NAS FRINCHAS DO TEMPO – UM CACTO CHAMADO XHOBA (HOODIA)
- "DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3456 – 04.08.2023
- Boligrafando estórias em Sossusvlei - Em direcção a Ondundozonanandana a Norte… Foi no ano de 1999
PorT´Chingange (Otchingandji) – Em Amieiro do M´Puto
As noites neste deserto de Naukluft – Sossusvlei, aliás, como em todos outros, ficam frescas assim que o sol desaparece no horizonte. Aqueles montes enormes de areia deixam em nós a sensação estranha do quanto somos pequenos. Tivemos de preencher uns papéis para recebermos autorização de entrar no parque dos diamantes. Não nos era permitido afastar-nos do trilho com outras recomendações a cumprir. Iriamos sair ainda de noite para chegarmos ao nascer do dia á Duna da Milha nº 45.
Recordar que NAMIBIA, em dialecto Ovambo significa terra do nada. Foi aqui que vi as melhores paisagens nas minhas viagens por África. Pois assim, saindo de Luderitz atravessei com o clã T´Chingange todo o Naukluft Park para chegar às grandes dunas do Sossusvlei, aonde me encontro. Bolas! Outra vez! Nesta viagem deve haver um anjo da guarda que me persegue mas, em qualquer momento falha sua visão e entro nos cadafalsos da penumbra do telefone e outros edecéteras.
Estou assim a pensar como irei restituir-me em outro António mudando o Lopes para Costa ou vice-versa – Pópilas... Lá terei de largar isto e fazer meu brai com o boerewors com carne de bovino e especiarias, sementes de coentro torradas, pimenta preta, noz-moscada e cravinho. Depois disto veio um vazio, estavam a estudar meu problema pois que mandaram o código de seis números para um telefone que nem era meu embora tivesse o mesmo nome. Creio que era um bafana muzungu destas lonjuras e eu, esperei dois dias soprando ventanias.
Acampamos em duas tendas e, em um espaço próprio no início da zona interdita; activamos uma fogueira comunitária e deliciamos o ouvido com os sons da noite. Saímos ainda noite em comboio de carros, jeeps 4*4 e, turismos como o nosso, um Toyota 1600. A claridade do lusco-fusco ia surgindo e, apanhamos o nascer do sol a meio da subida nessa duna da milha quarenta e cinco.
Em fila indiana gente de muitas latitudes, falando línguas diferentes estavam ali, tal como nós para saborear a natureza em toda a sua plenitude. O sol com o seu disco grande e amarelo ia subindo no horizonte do lado esquerdo; uns mundos de sombras movíveis rodeavam-nos como coisa galáctica; o amarelo e alaranjado das dunas contrastava com o preto carregado das sombras.
As figuras sinuosas das dunas a mudarem muito lentamente, a todo o instante por efeito do vento - algo nunca antes visto e em um palco de grande espaço, aonde também parecia nos movermos como numa ilusão sem infinito. Naquele dia casei com Sossusvlei; a fina cortina de areia desprendida pelo vento mais parecia uma seda ondulante de noiva roçando o meu rosto, os meus olhos, a minha boca.
Beijei a areia feita um véu, como se fora um deus menor e os sinos das cigarras disseminadas em esqueletos de árvores perpetuaram para sempre ao meu ouvido aquele som. Ali era um bom sítio para entregar a alma ao criador. Foi sem dúvida a mais bonita catedral que já visitei. Se por ventura viver 333 anos, quero lá voltar na segunda metade do meu percurso. Ali, o feitiço tem mais encanto, coisas que não se apagam da retina.
É esta, uma das imagens que afagamos nos dias de indulgência, nos dias de amarguras involuntárias, nos dias impregnados de incontidas revoltas. Valeu a pena subir aquele morro de areia ondulante – figuras sobre milhões de grãos de areia ora amarela ora amarelada ou avermelhada; levou talvez uma hora a chegar ao topo, dois pés para a frente deslizando um e meio para trás.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
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