoa de velhice que recorda os fenómenos de sua vida com pequenos prazeres e tudo a partir daquela água que regou um amor defuntado; água comprada por alguém que não ele, no Hospital José Macano. Ele sabia mas na condição de polícia tinha mesmo de abusar na sua reputação com baixo custo.

mucua9.jpg Nunca teria imaginado que tudo seguiria um rumo nunca por ele determinado. Já aposentado vai fazendo uns biscates ajudando o monhê indiano da loja na distribuição de produtos delicados. Estava de serviço extra lá na rua que dá para o Hotel Polana, Avenida Tenente General Osvaldo Tanzana, e depois que me trouxe uma caixa de Mac Mahom – 2M, cerveja fresca e uma dúzia de ovos aconteceu contar tudo isto num despois de lhe dar uma gasosa bassela, feita gorjeta.

Nesta estória simples de meus escritos, refiro-me por vezes a vidas periféricas em função dum estado de dependência, a vivências diferenciadas, conceitos entalados pela semântica no uso do uso e da palavra sobrevivente que sempre muda. Se não se levar em conta o meio, o tempo e o local na qual se vive ou se viveu, ficar-se-á exposto a equívocos e, quando é mais abrangente notar-se-á falas e linguajares com trejeitos locais… Pancrácio da Silva tinha sido um guerrilheiro da Renamo; nunca passou de polícia, só de cassetete…

moc3.jpg É necessário ter em conta os costumes no carácter dos povos que influem sobre as línguas. O sentido verdadeiro de certas palavras escapar-se-á sem este conhecimento. Em um certo tempo é uma coisa e passados anos, tudo mudou. De uma língua a outra, com linguajar de dialecto a mesma palavra tem mais ou menos energia, pode ser uma blasfémia ou uma injúria em uma e, não significar o mesmo em outra e, segundo a ideia que a ela se atribui. Os mitos têm muita força e quando se entra em superstições, não há entendimentos plausíveis.

Na mesma língua e, em países diferentes, certas palavras perdem seu significado alguns anos ou séculos depois. Uma tradução rigorosamente literal, não exprime sempre na perfeição um certo pensamento! É necessário por vezes empregar, não as palavras correspondentes, mas palavras equivalentes ou perífrases. Posso citar as muitas interpretações do livro maior chamado Bíblia mas, não quero ir por aqui metendo-me voluntariamente numa guerra de palavras canibais. Sabe-se que a língua hebraica não era rica e muitas das suas palavras tinham vários significados. Estou-me a lembrar do termo camelo que naqueles idos tempos se designava a um cabo (fio entrelaçado).

paulo7.jpg Glossário: Vuzumunando – contemplando, zurzindo; txova xitaduma - carro de mão - (Moçambique); Xipamanine – mercado; massala- Fruto de casca dura, maboque, maning ácido; maning – muito; boé - bom; mufana – rapaz, jovem; mafureira – árvore, o mesmo que mafumeira; bafunfar – dar-se ares, importante; cakuana – avô; madala – homem idoso; chicoxana – ancião com sabedoria, século (Angola); bassela – gorjeta; Ndumba Nengue – feira da ladra, confiar no pé e correr (produto roubado), maleita da descolonização; xipefo – candeeiro; bicuatas – tarecos (Angola).

Escrito em 10 de Fevereiro de 2005 – Reconstruido em 28.08.2019

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 12:25
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Segunda-feira, 19 de Agosto de 2019
CAFUFUTILA . CXXVIII

O CHOQUE DO PRESENTE SAÍDO DO PARALÉM – 18.08.2019

Num mundo muito redondo nos silêncios dos espaços largos, horizonte a perder de vista- Na Vila de Messejana com John Wayne…

Por

soba24.jpg T´Chingange – Em Panoias do M´Puto

Num jeito estranho entre mim e as pequenas calemas espumantes da Praia de Messejana, um mar feito anhara com abetardas ao invés de garças, abutres ou gaivotas, um monangamba escuro que nem um tição, com trancinhas gordurosas e brinquinho, óculos encaixados nos rebeldes cabelos, assim de gingão olhando-me de frente num forma turva, quase uma assombração, deu-me o recado de que o John Wayne estava pedrado na tasca do Celestino no fim da rua do Outeiro. Não seria de admirar pois que pensando estar no seu far west selvagem, matava saudades bebendo cachaça como quem bebe água.

Agradeci tal recado chispando a mão bem à maneira dos desportistas seguido de mais dois toques bem à maneira das modernas rebaldarias dos bate-na-avô, jeito de murro e um V feito com os dedos indicador e o malcriado com a mão acachapada ao peito. Este carapinha da Guiné, nem sabe que após a Revolução Francesa, os Americanos não se sentiam obrigados a tirar o chapéu para ninguém, colocando-o sobre a sua própria cabeça. Seu revolver dava-lhe a segurança necessária e este sim, era tirado quando os limites estavam ao rubro.

panoias10.png Enquanto me dirijo à tasca do Celestino vou relembrando coisas vividas num além e a propósito recordando o próprio Abraham Lincoln que simbolizou isso de não se tirar o chapéu com o uso de uma alta cartola preta; não tinham ao invés dos povos da Europa, leis e decretos usurpando as liberdades do povo; ele, Lincoln, veio a ser assassinado em Abril de 1865 ficando na história como o mártir da democracia representado em um grande memorial em Washington .

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O Texas integrado nos Estados Unidos em 1845 era uma vasta área onde a dureza e a selvajaria competiam entre si. É entre imensos latifúndios com gado pastando à solta em fazendas algumas maiores que muitos países europeus que um tal de Roy Bean instala seu “saloom” na beira de um apeadeiro do caminho-de-ferro. Roy Bean que nem sabia lêr direito, tinha um livro de leis que sempre fingia estudar e, foi comissionado a fazer justiça num território maior que a Holanda. No seu pardieiro chamado de saloom colocou um cartaz que dizia “cerveja gelada e a lei a Oeste de Pecos”.

panoias16.jpg Naquela vastidão sem lei e sem Deus ele, Roy Bean, foi o único juiz entre os anos de 1880 e 1900; passava o dia sentado na porta do saloom com um rifle entre as pernas. O meu amigo Joh Waine usava-o com uma mão no gatilho com o cano apoiado no braço. Dentro do saloom construiu uma cadeia tendo um urso preto a vigiá-la. Falo disto porque conhecendo seu jeito pode mais logo fazer desacatos na tourada e depois deste chamado à tasca lá terei de ficar atento ao seu modo explosivo.

Aquele Juiz, nos rápidos julgamentos que fazia consultava ou fingia consultar o “The Book” e, rapidamente levava à forca o infeliz numa decisiva batida na mesa com o cabo do revólver; levou assim 170 condenados ao cruel nó da corda ensebada. Sempre com uma garrafa de wisky à sua frente, exigia dos presentes o tratamento por Sua Excelência. Bean, que foi juiz durante vinte anos e, tendo sido considerado uma instituição do Texas como “o Enforcador de Pecos” – “património imoral da humanidade”, fazendo fama em paralelo com Kit Karson, Billy the Kid ou Pat Garrett. Talqualmente como o “cante alentejano” ser agora um “Património Imaterial da Humanidade”.

panoias13.jpg Estas imagens de terra e gente bravia fizeram o deleite através de muitos filmes entre os anos cinquenta e oitenta do século passado. Já falei da interacção que os putos candengues da minha geração faziam nos filmes deste John Wayne nos Cines Tropical ou Colonial da Luua na Angola Colonial. Em verdade, ainda dá gosto ver aquelas áridas paisagens nos confins dum deserto, cactos empinados entre rochas e uma cascavel zunindo seu chocalho num primeiro plano; um tufo de erva seca que rebola levada pelo vento; um moinho decrépito que faz rodar a ferrugem trazendo água aos chacais.

Atão John que tal está a moenga! Acorda lá! Dito isto dei-lhe dois açoites com o meu chapéu de coiro de búfalo bem no seu de aba larga com uma cinta entrelaçada feita em pele de veado! Num desatino, quase deu um pulo, pegando no seu rifle de canos estriados bem entre as botas muito cheias de arabescos com cornos: - What the fuck is this? What was it? Calma, disse abrindo as mãos e tendo em atenção seu impulso de levar o dedo ao gatilho. Por fim amainou; tinha um bafo de onça carregado mas, dei-lhe um gim com água tónica para amansar os mosquitos e água das pedras. Mas, ele bravo disse: - Do you wanna drown me?

mess7.jpg Os compadres já familiarizados com John Wayne e tolerantes como a cachaça, já sabiam que eu era um seu grande amigo, quase familiar e, em verdade notei que ficaram doidos por estarem assim tão de perto com uma celebridade! E, vestido daquela maneira com polainas a condizer com os homens espadas, faziam-lhe perguntas atrás de perguntas e ele, com seu português raspikui, motivado e traduzido por seu anjo Akasha, seu espaço com éter, assim correspondia com o pentagrama da 5º ponta (a ponta apontada para cima), aquela que representa o espírito do paralém... E, não é que se entendiam de maravilha!

