NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3523 – 03.12.2023
“Tropas cubanas para Angola, já!” - “Missão Xirikwata”
Às margens do Cubango - Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
(…) E, tinha gente treinada na Metrópole (Lisboa), propositadamente preparada para fazer parte deste MPLA. Do vinticinco de abril de 1974 até ao 25 de novembro de 1975 muita coisa se fez à revelia da vontade do povo e, por muito pouco não ficamos debaixo da alçada da União Sovietica. Alguns, irão sempre dizer que não, pois que em realidade parece uma peta feita mentira; o certo é a de que militares pagos pelo M´Puto, com ideário afecto ao Concelho da Revolução ficam inteiramente destacados naquele movimento terrorista como se dele fossem, com camuflado igual ao do MPLA.
Havia gente seleccionada pelo PREC de Otelo Saraiva (o Ché tuga…) Ainda ninguém trouxe isto às claras porque o sigilo estava por demais encafifado e, só alguns oficiais o sabiam; os não alinhados destes ou do contra, seriam logo conotados como fascistas. Até surgiu um selo mentiroso do M´Puto alusivo ao MFA com dois populares, um com um chapéu de campino e outro segurando uma arma. A mim sempre me pareceu muito feito a propósito por o ser verdadeiro!
Nakuru era folha morta! “Numa situação de guerra em Angola, como e a quem se ia entregar a sua governação?”. Era o próprio Silva Cardoso, Alto-Comissário, que se interrogava falando baixinho para que os demais ouvissem. Neto reclamava a saída deste! Ele, Neto, o poeta, queria que assim fosse e, isto era o bastante! A maioria dos oficiais portugueses andavam a assobiar ao vento!
Triste ironia desta nítida má-fé e, de quem ainda anda por aí recebendo benesses e até medalhas de bom comportamento, tornados heróis como se isso o fosse de forma “avulso”. O MPLA venceu a Batalha de Luanda expulsando a UNITA e a FNLA com a inequívoca ajuda do glorioso MFA do M´Puto (isto sempre o será repetido…)
Em verdade a Batalha de Luanda resumiu-se ao duelo entre MPLA e a FNLA, enquanto os soldados e militantes da UNITA, sem armas para retaliar, se tinham simplesmente resignados a fugir. Os que não puderam fugir, foram simplesmente massacrados aos milhares (maioritariamente negros mas e também, alguns brancos). Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo…
(…) A UNITA não permitia a entrada da tropa portuguesa em Nova Lisboa (Huambo) alegando que em outros pontos do território as FAP assumiam atitudes favoráveis ao MPLA e tinham toda a razão para assim procederem. A UNTA deu 24 horas às FAPLA para saírem de Nova Lisboa e assim veio a acontecer com a escolta protectora das Nossas Forças (NT) até ao Dondo, um bastião carbonizado em posse do “glorioso” MPLA…
Pode notar-se nesta descrição o comportamento diferenciado por parte da UNITA em relação às outras forças; certo que tudo iria descambar mais tarde para coisa ruim mas as contingências da guerra aberta e sem mando capacitado, já não permitiam manter o aprumo desejável. Neste então a UNITA deu tempo às FAPLA para recuarem ao invés destes e das FALA que atacavam sem prévio aviso e com todo o potencial mortífero.
No Cunene, as tropas da UNITA já faziam rusgas aos trabalhadores Sul-africanos nas barragens de Caluéque e Ruacaná por se recusavam a regressar ao trabalho. Recorde-se que estas estações hídricas estavam cercadas pelas FALA, o braço armado do MPLA e os naturais Ovambos negavam-se a trabalhar sem garantias de segurança; foi assim que a queixa de Pretória chegou à Embaixada Portuguesa.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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