FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA – “SONHAJANDO A VIDA”
Crónica 3367 – 14.04.2023 - PAJUÇARA - Em Maceió como Zelador-Mor do Zumbi de N´Gola…
Por:T´Chingange (Otchingandji) – No San Lorenzo da Ponta Verde.
Já sentado na cadeira emprestado pelo Conde do Grafanil, olho o buraco-casa do meu amigo cirí e, nada de ele aparecer. Só mesmo o buraco aberto, escancarado e virado ao céu com um montículo de areia mais avermelhada retirada bem do fundo da sua caverna e, disposta em volta do buraco como se o fosse uma cratera de vulcão.
Coloquei um bago de jinguba bem na entrada, fui fazer no mar a minha ginástica habitual e, quando regressei o bago de jinguba estava bem no sopé exterior da escarpa da cratera – rejeitou-o, simplesmente; sundiameno! De vez em quando olho o buraco bem do lado direito e tudo está igual. Neste entretanto e por acaso passa a mulher caranguejo, explico: na ginástica dela percorre alternadamente e repetidamente para trás; anda de marcha-a-ré para fazer recuar a velhice.
Assim, mesmo sentado vou lambendo a fantasia dela de afinal quando é que a velhice começa surgindo de dentro da mocidade. Descaminhando ginástica de para trás, ela que já é um pouco kota, agarra a juventude nesta prática exercitada. Eu sou o que sou mas ela, mesmo andando à ré, continua a ser ela… A mulher caranguejo já nem me via há dois anos mas, reconheceu-me; quis saber notícias das balelas que todos já sabem.
Quis saber da senhora Ibib, quedê ela? De novo aos olhos da minha vazante, a maré já começava a subir, falei que minha senhora ficou no M´puto disse, em tratamento de paludismo. Falei só assim por falar pois já quase eram horas de regressar ao meu mukifo, passar na farmácia e comprar um negócio de eliminar a flor-do-congo que já dava coceira nas partes de entre o saturno e plutão e também nos braços, minha herança de Angola; eu saí dela mas ela, não saiu de mim…
Acho que é uma filária que anda passeando férias no meu corpo como se estivesse em Acapulco e até por vezes desce às matubas do meu descontentamento perturbando o plim-plau do Kwanza. Ela, a mulher Caranguejo após minha intrincada explicação com edecéteras muito periclitantes acabou por dizer: A vida é mesmo assim…
As melhoras para ela, inté! Agradeci-lhe com a convicção de que nem sabia o que era isso de paludismo; isso pouco interessa pois que nem havia verdade na conversa de simpatia… Chegado ao mukifo do conde do Grafanil, tomei o meu café da manhã “santa clara” e provei a canjica de milho branco com umas sementes de girassol com erva-doce porque a memória que Deus me deu não foi para palavrear às arrecuas; andando assim como a mulher caranguejo.
Todos iremos morder o pó ou o fogo consoante a forma como desejarmos dispor do nosso bem-amado esqueleto. E falo isto agora, porque ainda me é permitido, porque eventualmente, em um futuro próximo já não me permitirão mais dizer o que penso. A vida anda muito perigosa; minha mente não rebuscou os estudos escatológicos da marca da besta que para mim é a mesma coisa.
Comecei esta crónica sem saber como ia acontecer e lendo um artigo de Majo Sacagami fiquei a saber que não é bom fazer amizade com um caranguejo e, assim matutando desconsegui concluir meu raciocínio perturbando até meus fios de cabelo já extintos do cocuruto da cuca. É bem verdade, o buraco negro está a cinquenta anos-luz, que se lixe… Pelo sim pelo não, o Sundiameno cirí, amanhã está prometido: vai ser tooparioba (com dois ós para se ler u) Como o mexilhão do mar, dentro duma concha dura, tenho de viver entre pedras, como a escolopendra (que deve ser caranguejo, lagartixa ou bicho com mil pés) entre as fendas da lava. Que até tem pedras a toda a volta, de lado e por cima. Fui!
O Soba T´Chingange
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