NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3509 – 28.10.2023
-Às margens do Cubango - “Missão Xirikwata” - “Tropas cubanas para Angola, já!”- Nossas vidas têm muitos kitukus…
- Escritos boligrafados da minha mochila – Aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Luanda - empresas e, até algo inédito, saído de gente que era publicamente notória como Deodoro Troufa Real, o arquitecto das rotundas (ainda vivo) assumindo posições Ad Hoc na Câmara Municipal de Luanda, toma foros de revolucionário proporcionando uma nova direcção de gestão no município; genéricamente, via-se por toda a Luanda muitas outras técnicas modenas de marketing com profissionais incitando ou anuindo-se à desobediência.
Usando modos nada comuns até então, expulsando homens de bem de forma irregular e, muitos edecéteras que sempre se relembram no tempo entre arrepios em nosso cerebelo… Só a 5 Junho de 1975, se operou uma primeira definição legal do estatuto de retornado, para determinar quem podia obter o apoio do Estado Português. Em primeiro lugar, devia ser cidadão português, segundo os requisitos da nova lei de nacionalidade de Junho de 1975.
Como em outros países, Portugal, ainda na charneira de se ter tornado um estado póscolonial, teve de redefinir os contornos do acesso à sua nacionalidade no contexto pós imperial ou colonial. Para ser reconhecido como retornado, devia-se também ter residido numa ex-colónia portuguesa, estar numa situação de carência e, por fim, ter chegado à antiga metrópole depois do dia 1 de setembro de 1974 .
Esta primeira definição foi complementada por uma resolução do 21 de outubro de 1975 estipulando absurdos que não se concretizaram. O M´Puto, era uma bagunça de governo tendo um chefe militar de nome Otelo Saraiva de Carvalho que se deslocou propositadamente a Cuba pedindo a Fidel de Castro a intervenção de militares dessa Ilha na ajuda ao MPLA. O estratego do 25 de Abril, na altura comandante do COPCON e governador militar de Lisboa empenhou-se na visita, cuja concretização, foi aprovada pelo Conselho de Revolução.
A ajuda de Cuba veio a acontecer mesmo antes do 11 de Novembro, por uma via revolucionária a que chamaram de PREC – Processo de Revolução em Curso que felizmente teve seu fim no 25 de Novembro de 75! Otelo Saraiva de Carvalho regressou de Cuba, mais entusiasmado com o sonho do Poder Popular. Otelo não escondia que Fidel Castro e Che Guevara eram dois dos seus ídolos, confessando que admirava muito a experiência da revolução cubana. A postura da Nação através do CR-Conselho de Revolução não o foi por isso, inocente.
Tendo apenas Raul Castro como testemunha, Fidel e Otelo dicidiram no sentido de Cuba enviar soldados em força para Angola, para mediar o conflito entre MPLA, UNITA e FNLA (uma falácia genuina, pois que só o MPLA veio a ser favorecido). Otelo aconselhou a Fidel preparar as tropas. No regresso a Lisboa, contou a conversa ao Presidente da República, o Marechal Costa Gomes (o rolha) pedindo-lhe que desse uma resposta urgente àquele líder cubano.
A resposta foi afirmativa na premissa de urgente. E, a hipocrisia deu nisto: Que se saiba, a resposta portuguesa nunca chegou a Havana. Costa Gomes afirmou que não se lembrava de nada. A revista VISÂO revelava em primeira mão os pormenores de uma conversa que se manteve secreta durante 20 anos: aquela em que o dirigente cubano anunciou a Otelo Saraiva de Carvalho, em Julho de 1975, o envio de tropas para Angola.
Segundo Luís Marinho da Revista VISÃO, a 19 de Outubro de 1975, um ou dois dias depois da Festa Nacional de Cuba (já não se recorda com exactidão do dia), Otelo foi convidado para um almoço privado com Fidel Castro e seu irmão, Raul. Num restaurante perto da estância turística de Varadero, chamado Los Canaviales, os três homens tiveram uma conversa que se manteria secreta. O assunto era Angola. A menos de cinco meses da data prevista para a independência da ex-colónia portuguesa, ganhava força o conflito militar entre MPLA, FNLA e UNITA, sem que Portugal conseguisse um mínimo de controlo. Otelo revela esse episódio, que influenciou no rumo do conflito angolano.
(Continua…)
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