VIAGENS . 87
NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3497 – 08.10.2023
-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata”
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Em Angola, contornando medrosas angústias, febres palustres, jacarés e onças, entre várias molestias de paludismo cerebral, as guerras exigiram aos intervenientes, guerrilheiros, voluntários ou governamentais magalas da Metrópole, muito sacrifício. Assim o sejam no rumo da libertação ou seguindo a ideologia, de uma sentida crença ou por obrigação forçada por via de obrigatoriedade.
Assim o digo: Nações já formatadas em pleno, que exigiram dos homens um esforço extra na consolidação dum país ou de uma politica por imposição. Práticas de guerra levadas a cabo por combatentes que não o podem, ser esquecido pelos governantes de hoje, nos países dos PALOP´s, passados que são cinquenta anos da era colonial bem como das guerras posteriores de tundamunjila em Angola (guerra do vai embora branco…), que resultou na saída de quase um milhão de cidadãos. Também da guerra civil entre Movimentos em Angola, nomeadamente do MPLA e da UNITA.
Em reflexão, cheirando a brisa do rio Cubango, aqui em Mukwé, na companhia de João Miranda, Oliveira do Mucusso, e de vez em quando, Teles da Chibia, esporadicamente, reactivamos o quanto há hoje recalcados de tanta injustiça; todos estes ou esses que tiveram de perder o medo naquelas florestas, chanas, e anháras, numa Angola tão rica e tão ingrata a quem por ela ganhou uma “perna de pau”, “olho de vidro” ou “viajou para junto de N´Zambi”
Seguir directamente para o céu, directamente do produtor para o inferno feito fogo ou uma nuvem de algodão envoltos nessa kukia chamada de pôr-do-sol - fim de vida. Defenderam e mataram gente, construindo novas coisas, impondo regras sociais para conservar tal espaço. Fiotes, Kiokos, Kimbundos, Umbundos. Hereros, Ganguelas, Muilas, Mucubais, Bosquimanos, Magalas Tugas ou expedicionários do M´Puto.
Militares ou guerrilheiros que mudaram de alguma maneira, o modo de estar e de pensar, na sequência desses outros mais antigos magalas chamados de expedicionários da Metrópole e, que, aos milhares, também consolidaram um território dos Mwene-Puto e Mwangolés, morrendo por isso…
Quantas mortes para definir fronteiras de hoje. Angola ganhou condição de país quando na embala de Belmonte, Silva Porto, com 72 anos de idade se imolou envolvido à bandeira Portuguêsa. Aquilo, foi muito antes do arrastar da bandeira do M´Puto por muitos lados e pisoteada por gente que virou governante de alto coturno…
Gente que veio a presidir ao país e que também seguiu essa senda da vida defuntada na kukia da vida e, que também não ficou para semente. Todos, ou quase, percebemos que no livre jogo das forças, governos e governistas com afins circunscritos, hoje, interessa sim, adquirir a qualquer custo um poleiro digno governamentalista. O mundo está muito amalucado! Enquanto isso os resistentes daqueles tempos, lambem as feridas de catanas ou G-três da história.
Com as campanhas de submissão do sobado do Bié e, passados 85 anos, a 11 de Novembro de 1975, data em que Angola se concretizou num país cujas fronteiras foram delineadas por estes e aqueles combatentes que, paulatinamente o foram propositadamente, desprezados no tempo pelos seus países… E, tudo o foi desde o Mapa-Rosa africano que começou a ser desenhado a 11 de Julho de 1890. Data em que aquele chefe "O trovão", veio a sofrer represálias a 9 de Dezembro desse mesmo ano de 1890 por parte de Artur de Paiva, Paiva Couceiro e Teixeira da Silva com a ajuda do povo angolano Ovibundo, governado então pelo rei Ekuikui Segundo....
Ilustração de Costa Araújo
(Continua…)
O Soba T´Chingange