A caminho da tourada do Rouxinol, foi-me dizendo querer ir a Paredes de Coura o WOODSTOCK TUGA. Para quem não sabe, o festival de Woodstock não foi nada mais, nada menos do que uma orgia á americana, um grito contra a guerra do Vietname e vai daí, este festival lá nos States de música onde se podia fumar uns charros á desbunda, fornicar até dizer chega e até podiam desafiar os padrões da época que eram entre muitos, andarem nus e fazerem amor com os negros (Foi o Luís de Magalhães que disse…). Sendo assim fiquei de pé atrás mas disse-lhe: - Yes! Na firme convicção de o mandar à fava, quem sabe? Talvez!…

torres7.jpg Na tourada, foram o bom e o bonito! Fez um espalhafato de tanta alegria que só faltou saltar para a arena e dar um abraço àquela malta marada dos forcados! Os bois de quinhentos e tantos quilos foram difíceis de forcar! Ele saltava, dava vivas misturando asneira com alegrias e foi mesmo o escambau: Catch him like this, pega-lhe assim e assado, como se ele fosse um entendido, gritava! E, sabendo que ele só era bom no laço, demos-lhe o benefício da dúvida! E batia palmas aos forcados de São Manços.

E estrebuchava-se com a valentia dos forcados de Beja! Mas, o pior foi quando já na terceira tentativa o touro partiu a perna de um, o de caras. Vi-me aflito com O Wayne; queria saltar na arena e num vai e espuma raiva, pega na sua Winchester e… foi neste entretanto que virei a arma para o ar: PUM!...PUM!…PUM! … Três tiros memoráveis! Todo o mundo se levantou à volta da arena a bater palmas. Wayne, teve muita sorte não ser levado para a grelha pelo xerife, digo o sargento da GNR vestido a rigor ao lado do Director da Corrida de seis touros… Uf! Que alivio! Nem sei se irei ao tal de Woodstock Tuga nas Paredes de Coura…

O Soba T´Chingange na Messejana do M´Puto



PUBLICADO POR kimbolagoa às 19:32
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Segunda-feira, 22 de Julho de 2019
MUJIMBO . CXI

CICATRIZES DO TEMPO21.07.2019

-Mujimbos com borututu ou o interstício das falas… O drama da vida é a perspectiva mais comum da consciência – O sentido das palavras

Por

soba15.jpgT´Chingange - No Alentejo do M´Puto

roxo185.jpg Falando de costumes, torna-se necessário tê-lo em conta para definir os parâmetros do carácter dos muitos povos com influência sobre as línguas. O sentido verdadeiro de certas palavras escapar-se-há sem este conhecimento! Há uma semântica a dar rumo a isto ou aquilo porque de uma língua à outra, a mesma palavra tem mais ou menos energia, pode ser uma blasfémia ou uma injúria em uma e, não significar o mesmo em outra.

Teremos por via disso de analisar segundo o texto para retirar a ideia certa que a ela se atribui. Assim que sermos todos idiotas não é mau porque temos ideias mas o caminho desta palavra foi sendo deturpado porque hoje há mais idiotas do que bons ideólogos. Nossas ideias terão este ou aquele sentido segundo o parecer de cada qual que as lê ou ouve.

roxo146.jpg Na mesma língua e, em países diferentes, certas palavras perdem seu significado alguns anos ou séculos depois. Uma tradução rigorosamente literal, não exprime sempre na perfeição um certo pensamento! É necessário por vezes empregar, não as palavras correspondentes, mas palavras equivalentes ou perífrases. Por vezes rebusco meu dicionário “on line” saindo daí mais espevitado do que o nosso estimado Suassuma que jorra sabedoria como uma cascata de água borbulhenta.

Em meus escritos, refiro-me por vezes a vidas periféricas em função dum estado de dependência, a vivências diferenciadas, conceitos entalados pela semântica no uso dessa palavra. Se não se levar em conta o meio, o tempo e o local na qual se vive ou se viveu, ficar-se-á exposto a equívocos. Uso em meus escritos palavras próprias do local em que a cena se passa e, quando é mais abrangente notar-se-á falas e linguajares com jeitos e trejeitos locais…

roxo145.jpg Não creio que virá daqui mal ao Mundo, a não ser que se ponha a vírgula no errado sitio ou mal estacionada como é vulgar vermos as patinetes silenciosas atiradas a eito por todo o lado, coisas sem lei nem roque – ideia de puros idiotas. Uma coisa são alhos e na outra já serão bugalhos mas, nem quero ir por aqui metendo-me voluntariamente numa guerra de palavras canibais...

Posso citar as muitas interpretações do livro maior chamado Bíblia mas, isto de recorrer à boca ou boligrafo dos outros é bem desprestigiante segundo se diz, por via desse tal de paradigma estabelecido na ética com plágio e, ou outras nuances que nem um credível ET - Extra Terrestre sabe discernir. Sabe-se que a língua hebraica não era rica e muitas das suas palavras tinham vários significados. Estou-me a lembrar do termo camelo que naqueles idos tempos se designava a um cabo (fio entrelaçado).

roxo149.jpg Nas fases da criação e em géneses um cabo como hoje conhecemos era feito de pelos de camelo entrelaçados e, daqui chamar-se ao pequeno fio de camelo; conhecer-se a alegoria do buraco da agulha ajuda a entender o que vulgarmente se consideram de ditos: “ É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. Não posso assim reconhecer-me em mérito ou em plenitude se separar do aconchego da amizade, o entendimento das coisas! Não é esta a minha real afeição.

Quando digo em Portugal (M´Puto) que “a malta não gosta da bófia”, no Brasil não entenderão; irão pensar que me refiro a um grupo de gente bóia-fria (tarefeiros ou ganhões) que colocam carris ou solipas em um qualquer trem. O sentido vai assim para o brejo, o mesmo dizer-se que vai para o lixo ou para a basura. Estamos em permanente descoberta pois que só agora estão descobrindo que em nosso corpo há um novo órgão: o interstício, um espaço que incha e desincha, um grande órgão celular, sistema de comunicação que actua em órgãos diferentes como uma via de união entre todos os outros órgãos.

roxo135.jpg A partir de agora um inchaço será por culpa do interstício. Sem discutir as palavras, é aqui necessário procurar o pensamento que parece ser este com mais evidência: “Os interesses da vida futura sobrepõem-se a todos os interesses e todas as considerações humanas”. Por vezes largo meu corriqueiro linguajar, puxo pela memória e saem coisas ditas eruditas, com bom senso, dirão muitos alinhados e alinhavados em suas mentes. A mente e o corpo humano continuam a surpreender-nos.

O interstício já tinha sido definido como o “terceiro espaço”, mas nunca o tinham considerado um órgão. Cientistas, em pleno século XXI, propõem agora que o interstício, formado por um espaço com fluido em circulação, se torne um órgão do corpo humano. Eles, revelam-nos que temos um órgão que nunca tinha sido considerado como tal.

Roxo132.jpg Chama-se interstício e é formado por um espaço com fluido que está nos tecidos conjuntivos por baixo da superfície da pele, reveste o tubo digestivo, os pulmões e o sistema urinário e rodeia as artérias, as veias ou a membrana entre os músculos – tudo numa única estrutura. Pela primeira vez, os cientistas descrevem este órgão e consideram-no um dos maiores do corpo humano. Coisa bem interessante.

Ilustração de Assunção Roxo

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 03:18
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Segunda-feira, 25 de Março de 2019
MOKANDA DO SOBA . CXLVIII
CARTA ABERTA... De T´Chassanha
Com 4 adendas de T´Chingange (t) - 20.03.2019

t´chassamba1.jpgUrbano T´Chassamba (T) - O verdadeiro comandante das FALA 

t´chingange 0.jpg- T´Chingange (t) na Diáspora  (Miai de Cima de Couripe- Brasil)

-Em ANGOLA o racismo oriundo da burrice (matumbice) é que nos remete ao estado de miséria que vivemos .Você não sabe que para ser Angolano Genuíno é primaz nascer em solo pátrio e não ser, negro, branco,mulato ou cor de rosa.Um negro que nasce na Inglaterra é Angolano? Deve ser Africano!!

:::::t2

Obrigado brigadeiro T´Chassanha, sabe-se o quanto foste um combatente pela democracia. O verdadeiro comandante das FALA. Não desista, não deixe que os outros façam o que o senhor brigadeiro deveria fazer.
:::::t3
Não deixe que os oportunistas tomem o seu lugar. O Sr. é um herói vivo. O grande problema, e deve ser dito, é a incompetência de muitos quadros dirigentes. Cada um quer apenas estar nos lugares elegíveis na lista de deputados.
:::::t4
Deixam para traz os verdadeiros filhos de Angola que deram tudo que tinham para que a Unita fosse o que é hoje. Enquanto a ambição pessoal estiver acima da ambição colectiva, não haverá mudança.

arau45.jpg CARTA DE T´CHASSANHA  Carta Aberta aos militantes da UNITA e aos Angolanos em Geral - Angola não pode esperar mais...

