NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3474 – 11.09.2023
- Escritos boligrafados da minha mochila, “de Maun a Francistown - Botswana ” – Entre os anos de 1999 e 2010
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Aqui em Botswana, Estrada Nacional A1, com colares massai de contas azuis e bagos de feijão maluco de Angola penduradas ao pescoço, escrevo no imaginário, coisas loucas a condizer com o não menos chanfrado Ernest Emingway, salvo as proporções, claro! Sou um homem do mundo. Já viajei e vi muitas coisas nos anos e meses que passei noutros lugares, assim como missangas, conto-os enfiados em um fio de náilon a fazer de pai-de-santo.
Formando frases curtas e sinceras, tento rematar-me nas voltas certas para driblar de outro jeito meu passado. Sim! De outro qualquer modo ele, o passado pode reconhecer-me. Aiué! Aprendo com as formigas grandes, kissondes que em andamento seguro, arrastam pelo pó do chão seus ventres escuros sem discutir com Deus por assim andarem, sempre se arrastando.
África de exotismo quanto baste com coisas e animais incomuns aonde a adrenalina delira em pavores loucos, inundados e imundos de situações fatídicas, substituindo o ar dos pneus por capim cortante de chá caxinde. A coragem indomável de conhecer a África profunda, surgia-me naturalmente desde que ainda moço me tornei kandengue de N´Gola, ao devorar um cacho de bananas oferecido por meu tio “Nosso Senhor” chegado do M´Puto, ao som do apito grave e longo do vapor “Uige” da Companhia Nacional de Navegação.
Com meu pai colono de papel passado e creditado na tal CNN e, assim, crescido na idade, não foi necessário beber kat´chipemba com pólvora, uma mistela incendiária que deixa as entranhas em chamas para enfrentar os matos com coragem. Nestas voluntárias tarefas de aventura com aflição ou maka, os vómitos de radicais experiências foram surgindo entre bichos cambulando cacimbos com marufo de kassoneira,
Pois! Ofertas de N´zambi e gente com vestes de loando, amuletos reluzentes, tilintando seus toucados e penduricalhos nos artelhos; de muitos, por demais, zingarelhos. Então, falando com meus botões nas longas viagens, nas frinchas dos tempos e das falas, neste mundo confuso, serei sempre um genérico cidadão ou um sem-terra por não me poder definir como genuíno nessa escolha; assumidamente, não pertenço a lugar nenhum. Serei pois um Pai de Santo sem mukifo permanente.
Lendo na Wikipédia, Francistown aparece como a segunda maior cidade da Botswana, com uma população de cerca de 114 mil habitantes, descrita como a "Capital do Norte". Está localizado a cerca de 400 km a norte da capital Gaborone, na confluência dos rios Inchwe e Tati, perto do rio Shashe (afluente do Limpopo) e a 90 km da fronteira internacional com o Zimbabwe.
Aqui, região do Delta do Okavango, a adrenalina delira loucos pavores, inundados e imundos de situações fatídicas, renovando o ar da coragem de conhecer a África profunda, surgindo-me naturalmente, sem o uso de uma bomba pneumática desde que ainda moço me tornei kandengue maduro conduzindo uma biscicleta aos solavancos da pequenez, um pé atravessando o quadro do zingarelho para adultos mas, que eu dominava como se o fosse um matrindindi, feito gafanhoto, num vaivem de pernas sem concluir o curso do circulo.
As provas de habitação por humanos aqui em Francistown, remonta ao tempo de N´Debele, um M´Fumo (chefe) que surgiu na área em 1820 com sua cultura de Bulawayo e, trazendo o conhecimento para o Kalanga, área do nordeste do Botswana. Reportado, Nyangabgwe, foi a aldeia mais próxima para Francistown de ter sido visitado pelos europeus, para prospector ouro, ao longo do rio Tati. A actual cidade foi fundada em 1897, como um assentamento perto da mina Monarch. Foi aqui exactamente que me relembrei de ter renascido como Niassalês no bojo de um vapor que o tempo também enferrujou – NIASSA… Francistown foi o centro da África Austral do primeiro ouro, encontrando-se ainda rodeada de antigas minas abandonadas.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
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