FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
TEMPOS CUSPILHADAS – Crónica 3402 – 24.05.2023
- ATÉ CHEGAR AO PARAISO, TIVEMOS O PURGATÓRIO…
Por: T´Chingange (Otchingandji) – No Bom Concelho de Pernambuco
Li algures de que a mortificação do corpo acontece para superação do espírito. Se para os cristãos ir desde longe para Fátima será sempre por uma promessa em troca de um benesse que se concretiza, uma cura, um milagre de mudança, uma esperança que se realiza. Os muçulmanos também necessitaram de inventar que Nossa Senhora era filha de Maomé. Anos a fio andei tentando seguir a pé pelos caminhos conhecidos até Santiago de Compostela mas tal desejo sempre se vetou ao esquecimento na hora que nunca surgiu.
Já fui de carro várias vezes a Santiago, mas não será de nenhum valor acrescentado o facto de ir na comodidade de um carro. Até fui lá no dia 25 de Julho, dia da consagração de São Tiago que calhando a um domingo, a porta santa da Catedral é aberta excepcionalmente nesse ano; foi o caso do ano de 2010. Juntei-me assim a histórias de cavaleiros Templários, um misto de religiosidade e desafio, buscando o autentico de si mesmo num percurso de estilos romântico e gótico, como um monge beneditino cruzando montanhas, rios, cidades e bosques de pinheiros, faias e trigais só em pensamento.
Recordar a Catedral de Santiago de Compostela aonde desde a idade média se juntavam peregrinos idos de toda a Europa. O Bota-fumeiro gigante balouçando no átrio principal-altar da Catedral, que era nem mais nem menos para fazer desaparecer o cheiro nauseabundo que acompanhava os viajantes. Hoje, não podemos imaginar o fedor que soprava então por entre aqueles antigos prédios das muitas cidades, do estrume acumulado nas travessas, becos com matilhas de cães mordiscando restos como se abutres fossem.
Também das centenas de carroças despejando toneladas de excrementos que por ali iam sendo pasto de milhares de moscas com milhões de bactérias. Pois foi assim que fizemos no chegar ao sítio da xácara do Senhor Ferreira, um homem que a vida curtiu entre bizarrias de superstições misturadas com aflições; e desta feita, eu, Arrais de Bustos e Ana de União dos Palmares, terras de Zumbi, da nação de N´gola lá no Morro dos Macacos numa serra chamada de Barriga. Agora a descrição passa a ser dele a relembrar seus artigos de antigamente com o nome de Arico Siarra:
COMO TRANSFORMAR UM Fim-de-semana NUMA EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL! - Tenho consciência de que escrevo este texto um tanto ou quanto húmido de tanta garoa (cacimbo). Por isso, concluo a recomendar que cada um o leia com o humor possível, já que a nós, nos bastam nossas roupas molhadas, os buracos e as lamas rupestres mas, as estrelas vão com prazer para a tão dedicada hospitalidade de Aldaide e António, pais de Quitèria. Pois, neste fim-de-semana (de 19 a 22/04/023) fomos até um município de Pernambuco divisa com Alagoas – “O Paraíso”…
Se tivéssemos ido por União teríamos demorado menos mas, tivemos que ir por Arapiraca, a fim de pegarmos uma pessoa da família que visitamos, o que nos exigiu mais tempo. Foi uma viagem muito desafiante. Destino? Cidade de Bom Conselho. Do centro daquela cidade até o sítio de nossos anfitriões, demoramos uma hora a chegar. Existem apenas quatro casas: moram lá, pais e filhos. Alto da montanha e, sempre subindo, sempre resvalando.
Faltou pouco para chegar ao céu! Passamos em seis porteiras por via da criação de gado pastando por lá. Depois que passamos a antepenúltima porteira, o carro começou a derrapar na bosta do gado e argila e parou. Tivemos que carregar nossas atrangalhas (bikuatas, tralhas) às costas, uns 800 metros de subida com o chão todo bosteado... E, tome chuva! Nunca pensei viver tão dignificante experiência pingando que nem um pinto no baptismo.
Nem sei, como agradecer esta oportunidade de podermos avaliar toda a nossa capacidade de resistência física e mental, com chuva durante três dias e duas noites (o diluvio). Sem dúvida nutrimos a certeza de que teremos condições de viver ainda bons anos, sem percalços fatais! Para a impecável hospitalidade encontrada, nota mil e um.... Conseguiram extrair água pura das pedras, para nos servir açucarada de cayena. Da parte de Deus, que a forneceu na forma de garoa cacimbada, um bem-haja para toda aquela família visitada a saber para além dos citados; Docas (o voluntário), e Francisco (o churrasqueio e bebedor de pitu) - filhos, assim como para com o nosso amigo Monteiro T´Chingange o coordenador-mor, desta desafiante aventura
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T´Chingange (O Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola)
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