:::::T1
Próximo de completar dois anos de mandato, Sua Excelência o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço parece ainda não ter percebido que a sua campanha eleitoral já acabou há muito tempo. Com o país atolado na pior crise económica de sua história – herança maldita da gestão criminosa do MPLA, (não apenas de Eduardo dos Santos) – esperávamos, que o Presidente da República descesse da tribuna e começasse a governar de facto.
:t´chassamba01.jpg::::T2
Esperávamos também que assumisse o papel principal na construção de consensos com os diversos Partidos representados na Assembleia Nacional e a Sociedade Civil para as reformas tão necessárias ao desenvolvimento de Angola. Por outras palavras, uma Angola para todos os seus filhos independentemente das suas filiações partidárias; independentemente de serem pretos ou brancos.
:::::T3
Se João Manuel Gonçalves Lourenço continuar teimosamente a fazer o papel de “eterno surpreendido” perante as provas incriminatórias da gestão danosa do seu Partido ao longo dos anos, demonstra, aliás como já vai sendo notório, que a estratégia dele, consiste apenas, num acerto de contas, no seio do MPLA, matando logo à partida todas as expectativas que criou, ao nos deixar sonhar por um lapso de tempo, que estávamos perante um presidente de todos os angolanos e que dali para a frente iria exercer uma governação participativa e inclusiva.
:::::T4
Se quem tem o poder para tomar providências continuar insistindo em não fazer nada, que mude o rumo do País de facto e de jure, será muito tarde. A delapidação do património público ocorreu sempre a olhos nus e já não surpreende ninguém. É, pois, confrangedor ouvir Sua Excelência o Sr. Presidente da República, sempre com o ar mais surpreendido do mundo dizer: Isto é repugnante!

t´chassamba2.jpg :::::T5 - Drs Jonas Savimbi e Carlos Morgado

Neste particular, o seu desempenho, Sr. Presidente, não augura nada de auspicioso...Mas, como diria alguém: - aqui não há inocentes! E outros mais, acrescentam: Faz parte do ADN do MPLA!
:::::T6
Nós não acreditamos que todos sejam culpados nem que a corrupção e roubalheira façam parte do ADN de todos os do MPLA. Porém há uma verdade que tem que ser dita com a máxima frontalidade possível: Angola não é o MPLA!
:::::T7
Angola que não pode esperar mais: espera acções concretas por parte da oposição e sociedade civil para mobilizar todos os Angolanos de Cabinda ao Cunene e na Diáspora, no sentido de Angola sair, já e agora, do Eixo do MPLA. Sim! Todos aqueles que nela nasceram! A Pátria não pode continuar refém da agenda de um único Partido ad eternum.

t´chassamba3.jpg:::::T8 - Adalberto da Costa Junior

A Angola que não pode esperar mais: esperou em vão por um pronunciamento acerca de uma eventual ALTERAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO com Despartidarização do Aparelho de Estado, mas infelizmente as notícias não são as melhores, pois não se vê nos referidos discursos destaque significativo para as questões relacionadas especificamente às reformas esperadas e/ou à modernização do estado. São sempre discursos genéricos, que inviabilizam uma análise mais apurada sobre o que realmente se pretende.
:::::T8
O tão propalado programa de estabilização macroeconómica, aprovado no ano passado, além das expectativas que criou, nada de substancial gerou que se reflectisse na vida dos angolanos. Não existe, pelo menos visível, uma estratégia em que o sector privado possa substituir o papel do governo como principal empregador do País, criando assim condições para que economia florescesse ao mesmo tempo que desemprego fosse debelado pouco a pouco.

t´chassamba4.jpg :::::T9 - Jonas Savimbi

Vivemos numa alegada transição em que se apregoa a transparência, mas que em contrapartida continuamos fechados às questões essenciais de interesse do País e continuamos a ter uma Presidência da República que tem uma ascendência notória sobre os outros poderes instituídos. Alguém por esta altura ainda duvida, que a partidarização está a destruir a qualidade e a independência da administração pública?
:::::T10
Mas a Angola que não pode esperar mais: pergunta se será possível resolver este tipo de casos, sem uma oposição e uma sociedade civil fortes? A Angola que não pode esperar mais: exige da oposição uma conduta exemplar na defesa intransigente dos princípios que norteiam um Estado democrático e de Direito sem quaisquer subterfúgios, nem hesitações.
:::::T11
A Angola que não pode esperar mais: exige que a UNITA deixe de sistematicamente alegar fraude em todas as eleições e seja suficientemente forte e tome providências para que elas, as eleições sejam organizadas de fio a pavio dentro das normas estabelecidas. Dizer que o bolo está envenenado para comê-lo em seguida não dignifica e demonstra uma falta de seriedade a toda a prova.

t´chassama6.jpg:::::T12

A Angola que não pode esperar mais: exige que a UNITA se deixe de desculpas e sem mais delongas, humildemente, mas com firmeza se coloque na dianteira de todos aqueles, Angolanas e Angolanos que pugnam por um País Livre, Democrático e Desenvolvido.

t´chassama5.jpg:::::T13 - Samakuva e José Cat´chiungo

A Angola que não pode esperar mais: pede, suplica, implora a Isaías Samakuva que dê lugar às gerações mais jovens e que não aceite ser o empecilho que inviabilize o projecto de transformar Angola num local aprazível onde todos as angolanas e angolanos se sintam em casa. A continuada intransigência de Isaías Samakuva de não clarificar se pretende ou não manter-se à frente do Partido impede que a UNITA se organize e se transforme no instrumento capaz de conduzir todos os angolanos sem excepção à Liberdade, à Democracia plena e ao Bem Estar Social.
Catumbela, 20 de Março de 2019
Urbano  T´Chassanha


PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:17
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Quinta-feira, 21 de Março de 2019
MU UKULU – XVI

MU UKULU...Luanda do Antigamente21.03.2019

Estas lavadeiras tinham o hábito de fumar um tabaco artesanal, viscoso e de cheiro intenso que era manufacturado a partir de um entrançado de folhas de tabaco, parecido como uma rodilha…

Por

soba15.jpg T´Chingange – No Nordeste do Brasil

luis0.jpg  Luís Martins Soares – No Rio de Janeiro - Brasil

Na Luanda antiga, as máquinas de lavar roupas eram desconhecidas e o emprego da selha ou do tanque de lavar eram acessórios indispensáveis a qualquer lar. Os barris de vinho importados de Portugal, eram cortados a determinada altura da base mantendo no mínimo duas a três aduelas de chapa de ferro para manter sua estabilidade, obtendo assim a selha usada com uma tábua solta de lavar, adicional; nesta, eram feitas as ondulações necessárias para nela se esfregar a roupa ensaboada.

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Consoante a sujeira da roupa, operações diversas eram praticadas para lhes dar o acabamento final de roupa bem lavada e cheirosa. O sabão mais usado era o azul ou branco da Congeral que todos conheciam por sabão macaco. Mais tarde surgiu a marca clarim, um sabão com outro potencial de cloro e usado na lavagem de roupa oleosa, fatos-macacos e outra de trabalhos oficinais; Era feita uma barrela ou posta a corar, sendo necessário um coradouro. Este era construído em madeira em um espaço de quintal solarengo, um quadrado do tamanho de quanto bastasse com rede de galinheiro.

Mu Ukulu32.jpg Ali era estendida a roupa a ser corada; o conjunto era suportado por caibros que apoiando no chão dando consistência ao andor de forma horizontal ou inclinada a gosto e em conformidade com a incidência do sol. Par evitar que a roupa secasse alguém da casa deveria regá-la de vez em quando, evitando que a mesma secasse ensaboada. Claro que esta tarefa era por norma feita pela mãe de família, cultura ancestral reservada à mulher que para além disto tinha a tarefa de cuidar dos filhos, assim como fazer comida para todos.

Mu Ukulu35.jpg As mulheres brancas ou de um estrato social mediano, tinham uma lavadeira que fazia este serviço por ela a troco de um salário normalmente baixo; estas, comiam normalmente do rancho da família ou levavam consigo alguma funje ou milho cozido no carolo para se alimentar; por vezes faziam-se acompanhar de um filho de tenra idade que nas costas dormitava conforme o movimento de esfrega-esfrega, da mãe. Por vezes levava mais um ou dois filhos por não ter com quem ficarem lá no musseque.

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Estas lavadeiras tinham o hábito de fumar um tabaco artesanal, viscoso e de cheiro intenso que era manufacturado a partir de um entrançado de folhas de tabaco, parecido como uma rodilha. Para que estes charutos durassem, fumavam com o lume para dentro. De quando em vez lançavam uma baforada de cheiro intenso que se impregnava nas roupas  no nariz; creio que isto afugentava os mosquitos que eram muitos lá pelos anos ou até 1950.

Mu Ukulu37.jpg O Município de Luanda, por esta altura tinha várias equipas técnicas a lançar fumo DDT por todos os bairros periféricos e também no centro da cidade; os candengues conheciam o trabalhar dos carros-do-fumo TIFA que surgiam periodicamente. As donas de casa abriam janelas e portas para que este fumo se entranhasse por tudo quanto era canto e refúgio dos pernas-longas que provocavam o paludismo.

