NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3567 – 10.04.2024
“A 2ª MARCHA – DO CUELEI ATÉ KAPRIVI” – No Cuelei, com Savimbi…
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Mais tarde e kota, andei pela picada de macadame encrespada de ondinhas já para lá do Divundo, dos vários cuca-shops e cola-colas dos chineses, passamos locais de kimbos dispersos e lodges junto ao rio como o Rainbow Lodge, Nunda River, Ngepi Camp ou Ndhovu Safari. Mas foi no Mahango Safari Lodge escondido no denso arvoredo verde e bem na margem do rio que subimos numa barcaça.
E, passeando ao longo do Kavango até quase o Botswana; visitámos depois os rápidos e remansos, já com as águas do Kuito, águas que inundam o Delta do Okavango a jusante; um mar muito antigo a dar vida aos muitos n´dovus ou jambas que conhecemos por elefantes, entre hipopótamos búfalos e outras muitos espécimes.
Em idos tempos, disse João Miranda apontando a margem: Savimbi esteve por ali; um lugar que serviu de acampamento, lugar aonde bivacaram as forças que formaram o Batalhão Bufalo, lugar chamado de Omega. Naquela outra já distante noite na segunda metade do ano de 1976, e, nesse lugar de Mahango, Savimbi e seus oficiais mais próximos, dormiram ao relento em um céu aberto, estendidos na lama seca.
Despertaram na manhã seguinte, com o ruido de outro helicóptero… O militar que saltou do aparelho, com um sorriso no rosto e braços abertos, era um já conhecido de todos: Philip du Preez, coronel das Forças de Defesa Sul-Africana, SADF e, que nos últimos meses tinha servido de elo de ligação entre as forças da UNITA e da FNLA com o regime do apartheid.
O coronel du Preez, depois de cumprimentar cada um dos dirigentes da UNITA, ordenou a seus subordinados que montassem ali uma enorme tenda. Dentro daquela enorme tenda foi disposta uma mesa larga e longa muito farta de géneros; pão com chouriço, queijo, cerveja e refrigerantes. Eduardo Agualusa em seu livro de “vidas e mortes de Abel Chivukuvuku” descreve o encontro.
Diz que o coronel bóher Philip du Preez explicou a Savimbi que precisava visitar algumas bases militares situadas ao longo da fronteira com Angola e que voltaria mais tarde. Esta inusitada falta de atendimento a quem estava sob tensão, deve ter sido usada sob pretexto de poder ter o tempo necessário para falar com seus superiores, talvez o primeiro-ministro Vorster.
O mais previsível neste proceder aparentemente torpe, justificar-se ia em obter as directivas acertadas para comunicar ao guerrilheiro Savimbi; comunicar na volta, a decisão optada, falando com maior certeza e serenidade; é este o meu entendimento. E, porque a fome daqueles guerrilheiros era mais que muita, na ânsia de comer, ouve.se: vamos comer! Savimbi gritou: -Não toquem na comida.
Esses bóhers são racistas, todo o cuidado é pouco e, além do mais não nos disseram que comêssemos, então, não vamos comer! Será melhor esperarmos. Um suplicio para quem estava tão carecido de meter algo no bucho. E, assim esperaram ouvindo os rugidos dos estômagos carecidos – rugidos esfomeados depois de 1200 quilómetros caminhados entre secas espinheiras, secos capins. Esperaram…
Nota: Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e do livro de Abel Chivukuvuku de José Agualusa…
(Continua…)
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