NAS FRINCHAS DO TEMPO
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - Crimes na Jamba
- Crónica 3652 - 27.12.2024
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto
Recapitulando: Em 1990 foi a vez de Pedro “Tito Chingunji”, jovem e brilhante secretário dos negócios externos e antigo representante do movimento em Washington, ser “fuzilado” por se ter tornado demasiado próximo dos americanos. Chingunji foi um dos negociadores dos acordos de New York em fins de 1988, que levou à retirada dos cubanos de Angola e realização das primeiras eleições.
A morte de Tito, levou à deserção de figuras de peso da UNITA e, ao fim das relações entre a UNITA e os Estados Unidos. O jornalista britânico Fred Bridgland, autor da biografia “Savimbi - a chave para África”, fez amizade com Chingunji durante a cobertura das operações do movimento e, já com ele a viver em Washington, colaboraram na preparação de um livro sobre o movimento.
Um dia, em um encontro em Washington, Chingunji informou Bridgland de que a sua mãe, pai, três irmãos e uma irmã, tinham sido executados por Savimbi e que a sua mulher e os filhos, dois bebés gémeos de um ano, estavam presos. Por isso, tencionava deslocar-se à Jamba para esclarecer a situação junto de Savimbi.
Chingunji viajou para a Jamba, mas não regressou a Washington. Foi preso, acusado de ligações à CIA e ao MPLA e ter tido um romance com uma das muitas mulheres e concubinas do Savimbi, que, refira-se, era poligâmico, aliás como a maioria dos africanos. Tentando salvar o amigo, Bridgland voou para a Jamba em 21 de Dezembro de 1988, um dia antes da assinatura do acordo de New York, foi ouvido por Savimbi e os 13 membros do seu politburo à sombra de uma frondosa árvore, não conseguindo salvar Chingunji e toda a sua família.
O jornalista denunciou Savimbi e o secretário de Estado James A. Baker exigiu explicações. O líder da UNITA respondeu numa carta de seis páginas em que acusava Tito Chingunji de estar envolvido com a CIA num plano para o derrubar e atribuiu as mortes a dois membros da UNITA que tinham desertado dois meses antes formando um novo movimento separatista na região de Cabinda.
Um sobrinho de Tito, Dinho Chingunji, nesse então ministro do Turismo de Angola, vivia ao tempo em Washington e disse que “éra uma mentira ultrajante”. Na peça “The Black Cockerel”, Savimbi entra em litígio com Tito Chingunji por divergências ideológicas, mas antigos membros da UNITA acusam Savimbi de ter passado a odiar o jovem Chingunji quando soube que este tivera um romance com uma das esposas em Paris, Ana Paulino Savimbi.
Ana era uma jovem elegante e linda que Savimbi converteu em primeira dama e passou a acompanhá-lo nas viagens pela América e pela Europa. Desta relação, Savimbi teve cinco filhos que vivem todos em França. Através de uma bolsa patrocinada pelos serviços secretos franceses, Ana foi tirar um curso de secretariado em Paris, onde conheceu Tito.
Entretanto, Savimbi, que ficara na Jamba, já trazia debaixo de olho duas irmãs sobrinhas de Ana: Raquel Matos de seu verdadeiro nome, que, quando da ida da tia para França, se tornou companheira de Savimbi, mais tarde foi estudar para Londres, casou com Tito Chingunji e acabou por morrer com ele; e Navimibi Matos, da qual Savimbi teve uma filha. Navimibi Matos morreu queimada viva, em 1981, num dia que Savimbi disse que ficaria na história da Unita como o “Setembro Vermelho”.
Referência: The Portuguese Times (NET)
Ilustrações de Pombinho da EIL
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e, do jornal Expresso e página do SAPO
(Continua...)
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