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As roupas já secas eram recolhidas e, na varanda ou em um espaço anexo, eram passadas a ferro. Antes do surgimento da corrente eléctrica, eram usados uns ferros fundidos ou forjados para passar lençóis e, toda as outras peças de vestuário. Estes ferros na forma de uma caixa pequena de sapatos terminando em quilha como se um barco fosse; embora pequeno, tinham superiormente uma tampa pivô que permitia a alimentação com carvão vegetal que depois de acesos aqueciam a base bem mais grossa que o resto do corpo.

Mu Ukulu38.jpg Estes artefactos com uso até a metade do século XIX, tinham umas quantas aberturas para manter viva a queima dos tições de carvão e, de vez em quando a engomadeira – lavadeira soprava por aí para avivar as brasas. Sua base era bem lisa. Na tampa existia um pegador tipo asa que servia para transportar e fazer correr o ferro para a frente e para trás no acto de engomar. Havia quem usasse um abanico de mateba para assoprar as brasas em substituição do sopro que por vezes intoxicava as mucosas e os olhos provocando um choro fungoso de como quem tem uma rinite persistentemente chata.

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Nos modelos mais avançados, tipo xis-pê-tê-hó para a época, tinham na parte frontal um tipo de chaminé de boca larga, o suficiente para que ao abanar o mesmo num vaivém balançado no ar, este, entrasse pela frente mantendo as brasas ao rubro e soltasse as cinzas acumuladas. Este objecto pesado requeria do manobrador alguma habilidade no seu manuseia. Era assim usada uma chapa suficientemente arejada para os descansos e entretantos parados do artefacto. A tarefa era bem cansativa.

Mu Ukulu36.jpg Haveria que se ter em atenção não deixar as brasas cair na roupa pois que obviamente as poderiam queimar. Havia necessidade de se calcular a temperatura ideal para passar cada tipo de roupa e, a técnica empregada, era passar rapidamente o dedo indicador pela base do ferro; nesta operação deveria sempre, molhar-se o dedo, na língua – é obvio que sem qualquer cuspo a humedecer o dedo, este se poderia queimar. Por vezes até se sentia o frigir das borbulhas como coisa crocante.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 22:02
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CAFUFUTILA . CXXVI

ONGWEVA DO TEMPO - KIANDA ROXO20.03.2019 - 22ª Parte
Kiandas e calungas! A mesma Kianda Roxo e sua mana Oxor que nasceu em Harare nas coordenadas de 17° 50' S 31° 03' às margens do lago Chivero… 
Por 

soba0.jpeg T´Chingange – No Nordeste brasileiro

niassa11.jpg Sêlo da Niassalândia 

Seu António, Seu António! Era para mim, só podia! Ouvi o chamado saído bem junto à rede de Futvolei encostado à barraca da Kanoa. Ginasticando minha hidroginástica, levantei os dois braços com o punho fechado e com os polegares saídos para cima como quem diz “gosto” no Facebook – estou aqui. Era meu conhecido Álvaro, um jovem ainda, a caminho de ser coroa, que aqui vem assiduamente à praia da Pajuçara zelar pelo seu físico. 
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Álvaro é filho de um português saído da cidade dos três efes – forte, formosa e fria; trata-se da Guarda nas alturas da Serra da Estrela, Beira Alta. Nesta minha praia, quando não apareço, dizem-me: Anda sumido cara!? Cheguei – digo com o polegar levantado – Tudo bem, beleza! Cheguei chegando -Tudo jóia! Já à sombra do chapéu verde e branco e bem sentado no sítio habitual, sempre no furo mole da areia, fronteira da maré de lua minguante, acompanho a azáfama do pescador de cerco de nome José Santiago.

kimbo 0.jpg José Santiago que para além de jangadeiro também é pescador de maré rasa, surge de bicicleta vermelha pela areia molhada. Esta bike é bem sofisticada pois que tem artefactos pouco convencionais com dois pneus extras aparafusados nas partes dianteira e traseira. Na parte de trás situa-se um bidom de secção quadrangular de cor azul e dentro dele, Seu José retira uma rede de uns 40 metros de comprimento e talvez dois de largo.
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Depois de estabilizar a bike por meio dum suporte feito zingarelho de não enterrar na areia, retira a tal rede que enrolada ao seu jeito fica com os dois paus dos estremos da dita cuja bem montadas em seu ombro, assim feito lombo, tal o tamanho da carga. Espeta um dos paus na beirada, água pelo joelhos e vai andando em circulo mar adento largando o bagulho de rede de nylon. Em cima, tona de água, pode ver-se as missangas feito bóias esparsas e pelo certo, o outro lado mais pesado roçará o chão muito cheio de sargaços.

kianda03.jpg Depois de quase fechar o circulo espeta o segundo pau e começa a barafustar com a água: enquanto salpica o espelho de água vai-se aproximando do centro parecendo enchutar algo. Trata-se de afugentar os peixes para assim ficarem aprisionados na rede. Carrega tudo isto embrulhado e desmancha o monte com mestria, fazendo sair de repelão as algas aprisionadas na rede. Ora apanha alguns peixes, ora pouco trás mas, sempre parece dar-lhe para o sustento.
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Pude observar que nesta tarefa era ajudado por dois seres de algum volume e um tanto gelatinosos como as medusas, também conhecidas por alforrecas ou águas-vivas assim muito semelhantes a cavalos marinhos de grande porte. Eram duas sereias – kiandas que de um e outro lado faziam deslizar o cerco da rede de forma mais célere. Acreditem ou não eram as perpetuas kiandas Roxo e mana Oxor, já nossas conhecidas por via de tantas vivências aqui contadas.

kianda3.jpg Uma relação que já vem da praia de Guaxuma e em outras paragens distantes como os lagos ao longo do vale do Rift tais como o lago Niassa de onde são originárias,Tanganica, os estuários do kwanza e rio Kongo ou Zaire. Isto é tão fantástico que fiquei na dúvida de se José Santiago as via assim como eu, porque outros, sei de antemão que não as viam. Sei porque isto se tem passado em outras paragens tais como os lagos Victoria e o Eduard no Uganda. Lá terei de falar com a minha empregada Mery de Campala acerca disto. 
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Hoje mesmo e a propósito falei com o jangadeiro Santiago sobre se as via ao que me respondeu: Dôtor…faz tempo que elas andam por aqui. Mais ninguém as vê a não ser eu e graças a Deus, tudo ficará assim porque é Ele que assim quer – mas ninguém acredita, sabe! – por isso nem falo!... Ele, Santiago, também não ficou a saber que eu as via e, assim vai ficar…Quando levo turistas às piscinas do recife, acrescenta, são elas também que enxotam os peixes coloridos até eles. 

kianda5.jpg Uma belezura! Ganha-se pouco mas a vida corre, graças a Deus. Ficam encantados dando-lhe miolo de pão; um paraíso! Disse. Estas ilhas em realidade são parte do recife que provoca a calma espelhada nestas águas da praia. Fiquei muito contente de as ver por aqui – fico sempre! Pena não termos por perto o Zé Peixe a completar o quadro da “kalunga”. Num jeito de seriedade lá terei de pedir à sereia- kianda feita gente Assunção, que faça um quando o mais fiel possível disto para que os anais da estória não passe ao lado.
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Na ultima parte do mussendo, 15º episódio, falei do porquê esta kianda Roxo de Guaxuma andar assim tanto de um para outro lado irrequieta, sem saber no consciente desta sua dupla vida, compartilhando xispanços de tinta com particular maestria e, do porquê das cores cibernéticas confundindo-nos com holografias psicorroxas. Um dia pedirei a M. J. Sacagami que as defina ao seu geito astrofísico… Mas, já sabemos que nasceu às margens do lago Chivero. Aqui recordo de novo para que não haja duvidas em futuros arquivos.

roxo69.jpgSabemos que sua mãe, também kianda de tez negra foi Redufina Kabasa Tsvangirai que se umbigou com um tal de Morgan Tsvangirai. Que nasceu em Harare nas coordenadas de 17° 50' S 31° 03' às margens do lago Chivero, lugar que fazia fronteira com a fazenda farm de MorganTsvangirai seu pai. Que por via da política teve de abandonar aqueles paragens deslocando-se para o Kwanza, ali bem perto de Massangano, lugar de muita magia por ser um pambu-n´jila especial com Muxima. Talvez ela agora, eu se encontra na Luua, se veja kianda no Mussulo depois dum repasto de catato, o tal mopane especial…FUI!
(Continua…) 
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 06:58
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Domingo, 10 de Março de 2019
N´GUZU . XXXII

CONHECER O BRASIL

BRASIL – Recordar o que são os TROPEIROS - parte DOIS … 10.03.2019

Construiu-se no tempo uma imagem romântica de tropeiro, o herói, quase um bandeirante que enfrentava onças e outros animais entre agrestes caminhos ou lodaçais descritos e esboçados em livros de bandas desenhadas…

Por

soba15.jpg T´Chingange – No Nordeste do Brasil

Analisando a zona cafeeira do Vale do Paraíba, pode avaliar-se o tropeiro como hierarquicamente inferior e dependente do proprietário de terras, posto que, itinerante, precisava dele para manter seus animais nas pastagens das fazendas. Os condutores de tropas, fariam parte do pessoal da fazenda, levando a produção de café até aos agentes intermediários em vilas ou cidades e, voltando com mercadorias para o bom funcionamento da fazenda, ficando assim mais subordinado ao proprietário, major, capitão ou até major segundo a gíria local que com o tempo se tonou regra.

tuiui3.jpg Fica assim incerto no tempo se o condutor, como “homem livre do povo”, seria comerciante ou tropeiro. Mas, no entanto nas funções de tropeiro, encontram-se pessoas de fortunas variadas. Para além de do comércio de muares e fazer frete de mercadorias, poderiam ser proprietários de terras e escravos, comercializando seus produtos muitas vezes conduzindo pessoalmente sua tropa.

