NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3481 – 05.09.2023
- Escritos boligrafados da minha mochila - Em Maun Rest Camp, cidade de Maun no Delta do Okavango…
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Aqui andamos remendando longos silêncios remoídos na sustentação das mentiras ou verdades sobre africanos, sua terra e sua origem, gente com gestores, chefes sofríveis por desclasificados; como entender tudo numa longínqua aridez de secura politica, geográfica e climática, um investimento de leveza desocupada, fazendo nada ou parecendo nada fazer, subsidiada pelo G7. Os cadernos coloniais referem que nestas suas correrias e naquele tempo de descobertas, estes, vendiam ao desbarato dentes de elefantes, borracha, escravos e mel.
Recordar que o major de infantaria, o sertanejo Alexandre de Serpa Pinto, realizou a viagem de Luanda ao Natal, em 1879; que também, os oficiais de marinha Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, em 1885 exploraram todo o sertão de Moçâmedes a Quelimane, num percurso de 4.500 milhas no intuito de ligar Benguela de Angola à Beira de Moçambique passando por Tete às margens do rio Zambeze e, terminando ali às margens do Oceano Indico.
Estas viagens causaram a admiração da Europa e glorificaram o nome de Portugal mas… Mas, tem sempre um mas! Naquele tempo havia um Inglês que dizia que aquilo era tudo dele – do país dele chamado de Reino Unido; chamava-se Cecil Rodes e este, pretendia fazer uma linha de caminho-de-ferro desde a Cidade do Cabo nas terras descritas pelos portugueses como do Adamastor ou das Tormenta até ao Cairo no Egipto.
Pois este, não fez, nem deixou fazer. Um imbróglio que mete o tal mapa Cor-de-Rosa que nunca desabrochou como flor. E, tudo apenas para numa farsa diplomática cortar o mapa Tuga a meio... Sabemos desde esses tempos idos que este "rail" chega à Tanzânia mas, diga-se que mais depressa chegaram os portugueses com o CFB (Caminho de Ferro de Benguela) à fronteira do Zaire no rio Luau (antiga Republica Popular do Congo)...
Em terras do fim do mundo, no Botswana, convêm relembrar que os aborigenes habitantes ancestrais, foram os bosquimanos (bushmens), khoisans, caçadores-recolectores que se espalharam pelo grande Kalahári e Karo. Em uma outra minha viágem anterior, tive oportunidade de observar estes indígenas errantes no seu meio natural. Foi no Kalahári Gemsbok National Park entre Twee Rivieren e Bokspits, um lugar ermo, divisão de fronteira, picada em mulola de um rio seco aonde só corre água quando chove: paramos ali para fornecer água a esses pequenos seres de tês parda, secos de carnes, vestindo pequena tanga tapa-rabos. Andava então à procura do caracal – um gato grande com as orelhas empinadas, que acabamos por avistar.
Deslocavam-se em pequenos grupos com algumas lanças, apetrechos simples aonde as mulheres se distinguiam por levar ornamentos na forma de zingarelhos nos artelhos. Enchemos suas cabaças entre linguajar de estalidos do geito de makankala misturados com sopros de suspirose aspirações gututrais do qual nada entendemos.
As mulheres levavam corotos, imbambas de cozinha e trastes envoltos num saco em cabedal que era suportado nas costas por uma tira que se ajustava à testa. Agradou-me ver as várias etnias, brancos, negros e mestiços, muçulmanos e cristãos, laborarem o progresso sem tumulto. Ao invés disto, em Angola a gadanha da morte feito catana, para muitos e, para vergonha de Portugal, coisas manobradas por capitães de aviário em uma abrilada enviesada, felizmente, não chegou aqui ao país Botswana.
Admirei-me até, nesse então, ver organogramas, gráficos que representam a estrutura formal do governo, com algumas caras brancas, coisa que a propósito foi posta de lado em Angola, terra dum Tundamunjila vergonhoso chamado indevidamente de descolonização; Ali, em Angola, a maldade, chegou antes do tempo. Por isso a necessidade de filosofar falas, porque no consciente do povo subjugado – NóS - fica a repulsa, nojo, repugnância e asco de governantes que se perpetuaram imerecidamente no poder do M´Puto…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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