NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3519 – 23.11.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Luanda, meados de 1975 - Onde quer que uma pessoa se encontrasse escutava o inevitável fragor dos combates, o rebentamento de obuses e também, observar no céu colunas de muito fumo. O medo sentia-se no ar! Camionetas passavam com feridos e mortos em direcção ao hospital e à morgue largando rastos de sangue pelo asfalto; Tem-se agora a certeza de ter sido de propósito para provocar o pânico entre os brancos. Está escrito!
Mas, sempre haverá muitos dizendo ter-se esquecido; que talvez não tivesse sido tanto assim; sempre a tentar lavar o sarro de tanta hipocrisia. Sinto-o! Segundo afirmações posteriores de Fonte: Lusa na voz do conhecido comentador José Milhazes, militares soviéticos receberam autorização secreta para combater em Angola… Andrei Tokarev, tradutor militar recorda: “Os nossos especialistas montaram rapidamente, numa antiga base aérea militar portuguesa de Luanda, vários pontos de treino e começámos imediatamente a treinar os combatentes das FAPLA.”
Os pseudo guerrilheiros do MPLA, sempre criativos em assuntos bélicos, davam uma nova utilidade às armas Anti-Tanque - RPG-7. Utilizaram assim esta arma visando o seu poder de fogo demolindo literalmente as sedes politicas dos movimentos rivais - UNITA e FNLA. Os estragos, como se poderá imaginar, eram astronómicos, pondo em perigo muitos civis circunscritos ao acontecimento. Na população branca, dissolvera-se de vez a ilusão de que seria possível ter um lugar no futuro de Angola. Em Luanda apenas um punhado de bravos efectivos do COPLAD, fieis ao Alto-Comissário Silva Cardoso, entre Janeiro e Agosto de 1975, defendia a vida e os bens dos portugueses. Na Avenida Brasil e na dos Combatentes da Luua, as principais sedes dos movimentos foram destruídas entre si, a tiro e, com elas, os edifícios onde se situavam.
Alguns dos edificios com dezenas de apartamentos foram trespassados por balas perdidas, por tiroteio assassino e negligente. O último grito em armamento eram os canhões sem recuo contra viaturas blindadas como é dito aqui mas, usadas para outra qualquer destruição. Esta batalha, a de Luanda, não se cingiu somente à capital. Alastrou por todo o Norte com desmandos brutais num preparado plano de tundamunjila aos brancos pelo exercito Tuga do MFA às ordens de Coutinho… Os brancos sem amas, sem apoio, sem a mínima hipótese viram-se numa de “ou mato, ou morro”. Como formigas salalé e em desordem fugiam com algumas imbambas daqui para ali mas e, principalmente sempre para Sul e, ou a Capital.
Os últimos portugueses no Interior de Angola, formando comboios de carro, com muitas camionetas carregadas de pertences, puseram-se a caminho da Luua. Os funcionários da Administração Ultramarina, dita Colonial, vêem no Quadro Geral de Adidos uma saída para a sua situação recorrendo a esta hipótese como fuga para a frente. Resumindo grosseiramente, o Decreto-Lei n.º 23/75, de 22 de Janeiro, vem regular a situação dos servidores de Estado ou dos corpos administrativos dos territórios ultramarinos quando ascendessem à independência. Assim, mais tarde, o Quadro Geral de Adidos - Decreto-Lei n.º 294/76, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 581/76 deu antecipadamente (..pelo Decreto-Lei n.º 23/75, de 22 de Janeiro) corpo à fuga de Angola; E, para os efeitos, é criado o Serviço Central de Pessoal, pelo Decreto-Lei n.º 196/76, de 17 de Março, que tem como responsabilidade proceder à recolocação e integração dos funcionários públicos oriundos das ex-colónias. Isto veio a facilitar o processo de descolonização por via de todo o abandono dos órgãos gestores do Território…
Atravessando perigosas picadas e outras estradas aonde pululavam guerrilheiros de faz-de-conta impregnados de muito ódio ao branco sucederam-se ousadas peripécias-. Nomeadamente a fuga pela areia da Costa dos Esqueletos já na Namibia; sujeitos a serem engolidos pela maré do Atlântico ou pelas areias movediças do deserto. Isto, depois de atravessarem em balsas improvisadas o rio Cunene, uma ousadia ainda presente na memória de muitos refugiados e ainda a ser descrita por este ou aquele interveniente.
Para quem alcançava o sucesso de sobreviver, já em segurança dada pelas forças armadas da África do Sul, relembram com soluços os muitos desafios de vingança por gente com a cabeça cheia de fumo, liamba e bebidas desinibidoras, fazendo a seu bel-prazer a justiça ocasional (pude asistir a este “filme” em outros lados). Por dá-cá-aquele-palha, até parece mentira, um cigarro, uma cerveja, um qualquer cobiçado traste, podia ser motivo de se livrar à morte. Assim e correndo grandes perigos, procuravam o lugar mais próximo de embarque… para um qualquer lado…também, a já tão propalada ponte aérea (lá iremos…)…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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