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Reconhece-se a dificuldade de o tropeiro ascender socialmente a cargos públicos que lhe valesse prestígio, dada a extrema mobilidade de sua actividade embora alguns o fossem: abastados. Era evidente haver tendência para ocultar essa actividade segundos relatos biográficos descritos por homens cujas famílias “enobreceram”. Ser-se tropeira tinha com conotações com o ser-se pobre, coisa bem relegada ou escondida como uma pobreza nada enaltecedora ainda nos dias de hoje.

tropeiros5.jpg O crisma de se ser pobre é como uma doença cancerígena que se pega e, daí o querer parecer outra coisa num faz de contas. Por isso o garçon chama para agradar a todo o cliente: Siô Dôtor! Quem não conhece este tipo de comportamento social que tudo faz para parecer o que não é! Quantas desilusões têm, um ou outro, com gente que não valendo um caracol sem bicho, se arma e sobe na sociedade fingindo-se! Ninguém quer ser pobre, é uma realidade e, os tropeiros tinham também esta dificuldade de vencer noutras áreas sociais.

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A actividade de transporte de mercadorias assim como o comércio em si, no século XIX, ainda permaneciam malvistos. Quando D. João VI pôs em leilão a venda de títulos nobres com o fito de fazer nascer e crescer o banco do Brasil, foi um Deus nos acuda na pretensão de se ter um título e, assim foram vendidos escalões de nobreza distribuindo pelo Brasil a envaidecida vontade de se ser alguém: -Conde, Barão, Duque entre outros.

tropeiros2.jpg E, foi assim por algo quase fútil ou no mínimo curioso que se deu solidez ao grande país que é hoje sem se dividir em uns quantos fragmentos, outros tantos possíveis países tal como os demais existentes de língua espanhola do continente Sul-americano. O poder foi aparentemente distribuído por senhores que no tempo se iam debatendo por si próprios originando áreas de influência que mais tarde se tonaram estados como se condados o fossem e que hoje formam o Brasil, uma federação de Estados.

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No Brasil e desde tempos antigos, todos os que trabalham com as mãos, são considerados como portadores de “defeito mecânico” e, contra este preconceito nem os políticos de primeira linha, os pseudo nobres trabalham para se fazer a mudança, dando a si mesmas regalias majestáticas. Não é sem razão que existem descontentes formando gangues de mando nos arrabaldes, nos lugares de favelas, cortiços ou quilombos que traficam desde droga a coisas de primeira necessidade como gás ou água ou cobrando taxa de segurança a quem labuta em quiosques mercados de pouca monta, como se fosse um jogo de bicho.

tropeiros3.jpg Na função de tropeiro havia a agravante de alguns dos chefes de tropas serem ex-escravos; por isso ser tropeiro e mais tarde carreteiro, condutor de carretas com bestas ou motorizadas, chegando ao pau-de-arara, caminhão de caixa aberta fazendo de táxi colectivo, não era e, ainda não o é, um motivo de orgulho. Mas como já disse muitos ficaram ricos – ter dinheiro dava a condição de poder vir a ser nobre. Em verdade D. João VI foi de uma visão extraordinária mas, e infelizmente, é conotado como o rei da “coxinha de galinha”.

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Dois casos são exemplares, apesar de excepcionais. O barão de Iguape, António da Silva Prado (1788-1875) do Estado de São Paulo, provavelmente foi um dos maiores comerciantes de animais do século XIX; com seus negócios em Minas Gerais, chegou a actuar como arrematador de impostos de animais em Sorocaba. Tornou-se grande empresário, cafeicultor e patriarca de ilustre família paulista. Entre seus netos destaca-se o conselheiro, senador e ministro do Império, António da Silva Prado – entre 1840 e 1929.

lampião8.jpg David dos Santos Pacheco (1810-1893), que foi barão dos Campos Gerais, enriquecido com terras de invernada d animais no Paraná e pastos em Grande Rio do Sul e Sorocaba. Ele próprio conduzia as tropas no começo de sua actividade, tendo depois delegado a terceiros. Seu maior fornecedor de animais era também o barão de Jacuí. Construiu-se assim uma imagem romântica de tropeiro, o herói, quase um bandeirante que enfrentava onças e outros animais entre agrestes caminhos ou lodaçais.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:05
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Segunda-feira, 11 de Fevereiro de 2019
N´GUZU . XXVII

ANGOLA E OS QUILOMBOS DO BRASIL11.02.2019

Angola e os Quilombos... Cabe aqui referir a dança kizomba de hoje, que não é mais do que fingir o acto de praticar o coito…

Por

soba15.jpg T´Chingange . No Nordeste brasileio

Zumbi, nasceu livre em terras do Nordeste em 1655 e morreu a 20 de Novembro de 1695. Em homenagem a todos os negros que lutaram para se libertar do jugo da escravidão o Brasil considerou este dia como Feriado Nacional “ O dia da Consciência Negra”. No final do século XVI as terras Pernambucanas eram das mais prósperas das novas colónias portuguesas. Havia 66 engenhos na região e, e no litoral funcionava já toda uma estrutura que permitia o escoamento dos produtos da terra. A cidade de Recife a cada dia que passava, ficava mais organizada e urgia pôr ordem lá no lugar da “Cerca dos Macacos”, acabar com os mocambos daqueles guerrilheiros com características de luta bem definidas e com algum enquadramento nas chefias.

Aqueles fujões, usavam um tipo de flexa, zagaia, lança ou um cajado nodoso em tudo semelhantes com as usadas pelos gentios junto à costa dos Dembos em Angola. Homens e mulheres usavam enfeites de muito capricho feitos em argolas com metais trabalhados na bigorna. Tatuavam o corpo com cortes de estiletes afiados no peito, braço e até nos lábios e língua. As mulheres furavam as orelhas para nelas introduzir argolas de coco ou missangas. No lábio superior e nas abas do nariz introduziam enfeites de marfim, à semelhança do uso na região de Matamba, Kassange ou Kuvale.

kilo8.jpg ZUMBI O HERÓI DA CONSCIÊNCIA NEGRA - As tatuagens eram um uso habitual das terras de N´Gola para serem reconhecidos, dar a saber a todos qual a sua ascendência, era a sua cartilha de identificação. Recordar que a escrita era de pouco uso e a história passava de pais para filhos por transmissão oral. Por este motivo faziam e ainda usam reunir junto à mulembeira ou mulungu, uma árvore frondosa e nobre por nela se abrigarem as assembleias do povo, sanzala, mocambo ou kimbo.

Nos kimbos melhor organizados há uma casa aonde se reúnem para fazer tertúlias, falar com os mais-velhos Kotas e saber para poder transmitir aos vindouros. A essa casa grande, normalmente aberta e circular, chama-se Jango. Nos aglomerados urbanos surgem os musseques (favela do Brasil) e, quando muito reúnem-se numa casa de assembleia, salão social, clube ou missão duma qualquer igreja (as mais normais são: a igreja Evangélica, a Igreja do Corpo de Deus e do Sétimo dia). Também é de salientar o conhecimento da cura através de plantas do mato, coisa que os quimbandas faziam nas suas terras de origem por saberem já usar unguentos, chás e sempre o exorcismo em obediência ao deus N´Zambi.

kilo7.jpg Nas artes de batuque, o bate pé da dança em círculo tipo a que se veio a chamar de xanxado no tempo do cangaço; a umbigada da massemba e trejeitos que vieram a resultar no merengue e semba brasileiro moderno, sempre com muito erotismo, estímulo à procriação. Há registos duma dança marcada por umbigadas com movimento de ancas acompanhadas por batuque, violas ou violões a que chamaram de lundu. Dizer-se por isso que os negros apesar da dura lei de escravidão, não haviam perdido o gosto pelas danças.

Muito recentemente, tivemos a lambada, o kuduro e a tarraxinha. O lundu consistia num movimento particular das partes inferiores do corpo, movimento que os europeus de então não sabiam imitar, mais por ser considerada indecente do que por outro qualquer motivo. Cabe aqui referir a dança kizomba de hoje, que não é mais do que fingir o acto de praticar o coito num estilo de harmonia a que dizem ser uma forma de arte!

kilo5.jpg Xiiiii! Nossos avôs diriam que também seria uma dança de sem vergonhice, dança de pretos sem decência. Háka! Patrão não fala assim! Mas em verdade podemos até ver nestes movimentos alguns trejeitos de fandangos, chulas com requebro de ombros com folclore com referências de roda, movimentos de mataco, bunda, passos ondulados e engraçados como o merengue.

