NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA*“ - Crónica 3582 – 24.05.2024
“FRACCIONISTAS DO MPLA DA LUUA – O 27 DE MAIO DE 1977” - Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Herminio Escórsio continua sua descrição quando da visita à Fortaleza de São Miguel: “O único que não veio falar comigo, envergonhado, foi o David Aires Machado (Minerva), até então Ministro do Trabalho. O Zé Van-Dunem perguntou-me pelo pai e, disse-lhe que o velho Mateus estava desfeito, que nem ele, nem ninguém, esperavam que ele, Zé, se metesse numa encrenca tão grave. O Zé, por fim, pediu-me para, ao menos, olhar por seu filho”.
Sou eu a falar: Neste entretanto o rapto de meu pai, (gente simples e alheia a tudo como tantos outros), estava a ser efectuado junto aos Correios da Maianga, um modesto “segurança nocturno do Banco de Angola” e que, em exercício, por ali passou fardado, como sempre fazia, noite após noite. Não foi no sítio errado, mas numa hora de azar,
Aconteceu quando por toda a Luanda se faziam altercações com fuzilamentos sumários nas ruas, nos largos, nos hospitais e cadeias. Meu pai Manuel Monteiro, recorda que a uma pergunta feita, deu uma resposta, ao qual logologo o meteram amordaçado em uma carrinha do tipo toyota hiace. A pergunta foi a, de se estava bem com o presidente Agostinho!?
E, a resposta dada foi Sim! Mal sabia ele que aquele era um grupo afecto a Nito Alves (deduziu isso, por via das falas que se lhe seguiram). Bem! O resto já foi contado lá atrás e o caso, nem é relevante para o contexto geral e neste acontecido de tanta projecção nacional e internacional (fim da minha fala…).
A repressão estende-se ao ano de 1978. Nas muitas petições a Agostinho Neto feitas por notáveis é referida a violência. dos guardas, as péssimas condições de alimentação e higiene nas prisões, com ratos, baratas, aranhas e outras bichezas coexistindo com os presos e, em celas superlotadas.
A comida é servida em pratos de alumínio já retorcidos e, sujos como se o fossem cachorros. O arroz e feijão tinha gorgulho e em alguns casos, são obrigados a beber água das latrinas. Nos campos para onde eram levados os presos, a vida era duríssima. No campo do Tari, “passávamos fome, tinhamos muito frio.
A saudade morava dentro de nós com a permanente incerteza; a raiva era mais que muita e o medo demasiado teimoso. “As ratazanas que mais pareciam coelhos aguardavam nossos descuidos para nos ratarem as orelhas dos pés. Nos sonos inquietos havia gritos”; é José Reis, um ilustre desconhecido que sim o conta, mais tarde.
Com tanta falação interna e internacional, Neto distancia-se da DISA, de seus métodos com excessos cometidos levando-o a extingui-la em Julho de 1979. No ar de boca em boca, na vizinhança sempre se ouvia alguém dizer: “O meu filho desapareceu”. E, era forçoso assim, acabar com as testemunhas incómodas. Com a lei 7/78, Neto institui na prática, oficialmente, a pena de morte para quem cometia crimes lesivos à segurança do Estado…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto…
(Continua…)
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