NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA*“ - Crónica 3569 – 18.04.2024
“A 2ª MARCHA – DO CUELEI ATÉ KAPRIVI” – Na Faixa de Kaprivi, com Savimbi…
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Não sei precisar o dia do ano de 1997 em que me encontrei de forma esporádica com Pedro Rosa Mendes, creio que isto aconteceu no mês de Agosto mas, foi útil ter uma visão diferente do que se estava a passar no terreno; no entanto pareceu-me tendencioso demais em seu livro “Baia dos Tigres” no julgamento de Miranda o militar ex-búfalo e, agora comerciante do Okavango, de quem me tornei amigo.
Rosa Mendes, retractou Miranda como um brutamontes, um mercenário por ter pertencido à companhia militar Sul-Africana “Os Búfalos”. João Miranda do Mukwé - o mesmo que invadiu Angola no ano de 1975. Eu, seguiria para Vitória Falls no Zimbabwe, retrocederia mais tarde até Divundo e seguiria o rumo de Joanesburgo passando pelo Delta do Okavango…
Assim foi com uma paragem de dois dias em Maun. Enquanto Rosa andou 10.000 km, eu percorri 13.000. Quanto a Rosa, vi-o como um verdadeiro repórter comunista do M´Puto pago por encomenda. Posto isto entro de novo na recordação da descrição da 2ª Marcha de Savimbi entre Cuelei e a Faixa de Kaprivi no lugar de Divundu…
Nos dias que se seguiram após aquela fome junto à grande tenda mandada montar por Philip du Preez num lugar bem próximo de Mahango - Base Ómega 3, de instrutores Sul Africanos e recrutas de especialidades várias da UNITA, aquela delegação de guerrilheiros, nos dias que se seguiram, receberam centenas de quilos em armas…
Receberam munições, fardamento e mantimentos segundo o descrito nas memórias de Chivukuvuku no livro de José Agualusa** - Uma biografia para Angola… Para mim e, nestas andanças de “Xirikwata” em determinadas alturas, tal como Rosa Mendes, também o foram «Viagens sem bilhete, sem horário, sem transporte público, sem "vouchers" com pequeno almoço incluído», comento pão duro rusks e bolachas com marula por conta própria. No Divundu e Mukwé tive a protecção total de Miranda e D. Elisabete sem dispender um tostão que fosse, pelo que, sempre estarei grato a tanta hospitalidade - e, aconteceu por quatro vezes em anos distintos…
No Mahango da faixa de Kaprivi, os guerrilheiros da UNITA, para além de muitas e variadas armas de tiro tenso e curvo com munições, receberam fardamentos, mantimentos e variados medicamentos de primária necessidade. A questão seguinte que se punha naquele agora, era a de carregar todo aquele material para as bases da UNITA nas áreas do Cuelei e Jamba. Havendo ali várias gerações de pastores nómadas Cuvales, Himbas e Koisans, os primeiros entre os demais, foi sugestão unanime, utilizarem burros para levarem todo aquele material bélico e demais caixas, caixinhas e caixotes de géneros diversificados e material sanitário.
Cada burro poderia carregar entre trinta a cinquenta quilos, resistindo bem ao calor e à sede. Foi necessário arranjar redes, cordas, cintas e almofadas para ajustar os volumes e sacos à anatomia dos animais, carga tão diversificada poderia ferir ou causar transtornos para além do admissível os quadrupedes; ter em conta que eram uns 1200 quilómetros a percorrer, podendo levar uns cinquenta dias a percorrer tal distância, quase dois meses e, se tudo corresse dentro do planeado e sem ataques aéreos…
Entretanto, a norte, a coligação governamental MPLA-Cuba, praticava uma politica de terra queimada, a conhecida por “Ofensiva Ngouabi”, de Marien Ngouabi, presidente do Congo e que, em Setembro de 76, visitou oficialmente Angola. Entre as aldeias mártires desta “Ofensiva Ngouabi”, contam-se Quissanquela, Capango, T´Chilonga, T´Chiuca e Mutiete. Nesta última, foi sumariamente executada toda a população masculina. O MPLA atribuiu á “UNITA” a responsabilidade pelo massacre quando, na verdade, a UNITA se encontrava desmantelada para Sudeste no Cubango…
Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes, durante os longos anos da crise Angolana, e após o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional. Corresponde à diáspora de angolanos e afins espalhados por esse mundo.
Nota2: Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e do livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku de José Agualusa e de “Baia dos Tigres” escrito por Rosa Mendes
(Continua…)
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