E, podemos ter violas, cavaquinhos, bandolins, flautas, urucungos, uma espécie de berimbau com marimbas e quissanjes a juntar ao estalar de dedos e o bater de palmas ritmadas. E, isto faz parte dos fados, das chibas ou polcas e modinhas entrelaçadas em brincadeiras circenses a culminar no maxixe. Tudo isto muito repleto de movimentos coreografados no acaso do gosto e banga da Luua, tal e qual como na aldeia dos macacos dos Palmares ou festa de roda da Muxima do Kwanza com saltos de capoeira de bassula ou esquindiva.

kilo4.jpg Vale a pena referir a luta da bassula, finta ou esquindiva utilizada pelos pescadores imbindas do Kongo (Cabindas e Boma do N´Zaire), os Muxiloandas da ilha da Mazenga (também conhecida por ilha das cabras pelos antigos Tugas) na baia de Loanda e Mussulo (Kaluandas ou Camundongos) na região dos Dembos. Tudo isto, muito semelhante com a capoeira com passos de dança a esconder truques e quedas de luta.

 A bassula da foz dos rios Dande, Bengo e Kwanza, no brasil derivou para a Capoeira, uma forma de dança para ludibriar o patrão fazendeiro e usar a ginástica de dança como luta do dá e larga sem agarrar ou usar a força do adversário com suaves e mágicos “toques de bassula“ ou “toque de finta” como eu próprio fazia em tempos de candengue num lugar chamado de Maianga ou Manhanga da Luua, lugar de águas e cacimbas boas…

 (Continua…..)

Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 20:18
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Quarta-feira, 6 de Fevereiro de 2019
BOOKTIQUE DO LIVRO . XI

Peguei aleatoriamente no ANO EM QUE ZUMBI TOMOU O RIO - 06.02.2019

Escrito por José Eduardo Agualusa

Por

soba15.jpg T´Chingange, vulgo António Monteiro . No Nordeste brasileiro

Livros em cima do criado mudo (mesa da cabeceira)

1 - A minha Empregada - Editorial Estampa de - Maggie Gee

2 - O ano em que Zumbi tomou o Rio - Quetzal - José E. Agualusa

3 - O Último Ano em Luanda - ASA - Tiago Rebelo

4 - BURLA EM ANGOLA – Burla em Portugal - Guerra e Paz – Susana Ferrador

5 - História da riqueza de brasil – Estação Brasil – Jorge Caldeira

6 - GLOBALIZAÇÃO de Joseph E. Stiglitz

7 – VIDAS SECAS – Graciliano Ramos

8 - A viagem do Elefante – José Saramago – Da Caminho

9 - O Livro dos Guerrilheiros de José Luandino vieira - Da Caminho

agualusa1.jpg Hoje choveu e por isso espreguiço aqui mesmo em meu mukifo. No meu olhar de xicululu, assim um olhar de esguelha ou olho gordo, martelei por cima do meu sobrolho a frase de que “Os portugueses são o povo mais atrasado da Europa porque há séculos que se misturam com os negros” e, fiquei assim um pouco a remoer muxoxos asneirentos por o caso ter raspas melindrosas e, calhou na página 94 do Zumbi ler uma passagem em que mete um negão repentista na prosa e poesia de nome Jacaré.

Jacaré, um moço alto, soturno e com uma pesada cabeleira de rastafári chega chegando, molengão, dando um leve toque de dedos no Louis Armstrong, o “procurador” que vós conheceis:

- E aí, meu irmão?!

- Beleza, chefe.

- Canta aqui para o Frank Sinatra (eu) teu rap, «Preto de Nascença», tá ligado?

- Jacaré começou imediatamente a sacudi o copo ao mesmo tempo que declama:

«Era um preto com alma de branco dizia a tudo, sim doutor, está muito certo doutor, só queria trabalhar mas exigiam boa aparência, sim, doutor, está certo doutor (ele tinha uma infinita paciência).

Era um era, num era, um preto que sabia o seu lugar sim doutor, sim doutor seu filho em casa de barriga vazia e ele: sim doutor, está certo doutor.

Sua mulher morreu de bala perdida e ele: a vida doutor, esta nossa vida.

agualusa2.jpg Seu pai morreu de bebida e ele sempre: sim, doutor, está certo doutor, seu filho morreu de fome.

E então um dia o crioulo endoidou, mudou de atitude, mudou de nome, chega de tanta dor.

Agora sou Zumbi, sou Xangô, sou Lampião. Agora sei qual é o meu lugar sim, doutor, é no meio dessa briga meu lugar é no Morro da Barriga.

E se você é o elefante e eu sou a formiga ainda assim deixe que lhe diga, não tenho medo, perdi o medo. Sou preto, sim, conheço minha cor a cor do seu medo, doutor mas minha alma é azul anil conheço meu lugar esta terra adorada entre outras mil, és tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo mãe gentil, Pátria amada, meu Brasil»

negro2.jpg Jacaré sacode o suor do rosto, senta-se náreia, pede uma Coca-Cola. Sorri para o procurador, para mim também:

- Gostaram?

Ambos ficamos impressionados e falei:

- Os versos são ruins

- As rimas, um desastre.

- Mas a mensagem parece-me forte, muito forte na verdade, não esperava por isto. Jacaré explicou que os últimos versos pertencem ao hino nacional. Os burgueses irão ficar chocados quando escutarem isto. Bom! Falo eu: - Portugal recebeu os primeiros escravos negros em meados do século XV. Dezenas de anos depois, os negros já eram 10 por cento do total da população lisboeta. Essa percentagem viria a crescer para 13 por cento no século seguinte.

missosso2.jpeg A pergunta imediata é a seguinte: Que destino tiveram estes africanos? Regressaram a África? A resposta é não!  Eles foram absorvidos, misturaram-se do ponto de vista genético, social e cultural. Eles ajudaram a construir a Portugalidade introduzindo valores e dados culturais novos. A palavra minhoca é apenas uma de dezenas de outras marcas no domínio linguístico. Olhem que no Ribatejo havia aldeias cuja população era maioritariamente negra. Jacaré e o procurador olham reticentes curvando as pálpebras. É mesmo?

Minha amiga Maria Carapinha tem este nome porque seus trisavôs eram negros retintos e, hoje já nem os traços negróides têm. Basta ir beber uma ginjinha ao largo S. Domingos em Lisboa para termos esta sensação; no Cais do Sodré já não resta nenhum sinal das negras que ali vendiam mexilhões. Podemos descobrir testemunhos dessa presença em quadros, azulejos e cerâmicas variadas. Falando com meus amigos aqui na praia da pajuçara relembro um tal de Thomas Malthus que na sua visão religiosa de ver o mundo a nuo, disse disparates grossos.

roxo111.jpg Palavra puxa palavra, cheguei a Hitler e às técnicas segregacionistas do Apartheid na África do sul para não falar dos próprios americanos e, os seus primos Australianos. Nem sei porquê os brasileiros gostam tanto assim, dos gringos. A conversa ficou por aqui mesmo… Até amanhã doutor (era eu). Assim se despediram de mim e, ali fiquei especado olhando o vento sem saber se eles entenderam metade do que disse.

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 13:25
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Sábado, 2 de Fevereiro de 2019
KANIMAMBO . LXV

CONVERSANDO COM LOUIS ARMSTRONG02.02.2019

Pois! Uma coisa chamada de talassoterapia com a vitamina D de Deus… Armstrong, amontoa suas roupas em cima das chinelas ficando em sunga tipo calção florido idêntico ao meu…

Por

soba15.jpg T´Chingange . No Nordeste brasileiro…

Na praia da Pajuçara, encostado à Canoa, vendo o sol recém-nascido lá no horizonte e, lá pelas seis horas da madrugada, chega um senhor moreno na cor e na idade que, cumprimenta. – Bom dia! Respondo também com um bom dia. Amontoa suas roupas em cima das chinelas ficando em sunga tipo calção florido idêntico ao meu. Senta-se e ali ao lado dizendo algo sobre a maré que está secando; falas de ocasião pra puxar conversa. Dando-lhe um pois-pois, claro, sinto ter ele, vontade de falar – Não tem nada demais.

Já habituado a esta empatia nordestina vou dando respostas aleatórias sobre as algas, o tempo e as mazelas. Comenta aquilo que todos falam e também repetida na televisão vezes sem conta: A desgraça da barragem de terra do Brumadinho! Assim permanecemos falando de várias coisas até que lhe perguntei: Como se chama? Resposta pronta: Louis Armstrong!

ARMSTROG1.jpgBom… em realidade tinha alguma semelhança com o cantor e trompetista de outros tempos mas, daí a chamar-se nem mais nem menos da mesma forma, fiquei só um pouco intrigado. Seus pais deviam gostar muito desse senhor músico que faleceu no ano de 1971!? Por acaso você também é músico? Não, mas gosto muito de ouvir sua voz rouca; é verdade que meu pai tinha um fraquinho por esse tipo de canções choradas com encanto.    

