NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3501 - 10.10.2023
-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata”
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Recordo que nos dias que ali passei no Mukwé e, num dos almoços feito pelo cozinheiro Kafundanga, tendo Tata kadinguila seu auxiliar, também engraxador das botas do patrão João, eu, armado em bravo macho quis provar do jindungo onoto chamado de xirikwata da casa e, tendo a Dona Elisabete de forma bem convincente que este dito, edecéteras e tal, que o era muito bravo, que tivesse cuidado com aquele “cahombo” de fogo, estando eu habituado àquele viagra, obviamente não o temia.
Logo a seguir, nossas conversas adiantavam noticias velhas e já carcomidas: Em Angola os vindouros mwangolés,“ conquistaram a independência de borla”, tornando-se piores do que os colonos… Dizem que a conquistaram mas, foi só um chavão para encobrir todas as benesses recebidas dos capitães e generais de aviário do M´Puto…
Em Kampala, o presidente da OUA, Idi Amim Dada, insistia para que a data da independência fosse mantida sendo Portugal a responsabilizar os nacionalistas por um não acordo - coisa inaudita, de rir!. O Secretário-geral da UNITA presente à conferência acusou as FAP/MFA de não se oporem à entrada de armamento e mercenários a ajudarem o MPLA …
Acontecia sim, em Luanda, no Lobito, Sá da Bandeira e Pereira D´Eça. Nesta Pereira D´Eça (a actual Onjiva) o comandante português entregou o aquartelamento a elementos do MPLA tendo-os vestido com camuflados do exército português, uma clara desobediência e afronta para esta região afecta à UNITA - Um povo Ovambo ou Ovibundo.
Este procedimento foi de uma nítida e grosseira degradação moral para as autoridades portuguesas ali sediadas e numa declarada provocação ao Movimento da UNITA. Manuel Resende Ferreira em "Segredos da Descolonização de Angola" disse a proposito: - Ainda havia esperança e soldados que não nos abandonavam (lembrando a população maioritariamente branca e assimilados).
Referia-se ao Tenente Fernando Paulo e alguns dos seus homens que resolveram desobedecer ao comando para protegerem um grupo de refugiados no Chitado. Para o efeito, criaram ali uma zona de segurança à revelia de seus comandantes do MFA.
O comportamento da UNITA teve forçosamente de mudar de táctica e, seu posterior comportamento no Lubango e áreas do Sul que, levaram a desconsiderar tanto o Movimento como o seu Presidente Jonas Savimbi que por ali conviveu em tempos de estudante. São aqueles os heróis esquecidos, homens às ordens do Tenente Fernando Paulo, soldados de Portugal que abandonam o Exército Comunista Português para protegerem cidadãos em apertos e, que perdento tudo, corriam também o risco de perdar a vida.
Lutar assim, em rebelião, contra a anarquia das tropas, sempre referidas como NT – Nosas tropas, facto vivenciado por todo o território, desde o Cunene a Sul até o Miconge, o ponto de fronteira mais a Norte de Cabinda. Eu e Miranda ressaltamos bem esta postura como fenómono postumo mas, quem éramos nós para vaticinar o passado defuntado e politicar a enviesada saída do M´Puto pelos homens que antes tinham sido heróis. Heróis bem diferentes, como esse do Spínola da banga vaidosa, desmedidamente parva e até caricata, usando luva, monóculo tipo Eça de Queirós, botas de montar lustradas e um pingalim – fetiches de túji que também por vaidade o levou a escrever isso de “Portugal e o Futuro” – Que futuro?
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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