-E o senhor, faz o quê? Pergunto. Parece-me que ainda está na vida activa! Não hesitou um segundo para responder: - Sou Procurador! Bem! Assim neste panorama, mantinha-me na dúvida se não me estaria a tomar por parvo e dizer-me inverdades. Eu sabia que Procurador era assim uma figura de destaque tal como Procurador da República, figura de Estado e esta Louis Armstrong até no nome me parecia ser uma pegada mentira. Mas, tenha-se em conta ser demasiado deselegante perguntar-lhe detalhes mais fragmentados.

panoias2.jpg O mar verde continuava a secar, a maré descia a olhos vistos juntando fiadas de algas verdes e o Louis Armstrong tudo indicava estar à espera de ficar muita areia para depois entrar. Pensei que assim queria ter rasura na altura da água, para esfregar suas quinambas, o peito e talvez fazer uma tratamento terapêutico pelos banhos de mar e pela acção dos climas marítimos.

Pois! Uma coisa quase hidroginástica chamada de talassoterapia com a vitamina D de Deus, pois que qualquer coisa por ele falada era terminada com a graça de Deus, se Deus quiser. Falava assim denunciando sua veia evangélica, usando com tato as palavras para não ofender o Senhor. Bom! Como seguindo as palavras do novo presidente Bolsonaro que também diz, a bem da nação, o País acima de tudo e Deus acima de todos.

uruguai3.jpg Eu evitava usar palavras para o senhor que não fossem demasiado periclitantes ou polémicas e assim derivei para a vulgaridade de não reutilizar garrafas de plásticos com água porque, tal e coisa, um produto de plástico por um longo período de tempo não se conhece segurança de remover completamente todos os perigos nele contidos. Bom! Mediante esta conversa um pouco mais desenvolta o senhor de sobrolho meio retorcido perguntou qual era o meu nome. Resposta imediata: Frank Sinatra. Bom! O bigode dele ficou retorcendo a sobrancelha com três rugas a salientarem sua admiração. Ambos estávamos a ficar infestados de bactérias…

Pois é! Falei. Meu pai adorava ouvir Frank Sinatra e tal como o seu, também me baptizou desse mesmo jeito! E, olhe que gosto imenso de o ouvir. E, afinal já morreram ambos num é!? E, que faz na vida? Perguntou ele. Conto estórias! Então é escritor? Não, eu só escrevo para animar os amigos, porque gosto de usar as formas directas do linguajar do povo com que contacto; invento muito e por vezes fico rindo só e, que nem um tonto com minhas inventações.

kafu5.jpg Bem dôtor, vou ter de ir à minha luta, ganhar a vida! A maré já está bem seca para pegar no meu saxofone! Reparem que devido à minha fala assim mais erudita, Louis licenciou-me de dôtor em menos de poucos minutos. Ué… e, afinal ele é mesmo tocador de pífaro, ou trombone ou que sei eu, sei lá clarinete. E, bolas, aqui a imaginar tonteiras! Deve tocar para quem passa para receber uma gasosa; não é a primeira vez que vejo gente tocando na praia para os namorados, para gente com dólares, pessoas românticas que gostam de repentistas.

arau44.jpg Mas ele não disse que era Procurador!? Vou deixar aqui minhas coisas, o dôtor dê uma olhada fazfavor! Pois não! disse eu. Deixe ficar! Foi quando foi atrás do barraco da Canoa e de lá, veio com seu saxofone, assim uma vara comprida com uma espécie de argola no fim. Um saxofone bem esquisito, diga-se! Só dei pelo meu erro quando iniciou sua caminhada em zig-sagues pela areia com seu instrumento riscando chão até apitar. Só então entendi o que era essa função de PROCURADOR. Quando ele aqui chegar vou dizer-lhe que agora é PESQUIZADOR… Isto há coisas…

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 14:47
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Quarta-feira, 16 de Janeiro de 2019
BOOKTIQUE DO LIVRO . IX

VIDAS SECAS – COMO SINTO O MUNDO

Pretonceito - Não é erro ortográfico não! É uma nova palavra de origem manwgolé…

- Torcer enxugar e corar - Secando a palavra ao sol …17.01.2019

Por

soba0.jpeg T´Chingange - Na Lagoa do M´Puto

Livros em cima do criado mudo (mesa da cabeceira)

1 - A minha Empregada - Editorial Estampa de - Maggie Gee

2 - O ano em que Zumbi tomou o Rio - Quetzal - José E. Agualusa

3 - O Último Ano em Luanda - ASA - Tiago Rebelo

4 - BURLA EM ANGOLA – Burla em Portugal - Guerra e Paz – Susana Ferrador

5 - História da riqueza de brasil – Estação Brasil – Jorge Caldeira

6 - GLOBALIZAÇÃO – Como dar certo …Joseph E. Stiglitz

7 – VIDAS SECAS - Graciliano Ramos . Br

84  - Secando a palavra ao sol e, porque foi feita para se dizer, recordo as “vidas secas” de Graciliano Ramos, escrito de 1937 e assim, acompanhei parte do trajecto da família de Fabiano e também da cachorra Balaia. No meio de muitas arbitrariedades próprias da classe dominante de então no Brasil e, andando eu frequentemente por terras de índios Caetés, lá terei de ler o “São bernardo” de 1933 e o “Angustias” de 1936, talvez o melhor das suas publicações.

85 - A partir de factos simples, tento compreender com a maior exactidão, analisando isto e aquilo e, no possível, o meu próprio desenvolvimento do pensamento - Dar atenção a um, descuidando um outro que o precedeu. A teoria da casualidade por reflexão de ressonância sucedeu ouvindo um grilo que canta, que grila…Ele canta, estridula, guizalha, trila ou tretinha num zumbido que se interrompe. Com estes silvidos, chego à via especulativa no ser capaz de me ajudar a compreender o Mundo.

booktqiue6.jpg 85 - E, porque também está viva em minha memória, relembro parcialmente as “Vidas Secas”. Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. «Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do Rio Seco, a viagem progredira bem umas três léguas. Fazia horas que procuravam uma sobra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.

86 - Arrastavam-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça. Fabiano, sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda pederneira no ombro; o menino mais velho e a cachorra Balaia iam atrás. Os juazeiros aproximavam-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

gracilano1.jpg 8- Anda condenado do diabo gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. A caatinga estendia-se de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor dos bichos moribundos.

88 - Anda, excomungado! O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um facto necessário - os tremidos e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro caboclo precisava chegar, não sabia onde.

booktique7.jpg 89 - Tinham deixado os caminhos cheios de espinhos e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés…» Esta descrição espremida como roupa pronta a corar, causa-nos calores e frios tremidos, uma miragem com uma amargura tão sobrevivente que podemos até sentir sofrimento. Ele tinha o condão de elaborar um trabalho colocando no papel tudo aquilo que conseguia observar na pessoa, num animal, em uma cidade e sua sociedade, com matizes varias.

90 - Foi um pouco a partir dele que trabalhei a curiosidade, descrevendo assuntos demasiado banais. E, fiquei também ciente de que o que toca a imortalidade é a obra e não o ser humano. Nisto de recordações acabo por chegar ao conceito de se escrever “por linhas tortas” e, é aqui que largo o preconceito, para recordar alguém de nomeada e, que mudou minha forma de estar. É ele Graciliano Ramos! E, disse assim: -“A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para se dizer”. Assim diz Graciliano no ano de 1962, para comparar seu ofício de escrever com o acto de lavar roupa pelas lavadeiras do rio.

booktique8.jpg 91 - E, recordo-me de no acampamento aonde dormi com meu pai, um bivaque de gente da Brigada dos Caminhos de Ferro de Angola, de ter ouvido hienas a chorar e urros distantes de leões em um ermo quase sertão como aquele do Nordeste brasileiro; relembro deste meu jeito os bidons ao redor do acampamento contendo tochas de fogo pela noite, para afugentar as feras nesse lugar conhecido por Lucala, sobre o rio com o mesmo nome e, no distante ano de 1954; era eu candengue – falo de Angola.

92 - Claro que relembro algo que deveria estar esquecido, disse isto para mim mesmo. Uma terra que deixou de ser nossa por pretonceito, já o meu pai o dizia - Como é!? Não é erro ortográfico não! É uma nova palavra de origem manwgolé… porque simplesmente de dia para a noite se perdeu o direito de nela se viver. E pelo dizer de Graciliano, um escrito deve ser lido e relido, ensaboado, esfregado, batido no lajedo, no burgau, como uma peça de roupa suja. Assim fiz: - depois, pô-lo a corar nas ervas, nas bissapas ou penedias, após enxaguar. Estou fazendo!

araujo69.jpg 93 - Ler seus escritos é como revisitar um laboratório e obter capacidade literária independentemente dum qualquer estilo. Por isso não escrevo átoa, ao calhas, Será!? …Mas ele, com sua caneta bike, transformava um banal relatório ou carta burocrática em uma verdadeira peça literária. E, já que isto é mencionado, quero avivar relatos de seu exercício passados ao papel no ano de 1930; ainda eu, o T´Chingange, nem era um projecto de vida pois que minha singularidade surgiu no ano de 1945 e na convulsão dos sons de obuses da primeira guerra mundial.

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 18:49
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Quinta-feira, 10 de Janeiro de 2019
BOOKTIQUE DO LIVRO . VI

- Meu Deus, tinhamos um país! E, aqueles tipos destruíram tudo…

 Arqueies tipos! - Vocês!  - 10.01.2019

Por

soba0.jpeg T´Chingange – Em Lagoa do M´Puto

agualusa1.jpg54 - O pessimismo é um luxo dos povos felizes. Quem o diz é um kamba nascido no Huambo chamado de José Eduardo Agualusa em Dezembro do ano de 1960, bem perto da Caála, lugar aonde morei por algum tempo, trabalhando às ordens do presidente do Município chamado de Casimiro Gouveia com a alcunha de caluviaviri. Aqui, refiro Agualusa porque faz parte da minha lista do BOOKTIQUE. Até cheguei a ter uma xitaca com nemas junto à pedra do Alemão mas, deixa para lá, a guerra do tundamunjila a levou……

55 - Irei escalpelizar seus escritos pela razão de tal como eu, andar por aí escrevendo crónicas e livros que muito me fazem borbulhar o cerebelo do lado bombordo. Enquanto eu ando com um imbondeiro às costas, ele sempre se faz acompanhar de cadernos com linhas, um micro-ondas Ipad e uma catrefada de canetas de várias cores. Só que tem uma grande diferença, ele ganha bom kumbú e eu nem cheta… Acho que sempre leva um casal de osgas de estimação e olhos oblongos e enviesados, com quem cavaqueia longos tempos. É delas que recebe inspiração, pode isto ser?

agualusa2.jpg 56 - E, é sobre um antigo Coronel do Ministério da Segurança de Estado de Angola que tudo se desenvolve. Já morto, fugindo às armadilhas da guerra com um amor de hiena, percorre agora seu tormento das memórias vendendo armas aos sublevados do Morro da Barriga do Rio. Quer à viva força levar a descolonização ao Brasil mergulhando a fundo nos incêndios dos morros cariocas. Foi ali, no lugar aonde os candengues brincam com kalashnikoves AK-47, numa sacada a ver-se o Rio estendido até o Cristo Rei, que o ouvi dizer: -A guerra enche os bolsos a muita gente. Bom! Isso não parece ser novidade para ninguém…

57 - Nesta análise, tenho a ajudar-me um jornalista de nome Euclides muito hábil a complicar as respostas que sendo fáceis as engravida só para se vingar das peripécias vividas em África e muito especialmente naqueles tempos perturbadores da guerra do kwata-kwata, do foge branco t´chindere, senão estripo-te. O raro disto é a de que também foi polícia do Estado, um supranumerário de confiança. Bom! Tudo isto acontece inspirado na saga dos fujões pretos, escravos dum qualquer coronel que num golpe de audácia fogem para os quilombos dos Palmares. Até poço sentir o bafo dos cães de fila soprando e babando ranho por aquelas matas procurando os gentios entre as coroas-de-frade e picos kilométricos.

zumbi6.jpg 58 - Francisco Palmares o coronel angolano, o morto-vivo, recordando a fúria de Zumbi, quer tomar o rio dando lugar de destaque aos negros; diz que Zumbi voltou para tomar o Rio. Nós angolanos, somos optimistas – os pessimistas já se suicidaram todos! É Euclides que assim fala sem se recordar do nome desse homem que assim falou lá para trás no tempo; acontece ser assim quando se encontra em dificuldades.

59 - Euclides fala com o Coronel como se fossem amigos de há muito tempo, e eram mesmo: - Vi-te na feira, escondido atrás de uma barraca, disseram-me que morreste e agora!? As coisas mudaram muito desde que tu morreste! O que vocês fizeram não tem perdão, diz Euclides. Eu sei; eu sei! Diz Palmares ao seu assombrado amigo. Aquilo escapou ao nosso controle, foi longe demais…

ANGOLA10.jpg 60 - Ficam muito tempo em silêncio. Finalmente o Coronel fala: - Tu estavas na delegação provincial. Tenho a certeza. Numa de falas tu e, agora eu, Euclides, o jornalista repentinasse: Como conseguiste escapar? - Escapar!? Eu não escapei. Tu viste que não,… estiveste no meu enterro!… De sobrancelhas carregadas e pigarreando, foi dizendo.- O Cunha deu-me um milongo que me deixou a dormir, acho até que morri, mesmo! Depois organizou aquele fantástico funeral, enterrou-me e, logo a seguir, desenterrou-me.

61 - Passei a polícia de Fronteira em Namacunde com o meu próprio passaporte dois dias depois de enterrado e, ninguém deu por nada. Incompetentes! Os teus colegas, graças a Deus! São todos incompetentes, repetiu… Ficamos aqui a saber que Euclides também tinha sido da polícia porque logologo o Coronel afirma com trejeitos de gozo: Tinha a certeza que me seguirias até aqui - Um polícia nunca o deixa de ser… polícia!

coroa de frade.jpg 62  - O medo veio até mim sabes, diz Euclides o ex-polícia e agora jornalista. Os camaradas fraccionistas faziam a sua autocritica, pediam perdão ao povo, assim publicamente e, depois eram fuzilados. Bom! Também naquela altura, sabes, as pessoas arriscavam a vida por um leitão assado. Estava farto de comer arroz de mabanga – quando penso nisso até me dá vómitos.  Como não fugir… como fez o Isomar, T´Chingange, o Vumby e tantos outros. Francisco Palmares lembra-se da Luua: - Meu Deus, tinhamos um país! E, aqueles tipos destruíram tudo… Aqueles tipos, ué! - Vocês!

63 - Vocês destruíram tudo, assim fala de dedo em riste o ex-polícia da nomenclatura. O Coronel olha-o ofendido; abana a cabeça. Esquece… Eu não tenho já nada a ver com a pátria; pátria ou morte, o escambau. Quase nada. Sou empresário, tenho negócios aqui… Negócios? Sente-se um muxoxo prolongado de Euclides. Olha, os outros compram barato aqui no Brasil, levam cuecas e cabeleiras postiças, sandálias e lençóis de cama para venderem caro na Luua. Eu, faço o contrário, compro barato em Luanda e vendo caro aqui. Sou besta!? Caramba… O que é que compras barato em Luanda para venderes caro no Brasil? Interroga o ex-polícia em voz de falsete? A coisa promete meus ávilos…

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:56
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Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2018
A CHUVA E O BOM TEMPO . C

FRINCHAS DA VIDA – 10.12.2018 
Por

soba0.jpeg T´Chingange – No M´Puto
A fé cega não examinando nada, aceita sem controlar a evidência e, o falso como verdadeiro; assim e a cada passo se chega contra a evidência e, ou a razão. Esta fé levada ao extremo produz o que conhecemos por fanatismo. E, quando esta fé repousa no erro, cedo ou tarde se destruirá.
:::::
O que é verdadeiro na obscuridade também o será em plena luz. Cada religião pretende estar na exclusiva posse da verdade e, esta fé cega tocando seus pontos de crença e, no tempo, se vê no dilema impotente de demonstrar que se tem razão.

abraço0.jpg Haverá duas importantes considerações a se ter em atenção: A fé não se impõe nem se prescreve porque mesmo recomendada, ter-se-á em conta que ninguém que esteja privado de a possuir representará a verdade.
:::::
Uma fé adquire-se com discernimento quando se o têm e, cabe à fé não ir ao encontro deles, mas eles (nós) irmos ao encontro dela. Em este canto da Internet, e em outros similares, aparece frequentemente alguém com ideias interessantes; tenho a certeza de que cada um de nós poderá oferecer suas perspectivas sobre o que entende por amizade mas esta, pode não coincidir com ideias pré-estabelecidas na fé de cada qual.

araujo48.jpg  Em certas pessoas, a fé parece de alguma forma inata a eles mas, se um qualquer procurar com sinceridade essa tal de fé, certamente a encontrará. Para haver fé é necessária uma base; esta base é seguramente a inteligência, daquilo em que se deve acreditar e, mesmo para crer não basta ver, é necessário sobretudo, compreender. 
:::::
O dogma da fé cega é que faz com que haja muitos incrédulos. O que eu acho ser comum a todo o humano é a necessidade de se socializar no afecto; a amizade acaba sendo algo que buscamos, por vezes até com ansiedade, uma circunstância que dá ao desejo de amizade alguma pitada de egoísmo. Quanto à fé ela surge em um qualquer momento!

araujo 101.jpg Existe o perigo de drenar nossas dores em nossos amigos, dar descanso de nossas preocupações em um desejo; se nós não paramos para pensar que cada amizade, terá de ser correspondida por igual, acabamos usando indevidamente esse dom. Eu não acho bom rejeitar-se a amizade de alguém com ideias diferentes. 
:::::
Os amigos, nós escolhemos, fabricamos no correr do tempo. O termo empatia é definido como “a capacidade de penetrar pela imaginação ou premonição, nos sentimentos e motivações de outros", assim como entender as suas tristezas, seus medos e alegrias. A amizade não é em definitivo uma receita médica mas tem sempre uma bula de cuidados a reter para não se ser surpreendido no respeito mútuo ou recíproco.

arau44.jpg E, porque Deus me deu essa prerrogativa do raciocínio e do livre arbítrio, meu espírito anda vago. E, porque não há fé inabalável, daquela que se pode encarar na razão, face a face, espero meu próprio tempo de prescrição!

Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 11:06
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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